Reassisti hoje, não lembrava muita coisa. Sem dúvidas é um filme muito bom, muito do que deixou o Tarantino icônico já tava ali, os diálogos sobre coisas aleatórias (o da gorjeta e o da madona, muito bons), a sanguinolência toda (o cara com as roupa tudo encharcada de sangue em cima duma poça vermelha, é lindo), as montagens intercalando passado e presente (pra mim funciona muito bem, os personagens sendo apresentado conforme vão se tornando relevantes). Amo o Steve Buscemi aqui, é talvez o meu favorito, o blonde (Michael Madsen) psicopatão ficou muito marcante, a cena da tortura deve ser uma das mais icônicas. O white (Harvey Keitel) e o orange (Tim Roth) baleado no carro achei bom demais também, praticamente é esse momento de um cuidando e confortando o outro à beira da morte que torna a relação dos dois convincente, porque fora isso é bem vago e breve o contato dos dois que é mostrado. O conflito moral do personagem do Tim Roth aparece de maneira sutil, não é escrachado. Achei um final bem original, não é óbvio, gostei muito, somado com todo o resto, passa a pegada autoral que o Tarantino viria a consolidar.
Não consigo deixar de colocar em perspectiva com os outros filmes dele, acho que é um filme ainda um pouco menos polido, mais curto, acredito que com o orçamento menor, os personagens secundários não são tão icônicos, parece que fica faltando um pouco de tempo de tela no geral. Fiquei comparando muito com Pulp Fiction, acho que afinal ambos partilham de um sub-gênero tarantiano de filmes de crime, e dos dois filmes de bandidos de terno, o Pulp Fiction pra mim é mais impecável. Seria, alias, o Sr. Blonde, Vic Vega, parente do Vincent Vega? Além do sobrenome o temperamento dos dois é bem parecido.
Absurdo, insano, incrível, sem igual. O filme não interfere em quase nada, não bate o martelo sobre o que aconteceu ou o que não aconteceu ou como aconteceu, e isso nos deixa totalmente a mercê dos relatos dos sobreviventes. Podemos juntar tal e tal peça e concluir algo, mas no fim o que temos são as palavras deles. É uma loucura pensar que pedaços da história estão nesses discursos e que sem alguém insano como Okuzaki morreriam enterrados com essas pessoas. É uma reflexão incrível sobre o discurso, memória, esquecimento, justiça, sobre a guerra e sobre como lidar com a morte e com as atrocidades do passado. Bom, mas apenas citar todas essas temáticas que o filme aborda não diz quase nada, o filme é simplesmente uma experiência insana, sem igual.
Devo dizer que tive em minha vista um romance bastante encantador, fui acometido não apenas pela beleza de suas imagens mas por sua... ME AJUDA, NÃO CONSIGO PARAR DE FALAR ASSIM. Olhei dublado e tá foda não ficar falando que nem essa gente. Tava esperando algo mais meloso e chato, mas surpreendentemente gostei, amor, orgulho e preconceito nada, é um filmão versado na arte do flerte e da tensão sexual.
Gostei da cena da dança, em que o resto do salão some por uns momentos, nos passando a imersão que os dois estavam. E a do balanço, em que ela está girando e quando sua amiga lhe dá a noticia desgradável, o balanço gira deixando ela de costas, muito bom. E também o foco na mão dele quando ela sai correndo, a mesma mão lá da parte que ele ajuda ela a subir na carruagem. Acho que é um filme bem feito, bem pensado, muitos shots bonitos e interessantes.
Em vez de terminar na bonita cena deles no pôr do sol, o filme tem seu fim com eles conversando com o pai de Elizabeth e ele dando o consentimento, isso parece nos dizer que mesmo que no fim das contas os dois se amem, não podemos esquecer que o casamento também era um negocio, um jogo social.
Gente eu olhava esse filme quando era pequeno e ficava muito puto com as "mentiradas", sempre que algo era muito fora da realidade a gente usava a expressão "forçado", "que forçado". Todo filme de ação tinha coisas forçadas, mas esse se passava.
Mas nossa, reassistindo agora, depois de muito tempo, achei ele bem interessante! ( olha que nem gosto muito de filmes de ação). Talvez até quase satírico, "quase" porque não sei se era a intenção do filme fazer uma sátira. Mas parece que ele só extrapola, leva aos limites e incorpora na sua mitologia tudo que os filmes de ação já fazem.
Por exemplo os banhos restauradores, em qual filme de ação que a gente não vê o herói se quebrar todo pra nas próximas cenas aparecer lá inteirasso, sentando a porrada em todo mundo? Todo filme de ação tem isso, mas nesse a explicação pra recuperação rápida são os banhos restauradores. E não é verdade que em todo filme de ação os protagonistas não erram um santo tiro e parece que a cabeça dos vilões tem um imã? No procurado, porém, isso é explicado com o instinto, quando eles atiram com o instinto as balas até curvar se curvam. Até os slowmotions, também muito abusados nos filmes de ação, são incorporados à história, é uma habilidade especial do Wesley. Então no fim das contas o procurado só assume até as últimas consequências tudo que os filmes de ação já fazem, ele incorpora isso na história, dá razões para as coisas serem assim, exageradas. Eu achei isso muito divertido, consegui comprar a ideia.
Paaara além disso, eu achei a história até muito boa, com um fundinho filosófico e trágico-grego.
A parte filosófica é o dilema do protagonista, preso a um trabalho horrível ignorando seu real potencial, sua verdadeira vocação de matador. Bom na vida real não precisamos ter tendências assassinas pra nos identificarmos, quanta gente que não tá presa em um trabalho chato quando queria ter investido na carreira de fotografo, feito teatro, virado escritor, atleta. Mas mais que escolha de carreira é a questão "quem eu sou", é isso que ele descobre no decorrer do filme, essa era a questão que a Angelina Jolie e o loirinho tentavam fazer que ele percebesse, eles param de bater nele quando ele percebe isso, que não sabia quem ele era.
E é essa a cena final do filme, ele agora descobriu quem ele é, aquele cara no escritório é um sósia, alguém que por fora parece ele e que até confunde o Morgan Freeman, mas por dentro é outro, não é ele.
A parte trágico-grega são alguns pequenos elementos, as tragédias gregas tinham sempre esse norte, alguém destinado a alguma coisa e que era punido ao se desviar do seu destino (o édipo que tentou fugir de casa pra não matar o pai e casar com a mãe, mas que no fim cumpre a profecia), ou alguém que não reconhecia seus limites, que não aceitava sua humanidade, que tentava ser deus e era punido (icaro tentando voar mais alto do que deveria e derretendo suas asas). Conhece-te a ti mesmo (descobrir quem se é e aceitar seu destino) e reconhecer seus limites, aceitar ser humano e não deus, são princípios fundamentais na cultura grega.
E a história do filme é isso, o Wesley aceitando seu destino e algumas tragédias ocorrendo em sua vida, como ele matando o pai; e o Morgan Freeman tentando ser deus, ignorando os nomes que o destino dava e criando ele mesmo os alvos e no fim morrendo por isso.
E até que ele é bem bolado, tem umas rimas no roteiro, tipo ele apavorado dizendo "me desculpa" pra policia quando a Angelina faz o carro saltar por cima da barreira. E depois, mais pro fim, depois das mudanças que o personagem passou, de novo saltando sobre outro carro ele diz "me desculpa" , mas em outro tom, agora confiante, agora ele está saltando sobre seu alvo e não seu predador.
Enfim, achei divertido, é forçado sim, é exagerado, mas acho que a ideia é ser assim mesmo.
Apesar de já ter ouvido falar antes e saber que é um clássico, o empurrão e incentivo final que me fizeram ir atrás pra assistir foi a referência à "zona" feita no documentário Sem Sol (Sans Soleil). Vi no filme uma discussão sobre a fé e apesar de ser alguém nada religioso isso me tocou e me encantou muito.
A frustração do Stalker foi a falta de crença daqueles que ele guiou até o quarto, mas é um problema que ele lamenta não ser apenas daqueles dois, que, nas palavras dele, têm o órgão da fé atrofiado, o problema é com o mundo, ninguém mais acredita, eles são uma amostra de uma falta de fé geral. Há uma morte do místico, um mundo, como descrito pelo Artista, regido pelas leis do ferro fundido, onde a Zona e o quarto são um "algo a mais", pontos desviantes de mistério e incompreensão em meio a ferrugem da clareza e do realismo. Por isto não se anda de um ponto a outro em linha reta e não se volta pelo mesmo caminho, ali as regras usuais não fazem sentido, em meio a uma realidade seca onde tudo é explicado, onde as regras funcionam e não existem mais driades e deuses, a Zona é justamente o lugar não alcançado pelo pragmatismo, pela lógica, pela razão.
O filme trata de bem mais que fé, ele trata da desmistificação do mundo em geral. Não é atoa afinal, que os dois personagens que querem chegar até o quarto são um cientista e um artista. A ciência, por explicar, achar as causas, descobrir leis e regras da natureza, é responsável pela desmistificação do mundo. E a arte ainda é um tipo de misticismo, assim como a fé e a religião, também busca ver no mundo "algo a mais" para além da objetividade. O personagem do escritor, no caso, é um artista que já não consegue ver esse algo a mais, alguém que perdeu, em certo sentido, sua fé.
Eu gosto de pensar na Zona como algo próximo da arte e o Stalker como o artista, alguém que nos guia pelo mundo de sua obra ou pela beleza escondida na realidade e que ele atenciosamente nos mostra. Um artista também não anda em linha reta de um ponto ao outro, também transita entre dois mundos, um objetivo, do trabalho e da familia e um inexplicável e misterioso, da arte, ou a Zona.
Porém dizer que a Zona representa isso ou o Stalker representa aquilo, que se trata de religião ou de arte ou sei lá, já é um ato desmistificador, de tentar achar sentido e compreender, e é justamente disso que o filme fala. Posso me limitar a dizer que a Zona é simplesmente algo inexplicável, que podemos chamar de arte ou de espiritualidade, mas que é, principalmente, algo que foge a compreensão e ao pragmatismo, e a maneira como o filme passa esse mistério e misticidade, me fascinou muito.
O filme me fascinou tanto que apesar de ter 3 horas, em russo e em preto e branco, se eu começa assistir ele eu fico preso até o fim, e ao fazer isso catei muitos detalhes que me passaram despercebidos das primeira vezes, como a primeira cena em que ele levanta da cama e vemos ele sumindo do alcance da câmera para reaparecer na porta, ele não toma a linha reta até a porta, da mesma maneira que ele faz na zona. Ou a filha do Stalker movimentando os copos no fim, são três copos, ela move eles um de cada vez, exatamente como os três personagens se moviam na zona. A trindade alias me pareceu algo recorrente, o escritor fala em um momento de como o triangulo representa a frieza da matemática (frieza que o entediava) e ao mesmo tempo, como ele mesmo aponta, o triângulo que também é Deus (Jesus, Deus e Espirito), além disso, Stalker, Escritor e Cientista, Stalker, Esposa e Filha e, se não me engano, são três porcas que o cientista amarra com pano. Esses detalhes ressaltaram a profundidade do filme, cretamente eu poderia assistir milhares de vezes, achando mais detahes e interpretações.
Mas apesar de ter dito tudo isso não tenho bem como descrever a totalidade da beleza, do mistério e da sensação que esse filme passa. O filme todo é um território misterioso, um algo mais na nossa realidade.
Acho que o filme tinha bem mais potencial pra passar a mensagem que queria, porém fica preso a piadas estereotipadas e uma retratação exagerada e ofensiva das pessoas gordas. Faz parte da infância ou adolescência de todo mundo que assistia sessão da tarde e por isso a gente cria uma memória afetuosa do filme. Foi só reassistindo (por acaso) recentemente que notei esses problemas e ao mesmo tempo uma oportunidade tão legal de ter sido um filme a frente desperdiçada.
Devemos gostar dos outros pelo suas personalidades, não devemos julgar a aparência, parece ser a ideia e a moral do filme, porém durante todo o filme são feitas piadas sobre a aparência das pessoas. Aqui é a brecha perfeita pra alguém dizer "jesus como essa geração é chata e não entende o que são PIADAS", mas é serio, não é nem querer entrar na coisa toda colocar limites no que deve ser ou não motivo de piadas e toda a discussão que segue disso, é só que realmente são piadas muito rasas, onde a graça é sempre "haha essa pessoa é gorda", "haha olha só ele nem percebe que ta com uma gordona", etc. Além disso, fica uma coisa muito contraditória, parece que o filme quer ressaltar que a aparecia não importa, mas tira sarro o tempo todo disso, fica apelando e reforçando estereótipos, como o de que pessoas gordas comem demais. O quão irreal e ofensivo é a maneira que o filme retrata quem é gorda é algo que passa totalmente despercebido quando a gente assiste quando novos.
Outro ponto que deixa essa mensagem mal aproveitada e explorada é o fato de que apesar do filme tentar dizer que não devemos nos apaixonar com base nas aparências e sim na personalidade, sempre que o Jack Black lá fica encantado com a Rosemary é por causa da APARENCIA dela!! Jesus cristo, em vez de o fato de ele achar ela bonita dar a oportunidade de ele conhecer alguém muito legal, oportunidade que antes seria perdida porque ele nem conversaria com ela por achar ela gorda, não, parece que o feitiço só deu a oportunidade de ele achar pessoas feias gostosas. Ok, tem a coisa de que ela ajuda crianças no hospital e tal, mas ainda podiam ter explorado bem mais a química dos dois, gostos em comuns, gostar de conversar com a pessoa, objetivos em comum, sei la, ainda fica parecendo que ele só gosta dela porque ela é gata, e por acaso, por sorte, ela também é altruísta.
No fim das contas a mensagem que tenta passar é muito interessante e a ideia da hipnose é diferente, criativa, didática e chama a atenção, mass me chateia que esse potencial tenha sido desperdiçado.
Acho que a repetição é um tema constante nos filmes do Jim Jarmusch, Paterson (rotina), Os limites do controle, Amantes eternos e aqui.
"Digo que ganham duas em cada cinco mãos... e sempre são as mesmas mãos."/ "I'm saying that you're winning two out of every five hands, and they're always the same two hands!"
"Os de lá são bons?Como os daqui? São os mesmos Chesterfields. Em todos os EUA."/ "They taste good there, like here?" "It's the same Chesterfields. All over america"
"Sabe, é engraçado. Você vai pra um lugar novo e tudo parece igual"/ "You know, it's funny. You come to someplace new,and everything looks just the same".
E só agora escrevendo esse comentário reparei na pequena piada com o nome Eva. Ela vem e "estraga" o paraíso do primo dela. Ainda que no fim ela sempre acabe salvando em vez de amaldiçoando ele, quando ela sai do apartamento dá pra ver como ele sente falta da companhia dela, indo atrás mais tarde. Quando eles vão pra Florida com ela acabam sem dinheiro, mas no fim ela salva eles de novo com a grana do "Rammel", seja lá quem diabos seja Rammel (achei essa cena muito engraçada). Mas não consegui ligar exatamente a relação da história do filme com a bíblica, talvez a procura dos personagens por um lugar perfeito, harmônico, como um paraíso perdido, mas irrecuperável, talvez algo assim, não sei.
Esse filme me remeteu a algo sobre a busca da felicidade. Os dois personagens (desculpe a ignorância mas eu não decorei os nomes em japonês, então vou falar sobre o rapaz e a garota), o rapaz e a garota, ao menos no inicio do filme, ilustram duas perspectivas sobre a felicidade: a do que busca e a do que sem buscar alcança. Enquanto vemos durante boa parte do filme o rapaz buscar a felicidade, sem nunca alcançar, do outro lado vemos a garota achar sem procurar. Sobre a eterna busca que ele faz por sua amada, na cena em que seus diversos "eus" debatem sobre sua jornada, é descrita como um plano de remover obstáculos. Ele estava sempre a remover obstáculos para chegar a algo; enquanto ela não removia obstáculos, sempre estava em contato direto com este algo. Ele se concentrava em tirar algo do caminho para chegar em algum lugar, sem nunca chegar. Ela não tirava algo do caminho, ela estava sempre nesse lugar. Ele buscava, ela alcançava; um no pré-climax, a outra no constante climax; um a espera, a outra aquilo pelo qual não se espera, já se tem. Tudo isso dá razão ao velho dito que ressoa por toda a história da filosofia, de que para alcançar a felicidade basta não buscá-la.
A busca do rapaz era tanta que no fim das contas mais que aproximar o afastava do que ele procurava, toda a obsessão dele parece que afastava a moça, isso é um pouco representado com ela ao fim lutando contra o vento para chegar até ele. Talvez nós procuremos tanto pois o que nos encanta não é achar, mas procurar, e gostamos tanto de procurar que o mero vislumbre de encontrar aquilo que buscávamos nos assusta, de modo que em vez de nos aproximarmos em nossa procura, nos afastamos.
A garota nos lembra a vontade de viver, a vida de imediato florescendo em nossas mãos. Em seu duelo de beber com o senhor ele vê na bebida o vazio e ela vê o preenchimento. No resfriado que se espalha ao fim parece ser o embate entre duas coisas muito mais essenciais que aqueles dois personagens, do senhor triste e da menina empolgada: é um embate entre a vida e a morte. Ele se isola, tudo se separa e se distancia, tendendo ao isolamento frio da solitária morte; ela se conecta e tudo se aquece no encontro quente e aconchegante da vida. Por isso me agrada o fim em que o rapaz e a garota se encontram, não é o simples beijo que redime e justifica toda jornada, é mais que o beijo (na verdade não há nem mesmo um beijo), é o encontro. E como os livros que estão todos conectados a garota nos ensina, nós os pessimistas, que a na vida nós estamos conectados. Como no mar de livros em que cada história individual faz parte de um grande livro, cada pessoa individual faz parte de uma grande pessoa, a humanidade. Mesmo as práticas agiotas do velho acabaram conectando a todos naquela noite. Que bobagem, afinal, isso de que a gente nasce sozinho e morre sozinho, morrer talvez, não sei dizer pois ainda não morri, mas sei que não nasci sozinho, pois desde o minuto que estive nesse mundo eu estive dentro de alguém e só sai de dentro desse alguém para parar nas mãos de outro alguém que deu um tapa em minha bunda para que eu chorasse. O filme parece, então, afirmar essa união presente na vida e na humanidade.
The night is short girl, walk on, a noite é curta, garota, vá em frente, é uma verão mais charmosa da frase you only live once, você só vive uma vez, que, por mais clichê que seja, carrega sua verdade: "Se nós não tomarmos uma atitude, nosso futuro será claro, vamos apenas continuar a andar em círculos em algum canto de nossas juventudes desperdiçadas".
Acho que já perdi meu ponto central, estou um pouco bêbado enquanto escrevo isso: se há alguns filmes feitos para se assistir chapados (e não que esse não seja bom pra isso), esse me pareceu um ótimo pra se assistir bebendo.
No mais, fazendo um paralelo com outros xmen que remetem à questões de preconceito e discriminação, esse me pareceu tratar mais especificamente sobre imigração, a busca por atravessar a fronteira, perseguição do Estado, a personagem mexicana, a menina que não fala inglês, etc, são elementos que se ligam a questão da imigração, me parece um paralelo possível.
Li "O jogador" do Dostoievski pra tentar entender o vício em apostas e achei o livro interessante, mas esse filme me passou essa experiência do vício de uma forma muito intensa, parece que senti na pele a coisa toda.
Estranhamente, eu não conseguiria imaginar um final mais feliz pra esse filme (tirando a parte do parente dele que morre por causa dele), por mais trágico que tenha parecido. A vida dele era uma angustia, prazer e desprazer, recompensa e desruição, que só intensifica a próxima recompensa, que só intensifica a próxima perda, etc, etc, etc. Morrer tendo ganho sua grande aposta era o único final feliz possível, de resto seria um frustrante ciclo de sofrimento e prazer sem fim como o que acompanhamos durante todo o filme. Ele ter morrido logo após ganhar é como se fosse a única maneira de sair ganhando, de eternizar aquela sensação.
No mais, além desse final, é tudo muito bem construído, me parece que tudo no filme era uma aposta, até coisas simples como ele pedindo para os vizinhos deixarem o filho usar o banheiro, cada maçaneta, cada caixa, tudo carregado da tensão do que virá, do acaso, do incontrolável. Ao fim, apesar de não ter explicado a origem da dívida, de certa forma mesmo o cunhado dele apostou nele ao ter algum dia emprestado algum dinheiro, ou o tio dele no leilão, ou os filhos esperando por ele, pra assistir a peça, pra dar boa noite, e a mulher dele que um dia talvez tenha apostado na mudança dele, mas que já perdeu qualquer esperança.
Mas para além de tudo que gira em torno dele ( e isso é algo fundamental ao se apostar, contar com o que está a sua volta) o que mais me fascinou foi conseguir vislumbrar o que se passava na cabeça dele, do protagonista. Ou, ainda, conseguir vislumbrar o que se passava nas entranhas dele, que durante o exame no hospital é a primeira coisa que vemos dele, a intuição.
E dando uma divagada, acho que o cosmos que se podia ver dentro daquela pedra é como se fosse um pouco uma explicação poética do que tá envolvido em apostar, jogar com o inexplicável e o incontrolável, ser carregado por algo muito maior. Mas essa parte já é pura viagem minha...
Para além da semelhança com o jogador do Dostoievski, a agonia que eu senti vendo esse ciclo sem fim também me lembrou muito Notas do Subsolo, foi realmente doloroso assistir toda essa tensão. Mas acho que no cinema (ou na literatura) cada filme nos fascina de alguma forma, alguns passam sensações muito ternas e bonitas, ou tristes, ou visualmente deslumbrantes, ou qualquer outra coisa, e outros são muito dolorosos ou intensos. Mas seja qual for a sensação ou a marca, no meio de tanto procurar, entre filmes oks e filmes bons, alguns são simplesmente muito diferentes, são como essa opala do Adam Sandler.
As referências às comedias românticas de adultos são bem engraçadas, muito de "The Graduate". Na perspectiva dele tudo é muito gigantesco, o espaço, os blocos que ele andava, ou o tempo, se passa mais ou menos em uma semana, mas parece uma história gigante. Se não houvesse narração talvez fosse mais interessante. Fiquei querendo muito ver algo parecido na perspectiva da menina.
Amarrei alguns acontecimentos do filme com uma frase que aparece na televisão logo no inicio do filme, que diz para não contar com as coisas que foram perdidas, mas com as que ainda restam. Parece-me que isso é uma constante no filme, perda e aceitação. Começando logo no inicio quando Arash perde o carro: foi algo significativo, 2191 dias de trabalho, ele fica irado, mas a próxima cena mostra ele de bicicleta e voltando a trabalhar, como se ele estivesse atrás de outro carro. Apesar da perda, restou algo a que ele se apegou, talvez a vontade de recuperar o carro ou ainda o seu pai. Esse pai, Hossein, porém, parece alguém atormentado pelas perdas. Ele se tornou um viciado, assombrado e apegado ao passado, tanto por sua falecida mulher, que aparece através do gato e que ele culpa por sua situação, quanto por Atti, a outra mulher que ele persegue. A cena de sua morte, no quarto com Atti, parece uma tentativa desesperada de forçar uma volta aos velhos tempos. Houssein parece ter feito o oposto do aviso da TV, se entorpece para curar a dor, tentar reviver amores perdidos e negligencia seu filho: sofre pelo que não possui e ignora o que ainda tem. Na cena final esse dilema aparece mais claramente, ao descer do carro, Arash parece estar decidindo se seguirá com a garota ou se reclamará a morte do pai, morto justamente por ela. Ele decide ir com ela, o que me parece a decisão de abandonar o que foi perdido e seguir com o que restou, mesmo que naquele caso o que restou foi o mesmo que gerou sua perda.
Para além desse elemento que achei interessante, acho que há varias outras questões centrais. "Bad City", por exemplo, o nome genérico não é atoa, ela é um arquétipo do crime e da violência presente nos cenários urbanos, não há aparição de qualquer coisa próximo a uma autoridade institucional na história, não há Estado, não há polícia, Bad City é tudo que escapa ao olho da lei.
O filme também mostra certas situações de abuso que a mulher sofre, mas ao mesmo tempo traz uma forte personagem feminina: a garota, que é uma mulher que em vez de estar em perigo na noite e estar sujeita a violência, oferece perigo aos violentadores e traz segurança as mulheres. Uma questão sobre consentimento também é outra questão que permeia a história, as vítimas da vampira não são aleatórias, são homens que cometeram abusos, que não respeitaram a vontade de alguma mulher, tanto o traficante quanto Houssein, que morre justamente quando amarra e obriga Atti a se drogar. E o menino, que toma um cagasso quando encontra com ela de noite, não é morto, mas é alertado, se ele chegar a se tornar alguém como esse outros homens, se ele não for um bom garoto, ela estará lá para puní-lo. (A cena dos brincos também parece dar evidencia à importância do consentimento, o simples gesto de colocar um brinco no outro é significativo ali, é colocado em destaque o pedido e a aceitação).
Acho que varias leituras podem ser feitas, talvez essas questões sejam muito mais centrais, mas achei a questão das perdas interessante, parece ser também uma constante no filme.
Eu assisto e assisto esse filme e sempre vejo elementos que me soam tão familiares e que não consigo identificar precisamente. Não só a violência, mas o sentimento de fuga de algo mais forte, o sentimento de impotência, a necessidade da força... Não sei exatamente, mas o filme me passa essas coisas de uma forma muito peculiar e assisto e reassisto e sempre sinto que faltou algo e que preciso assistir de novo.
Mas algo que sempre me ocorre é a semelhança do assassino com a figura da morte. As roupas pretas, a perseguição incessante, a onipresença, a força inabalável. Inocentes, culpados, gente forte, gente fraca, acabam todos cedendo. E ele não negocia. Como diz uma das vítimas, seus valores estão para além de dinheiro, drogas e coisas mortais.
O que pra mim torna muito marcante a cena no final do filme em que a mulher volta de um velório, vestida de preto e encontra ele lá, esperando.
Me faz também pensar no acidente que ele sofre e em como ele aparece mais fraco diante das crianças, as figuras mais distantes da morte. É uma cena em que ele parece mais humano (mesmo que ainda não muito), precisando de ajuda, e elas tratam ele com inocência, não veem perigo.
Enfim, não sei se é uma analogia a ser levada ao pé da letra, mas sempre me deixa essa impressão. Seria uma boa personificação, porque é um personagem muito sinistro.
Toda a trama girando em torno de valores milionários, os personagens morrendo ou se ferrando por causa de dinheiro, o marido que simula o sequestro da mulher, por dinheiro, o pai da mulher que morre porque não entregou o resgate, o sequestrador que morre porque não quis ficar com o carro mais barato, mesmo já tendo ficado com o milhão do sequestro, toda a violência em torno de tanta grana e no final a policial e o marido na cama falando sobre quantias de 0,3 ou 0,29 centavos, achei incrível. O contraste desnaturaliza e torna realmente cômica toda aquela ganancia e violência.
O estigma da bruxa parece rondar a trama do filme, como uma maldição que as personagens tentam se livrar, porém seguem sempre sujeitas a ele. A liberdade é demonizada, tornando a abstinência desejada.
Nas entrelinhhas tem diálogos muito bons, como o do "irmão caçula idiota dos filmes" dizendo que gosta de assistir os filmes e relacionar o que o personagem fala e o que ele sente. Acho que o filme explorou isso. Mesmo com poucos diálogos os personagens disseram tudo que tinham a dizer, e no ápice desse contraste falar e sentir estão os olhares trocados por elas. No fim das contas, nenhum diálogo teria expresso o que as trocas de olhares do filme expressaram.
Pra mim o que define o filme é: Into the Wild + A Grande Familia. Tem questões bem profundas, mas tratadas de forma light, terminando com cliches de filmes família, --a família unida que enfrenta conflitos e se une no final--. Um "filme pipoca" não convencional.
Cães de Aluguel
4.2 1,9K Assista AgoraReassisti hoje, não lembrava muita coisa. Sem dúvidas é um filme muito bom, muito do que deixou o Tarantino icônico já tava ali, os diálogos sobre coisas aleatórias (o da gorjeta e o da madona, muito bons), a sanguinolência toda (o cara com as roupa tudo encharcada de sangue em cima duma poça vermelha, é lindo), as montagens intercalando passado e presente (pra mim funciona muito bem, os personagens sendo apresentado conforme vão se tornando relevantes). Amo o Steve Buscemi aqui, é talvez o meu favorito, o blonde (Michael Madsen) psicopatão ficou muito marcante, a cena da tortura deve ser uma das mais icônicas. O white (Harvey Keitel) e o orange (Tim Roth) baleado no carro achei bom demais também, praticamente é esse momento de um cuidando e confortando o outro à beira da morte que torna a relação dos dois convincente, porque fora isso é bem vago e breve o contato dos dois que é mostrado. O conflito moral do personagem do Tim Roth aparece de maneira sutil, não é escrachado. Achei um final bem original, não é óbvio, gostei muito, somado com todo o resto, passa a pegada autoral que o Tarantino viria a consolidar.
Não consigo deixar de colocar em perspectiva com os outros filmes dele, acho que é um filme ainda um pouco menos polido, mais curto, acredito que com o orçamento menor, os personagens secundários não são tão icônicos, parece que fica faltando um pouco de tempo de tela no geral. Fiquei comparando muito com Pulp Fiction, acho que afinal ambos partilham de um sub-gênero tarantiano de filmes de crime, e dos dois filmes de bandidos de terno, o Pulp Fiction pra mim é mais impecável. Seria, alias, o Sr. Blonde, Vic Vega, parente do Vincent Vega? Além do sobrenome o temperamento dos dois é bem parecido.
The Emperor’s Naked Army Marches On
4.6 6Absurdo, insano, incrível, sem igual. O filme não interfere em quase nada, não bate o martelo sobre o que aconteceu ou o que não aconteceu ou como aconteceu, e isso nos deixa totalmente a mercê dos relatos dos sobreviventes. Podemos juntar tal e tal peça e concluir algo, mas no fim o que temos são as palavras deles. É uma loucura pensar que pedaços da história estão nesses discursos e que sem alguém insano como Okuzaki morreriam enterrados com essas pessoas. É uma reflexão incrível sobre o discurso, memória, esquecimento, justiça, sobre a guerra e sobre como lidar com a morte e com as atrocidades do passado. Bom, mas apenas citar todas essas temáticas que o filme aborda não diz quase nada, o filme é simplesmente uma experiência insana, sem igual.
Orgulho e Preconceito
4.2 2,8K Assista AgoraDevo dizer que tive em minha vista um romance bastante encantador, fui acometido não apenas pela beleza de suas imagens mas por sua... ME AJUDA, NÃO CONSIGO PARAR DE FALAR ASSIM. Olhei dublado e tá foda não ficar falando que nem essa gente. Tava esperando algo mais meloso e chato, mas surpreendentemente gostei, amor, orgulho e preconceito nada, é um filmão versado na arte do flerte e da tensão sexual.
Gostei da cena da dança, em que o resto do salão some por uns momentos, nos passando a imersão que os dois estavam. E a do balanço, em que ela está girando e quando sua amiga lhe dá a noticia desgradável, o balanço gira deixando ela de costas, muito bom. E também o foco na mão dele quando ela sai correndo, a mesma mão lá da parte que ele ajuda ela a subir na carruagem. Acho que é um filme bem feito, bem pensado, muitos shots bonitos e interessantes.
Em vez de terminar na bonita cena deles no pôr do sol, o filme tem seu fim com eles conversando com o pai de Elizabeth e ele dando o consentimento, isso parece nos dizer que mesmo que no fim das contas os dois se amem, não podemos esquecer que o casamento também era um negocio, um jogo social.
O Procurado
3.4 1,5K Assista AgoraGente eu olhava esse filme quando era pequeno e ficava muito puto com as "mentiradas", sempre que algo era muito fora da realidade a gente usava a expressão "forçado", "que forçado". Todo filme de ação tinha coisas forçadas, mas esse se passava.
Mas nossa, reassistindo agora, depois de muito tempo, achei ele bem interessante! ( olha que nem gosto muito de filmes de ação). Talvez até quase satírico, "quase" porque não sei se era a intenção do filme fazer uma sátira. Mas parece que ele só extrapola, leva aos limites e incorpora na sua mitologia tudo que os filmes de ação já fazem.
Por exemplo os banhos restauradores, em qual filme de ação que a gente não vê o herói se quebrar todo pra nas próximas cenas aparecer lá inteirasso, sentando a porrada em todo mundo? Todo filme de ação tem isso, mas nesse a explicação pra recuperação rápida são os banhos restauradores. E não é verdade que em todo filme de ação os protagonistas não erram um santo tiro e parece que a cabeça dos vilões tem um imã? No procurado, porém, isso é explicado com o instinto, quando eles atiram com o instinto as balas até curvar se curvam. Até os slowmotions, também muito abusados nos filmes de ação, são incorporados à história, é uma habilidade especial do Wesley. Então no fim das contas o procurado só assume até as últimas consequências tudo que os filmes de ação já fazem, ele incorpora isso na história, dá razões para as coisas serem assim, exageradas. Eu achei isso muito divertido, consegui comprar a ideia.
Paaara além disso, eu achei a história até muito boa, com um fundinho filosófico e trágico-grego.
A parte filosófica é o dilema do protagonista, preso a um trabalho horrível ignorando seu real potencial, sua verdadeira vocação de matador. Bom na vida real não precisamos ter tendências assassinas pra nos identificarmos, quanta gente que não tá presa em um trabalho chato quando queria ter investido na carreira de fotografo, feito teatro, virado escritor, atleta. Mas mais que escolha de carreira é a questão "quem eu sou", é isso que ele descobre no decorrer do filme, essa era a questão que a Angelina Jolie e o loirinho tentavam fazer que ele percebesse, eles param de bater nele quando ele percebe isso, que não sabia quem ele era.
E é essa a cena final do filme, ele agora descobriu quem ele é, aquele cara no escritório é um sósia, alguém que por fora parece ele e que até confunde o Morgan Freeman, mas por dentro é outro, não é ele.
A parte trágico-grega são alguns pequenos elementos, as tragédias gregas tinham sempre esse norte, alguém destinado a alguma coisa e que era punido ao se desviar do seu destino (o édipo que tentou fugir de casa pra não matar o pai e casar com a mãe, mas que no fim cumpre a profecia), ou alguém que não reconhecia seus limites, que não aceitava sua humanidade, que tentava ser deus e era punido (icaro tentando voar mais alto do que deveria e derretendo suas asas). Conhece-te a ti mesmo (descobrir quem se é e aceitar seu destino) e reconhecer seus limites, aceitar ser humano e não deus, são princípios fundamentais na cultura grega.
E a história do filme é isso, o Wesley aceitando seu destino e algumas tragédias ocorrendo em sua vida, como ele matando o pai; e o Morgan Freeman tentando ser deus, ignorando os nomes que o destino dava e criando ele mesmo os alvos e no fim morrendo por isso.
E até que ele é bem bolado, tem umas rimas no roteiro, tipo ele apavorado dizendo "me desculpa" pra policia quando a Angelina faz o carro saltar por cima da barreira. E depois, mais pro fim, depois das mudanças que o personagem passou, de novo saltando sobre outro carro ele diz "me desculpa" , mas em outro tom, agora confiante, agora ele está saltando sobre seu alvo e não seu predador.
Enfim, achei divertido, é forçado sim, é exagerado, mas acho que a ideia é ser assim mesmo.
Stalker
4.3 501 Assista AgoraApesar de já ter ouvido falar antes e saber que é um clássico, o empurrão e incentivo final que me fizeram ir atrás pra assistir foi a referência à "zona" feita no documentário Sem Sol (Sans Soleil). Vi no filme uma discussão sobre a fé e apesar de ser alguém nada religioso isso me tocou e me encantou muito.
A frustração do Stalker foi a falta de crença daqueles que ele guiou até o quarto, mas é um problema que ele lamenta não ser apenas daqueles dois, que, nas palavras dele, têm o órgão da fé atrofiado, o problema é com o mundo, ninguém mais acredita, eles são uma amostra de uma falta de fé geral. Há uma morte do místico, um mundo, como descrito pelo Artista, regido pelas leis do ferro fundido, onde a Zona e o quarto são um "algo a mais", pontos desviantes de mistério e incompreensão em meio a ferrugem da clareza e do realismo. Por isto não se anda de um ponto a outro em linha reta e não se volta pelo mesmo caminho, ali as regras usuais não fazem sentido, em meio a uma realidade seca onde tudo é explicado, onde as regras funcionam e não existem mais driades e deuses, a Zona é justamente o lugar não alcançado pelo pragmatismo, pela lógica, pela razão.
O filme trata de bem mais que fé, ele trata da desmistificação do mundo em geral. Não é atoa afinal, que os dois personagens que querem chegar até o quarto são um cientista e um artista. A ciência, por explicar, achar as causas, descobrir leis e regras da natureza, é responsável pela desmistificação do mundo. E a arte ainda é um tipo de misticismo, assim como a fé e a religião, também busca ver no mundo "algo a mais" para além da objetividade. O personagem do escritor, no caso, é um artista que já não consegue ver esse algo a mais, alguém que perdeu, em certo sentido, sua fé.
Eu gosto de pensar na Zona como algo próximo da arte e o Stalker como o artista, alguém que nos guia pelo mundo de sua obra ou pela beleza escondida na realidade e que ele atenciosamente nos mostra. Um artista também não anda em linha reta de um ponto ao outro, também transita entre dois mundos, um objetivo, do trabalho e da familia e um inexplicável e misterioso, da arte, ou a Zona.
Porém dizer que a Zona representa isso ou o Stalker representa aquilo, que se trata de religião ou de arte ou sei lá, já é um ato desmistificador, de tentar achar sentido e compreender, e é justamente disso que o filme fala. Posso me limitar a dizer que a Zona é simplesmente algo inexplicável, que podemos chamar de arte ou de espiritualidade, mas que é, principalmente, algo que foge a compreensão e ao pragmatismo, e a maneira como o filme passa esse mistério e misticidade, me fascinou muito.
O filme me fascinou tanto que apesar de ter 3 horas, em russo e em preto e branco, se eu começa assistir ele eu fico preso até o fim, e ao fazer isso catei muitos detalhes que me passaram despercebidos das primeira vezes, como a primeira cena em que ele levanta da cama e vemos ele sumindo do alcance da câmera para reaparecer na porta, ele não toma a linha reta até a porta, da mesma maneira que ele faz na zona. Ou a filha do Stalker movimentando os copos no fim, são três copos, ela move eles um de cada vez, exatamente como os três personagens se moviam na zona. A trindade alias me pareceu algo recorrente, o escritor fala em um momento de como o triangulo representa a frieza da matemática (frieza que o entediava) e ao mesmo tempo, como ele mesmo aponta, o triângulo que também é Deus (Jesus, Deus e Espirito), além disso, Stalker, Escritor e Cientista, Stalker, Esposa e Filha e, se não me engano, são três porcas que o cientista amarra com pano. Esses detalhes ressaltaram a profundidade do filme, cretamente eu poderia assistir milhares de vezes, achando mais detahes e interpretações.
Mas apesar de ter dito tudo isso não tenho bem como descrever a totalidade da beleza, do mistério e da sensação que esse filme passa. O filme todo é um território misterioso, um algo mais na nossa realidade.
O Amor É Cego
3.2 1,4K Assista AgoraAcho que o filme tinha bem mais potencial pra passar a mensagem que queria, porém fica preso a piadas estereotipadas e uma retratação exagerada e ofensiva das pessoas gordas. Faz parte da infância ou adolescência de todo mundo que assistia sessão da tarde e por isso a gente cria uma memória afetuosa do filme. Foi só reassistindo (por acaso) recentemente que notei esses problemas e ao mesmo tempo uma oportunidade tão legal de ter sido um filme a frente desperdiçada.
Devemos gostar dos outros pelo suas personalidades, não devemos julgar a aparência, parece ser a ideia e a moral do filme, porém durante todo o filme são feitas piadas sobre a aparência das pessoas. Aqui é a brecha perfeita pra alguém dizer "jesus como essa geração é chata e não entende o que são PIADAS", mas é serio, não é nem querer entrar na coisa toda colocar limites no que deve ser ou não motivo de piadas e toda a discussão que segue disso, é só que realmente são piadas muito rasas, onde a graça é sempre "haha essa pessoa é gorda", "haha olha só ele nem percebe que ta com uma gordona", etc. Além disso, fica uma coisa muito contraditória, parece que o filme quer ressaltar que a aparecia não importa, mas tira sarro o tempo todo disso, fica apelando e reforçando estereótipos, como o de que pessoas gordas comem demais. O quão irreal e ofensivo é a maneira que o filme retrata quem é gorda é algo que passa totalmente despercebido quando a gente assiste quando novos.
Outro ponto que deixa essa mensagem mal aproveitada e explorada é o fato de que apesar do filme tentar dizer que não devemos nos apaixonar com base nas aparências e sim na personalidade, sempre que o Jack Black lá fica encantado com a Rosemary é por causa da APARENCIA dela!! Jesus cristo, em vez de o fato de ele achar ela bonita dar a oportunidade de ele conhecer alguém muito legal, oportunidade que antes seria perdida porque ele nem conversaria com ela por achar ela gorda, não, parece que o feitiço só deu a oportunidade de ele achar pessoas feias gostosas. Ok, tem a coisa de que ela ajuda crianças no hospital e tal, mas ainda podiam ter explorado bem mais a química dos dois, gostos em comuns, gostar de conversar com a pessoa, objetivos em comum, sei la, ainda fica parecendo que ele só gosta dela porque ela é gata, e por acaso, por sorte, ela também é altruísta.
No fim das contas a mensagem que tenta passar é muito interessante e a ideia da hipnose é diferente, criativa, didática e chama a atenção, mass me chateia que esse potencial tenha sido desperdiçado.
Uma Noite Sobre a Terra
3.8 88 Assista AgoraMuito bom, só senti falta de um "vou de taxi" da Angelica
A Cor que Caiu do Espaço
3.1 346ta mais pro roxo que caiu do espaço
Estranhos no Paraíso
3.9 113 Assista AgoraOs chesterfileds tem o mesmo gosto por toda a américa e seja onde for ela vai tocar Screamin Jay e ele vai odiar e ela vai adorar.
"It's Screaming Jay Hawkins,
and he's a wild man, so bug off."
Nossa, achei por acaso no computador e amei.
(quase como estar liso e achar um bolo de dinheiro em um lugar estranho e familiar)
Acho que a repetição é um tema constante nos filmes do Jim Jarmusch, Paterson (rotina), Os limites do controle, Amantes eternos e aqui.
"Digo que ganham duas em cada cinco mãos... e sempre são as mesmas mãos."/ "I'm saying that you're winning two out of every five hands, and they're always the same two hands!"
"Os de lá são bons?Como os daqui? São os mesmos Chesterfields. Em todos os EUA."/ "They taste good there, like here?" "It's the same Chesterfields. All over america"
"Sabe, é engraçado. Você vai pra um lugar novo e tudo parece igual"/ "You know, it's funny. You come to someplace new,and everything looks just the same".
Gostei de como ele fica trocando de foco narrativo.Dá a impressão que o personagem é o lugar, independente de quem tá lá.
E só agora escrevendo esse comentário reparei na pequena piada com o nome Eva. Ela vem e "estraga" o paraíso do primo dela. Ainda que no fim ela sempre acabe salvando em vez de amaldiçoando ele, quando ela sai do apartamento dá pra ver como ele sente falta da companhia dela, indo atrás mais tarde. Quando eles vão pra Florida com ela acabam sem dinheiro, mas no fim ela salva eles de novo com a grana do "Rammel", seja lá quem diabos seja Rammel (achei essa cena muito engraçada). Mas não consegui ligar exatamente a relação da história do filme com a bíblica, talvez a procura dos personagens por um lugar perfeito, harmônico, como um paraíso perdido, mas irrecuperável, talvez algo assim, não sei.
Yoru wa Mijikashi Arukeyo Otome
4.0 19Esse filme me remeteu a algo sobre a busca da felicidade. Os dois personagens (desculpe a ignorância mas eu não decorei os nomes em japonês, então vou falar sobre o rapaz e a garota), o rapaz e a garota, ao menos no inicio do filme, ilustram duas perspectivas sobre a felicidade: a do que busca e a do que sem buscar alcança. Enquanto vemos durante boa parte do filme o rapaz buscar a felicidade, sem nunca alcançar, do outro lado vemos a garota achar sem procurar. Sobre a eterna busca que ele faz por sua amada, na cena em que seus diversos "eus" debatem sobre sua jornada, é descrita como um plano de remover obstáculos. Ele estava sempre a remover obstáculos para chegar a algo; enquanto ela não removia obstáculos, sempre estava em contato direto com este algo. Ele se concentrava em tirar algo do caminho para chegar em algum lugar, sem nunca chegar. Ela não tirava algo do caminho, ela estava sempre nesse lugar. Ele buscava, ela alcançava; um no pré-climax, a outra no constante climax; um a espera, a outra aquilo pelo qual não se espera, já se tem. Tudo isso dá razão ao velho dito que ressoa por toda a história da filosofia, de que para alcançar a felicidade basta não buscá-la.
A busca do rapaz era tanta que no fim das contas mais que aproximar o afastava do que ele procurava, toda a obsessão dele parece que afastava a moça, isso é um pouco representado com ela ao fim lutando contra o vento para chegar até ele. Talvez nós procuremos tanto pois o que nos encanta não é achar, mas procurar, e gostamos tanto de procurar que o mero vislumbre de encontrar aquilo que buscávamos nos assusta, de modo que em vez de nos aproximarmos em nossa procura, nos afastamos.
A garota nos lembra a vontade de viver, a vida de imediato florescendo em nossas mãos. Em seu duelo de beber com o senhor ele vê na bebida o vazio e ela vê o preenchimento. No resfriado que se espalha ao fim parece ser o embate entre duas coisas muito mais essenciais que aqueles dois personagens, do senhor triste e da menina empolgada: é um embate entre a vida e a morte. Ele se isola, tudo se separa e se distancia, tendendo ao isolamento frio da solitária morte; ela se conecta e tudo se aquece no encontro quente e aconchegante da vida. Por isso me agrada o fim em que o rapaz e a garota se encontram, não é o simples beijo que redime e justifica toda jornada, é mais que o beijo (na verdade não há nem mesmo um beijo), é o encontro. E como os livros que estão todos conectados a garota nos ensina, nós os pessimistas, que a na vida nós estamos conectados. Como no mar de livros em que cada história individual faz parte de um grande livro, cada pessoa individual faz parte de uma grande pessoa, a humanidade. Mesmo as práticas agiotas do velho acabaram conectando a todos naquela noite. Que bobagem, afinal, isso de que a gente nasce sozinho e morre sozinho, morrer talvez, não sei dizer pois ainda não morri, mas sei que não nasci sozinho, pois desde o minuto que estive nesse mundo eu estive dentro de alguém e só sai de dentro desse alguém para parar nas mãos de outro alguém que deu um tapa em minha bunda para que eu chorasse. O filme parece, então, afirmar essa união presente na vida e na humanidade.
The night is short girl, walk on, a noite é curta, garota, vá em frente, é uma verão mais charmosa da frase you only live once, você só vive uma vez, que, por mais clichê que seja, carrega sua verdade: "Se nós não tomarmos uma atitude, nosso futuro será claro, vamos apenas continuar a andar em círculos em algum canto de nossas juventudes desperdiçadas".
Acho que já perdi meu ponto central, estou um pouco bêbado enquanto escrevo isso: se há alguns filmes feitos para se assistir chapados (e não que esse não seja bom pra isso), esse me pareceu um ótimo pra se assistir bebendo.
Logan
4.3 2,6K Assista AgoraO road movie mais violento que já vi!
No mais, fazendo um paralelo com outros xmen que remetem à questões de preconceito e discriminação, esse me pareceu tratar mais especificamente sobre imigração, a busca por atravessar a fronteira, perseguição do Estado, a personagem mexicana, a menina que não fala inglês, etc, são elementos que se ligam a questão da imigração, me parece um paralelo possível.
Joias Brutas
3.7 1,1K Assista AgoraUma joia bruta esse filme!!
Li "O jogador" do Dostoievski pra tentar entender o vício em apostas e achei o livro interessante, mas esse filme me passou essa experiência do vício de uma forma muito intensa, parece que senti na pele a coisa toda.
Estranhamente, eu não conseguiria imaginar um final mais feliz pra esse filme (tirando a parte do parente dele que morre por causa dele), por mais trágico que tenha parecido. A vida dele era uma angustia, prazer e desprazer, recompensa e desruição, que só intensifica a próxima recompensa, que só intensifica a próxima perda, etc, etc, etc. Morrer tendo ganho sua grande aposta era o único final feliz possível, de resto seria um frustrante ciclo de sofrimento e prazer sem fim como o que acompanhamos durante todo o filme. Ele ter morrido logo após ganhar é como se fosse a única maneira de sair ganhando, de eternizar aquela sensação.
No mais, além desse final, é tudo muito bem construído, me parece que tudo no filme era uma aposta, até coisas simples como ele pedindo para os vizinhos deixarem o filho usar o banheiro, cada maçaneta, cada caixa, tudo carregado da tensão do que virá, do acaso, do incontrolável. Ao fim, apesar de não ter explicado a origem da dívida, de certa forma mesmo o cunhado dele apostou nele ao ter algum dia emprestado algum dinheiro, ou o tio dele no leilão, ou os filhos esperando por ele, pra assistir a peça, pra dar boa noite, e a mulher dele que um dia talvez tenha apostado na mudança dele, mas que já perdeu qualquer esperança.
Mas para além de tudo que gira em torno dele ( e isso é algo fundamental ao se apostar, contar com o que está a sua volta) o que mais me fascinou foi conseguir vislumbrar o que se passava na cabeça dele, do protagonista. Ou, ainda, conseguir vislumbrar o que se passava nas entranhas dele, que durante o exame no hospital é a primeira coisa que vemos dele, a intuição.
E dando uma divagada, acho que o cosmos que se podia ver dentro daquela pedra é como se fosse um pouco uma explicação poética do que tá envolvido em apostar, jogar com o inexplicável e o incontrolável, ser carregado por algo muito maior. Mas essa parte já é pura viagem minha...
Para além da semelhança com o jogador do Dostoievski, a agonia que eu senti vendo esse ciclo sem fim também me lembrou muito Notas do Subsolo, foi realmente doloroso assistir toda essa tensão. Mas acho que no cinema (ou na literatura) cada filme nos fascina de alguma forma, alguns passam sensações muito ternas e bonitas, ou tristes, ou visualmente deslumbrantes, ou qualquer outra coisa, e outros são muito dolorosos ou intensos. Mas seja qual for a sensação ou a marca, no meio de tanto procurar, entre filmes oks e filmes bons, alguns são simplesmente muito diferentes, são como essa opala do Adam Sandler.
ABC do Amor
3.8 1,1KAs referências às comedias românticas de adultos são bem engraçadas, muito de "The Graduate".
Na perspectiva dele tudo é muito gigantesco, o espaço, os blocos que ele andava, ou o tempo, se passa mais ou menos em uma semana, mas parece uma história gigante.
Se não houvesse narração talvez fosse mais interessante. Fiquei querendo muito ver algo parecido na perspectiva da menina.
Gostei também da coisa de um "amor-ódio" hehed. I hate you, I love you.
Garota Sombria Caminha Pela Noite
3.7 343 Assista AgoraAmarrei alguns acontecimentos do filme com uma frase que aparece na televisão logo no inicio do filme, que diz para não contar com as coisas que foram perdidas, mas com as que ainda restam. Parece-me que isso é uma constante no filme, perda e aceitação. Começando logo no inicio quando Arash perde o carro: foi algo significativo, 2191 dias de trabalho, ele fica irado, mas a próxima cena mostra ele de bicicleta e voltando a trabalhar, como se ele estivesse atrás de outro carro. Apesar da perda, restou algo a que ele se apegou, talvez a vontade de recuperar o carro ou ainda o seu pai. Esse pai, Hossein, porém, parece alguém atormentado pelas perdas. Ele se tornou um viciado, assombrado e apegado ao passado, tanto por sua falecida mulher, que aparece através do gato e que ele culpa por sua situação, quanto por Atti, a outra mulher que ele persegue. A cena de sua morte, no quarto com Atti, parece uma tentativa desesperada de forçar uma volta aos velhos tempos. Houssein parece ter feito o oposto do aviso da TV, se entorpece para curar a dor, tentar reviver amores perdidos e negligencia seu filho: sofre pelo que não possui e ignora o que ainda tem. Na cena final esse dilema aparece mais claramente, ao descer do carro, Arash parece estar decidindo se seguirá com a garota ou se reclamará a morte do pai, morto justamente por ela. Ele decide ir com ela, o que me parece a decisão de abandonar o que foi perdido e seguir com o que restou, mesmo que naquele caso o que restou foi o mesmo que gerou sua perda.
Para além desse elemento que achei interessante, acho que há varias outras questões centrais. "Bad City", por exemplo, o nome genérico não é atoa, ela é um arquétipo do crime e da violência presente nos cenários urbanos, não há aparição de qualquer coisa próximo a uma autoridade institucional na história, não há Estado, não há polícia, Bad City é tudo que escapa ao olho da lei.
O filme também mostra certas situações de abuso que a mulher sofre, mas ao mesmo tempo traz uma forte personagem feminina: a garota, que é uma mulher que em vez de estar em perigo na noite e estar sujeita a violência, oferece perigo aos violentadores e traz segurança as mulheres. Uma questão sobre consentimento também é outra questão que permeia a história, as vítimas da vampira não são aleatórias, são homens que cometeram abusos, que não respeitaram a vontade de alguma mulher, tanto o traficante quanto Houssein, que morre justamente quando amarra e obriga Atti a se drogar. E o menino, que toma um cagasso quando encontra com ela de noite, não é morto, mas é alertado, se ele chegar a se tornar alguém como esse outros homens, se ele não for um bom garoto, ela estará lá para puní-lo. (A cena dos brincos também parece dar evidencia à importância do consentimento, o simples gesto de colocar um brinco no outro é significativo ali, é colocado em destaque o pedido e a aceitação).
Acho que varias leituras podem ser feitas, talvez essas questões sejam muito mais centrais, mas achei a questão das perdas interessante, parece ser também uma constante no filme.
Onde os Fracos Não Têm Vez
4.1 2,4K Assista AgoraEu assisto e assisto esse filme e sempre vejo elementos que me soam tão familiares e que não consigo identificar precisamente. Não só a violência, mas o sentimento de fuga de algo mais forte, o sentimento de impotência, a necessidade da força... Não sei exatamente, mas o filme me passa essas coisas de uma forma muito peculiar e assisto e reassisto e sempre sinto que faltou algo e que preciso assistir de novo.
Mas algo que sempre me ocorre é a semelhança do assassino com a figura da morte. As roupas pretas, a perseguição incessante, a onipresença, a força inabalável. Inocentes, culpados, gente forte, gente fraca, acabam todos cedendo. E ele não negocia. Como diz uma das vítimas, seus valores estão para além de dinheiro, drogas e coisas mortais.
O que pra mim torna muito marcante a cena no final do filme em que a mulher volta de um velório, vestida de preto e encontra ele lá, esperando.
Me faz também pensar no acidente que ele sofre e em como ele aparece mais fraco diante das crianças, as figuras mais distantes da morte. É uma cena em que ele parece mais humano (mesmo que ainda não muito), precisando de ajuda, e elas tratam ele com inocência, não veem perigo.
Enfim, não sei se é uma analogia a ser levada ao pé da letra, mas sempre me deixa essa impressão. Seria uma boa personificação, porque é um personagem muito sinistro.
Fargo: Uma Comédia de Erros
3.9 919 Assista AgoraToda a trama girando em torno de valores milionários, os personagens morrendo ou se ferrando por causa de dinheiro, o marido que simula o sequestro da mulher, por dinheiro, o pai da mulher que morre porque não entregou o resgate, o sequestrador que morre porque não quis ficar com o carro mais barato, mesmo já tendo ficado com o milhão do sequestro, toda a violência em torno de tanta grana e no final a policial e o marido na cama falando sobre quantias de 0,3 ou 0,29 centavos, achei incrível. O contraste desnaturaliza e torna realmente cômica toda aquela ganancia e violência.
Oldboy
4.3 2,3K Assista AgoraEm vez de furar os olhos como Édipo, ele corta a língua. Uma ótima tragédia
A Criança
3.8 91 Assista Agoracrianças tendo criança
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraO estigma da bruxa parece rondar a trama do filme, como uma maldição que as personagens tentam se livrar, porém seguem sempre sujeitas a ele. A liberdade é demonizada, tornando a abstinência desejada.
Carol
3.9 1,5K Assista AgoraNas entrelinhhas tem diálogos muito bons, como o do "irmão caçula idiota dos filmes" dizendo que gosta de assistir os filmes e relacionar o que o personagem fala e o que ele sente. Acho que o filme explorou isso. Mesmo com poucos diálogos os personagens disseram tudo que tinham a dizer, e no ápice desse contraste falar e sentir estão os olhares trocados por elas. No fim das contas, nenhum diálogo teria expresso o que as trocas de olhares do filme expressaram.
"And would you like
to marry him?"
"Well...
I barely even know
what to order for lunch."
"I always feel funny
taking pictures of people,
like it's some sort of...
in...
Invasion of privacy?"
O desconforto que a personagem sente em tirar foto das pessoas, parece que o filme subverte isso, mostrando de perto a intimidade da relação as duas.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraPra mim o que define o filme é: Into the Wild + A Grande Familia. Tem questões bem profundas, mas tratadas de forma light, terminando com cliches de filmes família, --a família unida que enfrenta conflitos e se une no final--. Um "filme pipoca" não convencional.