Esse filme é um estudo de personagens, uma reunião de metáforas visuais, narrativas e sonoras, que buscam retratar as vidas vazias e paranóicas da classe média. Eu entendi isso. A mensagem do filme é forte, a intenção de seu diretor é louvável. Mas essa porra é chata demais, putaqueopariu. Toda a admirável fotografia, a íncrível montagem e surpreendente edição de som, tudo isso de nada vale se você não consegue ficar acordado pra ver/ouvir. O filme se arrasta por mais de duas horas, e pra ocupar tanto tempo ele precisaria de mais plot. Do jeito que o filme foi feito, funcionaria melhor como um curta. Um curta feito pra provocar certas sensações e que deixa certa reflexão. Infelizmente, nesse formato de longa, a reflexão acaba sendo engolida pelo tédio. Ponto positivo: As atuações. Elas são ótimas e super naturais. Todos os personagens passam incrível credibilidade e isso é essencial pra esse tipo de história. A personagem da Maeve Jinkings é a minha favorita e a sua storyline é, pra mim, a mais satisfatória emocionalmente. Também gosto muito do Gustavo Jahn. O filme é corajoso, uma obra de arte poderosa, mas que funcionaria melhor se tivesse uma hora e meia a menos.
Muito legal ver o Mads Mikkelsen interpretando em seu país de origem. O filme é muito sofrido de assistir, no entanto. O cara é muito carismático e é fácil torcer por ele. Seu personagem é o perfeito Mr. Nice Guy. Acusam o cara de umas barbaridades e logo toda a cidade está odiando o sujeito, humilhando-o, espancando-o e saindo de perto. Eu costumo gostar de filmes sobre pessoas que gradativamente vão ao fundo do poço, mas geralmente esses filmes são suspenses exagerados. Nesse caso é tudo calmo, realista, contido e idílico. Você realmente sente pelo cara. Pode-se dizer até que seu personagem não é muito complexo e que sua simpatia é uma trapaça do filme, para garantir essa torcida e potencializar o sentimento de revolta que o espectador sente. Talvez o personagem se beneficiasse com uns tons de cinza em sua personalidade, ou então se existisse alguma dúvida em relação a sua inocência. De todo modo o filme é difícil de assistir e confesso que dei uma olhadinha nas cenas finais, só pra garantir se o final era feliz ou não. Eu sei, eu sei, isso é ridículo, mas ninguém mexe com o Mads Mikkelsen. Pelo menos Hannibal tá voltando e lá ele tá sempre por cima da carne seca.
sse mangá/anime já é conhecido por muita gente só por conta de sua inusitada premissa. Jesus e Buda vivem um período de férias em Tóquio, dividindo um apê e lidando com diversas situações, muito comuns até, que só são interessantes de assistir por causa de...bem, Jesus e Buda, lógico. O plot do filme adapta, em sua maioria, passagens do primeiro volume do mangá. A arte do movie é um plus com relação ao mangá: eles usam um estilo bem rebuscado, de rascunho, muito bonito de ver em movimento. Algumas gags chegam a ser mais engraçadas no movie e isso é um avanço. A trama de Saint Oniisan nunca cai na crítica religiosa chata, tampouco se torna pró-religião. Em um momento Buda reclama que as oferendas feitas no templo, em seu nome, nunca chegam a ele. Jesus então o interrompe rapidamente, lembrando-o do trato de jamais conversarem sobre esse tópico, por ser "tabu". A postura do anime é mais ou menos essa mesmo: ele não existe pra aborrecer ninguém, ainda que não seja totalmente isento de exploitation. Como eu disse, a trama poderia ser bem chata e genérica, se não fosse a natureza de nossos protagonistas. É repleto de tiradas criativas e no geral nós pegamos mais referências de Jesus do que de Buda. Ainda assim eles são personagens interessantes por si mesmos; se apoiam sim no conhecimento prévio que temos deles, mas também constroem personalidades próprias. Depois de certo tempo nós gostamos deles pelo que são e não pelo que representam. O filme tem uma subtrama meio chata envolvendo alguns garotos endiabrados da vizinhança, que pegam implicância com Buda, mas eu encaro de boa porque um dos meninos é fã de Kamen Rider Fourze, com direito a máscara e citações diretas. O próprio Jesus é fã de Kamen Rider, compra videogames da marca e figures. O filme é produzido pra você se sentir bem e consegue esse feito.
Eu nunca tinha assistido nenhum filme animado de Lego e tinha extremo preconceito. Porque diabos seria maneiro ver um monte de lego se movendo? Esse brinquedo nem fez parte tanto assim da minha infância (a gente usava genéricos). Eis que me vi completamente enganado. O filme é muito divertido, obviamente agrada as crianças pelos visuais e personagens carismáticos, mas também agrada aos adultos por seu humor sofisticado, uma mensagem social e política interessante e toda a metalinguagem viajante que tem no final. O filme do lego tinha tudo pra ser apenas um comercial gigante, mas a empresa foi muito esperta: atrelou ao projeto dois nomes super talentosos. Os diretores/roteiristas já se envolveram antes com Cloudy with a Chance of Meatballs, Clone High, 21 Jump Street, etc. São artistas talentosos, que provavelmente devem ser entusiastas do brinquedo, e levaram seu A-Game pro projeto. Divertido, provocante, não cai nas obviedades chatas que animações têm caído ultimamente e ainda possui uma música tema irritantemente gostosa.
Misture Jason Statham com Clive Owen, coloque uma pitada de DeNiro e porradaria da melhor qualidade, embrulhada com um plot denso, inteligente e dinâmico e você terá esse puta filmaço do caralho. Baseado em uma história real, por incrível que pareça, o filme traz a clássica perseguição de gato e rato só que com um twist.
Lindas locações, fotografia acolhedora, ritmo perfeito. Trata de luto, superação, amor e companheirismo sem ser piegas ou melodramático ou irônico e emocionalmente distante. Ele encaixa direitinho na categoria "feel good movie", pra reunir a família e curtir. Eu sou viciado no Clive Owen, ele dá muita credibilidade a seu personagem e quando você se dá conta está xingando alto as pessoas que tentam atrapalhar sua vida.
Tom Cruise fazendo sempre o papel do "exército de um homem só" irrita um pouco e esse egocentrismo do ator (que sempre tá listado como produtor de seus filmes) atrapalha as tramas nas quais se envolve. A gente não consegue ver o Jack Reacher aqui, a gente vê o Tom Cruise sendo foda. Às vezes isso é legal com certos atores (cof Jason Statham cof) mas eles não se envolvem com personagens que poderiam se beneficiar se tivessem outro intérprete. Assim sendo, eu até curti esse filme. O mistério é muito interessante, a ação é precisa. O personagem é inteligente e seu raciocínio, ainda que brilhante, é fácil de acompanhar. Você consegue seguir facilmente a investigação sem que o filme tenha que ser muito expositivo. Cool cool cool.
Julie Delpy não só atua, como escreve e dirige essa comédia de costumes super estranha. Ela tem momentos bizarros, momentos engraçados (e bizarros), momentos dramáticos (e bizarros) e tudo o mais que uma comédia francesa tem direito. Difícil classificar esse filme como "bom" ou "ruim". Acho que ele é o que ele é: um registro breve de um pedaço da vida daqueles neuróticas pessoas. Ah e tem o Chris Rock fazendo um papel bem normal, pra variar. E eu já falei da Julie Delpy? Ela é muito amor (e bizarra). Foi divertido e assistir meio "alto" é melhor ainda.
Esse eu não entendi nada. Eu já sabia que não rolaria nenhum casamento nesse filme e já estava zoando o título nacional que perderia totalmente o sentido. Só que me espantou descobrir que o título original também perdeu: não tem hangover nenhum dessa vez. Na tentativa de fazer algo diferente, os roteiristas pegaram os personagens e criaram toda uma nova dinâmica que não tem nada a ver com a premissa dos dois primeiros filmes. O resultado final é legalzinho mas não chega aos pés da originalidade do primeiro. Você se diverte um pouco com certas situações, piadas e gags aqui e ali, mas se sente frustrado cada vez que lembra como o filme poderia ser melhor se simplesmente repetisse a fórmula. The Hangover e um daqueles casos em que ou você não cria nenhuma sequência pra evitar essa repetição, ou você se repete sem medo de ser feliz. Fazer outras coisas com os personagens pode até funcionar, desde que essa coisa seja tão interessante quanto o formato inicial. Além de não ser, o filme mal funciona como comédia, focando mais na ação e nos absurdos. Tenho carinho por essa franquia, mas acho que pisaram na bola com as decisões que tomaram na última parte. A cena pós-créditos, apresentando uma situação mais "tradicional", deveria ter sido o começo do filme.
Dizem que Goseiger como um todo sofreu com baixo orçamento, já que Toei estava apostando todas as fichas pro grande evento do ano seguinte, conhecido como Gokaiger. Isso pode muito bem ser verdade, a julgar pela falta de grandiosidade da série e desse movie. É uma história bem básica, sem muitos personagens novos marcantes nem sequências de ação particularmente memoráveis. Parece apenas um episódio de tv um pouco maior e geralmente esse não é o caso nos movies de sentai. As lutas no clímax até que são interessantes, suponho que eles estavam começando a explorar o wire fu e ficou charmosinho. Esperava bem mais.
A premissa do filme é legal e Evan Rachel Wood é uma gracinha. Larry David é um gênio e eu curto muita coisa do Woody Allen. Então o que tá faltando nesse filme? Me incomoda um pouco o ar de "wish fulfillment" para homens de meia idade. Um grande fanservice: a personagem da Evan surge como uma caricatura bidimensional da garota do interior gostosa e burrinha, que ama incondicionalmente o personagem rabugento e muito mais velho de Larry David, e continua amando-o mesmo sofrendo constantes humilhações. Ela apenas aceita tudo com ar solícito e bobinho, como uma personagem de anime, daquelas bem bobinhas. O tom do personagem é tão "Over the top", que quando finalmente Evan percebe a merda em que se meteu, e começa a desejar algo diferente, nós não compramos a idéia: em nenhum momento o Larry David mudou, pra melhor ou pior. Então essa garota reage de forma tardia e sem nenhum impacto emocional, agindo convenientemente de acordo com a necessidade do roteiro. O filme tem lá seus momentos, mas acho sua mensagem central profundamente distorcida.
Eu gosto desses filmes feitos lá pro sul, pois têm uma pegada muito única e nem tô falando do elenco 100% caucasiano. O filme, apesar de interessante, perde um tempo precioso focando nas partes erradas. Eu gosto de coming of age, mas prefiro quando os adolescentes são meio quebradinhos. Os desse filme são normais, vivendo vidas normais e com problemas normais. É difícil, no meu caso, de rolar alguma conexão, embora o triângulo amoroso central encontre alguns paralelos na minha vida. Eu sou ligeiramente empático, afinal de contas. Os atores jovens interpretam basicamente a si mesmos, então os diálogos até que são naturais. Adoro o sotaque. A irmã mais nova é ótima e eu queria que ela ocupasse lugar mais central na narrativa. A sinopse dizia que o filme contava a história do garoto sob o ponto de vista de sua irmã. Isso acontece mas não tanto. A busca do pai pelo filho e vice versa também me soa mais interessante do que o slice of life adolescente e é outro ponto que deveria ter sido colocado mais em evidência. No geral é uma história fofa, ressonante e que funciona melhor pra algumas pessoas do que pra outras.
No começo o filme tenta vitimizar muito a Bruna e acho isso equivocado. A garota escolheu aquela vida por conta própria, vinda de uma família de classe média, não tinha histórico de pobreza nem maus tratos, nenhuma grande história trágica que justifique o tom dessa primeira parte. Tentar fazer isso com a história é tirar o que a Bruna tem de mais interessante e de mais positivo pras mulheres: ela simplesmente escolheu a sua profissão por vontade própria e curtia muito seu ofício. Quando o filme "entende" isso e começa a retratar seu dia-a-dia de forma mais honesta, aí sim a coisa engata. O tom do filme volta a ficar mais denso no fim, mas aí a coisa é mais orgânica. Bruna toma certas decisões erradas e sofre as consequências. Soa mais honesto do que a vitimização inicial, sem motivo. O filme me surpreendeu, possui uma progressão narrativa competente, fotografia ótima e um roteiro que não soa episódico. Raramente uma cinebiografia brasileira consegue essa façanha. Ótimas atuações e sequências viscerais e impactantes. Mensagem feminista muito interessante e deixa no ar a reflexão: já tá na hora de transformarem a prostituição numa profissão legítima.
Hasbro quis fazer um extra unindo uma de suas propriedades mais lucrativas com o conceito de Bratz ou Monster High. Friendship is Magic é mais do que um simples desenho pra meninas, desses repletos de clichês. Todos temeram que de alguma forma Equestria Girls fosse "trair" tudo o que a série original representa, pegando suas personagens e seu universo e "simplificando-os" para um público mais amplo. Todos os medos eram meio que infundados. A mensagem central é muito boa, as lições são dadas com a mesma competência do seriado original e bem ou mal todas as personagens estão ali representadas, suas personalidades intactas. A história não é tão distante assim de MLP, apesar dos clichês normais de high school. Acho que esse filme é ideal para introduzir MLP a crianças que já curtam os "Monster High" da vida. Tem tudo o que se espera de uma obra assim, mas com mais profundidade e preciosas lições. Não achei que a animação tenha funcionado muito bem com as versões antropomórficas das personagens, mas nada que incomode. As músicas são incríveis.
Alguns filmes contam a história de pessoas ruins fazendo coisas ruins e acabam glamurizando demais os fatos, transformando aquelas pessoas em heróis. Gosto quando um filme assim deixa para o público a escolha de aprovar ou não os atos de seus personagens, sem puxar brasa pra nenhum lado. Sophia Coppola faz um excelente trabalho nesse sentido, mostrando a vida fútil e vazia de um grupo de amigos que resolve invadir a casa de pessoas famosas. Saber que é uma trama real deixa tudo ainda mais interessante e todos os atores estão ótimos. Destaque óbvio pra Hermione, cada vez mais provando a excelente atriz que é. No começo achei forçado seu sotaque californiano, mas vi a garota original falando e é idêntico. Adoro a fotografia, inebriante e difusa como a vida daquelas pessoas. É um filme muito deprimente, ainda que conte com bons momentos de humor.
O filme poderia ter sido meio chato, pra mim, se não fosse tão puxado pra Dragon Ball. Hoje em dia valorizo muito mais o humor e o nonsense da primeira parte do mangá, do que a ação repetitiva da segunda. Foi uma agradável surpresa, então, quando percebi que o filme era muito mais leve e engraçado do que eu esperava. Gostei do conceito do Bills, um vilão que não é propriamente mau, possuindo simplesmente a função de ser o Deus da Destruição. Achei que a conclusão da luta foi diferente e satisfatória. Ponto negativo pra mim é a animação, muito limitada. Tirando a batalha final, todo o filme deixa a desejar, já que hoje em dia temos animes pra televisão com resultados melhores nesse quesito. Não é épico nem grandioso, mas também não tenta ser. É um filme tranquilo e uma homenagem a todos aqueles personagens.
Não tão bom quanto o original, não tão inspirado. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar e esse filme prova isso. Eles tentam repetir a estrutura do primeiro, mas as situações não são engraçadas o bastante e quase não existe o elemento de "choque cultural" que era o mais fascinante. Os atores seguram a onda, mas o roteiro não ajuda. A cena final era pra ser engraçada mas ficou apenas constrangedora. Não é pior que o terceiro filme, pelo menos. O último da série foi feito apenas pra TV e é terrível, tentando parodiar a si mesmo e falhando miseravelmente. Tomando coragem aqui para vê-lo inteiro, questão de honra.
Você tem essa série cult dos anos 70, sobre uma família americana e caucasiana de classe média vivendo as aventuras e desventuras que famílias vivem em seu dia-a-dia. Você tem também uma abertura icônica e meio assustadora pra hoje em dia. Assustador, aliás, é a palavra ideal para descrever alguns dos sentimentos provocados por assistir The Brady Bunch, a série. Genial então foi a idéia de não ignorar essa aura bizarra e ainda fazer um filme em torno dela. No remake pra cinema, a família do título ainda vive nos anos 70, na mesma vibe da série de tv, enquanto o resto do mundo é contemporâneo. O "contemporâneo" aqui se refere ao ano de produção do filme, 1995, e assisti-lo agora, em 2013, acrescenta toda uma nova camada de bizarrice. O filme brinca com o "conflito cultural" provocado por essa "família nuclear" vivendo nos anos 90, mas pra nós, aqui no novo milênio, os anos 90 já estão igualmente datados. Isso é o que eu chamo de humor involuntário. Os Bradys reagem de forma inocente ao bem mais cínico mundo dos anos 90 e boa parte do humor vem disso. Performances ótimas do elenco, principalmente de Jennifer Elise Cox, que transforma a Jan Brady em uma adorável e psicótica irmã do meio. Muito desse humor negro transforma The Brady Bunch quase em uma Família Addams, e eu acho isso tudo genial. Você não só presta homenagem a série original, como também cria um novo produto totalmente novo e incrível por méritos próprios. O "Genial" título brasileiro é "A Família Sol-Lá-Si-Dó", numa tentativa de linkar a série com a "Família Dó-ré-mi", sendo que uma não tem nada a ver com a outra. Esse hábito de tentar vender uma produção como se fosse parte de outra existe até hoje no patético mundo das adaptações nacionais.
É bom ver a Jennifer Garner de novo, ainda que seu personagem não seja dos mais complexos, e Jared Leto tá arrasando. Foda que ele esteja competindo com o Jonah Hill pelo oscar, na mesma categoria, já que agora não sei mais pra quem torcer. Fiquei com inveja do tanto que eles emagreceram pra encarnar esses personagens. Eu aqui todo baleia, e eles engordando e emagrecendo como se fosse a coisa mais fácil. O filme é bom, deprimente e cheio de intensas atuações. Ainda assim não me fisgou tanto, não me conectei emocionalmente com as figuras representadas. Achei até meio chato, aqui e ali. Mixed feelings com força nesse caso. Gosto demais da premissa, mas a execução não foi tão emocionante, pra mim.
Eu adoro a premissa central desse filme e o trailer me animou muito. Infelizmente a execução é meio decepcionante. Uma coisa que me deixou particularmente incomodado foi não poder torcer pelos anti-heróis do filme. Existe certo charme em acompanhar a vida de criminosos que sejam adoráveis em uma comédia, que façam coisas que você morbidamente gostaria de fazer igual. Mas existe um limite, claro. Eles espancam, matam e explodem, em situações que simplesmente não merecem tal reação por parte deles. O filme falha em estabelecê-los como figuras merecedoras de nossa torcida e não existe nenhum tipo de redenção final. Nem o carisma dos protagonistas consegue fazer milagre. Chato é que o filme é do Luc Besson e eu amo esse cara.
Gostei mais do que eu imaginava. A narrativa dos livros é muito fanfiction pra mim, e o marketing "crepuscular" me encheu de preconceito. Eu estava enganado, a trama é interessante - ainda que não muito original - e os personagens têm carisma. A fotografia é elegante, bem como o design de produção e o roteiro é bem fluido e simétrico. Adoro o triângulo amoroso central, já que sou fã da Lily Collins, do Robert Sheehan e curti muito esse carinha que faz o Jace. Achei admirável eles escolherem um magrelo esquisitão pro protagonista, ao invés de um bombado genérico. Faria os 3, com todo prazer. Infelizmente o filme não foi bem de bilheteria e a vida é muito curta pra ler o material original, então fico na vontade de saber como essa história termina. Tomara que o estúdio volte atrás e que uma sequência aconteça.
Inicialmente o conceito do movie me interessou bastante. Vibrações sonoras e música não são apenas um gimmick no mundo de Kyoryuger, elas fazer parte da origem dos poderes e daquele universo. Um filme de luta que ao mesmo tempo fosse um musical não só seria interessante pelo conceito em si, como se encaixaria como uma luva na mitologia da série. É uma pena que tenha sido uma grande propaganda enganosa, já que eles mal cantam diferentes versões de uma mesma canção, em partes específicas do filme. Nada de uma elaborada sequência de luta ao melhor estilo broadway. Fora isso, o filme é bem legal, apesar de tradicionalmente mais curto, já que foi lançado como Double Feature com Kamen Rider Wizard. Dentro do pouco tempo eles souberam entregar sequências de luta muito boas (com Koichi Sakamoto estampado em todas elas, finalmente, já que na série mesmo seu marcante estilo não se percebe muito) além de personagens originais bem interessantes. Ainda bem que o Deathryuger tá aparecendo na série também, ele merece ter sua história expandida. O clímax é muito impressionante e eu queria muito que as batalhas de mecha da série fossem daquele jeito. Nem adianta atribuir as melhorias ao budget cinematográfico, pois Go Busters fazia quase aquilo mesmo na Tv. Tirando a música final, que é terrível, o filme é muito divertido.
O filme é cheio de energia, é subversivo e deixa que o próprio espectador tire suas conclusões acerca do protagonista. Você pode por vezes admirá-lo ou desprezá-lo. Scorcese cria uma narrativa absurda, cheia de elegantes recursos visuais que conferem ritmo a algo potencialmente arrastado, e sem criar momentos falsos que tentam manipular seus sentimentos. Ele apenas retrata de forma imparcial a vida cheia de excessos dessas patéticas figuras e cabe a cada um de nós julgar suas ações. Leonardo DiCaprio está incrível como sempre (costumo dizer que não há UM filme dele que seja ruim) e Jonah Hill surpreende de novo. É incrível o que esse cara sabe fazer e o tanto de nuances que seu personagem possui. Indicação ao oscar mais do que merecida. Ainda assim nem tudo achei perfeito. Você precisa retratar os excessos de um "vilão" ou de uma figura moralmente questionável, estabelecendo assim sua personalidade na tela, mas creio que exista um limite. Chega um ponto em que a violência ou o sexismo acabam virando pura exploração barata. Isso acontece muito em diversas mídias, quando a narrativa parece se deliciar em mostrar certas coisas, alimentando os nossos piores desejos, com a desculpa de retratar a depravação de certo personagem. Achei que o filme foi longo demais e que perde muito tempo mostrando muitas sequências repletas de drogas e de mulheres sendo tratadas como pedaços de carne. O filme está apenas estabelecendo o estilo de vida dessas pessoas, ou vendendo sexo e drogas, já que é isso que o público quer ver? É essencial pra narrativa ou é exploitation? Note que o filme possui inúmeras sequências de bacanais héteros, com total riqueza de detalhes, mas na hora de retratar uma orgia gay, o faz em uma cena de cortes muito rápidos, que apenas sugere o que está acontecendo, sem ser muito gráfico. Num filme que usa e abusa do sexo e que não parece possuir pudor, a escolha de montagem dessa cena em particular me parece curiosa. Apesar de certos problemas de ritmo, o filme delicia com momentos de drama e humor incríveis. A sequência do DiCaprio chapado no clube e depois brigando com o Jonah Hill já é antológica. E no fim das contas saber que tal ser humano desprezível existiu na vida real e que hoje em dia ainda ganha dinheiro para que sua vida seja contada em Hollywood me deprime um pouco. Mas hey, assim é a vida.
Linda e tocante produção, que encanta e deprime ao mesmo tempo, desde a primeira cena até a última. Toda a história é contada do ponto de vista dessas duas peculiares criaturas e eu já cansei de dizer: adoro quando meus protagonistas são quebradinhos por dentro. Esse filme é corajoso em muitos aspectos. Consegue ser profundamente emocionante sem ser cafona ou explorar de forma barata as diferentes condições psicológicas que retrata. Seus visuais são impactantes e detalhados, e a narrativa evita clichês mais óbvios, te levando numa jornada de descobertas. Achei que toma uma direção meio didática demais, no momento em que Max resolve explicar sua condição a Mary, mas logo o filme se redime novamente e termina muito bem. Esse merece um bis.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraEsse filme é um estudo de personagens, uma reunião de metáforas visuais, narrativas e sonoras, que buscam retratar as vidas vazias e paranóicas da classe média. Eu entendi isso. A mensagem do filme é forte, a intenção de seu diretor é louvável. Mas essa porra é chata demais, putaqueopariu. Toda a admirável fotografia, a íncrível montagem e surpreendente edição de som, tudo isso de nada vale se você não consegue ficar acordado pra ver/ouvir. O filme se arrasta por mais de duas horas, e pra ocupar tanto tempo ele precisaria de mais plot. Do jeito que o filme foi feito, funcionaria melhor como um curta. Um curta feito pra provocar certas sensações e que deixa certa reflexão. Infelizmente, nesse formato de longa, a reflexão acaba sendo engolida pelo tédio. Ponto positivo: As atuações. Elas são ótimas e super naturais. Todos os personagens passam incrível credibilidade e isso é essencial pra esse tipo de história. A personagem da Maeve Jinkings é a minha favorita e a sua storyline é, pra mim, a mais satisfatória emocionalmente. Também gosto muito do Gustavo Jahn. O filme é corajoso, uma obra de arte poderosa, mas que funcionaria melhor se tivesse uma hora e meia a menos.
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraMuito legal ver o Mads Mikkelsen interpretando em seu país de origem. O filme é muito sofrido de assistir, no entanto. O cara é muito carismático e é fácil torcer por ele. Seu personagem é o perfeito Mr. Nice Guy. Acusam o cara de umas barbaridades e logo toda a cidade está odiando o sujeito, humilhando-o, espancando-o e saindo de perto. Eu costumo gostar de filmes sobre pessoas que gradativamente vão ao fundo do poço, mas geralmente esses filmes são suspenses exagerados. Nesse caso é tudo calmo, realista, contido e idílico. Você realmente sente pelo cara. Pode-se dizer até que seu personagem não é muito complexo e que sua simpatia é uma trapaça do filme, para garantir essa torcida e potencializar o sentimento de revolta que o espectador sente. Talvez o personagem se beneficiasse com uns tons de cinza em sua personalidade, ou então se existisse alguma dúvida em relação a sua inocência. De todo modo o filme é difícil de assistir e confesso que dei uma olhadinha nas cenas finais, só pra garantir se o final era feliz ou não. Eu sei, eu sei, isso é ridículo, mas ninguém mexe com o Mads Mikkelsen. Pelo menos Hannibal tá voltando e lá ele tá sempre por cima da carne seca.
Saint☆Oniisan Movie
4.1 23sse mangá/anime já é conhecido por muita gente só por conta de sua inusitada premissa. Jesus e Buda vivem um período de férias em Tóquio, dividindo um apê e lidando com diversas situações, muito comuns até, que só são interessantes de assistir por causa de...bem, Jesus e Buda, lógico. O plot do filme adapta, em sua maioria, passagens do primeiro volume do mangá. A arte do movie é um plus com relação ao mangá: eles usam um estilo bem rebuscado, de rascunho, muito bonito de ver em movimento. Algumas gags chegam a ser mais engraçadas no movie e isso é um avanço. A trama de Saint Oniisan nunca cai na crítica religiosa chata, tampouco se torna pró-religião. Em um momento Buda reclama que as oferendas feitas no templo, em seu nome, nunca chegam a ele. Jesus então o interrompe rapidamente, lembrando-o do trato de jamais conversarem sobre esse tópico, por ser "tabu". A postura do anime é mais ou menos essa mesmo: ele não existe pra aborrecer ninguém, ainda que não seja totalmente isento de exploitation. Como eu disse, a trama poderia ser bem chata e genérica, se não fosse a natureza de nossos protagonistas. É repleto de tiradas criativas e no geral nós pegamos mais referências de Jesus do que de Buda. Ainda assim eles são personagens interessantes por si mesmos; se apoiam sim no conhecimento prévio que temos deles, mas também constroem personalidades próprias. Depois de certo tempo nós gostamos deles pelo que são e não pelo que representam. O filme tem uma subtrama meio chata envolvendo alguns garotos endiabrados da vizinhança, que pegam implicância com Buda, mas eu encaro de boa porque um dos meninos é fã de Kamen Rider Fourze, com direito a máscara e citações diretas. O próprio Jesus é fã de Kamen Rider, compra videogames da marca e figures. O filme é produzido pra você se sentir bem e consegue esse feito.
Uma Aventura LEGO
3.8 907 Assista AgoraEu nunca tinha assistido nenhum filme animado de Lego e tinha extremo preconceito. Porque diabos seria maneiro ver um monte de lego se movendo? Esse brinquedo nem fez parte tanto assim da minha infância (a gente usava genéricos). Eis que me vi completamente enganado. O filme é muito divertido, obviamente agrada as crianças pelos visuais e personagens carismáticos, mas também agrada aos adultos por seu humor sofisticado, uma mensagem social e política interessante e toda a metalinguagem viajante que tem no final. O filme do lego tinha tudo pra ser apenas um comercial gigante, mas a empresa foi muito esperta: atrelou ao projeto dois nomes super talentosos. Os diretores/roteiristas já se envolveram antes com Cloudy with a Chance of Meatballs, Clone High, 21 Jump Street, etc. São artistas talentosos, que provavelmente devem ser entusiastas do brinquedo, e levaram seu A-Game pro projeto. Divertido, provocante, não cai nas obviedades chatas que animações têm caído ultimamente e ainda possui uma música tema irritantemente gostosa.
Os Especialistas
3.2 509 Assista AgoraMisture Jason Statham com Clive Owen, coloque uma pitada de DeNiro e porradaria da melhor qualidade, embrulhada com um plot denso, inteligente e dinâmico e você terá esse puta filmaço do caralho. Baseado em uma história real, por incrível que pareça, o filme traz a clássica perseguição de gato e rato só que com um twist.
Os Garotos Estão de Volta
3.7 140Lindas locações, fotografia acolhedora, ritmo perfeito. Trata de luto, superação, amor e companheirismo sem ser piegas ou melodramático ou irônico e emocionalmente distante. Ele encaixa direitinho na categoria "feel good movie", pra reunir a família e curtir. Eu sou viciado no Clive Owen, ele dá muita credibilidade a seu personagem e quando você se dá conta está xingando alto as pessoas que tentam atrapalhar sua vida.
Jack Reacher: O Último Tiro
3.4 892 Assista AgoraTom Cruise fazendo sempre o papel do "exército de um homem só" irrita um pouco e esse egocentrismo do ator (que sempre tá listado como produtor de seus filmes) atrapalha as tramas nas quais se envolve. A gente não consegue ver o Jack Reacher aqui, a gente vê o Tom Cruise sendo foda. Às vezes isso é legal com certos atores (cof Jason Statham cof) mas eles não se envolvem com personagens que poderiam se beneficiar se tivessem outro intérprete. Assim sendo, eu até curti esse filme. O mistério é muito interessante, a ação é precisa. O personagem é inteligente e seu raciocínio, ainda que brilhante, é fácil de acompanhar. Você consegue seguir facilmente a investigação sem que o filme tenha que ser muito expositivo. Cool cool cool.
Dois Dias em Nova York
2.9 108Julie Delpy não só atua, como escreve e dirige essa comédia de costumes super estranha. Ela tem momentos bizarros, momentos engraçados (e bizarros), momentos dramáticos (e bizarros) e tudo o mais que uma comédia francesa tem direito. Difícil classificar esse filme como "bom" ou "ruim". Acho que ele é o que ele é: um registro breve de um pedaço da vida daqueles neuróticas pessoas. Ah e tem o Chris Rock fazendo um papel bem normal, pra variar. E eu já falei da Julie Delpy? Ela é muito amor (e bizarra). Foi divertido e assistir meio "alto" é melhor ainda.
Se Beber, Não Case! - Parte III
3.3 1,5K Assista AgoraEsse eu não entendi nada. Eu já sabia que não rolaria nenhum casamento nesse filme e já estava zoando o título nacional que perderia totalmente o sentido. Só que me espantou descobrir que o título original também perdeu: não tem hangover nenhum dessa vez. Na tentativa de fazer algo diferente, os roteiristas pegaram os personagens e criaram toda uma nova dinâmica que não tem nada a ver com a premissa dos dois primeiros filmes. O resultado final é legalzinho mas não chega aos pés da originalidade do primeiro. Você se diverte um pouco com certas situações, piadas e gags aqui e ali, mas se sente frustrado cada vez que lembra como o filme poderia ser melhor se simplesmente repetisse a fórmula. The Hangover e um daqueles casos em que ou você não cria nenhuma sequência pra evitar essa repetição, ou você se repete sem medo de ser feliz. Fazer outras coisas com os personagens pode até funcionar, desde que essa coisa seja tão interessante quanto o formato inicial. Além de não ser, o filme mal funciona como comédia, focando mais na ação e nos absurdos. Tenho carinho por essa franquia, mas acho que pisaram na bola com as decisões que tomaram na última parte. A cena pós-créditos, apresentando uma situação mais "tradicional", deveria ter sido o começo do filme.
Goseiger - O Filme Épico
3.3 1Dizem que Goseiger como um todo sofreu com baixo orçamento, já que Toei estava apostando todas as fichas pro grande evento do ano seguinte, conhecido como Gokaiger. Isso pode muito bem ser verdade, a julgar pela falta de grandiosidade da série e desse movie. É uma história bem básica, sem muitos personagens novos marcantes nem sequências de ação particularmente memoráveis. Parece apenas um episódio de tv um pouco maior e geralmente esse não é o caso nos movies de sentai. As lutas no clímax até que são interessantes, suponho que eles estavam começando a explorar o wire fu e ficou charmosinho. Esperava bem mais.
Tudo Pode Dar Certo
4.0 1,1KA premissa do filme é legal e Evan Rachel Wood é uma gracinha. Larry David é um gênio e eu curto muita coisa do Woody Allen. Então o que tá faltando nesse filme? Me incomoda um pouco o ar de "wish fulfillment" para homens de meia idade. Um grande fanservice: a personagem da Evan surge como uma caricatura bidimensional da garota do interior gostosa e burrinha, que ama incondicionalmente o personagem rabugento e muito mais velho de Larry David, e continua amando-o mesmo sofrendo constantes humilhações. Ela apenas aceita tudo com ar solícito e bobinho, como uma personagem de anime, daquelas bem bobinhas. O tom do personagem é tão "Over the top", que quando finalmente Evan percebe a merda em que se meteu, e começa a desejar algo diferente, nós não compramos a idéia: em nenhum momento o Larry David mudou, pra melhor ou pior. Então essa garota reage de forma tardia e sem nenhum impacto emocional, agindo convenientemente de acordo com a necessidade do roteiro. O filme tem lá seus momentos, mas acho sua mensagem central profundamente distorcida.
Antes Que o Mundo Acabe
3.5 355 Assista AgoraEu gosto desses filmes feitos lá pro sul, pois têm uma pegada muito única e nem tô falando do elenco 100% caucasiano. O filme, apesar de interessante, perde um tempo precioso focando nas partes erradas. Eu gosto de coming of age, mas prefiro quando os adolescentes são meio quebradinhos. Os desse filme são normais, vivendo vidas normais e com problemas normais. É difícil, no meu caso, de rolar alguma conexão, embora o triângulo amoroso central encontre alguns paralelos na minha vida. Eu sou ligeiramente empático, afinal de contas. Os atores jovens interpretam basicamente a si mesmos, então os diálogos até que são naturais. Adoro o sotaque. A irmã mais nova é ótima e eu queria que ela ocupasse lugar mais central na narrativa. A sinopse dizia que o filme contava a história do garoto sob o ponto de vista de sua irmã. Isso acontece mas não tanto. A busca do pai pelo filho e vice versa também me soa mais interessante do que o slice of life adolescente e é outro ponto que deveria ter sido colocado mais em evidência. No geral é uma história fofa, ressonante e que funciona melhor pra algumas pessoas do que pra outras.
Bruna Surfistinha
2.9 3,0K Assista AgoraNo começo o filme tenta vitimizar muito a Bruna e acho isso equivocado. A garota escolheu aquela vida por conta própria, vinda de uma família de classe média, não tinha histórico de pobreza nem maus tratos, nenhuma grande história trágica que justifique o tom dessa primeira parte. Tentar fazer isso com a história é tirar o que a Bruna tem de mais interessante e de mais positivo pras mulheres: ela simplesmente escolheu a sua profissão por vontade própria e curtia muito seu ofício. Quando o filme "entende" isso e começa a retratar seu dia-a-dia de forma mais honesta, aí sim a coisa engata. O tom do filme volta a ficar mais denso no fim, mas aí a coisa é mais orgânica. Bruna toma certas decisões erradas e sofre as consequências. Soa mais honesto do que a vitimização inicial, sem motivo. O filme me surpreendeu, possui uma progressão narrativa competente, fotografia ótima e um roteiro que não soa episódico. Raramente uma cinebiografia brasileira consegue essa façanha. Ótimas atuações e sequências viscerais e impactantes. Mensagem feminista muito interessante e deixa no ar a reflexão: já tá na hora de transformarem a prostituição numa profissão legítima.
My Little Pony: Garotas de Equestria
3.5 11Hasbro quis fazer um extra unindo uma de suas propriedades mais lucrativas com o conceito de Bratz ou Monster High. Friendship is Magic é mais do que um simples desenho pra meninas, desses repletos de clichês. Todos temeram que de alguma forma Equestria Girls fosse "trair" tudo o que a série original representa, pegando suas personagens e seu universo e "simplificando-os" para um público mais amplo. Todos os medos eram meio que infundados. A mensagem central é muito boa, as lições são dadas com a mesma competência do seriado original e bem ou mal todas as personagens estão ali representadas, suas personalidades intactas. A história não é tão distante assim de MLP, apesar dos clichês normais de high school. Acho que esse filme é ideal para introduzir MLP a crianças que já curtam os "Monster High" da vida. Tem tudo o que se espera de uma obra assim, mas com mais profundidade e preciosas lições. Não achei que a animação tenha funcionado muito bem com as versões antropomórficas das personagens, mas nada que incomode. As músicas são incríveis.
Bling Ring - A Gangue de Hollywood
3.0 1,7K Assista AgoraAlguns filmes contam a história de pessoas ruins fazendo coisas ruins e acabam glamurizando demais os fatos, transformando aquelas pessoas em heróis. Gosto quando um filme assim deixa para o público a escolha de aprovar ou não os atos de seus personagens, sem puxar brasa pra nenhum lado. Sophia Coppola faz um excelente trabalho nesse sentido, mostrando a vida fútil e vazia de um grupo de amigos que resolve invadir a casa de pessoas famosas. Saber que é uma trama real deixa tudo ainda mais interessante e todos os atores estão ótimos. Destaque óbvio pra Hermione, cada vez mais provando a excelente atriz que é. No começo achei forçado seu sotaque californiano, mas vi a garota original falando e é idêntico. Adoro a fotografia, inebriante e difusa como a vida daquelas pessoas. É um filme muito deprimente, ainda que conte com bons momentos de humor.
Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses
3.2 661O filme poderia ter sido meio chato, pra mim, se não fosse tão puxado pra Dragon Ball. Hoje em dia valorizo muito mais o humor e o nonsense da primeira parte do mangá, do que a ação repetitiva da segunda. Foi uma agradável surpresa, então, quando percebi que o filme era muito mais leve e engraçado do que eu esperava. Gostei do conceito do Bills, um vilão que não é propriamente mau, possuindo simplesmente a função de ser o Deus da Destruição. Achei que a conclusão da luta foi diferente e satisfatória. Ponto negativo pra mim é a animação, muito limitada. Tirando a batalha final, todo o filme deixa a desejar, já que hoje em dia temos animes pra televisão com resultados melhores nesse quesito. Não é épico nem grandioso, mas também não tenta ser. É um filme tranquilo e uma homenagem a todos aqueles personagens.
A Volta da Família Sol, La, Si, Dó
2.6 9Não tão bom quanto o original, não tão inspirado. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar e esse filme prova isso. Eles tentam repetir a estrutura do primeiro, mas as situações não são engraçadas o bastante e quase não existe o elemento de "choque cultural" que era o mais fascinante. Os atores seguram a onda, mas o roteiro não ajuda. A cena final era pra ser engraçada mas ficou apenas constrangedora. Não é pior que o terceiro filme, pelo menos. O último da série foi feito apenas pra TV e é terrível, tentando parodiar a si mesmo e falhando miseravelmente. Tomando coragem aqui para vê-lo inteiro, questão de honra.
A Família Sol, Lá, Si, Dó
3.0 26Você tem essa série cult dos anos 70, sobre uma família americana e caucasiana de classe média vivendo as aventuras e desventuras que famílias vivem em seu dia-a-dia. Você tem também uma abertura icônica e meio assustadora pra hoje em dia. Assustador, aliás, é a palavra ideal para descrever alguns dos sentimentos provocados por assistir The Brady Bunch, a série. Genial então foi a idéia de não ignorar essa aura bizarra e ainda fazer um filme em torno dela. No remake pra cinema, a família do título ainda vive nos anos 70, na mesma vibe da série de tv, enquanto o resto do mundo é contemporâneo. O "contemporâneo" aqui se refere ao ano de produção do filme, 1995, e assisti-lo agora, em 2013, acrescenta toda uma nova camada de bizarrice. O filme brinca com o "conflito cultural" provocado por essa "família nuclear" vivendo nos anos 90, mas pra nós, aqui no novo milênio, os anos 90 já estão igualmente datados. Isso é o que eu chamo de humor involuntário. Os Bradys reagem de forma inocente ao bem mais cínico mundo dos anos 90 e boa parte do humor vem disso. Performances ótimas do elenco, principalmente de Jennifer Elise Cox, que transforma a Jan Brady em uma adorável e psicótica irmã do meio. Muito desse humor negro transforma The Brady Bunch quase em uma Família Addams, e eu acho isso tudo genial. Você não só presta homenagem a série original, como também cria um novo produto totalmente novo e incrível por méritos próprios.
O "Genial" título brasileiro é "A Família Sol-Lá-Si-Dó", numa tentativa de linkar a série com a "Família Dó-ré-mi", sendo que uma não tem nada a ver com a outra. Esse hábito de tentar vender uma produção como se fosse parte de outra existe até hoje no patético mundo das adaptações nacionais.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraÉ bom ver a Jennifer Garner de novo, ainda que seu personagem não seja dos mais complexos, e Jared Leto tá arrasando. Foda que ele esteja competindo com o Jonah Hill pelo oscar, na mesma categoria, já que agora não sei mais pra quem torcer. Fiquei com inveja do tanto que eles emagreceram pra encarnar esses personagens. Eu aqui todo baleia, e eles engordando e emagrecendo como se fosse a coisa mais fácil.
O filme é bom, deprimente e cheio de intensas atuações. Ainda assim não me fisgou tanto, não me conectei emocionalmente com as figuras representadas. Achei até meio chato, aqui e ali. Mixed feelings com força nesse caso. Gosto demais da premissa, mas a execução não foi tão emocionante, pra mim.
A Família
3.4 528 Assista AgoraEu adoro a premissa central desse filme e o trailer me animou muito. Infelizmente a execução é meio decepcionante. Uma coisa que me deixou particularmente incomodado foi não poder torcer pelos anti-heróis do filme. Existe certo charme em acompanhar a vida de criminosos que sejam adoráveis em uma comédia, que façam coisas que você morbidamente gostaria de fazer igual. Mas existe um limite, claro. Eles espancam, matam e explodem, em situações que simplesmente não merecem tal reação por parte deles. O filme falha em estabelecê-los como figuras merecedoras de nossa torcida e não existe nenhum tipo de redenção final. Nem o carisma dos protagonistas consegue fazer milagre. Chato é que o filme é do Luc Besson e eu amo esse cara.
Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos
3.0 1,4K Assista AgoraGostei mais do que eu imaginava. A narrativa dos livros é muito fanfiction pra mim, e o marketing "crepuscular" me encheu de preconceito. Eu estava enganado, a trama é interessante - ainda que não muito original - e os personagens têm carisma. A fotografia é elegante, bem como o design de produção e o roteiro é bem fluido e simétrico. Adoro o triângulo amoroso central, já que sou fã da Lily Collins, do Robert Sheehan e curti muito esse carinha que faz o Jace. Achei admirável eles escolherem um magrelo esquisitão pro protagonista, ao invés de um bombado genérico. Faria os 3, com todo prazer. Infelizmente o filme não foi bem de bilheteria e a vida é muito curta pra ler o material original, então fico na vontade de saber como essa história termina. Tomara que o estúdio volte atrás e que uma sequência aconteça.
Kyoryuger - O Gaburincho da Música
3.7 1Inicialmente o conceito do movie me interessou bastante. Vibrações sonoras e música não são apenas um gimmick no mundo de Kyoryuger, elas fazer parte da origem dos poderes e daquele universo. Um filme de luta que ao mesmo tempo fosse um musical não só seria interessante pelo conceito em si, como se encaixaria como uma luva na mitologia da série. É uma pena que tenha sido uma grande propaganda enganosa, já que eles mal cantam diferentes versões de uma mesma canção, em partes específicas do filme. Nada de uma elaborada sequência de luta ao melhor estilo broadway.
Fora isso, o filme é bem legal, apesar de tradicionalmente mais curto, já que foi lançado como Double Feature com Kamen Rider Wizard. Dentro do pouco tempo eles souberam entregar sequências de luta muito boas (com Koichi Sakamoto estampado em todas elas, finalmente, já que na série mesmo seu marcante estilo não se percebe muito) além de personagens originais bem interessantes. Ainda bem que o Deathryuger tá aparecendo na série também, ele merece ter sua história expandida.
O clímax é muito impressionante e eu queria muito que as batalhas de mecha da série fossem daquele jeito. Nem adianta atribuir as melhorias ao budget cinematográfico, pois Go Busters fazia quase aquilo mesmo na Tv. Tirando a música final, que é terrível, o filme é muito divertido.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraO filme é cheio de energia, é subversivo e deixa que o próprio espectador tire suas conclusões acerca do protagonista. Você pode por vezes admirá-lo ou desprezá-lo. Scorcese cria uma narrativa absurda, cheia de elegantes recursos visuais que conferem ritmo a algo potencialmente arrastado, e sem criar momentos falsos que tentam manipular seus sentimentos. Ele apenas retrata de forma imparcial a vida cheia de excessos dessas patéticas figuras e cabe a cada um de nós julgar suas ações. Leonardo DiCaprio está incrível como sempre (costumo dizer que não há UM filme dele que seja ruim) e Jonah Hill surpreende de novo. É incrível o que esse cara sabe fazer e o tanto de nuances que seu personagem possui. Indicação ao oscar mais do que merecida.
Ainda assim nem tudo achei perfeito. Você precisa retratar os excessos de um "vilão" ou de uma figura moralmente questionável, estabelecendo assim sua personalidade na tela, mas creio que exista um limite. Chega um ponto em que a violência ou o sexismo acabam virando pura exploração barata. Isso acontece muito em diversas mídias, quando a narrativa parece se deliciar em mostrar certas coisas, alimentando os nossos piores desejos, com a desculpa de retratar a depravação de certo personagem. Achei que o filme foi longo demais e que perde muito tempo mostrando muitas sequências repletas de drogas e de mulheres sendo tratadas como pedaços de carne. O filme está apenas estabelecendo o estilo de vida dessas pessoas, ou vendendo sexo e drogas, já que é isso que o público quer ver? É essencial pra narrativa ou é exploitation? Note que o filme possui inúmeras sequências de bacanais héteros, com total riqueza de detalhes, mas na hora de retratar uma orgia gay, o faz em uma cena de cortes muito rápidos, que apenas sugere o que está acontecendo, sem ser muito gráfico. Num filme que usa e abusa do sexo e que não parece possuir pudor, a escolha de montagem dessa cena em particular me parece curiosa.
Apesar de certos problemas de ritmo, o filme delicia com momentos de drama e humor incríveis. A sequência do DiCaprio chapado no clube e depois brigando com o Jonah Hill já é antológica. E no fim das contas saber que tal ser humano desprezível existiu na vida real e que hoje em dia ainda ganha dinheiro para que sua vida seja contada em Hollywood me deprime um pouco. Mas hey, assim é a vida.
Mary e Max: Uma Amizade Diferente
4.5 2,4KLinda e tocante produção, que encanta e deprime ao mesmo tempo, desde a primeira cena até a última. Toda a história é contada do ponto de vista dessas duas peculiares criaturas e eu já cansei de dizer: adoro quando meus protagonistas são quebradinhos por dentro. Esse filme é corajoso em muitos aspectos. Consegue ser profundamente emocionante sem ser cafona ou explorar de forma barata as diferentes condições psicológicas que retrata. Seus visuais são impactantes e detalhados, e a narrativa evita clichês mais óbvios, te levando numa jornada de descobertas. Achei que toma uma direção meio didática demais, no momento em que Max resolve explicar sua condição a Mary, mas logo o filme se redime novamente e termina muito bem. Esse merece um bis.