Eu não tenho nem palavras para esse filme... Todo o modo como o Bergman decide nos apresentar ao drama dessa família é coisa de mestre! Primeiro com as cenas iniciais, que são tão felizes que chegam a ficar bobas, passando a ideia de uma família perfeito. Depois cada um vai mostrando suas inseguranças e frustrações. Culminando em um terceiro ato que arde... Pega fogo! Arrepia! Pela parte do marido, o drama de conviver com uma mulher doente, sem conseguir criar perspectivas para o futuro e vivendo sempre à beira do abismo, lidando com o dilema entre o amor que ele sente pela mulher e o desconfortável rumo que a sua vida toma. Pela parte do jovem irmão, o amadurecimento, a vida adulta, ela vem sem dar avisos ao menino que tem a responsabilidade de lidar com um problema no qual ele não está preparado, e ele teme. Pela parte do pai, o embate entre a culpa, o medo e o artista, não conseguindo lidar direito com a doença da filha (traumatizado por causa da mulher), sem conseguir tomar decisões, já que cada possibilidade é um fardo enorme que ele tem que lidar, o bloqueio criativo, as incertezas, a sua mente pega fogo (e que performance do Gunnar!!!). Claro que a estrela é a Harriet Andersson (numa performance arrebatadora) que cria uma personagem que vive em dois mundos, que causa os conflitos, que suga. A personagem que não consegue se conectar com sua personalidade, que não consegue decidir nem tomar decisões sólidas. Vive em um conflito eterno tanto pela sua doença, quanto pelas suas relações e também a aceitações da incurabilidade de sua enfermidade, vivendo amaldiçoada com algo terrível. E, no meio de todo esse caos e horror que se desenvolve, há o suplício, a esperança, eles pedem para Deus (uma introdução primorosa do tema). Mas quem é Deus? O amor, como diz o pai, ou a aranha de face impetuosa, como descreve Karin. É vai curar todo o mau ou quem condenou aquela família a todo esse mau? É a esperança ou a desavença? Filme riquíssimo! Um dos melhores do Bergman!!
Esse é um dos filmes mais inquietantes, pungentes, desconfortáveis, tensos e brilhantes que eu já vi. Realmente não é fácil acompanhar esse ambiente claustrofóbico onde o som dos relógios substituem o som das conversas interpessoais. Todos são estranhos. Não se sabe nada. Um filme que transcende o conceito de toque, apresentando armaduras que escondem as emoções e impedem que elas se entrelacem.
Mais uma obra-prima do mestre Bergman! Um filme angustiante e diversas vezes chocante que consegue tocar em temas profundos e importantes de maneira bem crua e sensível. O uso do fantástico aqui é feito de maneiro muito intrigante. A mistura entre o mundo dos vivos e dos mortos, do onírico e do real, são utilizados de forma extremamente inteligente para mostrar os desejos, intenções e receios dos personagens (principalmente, embora não só, do Alexander).
E a sequência, que para mim é a melhor do filme, do Alexander com o Ismael intercalada com a cena da mãe com o pastor e sua subsequente morte, é um daqueles momentos únicos na história do cinema.
Um filme completo e interessante que, como a maioria dos filmes do diretor, me deixou desconcertado.
Rever essa Obra-Prima do cinema na tela grande só deixou a experiência muito mais incrível e visceral. Sem palavras para todas as sensações que esse filme desperta. Daqueles que quando acaba você fica, simplesmente, olhando para o nada e refletindo sobre tudo o que viu e sobre sua própria experiência de vida. É realmente um soco!
Sem palavras para essa obra-prima que acabei de assistir! Cada monólogo e discussões incríveis nesse filme que chega a arrepiar! Tarkovski é um dos maiores cineastas da Sétima Arte e aqui ele cria uma de suas obras mais instigantes, interessantes e inteligentes. Os debates entre Fé, Ciência e Arte aqui são absolutamente geniais. É impossível sair dessa experiência sem ficar abalado...
Essa é minha primeira incursão no mestre japonês Kenji Mizoguchi e ela não poderia ter sido melhor! Esse filme é uma daquelas preciosidades que qualquer pessoa que gosta de cinema precisa assistir e mergulhar nesse universo que mistura o real com o fantástico de maneira genial! Consolidando-se, ainda, como um dos melhores filmes de fantasma que eu já vi. Esse filme me lembrou muito quando eu vi Rashomon, Persona ou Psicose pela primeira vez. O encantamento de ver o primeiro filme de um mestre é realmente muito significativo. Mizoguchi é um homem de talento (pelo menos nesse filme), agora vamos ver os outros xD.
Mesmo eu achando o filme um pouco longo demais, ele tem um força incrível! É realmente bem triste ver a história toda se desenrolando... E os 30 minutos finais são incrivelmente sensíveis! Daquele tipo de filme que marca.
Que obra-prima!!!!! Esse é um daqueles tipos de drama que consegue concentrar uma carga emocional altíssima sem qualquer truque ou atalho que deixaria o filme meloso demais. Movido na base do excepcional roteiro, incríveis atuações (inclusive a maioria dos atores são "amadores", o que me deixa mais surpreso ainda) e uma cinematografia expressiva que consegue passar diversos sentimentos só pelo posicionamento da câmera (principalmente nas cenas onde as crianças presenciam algo extremamente pesado). Simples e minimalista, o filme possui um poder muito forte no estudo de uma realidade infantil muito dolorosa. Filmaço!
Que filme meus amigos! O cinema soviético está se tornando rapidamente um dos meus preferidos, principalmente por causa da extrema habilidade e talento de seus diretores. As cenas do bombardeio e da
Mano, esse filme é difícil de assistir! E não é porque ele é lento ou qualquer outro esteriótipo desse filme. Mas porque ele é do Tarkovski. E Tarkovski sempre mexe com o seu íntimo. É um daqueles filmes que vai se abrindo, que quando você acha que é sobre algo, você percebe que esse algo é algo muito mais amplo. Primeiro eu achei que seria iria desenvolver uma história sobre a solidão, depois sobre psicose, depois sobre luto, depois sobre o conceito de ser humano, depois sobre memórias, até me deparar com um embate extremamente poético entre realidade e fantasia. Tecnicamente incrível, o filme apresenta sequências surreais com traços tarkovskianos muito bem feitos, como mudanças de perspectiva e movimentos de câmera sugestivos. O design de som extremamente eficiente e o ritmo vagaroso que te coloca em um estado de meditação e te faz entrar nas paranoias dos personagens. O filme ainda critica o instinto humano de querer respostas racionais para o que não pode ser entendido, apenas sentido. Solaris ainda apresenta um dos finais mais líricos que eu já vi. Belíssimo!
Gente, impressionante ver que em um de seus primeiros filmes o Tarkóvski já tinha um domínio tão amplo, diverso e criativo na linguagem cinematográfica! É um filme que encanta além da temática extremamente interessante (infância perdida em um mundo de guerras) e de ótimas atuações. Um filme que mostra a toxicidade da guerra... É um filme muito apaixonante, inteligente e instigante. Com certeza um dos melhores do gênero!
Ao mesmo tempo que esse filme é extremamente nervoso, ele também é deliciosamente hipnótico e cativante. Esse filme é uma aula de como fazer cinema, deixando a câmera e a mise-en-scene falar por si só e complementando as cenas, a partir de um ótimo roteiro, com diálogos afiadíssimos que criam cenas extremamente tensas de modo bem simples. Por falar em tensão, Brian de Palma aprendeu direitinho com o Hitchcock. O jogo de vai-e-vem do diretor é extremamente bem feito. Sem falar das cenas tensas que são construídas a partir dos diálogos que manipulam o público e cria diversas questões (será que ele traindo? Será que ele está tramando algo a mais? Quais as intenções desse personagem?). Esse filme esbanja estilo! E ainda nos faz criar uma relação estranha com o protagonista que, apesar de acharmos tudo o que ele faz errado, nós sabemos que ele nunca chegaria a lugar nenhum trabalhando igual a uma máquina para servir aos "superiores". Intenso!
Esse filme é tipo o pai de "O Discreto Charme da Burguesia". Utilizando-se de um humor irônico, ambos os filmes conseguem desarmar e apresentar uma classe burguesa extremamente ignorante e fútil. "Uma descrição exata da burguesia do nosso tempo". Foi assim que Renoir descreveu o seu filme. A ironia desse filme já começa em seus primeiros segundos, quando é anunciado que o filme "não tem a pretensão de ser um estudo de costumes". E, depois, nós somos lançados à uma narrativa que vai se tornando cada vez mais intensa à medida que as diversas traições e perversões dos personagens vão sendo desmascaradas, culminando em uma festa onde os personagens se auto-humilham e se tornam verdadeiros animais, cujas intrigas são tão rasas e bobas que são dignas das novelas da televisão brasileira. E ai reside a genialidade desse filme, que faz com que o espectador sinta repulsa até dos mais amáveis personagens, não salvando ninguém, independente da classe social, sexo ou conflito interno. É sim necessário compreender, pelo menos um pouco, o contexto histórico daquela época para admirar o filme mais amplamente (nada que alguém não tenha aprendido nas aulas de história). O nazismo estava em ascensão e a Segunda Guerra estava se iniciando, e os ignorantes só percebiam seus próprios amores e interesses, não é à toa que o festival de futilidades só cessa quando eles tem que lidar com algo realmente sério (como um assassinato). Tecnicamente habilidoso, o filme utiliza de técnicas que serviram de inspiração para "Cidadão Kane" e cenas fascinantes (como a da caça que mostra a falta de empatia daquelas pessoas). E o roteiro é excepcional, conseguindo organizar perfeitamente as diversas tramas simultâneas, sem falar os ótimos diálogos. O roteiro também é habilidoso ao criar personagens que, apesar de fúteis e vazios, são extremamente interessantes. "A Regra do Jogo" é um filme que nos mostra que a única regra é não ter regras.
A história dos três filmes da "Bela e a Fera" que eu vi são praticamente iguais, assim como suas mensagens. Mas o que torna essa versão a melhor adaptação cinematográfica do conto de Jeanne-Marie LePrince de Beaumont é a forma surrealista da direção de Cocteau. Toda a magia da história é transmitida por uma atmosfera extremamente imersiva que é criada a partir do refinamento técnico utilizado na criação do castelo. A criatividade aqui transborda nos aspectos da mise-en-scene: o deslumbrante e contrastante figurino, o visual da fera (onde Jean Marais faz um excelente trabalho na hora de transmitir a melancolia do personagem), o minucioso trabalho de luz e a cenografia que seria injusto chamar apenas de imaginativa. E o final do filme, muito criticado (injustamente) pelos comentários abaixo, é genial ao criar um paralelo entre A Fera e Avenant, mostrando que ambos são os dois lados de uma mesma moeda.
Lindíssimo filme que fala sobre um problema em Tóquio (o grande número de pessoas que procuram emprego, fazendo com que as vagas se tornem limitadas e o número de desemprego suba), mas que pode ser perfeitamente aplicada para São Paulo atualmente, por exemplo. E o conflito que o filme cria no espectador é fortíssimo, fazendo com que você entenda o lado da mãe e do filho, deixando os conflitos entre eles muito mais fortes.
Chocado com a magnitude dessa obra-prima! Que filme sensacional, sério! Tecnicamente ele é perfeito, conseguindo evocar um senso de claustrofobia e poder muito grande apenas com seus enquadramentos e movimentos de câmera. E os simbolismos são uma obra à parte, com planos aberto mostrando a imponência e influência da igreja católica através de seu tamanho em comparação às pessoas que a rodeiam (alguns takes, inclusive, lembram as máquinas de "Metrópoles") e o simbolismo constante da escadaria em relação ao poder. Além de mostrar as diferentes religiões e culturas brasileiras, mostrando como é sem sentido apenas uma delas ter tanto poder. Com uma incrível e, infelizmente, atual riqueza temática (religião, consequências da escravidão, imperialismo do branco cristão, manipulação midiática, política, etc.), o filme de Anselmo Duarte deveria ser visto e apreciado por todo mundo. Obra-prima!
Essa é a terceira vez que eu vejo esse filme e é impressionante o quanto ele só cresce em qualidade pqp! Sempre me surpreendo com a sensibilidade desse filme, tanto nos relacionamentos inter-pessoais (como os de Mercedes com a Ofelia e com o grupo de sobreviventes que, mesmo com as poucas cenas, já consegue passar para o público seus vínculos, esperanças, medos e motivações), quanto na dicotomia entre a crueza do mundo real e o aspecto fantasioso da imaginação da Ofelia, que cria este mundo cheio de aventuras e objetivos como uma criança cria uma nova brincadeira. E essa relação que o filme faz com a realidade e a ilusão (inclusive na montagem e nas transições de cena) mostra e nos faz entender o porquê da Ofelia ter criado e se afundado tão profundamente nesse mundo imaginário, já que o que ela mais quer é sair da realidade, e essa é a única maneira que ela acha para isso. O vilão desse filme é absolutamente incrível. Faz o que todos os vilões deveriam fazer, meter medo! Mas o que eu vou comentar aqui sobre ele (coisa que eu só percebi nessa última revisitada) é o paralelo, através de referências, que o filme faz dele com outros grandes vilões. Como em uma cena que ele está ouvindo música em uma vitrola, cujo enquadramento lembra o Hannibal Lecter. Ou quando a Mercedes corta sua boca, remetendo ao Coringa. E até quando ele persegue a Ofelia no labirinto, referência ao Jack Torrance. Os aspectos técnicos são incríveis, mas não vou comentar sobre eles por que eu ficaria o dia inteiro e eu estou com preguiça. Enfim, filmaço!
Filme que quer passar uma mensagem relevante sobre masculinidade e o sadismo das touradas. Pena que para cada cena mais interessante vem outras 10 cenas de pura demência, com uma ideia de "humor" que até o Adam Sandler ficaria decepcionado. Sem falar na narrativa que é tão derivada que dá vontade se cortar.
Eu achava q nenhum filme de 2017 poderia me surpreender mais depois q eu vi "A Ghost Story". E como é bom estar errado kkk. A admiração da direção pela protagonista é maravilhosa de se assistir, fazendo com que o espectador também sinta tal admiração e comece a enxergar o mundo através do ponto de vista dela, que é obrigada a ouvir cada asneira que você fica perplexo (reparem, por exemplo, quantas vezes a palavra "desculpa" é dita ou como ela é tratada de modo tão inumano). E tudo isso é feito de maneira tão realista que é realmente chocante ouvir tudo isso. A Daniela Vega, com sua performance minimalista, faz um trabalho excepcional de reação. Sem utilizar de caretas e atalhos narrativos, ela cria uma interpretação que consegue reagir às ofensas que são atribuídas a ela de maneira muito realista. É impressionante! E o filme não se resume só a isso! Ele é um profundo estudo de personagem sobre uma mulher sempre se questionando sobre seu lugar no mundo. Reparem o modo como ela se olha nos espelhos e reflexos, nas expressões dela quando ela caminha pela rua ou na postura dela dentro do bar, quando ela tenta se distanciar do mundo exterior (onde ela realmente se sente bem). As cenas mais oníricas também são sensacionais, onde as "visoes" que ela tem do ex mostram o quanto ela sente falta dele, o que deixa o fato dela não poder ir ao velório muito mais triste e marcante. Tendo eu citado "A Ghost Story" no início, é interessante notar que ambos os filmes usam o tema do luto como fio condutor para uma narrativa mais rica de simbologias e significados. Com uma trilha-sonora magistral, "Una Mujer Fantástica" é um brilhante filme que entende os problemas sociais atuais para poder criar uma personagem que mostra ao público o perigo dos mesmos. E sobre Marina não é necessário falar muito, já que o próprio título já a resume. Mas que mulher fantástica! (desculpa eu tive que fazer isso rsrs).
Tecnicamente esse filme é primoroso! A atmosfera que o filme cria é perfeita e tão importante que você percebe a influência desse diretor no trabalho de outros diretores mais recentes, como o Werner Herzog. A cinematografia é magistral, com movimentos de câmeras suaves e precisos que cria uma espécie de coreografia que vai de um enquadramento médio a um enquadramento mais aberto, até um movimento circular em volta dos personagens; tudo isso em um único plano-sequência que flutua calmamente criando uma sensação meditativa e extremamente imersiva que é muito bem vinda para o filme. Outro fator primoroso que ajuda na composição da atmosfera e na imersão é o design de som. Poucas vezes vi um design de som tão minucioso quanto aqui. Desde o constante som do relógio (que meio que está contando o tempo que a Inger tem de vida, notem que quando ela morre o som para), até o ruído do vento e o som de um "carro" chegando ao local. Isso tudo mostra o perfeccionismo que o Dreyer tem com o som e que ele sabe que essa ferramenta é tão importante quanto a imagem na hora de contar uma história. Os personagens também são bem interessantes, cada um com seu devido dilema. Há também algumas cenas poderosas e muito interessantes como a conversa dos dois "chefes" das famílias rivais.
Dreyer é um puta diretor que sabe manusear os aspectos técnicos de um filme como poucos. Mas eu tenho um probleminha com ele. Eu vejo a parte mais fantasiosa do filme como um grande problema. O diretor/roteirista cria uma situação na qual o grande milagre é o que converte os ateus do filme. Porém esse milagre é tão irreal que eu acabei achando forçado. Ao invés de criar argumentos mais ponderados (como fez o filme "Contato, 1997", por exemplo), o diretor decidiu mostrar algo muito fora de nossa realidade, o que acabou não funcionando e deixando o filme menos interessante. Outro problema que eu vejo também tem a ver com a cena final, que é muito previsível e acaba deixando o ritmo do filme bem estafante, já que você já sabe que a mulher vai morrer e depois vai reviver e o filme gasta um tempo desnecessário para chegar até o esperado.
Enfim. Apesar dos problemas já citados, "A Palavra" é realmente um belo filme!
Através de um Espelho
4.3 249Eu não tenho nem palavras para esse filme...
Todo o modo como o Bergman decide nos apresentar ao drama dessa família é coisa de mestre! Primeiro com as cenas iniciais, que são tão felizes que chegam a ficar bobas, passando a ideia de uma família perfeito. Depois cada um vai mostrando suas inseguranças e frustrações. Culminando em um terceiro ato que arde... Pega fogo! Arrepia!
Pela parte do marido, o drama de conviver com uma mulher doente, sem conseguir criar perspectivas para o futuro e vivendo sempre à beira do abismo, lidando com o dilema entre o amor que ele sente pela mulher e o desconfortável rumo que a sua vida toma. Pela parte do jovem irmão, o amadurecimento, a vida adulta, ela vem sem dar avisos ao menino que tem a responsabilidade de lidar com um problema no qual ele não está preparado, e ele teme. Pela parte do pai, o embate entre a culpa, o medo e o artista, não conseguindo lidar direito com a doença da filha (traumatizado por causa da mulher), sem conseguir tomar decisões, já que cada possibilidade é um fardo enorme que ele tem que lidar, o bloqueio criativo, as incertezas, a sua mente pega fogo (e que performance do Gunnar!!!).
Claro que a estrela é a Harriet Andersson (numa performance arrebatadora) que cria uma personagem que vive em dois mundos, que causa os conflitos, que suga. A personagem que não consegue se conectar com sua personalidade, que não consegue decidir nem tomar decisões sólidas. Vive em um conflito eterno tanto pela sua doença, quanto pelas suas relações e também a aceitações da incurabilidade de sua enfermidade, vivendo amaldiçoada com algo terrível.
E, no meio de todo esse caos e horror que se desenvolve, há o suplício, a esperança, eles pedem para Deus (uma introdução primorosa do tema). Mas quem é Deus? O amor, como diz o pai, ou a aranha de face impetuosa, como descreve Karin. É vai curar todo o mau ou quem condenou aquela família a todo esse mau? É a esperança ou a desavença?
Filme riquíssimo! Um dos melhores do Bergman!!
Gritos e Sussurros
4.3 472Esse é um dos filmes mais inquietantes, pungentes, desconfortáveis, tensos e brilhantes que eu já vi.
Realmente não é fácil acompanhar esse ambiente claustrofóbico onde o som dos relógios substituem o som das conversas interpessoais. Todos são estranhos. Não se sabe nada.
Um filme que transcende o conceito de toque, apresentando armaduras que escondem as emoções e impedem que elas se entrelacem.
Fanny e Alexander
4.3 215Mais uma obra-prima do mestre Bergman!
Um filme angustiante e diversas vezes chocante que consegue tocar em temas profundos e importantes de maneira bem crua e sensível.
O uso do fantástico aqui é feito de maneiro muito intrigante. A mistura entre o mundo dos vivos e dos mortos, do onírico e do real, são utilizados de forma extremamente inteligente para mostrar os desejos, intenções e receios dos personagens (principalmente, embora não só, do Alexander).
E a sequência, que para mim é a melhor do filme, do Alexander com o Ismael intercalada com a cena da mãe com o pastor e sua subsequente morte, é um daqueles momentos únicos na história do cinema.
Um filme completo e interessante que, como a maioria dos filmes do diretor, me deixou desconcertado.
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraRever essa Obra-Prima do cinema na tela grande só deixou a experiência muito mais incrível e visceral. Sem palavras para todas as sensações que esse filme desperta. Daqueles que quando acaba você fica, simplesmente, olhando para o nada e refletindo sobre tudo o que viu e sobre sua própria experiência de vida.
É realmente um soco!
Stalker
4.3 505 Assista AgoraSem palavras para essa obra-prima que acabei de assistir!
Cada monólogo e discussões incríveis nesse filme que chega a arrepiar!
Tarkovski é um dos maiores cineastas da Sétima Arte e aqui ele cria uma de suas obras mais instigantes, interessantes e inteligentes. Os debates entre Fé, Ciência e Arte aqui são absolutamente geniais.
É impossível sair dessa experiência sem ficar abalado...
Contos da Lua Vaga
4.4 105 Assista AgoraEssa é minha primeira incursão no mestre japonês Kenji Mizoguchi e ela não poderia ter sido melhor!
Esse filme é uma daquelas preciosidades que qualquer pessoa que gosta de cinema precisa assistir e mergulhar nesse universo que mistura o real com o fantástico de maneira genial! Consolidando-se, ainda, como um dos melhores filmes de fantasma que eu já vi.
Esse filme me lembrou muito quando eu vi Rashomon, Persona ou Psicose pela primeira vez. O encantamento de ver o primeiro filme de um mestre é realmente muito significativo.
Mizoguchi é um homem de talento (pelo menos nesse filme), agora vamos ver os outros xD.
Era uma Vez em Tóquio
4.4 187 Assista AgoraMesmo eu achando o filme um pouco longo demais, ele tem um força incrível!
É realmente bem triste ver a história toda se desenrolando... E os 30 minutos finais são incrivelmente sensíveis! Daquele tipo de filme que marca.
Projeto Flórida
4.1 1,0KQue obra-prima!!!!!
Esse é um daqueles tipos de drama que consegue concentrar uma carga emocional altíssima sem qualquer truque ou atalho que deixaria o filme meloso demais. Movido na base do excepcional roteiro, incríveis atuações (inclusive a maioria dos atores são "amadores", o que me deixa mais surpreso ainda) e uma cinematografia expressiva que consegue passar diversos sentimentos só pelo posicionamento da câmera (principalmente nas cenas onde as crianças presenciam algo extremamente pesado).
Simples e minimalista, o filme possui um poder muito forte no estudo de uma realidade infantil muito dolorosa. Filmaço!
Zelig
4.2 355Na moral mano, que filme genial!
Quando Voam as Cegonhas
4.3 72Que filme meus amigos!
O cinema soviético está se tornando rapidamente um dos meus preferidos, principalmente por causa da extrema habilidade e talento de seus diretores.
As cenas do bombardeio e da
morte do Boris
Uma Noite de Aventuras
3.7 193 Assista AgoraEsse filme é a cara dos anos 80, adorei <3
Solaris
4.2 368 Assista AgoraMano, esse filme é difícil de assistir! E não é porque ele é lento ou qualquer outro esteriótipo desse filme. Mas porque ele é do Tarkovski. E Tarkovski sempre mexe com o seu íntimo.
É um daqueles filmes que vai se abrindo, que quando você acha que é sobre algo, você percebe que esse algo é algo muito mais amplo.
Primeiro eu achei que seria iria desenvolver uma história sobre a solidão, depois sobre psicose, depois sobre luto, depois sobre o conceito de ser humano, depois sobre memórias, até me deparar com um embate extremamente poético entre realidade e fantasia.
Tecnicamente incrível, o filme apresenta sequências surreais com traços tarkovskianos muito bem feitos, como mudanças de perspectiva e movimentos de câmera sugestivos. O design de som extremamente eficiente e o ritmo vagaroso que te coloca em um estado de meditação e te faz entrar nas paranoias dos personagens.
O filme ainda critica o instinto humano de querer respostas racionais para o que não pode ser entendido, apenas sentido.
Solaris ainda apresenta um dos finais mais líricos que eu já vi. Belíssimo!
A Infância de Ivan
4.3 156 Assista AgoraGente, impressionante ver que em um de seus primeiros filmes o Tarkóvski já tinha um domínio tão amplo, diverso e criativo na linguagem cinematográfica! É um filme que encanta além da temática extremamente interessante (infância perdida em um mundo de guerras) e de ótimas atuações. Um filme que mostra a toxicidade da guerra...
É um filme muito apaixonante, inteligente e instigante. Com certeza um dos melhores do gênero!
Scarface
4.4 1,8K Assista AgoraAo mesmo tempo que esse filme é extremamente nervoso, ele também é deliciosamente hipnótico e cativante.
Esse filme é uma aula de como fazer cinema, deixando a câmera e a mise-en-scene falar por si só e complementando as cenas, a partir de um ótimo roteiro, com diálogos afiadíssimos que criam cenas extremamente tensas de modo bem simples.
Por falar em tensão, Brian de Palma aprendeu direitinho com o Hitchcock. O jogo de vai-e-vem do diretor é extremamente bem feito. Sem falar das cenas tensas que são construídas a partir dos diálogos que manipulam o público e cria diversas questões (será que ele traindo? Será que ele está tramando algo a mais? Quais as intenções desse personagem?).
Esse filme esbanja estilo!
E ainda nos faz criar uma relação estranha com o protagonista que, apesar de acharmos tudo o que ele faz errado, nós sabemos que ele nunca chegaria a lugar nenhum trabalhando igual a uma máquina para servir aos "superiores".
Intenso!
A Regra do Jogo
4.1 122 Assista AgoraEsse filme é tipo o pai de "O Discreto Charme da Burguesia". Utilizando-se de um humor irônico, ambos os filmes conseguem desarmar e apresentar uma classe burguesa extremamente ignorante e fútil.
"Uma descrição exata da burguesia do nosso tempo". Foi assim que Renoir descreveu o seu filme.
A ironia desse filme já começa em seus primeiros segundos, quando é anunciado que o filme "não tem a pretensão de ser um estudo de costumes". E, depois, nós somos lançados à uma narrativa que vai se tornando cada vez mais intensa à medida que as diversas traições e perversões dos personagens vão sendo desmascaradas, culminando em uma festa onde os personagens se auto-humilham e se tornam verdadeiros animais, cujas intrigas são tão rasas e bobas que são dignas das novelas da televisão brasileira. E ai reside a genialidade desse filme, que faz com que o espectador sinta repulsa até dos mais amáveis personagens, não salvando ninguém, independente da classe social, sexo ou conflito interno.
É sim necessário compreender, pelo menos um pouco, o contexto histórico daquela época para admirar o filme mais amplamente (nada que alguém não tenha aprendido nas aulas de história). O nazismo estava em ascensão e a Segunda Guerra estava se iniciando, e os ignorantes só percebiam seus próprios amores e interesses, não é à toa que o festival de futilidades só cessa quando eles tem que lidar com algo realmente sério (como um assassinato).
Tecnicamente habilidoso, o filme utiliza de técnicas que serviram de inspiração para "Cidadão Kane" e cenas fascinantes (como a da caça que mostra a falta de empatia daquelas pessoas).
E o roteiro é excepcional, conseguindo organizar perfeitamente as diversas tramas simultâneas, sem falar os ótimos diálogos. O roteiro também é habilidoso ao criar personagens que, apesar de fúteis e vazios, são extremamente interessantes.
"A Regra do Jogo" é um filme que nos mostra que a única regra é não ter regras.
A Bela e a Fera
4.0 80 Assista AgoraA história dos três filmes da "Bela e a Fera" que eu vi são praticamente iguais, assim como suas mensagens. Mas o que torna essa versão a melhor adaptação cinematográfica do conto de Jeanne-Marie LePrince de Beaumont é a forma surrealista da direção de Cocteau.
Toda a magia da história é transmitida por uma atmosfera extremamente imersiva que é criada a partir do refinamento técnico utilizado na criação do castelo. A criatividade aqui transborda nos aspectos da mise-en-scene: o deslumbrante e contrastante figurino, o visual da fera (onde Jean Marais faz um excelente trabalho na hora de transmitir a melancolia do personagem), o minucioso trabalho de luz e a cenografia que seria injusto chamar apenas de imaginativa.
E o final do filme, muito criticado (injustamente) pelos comentários abaixo, é genial ao criar um paralelo entre A Fera e Avenant, mostrando que ambos são os dois lados de uma mesma moeda.
Filho Único
4.2 21 Assista AgoraLindíssimo filme que fala sobre um problema em Tóquio (o grande número de pessoas que procuram emprego, fazendo com que as vagas se tornem limitadas e o número de desemprego suba), mas que pode ser perfeitamente aplicada para São Paulo atualmente, por exemplo.
E o conflito que o filme cria no espectador é fortíssimo, fazendo com que você entenda o lado da mãe e do filho, deixando os conflitos entre eles muito mais fortes.
O Pagador de Promessas
4.3 365 Assista AgoraChocado com a magnitude dessa obra-prima! Que filme sensacional, sério!
Tecnicamente ele é perfeito, conseguindo evocar um senso de claustrofobia e poder muito grande apenas com seus enquadramentos e movimentos de câmera. E os simbolismos são uma obra à parte, com planos aberto mostrando a imponência e influência da igreja católica através de seu tamanho em comparação às pessoas que a rodeiam (alguns takes, inclusive, lembram as máquinas de "Metrópoles") e o simbolismo constante da escadaria em relação ao poder. Além de mostrar as diferentes religiões e culturas brasileiras, mostrando como é sem sentido apenas uma delas ter tanto poder.
Com uma incrível e, infelizmente, atual riqueza temática (religião, consequências da escravidão, imperialismo do branco cristão, manipulação midiática, política, etc.), o filme de Anselmo Duarte deveria ser visto e apreciado por todo mundo.
Obra-prima!
O Labirinto do Fauno
4.2 2,9KEssa é a terceira vez que eu vejo esse filme e é impressionante o quanto ele só cresce em qualidade pqp!
Sempre me surpreendo com a sensibilidade desse filme, tanto nos relacionamentos inter-pessoais (como os de Mercedes com a Ofelia e com o grupo de sobreviventes que, mesmo com as poucas cenas, já consegue passar para o público seus vínculos, esperanças, medos e motivações), quanto na dicotomia entre a crueza do mundo real e o aspecto fantasioso da imaginação da Ofelia, que cria este mundo cheio de aventuras e objetivos como uma criança cria uma nova brincadeira. E essa relação que o filme faz com a realidade e a ilusão (inclusive na montagem e nas transições de cena) mostra e nos faz entender o porquê da Ofelia ter criado e se afundado tão profundamente nesse mundo imaginário, já que o que ela mais quer é sair da realidade, e essa é a única maneira que ela acha para isso.
O vilão desse filme é absolutamente incrível. Faz o que todos os vilões deveriam fazer, meter medo! Mas o que eu vou comentar aqui sobre ele (coisa que eu só percebi nessa última revisitada) é o paralelo, através de referências, que o filme faz dele com outros grandes vilões. Como em uma cena que ele está ouvindo música em uma vitrola, cujo enquadramento lembra o Hannibal Lecter. Ou quando a Mercedes corta sua boca, remetendo ao Coringa. E até quando ele persegue a Ofelia no labirinto, referência ao Jack Torrance.
Os aspectos técnicos são incríveis, mas não vou comentar sobre eles por que eu ficaria o dia inteiro e eu estou com preguiça.
Enfim, filmaço!
O Touro Ferdinando
3.7 441 Assista AgoraFilme que quer passar uma mensagem relevante sobre masculinidade e o sadismo das touradas. Pena que para cada cena mais interessante vem outras 10 cenas de pura demência, com uma ideia de "humor" que até o Adam Sandler ficaria decepcionado. Sem falar na narrativa que é tão derivada que dá vontade se cortar.
Uma Mulher Fantástica
4.1 424 Assista AgoraEu achava q nenhum filme de 2017 poderia me surpreender mais depois q eu vi "A Ghost Story". E como é bom estar errado kkk.
A admiração da direção pela protagonista é maravilhosa de se assistir, fazendo com que o espectador também sinta tal admiração e comece a enxergar o mundo através do ponto de vista dela, que é obrigada a ouvir cada asneira que você fica perplexo (reparem, por exemplo, quantas vezes a palavra "desculpa" é dita ou como ela é tratada de modo tão inumano). E tudo isso é feito de maneira tão realista que é realmente chocante ouvir tudo isso.
A Daniela Vega, com sua performance minimalista, faz um trabalho excepcional de reação. Sem utilizar de caretas e atalhos narrativos, ela cria uma interpretação que consegue reagir às ofensas que são atribuídas a ela de maneira muito realista. É impressionante!
E o filme não se resume só a isso! Ele é um profundo estudo de personagem sobre uma mulher sempre se questionando sobre seu lugar no mundo. Reparem o modo como ela se olha nos espelhos e reflexos, nas expressões dela quando ela caminha pela rua ou na postura dela dentro do bar, quando ela tenta se distanciar do mundo exterior (onde ela realmente se sente bem). As cenas mais oníricas também são sensacionais, onde as "visoes" que ela tem do ex mostram o quanto ela sente falta dele, o que deixa o fato dela não poder ir ao velório muito mais triste e marcante.
Tendo eu citado "A Ghost Story" no início, é interessante notar que ambos os filmes usam o tema do luto como fio condutor para uma narrativa mais rica de simbologias e significados.
Com uma trilha-sonora magistral, "Una Mujer Fantástica" é um brilhante filme que entende os problemas sociais atuais para poder criar uma personagem que mostra ao público o perigo dos mesmos.
E sobre Marina não é necessário falar muito, já que o próprio título já a resume. Mas que mulher fantástica! (desculpa eu tive que fazer isso rsrs).
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraÉ um romance? Claramente.
Mas oq chama mais atenção é todo o processo de autodescoberta do personagem principal.
O Enigma de Kaspar Hauser
4.0 328Herzog é um filho da puta que consegue abortar temas extremamente maduros e atemporais com uma marca autoral foda!
A Palavra
4.5 100[SPOILERS ABERTOS!]
Tecnicamente esse filme é primoroso!
A atmosfera que o filme cria é perfeita e tão importante que você percebe a influência desse diretor no trabalho de outros diretores mais recentes, como o Werner Herzog.
A cinematografia é magistral, com movimentos de câmeras suaves e precisos que cria uma espécie de coreografia que vai de um enquadramento médio a um enquadramento mais aberto, até um movimento circular em volta dos personagens; tudo isso em um único plano-sequência que flutua calmamente criando uma sensação meditativa e extremamente imersiva que é muito bem vinda para o filme.
Outro fator primoroso que ajuda na composição da atmosfera e na imersão é o design de som. Poucas vezes vi um design de som tão minucioso quanto aqui. Desde o constante som do relógio (que meio que está contando o tempo que a Inger tem de vida, notem que quando ela morre o som para), até o ruído do vento e o som de um "carro" chegando ao local. Isso tudo mostra o perfeccionismo que o Dreyer tem com o som e que ele sabe que essa ferramenta é tão importante quanto a imagem na hora de contar uma história.
Os personagens também são bem interessantes, cada um com seu devido dilema. Há também algumas cenas poderosas e muito interessantes como a conversa dos dois "chefes" das famílias rivais.
Dreyer é um puta diretor que sabe manusear os aspectos técnicos de um filme como poucos. Mas eu tenho um probleminha com ele.
Eu vejo a parte mais fantasiosa do filme como um grande problema. O diretor/roteirista cria uma situação na qual o grande milagre é o que converte os ateus do filme. Porém esse milagre é tão irreal que eu acabei achando forçado. Ao invés de criar argumentos mais ponderados (como fez o filme "Contato, 1997", por exemplo), o diretor decidiu mostrar algo muito fora de nossa realidade, o que acabou não funcionando e deixando o filme menos interessante.
Outro problema que eu vejo também tem a ver com a cena final, que é muito previsível e acaba deixando o ritmo do filme bem estafante, já que você já sabe que a mulher vai morrer e depois vai reviver e o filme gasta um tempo desnecessário para chegar até o esperado.
Enfim. Apesar dos problemas já citados, "A Palavra" é realmente um belo filme!