Uma excelente série. Completa e fiel aos acontecimentos. Li algumas críticas por parte dos russos, inclusive a matéria de um jornal russo que publica em inglês, onde um jornalista zombava da série: tudo seria um absurdo bem exagerado. A cena da vodka com os mineiros, por ex., ele diz que nunca aconteceu. No entanto, quem lê e pesquisa sobre Chernobyl sabe, sim, que é verdade: os mineiros bebiam vodka não apenas porque acreditavam, erroneamente, que o álcool seria capaz de "limpar" a radiação, mas também para dar conta do trabalho, psicologicamente. No mini-documentário que a Globo gravou em 2016, um guarda bielo russo afirma que é "lenda" que os animais que nasceram no local após o acidente nasciam deformados. Mas a verdade é que nasciam, sim: muitos nasciam sem os olhos e com outras deformidades. Como é que podemos acreditar em qualquer informação ou crítica apresentada pela Rússia, que escondeu o acidente não apenas da comunidade internacional mas até mesmo do seu próprio povo, por dias? Que até hoje contabiliza como "vítimas fatais do acidente" apenas 31 pessoas, quando são quase 90.000 (segundo o Green Peace)? Para os leitores, indico 2 livros que li e amei: Chernoby: the History of a Nuclear Catastrophe (Serhii Plokhy) e Vozes de Chernobyl (Svetlana Alexievich).
Eu gosto da sinopse: "uma mulher mora sozinha com a filha de oito anos. [...] mãe decide deixar a filha sozinha, entregue à própria sorte". O que é mãe? Quem é mãe? E quem é, de fato, a filha? E a sorte, o que é? A falta de si mesma? - uma filha, que é mãe de si e da própria mãe, cuida de ambas. A mãe, que é filha, e a filha, que é mãe, andam pelo mundo... a buscar pelo encontro.
Não dá para assistir o filme sem criticismo: é assim que muitas prostitutas, hoje adultas, chegaram nesta opressão que muitos insistem em chamar de profissão. Quando a gente estuda o assunto a fundo, faz pesquisa de campo e analisa o background das mulheres que são vendidas (pobreza, analfabetismo, abuso sexual, físico e psicológico, desemprego, etc) vemos que a grande maioria NÃO chegou nem permanece ali por "escolha". Notem como a mulher que as recebe e as revende, vivida por Vera Holtz, as "quebra" psicologicamente ("the breaking of the girls"), assim como faz o outro cafetão, vivido por Antonio Calloni: as meninas são "tratadas", tomam banho, são chamadas de "meu amor" ou "meu anjo", ganham roupas novas e "até" um quarto só para elas (e para os homens que as explorarão) - isso tudo é estratégia, faz parte da lavagem cerebral e culpabilização dessas vítimas, que começam a ver no "malfeitor" um "benfeitor" ("poxa, até perfume ele me deu"). Essas meninas, forçadas a se prostituírem desde crianças, NÃO conhecem outra realidade, por isso muitas acabam se "adaptando", ficando nessa vida... sem falar que, como vimos, tentar mudar é sair de uma situação de violência para cair em outra, toda "ajuda" vem, na verdade, para explorar. Daí, passam-se anos e essas crianças, agora adultas com seus 20, 25, 30 anos, estão nessa vida - e, muitos acreditam, por "escolha". Deve haver, mesmo, quem esteja por "escolha". Mas é a minoria. Em 95% das vezes, são mulheres, e não homens, que "escolhem" essa vida de exploração, dor e abuso que é a "profissão" da prostituição. Por que será, né? Se é apenas uma "profissão" como qualquer outra, por que os homens não fazem essa escolha? Afinal, não é tudo uma questão de escolha? É difícil conquistar uma sociedade igualitária, livre de machismo se o Estado, legalizando esse abuso, dá aos homens o direito de "comprar" uma mulher. Olhem a Suécia e o modelo nórdico, um exemplo a ser seguido (felizmente, alguns países também adotaram-no, mas, infelizmente, não é o caso do Brasil - que não criminaliza, mas agora quer legalizar esse abuso que os homens fazem com as mulheres).
O filme traz assuntos diversos e interessantes: o leste europeu, a imigração, a situação complicada na Chechênia, a prostituição ("livre escolha"?), Europa ocidental X Europa oriental, poder econômico, infância "perdida", uma quase "mini máfia". Infelizmente, esses assuntos poderiam ter sido mais bem tratados, aprofundados. Mas, só de já jogar a isca, deixando o espectador curioso em chegar em casa e pesquisar, se interessar, aprender... já valeu. É bom, mas tinha tudo para ser melhor.
Tantas cores e um colorido para a mesmice de uma cor só, a se repetir em dias iguais. Os tons das cores, ainda por cima, são tons pastel: a doçura a contracenar com a dureza do lado de fora. Eu ficava vendo a hora da Halley surtar, e um grande surto não veio, mas identifiquei os pequenos surtos: weeds, para acalmar a ansiedade vivida; o desespero ao se anunciar em um site de programas; existir num quarto quando não se pode viver em uma casa; uma filha para criar quando ela mesmo quase não se criou ainda... E, tudo isso, às muitas risadas, porque o tema é difícil e triste, mas o humor é sensacional. E a Disney, "só no final"...
A descrição do filme nos apresenta um mar de possibilidades, mas não nos entrega quase nenhuma. Um tema tão interessante, que prometia... mas foi pouco explorado, nada aprofundado e o filme ficou bem fraquinho.
A cena final é lindíssima e cheia de significados. Os dois irmãos, despidos, como que despidos de si mesmos, de quem eram, de suas brigas e implicâncias um com o outro; juntos, finalmente; em uma "casa" compartilhada, um iglu, após tantos anos vivendo separados (literal e metaforicamente), cada um em sua casa. É como se todas as defesas que tinham tivessem caído. O "final" não interessa depois de uma sensibilidade dessas ... fica aí para o espectador "adivinhar".
História interessante representada em um filme incrível. Ótimos atores (Sverrir Gudnason, que faz Björn, além de excelente, tem uma beleza que não nos permite piscar, rs), fotografia, cenário, cores lindas. E a partida de tênis nos deixa imóveis, como se estivéssemos ali!
Excelente. Trilha sonora linda. Só poderia ter abordado mais o que se passava com o Paul - fiquei pensando que ele talvez tivesse sido bipolar, mas um "diagnóstico", se é que ele recebeu um na vida, nunca é revelado, e o público fica apenas juntando pecinhas e se atentando aos detalhes...
Envolvendo Detroit, não poderia ser diferente: um grande filme/documentário. Só senti falta de mais detalhes e contextualização sobre a cidade, cuja história é tão rica. Falar mais sobre como começou tudo, do "glamour" à "decadência" da cidade, a problemática entre brancos e negros que sempre existiu ali (havia, por ex., um grupo Ku Klux Klan "ao contrário", em que negros Detroiters se uniram para combater o Ku Klux Klan dos brancos). Uma cidade que, apesar dos problemas, nunca parou de se reinventar. Pelas 2h e alguns minutos de filme, caberia mais detalhes nesse sentido. <3
É agonizante ver aqueles trabalhadores a não sei quantos meros de altura, trabalhando sem proteção alguma. É agonizante vê-los também no chão, onde dormem. Não estão seguros nem lá em cima nem cá embaixo. Suas casas são bombardeadas. Um ciclo que nunca termina nem começa, apenas segue: construir prédio atrás de prédio após bombardeios, após guerras. Estão no Líbano levantando novos prédios que tomam o lugar dos prédios que há pouco foram derrubados pela guerra. Na Síria, país de origem, os prédios são bombardeados e caem, para depois serem reconstruídos num ciclo que não começa e não termina: segue. O cheiro e o gosto de cimento são passados de geração em geração, de mão em mão: foram seus pais, agora são eles que trabalham na reconstrução de prédios de cidades que foram bombardeadas. E, muito provavelmente, serão seus filhos, se sobreviverem. Mas, ainda que sobrevivam, não escapam à guerra: ficam a reconstruir o que ela quase levou. Um filme triste, ora silencioso e ora de um barulho estridente - os sons das bombas são tão reais que tiram o espectador da cadeira, chega a assustar e doer. A cena do gato após o bombardeio cortou o coração. A metáfora dos prédios, o achar que estão em cima deles de dia (construindo-os) e abaixo deles à noite (dormindo, presos com o toque de recolher por serem sírios), e a constatação de que são os prédios, sempre eles, que estão acima de todos nós e, quando caem, levam-nos consigo, para depois levar-nos a reconstruí-los. Um ciclo que não começa nem termina: segue.
Muitos comentários têm apontado que "o dia mais feliz da vida de Olli Maki" não foi o dia que ganhou/perdeu a luta, mas o dia em que achou o seu "grande amor". Eu discordo dessa visão, porque antes do "grande dia" da luta Olli já havia encontrado o seu amor: é naquela cena, em que ela chega na sala e ele, depois, diz que se deu conta de que estava apaixonado. Acho que é o "grande dia" porque, ao perder a luta, Olli se achou. Ele pode ir viver sua vida, voltar a ser padeiro, casar-se e ficar ao lado da mulher que ama, fazendo as coisas que ele, de fato, julgava valiosas. Nota-se o desconforto dele durante todo o filme. Ele vai à luta mais por pressões externas do que por um desejo do seu coração. É seu treinador que o incentiva e, mais do que tudo, o pressiona. Ele faz tudo o que mandam e que é esperado dele. Não pode desistir, não pode desapontar o povo finlandês, então fica lá, treinando, tentando emagrecer, embora ele mostre claramente o quanto ele mesmo está satisfeito com seu próprio peso. Enfim, perder a luta para Olli, no meu ponto de vista, foi ganhar a sua vida - ou reconquistá-la. Um filme de uma delicadeza linda, singelo, sutil, poético. Lindíssimo, do começo ao fim, no óbvio e no sutil, que passa despercebido...
Se autopromoveu e fez história como antissemita. Agora, na condição de judeu, se autopromove e faz história novamente. Vendendo o seu peixe, ora para o eleitorado neonazista, ora para o eleitorado judeu. Por isso, muitos desconfiam de sua "conversão" (ou aceitação de sua condição, já que no judaísmo não falamos de "conversão"). De qualquer forma, é interessante para entender um pouco a política húngara, cujo antissemitismo e xenofobia vieram à tona há pouco (com as migrações daqueles que fugiam do estado islâmico), mas que sempre foi presente na história do país. A Hungria foi o país com mais judeus mortos na II Guerra Mundial e a toda esquina encontrei neonazistas e campanhas racistas e xenófobas quando morei lá. Vale a pena ver por essa lição de história, apenas.
O filme está em cartaz em algumas cidades brasileiras, e algumas sessões contam com a participaçâo do ator principal, Damien Bonnard, que participa de um debate. Pude participar de uma dessas sessões, e as questões levantadas foram fascinantes. O filme é parado e sem muitas falas, como se você tivesse que ir assimilando tudo aos poucos. Há um vai e volta entre campo e cidade. Damien faz um movimento para revelar qualquer coisa que seja, mas volta atrás. E o espectador fica ali pensando: o que é tudo isso? O que irá acontecer? Mas, sutilmente, tudo já está acontecendo. Interpreto algumas cenas com uma mistura de sonho e realidade, e a linha entre os dois é tênue - cabe a cada espectador definir quando é um ou outro. Há muitas questões para discutir, como machismo, sexualidade, sociedade, feminismo. As cenas mais impactantes, e também belíssimas, foram as que
vimos Léo sendo atacado por andarilhos a ponto de ficar despido. Léo está deitado no chão, nu, vulnerável e na horizontal. Perdeu tudo. Depois, na última cena, cercado por lobos, Léo diz ao sogro que já descobriu como agir: deve-se ficar na vertical. Entendo essas cenas e falas como uma metáfora para ficar-se de pé (na vertical) diante dos problemas da vida, da sociedade que julga, do governo que nos rouba - não curvar-se, não cair, não render-se.
Até a "garota desconhecida" aparecer, Jenny Davin era uma médica apagada, que fazia o seu trabalho diário como obrigação, sem entusiasmo, não transparecia alegria - embora fosse dedicada. O quase-encontro com a garota foi um encontro de Jenny consigo mesma: a partir daquele momento, reparei que a médica passou a ter mais "vontade" de viver, demonstrando mais gentileza, vontade de conhecer o próximo (seus pacientes), paciência e dedicação. Continuava sendo uma boa médica, mas com um toque a mais de humanidade, saindo de si para ver como é o outro: fez curativo no pé e calçou a meia no senhor, ligou para o responsável pelo gás / aquecimento a fim de ajudar seu paciente, segurou a bolsa p/ a senhora. A busca pela identidade da garota deu a Jenny um motivo, e toda a sua energia na busca "respingou" em seu trabalho como médica também.
A fotografia é bela, o tema é muito bom, mas podia ter sido explorado mais. Achei que ficou no superficial, apenas. Ainda assim, vale a pena e é lindo.
Só curti porque morei c/ famílias desse "background" quando morei no Wyoming, o que tocou meu coração e me levou p/ casa. Mas é muito "fantástico" para o meu gosto, embora bonitinho.
Bem chatinho - talvez, porque eu tenha ido esperando ansiosamente por ver mais do relacionamento de Perkins com Fitzgerald e Hemingway (<3 <3 <3), o que quase não é retratado no filme. Focaram mais em Perkins e Wolfe - decepcionei-me :(
Três Verões
3.2 77Regina Casé sempre impecável, carregando o filme todo nas costas.
Chernobyl
4.7 1,4K Assista AgoraUma excelente série. Completa e fiel aos acontecimentos. Li algumas críticas por parte dos russos, inclusive a matéria de um jornal russo que publica em inglês, onde um jornalista zombava da série: tudo seria um absurdo bem exagerado. A cena da vodka com os mineiros, por ex., ele diz que nunca aconteceu. No entanto, quem lê e pesquisa sobre Chernobyl sabe, sim, que é verdade: os mineiros bebiam vodka não apenas porque acreditavam, erroneamente, que o álcool seria capaz de "limpar" a radiação, mas também para dar conta do trabalho, psicologicamente. No mini-documentário que a Globo gravou em 2016, um guarda bielo russo afirma que é "lenda" que os animais que nasceram no local após o acidente nasciam deformados. Mas a verdade é que nasciam, sim: muitos nasciam sem os olhos e com outras deformidades. Como é que podemos acreditar em qualquer informação ou crítica apresentada pela Rússia, que escondeu o acidente não apenas da comunidade internacional mas até mesmo do seu próprio povo, por dias? Que até hoje contabiliza como "vítimas fatais do acidente" apenas 31 pessoas, quando são quase 90.000 (segundo o Green Peace)? Para os leitores, indico 2 livros que li e amei: Chernoby: the History of a Nuclear Catastrophe (Serhii Plokhy) e Vozes de Chernobyl (Svetlana Alexievich).
Meu Anjo
3.5 39 Assista AgoraEu gosto da sinopse: "uma mulher mora sozinha com a filha de oito anos. [...] mãe decide deixar a filha sozinha, entregue à própria sorte". O que é mãe? Quem é mãe? E quem é, de fato, a filha? E a sorte, o que é? A falta de si mesma? - uma filha, que é mãe de si e da própria mãe, cuida de ambas. A mãe, que é filha, e a filha, que é mãe, andam pelo mundo... a buscar pelo encontro.
Anjos do Sol
4.0 409Não dá para assistir o filme sem criticismo: é assim que muitas prostitutas, hoje adultas, chegaram nesta opressão que muitos insistem em chamar de profissão. Quando a gente estuda o assunto a fundo, faz pesquisa de campo e analisa o background das mulheres que são vendidas (pobreza, analfabetismo, abuso sexual, físico e psicológico, desemprego, etc) vemos que a grande maioria NÃO chegou nem permanece ali por "escolha". Notem como a mulher que as recebe e as revende, vivida por Vera Holtz, as "quebra" psicologicamente ("the breaking of the girls"), assim como faz o outro cafetão, vivido por Antonio Calloni: as meninas são "tratadas", tomam banho, são chamadas de "meu amor" ou "meu anjo", ganham roupas novas e "até" um quarto só para elas (e para os homens que as explorarão) - isso tudo é estratégia, faz parte da lavagem cerebral e culpabilização dessas vítimas, que começam a ver no "malfeitor" um "benfeitor" ("poxa, até perfume ele me deu"). Essas meninas, forçadas a se prostituírem desde crianças, NÃO conhecem outra realidade, por isso muitas acabam se "adaptando", ficando nessa vida... sem falar que, como vimos, tentar mudar é sair de uma situação de violência para cair em outra, toda "ajuda" vem, na verdade, para explorar. Daí, passam-se anos e essas crianças, agora adultas com seus 20, 25, 30 anos, estão nessa vida - e, muitos acreditam, por "escolha". Deve haver, mesmo, quem esteja por "escolha". Mas é a minoria. Em 95% das vezes, são mulheres, e não homens, que "escolhem" essa vida de exploração, dor e abuso que é a "profissão" da prostituição. Por que será, né? Se é apenas uma "profissão" como qualquer outra, por que os homens não fazem essa escolha? Afinal, não é tudo uma questão de escolha? É difícil conquistar uma sociedade igualitária, livre de machismo se o Estado, legalizando esse abuso, dá aos homens o direito de "comprar" uma mulher. Olhem a Suécia e o modelo nórdico, um exemplo a ser seguido (felizmente, alguns países também adotaram-no, mas, infelizmente, não é o caso do Brasil - que não criminaliza, mas agora quer legalizar esse abuso que os homens fazem com as mulheres).
E Agora? Lembra-me
3.9 12 Assista AgoraEu tive que ficar fazendo anotações num papel às escuras no cinema, porque cada palavra dita era uma linha linda de pura poesia. Que sensibilidade!
Garotos do Leste
3.5 52 Assista AgoraO filme traz assuntos diversos e interessantes: o leste europeu, a imigração, a situação complicada na Chechênia, a prostituição ("livre escolha"?), Europa ocidental X Europa oriental, poder econômico, infância "perdida", uma quase "mini máfia". Infelizmente, esses assuntos poderiam ter sido mais bem tratados, aprofundados. Mas, só de já jogar a isca, deixando o espectador curioso em chegar em casa e pesquisar, se interessar, aprender... já valeu. É bom, mas tinha tudo para ser melhor.
Projeto Flórida
4.1 1,0KTantas cores e um colorido para a mesmice de uma cor só, a se repetir em dias iguais. Os tons das cores, ainda por cima, são tons pastel: a doçura a contracenar com a dureza do lado de fora. Eu ficava vendo a hora da Halley surtar, e um grande surto não veio, mas identifiquei os pequenos surtos: weeds, para acalmar a ansiedade vivida; o desespero ao se anunciar em um site de programas; existir num quarto quando não se pode viver em uma casa; uma filha para criar quando ela mesmo quase não se criou ainda... E, tudo isso, às muitas risadas, porque o tema é difícil e triste, mas o humor é sensacional. E a Disney, "só no final"...
Daphne
3.1 16 Assista AgoraA descrição do filme nos apresenta um mar de possibilidades, mas não nos entrega quase nenhuma. Um tema tão interessante, que prometia... mas foi pouco explorado, nada aprofundado e o filme ficou bem fraquinho.
Sovdagari - O Mercador
3.5 66Uma fotografia belíssima desse país escondidinho, casa de Stálin, esquecido e pouco lembrado.
A Ovelha Negra
3.8 89A cena final é lindíssima e cheia de significados. Os dois irmãos, despidos, como que despidos de si mesmos, de quem eram, de suas brigas e implicâncias um com o outro; juntos, finalmente; em uma "casa" compartilhada, um iglu, após tantos anos vivendo separados (literal e metaforicamente), cada um em sua casa. É como se todas as defesas que tinham tivessem caído. O "final" não interessa depois de uma sensibilidade dessas ... fica aí para o espectador "adivinhar".
Que Raio de Saúde
3.9 143Resumidamente, comamos só plantas (frutas, verduras e legumes) que nós mesmos plantamos. Better safe than sorry.
Borg vs McEnroe
3.7 47História interessante representada em um filme incrível. Ótimos atores (Sverrir Gudnason, que faz Björn, além de excelente, tem uma beleza que não nos permite piscar, rs), fotografia, cenário, cores lindas. E a partida de tênis nos deixa imóveis, como se estivéssemos ali!
Nosso Reino
4.0 19 Assista AgoraExcelente. Trilha sonora linda. Só poderia ter abordado mais o que se passava com o Paul - fiquei pensando que ele talvez tivesse sido bipolar, mas um "diagnóstico", se é que ele recebeu um na vida, nunca é revelado, e o público fica apenas juntando pecinhas e se atentando aos detalhes...
O Formidável
3.7 66 Assista AgoraQue fotografia, enquadramento e cores maravilhosos, dá vontade até de chorar!
Detroit em Rebelião
4.0 193 Assista AgoraEnvolvendo Detroit, não poderia ser diferente: um grande filme/documentário. Só senti falta de mais detalhes e contextualização sobre a cidade, cuja história é tão rica. Falar mais sobre como começou tudo, do "glamour" à "decadência" da cidade, a problemática entre brancos e negros que sempre existiu ali (havia, por ex., um grupo Ku Klux Klan "ao contrário", em que negros Detroiters se uniram para combater o Ku Klux Klan dos brancos). Uma cidade que, apesar dos problemas, nunca parou de se reinventar. Pelas 2h e alguns minutos de filme, caberia mais detalhes nesse sentido. <3
O Gosto do Cimento
4.6 1É agonizante ver aqueles trabalhadores a não sei quantos meros de altura, trabalhando sem proteção alguma. É agonizante vê-los também no chão, onde dormem. Não estão seguros nem lá em cima nem cá embaixo. Suas casas são bombardeadas. Um ciclo que nunca termina nem começa, apenas segue: construir prédio atrás de prédio após bombardeios, após guerras. Estão no Líbano levantando novos prédios que tomam o lugar dos prédios que há pouco foram derrubados pela guerra. Na Síria, país de origem, os prédios são bombardeados e caem, para depois serem reconstruídos num ciclo que não começa e não termina: segue. O cheiro e o gosto de cimento são passados de geração em geração, de mão em mão: foram seus pais, agora são eles que trabalham na reconstrução de prédios de cidades que foram bombardeadas. E, muito provavelmente, serão seus filhos, se sobreviverem. Mas, ainda que sobrevivam, não escapam à guerra: ficam a reconstruir o que ela quase levou. Um filme triste, ora silencioso e ora de um barulho estridente - os sons das bombas são tão reais que tiram o espectador da cadeira, chega a assustar e doer. A cena do gato após o bombardeio cortou o coração. A metáfora dos prédios, o achar que estão em cima deles de dia (construindo-os) e abaixo deles à noite (dormindo, presos com o toque de recolher por serem sírios), e a constatação de que são os prédios, sempre eles, que estão acima de todos nós e, quando caem, levam-nos consigo, para depois levar-nos a reconstruí-los. Um ciclo que não começa nem termina: segue.
O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki
3.6 22Muitos comentários têm apontado que "o dia mais feliz da vida de Olli Maki" não foi o dia que ganhou/perdeu a luta, mas o dia em que achou o seu "grande amor". Eu discordo dessa visão, porque antes do "grande dia" da luta Olli já havia encontrado o seu amor: é naquela cena, em que ela chega na sala e ele, depois, diz que se deu conta de que estava apaixonado. Acho que é o "grande dia" porque, ao perder a luta, Olli se achou. Ele pode ir viver sua vida, voltar a ser padeiro, casar-se e ficar ao lado da mulher que ama, fazendo as coisas que ele, de fato, julgava valiosas. Nota-se o desconforto dele durante todo o filme. Ele vai à luta mais por pressões externas do que por um desejo do seu coração. É seu treinador que o incentiva e, mais do que tudo, o pressiona. Ele faz tudo o que mandam e que é esperado dele. Não pode desistir, não pode desapontar o povo finlandês, então fica lá, treinando, tentando emagrecer, embora ele mostre claramente o quanto ele mesmo está satisfeito com seu próprio peso. Enfim, perder a luta para Olli, no meu ponto de vista, foi ganhar a sua vida - ou reconquistá-la. Um filme de uma delicadeza linda, singelo, sutil, poético. Lindíssimo, do começo ao fim, no óbvio e no sutil, que passa despercebido...
Keep Quiet
3.0 4Se autopromoveu e fez história como antissemita. Agora, na condição de judeu, se autopromove e faz história novamente. Vendendo o seu peixe, ora para o eleitorado neonazista, ora para o eleitorado judeu. Por isso, muitos desconfiam de sua "conversão" (ou aceitação de sua condição, já que no judaísmo não falamos de "conversão"). De qualquer forma, é interessante para entender um pouco a política húngara, cujo antissemitismo e xenofobia vieram à tona há pouco (com as migrações daqueles que fugiam do estado islâmico), mas que sempre foi presente na história do país. A Hungria foi o país com mais judeus mortos na II Guerra Mundial e a toda esquina encontrei neonazistas e campanhas racistas e xenófobas quando morei lá. Vale a pena ver por essa lição de história, apenas.
Na Vertical
3.2 55O filme está em cartaz em algumas cidades brasileiras, e algumas sessões contam com a participaçâo do ator principal, Damien Bonnard, que participa de um debate. Pude participar de uma dessas sessões, e as questões levantadas foram fascinantes. O filme é parado e sem muitas falas, como se você tivesse que ir assimilando tudo aos poucos. Há um vai e volta entre campo e cidade. Damien faz um movimento para revelar qualquer coisa que seja, mas volta atrás. E o espectador fica ali pensando: o que é tudo isso? O que irá acontecer? Mas, sutilmente, tudo já está acontecendo. Interpreto algumas cenas com uma mistura de sonho e realidade, e a linha entre os dois é tênue - cabe a cada espectador definir quando é um ou outro. Há muitas questões para discutir, como machismo, sexualidade, sociedade, feminismo. As cenas mais impactantes, e também belíssimas, foram as que
vimos Léo sendo atacado por andarilhos a ponto de ficar despido. Léo está deitado no chão, nu, vulnerável e na horizontal. Perdeu tudo. Depois, na última cena, cercado por lobos, Léo diz ao sogro que já descobriu como agir: deve-se ficar na vertical. Entendo essas cenas e falas como uma metáfora para ficar-se de pé (na vertical) diante dos problemas da vida, da sociedade que julga, do governo que nos rouba - não curvar-se, não cair, não render-se.
Holocausto Brasileiro
4.4 143"eu estou com saudade do meu pai até hoje" ... :(
A Garota Desconhecida
3.2 112 Assista AgoraAté a "garota desconhecida" aparecer, Jenny Davin era uma médica apagada, que fazia o seu trabalho diário como obrigação, sem entusiasmo, não transparecia alegria - embora fosse dedicada. O quase-encontro com a garota foi um encontro de Jenny consigo mesma: a partir daquele momento, reparei que a médica passou a ter mais "vontade" de viver, demonstrando mais gentileza, vontade de conhecer o próximo (seus pacientes), paciência e dedicação. Continuava sendo uma boa médica, mas com um toque a mais de humanidade, saindo de si para ver como é o outro: fez curativo no pé e calçou a meia no senhor, ligou para o responsável pelo gás / aquecimento a fim de ajudar seu paciente, segurou a bolsa p/ a senhora. A busca pela identidade da garota deu a Jenny um motivo, e toda a sua energia na busca "respingou" em seu trabalho como médica também.
Aliados
3.5 452 Assista AgoraA fotografia é bela, o tema é muito bom, mas podia ter sido explorado mais. Achei que ficou no superficial, apenas. Ainda assim, vale a pena e é lindo.
O Milagre de Cokeville
3.3 33Só curti porque morei c/ famílias desse "background" quando morei no Wyoming, o que tocou meu coração e me levou p/ casa. Mas é muito "fantástico" para o meu gosto, embora bonitinho.
O Mestre dos Gênios
3.5 95 Assista AgoraBem chatinho - talvez, porque eu tenha ido esperando ansiosamente por ver mais do relacionamento de Perkins com Fitzgerald e Hemingway (<3 <3 <3), o que quase não é retratado no filme. Focaram mais em Perkins e Wolfe - decepcionei-me :(