Eu achava que adaptações cinematográficas de jogos de tabuleiro eram coisas do século 21 e vejam só: fizeram um filme de Detetive, com Coronel Mostarda e tudo, lá em 85. O filme é bem mais do que isso, claro. Eles aproveitam a absurda premissa pra criar uma comédia de humor negro e mistério, muito divertida, tensa e com uma trama de fato interessante. Você fica realmente querendo saber quem matou, com qual arma e em qual quarto. O filme brinca de forma orgânica com os elementos do jogo e nada fica muito forçado. Sábia decisão dos roteiristas de não fazer o filme se levar muito a sério. Te prende do começo ao fim.
Você tem Jennifer Hudson, Jordin Sparks, um japinha que é a coisa mais fofa do universo e uma trama daquelas de dar nó na garganta: precisa de mais recomendação? Bitch Please. As performances dos garotos principais são muito naturais e intensas, Jennifer Hudson divando de forma suprema, como sempre. O filme é muito deprimente em alguns momentos, retratando a miséria de forma crua e realista, mas sempre tomando o cuidado de inserir aquela pontinha de esperança no final. Não é piegas nem explora demais seu tema central, entregando assim uma visão sincera do tema que propõe. Bate lá no fundo.
Olha, o filme é divertidinho mas nem de longe é o melhor desse universo animado da DC. Eu não sei se o traço é o meu favorito, e achei a animação nada impressionante. Espero bastante desses lançamentos da DC, que reina absoluta no quesito animação, mas aqui eles são apenas corretinhos. Nada mindblowing ou revolucionário. Por acaso eu li o arco original no qual esse filme foi baseado e devo dizer que é muito melhor.
Se não me engano esse é o único filme do Weird Al e por causa dele eu parei pra assistir. É uma comédia insana que se passa nos estúdios de uma TV Uhf quase falida e sua programação bizarra. O problema pra mim é: no começo os personagens querem fazer uma programação de qualidade e só conseguem produzir trasheira, uma pior que a outra, e a emissora começa então a afundar. Infelizmente não dá pra comprar essa idéia, já que que eles produzem sketches de fato engraçadas e que conseguiriam considerável público, caso fossem apresentadas como humor intencional. O filme não consegue passar o sentimento de que aquela programação é ruim. Quando então eles conseguem fazer programas que caem no gosto popular, tudo passa a fazer mais sentido, embora a programação continue tão bosta quanto antes. Tirando essas considerações, o filme é divertido, nonsense, cheio de paródias criativas e tem o Weird Al que é sempre incrível.
Esse filme tenta ser uma comédia leve de costumes, satirizando o conceito de buddy cop, substituindo os pares habituais por um policial durão e sua mãe. O conceito é interessante, mas as piadas são bobas e repetitivas demais, Sylvester Stallone é um péssimo ator de comédia, e, por mais que Estelle Getty seja muito carismática, ela simplesmente não consegue segurar o filme sozinha. E ela nem deveria ter que fazer isso, coitada. A trilha sonora de desenho animado é super equivocada, as cenas de ação não são boas o bastante e a comédia, como eu falei, é boba demais.
História calma e introspectiva, tenta propor reflexões acerca do amor, da amizade, do certo e do errado, através de uma idílica e proibida relação. Gosto dos diálogos e do desenvolvimento narrativo meio que imprevisível. A jornada acontece mais pro professor do que para seu aluno, e esse é o caminho inverso quando um filme resolve retratar esse tipo de relação. Acabam classificando essa obra como coming of age, mas realmente não sei se é o caso. O que incomoda um pouco é a qualidade do som, mas isso pode ser culpa da cópia que eu consegui.
Produto da mente insana de Alex Cox, clássico cult, filme que não faz o menor sentido em termos de trama ou de edição, mas que por algum motivo possui um charme arrebatador. É punk e é anos 80 até dizer chega, refletindo o caos que deve ser a mente de seu escritor e diretor. Emilio Estevez quando ainda era gente, rodeado por um grupo de figuras detestáveis mas muito carismáticas. E tem ainda um plot envolvendo alienígenas e homens de preto. No background, uma tonelada de críticas e comentário social da época. Filme pra ver e rever, ler a respeito e tentar catar as referências.
Bem, eu adoro o Paulo Gustavo. Esse filme é bem Globo Filmes mesmo, nada muito ambicioso ou grandioso, uma estrutura bem episódica, focada em situações diversas e isso interfere um pouco no ritmo. Alguns "episódios" são menos interessantes que outros. Ele consegue conversar bem com as Juremas, no entanto, e só pq o Paulo Gustavo é super talentoso, ele consegue produzir algo interessante não só pra elas, como pros demais esnobes chatos, que nem eu por exemplo. No geral eu achei divertido, mas tinha potencial pra ser infinitamente melhor.
Um desses dramas com toques de comédia que conseguem tocar e emocionar sem cair no piegas. De cara, olhando a capa do filme e a descrição super genérica do Blu ray, eu logo o categorizei como um desses filmecos que servem só pra arrancar lágrimas. Injusto. É uma história real, muito bem construída e vivida de forma verdadeira pelos atores envolvidos. É pra se envolver da primeira até a última cena. Adoro filmes sobre amizades inusitadas e os efeitos que ela causa em ambas as partes envolvidas.
Ok, esse desenho é um caso muito engraçado. É um clássico disney que parece ter caído no esquecimento. Ninguém sabe que isso existe, ele passa longe de ser unanimidade entre os críticos e o público e a pequena princesa Eilonwy jamais entra na lista de princesas oficiais da Disney. Tadinha, aposto que ela jamais terá uma versão humana em Once Upon a Time, nem nunca aparecerá impressa em isopor no aniversário de ninguém. E é justamente por isso tudo que eu quis assistir. O filme é meio corrido, não tem personalidade e possui umas escolhas narrativas meio estranhas. A parte "Boa" é que retrata o mal de forma extremamente cruel e perturbadora. O vilão é praticamente satanás em pessoa e o filme é repleto de magia negra e coisas bizarras. Imagino crianças se escondendo embaixo da cadeira do cinema em 1985. Evangélicos passem longe dessa pérola.
Não julgue um livro pela capa. Esse não é um filme adolescente americano como qualquer outro. Ele brinca com os clichês e é cheio de ironia e sátira. Escrito por Tina Fey, queria oq né. Não é a toa que virou um clássico cult. Dá peninha ver a Lindsey tão fofa e pensar em tudo que rolou com ela depois. Ela poderia voltar ao normal, só tirar o silicone dos lábios. Droga. Prova viva de que filmes influenciam você. Eu já estou falando mal da aparência da menina, virei uma Byotch.
Esse filme vale a pena por não só ter sido escrito por Nat Faxon e Jim Rash, mas por também ter sido dirigido pela dupla. Ah, e ambos fazem pontas muito divertidas. Além disso temos Steve Carell fazendo papel de asshole total (Michael Scott era um asshole adorável, nesse filme ele é simplesmente filho da puta), Toni Collette sempre divando, a coisinha linda da AnnaSophia Robb, a sempre divertida Maya Rudolph e etc. O protagonista, Liam James, é melhor ator do que eu pensava: eu achei que talvez ele fosse, na vida real, tão desajustado quanto seu personagem. Estava bem natural. Ele pode até ser assim, mas fui checar na wiki e vi que ele tinha feito The Killing. O personagem lá não tem nada a ver com o daqui. Bem interessante. Enfim, o filme é um leve e divertido coming of age focado em personagens com diversos níveis de sociopatia. Adoro coisas assim.
Eu vi esse filme sabendo pouco da trama e do elenco envolvido. Por isso mesmo foi uma surpresa atrás da outra, já que ele tá lotado de caras conhecidas. É como esses filmes da Xuxa, mas ao invés de Ivete Sangalo e Ana Maria Braga você tem Rachel Bilson e Scott Porter (Hart of Dixie), tem Bill Hader e Andy Samberg (SNL), Donald Glover, Christopher Mintz-Plasse, Connie Britton, Clark Gregg and the list goes on and on and on. Muito diver. Ah, e o filme é si é muito engraçado, a Aubrey Plaza tá ótima e ele é fácil de assistir.
Quando li o primeiro volume de Kick Ass, eu lembro de ter gostado da proposta "super-heróis no mundo real". Curti a violência e a fuga de todos os clichês convencionais do gênero, como por exemplo o herói não ficar com a garota no final e etc. Então eu vi o primeiro filme e ele me pareceu muito convencional e fantasioso demais, fugindo assim da essência principal do comic. Eu não entendi muito bem as escolhas feitas pelo time que adaptou o troço. Eis que anos se passaram, meu senso crítico mudou um pouco e eu vi alguns filmes de "heróis realistas" que são bem melhores. E daí eu reli Kick Ass, li Hit-Girl e Kick Ass 2 e devo dizer que, embora ainda ache o universo interessante, eu curti bem menos a sua execução. Mark Millar retrata bem os nerds adolescentes sem nada nas idéias, e esse é o seu público alvo principal: mas o problema é que o protagonista nunca sai dessa condição, ele nunca evolui. Todo o fator de choque da revista, todo o impacto é diluído pois tudo soa como fanservice forçado. No fim das contas a mensagem não é tão ressonante como poderia ser, culpa do tom juvenil e "exploitative" presente no resto da narrativa. Sem contar a homofobia presente: um bom drinking game é tomar uma dose a cada vez que a Hit-Girl chama alguém de "cock-sucker". Coma alcoólico. Assim sendo, chego em Kick Ass 2 (o filme) cheio desses mixed feelings. E devo dizer que o filme é diferente dos quadrinhos, e, como tal, também possui sua própria cota de qualidades e defeitos. O senso de moralidade do filme é melhor, a sua consciência não "pesa" tanto assim ao assisti-lo e as sequências de ação são muito bem coreografadas. A Chloe tá velha demais pro papel, mas pelo menos incorporaram isso na personagem e a atriz é tão boa que você perdoa. A trama adolescente dela é a pior parte do filme. Os roteiristas retratam as "bitches" de high school de forma extremamente caricata e exagerada, tirando um pouco do "gostinho" de vingança quando a Mindy finalmente dá o troco. Pra gente realmente viver a experiência e torcer por ela, acho que seria essencial um dia-a-dia mais "realista" pros personagens. Dessa forma o contraste com a vida de super-herói seria melhor. Sem contar que a Mindy não precisa ser a fresquinha do colégio pra poder se encaixar. É como se no universo feminino, ou você é a Hit-Girl, ou você é uma babaca fútil. Não existe o meio termo, como no universo masculino. Enfim, essa trama poderia ser maneira se fosse mais realista. O protagonista tá simplesmente forte demais e não tem nada a ver com o nerd que ele deveria ser. O ator é bom, então eu também fico na dúvida aqui. A Hit-Girl só sua gíria homofóbica uma vez e nenhum outro personagem faz isso, o que é algo positivo. Infelizmente o filme acaba um pouco com o tom "sujo" e deprimente dos comics, querendo ser "cool" como um filme convencional de super-heróis. Resumindo: Kick Ass 1 é melhor nos quadrinhos e Kick Ass 2 é diferente, sendo bom e ruim em partes diferentes, e por motivos diferentes. As obras se complementam e não posso dizer que não verei um Kick Ass 3, se ele acontecer.
É um clássico premiado, duas tramas paralelas de amor em uma tribo humana primitiva, tudo muito lento, poético e metafórico. Eu achei meio chato, mas deve ser por não ter entendido muito bem a mensagem do filme. Um dos acontecimentos finais do filme me incomodou um pouco e eu estou moralmente dividido. Pro bem ou pro mal, o filme te faz pensar.
O filme é bonito, contemplativo, inspirador. Gosto dos monólogos dos protagonistas e gosto da fotografia. Achei a protagonista meio aborrecida. Muito absorta em si mesma e meio escrota às vezes. Uma coisa é você ser assim, ou conhecer pessoas assim e entender as suas motivações; outra é acompanhar a trajetória de alguém assim em um filme. Gostei do outro protagonista, no entanto. Os dois se completam bem. Gosto um pouco desse tema, das relações pela internet e de como somos separados por aquilo que deveria nos unir; só que ao mesmo tempo estou um pouco cansado desse assunto e de sua constante abordagem em filmes, que já virou meio clichê. Gostaria de ver uma obra assim de algum criador que realmente viva essa realidade e saiba tirar dela seu lado positivo. Acho meio incompleta essa visão pessimista da tecnologia, ainda que fique bonito para fins artísticos. O diretor, segundo a net, é de 1965. Tá explicado.
Primeiramente, esse título é ridículo, parece nome de comédia pornô dos anos 80. Segundamente, The Bad News Bears é um clássico do coming of age, e filmes de "turminha". Imbatível em muitos aspectos, só pode existir desse jeito, naquele período de tempo. O mais legal é ver como as crianças no filme se comportam de forma realista, com sua imaturidade, paixão extrema pelo esporte e até comentários racistas sendo jogados de uma forma impossível de se ver hoje em dia. Isso tudo sem falar no Jackie Earle Haley, moleque ainda, fumando e sendo todo bad boy. Isso acontece, isso existe e isso nunca seria retratado num filme hoje em dia. Só por esses elementos, esse filme já se torna único. Mas é claro que não é só isso que o faz tão bom: o roteiro é divertido, imprevisísel, Walter Matthau está incrível e ainda temos vários atores favoritos debutando em suas carreiras. Esse filme me fez pesquisar Baseball, pra se ter uma idéia, e agora eu já entendo várias coisas sobre o jogo. Vontade de ver hoje em dia um filme que retrate a infância com tanto realismo assim.
O primeiro Super Hero Taisen foi um desastre. A história não fazia o menor sentido, o plot era cheio de conveniências, as personalidades dos heróis não soavam autênticas e nem as cenas de ação foram tão legais assim. A produção foi apressada e o roteiro parecia uma fanfic bizarra. A obsessão do roteirista com Decade, Narutaki e seus mistérios eternamente inacabados tomou conta de boa parte da produção e tudo foi bem cansativo de acompanhar. Então é claro que eu torci o nariz violentamente pra essa sequência, quando foi anunciada. E é com muita felicidade que anuncio: eles aprenderam a lição. A trama do filme é bem amarrada e bem planejada, não cai nos mesmos clichês de sempre, os personagens escolhidos pra protagonizar o filme não soam randômicos e todos têm um papel específico a cumprir. Não adianta, em grandes crossovers, querer focar todos os esforços em reunir na tela o maior número de uniformizados possível. A gente ainda se conecta com dramas humanos e saber centralizar a trama principal em personagens queridos por nós, que não estejam deslocados ou com a personalidade distorcida, é essencial. Gai, por exemplo, surge aqui como a "cola" perfeita entre os universos, já que ele é o maior fã de tokusatsu que existe. Os Go-Busters surgem fiéis a sua cronologia e o filme aproveita para desenvolver os personagens, mostrar a próxima etapa de suas vidas, dá um significado real pra sua participação. Wizard está muito bem também e prova que já está deixando saudades. O melhor de tudo: sem Decade e seus pseudo-mistérios. O que mais se pode desejar? Claro, kick-ass action. E aqui tem de sobra. A única coisa que faltou foi participação maior dos metal heroes. Mas teremos outro taisen, quem sabe as surpresas que ainda virão. Eu já estou ansioso.
Eu tenho certa picuinha com essa nova trilogia, e é triste ver que a continuação carrega os mesmos problemas que seu antecessor. Felizmente o filme é mais divertido, menos episódico e as sequências de ação mais bem planejadas e executadas, sem aquela aura excessiva de videogame do primeiro, com personagens sem muito "peso", quicando e voando pra todos os lados. Aqui você sente mais o impacto das cenas, elas são menos grandiosas e mais viscerais. Mas tudo termina aí: O Hobbit é uma trilogia de muita beleza técnica mas pouca substância e me pergunto se isso é mais culpa do Peter Jackson ou do estúdio. A idéia de transformar um livro fininho em 3 filmes foi péssima, pra começo de conversa. Eles acabam enfiando muito filler e nem sempre o material extra é tão interessante assim. Eu até gostei muito da Tauriel, devo dizer, mais pq eu tava com saudade da atriz. E a presença do Legolas ali nem tava tão deslocada. Mas o triângulo amoroso envolvendo esses personagens e um dos anões é meio bobo e não combina com Tolkien. É pouco sutil demais, eu não imagino ele escrevendo algo assim. E só de saber que essa trama não serve pra nada, é só pra encher tempo de filme, a sua aceitação fica ainda mais difícil. Outro problema recorrente é o festival de referências a SDA. Parece que ao invés de criar um filme que se apóie de forma independente, os realizadores querem mais é tentar repetir a experiência da 1ª trilogia, mesmo que a trama de O Hobbit seja muito diferente. Eles empregam um tom épico e grandioso, sendo que o que está em jogo aqui é muito menor do que da primeira vez. O mundo não está em perigo, é apenas a história de alguns anões e um hobbit enfrentando um dragão e recuperando um tesouro. Não combina com o tom de suspense que eles tentam colocar, mesmo pq tudo gira em torno da volta de Sauron, vilão que NÃO VAI voltar de vez nessa trilogia, pq a gente já viu ele fazer isso nos filmes anteriores: já sabemos como a história termina, e ficar mostrando o Ganfalf descobrindo tudo é meio inútil. A batalha dos dois nesse filme resume muito bem minha impressão geral: é visualmente linda, mas destituída de qualquer emoção, pois sabemos o que acontece com os dois personagens. Se era pra colocar filler, poderiam ter pego material que a gente não tenha visto ainda. ao invés de tentar reciclar sentimentos já vividos. Talvez O Hobbit seja útil pra quem, no futuro, queira assistir as duas trilogias na ordem cronológica, sem nunca ter visto nada. Mas não tem utilidade nenhuma pro público atual, sendo uma colagem bagunçada de fanservice.
Acheio o roteiro meio piegas algumas vezes, mas suponho que deva ter sido meio assim na vida real, já que a trama é baseada em fatos e mexicanos são dramáticos mesmo. Faltou sutileza mas tem que ter o coração muito duro pra não se emocionar mesmo assim. Eu continuo não entendendo nada de baseball, mas isso também não impede que as lágrimas ameacem rolar. Linda e inspiradora jornada a desses moleques.
Moffat tinha uma responsabilidade impossível nas mãos (The Impossible Task, daria um bom episódio) : criar um especial que conseguisse satisfazer ao máximo, mesmo com toda a injusta expectativa colocada em cima dele. É muito bom saber que o cara é roteirista talentoso o bastante pra conseguir criar soluções muito boas e entregar um produto final emocionalmente satisfatório, dentro de todas as limitações. E elas não foram poucas: você não pode colocar em apenas 1h15min todo o elenco de Doctor Who. Além de impossível por questões orçamentárias e de disponibilidade de elenco, no fim das contas o especial seria um fanservice besta, uma parada de caras conhecidas mas sem nenhum valor enquanto história integrante daquele mundo. Moffat então opta por homenagear idéias e conceitos, ao mesmo tempo em que joga a história pra frente, mudando o status quo e adicionando mais uma camada de complexidade pra nossa já intrincada cronologia. Vamos por partes: os múltiplos doutores estão ótimos contracenando juntos. É incrível como o roteiro consegue respeitar a voz de cada doutor, ainda que em essência o 10 e o 11 sejam muito parecidos. Não é só a diferença natural que o ator fornece, mas o texto consegue captar bem as nuances de cada personagem e suas diferentes reações aos diversos perigos. O war doctor ali representa um tipo de amálgama de doutores passados. Eu achei que ele fosse muito mais sombrio e misterioso e ao invés fomos brindados com uma encarnação completa do doutor, cheia de charme e humor, assim como seus antecessores e predecessores. É legal seu diálogo metalinguístico, como ele dá voz a várias "reclamações" de fãs mais xiitas, como a juventude dos doutores ou seu hábito de usar a sonic screwdriver pra tudo. E é nessa brincadeira que Moffat homenageia esse conceito clássico de doctor who. Em tennant ele homenageia a primeira parte da série nova, a era RTD e com Matt Smith ele faz o que tem feito de melhor há alguns anos. Cada doutor representa uma era, um momento na história do personagem e no fim todos se juntam para construir a história do próximo. A participação da Billie Piper tá ótima, e o Momento precisa dar as caras de novo: tão poderosa arma ainda vai ser responsável por muito timey wimey. Os Zygons estão interessantes e servem a um propósito bem definido dentro da trama, que apesar de breve, jamais passa a sensação de estar entulhada de elementos. Tudo é muito orgânico.
O final é polêmico mas é corajoso. Lidamos com o luto do doutor por sete temporadas e agora está na hora do personagem se desenvolver de formas diferentes. Ele consegue evitar a destruição de seu planeta e agora vai em busca de redenção. Uma nova e emocionante saga surge no horizonte. O fato em si é empolgante, porém tudo acontece rápido demais. Uma grande parte da mitologia moderna do doutor é alterada e isso cria ondas de choque também pro futuro e no entanto a coisa toda é resolvida num átimo. Talvez uns 15 minutos adicionais fizessem um bem necessário a essa parte da narrativa. Os doutores no final também não fazem muito sentido, a não ser que você considere o Momento como o grande arquiteto de todo esse evento.
Homenageando o passado, contando uma boa história focada no presente e moldando o futuro, The Day of the Doctor é um puta episódio. E se você pensar nele como parte de uma trilogia maior, precedida por The Name of the Doctor e finalizada com o futuro The Time of the Doctor, boa parte da expectativa exagerada cai por terra e você curte o episódio pelo que ele é. Um grande ano nós tivemos, pra homenagear DW.
Filme lento, poético, metafórico e bem direto em algumas partes. Impossível não se identificar um pouquinho com Logan, pelo menos todo mundo que teve uma infância meio desajustada. O ator fez um trabalho muito bom, e teve muita coragem em aceitar o desafio. Gosto como todos falam sussurrando nesse filme, como se estivessem muito entediados do mundo. Isso é bem realista, até. E gostei que a mãe dele é interpretada por aquela mocinha macabra de Jovens Bruxas. Achei uma experiência imersiva e interessante.
Tem como dar 10000 estrelas? Filmow deveria mudar as regras só pra esse filme. Enfim, é muito legal que a trama por trás da criação de Doctor Who seja tão perfeita para um filme: todos adoramos torcer pelos underdogs e aqui só dá underdog pra tudo quanto é lado. A produtora buscando reconhecimento num mundo totalmente machista, o diretor novato indiano também lutando contra o preconceito, o ator de idade buscando provar que ainda está no topo e uma produção que já era meio pobre até pra sua época. Não tem como não torcer, mesmo que você já saiba que tudo termina em final feliz. Bem, feliz pro seriado, já que a trajetória do Hartnell é de partir o coração. Chorei litros e achei tudo muito bem produzido, escrito e atuado. Presentão pros fãs e que tb serve de bom filme pra quem não conhece a fundo o seriado.
Uma coisa é você usar efeitos digitais pra criar coisas nunca antes vistas; e outra muito superior é você realmente usar o que as novas tecnologias proporcionam para criar uma experiência única, impossível de ser produzida de outra forma. Esse filme é espetacular nesse sentido. Alfonso Cuaron nos leva pra imensidão do espaço e corta para dentro dos capacetes dos astronautas, nos dando seu ponto de vista e depois sai de novo, em elegantes planos sequência que empolgam e surpreendem. Quando os personagens estão dentro das naves, então, fica tudo ainda mais incrível: é nessa hora que você se pergunta: como diabos fizeram isso? Gravidade usa o que a tecnologia tem de melhor para causar todo esse impacto visual. E tudo isso não tira a necessidade de bons atores no topo. Os protagonistas estão ótimos, a jornada de redenção pessoal da Sandra Bullock é criada de forma muito sutil e orgânica. Eu até pensei, no começo, que todo aquele blá blá blá fosse só enrolação, uma forma de criar certa empatia num filme que teoricamente era só uma atração de parque. Mas estava errado, pois as tramas pessoais são boas e o filme é muito mais do que você imagina a princípio.
Os 7 Suspeitos
3.8 355 Assista AgoraEu achava que adaptações cinematográficas de jogos de tabuleiro eram coisas do século 21 e vejam só: fizeram um filme de Detetive, com Coronel Mostarda e tudo, lá em 85. O filme é bem mais do que isso, claro. Eles aproveitam a absurda premissa pra criar uma comédia de humor negro e mistério, muito divertida, tensa e com uma trama de fato interessante. Você fica realmente querendo saber quem matou, com qual arma e em qual quarto. O filme brinca de forma orgânica com os elementos do jogo e nada fica muito forçado. Sábia decisão dos roteiristas de não fazer o filme se levar muito a sério. Te prende do começo ao fim.
O destino de Mister e Pete
3.9 24Você tem Jennifer Hudson, Jordin Sparks, um japinha que é a coisa mais fofa do universo e uma trama daquelas de dar nó na garganta: precisa de mais recomendação? Bitch Please. As performances dos garotos principais são muito naturais e intensas, Jennifer Hudson divando de forma suprema, como sempre. O filme é muito deprimente em alguns momentos, retratando a miséria de forma crua e realista, mas sempre tomando o cuidado de inserir aquela pontinha de esperança no final. Não é piegas nem explora demais seu tema central, entregando assim uma visão sincera do tema que propõe. Bate lá no fundo.
Superman Sem Limites
3.3 90 Assista AgoraOlha, o filme é divertidinho mas nem de longe é o melhor desse universo animado da DC. Eu não sei se o traço é o meu favorito, e achei a animação nada impressionante. Espero bastante desses lançamentos da DC, que reina absoluta no quesito animação, mas aqui eles são apenas corretinhos. Nada mindblowing ou revolucionário. Por acaso eu li o arco original no qual esse filme foi baseado e devo dizer que é muito melhor.
TV Pirada
3.1 11 Assista AgoraSe não me engano esse é o único filme do Weird Al e por causa dele eu parei pra assistir. É uma comédia insana que se passa nos estúdios de uma TV Uhf quase falida e sua programação bizarra. O problema pra mim é: no começo os personagens querem fazer uma programação de qualidade e só conseguem produzir trasheira, uma pior que a outra, e a emissora começa então a afundar. Infelizmente não dá pra comprar essa idéia, já que que eles produzem sketches de fato engraçadas e que conseguiriam considerável público, caso fossem apresentadas como humor intencional. O filme não consegue passar o sentimento de que aquela programação é ruim. Quando então eles conseguem fazer programas que caem no gosto popular, tudo passa a fazer mais sentido, embora a programação continue tão bosta quanto antes. Tirando essas considerações, o filme é divertido, nonsense, cheio de paródias criativas e tem o Weird Al que é sempre incrível.
Pare, Senão Mamãe Atira!
2.6 229 Assista AgoraEsse filme tenta ser uma comédia leve de costumes, satirizando o conceito de buddy cop, substituindo os pares habituais por um policial durão e sua mãe. O conceito é interessante, mas as piadas são bobas e repetitivas demais, Sylvester Stallone é um péssimo ator de comédia, e, por mais que Estelle Getty seja muito carismática, ela simplesmente não consegue segurar o filme sozinha. E ela nem deveria ter que fazer isso, coitada. A trilha sonora de desenho animado é super equivocada, as cenas de ação não são boas o bastante e a comédia, como eu falei, é boba demais.
O Sabor do Grão
3.2 20História calma e introspectiva, tenta propor reflexões acerca do amor, da amizade, do certo e do errado, através de uma idílica e proibida relação. Gosto dos diálogos e do desenvolvimento narrativo meio que imprevisível. A jornada acontece mais pro professor do que para seu aluno, e esse é o caminho inverso quando um filme resolve retratar esse tipo de relação. Acabam classificando essa obra como coming of age, mas realmente não sei se é o caso. O que incomoda um pouco é a qualidade do som, mas isso pode ser culpa da cópia que eu consegui.
Repo Man: A Onda Punk
3.3 94 Assista AgoraProduto da mente insana de Alex Cox, clássico cult, filme que não faz o menor sentido em termos de trama ou de edição, mas que por algum motivo possui um charme arrebatador. É punk e é anos 80 até dizer chega, refletindo o caos que deve ser a mente de seu escritor e diretor. Emilio Estevez quando ainda era gente, rodeado por um grupo de figuras detestáveis mas muito carismáticas. E tem ainda um plot envolvendo alienígenas e homens de preto. No background, uma tonelada de críticas e comentário social da época. Filme pra ver e rever, ler a respeito e tentar catar as referências.
Minha Mãe é Uma Peça: O Filme
3.7 2,6K Assista AgoraBem, eu adoro o Paulo Gustavo. Esse filme é bem Globo Filmes mesmo, nada muito ambicioso ou grandioso, uma estrutura bem episódica, focada em situações diversas e isso interfere um pouco no ritmo. Alguns "episódios" são menos interessantes que outros. Ele consegue conversar bem com as Juremas, no entanto, e só pq o Paulo Gustavo é super talentoso, ele consegue produzir algo interessante não só pra elas, como pros demais esnobes chatos, que nem eu por exemplo. No geral eu achei divertido, mas tinha potencial pra ser infinitamente melhor.
Intocáveis
4.4 4,1K Assista AgoraUm desses dramas com toques de comédia que conseguem tocar e emocionar sem cair no piegas. De cara, olhando a capa do filme e a descrição super genérica do Blu ray, eu logo o categorizei como um desses filmecos que servem só pra arrancar lágrimas. Injusto. É uma história real, muito bem construída e vivida de forma verdadeira pelos atores envolvidos. É pra se envolver da primeira até a última cena. Adoro filmes sobre amizades inusitadas e os efeitos que ela causa em ambas as partes envolvidas.
O Caldeirão Mágico
3.5 123Ok, esse desenho é um caso muito engraçado. É um clássico disney que parece ter caído no esquecimento. Ninguém sabe que isso existe, ele passa longe de ser unanimidade entre os críticos e o público e a pequena princesa Eilonwy jamais entra na lista de princesas oficiais da Disney. Tadinha, aposto que ela jamais terá uma versão humana em Once Upon a Time, nem nunca aparecerá impressa em isopor no aniversário de ninguém. E é justamente por isso tudo que eu quis assistir. O filme é meio corrido, não tem personalidade e possui umas escolhas narrativas meio estranhas. A parte "Boa" é que retrata o mal de forma extremamente cruel e perturbadora. O vilão é praticamente satanás em pessoa e o filme é repleto de magia negra e coisas bizarras. Imagino crianças se escondendo embaixo da cadeira do cinema em 1985. Evangélicos passem longe dessa pérola.
Meninas Malvadas
3.7 2,1K Assista AgoraNão julgue um livro pela capa. Esse não é um filme adolescente americano como qualquer outro. Ele brinca com os clichês e é cheio de ironia e sátira. Escrito por Tina Fey, queria oq né. Não é a toa que virou um clássico cult. Dá peninha ver a Lindsey tão fofa e pensar em tudo que rolou com ela depois. Ela poderia voltar ao normal, só tirar o silicone dos lábios. Droga. Prova viva de que filmes influenciam você. Eu já estou falando mal da aparência da menina, virei uma Byotch.
O Verão da Minha Vida
3.7 591 Assista AgoraEsse filme vale a pena por não só ter sido escrito por Nat Faxon e Jim Rash, mas por também ter sido dirigido pela dupla. Ah, e ambos fazem pontas muito divertidas. Além disso temos Steve Carell fazendo papel de asshole total (Michael Scott era um asshole adorável, nesse filme ele é simplesmente filho da puta), Toni Collette sempre divando, a coisinha linda da AnnaSophia Robb, a sempre divertida Maya Rudolph e etc. O protagonista, Liam James, é melhor ator do que eu pensava: eu achei que talvez ele fosse, na vida real, tão desajustado quanto seu personagem. Estava bem natural. Ele pode até ser assim, mas fui checar na wiki e vi que ele tinha feito The Killing. O personagem lá não tem nada a ver com o daqui. Bem interessante. Enfim, o filme é um leve e divertido coming of age focado em personagens com diversos níveis de sociopatia. Adoro coisas assim.
O Diário de Uma Virgem
3.0 261 Assista AgoraEu vi esse filme sabendo pouco da trama e do elenco envolvido. Por isso mesmo foi uma surpresa atrás da outra, já que ele tá lotado de caras conhecidas. É como esses filmes da Xuxa, mas ao invés de Ivete Sangalo e Ana Maria Braga você tem Rachel Bilson e Scott Porter (Hart of Dixie), tem Bill Hader e Andy Samberg (SNL), Donald Glover, Christopher Mintz-Plasse, Connie Britton, Clark Gregg and the list goes on and on and on. Muito diver. Ah, e o filme é si é muito engraçado, a Aubrey Plaza tá ótima e ele é fácil de assistir.
Kick-Ass 2
3.6 1,8K Assista AgoraQuando li o primeiro volume de Kick Ass, eu lembro de ter gostado da proposta "super-heróis no mundo real". Curti a violência e a fuga de todos os clichês convencionais do gênero, como por exemplo o herói não ficar com a garota no final e etc. Então eu vi o primeiro filme e ele me pareceu muito convencional e fantasioso demais, fugindo assim da essência principal do comic. Eu não entendi muito bem as escolhas feitas pelo time que adaptou o troço.
Eis que anos se passaram, meu senso crítico mudou um pouco e eu vi alguns filmes de "heróis realistas" que são bem melhores. E daí eu reli Kick Ass, li Hit-Girl e Kick Ass 2 e devo dizer que, embora ainda ache o universo interessante, eu curti bem menos a sua execução. Mark Millar retrata bem os nerds adolescentes sem nada nas idéias, e esse é o seu público alvo principal: mas o problema é que o protagonista nunca sai dessa condição, ele nunca evolui. Todo o fator de choque da revista, todo o impacto é diluído pois tudo soa como fanservice forçado. No fim das contas a mensagem não é tão ressonante como poderia ser, culpa do tom juvenil e "exploitative" presente no resto da narrativa. Sem contar a homofobia presente: um bom drinking game é tomar uma dose a cada vez que a Hit-Girl chama alguém de "cock-sucker". Coma alcoólico.
Assim sendo, chego em Kick Ass 2 (o filme) cheio desses mixed feelings. E devo dizer que o filme é diferente dos quadrinhos, e, como tal, também possui sua própria cota de qualidades e defeitos. O senso de moralidade do filme é melhor, a sua consciência não "pesa" tanto assim ao assisti-lo e as sequências de ação são muito bem coreografadas. A Chloe tá velha demais pro papel, mas pelo menos incorporaram isso na personagem e a atriz é tão boa que você perdoa. A trama adolescente dela é a pior parte do filme. Os roteiristas retratam as "bitches" de high school de forma extremamente caricata e exagerada, tirando um pouco do "gostinho" de vingança quando a Mindy finalmente dá o troco. Pra gente realmente viver a experiência e torcer por ela, acho que seria essencial um dia-a-dia mais "realista" pros personagens. Dessa forma o contraste com a vida de super-herói seria melhor. Sem contar que a Mindy não precisa ser a fresquinha do colégio pra poder se encaixar. É como se no universo feminino, ou você é a Hit-Girl, ou você é uma babaca fútil. Não existe o meio termo, como no universo masculino. Enfim, essa trama poderia ser maneira se fosse mais realista. O protagonista tá simplesmente forte demais e não tem nada a ver com o nerd que ele deveria ser. O ator é bom, então eu também fico na dúvida aqui. A Hit-Girl só sua gíria homofóbica uma vez e nenhum outro personagem faz isso, o que é algo positivo. Infelizmente o filme acaba um pouco com o tom "sujo" e deprimente dos comics, querendo ser "cool" como um filme convencional de super-heróis.
Resumindo: Kick Ass 1 é melhor nos quadrinhos e Kick Ass 2 é diferente, sendo bom e ruim em partes diferentes, e por motivos diferentes. As obras se complementam e não posso dizer que não verei um Kick Ass 3, se ele acontecer.
Jovens Afrodites
3.8 4É um clássico premiado, duas tramas paralelas de amor em uma tribo humana primitiva, tudo muito lento, poético e metafórico. Eu achei meio chato, mas deve ser por não ter entendido muito bem a mensagem do filme. Um dos acontecimentos finais do filme me incomodou um pouco e eu estou moralmente dividido. Pro bem ou pro mal, o filme te faz pensar.
Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual
4.3 2,3K Assista AgoraO filme é bonito, contemplativo, inspirador. Gosto dos monólogos dos protagonistas e gosto da fotografia. Achei a protagonista meio aborrecida. Muito absorta em si mesma e meio escrota às vezes. Uma coisa é você ser assim, ou conhecer pessoas assim e entender as suas motivações; outra é acompanhar a trajetória de alguém assim em um filme.
Gostei do outro protagonista, no entanto. Os dois se completam bem.
Gosto um pouco desse tema, das relações pela internet e de como somos separados por aquilo que deveria nos unir; só que ao mesmo tempo estou um pouco cansado desse assunto e de sua constante abordagem em filmes, que já virou meio clichê. Gostaria de ver uma obra assim de algum criador que realmente viva essa realidade e saiba tirar dela seu lado positivo. Acho meio incompleta essa visão pessimista da tecnologia, ainda que fique bonito para fins artísticos. O diretor, segundo a net, é de 1965. Tá explicado.
Garotos em Ponto de Bala
3.4 11Primeiramente, esse título é ridículo, parece nome de comédia pornô dos anos 80.
Segundamente, The Bad News Bears é um clássico do coming of age, e filmes de "turminha". Imbatível em muitos aspectos, só pode existir desse jeito, naquele período de tempo. O mais legal é ver como as crianças no filme se comportam de forma realista, com sua imaturidade, paixão extrema pelo esporte e até comentários racistas sendo jogados de uma forma impossível de se ver hoje em dia. Isso tudo sem falar no Jackie Earle Haley, moleque ainda, fumando e sendo todo bad boy. Isso acontece, isso existe e isso nunca seria retratado num filme hoje em dia. Só por esses elementos, esse filme já se torna único. Mas é claro que não é só isso que o faz tão bom: o roteiro é divertido, imprevisísel, Walter Matthau está incrível e ainda temos vários atores favoritos debutando em suas carreiras. Esse filme me fez pesquisar Baseball, pra se ter uma idéia, e agora eu já entendo várias coisas sobre o jogo.
Vontade de ver hoje em dia um filme que retrate a infância com tanto realismo assim.
Kamen Rider vs Super Sentai vs Detetive Espacial: A Guerra …
3.8 9O primeiro Super Hero Taisen foi um desastre. A história não fazia o menor sentido, o plot era cheio de conveniências, as personalidades dos heróis não soavam autênticas e nem as cenas de ação foram tão legais assim. A produção foi apressada e o roteiro parecia uma fanfic bizarra. A obsessão do roteirista com Decade, Narutaki e seus mistérios eternamente inacabados tomou conta de boa parte da produção e tudo foi bem cansativo de acompanhar.
Então é claro que eu torci o nariz violentamente pra essa sequência, quando foi anunciada. E é com muita felicidade que anuncio: eles aprenderam a lição. A trama do filme é bem amarrada e bem planejada, não cai nos mesmos clichês de sempre, os personagens escolhidos pra protagonizar o filme não soam randômicos e todos têm um papel específico a cumprir. Não adianta, em grandes crossovers, querer focar todos os esforços em reunir na tela o maior número de uniformizados possível. A gente ainda se conecta com dramas humanos e saber centralizar a trama principal em personagens queridos por nós, que não estejam deslocados ou com a personalidade distorcida, é essencial. Gai, por exemplo, surge aqui como a "cola" perfeita entre os universos, já que ele é o maior fã de tokusatsu que existe. Os Go-Busters surgem fiéis a sua cronologia e o filme aproveita para desenvolver os personagens, mostrar a próxima etapa de suas vidas, dá um significado real pra sua participação. Wizard está muito bem também e prova que já está deixando saudades. O melhor de tudo: sem Decade e seus pseudo-mistérios. O que mais se pode desejar?
Claro, kick-ass action. E aqui tem de sobra. A única coisa que faltou foi participação maior dos metal heroes. Mas teremos outro taisen, quem sabe as surpresas que ainda virão. Eu já estou ansioso.
O Hobbit: A Desolação de Smaug
4.0 2,5K Assista AgoraEu tenho certa picuinha com essa nova trilogia, e é triste ver que a continuação carrega os mesmos problemas que seu antecessor. Felizmente o filme é mais divertido, menos episódico e as sequências de ação mais bem planejadas e executadas, sem aquela aura excessiva de videogame do primeiro, com personagens sem muito "peso", quicando e voando pra todos os lados. Aqui você sente mais o impacto das cenas, elas são menos grandiosas e mais viscerais. Mas tudo termina aí: O Hobbit é uma trilogia de muita beleza técnica mas pouca substância e me pergunto se isso é mais culpa do Peter Jackson ou do estúdio. A idéia de transformar um livro fininho em 3 filmes foi péssima, pra começo de conversa. Eles acabam enfiando muito filler e nem sempre o material extra é tão interessante assim. Eu até gostei muito da Tauriel, devo dizer, mais pq eu tava com saudade da atriz. E a presença do Legolas ali nem tava tão deslocada. Mas o triângulo amoroso envolvendo esses personagens e um dos anões é meio bobo e não combina com Tolkien. É pouco sutil demais, eu não imagino ele escrevendo algo assim. E só de saber que essa trama não serve pra nada, é só pra encher tempo de filme, a sua aceitação fica ainda mais difícil.
Outro problema recorrente é o festival de referências a SDA. Parece que ao invés de criar um filme que se apóie de forma independente, os realizadores querem mais é tentar repetir a experiência da 1ª trilogia, mesmo que a trama de O Hobbit seja muito diferente. Eles empregam um tom épico e grandioso, sendo que o que está em jogo aqui é muito menor do que da primeira vez. O mundo não está em perigo, é apenas a história de alguns anões e um hobbit enfrentando um dragão e recuperando um tesouro. Não combina com o tom de suspense que eles tentam colocar, mesmo pq tudo gira em torno da volta de Sauron, vilão que NÃO VAI voltar de vez nessa trilogia, pq a gente já viu ele fazer isso nos filmes anteriores: já sabemos como a história termina, e ficar mostrando o Ganfalf descobrindo tudo é meio inútil. A batalha dos dois nesse filme resume muito bem minha impressão geral: é visualmente linda, mas destituída de qualquer emoção, pois sabemos o que acontece com os dois personagens. Se era pra colocar filler, poderiam ter pego material que a gente não tenha visto ainda. ao invés de tentar reciclar sentimentos já vividos.
Talvez O Hobbit seja útil pra quem, no futuro, queira assistir as duas trilogias na ordem cronológica, sem nunca ter visto nada. Mas não tem utilidade nenhuma pro público atual, sendo uma colagem bagunçada de fanservice.
The Perfect Game
3.4 1Acheio o roteiro meio piegas algumas vezes, mas suponho que deva ter sido meio assim na vida real, já que a trama é baseada em fatos e mexicanos são dramáticos mesmo. Faltou sutileza mas tem que ter o coração muito duro pra não se emocionar mesmo assim. Eu continuo não entendendo nada de baseball, mas isso também não impede que as lágrimas ameacem rolar. Linda e inspiradora jornada a desses moleques.
Doctor Who: O Dia do Doutor
4.8 188 Assista AgoraMoffat tinha uma responsabilidade impossível nas mãos (The Impossible Task, daria um bom episódio) : criar um especial que conseguisse satisfazer ao máximo, mesmo com toda a injusta expectativa colocada em cima dele. É muito bom saber que o cara é roteirista talentoso o bastante pra conseguir criar soluções muito boas e entregar um produto final emocionalmente satisfatório, dentro de todas as limitações. E elas não foram poucas: você não pode colocar em apenas 1h15min todo o elenco de Doctor Who. Além de impossível por questões orçamentárias e de disponibilidade de elenco, no fim das contas o especial seria um fanservice besta, uma parada de caras conhecidas mas sem nenhum valor enquanto história integrante daquele mundo. Moffat então opta por homenagear idéias e conceitos, ao mesmo tempo em que joga a história pra frente, mudando o status quo e adicionando mais uma camada de complexidade pra nossa já intrincada cronologia.
Vamos por partes: os múltiplos doutores estão ótimos contracenando juntos. É incrível como o roteiro consegue respeitar a voz de cada doutor, ainda que em essência o 10 e o 11 sejam muito parecidos. Não é só a diferença natural que o ator fornece, mas o texto consegue captar bem as nuances de cada personagem e suas diferentes reações aos diversos perigos.
O war doctor ali representa um tipo de amálgama de doutores passados. Eu achei que ele fosse muito mais sombrio e misterioso e ao invés fomos brindados com uma encarnação completa do doutor, cheia de charme e humor, assim como seus antecessores e predecessores. É legal seu diálogo metalinguístico, como ele dá voz a várias "reclamações" de fãs mais xiitas, como a juventude dos doutores ou seu hábito de usar a sonic screwdriver pra tudo. E é nessa brincadeira que Moffat homenageia esse conceito clássico de doctor who. Em tennant ele homenageia a primeira parte da série nova, a era RTD e com Matt Smith ele faz o que tem feito de melhor há alguns anos. Cada doutor representa uma era, um momento na história do personagem e no fim todos se juntam para construir a história do próximo.
A participação da Billie Piper tá ótima, e o Momento precisa dar as caras de novo: tão poderosa arma ainda vai ser responsável por muito timey wimey. Os Zygons estão interessantes e servem a um propósito bem definido dentro da trama, que apesar de breve, jamais passa a sensação de estar entulhada de elementos. Tudo é muito orgânico.
O final é polêmico mas é corajoso. Lidamos com o luto do doutor por sete temporadas e agora está na hora do personagem se desenvolver de formas diferentes. Ele consegue evitar a destruição de seu planeta e agora vai em busca de redenção. Uma nova e emocionante saga surge no horizonte. O fato em si é empolgante, porém tudo acontece rápido demais. Uma grande parte da mitologia moderna do doutor é alterada e isso cria ondas de choque também pro futuro e no entanto a coisa toda é resolvida num átimo. Talvez uns 15 minutos adicionais fizessem um bem necessário a essa parte da narrativa. Os doutores no final também não fazem muito sentido, a não ser que você considere o Momento como o grande arquiteto de todo esse evento.
Homenageando o passado, contando uma boa história focada no presente e moldando o futuro, The Day of the Doctor é um puta episódio. E se você pensar nele como parte de uma trilogia maior, precedida por The Name of the Doctor e finalizada com o futuro The Time of the Doctor, boa parte da expectativa exagerada cai por terra e você curte o episódio pelo que ele é. Um grande ano nós tivemos, pra homenagear DW.
Tigres Selvagens
3.8 48Filme lento, poético, metafórico e bem direto em algumas partes. Impossível não se identificar um pouquinho com Logan, pelo menos todo mundo que teve uma infância meio desajustada. O ator fez um trabalho muito bom, e teve muita coragem em aceitar o desafio. Gosto como todos falam sussurrando nesse filme, como se estivessem muito entediados do mundo. Isso é bem realista, até. E gostei que a mãe dele é interpretada por aquela mocinha macabra de Jovens Bruxas. Achei uma experiência imersiva e interessante.
Uma Aventura no Espaço e Tempo
4.7 66Tem como dar 10000 estrelas? Filmow deveria mudar as regras só pra esse filme. Enfim, é muito legal que a trama por trás da criação de Doctor Who seja tão perfeita para um filme: todos adoramos torcer pelos underdogs e aqui só dá underdog pra tudo quanto é lado. A produtora buscando reconhecimento num mundo totalmente machista, o diretor novato indiano também lutando contra o preconceito, o ator de idade buscando provar que ainda está no topo e uma produção que já era meio pobre até pra sua época. Não tem como não torcer, mesmo que você já saiba que tudo termina em final feliz.
Bem, feliz pro seriado, já que a trajetória do Hartnell é de partir o coração. Chorei litros e achei tudo muito bem produzido, escrito e atuado. Presentão pros fãs e que tb serve de bom filme pra quem não conhece a fundo o seriado.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraUma coisa é você usar efeitos digitais pra criar coisas nunca antes vistas; e outra muito superior é você realmente usar o que as novas tecnologias proporcionam para criar uma experiência única, impossível de ser produzida de outra forma. Esse filme é espetacular nesse sentido. Alfonso Cuaron nos leva pra imensidão do espaço e corta para dentro dos capacetes dos astronautas, nos dando seu ponto de vista e depois sai de novo, em elegantes planos sequência que empolgam e surpreendem. Quando os personagens estão dentro das naves, então, fica tudo ainda mais incrível: é nessa hora que você se pergunta: como diabos fizeram isso? Gravidade usa o que a tecnologia tem de melhor para causar todo esse impacto visual. E tudo isso não tira a necessidade de bons atores no topo. Os protagonistas estão ótimos, a jornada de redenção pessoal da Sandra Bullock é criada de forma muito sutil e orgânica. Eu até pensei, no começo, que todo aquele blá blá blá fosse só enrolação, uma forma de criar certa empatia num filme que teoricamente era só uma atração de parque. Mas estava errado, pois as tramas pessoais são boas e o filme é muito mais do que você imagina a princípio.