Não acho que a teatralidade de Nosferatu seja algo ruim, pelo contrário, o como ele depende da forma física dos seus atores e de suas atitudes me agradou bastante. O sutil jogo de sombras quando Orlock se aproxima de Ellen é o melhor. Não só o medo de Ellen nos perturba mas também a inevitabilidade do encontro. Murnau conservou o clímax durante todos os seus 80 minutos e consegue a proeza de, 89 anos depois, ainda assustar o espectador.
Absurdamente pretensioso, mas sem a mínima consistência pra carregar tal característica. Os exageros visuais até chegam a ser interessantes no início, mas é tudo usado tão gratuitamente, tantos cortes, tantos métodos de filmagem... O pior é que o filme tem até uma trama interessante, mas aparentemente o Oliver Stone só tava interessado em polêmica e acabou realizando um dos filmes mais confusos e sem foco que eu já vi. Se ao menos tivesse deixado de lado aquelas tediosas cenas no presídio e tivesse o apoio apenas nos crimes que Mickey e Mallory cometiam, poderia até ser divertido.
No início, a narração era um pouco maçante e distanciava os personagens do espectador, mas o filme foi fluindo tão naturalmente que nem importou muito. É interessante as brincadeiras que o roteiro vai fazendo com todos e as visões deles sobre o amor, desde suas repulsas até o mais intenso de seus pensamentos e as inúmeras reviravoltas, muito bem amarradas, que fazem toda a diferença. Tudo isso pontuado por cenas dirigidas com brilhantismo, sempre utilizando o humor na medida certa (apesar da premissa indicar seriedade nos temas tratados).
O mais detalhista dos Coen. Toda a preocupação da estética em deixar os cenários (o hotel Earle, em especial aquele corredor) e até mesmo os personagens secundários em sincronia com o Fink é digna de aplausos. E, claro além das inúmeras homenagens a outros grandes diretores/filmes (a semelhança entre o Barton Fink e o "personagem" Woody Allen é a que me chamou mais atenção e a relação do roteiro com Cidadão Kane é bastante pertinente).
O prólogo que mostra o Erik, a Raven e o Charles crianças é um tanto desnecessário. Achei muito mal feito, em qualquer aspecto, a cena em que o Erik começa a esbanjar fúria por terem matado a sua mãe. Sério, nunca uma atuação ruim de um criança (e tão rápida) foi tão incômoda. O que eu não gostei também foi da batalha final: homens de Shaw, contra homens de Charles/Erik e ambos contra os soldados americanos. o Vaughn soube tão bem durante todo o filme equilibrar o uso dos efeitos especiais com o enredo, mas nesse final ele perdeu a mão, além de alguns (como as asas da Angel) serem péssimos. Logo em seguida tem aquela sequência memorável onde os capitães se despedem da sua tripulação, vendo os mísseis em sua direção. Demais mesmo, uma das melhores partes do filme. Mas por mim, teria acabado aí, ou até o Charles levar o tiro. Tudo o que veio depois disso tornou o ritmo tedioso, não que cenas como o Erik (já de Magneto) indo buscar a Emma sejam ruins, mas já deveriam estar numa continuação (vai ter?).
Ainda bem que souberam aproveitar bem todo o elenco, ao contrário dos outros filmes, que davam prioridade a personagens desinteressantes e deixavam outros quase como figurantes. E claro, a grande beneficiada com isso foi a Mística, uma das melhores mutantes, tão mal aproveitada nos filmes do Synger. Jennifer Lawrence conseguiu mutíssimo bem passar pelo tom dramático-adolescente da personagem e suas inúmeras dúvidas e aceitações ao mesmo tempo em que segurava o lado fatal. A Emma Frost também, ainda que tenha uma construção superficial, é essencial em boa parte da trama. Quem me surpreendeu muito foi o James McAvoy, que conseguiu tornar as "bondades excessivas" do Xavier algo crível, diferente do bobinho do Patrick Stewart. O Michael Fassbender deve sair como o grande destaque do elenco, construindo um Erik repleto de fúria e vingança, mas também colocando o lado humano de suas atitudes. Matthew Vaughn novamente mostra-se um grande diretor, habilidoso em conduzir sequências de ação, mas competente também em momentos mais densos e relacionados aos dramas dos mutantes. Ele também acerta junto aos roteiristas na reconstituição do período sessentista, não apenas na estética perfeita; que apesar do enredo futurístico, consegue se manter fiel ao seu tempo; como também em termos de importância histórica, navegando consideravelmente no lado sócio-político da década de 60 e realizando uma realidade paralela do ponto alto da Guerra Fria, a crise dos mísseis de Cuba, de forma coesa. Enfim, acho que é o melhor filme já feito sobre o X-Men. Não que os dois primeiros sejam ruins, pelo contrário, mas os inúmeros erros que eles tinham, o Vaughn buscou concertar (e conseguiu) e fazer algo finalmente a altura do que essa franquia merece.
Melhor filme dos Farrelly em anos. Tem todo aquele lado otimista - que mais aparenta qualquer comédia romântica - que eles vem pregando nos últimos filmes, mas aqui foi feita de maneira tão aberta e rápida que eu nem sei se é algo ruim. O humor também é bastante cínico e sutil, embora tenha algumas sequências como a do negão/irlândes (demais hahaha) que mostra bem que os irmãos ainda tem veia pra comédia fácil. De fato, o quarteto de coadjuvantes - os amigos que foram só conferir o que os dois parceiros de passe livre iam fazer - poderiam ter sido bem aproveitados, até porque todos tinham um grande potencial de personagem, mas Owen Wilson e Jason Sudeikis já formaram uma dupla e tanto.
de Palma abusa de seu trabalho com as câmeras, conseguindo enquadramentos e ângulos relativamente novos, como na sequência inicial, com uma tomada panorâmica da sala onde está Al Capone se barbeando, e a câmera vai se aproximando lentamento até focar no rosto de De Niro, ou mesmo, na clássica cena da escadaria da estação, a releitura excepcional de Encouraçado Potemkin, tudo num slow-motion. A reconstituição do período e a trilha do Morricone também são pontos que se destacam (dentre tantos), a trilha em especial que as vezes até conduz o nível de densidade das cenas. Todos os atores estão demais, mas o que é o Sean Connery? puta que pariu.
Gostei das "regras", muito bem boladas, e até o prólogo com o Jesse Eisenberg explicando como tudo aconteceu e aparecendo algumas mortes divertídissimas é bem legal, mas de resto, o filme é fraco. Não se sustenta nem como comédia, nem com os ataques/mortes dos zumbis. Acho que o diretor forçou muito para fazer algo mais criativo (e ele até chegou a ser vendido com esse propósito), mas no fim, não conseguiu fazer nada nem na média dos filmes do gênero.
O filme tem um formato bastante peculiar: dá a sensação de estar assistindo a uma reportagem, um documentário, pela forma como sao mostrados os "depoimentos" dos personagens e pelo desenrolar da narrativa. Às vezes risível por atitudes bobas dos personagens estereotipados (propositalmente, os adolescentes bobos, a suburbana e seus sonhos típicos), mas logo Gus van Sant busca mostrar a seriedade dos assuntos retratados. É incrível como esse tipo de crítica nunca morre, ainda mais aqui, muita bem construída.
Primeiro filme que eu vejo do Ferrara e tou impressionado. As sequências de violência/mortes principalmente, todas parecem estar lá como elo para uma mudança do foco repentino, mas com todo um brilhantismo por trás da construção. E o poder que ele tem sobre a estética que também destrói todos os pensamentos anteriores do espectador. Ai, ai... Acho que dos filmes onde mostra o crime em uma espécie de "glamourização", esse foi o melhor ou pelo menos o que se fez mais necessário. Ferrara expõe todo o poder do Frank White (Christopher Walken dispensa comentários) como algo predestinado, como se a decadência da sociedade fosse o que todos estão buscando - muito bem colocado a partir da cena da boate de iluminação azul, onde o clima de degradação se espalha até a cena final.
É exatamente a mesma fórmula da primeira parte, "quase um remake", como andam falando, até meras cenas como a da brincadeira do Alan com um bebê (aqui um monge) foram repetidas, mas felizmente tiveram o mesmo êxito e comigo a piada ainda funcionou. Até arranjaram espaço pra ainda falar sobre as visões extremistas que os americanos pregam contra asiáticos, claro que de forma em sutil, sempre prevalencendo o humor, e a utilização de Bangcoc também merece destaque, afinal a cidade vira quase um dos personagens. Acho que o que pesou um pouco foram os 30 minutos finais, recheados de informações mal distribuídas, pessimamente conduzidos pelo Philips e inúmeros diálogos mecânicos do trio protagonista, que impedem qualquer um de se divertir.
Um filme que denuncia o filme, que particulariza o seu próprio esforço de ser. Retrato do vazio deixado pelo maio de 68 numa juventude que já não sabia mais por onde seguir, tal como o próprio filme que parece perambular, entre corpos e discursos vãos, sem nunca saber onde vai chegar. São mais de 3 horas de intensidade existencial, de palavras como se estivéssemos a ler um romance, de imagens que nos atingem de forma brutal. Alexandre parece rejeitar a vida todo o tempo, e conduz suas ações através das referências ao próprio cinema. Eustache preenche o filme, com grande ironia, de discursos que implicam de forma exagerada no declínio das utopias que sustentaram as manifestações em 68. A dificuldade das relações amorosas, as expectativas ou a falta delas, a propagada liberdade sexual tão cara àqueles tempos, a solidão e o gesto político que envolve os jogos de sedução, tudo é devassado por Eustache.
A encenação narrativa dos contos de Harry é um espaço para Woody Allen mostrar sua constante criatividade e genialidade. Além de ser uma interessante tentativa de compreender o personagem principal e, consequentemente, de Woody tentar se compreender, os contos guardam algumas das mais engraçadas anedotas da carreira do diretor. Legal também como a montagem leva a desconstrução do Harry ao pé da letra. Cortes em cima dos mesmos planos, cortes no meio de diálogos, no meio de movimentos de zoom, planos que duram apenas alguns frames. Dentre tantos contos tão bons do Harry, o que eu mais gostei foi o do ator que está fora de foco, hahaha. Demais.
Tem uma ou outra cena que agride os olhos mas nem é trash, é exploitation mesmo. E o Alexandre Aja nem tava preocupado em fazer um filme de verdade, tudo é uma justificativa banal pra aparecer, como diz no cartaz mesmo, "suór, sangue, sexo". Mas quem embarca nessa (falta de) proposta dele, vai se divertir bastante.
Haneke está mais preocupado em fazer cada espectador fazer sua própria teoria do que tentar explicar a gênese da violência como conhecemos. Seria fácil dizermos que Benny cometeu assassinato por gostar de filmes violentos como comumente a televisão de nossas Américas gosta tanto de fazer, entretanto, algo que Haneke bate forte sem julgar é a indiferença dos pais que se orgulham da liberdade dada aos filhos, ao se unir os dois motivos mais nítidos nasce o vídeo preferido de Benny que mostra a morte de um porco, filmado por ele mesmo numa das fazendas do pai, neste caso pode-se ter um entendimento da auto-crítica de Haneke perante os cineastas e a liberdade ditatorial de impôr seu ângulo de visão aos seus espectadores.
Haneke sabe como poucos que a violência exposta em ficção por vezes funciona como alerta, dependendo de como ela é explorada. E sua principal crítica à mídia de um modo geral é a violência real sendo tratada pejorativamente, principalmente em jornais.
É impressionante a capacidade que esse filme possui de permanecer atual e com seu caráter reflexivo intacto mesmo com o passar do tempo. Mas que diálogos mais forçaaaados...
O formato mocumentário é bastante incômodo, me soou como uma tentativa fácil de se distanciar dos demais filmes do gênero, sendo que pela qualidade da direção e do roteiro não precisava disso. Mas gostei de como ele é extremista quando diz respeito as sensações que causa em quem está assistindo e, claro, pela maneira que traz à tona diversas questões sociais (xenofobia, disputa territorial etc): de forma madura e sensata, mas bastante crítica. Um bom filme.
Com uma narrativa já típica de Jarmusch, o que possibilita de forma gradativa lançar um olhar sobre os personagens, bem como sobre o ambiente que lhes cerca, qual seja o Oeste selvagem americano, para indicar que instintos, como os da sobrevivência e da violência, são inerentes ao homem independentemente de sua localização espacial/temporal.
Partindo da ideia (inusitada e genial) de fazer um western existencialista e filosófico, o diretor conta com a sublime fotografia P&B de Robby Müller e o violão melancólico da trilha sonora de Neil Young para transformar isso tudo em realidade. Johnny Depp em mais uma de suas atuações antológicas.
Tourneur fez um trabalho fantástico, isso aqui é pura poesia pessimista. A iluminação, que desencadeia sombras que perambulam as misteriosas atmosferas noturnas, dispensa comentários. E o ponto alto com certeza está no roteiro, bastante objetivo, que aproveita muitíssimo bem os seus 68 minutos, mas ao mesmo tempo é extremamente sutil na construção do horror.
Muito bom o trailer. Já entrou pelo menos no top5 dos que eu mais tou aguardando esse ano. Michael Shannon, um dos gigantes da atualidade, tá repetindo a parceria com o Nichols, que já rendeu o ótimo Shotgun Stories. Jessica Chastain também promete.
Nosferatu
4.1 628 Assista AgoraNão acho que a teatralidade de Nosferatu seja algo ruim, pelo contrário, o como ele depende da forma física dos seus atores e de suas atitudes me agradou bastante. O sutil jogo de sombras quando Orlock se aproxima de Ellen é o melhor. Não só o medo de Ellen nos perturba mas também a inevitabilidade do encontro. Murnau conservou o clímax durante todos os seus 80 minutos e consegue a proeza de, 89 anos depois, ainda assustar o espectador.
Assassinos por Natureza
4.0 1,1K Assista AgoraAbsurdamente pretensioso, mas sem a mínima consistência pra carregar tal característica. Os exageros visuais até chegam a ser interessantes no início, mas é tudo usado tão gratuitamente, tantos cortes, tantos métodos de filmagem... O pior é que o filme tem até uma trama interessante, mas aparentemente o Oliver Stone só tava interessado em polêmica e acabou realizando um dos filmes mais confusos e sem foco que eu já vi. Se ao menos tivesse deixado de lado aquelas tediosas cenas no presídio e tivesse o apoio apenas nos crimes que Mickey e Mallory cometiam, poderia até ser divertido.
Potiche - Esposa Troféu
3.5 162O nome aqui no Brasil é "Potiche - Esposa Troféu" e (amém!) vai estreiar dia 24.
Vicky Cristina Barcelona
3.8 2,1KNo início, a narração era um pouco maçante e distanciava os personagens do espectador, mas o filme foi fluindo tão naturalmente que nem importou muito. É interessante as brincadeiras que o roteiro vai fazendo com todos e as visões deles sobre o amor, desde suas repulsas até o mais intenso de seus pensamentos e as inúmeras reviravoltas, muito bem amarradas, que fazem toda a diferença. Tudo isso pontuado por cenas dirigidas com brilhantismo, sempre utilizando o humor na medida certa (apesar da premissa indicar seriedade nos temas tratados).
Barton Fink, Delírios de Hollywood
4.0 174 Assista AgoraO mais detalhista dos Coen. Toda a preocupação da estética em deixar os cenários (o hotel Earle, em especial aquele corredor) e até mesmo os personagens secundários em sincronia com o Fink é digna de aplausos. E, claro além das inúmeras homenagens a outros grandes diretores/filmes (a semelhança entre o Barton Fink e o "personagem" Woody Allen é a que me chamou mais atenção e a relação do roteiro com Cidadão Kane é bastante pertinente).
X-Men: Primeira Classe
3.9 3,4K Assista AgoraO prólogo que mostra o Erik, a Raven e o Charles crianças é um tanto desnecessário. Achei muito mal feito, em qualquer aspecto, a cena em que o Erik começa a esbanjar fúria por terem matado a sua mãe. Sério, nunca uma atuação ruim de um criança (e tão rápida) foi tão incômoda. O que eu não gostei também foi da batalha final: homens de Shaw, contra homens de Charles/Erik e ambos contra os soldados americanos. o Vaughn soube tão bem durante todo o filme equilibrar o uso dos efeitos especiais com o enredo, mas nesse final ele perdeu a mão, além de alguns (como as asas da Angel) serem péssimos. Logo em seguida tem aquela sequência memorável onde os capitães se despedem da sua tripulação, vendo os mísseis em sua direção. Demais mesmo, uma das melhores partes do filme. Mas por mim, teria acabado aí, ou até o Charles levar o tiro. Tudo o que veio depois disso tornou o ritmo tedioso, não que cenas como o Erik (já de Magneto) indo buscar a Emma sejam ruins, mas já deveriam estar numa continuação (vai ter?).
Ainda bem que souberam aproveitar bem todo o elenco, ao contrário dos outros filmes, que davam prioridade a personagens desinteressantes e deixavam outros quase como figurantes. E claro, a grande beneficiada com isso foi a Mística, uma das melhores mutantes, tão mal aproveitada nos filmes do Synger. Jennifer Lawrence conseguiu mutíssimo bem passar pelo tom dramático-adolescente da personagem e suas inúmeras dúvidas e aceitações ao mesmo tempo em que segurava o lado fatal. A Emma Frost também, ainda que tenha uma construção superficial, é essencial em boa parte da trama. Quem me surpreendeu muito foi o James McAvoy, que conseguiu tornar as "bondades excessivas" do Xavier algo crível, diferente do bobinho do Patrick Stewart. O Michael Fassbender deve sair como o grande destaque do elenco, construindo um Erik repleto de fúria e vingança, mas também colocando o lado humano de suas atitudes. Matthew Vaughn novamente mostra-se um grande diretor, habilidoso em conduzir sequências de ação, mas competente também em momentos mais densos e relacionados aos dramas dos mutantes. Ele também acerta junto aos roteiristas na reconstituição do período sessentista, não apenas na estética perfeita; que apesar do enredo futurístico, consegue se manter fiel ao seu tempo; como também em termos de importância histórica, navegando consideravelmente no lado sócio-político da década de 60 e realizando uma realidade paralela do ponto alto da Guerra Fria, a crise dos mísseis de Cuba, de forma coesa. Enfim, acho que é o melhor filme já feito sobre o X-Men. Não que os dois primeiros sejam ruins, pelo contrário, mas os inúmeros erros que eles tinham, o Vaughn buscou concertar (e conseguiu) e fazer algo finalmente a altura do que essa franquia merece.
P.S.: O cameo da Rebecca Romijn e o do Hugh Jackman são sensacionais, hahaha.
Passe Livre
2.8 657 Assista AgoraMelhor filme dos Farrelly em anos. Tem todo aquele lado otimista - que mais aparenta qualquer comédia romântica - que eles vem pregando nos últimos filmes, mas aqui foi feita de maneira tão aberta e rápida que eu nem sei se é algo ruim. O humor também é bastante cínico e sutil, embora tenha algumas sequências como a do negão/irlândes (demais hahaha) que mostra bem que os irmãos ainda tem veia pra comédia fácil. De fato, o quarteto de coadjuvantes - os amigos que foram só conferir o que os dois parceiros de passe livre iam fazer - poderiam ter sido bem aproveitados, até porque todos tinham um grande potencial de personagem, mas Owen Wilson e Jason Sudeikis já formaram uma dupla e tanto.
Os Intocáveis
4.2 841 Assista Agorade Palma abusa de seu trabalho com as câmeras, conseguindo enquadramentos e ângulos relativamente novos, como na sequência inicial, com uma tomada panorâmica da sala onde está Al Capone se barbeando, e a câmera vai se aproximando lentamento até focar no rosto de De Niro, ou mesmo, na clássica cena da escadaria da estação, a releitura excepcional de Encouraçado Potemkin, tudo num slow-motion. A reconstituição do período e a trilha do Morricone também são pontos que se destacam (dentre tantos), a trilha em especial que as vezes até conduz o nível de densidade das cenas. Todos os atores estão demais, mas o que é o Sean Connery? puta que pariu.
Zumbilândia
3.7 2,5K Assista AgoraGostei das "regras", muito bem boladas, e até o prólogo com o Jesse Eisenberg explicando como tudo aconteceu e aparecendo algumas mortes divertídissimas é bem legal, mas de resto, o filme é fraco. Não se sustenta nem como comédia, nem com os ataques/mortes dos zumbis. Acho que o diretor forçou muito para fazer algo mais criativo (e ele até chegou a ser vendido com esse propósito), mas no fim, não conseguiu fazer nada nem na média dos filmes do gênero.
Um Sonho Sem Limites
3.5 186 Assista AgoraO filme tem um formato bastante peculiar: dá a sensação de estar assistindo a uma reportagem, um documentário, pela forma como sao mostrados os "depoimentos" dos personagens e pelo desenrolar da narrativa. Às vezes risível por atitudes bobas dos personagens estereotipados (propositalmente, os adolescentes bobos, a suburbana e seus sonhos típicos), mas logo Gus van Sant busca mostrar a seriedade dos assuntos retratados. É incrível como esse tipo de crítica nunca morre, ainda mais aqui, muita bem construída.
Entre Lençóis
2.3 443 Assista AgoraTerrível em todos os sentidos. Nem vou dar nota pq até meia estrela, seria um insulto a Mulher-Gato e Demolidor.
O Rei de Nova York
3.7 87Primeiro filme que eu vejo do Ferrara e tou impressionado. As sequências de violência/mortes principalmente, todas parecem estar lá como elo para uma mudança do foco repentino, mas com todo um brilhantismo por trás da construção. E o poder que ele tem sobre a estética que também destrói todos os pensamentos anteriores do espectador. Ai, ai... Acho que dos filmes onde mostra o crime em uma espécie de "glamourização", esse foi o melhor ou pelo menos o que se fez mais necessário. Ferrara expõe todo o poder do Frank White (Christopher Walken dispensa comentários) como algo predestinado, como se a decadência da sociedade fosse o que todos estão buscando - muito bem colocado a partir da cena da boate de iluminação azul, onde o clima de degradação se espalha até a cena final.
Se Beber, Não Case! Parte II
3.5 2,4K Assista AgoraÉ exatamente a mesma fórmula da primeira parte, "quase um remake", como andam falando, até meras cenas como a da brincadeira do Alan com um bebê (aqui um monge) foram repetidas, mas felizmente tiveram o mesmo êxito e comigo a piada ainda funcionou. Até arranjaram espaço pra ainda falar sobre as visões extremistas que os americanos pregam contra asiáticos, claro que de forma em sutil, sempre prevalencendo o humor, e a utilização de Bangcoc também merece destaque, afinal a cidade vira quase um dos personagens. Acho que o que pesou um pouco foram os 30 minutos finais, recheados de informações mal distribuídas, pessimamente conduzidos pelo Philips e inúmeros diálogos mecânicos do trio protagonista, que impedem qualquer um de se divertir.
A Mãe e a Puta
4.3 96Um filme que denuncia o filme, que particulariza o seu próprio esforço de ser. Retrato do vazio deixado pelo maio de 68 numa juventude que já não sabia mais por onde seguir, tal como o próprio filme que parece perambular, entre corpos e discursos vãos, sem nunca saber onde vai chegar. São mais de 3 horas de intensidade existencial, de palavras como se estivéssemos a ler um romance, de imagens que nos atingem de forma brutal. Alexandre parece rejeitar a vida todo o tempo, e conduz suas ações através das referências ao próprio cinema. Eustache preenche o filme, com grande ironia, de discursos que implicam de forma exagerada no declínio das utopias que sustentaram as manifestações em 68. A dificuldade das relações amorosas, as expectativas ou a falta delas, a propagada liberdade sexual tão cara àqueles tempos, a solidão e o gesto político que envolve os jogos de sedução, tudo é devassado por Eustache.
Desconstruindo Harry
4.0 335 Assista AgoraA encenação narrativa dos contos de Harry é um espaço para Woody Allen mostrar sua constante criatividade e genialidade. Além de ser uma interessante tentativa de compreender o personagem principal e, consequentemente, de Woody tentar se compreender, os contos guardam algumas das mais engraçadas anedotas da carreira do diretor. Legal também como a montagem leva a desconstrução do Harry ao pé da letra. Cortes em cima dos mesmos planos, cortes no meio de diálogos, no meio de movimentos de zoom, planos que duram apenas alguns frames. Dentre tantos contos tão bons do Harry, o que eu mais gostei foi o do ator que está fora de foco, hahaha. Demais.
Sinatra
58Leonardo Dicaprio já foi Frank Abagnale Jr. e Howard Hughes e agora também será J. Edgar e Frank Sinatra. Uau.
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
4.2 3,1K Assista AgoraTrailer bem bacana. Me lembra o Fincher mais do 'início da carreira'.
Piranha 3D
2.1 1,3K Assista AgoraTem uma ou outra cena que agride os olhos mas nem é trash, é exploitation mesmo. E o Alexandre Aja nem tava preocupado em fazer um filme de verdade, tudo é uma justificativa banal pra aparecer, como diz no cartaz mesmo, "suór, sangue, sexo". Mas quem embarca nessa (falta de) proposta dele, vai se divertir bastante.
O Vídeo de Benny
3.6 232 Assista AgoraHaneke está mais preocupado em fazer cada espectador fazer sua própria teoria do que tentar explicar a gênese da violência como conhecemos. Seria fácil dizermos que Benny cometeu assassinato por gostar de filmes violentos como comumente a televisão de nossas Américas gosta tanto de fazer, entretanto, algo que Haneke bate forte sem julgar é a indiferença dos pais que se orgulham da liberdade dada aos filhos, ao se unir os dois motivos mais nítidos nasce o vídeo preferido de Benny que mostra a morte de um porco, filmado por ele mesmo numa das fazendas do pai, neste caso pode-se ter um entendimento da auto-crítica de Haneke perante os cineastas e a liberdade ditatorial de impôr seu ângulo de visão aos seus espectadores.
Haneke sabe como poucos que a violência exposta em ficção por vezes funciona como alerta, dependendo de como ela é explorada. E sua principal crítica à mídia de um modo geral é a violência real sendo tratada pejorativamente, principalmente em jornais.
Terra em Transe
4.1 286 Assista AgoraÉ impressionante a capacidade que esse filme possui de permanecer atual e com seu caráter reflexivo intacto mesmo com o passar do tempo. Mas que diálogos mais forçaaaados...
Distrito 9
3.7 2,0K Assista AgoraO formato mocumentário é bastante incômodo, me soou como uma tentativa fácil de se distanciar dos demais filmes do gênero, sendo que pela qualidade da direção e do roteiro não precisava disso. Mas gostei de como ele é extremista quando diz respeito as sensações que causa em quem está assistindo e, claro, pela maneira que traz à tona diversas questões sociais (xenofobia, disputa territorial etc): de forma madura e sensata, mas bastante crítica. Um bom filme.
Homem Morto
3.8 203 Assista AgoraCom uma narrativa já típica de Jarmusch, o que possibilita de forma gradativa lançar um olhar sobre os personagens, bem como sobre o ambiente que lhes cerca, qual seja o Oeste selvagem americano, para indicar que instintos, como os da sobrevivência e da violência, são inerentes ao homem independentemente de sua localização espacial/temporal.
Partindo da ideia (inusitada e genial) de fazer um western existencialista e filosófico, o diretor conta com a sublime fotografia P&B de Robby Müller e o violão melancólico da trilha sonora de Neil Young para transformar isso tudo em realidade. Johnny Depp em mais uma de suas atuações antológicas.
A Morta-Viva
3.8 64Tourneur fez um trabalho fantástico, isso aqui é pura poesia pessimista. A iluminação, que desencadeia sombras que perambulam as misteriosas atmosferas noturnas, dispensa comentários. E o ponto alto com certeza está no roteiro, bastante objetivo, que aproveita muitíssimo bem os seus 68 minutos, mas ao mesmo tempo é extremamente sutil na construção do horror.
O Abrigo
3.6 720 Assista AgoraMuito bom o trailer. Já entrou pelo menos no top5 dos que eu mais tou aguardando esse ano. Michael Shannon, um dos gigantes da atualidade, tá repetindo a parceria com o Nichols, que já rendeu o ótimo Shotgun Stories. Jessica Chastain também promete.