Não só difícil de gostar, mas também porque exige muita crença em tudo que Shyamalan propõe. E é exatamente isso que o filme visa ser: uma ode a própria crença, sem contestar as inúmeras inverossimilhanças de todas elas (afinal, tudo aqui é pouco crível e situações banais é o que não faltam). No fundo, pra ele, o espectador é crente ou ateu. Claro que isso não gera apenas bons momentos, justamente por o filme ser tão livre de qualquer obrigação com a realidade, ás vezes acaba não se sustentando com os gêneros que flerta. Ora é um simples drama fantasioso, depois inclui momentos cômicos, elementos de suspense... e nem todos de modo correto.
P.S.: As partes do crítico são ótimas. Inclusive a conversa dele como o Cleveland sobre "a resolução do enigma" é o ponto alto do filme. E a Bryce Dallas Howard é um caso a parte: não é nem de longe uma grande atriz, mas consegue combinar perfeitamente com os papéis que interpreta (sempre frígida, leve, meiga, distante e bem exótica).
O exagero de De Palma leva o filme para o terreno da farsa, mas também existe uma dimensão de auto-análise, pois são empregadas técnicas que mostram o conhecimento da mudança de política em Hollywood. Se Hitchcock era obrigado a ser tão sutil tratando do voyeurismo, De Palma faz isso do modo mais caricato e direto possível. Uma homenagem a um mestre e uma crítica irônica aos filmes oitentistas de Hollywood, durante a Era Reagan. Em plena recuperação das fantasias viris, os filmes reproduziam heróis com excesso de músculos e dispostos a enfrentar o mundo. Até Jake entra em ação na cena final, ao interpretar um vampiro em um filme pornô light e derramar sangue falso nos seios nus de uma especialista.
Tudo gira em torno desses dois irmãos, seus dramas, suas lutas, suas esperanças de que as coisas possam melhorar, mas ao mesmo tempo percebemos durante todo o tempo que eles estão fadados ao pior, como já deixa anteceder o início da obra. Poucas vezes na história do cinema um filme foi tão cruel com seus personagens, tirando-lhes toda e quaisquer perspectivas de um final feliz. Zurlini é tão direto em seu objetivo; sem dar espaço á subtramas ou coadjuvantes.
E eu achando que o Mastroianni jamais superaria suas parcerias com o Fellini em A Doce Vida e Oito e Meio, aqui ele chega a espantar. A cena em que ele conta para o irmão já doente, sobre sua mãe, é de uma naturalidade poucas vezes vista. Algo como uma das melhores atuações de todos os tempos.
É um filme mais comum do Shyamalan, com estrutura tradicional de suspense etc., mas não que seja algo ruim, com isso ele consegue desenvolver melhor os personagens sem deixar qualquer rastro de embaralhamento na trama (no caso de Dunn é algo estranho de se comentar, já que nem nós e nem mesmo ele parece se conhecer muito bem). A montagem é sensacional.
Em nenhum momento vemos o diretor cair na tentação de sugerir uma possível relação de caráter sexual entre Aida e Lorenzo. Na cena da praia, aliás, em que ocorre o abraço e vemos que apenas ali ela se deu conta da intensidade dos sentimentos dele para com ela, temos o exemplo acabado do estilo de Zurlini: a contenção, o equilíbrio, a preocupação em mostrar, por meio do comportamento dos personagens, o interior deles. Ou seja, nesse manejo e apresentação das exterioridades dos seres, o desvelamento das subjetividades deles.
Sem pieguismo algum, sem sensacionalismo, tudo muito bem equilibrado. Zurlini consegue analisar sentimentos arrebatadores com uma facilidade sem tamanho, e sempre inteiramente sóbrio. As imagens são acompanhadas de fundos musicais propositalmente em algumas vezes não-sincronizados com as cenas, tudo de um cuidado ímpar. E a Claudia Cardinale na sua melhor fase, não sei qual é o maluco que abandonaria aquela mulher...
Shyamalan tem um domínio tão forte sobre a atmosfera de seu filme, que nem importa o que leva às possibilidades, poderia ser o E.T. ou qualquer outra coisa, do mesmo modo seria inquietante, claustrofóbico...
Ruim com força mesmo. Incrível como os... sei lá, últimos 5 ou 6 filmes do Tim Burton conseguem a proeza de decepcionar ainda mais do que prometem. Até que tem lá uns bons momentos graças a Helena Bonham Carter, mas tirando isso, nada funciona. Um roteiro absurdamente preguiçoso, que pega o primeiro assassinato e constrói todos os outros com o único intuito de chocar (o que o torna ainda mais tedioso de se acompanhar), mas o pior de tudo mesmo são as partes musicais - espalhafatosas é pouco - e o que é aquele sotaque forçadíssimo dos atores? Putz. Fora que o Johnny Depp também não estava lá nos seus melhores dias, ele tava bem mais caricato que o papel pedia.
Chegou num momento que eu já tava acreditando que era melhor que Fogo Contra Fogo (claro, lá pros 15 minutos finais dá pra constatar que não) mas, pqp, que filme foda. Sério, a maneira como o Mann filma Los Angeles suja, opaca, obscura chega a assustar. E o Tom Cruise então? Fácil uma das melhores auações masculinas da década passada, uma pena que raramente eu veja ele em personagens tão bons como o Vincent - que aliás, tem uma ambiguidade fascinante: tu pode até acreditar que ele é realmente o pior bandido do mundo, mas é por cenas como a do hospital com a mãe do Max que dá pra perceber que ele não é tão frio como aparenta.
Fulci nem precisou dos exageros gore de costume, aliás pelo contrário, esse aqui é bem mais suspense que horror. Bastou levar os seus personagens aos respectivos limites (no caso, pelo tema em foco que seria a obsessão). Poucas vezes houve uma fusão tão perfeita entre música e imagem como em Premonição. Fantástico.
Fui rever ontem e olha, melhorou MUITO mesmo. Isso porque da última vez que eu vi já tinha gostado que só. Os defeitos que, como a maioria, eu sempre vi, já não são mais defeitos. A tal previsibilidade da trama não é de modo algum ruim, ela só confirma que o Scorsese manipulou corretamente o espectador, além do excesso de explicações nos 20 ou 30 minutos finais que mais funcionam como uma tortura pra quem assiste ficar deslocado e desconfiar das duas realidades. E a previsibilidade e os excessos são um "elo" que caminham pra um final ambíguo, que na verdade permite a qualquer um que tire suas conclusões.
Mas tudo isso e mais todos os elementos competentes que compõe um bom suspense - como a trilha sonora e a fotografia (Robert Richardson pela primeira vez conseguiu usar seus exageros corretamente numa parceria com o Scorsese) - nem são o melhor do filme. São as homenagens do Scorsese aos seus ídolos Tourneur, Hitchcock, Fuller etc. que formam as belíssimas imagens, em momentos que ele faz questão de dar bem mais foco que os outros (pelos enquadramentos e a atmosfera que esses minutos passam).
Sério mesmo, dava pra fazer uma exposição só dos momentos em que o Leonardo Di Caprio e o Mark Ruffalo estão naquele penhasco, da Emily Mortimer com as crianças mortas e ensanguentadas e da Michelle Williams em meio ao fogo se transformando em cinzas.
Reencarnação, morte, amor, relacionamento com os pais, com amantes, esperanças, dúvidas e aflições. Em vários momentos há o pensamento de que o autor de alguma frase dita por Celine ou Jesse poderia ser qualquer pessoa que convive com algum desses problemas. É inspirador e revigorante ver as inúmeras possibilidades que existem em qualquer lugar, de como uma simples conversa pode marcar e mudar profundamente a vida de uma pessoa.
O desfecho então... é coisa de outro mundo. Algo que poderia cair facilmente no comum - assim como todo o filme corre esse risco -, mas tende a levantar a esperança, e sem uma satisfação que esperemos de qualquer romance. E o filme acaba assim, e faz com que pensemos se somos românticos ou cínicos - como o próprio Jesse fala numa ocasião mais tarde - se o encontro houve ou não. Ao final, a câmera nos leva aos lugares em que os personagens estiveram, ressaltando que, as pessoas podem ser transitórias, os lugares não, em mais uma tentativa de universalizar o acontecimento.
A areia do filme, muito mais do que uma representação do tempo, é também uma alegoria da modernidade, como um fluido em constante transformação e um espírito de degradação e descrença à verdade absoluta (que aliás lembra muito os filmes de Bergman). Os planos abertos e estáticos são sensacionais, mas creio que o melhor do filme sejam os primeiros, mostrando a natureza como algo mutável.
Talvez o principal questionamento de Antonioni seja em relação ao próprio filme: a mensagem transmitida pertence ao diretor ou àquele que a assiste? No entanto, não é o único. As modelos em suas poses estáticas, os diálogos escassos, a apatia dos espectadores do show dos Yardibirds, a passividade dos frequentadores da festa em que Thomas vai resgatar seu agente. Tudo que reflita a "explosão cultural" que Londres vivia na década de 60.
O ensaio de Verucshka para Thomas e seus ângulos avassaladores é uma das cenas mais bonitas do filme. O espectador, pelos olhos de Antonioni, é o fotógrafo de Thomas fotografando sua modelo. Blowup tem imagens exuberantes, as cores são vivas, talvez a única coisa verdadeiramente "viva" na obra. Nem mesmo o lema "sexo, drogas e rock n roll" foge ao tédio que é a vida humana. A apatia não se restringe aos ouvintes da apresentação dos Yardibirds. Moças e rapazes que se drogam, não ficam eufóricos. Pelo contrário, a expressão deles é totalmente vazia, igualmente as modelos fotografadas por Thomas ou sua vizinha transando com o namorado.
Na última cena, Thomas presencia uma partida fictícia de tênis encenada por eles e não só parece ver, como escuta a bola. Essa parece ser a representação perfeita do que foi a relação espectador-filme durante todas as suas quase 2 horas Pois não é isso que nos acontece ao ver um filme? Sabendo tratar-se de uma representação, transportamo-nos para sua história e cremos naquilo que estamos vendo.
Memórias
4.0 168 Assista AgoraSem palavras pra esse filme. Fácil Top 3 do Allen.
A Dama na Água
2.8 785 Assista AgoraNão só difícil de gostar, mas também porque exige muita crença em tudo que Shyamalan propõe. E é exatamente isso que o filme visa ser: uma ode a própria crença, sem contestar as inúmeras inverossimilhanças de todas elas (afinal, tudo aqui é pouco crível e situações banais é o que não faltam). No fundo, pra ele, o espectador é crente ou ateu. Claro que isso não gera apenas bons momentos, justamente por o filme ser tão livre de qualquer obrigação com a realidade, ás vezes acaba não se sustentando com os gêneros que flerta. Ora é um simples drama fantasioso, depois inclui momentos cômicos, elementos de suspense... e nem todos de modo correto.
P.S.: As partes do crítico são ótimas. Inclusive a conversa dele como o Cleveland sobre "a resolução do enigma" é o ponto alto do filme. E a Bryce Dallas Howard é um caso a parte: não é nem de longe uma grande atriz, mas consegue combinar perfeitamente com os papéis que interpreta (sempre frígida, leve, meiga, distante e bem exótica).
Dublê de Corpo
3.7 243 Assista AgoraO exagero de De Palma leva o filme para o terreno da farsa, mas também existe uma dimensão de auto-análise, pois são empregadas técnicas que mostram o conhecimento da mudança de política em Hollywood. Se Hitchcock era obrigado a ser tão sutil tratando do voyeurismo, De Palma faz isso do modo mais caricato e direto possível. Uma homenagem a um mestre e uma crítica irônica aos filmes oitentistas de Hollywood, durante a Era Reagan. Em plena recuperação das fantasias viris, os filmes reproduziam heróis com excesso de músculos e dispostos a enfrentar o mundo. Até Jake entra em ação na cena final, ao interpretar um vampiro em um filme pornô light e derramar sangue falso nos seios nus de uma especialista.
Dois Destinos
4.2 25Tudo gira em torno desses dois irmãos, seus dramas, suas lutas, suas esperanças de que as coisas possam melhorar, mas ao mesmo tempo percebemos durante todo o tempo que eles estão fadados ao pior, como já deixa anteceder o início da obra. Poucas vezes na história do cinema um filme foi tão cruel com seus personagens, tirando-lhes toda e quaisquer perspectivas de um final feliz. Zurlini é tão direto em seu objetivo; sem dar espaço á subtramas ou coadjuvantes.
E eu achando que o Mastroianni jamais superaria suas parcerias com o Fellini em A Doce Vida e Oito e Meio, aqui ele chega a espantar. A cena em que ele conta para o irmão já doente, sobre sua mãe, é de uma naturalidade poucas vezes vista. Algo como uma das melhores atuações de todos os tempos.
Corpo Fechado
3.7 1,3K Assista AgoraÉ um filme mais comum do Shyamalan, com estrutura tradicional de suspense etc., mas não que seja algo ruim, com isso ele consegue desenvolver melhor os personagens sem deixar qualquer rastro de embaralhamento na trama (no caso de Dunn é algo estranho de se comentar, já que nem nós e nem mesmo ele parece se conhecer muito bem). A montagem é sensacional.
Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia
4.0 101Basta uns 10 minutos de qualquer filme do Peckinpah, e você já sabe que está diante de um dos maiores diretores que o cinema já teve.
A Moça com a Valise
4.2 21Em nenhum momento vemos o diretor cair na tentação de sugerir uma possível relação de caráter sexual entre Aida e Lorenzo. Na cena da praia, aliás, em que ocorre o abraço e vemos que apenas ali ela se deu conta da intensidade dos sentimentos dele para com ela, temos o exemplo acabado do estilo de Zurlini: a contenção, o equilíbrio, a preocupação em mostrar, por meio do comportamento dos personagens, o interior deles. Ou seja, nesse manejo e apresentação das exterioridades dos seres, o desvelamento das subjetividades deles.
Sem pieguismo algum, sem sensacionalismo, tudo muito bem equilibrado. Zurlini consegue analisar sentimentos arrebatadores com uma facilidade sem tamanho, e sempre inteiramente sóbrio. As imagens são acompanhadas de fundos musicais propositalmente em algumas vezes não-sincronizados com as cenas, tudo de um cuidado ímpar. E a Claudia Cardinale na sua melhor fase, não sei qual é o maluco que abandonaria aquela mulher...
A Invenção de Hugo Cabret
4.0 3,6K Assista AgoraCada dia mais em cima do muro com esse filme... Trailerzinho bem ok
Sinais
3.5 1,4K Assista AgoraShyamalan tem um domínio tão forte sobre a atmosfera de seu filme, que nem importa o que leva às possibilidades, poderia ser o E.T. ou qualquer outra coisa, do mesmo modo seria inquietante, claustrofóbico...
Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet
3.9 2,2K Assista AgoraRuim com força mesmo. Incrível como os... sei lá, últimos 5 ou 6 filmes do Tim Burton conseguem a proeza de decepcionar ainda mais do que prometem. Até que tem lá uns bons momentos graças a Helena Bonham Carter, mas tirando isso, nada funciona. Um roteiro absurdamente preguiçoso, que pega o primeiro assassinato e constrói todos os outros com o único intuito de chocar (o que o torna ainda mais tedioso de se acompanhar), mas o pior de tudo mesmo são as partes musicais - espalhafatosas é pouco - e o que é aquele sotaque forçadíssimo dos atores? Putz. Fora que o Johnny Depp também não estava lá nos seus melhores dias, ele tava bem mais caricato que o papel pedia.
Contágio
3.2 1,8K Assista AgoraTrailer
http://www.youtube.com/watch?v=e0v8BSYq7KY
Colateral
3.6 613 Assista AgoraAh, e a cena dos lobos passando na frente do carro ao som de Shadow On The Sun vai ficar na minha cabeça pra sempre.
Colateral
3.6 613 Assista AgoraChegou num momento que eu já tava acreditando que era melhor que Fogo Contra Fogo (claro, lá pros 15 minutos finais dá pra constatar que não) mas, pqp, que filme foda. Sério, a maneira como o Mann filma Los Angeles suja, opaca, obscura chega a assustar. E o Tom Cruise então? Fácil uma das melhores auações masculinas da década passada, uma pena que raramente eu veja ele em personagens tão bons como o Vincent - que aliás, tem uma ambiguidade fascinante: tu pode até acreditar que ele é realmente o pior bandido do mundo, mas é por cenas como a do hospital com a mãe do Max que dá pra perceber que ele não é tão frio como aparenta.
Um Verão Escaldante
3.0 121Estão comparando bastante com O Desprezo e tá sendo bastante cotado pro Festival de Veneza. Desde já, ansioso!
Premonição
3.8 47Fulci nem precisou dos exageros gore de costume, aliás pelo contrário, esse aqui é bem mais suspense que horror. Bastou levar os seus personagens aos respectivos limites (no caso, pelo tema em foco que seria a obsessão). Poucas vezes houve uma fusão tão perfeita entre música e imagem como em Premonição. Fantástico.
Ilha do Medo
4.2 4,0K Assista AgoraFui rever ontem e olha, melhorou MUITO mesmo. Isso porque da última vez que eu vi já tinha gostado que só. Os defeitos que, como a maioria, eu sempre vi, já não são mais defeitos. A tal previsibilidade da trama não é de modo algum ruim, ela só confirma que o Scorsese manipulou corretamente o espectador, além do excesso de explicações nos 20 ou 30 minutos finais que mais funcionam como uma tortura pra quem assiste ficar deslocado e desconfiar das duas realidades. E a previsibilidade e os excessos são um "elo" que caminham pra um final ambíguo, que na verdade permite a qualquer um que tire suas conclusões.
Mas tudo isso e mais todos os elementos competentes que compõe um bom suspense - como a trilha sonora e a fotografia (Robert Richardson pela primeira vez conseguiu usar seus exageros corretamente numa parceria com o Scorsese) - nem são o melhor do filme. São as homenagens do Scorsese aos seus ídolos Tourneur, Hitchcock, Fuller etc. que formam as belíssimas imagens, em momentos que ele faz questão de dar bem mais foco que os outros (pelos enquadramentos e a atmosfera que esses minutos passam).
Sério mesmo, dava pra fazer uma exposição só dos momentos em que o Leonardo Di Caprio e o Mark Ruffalo estão naquele penhasco, da Emily Mortimer com as crianças mortas e ensanguentadas e da Michelle Williams em meio ao fogo se transformando em cinzas.
Deus da Carnificina
3.8 1,4KO Dinheiro
3.8 50 Assista AgoraDos filmes que eu vi do Bresson, esse é de longe o mais fraco. Alterna muito entre bons e maus momentos.
Antes do Amanhecer
4.3 1,9K Assista AgoraReencarnação, morte, amor, relacionamento com os pais, com amantes, esperanças, dúvidas e aflições. Em vários momentos há o pensamento de que o autor de alguma frase dita por Celine ou Jesse poderia ser qualquer pessoa que convive com algum desses problemas. É inspirador e revigorante ver as inúmeras possibilidades que existem em qualquer lugar, de como uma simples conversa pode marcar e mudar profundamente a vida de uma pessoa.
O desfecho então... é coisa de outro mundo. Algo que poderia cair facilmente no comum - assim como todo o filme corre esse risco -, mas tende a levantar a esperança, e sem uma satisfação que esperemos de qualquer romance. E o filme acaba assim, e faz com que pensemos se somos românticos ou cínicos - como o próprio Jesse fala numa ocasião mais tarde - se o encontro houve ou não. Ao final, a câmera nos leva aos lugares em que os personagens estiveram, ressaltando que, as pessoas podem ser transitórias, os lugares não, em mais uma tentativa de universalizar o acontecimento.
O Escafandro e a Borboleta
4.2 1,2KIr ver um filme com uma expectativa muito alta não é bom...[2]
Acho que ele começa muito bem, mas no decorrer, acaba se perdendo em suas próprias teorias. Longe de ser ruim.
A Mulher da Areia
4.5 96A areia do filme, muito mais do que uma representação do tempo, é também uma alegoria da modernidade, como um fluido em constante transformação e um espírito de degradação e descrença à verdade absoluta (que aliás lembra muito os filmes de Bergman). Os planos abertos e estáticos são sensacionais, mas creio que o melhor do filme sejam os primeiros, mostrando a natureza como algo mutável.
A Invenção de Hugo Cabret
4.0 3,6K Assista AgoraO nome agora é só Hugo.
Sob o Domínio do Medo
2.8 420 Assista AgoraEu achei o trailer interessante. Continuo não confiando nada nesse remake, principalmente pq esse diretor é triste, mas vou dar uma conferida sim.
Blow-Up: Depois Daquele Beijo
3.9 370 Assista AgoraTalvez o principal questionamento de Antonioni seja em relação ao próprio filme: a mensagem transmitida pertence ao diretor ou àquele que a assiste? No entanto, não é o único. As modelos em suas poses estáticas, os diálogos escassos, a apatia dos espectadores do show dos Yardibirds, a passividade dos frequentadores da festa em que Thomas vai resgatar seu agente. Tudo que reflita a "explosão cultural" que Londres vivia na década de 60.
O ensaio de Verucshka para Thomas e seus ângulos avassaladores é uma das cenas mais bonitas do filme. O espectador, pelos olhos de Antonioni, é o fotógrafo de Thomas fotografando sua modelo. Blowup tem imagens exuberantes, as cores são vivas, talvez a única coisa verdadeiramente "viva" na obra. Nem mesmo o lema "sexo, drogas e rock n roll" foge ao tédio que é a vida humana. A apatia não se restringe aos ouvintes da apresentação dos Yardibirds. Moças e rapazes que se drogam, não ficam eufóricos. Pelo contrário, a expressão deles é totalmente vazia, igualmente as modelos fotografadas por Thomas ou sua vizinha transando com o namorado.
Na última cena, Thomas presencia uma partida fictícia de tênis encenada por eles e não só parece ver, como escuta a bola. Essa parece ser a representação perfeita do que foi a relação espectador-filme durante todas as suas quase 2 horas Pois não é isso que nos acontece ao ver um filme? Sabendo tratar-se de uma representação, transportamo-nos para sua história e cremos naquilo que estamos vendo.