Perturbador e agoniante de tão real; de tão atual.
Assisti a esse filme na véspera do dia internacional da luta das mulheres (08.03.2021), justamente por ser este filme a inspiração para o termo “gaslighting”. Altamente foda.
A cena final da Ingrid Bergman é sensacional!! Atuação merecida de Oscar mesmo.
Qual é o livro que Maud segura nas mãos que foi passado entre as sufragistas? Vi que tinha na capa "Dreams" mas não achei a referência na internet. Agradeço se alguém souber informar.
Não vou colocar os marcadores de spoiler, porque acabaria cortando muito o texto. Então caso não queira saber de coisas não prossiga a leitura.
Começo fazendo um salve a esses remakes ou filmes-continuação (como o último dos ghosts busters que me veio à memória agora) que têm evocado o protagonismo feminino. Em Os Incríveis 2, as mulheres que claramente tinham um papel menos visionado, ou em alguns casos coadjuvantes mesmo, ganham os holofotes e arrebentam a cena! De um lado temos a heroína Mulher-Elástica escolhida para atuar sozinha na missão de mostrar ao mundo que os heróis merecem sair da ilegalidade e que, por ter sido escolhida em detrimento do Sr. Incrível, este se vê com o ego ferido e relegado unicamente ao trabalho doméstico (amei essa inversão de “papéis” haha, ficou muito divertida!). Do outro lado temos a vilã, a nerd gênio por trás de todo império empresarial de telecomunicações, a mulher inteligente por trás do irmão carismático, que revela toda sua personalidade vil em querer acabar com os heróis, mas sob o interessante argumento de querer acordar as pessoas da eterna inércia que a vida urbana-tecnológica trouxe/impôs a elas. Desse modo, temos os pólos do bem e do mal protagonizados muito habilmente por mulheres, mostrando que é possível quebrar com o paradigma do herói masculino que regeu o mundo do cinema, literatura e afins durante tanto tempo. A personagem da Violeta também cresce e amadurece frente aos nossos olhos, entre dilemas adolescentes de amor e a responsabilidade de irmã mais velha. O Sr. Incrível, descontente de início, parece cada vez mais conseguir dar conta da casa e desapegar do sentimento de “humilhaçãozinha” por ter sido preterido à sua mulher antes. Que o protagonismo feminino venha cada vez com mais força nesses filmes de heróis, principalmente nos de classificação livre para que as crianças de agora já cresçam vendo na tela o empoderadamento feminino de uma forma tão natural que nem sequer questionem seu posicionamento ali.
PS.: Adorei quando a Edna apareceu. Tava torcendo por revê-la nesse filme, infelizmente foi bem rápido. PS 2.: Adorei a cena que Helena, a Mulher Elástico, tá conversando com Roberto, o Sr. Incrível, em que põe em cheque suas distinções de posicionamento quanto ao retorno dos heróis à ativa. Ela parece ter aceitado que as leis os colocaram na ilegalidade e, talvez, num sentimento mais de preservação de família só pensa em como melhorar a situação de vida financeira; enquanto ele contrapõe o argumento dizendo que a lei é que está errada, e que eles não devem abaixar a cabeça e aceitar, mas sim lutar para que o mundo os aceite como eles são. Levantou bradamente a bandeira da tolerância. Ponto para o Sr. Incrível aqui. PS 3: Medo daquele bebê-demônio que é o Zezé huhuhu.
Primeira película peruana que assisto e fiquei extasiada! A primeira cena, que começa ainda sem imagem, apenas com o canto da mãe da protagonista, é muito forte! É a cena mais linda de todo o filme, e anuncia a força da narrativa que será contada ali. Com uma trama densa, as atuações são muito bem sustentadas na figura da personagem principal interpretada pela atriz Magaly Solier, que soube expressar tanto com seu olhar - mais do que sua boca poderia nos dizer. Os temas abordados como:
A doença da teta assustada, criada a partir do imaginário social de uma pequena comunidade no interior peruano; a desigualdade social existente na sociedade peruana (que não é diferente do restante da América Latina) fica evidente a partir da relação de trabalho da protagonista e a patroa; a crueza com que esta age no final ao sair da apresentação do teatro, largando-a na rua; e o mote principal do medo da personagem em relação aos homens, junto a uma amizade inesperada com o jardineiro e à coragem para retirar a batata de dentro de seu corpo.
Todos esses temas, mesmo que ainda que mencionados, traz muita força ao enredo e à contextualização político-social do Peru, marcada pela violência, em especial a de gênero. Destaque para a fotografia e direção de arte em geral. Muito feliz por essa grata surpresa que foi descobrir o cinema peruano a partir da direção de Cláudia Llosa como um cinema de grande qualidade.
Esse é um filme de um cineasta que se sabe grande, que tem consciência da extensão da obra que criou. O amor em fuga marca o fim da sequência das cinco aparições de Antoine Doinel, e cria um marco conclusivo na filmografia de Truffaut. Se faz de um modo bem redondinho; resgatando cenas dos filmes anteriores, fechando todas as pontas - se é que haviam ficado soltas para algum espectador. E é uma delícia de se assistir, de ver pela "última" vez o andar (meio corrido meio estabanado) e as expressões faciais tão únicas que Jean-Pierre Léaud dá ao personagem de Antoine. Léaud cresceu aos nossos olhos, vivenciando situações tão pitorescas (e que nós nos identificamos tanto), muitas vezes inspiradas em fatos da própria vida de Truffaut. Le quatre cents coup, Antoine et Colette, Baiser Volés, Domicile Conjugal e L'amour en fuite formam uma obra forte, mas cheia de leveza. Uma maravilha de se assistir!
Esse filme acerta na sua principal referência filmográfica: Thelma & Louise. Para quem não assistiu a esse último, trata-se de um filme inovador a época por colocar a mulher num patamar de independência. A mulher como agente capaz de largar o marido e o trabalho, a vida conservadorazinha que levava; a mulher como agente capaz de cometer crimes, de viver a vida conforme sua vontade. Em Colegas, a quebra de paradigmas é similar. Stallone, Aninha e Márcio partem para uma aventura reivindicando a autonomia e capacidade de agir como sujeitos de direitos que são. Gostei muito dessa abordagem. O diretor e o roteirista foram felizes em retratar a temática da pessoa com deficiência sob a perspectiva de um olhar diferente e inovador. Um bom filme!
Posso conceituar The Discovery como um filme "OK". É legal, vai envolvendo bacana... Mas nos últimos 5 minutos de filme o roteiro força uma reviravolta à la Christopher Nolan, talvez na tentativa de chegar perto do que o Nolan faz, mas não, não chega nem aos pés! E não emplaca! Serve como entretenimento, mas é tão prepotente no que se propõe a ser, frente ao que realmente é, que decepciona um bocado. Enfim, vale uma conferida para formar opinião!
Regada de umas boas cervejas me pus a procurar um filme de romance, e encontrei esse na lista do Netflix. Que filme! Passei 1h40min segurando uma breja na mão e o coração na outra. Muito cru(el), real, um soco em forma de lágrimas que se apertavam para passar estreitas na bochecha... Já virou um de meus filmes de romance favoritos!!
Um filme demasiado intrigante! Lembra muito a sociedade criada por George Orwell em 1984, mas com suas peculiaridades - ou melhor, com a cara de Terry Gilliam!
Contém spoiler:
Para além das características descritas abaixo, e que concordo em sua maioria, gostaria de trazer a discussão outra: o protagonista, Sam Lowry. Um completo babaca! Um verdadeiro anti-herói. Um funcionário público, cuja satisfação estava em servir bem ao seu chefe no seu departamentozinho desinteressante e não-importante, até que lhe ocorre uma situação interessante: (1) o operador de máquinas foragido aparece em sua casa e a reação de Lowry é não delatá-lo (por quê?). (2) A história vai se desenrolando e vemos que ele não combina com o estilo hiperconsumista de sua mãe obcecada em cirurgia plástica, ao passo em que não a critica. (3) Após isso, o encontro com a garota de seus sonhos; e é nesse ponto que ele joga tudo para o ar (trabalho, principalmente) para salvá-la de ser presa. (adendo: mas ela iria ser presa mesmo? afinal os "guardas/seguranças" são chamados por conta da confusão criada pelo próprio Sam no subsolo do Ministério de Recuperação da Informação). Ele então começa a agir contra o sistema no intuito de fugir do mesmo e poder viver o seu amor longe daquela realidade, mas ele não age contra o sistema por conta do que ele representa. Sam não tem a mesma noção que os "terroristas" têm de viverem num regime totalitário e vigilante. Tudo o que Sam faz, e isso fica bem claro, é em prol desse sonho da mulher dos cabelos longos loiros e esvoaçantes que o encanta nos sonhos. A própria Jill tira sarro dele quando pergunta quantos terroristas ele tinha conhecido na vida ("hoje é meu primeiro dia!"). A meu ver é esse o ponto mais crítico do enredo: um protagonista totalmente manipulado que resolve se incitar contra o sistema mas não por ser contra ele de fato, não por ter consciência política, mas por uma simples satisfação sexual. Trata-se na real de um protagonista politicamente desinteressado, desconcientizado, em que suas ações são apenas passionais. E, talvez, por isso o filme se chame Brazil; havíamos acabado de sair de uma Ditadura Militar à época dessa produção cinematográfica. O filme se chama Brazil porque representa o paraíso coloridos de cores neons onde a música-tema faz lembrar o carnaval e festas e mais festas? Ou também o filme se chama Brazil porque representa paraíso cor neon carnaval e festas e pessoas manipuladas e ditadura e o único país latino americano que anistiou seus torturadores e etc etc etc? Enfim, uma reflexão pessoal que pode não condizer com o real intento do diretor, mas que ficou martelando na minha cabeça...
Vindo agora de uma conversa com a diretora Nara Normande, aqui em Maceió, e me sentindo encantada com a bela obra que é esse filme. Ela contou e mostrou um pouco da dura produção de um stop motion, da duração desse trabalho que foi de 4 anos... E esse céu maravilhoso de Van Gogh!!!!!!!!! Tirou vários sorrisos dos meus olhos. Parabéns pela belíssima obra, Nara Normande!
Fui ao cinema com certa ansiedade para assistí-lo. Havia lido uma reportagem com umas falas do diretor e fiquei encantada achando que o filme versaria sobre política, mas não! A política e a corrupção - que tanto prometiam - são apenas pano de fundo (bem de fundo) para a história de Cris, protagonista de um casamento e de um caso extraconjugal. E o enredo se desenrola de uma maneira muito monótona. Só a fotografia e o som que foram impecáveis. Enfim, esperava mais desse filme!
Um filme primoroso e bastante angustiante. De um gole em seco passei todos os 114 minutos de enredo. Senti a consternação daquelas personagens, tanto de Val (Regina Casé) e sua filha Jéssica, como de Bárbara (a dona da casa). Sim, me pus no lugar da patroa também, sem o falso moralismo de bipolarizar tudo entre coitadinhos e ricões malvados.
Veja, estamos tratando de uma relação "patrão-empregado" antes de tudo, mas que vai além do vínculo empregatício para o vínculo familiar, como no próprio filme é dito: "Você é 'praticamente' família". Claro, uma empregada doméstica que mora na casa em que trabalha e que criou o filho dos patrões como se seu fosse, mas que sabe muito bem os limites que lhes foram impostos (o seu quarto nos fundos da casa, a piscina que não pode entrar, etc). Até que o surgimento da filha dessa empregada sacode com essa relação tão bem estabelecida e cumprida; pois por não se ver como uma funcionária daquela casa tal qual a mãe o é, não se comporta como o esperado. E se fosse até aí, tudo bem. Masss.... Jéssica não é da família, Jéssica não é nem uma visita da família. Jéssica é uma hóspede da empregada doméstica da família. Por suposto, haveríamos de esperar que ela se comportasse dentro dos mesmos espaços delimitados para sua mãe. Ao invés disso, ou de ao menos ser alheia a tais limites, ela os transpõe; o ponto alto disso é o flagra do sorvete. Como alguém que era uma "visita" fica tão à vontade como se estivesse na própria casa? Ao transpor a convenção de comportamentos pré-estabelecidos, ela cria uma desarmonia nas relações sociais daquele local. E tal qual uma leoa que protege sua cria, Bárbara reage àquela afronta, àquela invasão de privacidade e reafirma o lugar de cada qual. Não quero me referir aqui a um lugar de "detentor da riqueza e explorado", mas apenas ao lugar de contratante e contratado segundo a autonomia das vontades, reservados as suas respectivas funções. Antes de qualquer relação afetiva, há a relação empregatícia, a primeira, decorrente da qual existem ramificações. Agora, se desde o começo acordado fosse uma relação muito mais horizontal, de inserção no seio familiar daquele que emprega, as implicações seriam outras. Nesse ponto, o questionamento se volta para as regalias e liberdades que surgem num procedimento como este.
Ao final do filme fica claro que Jéssica é aquele tipo de "personagem transformador" na história do protagonista. De repente, é como se Val enxergasse que não é tão bem tratada como achava ser e se demite. Mais do que isso, Val percebe que devotou seus tantos anos a cuidar de uma casa que não era a sua, de criar um filho que não era o seu e decide então viver para sua filha e seu neto. --- Mas não é assim que o fazem - e devem fazer - os empregados insatisfeitos?! E não é louvável que uma vez que aquele negócio já não mais lhe é agradável e lucrativo que seja abandonado/substituído?! Por tudo isso, me vi no lugar de Val, Jéssica e Bárbara, e odiei as três, e tive compaixão pelas três e compreendi (com certo carinho) suas respectivas ações. Por uma intriga tamanha de sensações, saí da sala de cinema quieta, muda, e com o coração profundamente angustiado.
É evidente que a proposta do diretor foi de fazer um filme sobre o relacionamento de Salvador Dalí e Federico Garcia Lorca, porém o longa é de todo superficial, sente-se a falta de maiores informações sobre os dois, juntos.
Por que Salvador Dalí reagia tão repulsivamente com seu amado? Não há uma abordagem sequer de cunho psicológico, nem uma possível jucastificativa. E aquele relacionamento estranho com a russa? Apenas menciona-se, caso o tivessem explorado na trama entenderíamos o porquê de Dalí ter agido como agiu com Garcia Lorca
Suas carreiras passam como pano de fundo, o que não me agradou também, porém é compreensível pelo foco na relação dos dois. E por fim, não gostei da atuação de Robert Pattinson.
Essa citação me lembrou da personagem Annabel e sua insistente busca pelo conhecimento sobre as aves marinhas:
"Enquanto era preparada a cicuta, Sócrates estava aprendendo uma ária com a flauta. Para que servirá?, perguntaram-lhe. Para aprender esta ária antes de morrer." (Cioran)
Grande atores para um filme tão corrido. Um desperdício! Não gosto desse formato de roteiro que tenta retratar várias histórias e acaba por retratar nenhuma. Nada fica aprofundado. É um filme ainda legal de se ver, mas que não "fica". O assisti dois dias atrás e pensando nele quase não lembro mais de nada. É um roteiro que não fixa, frágil em sua fragmentariedade.
A atuação de Jake Gyllenhaal não foi excelente, como disseram abaixo. Nem mesmo boa. Foi sim mediana! Em alguns momentos ele acertou, mas o que ficou perceptível é que ele não soube segurar o perfil psicopata-manipulador durante todo o filme. Havia fraqueza de gestos ou do tom da fala, para um personagem que se predispunha tão forte. E o roteiro do filme é razoável. Pesando esses dois fatores, dou 2,5 de estrela.
Um herói. O que resiste. O que parou o tempo. E nadou contra a maré. Um grande personagem. Des-per-so-na-li-za-do. Um grito inaudível. Não dito. Imortalizado na garganta. Daquele que dorme.
Nessa hora o personagem do Cameron cresce de uma forma absurda, dando uma reviravolta no filme e um tapa na cara da adolescência controladinha e com medo de ousar. Mais fantástico ainda é a reação de Cameron quando
O cara simplesmente aperta o botão do "foda-se" e manda ver. Achei que a personagem da garota ficou muito apagada, parece que serviu apenas para preencher a cota de garota bonita no filme e gerar o ar de romance (sempre necessário - pq? - no cinema americano). Ferris Bueller (Matthew Broderick) fica com todo o charme de um garoto popular e desejado pelo colégio inteiro, inclusive pela ala masculina, representando muito bem esse papel.
Um bom filme. Um verdadeiro clássico da década de 80, como disseram abaixo. Vale uma assistida!
Fuja
3.4 1,1K Assista AgoraO final cagou tudo.
À Meia Luz
4.1 96 Assista AgoraPerturbador e agoniante de tão real; de tão atual.
Assisti a esse filme na véspera do dia internacional da luta das mulheres (08.03.2021), justamente por ser este filme a inspiração para o termo “gaslighting”. Altamente foda.
A cena final da Ingrid Bergman é sensacional!! Atuação merecida de Oscar mesmo.
As Sufragistas
4.1 778 Assista AgoraQual é o livro que Maud segura nas mãos que foi passado entre as sufragistas? Vi que tinha na capa "Dreams" mas não achei a referência na internet. Agradeço se alguém souber informar.
Amigas com Dinheiro
2.5 277 Assista AgoraEsse filme me surpreendeu positivamente. Pelo título achei que fosse ser bem idiota, mas curti a história.
A Voz Suprema do Blues
3.5 541 Assista AgoraDiálogos excelentes! Fortes atuações.
Yellow Submarine
4.2 224 Assista Agora"It's all in your mind"
Os Incríveis 2
4.1 1,4K Assista AgoraNão vou colocar os marcadores de spoiler, porque acabaria cortando muito o texto. Então caso não queira saber de coisas não prossiga a leitura.
Começo fazendo um salve a esses remakes ou filmes-continuação (como o último dos ghosts busters que me veio à memória agora) que têm evocado o protagonismo feminino. Em Os Incríveis 2, as mulheres que claramente tinham um papel menos visionado, ou em alguns casos coadjuvantes mesmo, ganham os holofotes e arrebentam a cena! De um lado temos a heroína Mulher-Elástica escolhida para atuar sozinha na missão de mostrar ao mundo que os heróis merecem sair da ilegalidade e que, por ter sido escolhida em detrimento do Sr. Incrível, este se vê com o ego ferido e relegado unicamente ao trabalho doméstico (amei essa inversão de “papéis” haha, ficou muito divertida!). Do outro lado temos a vilã, a nerd gênio por trás de todo império empresarial de telecomunicações, a mulher inteligente por trás do irmão carismático, que revela toda sua personalidade vil em querer acabar com os heróis, mas sob o interessante argumento de querer acordar as pessoas da eterna inércia que a vida urbana-tecnológica trouxe/impôs a elas. Desse modo, temos os pólos do bem e do mal protagonizados muito habilmente por mulheres, mostrando que é possível quebrar com o paradigma do herói masculino que regeu o mundo do cinema, literatura e afins durante tanto tempo. A personagem da Violeta também cresce e amadurece frente aos nossos olhos, entre dilemas adolescentes de amor e a responsabilidade de irmã mais velha. O Sr. Incrível, descontente de início, parece cada vez mais conseguir dar conta da casa e desapegar do sentimento de “humilhaçãozinha” por ter sido preterido à sua mulher antes.
Que o protagonismo feminino venha cada vez com mais força nesses filmes de heróis, principalmente nos de classificação livre para que as crianças de agora já cresçam vendo na tela o empoderadamento feminino de uma forma tão natural que nem sequer questionem seu posicionamento ali.
PS.: Adorei quando a Edna apareceu. Tava torcendo por revê-la nesse filme, infelizmente foi bem rápido.
PS 2.: Adorei a cena que Helena, a Mulher Elástico, tá conversando com Roberto, o Sr. Incrível, em que põe em cheque suas distinções de posicionamento quanto ao retorno dos heróis à ativa. Ela parece ter aceitado que as leis os colocaram na ilegalidade e, talvez, num sentimento mais de preservação de família só pensa em como melhorar a situação de vida financeira; enquanto ele contrapõe o argumento dizendo que a lei é que está errada, e que eles não devem abaixar a cabeça e aceitar, mas sim lutar para que o mundo os aceite como eles são. Levantou bradamente a bandeira da tolerância. Ponto para o Sr. Incrível aqui.
PS 3: Medo daquele bebê-demônio que é o Zezé huhuhu.
A Teta Assustada
3.7 171Primeira película peruana que assisto e fiquei extasiada! A primeira cena, que começa ainda sem imagem, apenas com o canto da mãe da protagonista, é muito forte! É a cena mais linda de todo o filme, e anuncia a força da narrativa que será contada ali.
Com uma trama densa, as atuações são muito bem sustentadas na figura da personagem principal interpretada pela atriz Magaly Solier, que soube expressar tanto com seu olhar - mais do que sua boca poderia nos dizer.
Os temas abordados como:
A doença da teta assustada, criada a partir do imaginário social de uma pequena comunidade no interior peruano; a desigualdade social existente na sociedade peruana (que não é diferente do restante da América Latina) fica evidente a partir da relação de trabalho da protagonista e a patroa; a crueza com que esta age no final ao sair da apresentação do teatro, largando-a na rua; e o mote principal do medo da personagem em relação aos homens, junto a uma amizade inesperada com o jardineiro e à coragem para retirar a batata de dentro de seu corpo.
Destaque para a fotografia e direção de arte em geral. Muito feliz por essa grata surpresa que foi descobrir o cinema peruano a partir da direção de Cláudia Llosa como um cinema de grande qualidade.
O Amor em Fuga
4.1 92 Assista AgoraEsse é um filme de um cineasta que se sabe grande, que tem consciência da extensão da obra que criou. O amor em fuga marca o fim da sequência das cinco aparições de Antoine Doinel, e cria um marco conclusivo na filmografia de Truffaut. Se faz de um modo bem redondinho; resgatando cenas dos filmes anteriores, fechando todas as pontas - se é que haviam ficado soltas para algum espectador. E é uma delícia de se assistir, de ver pela "última" vez o andar (meio corrido meio estabanado) e as expressões faciais tão únicas que Jean-Pierre Léaud dá ao personagem de Antoine. Léaud cresceu aos nossos olhos, vivenciando situações tão pitorescas (e que nós nos identificamos tanto), muitas vezes inspiradas em fatos da própria vida de Truffaut. Le quatre cents coup, Antoine et Colette, Baiser Volés, Domicile Conjugal e L'amour en fuite formam uma obra forte, mas cheia de leveza. Uma maravilha de se assistir!
1922
3.2 798 Assista AgoraUma merda.
Colegas
3.4 606 Assista AgoraEsse filme acerta na sua principal referência filmográfica: Thelma & Louise. Para quem não assistiu a esse último, trata-se de um filme inovador a época por colocar a mulher num patamar de independência. A mulher como agente capaz de largar o marido e o trabalho, a vida conservadorazinha que levava; a mulher como agente capaz de cometer crimes, de viver a vida conforme sua vontade. Em Colegas, a quebra de paradigmas é similar. Stallone, Aninha e Márcio partem para uma aventura reivindicando a autonomia e capacidade de agir como sujeitos de direitos que são. Gostei muito dessa abordagem. O diretor e o roteirista foram felizes em retratar a temática da pessoa com deficiência sob a perspectiva de um olhar diferente e inovador. Um bom filme!
A Descoberta
3.3 388 Assista AgoraPosso conceituar The Discovery como um filme "OK".
É legal, vai envolvendo bacana... Mas nos últimos 5 minutos de filme o roteiro força uma reviravolta à la Christopher Nolan, talvez na tentativa de chegar perto do que o Nolan faz, mas não, não chega nem aos pés! E não emplaca!
Serve como entretenimento, mas é tão prepotente no que se propõe a ser, frente ao que realmente é, que decepciona um bocado. Enfim, vale uma conferida para formar opinião!
10.000 Km
3.6 127 Assista AgoraRegada de umas boas cervejas me pus a procurar um filme de romance, e encontrei esse na lista do Netflix. Que filme! Passei 1h40min segurando uma breja na mão e o coração na outra. Muito cru(el), real, um soco em forma de lágrimas que se apertavam para passar estreitas na bochecha... Já virou um de meus filmes de romance favoritos!!
Brazil, o Filme
3.8 404 Assista AgoraUm filme demasiado intrigante! Lembra muito a sociedade criada por George Orwell em 1984, mas com suas peculiaridades - ou melhor, com a cara de Terry Gilliam!
Contém spoiler:
Para além das características descritas abaixo, e que concordo em sua maioria, gostaria de trazer a discussão outra: o protagonista, Sam Lowry. Um completo babaca! Um verdadeiro anti-herói. Um funcionário público, cuja satisfação estava em servir bem ao seu chefe no seu departamentozinho desinteressante e não-importante, até que lhe ocorre uma situação interessante: (1) o operador de máquinas foragido aparece em sua casa e a reação de Lowry é não delatá-lo (por quê?). (2) A história vai se desenrolando e vemos que ele não combina com o estilo hiperconsumista de sua mãe obcecada em cirurgia plástica, ao passo em que não a critica. (3) Após isso, o encontro com a garota de seus sonhos; e é nesse ponto que ele joga tudo para o ar (trabalho, principalmente) para salvá-la de ser presa. (adendo: mas ela iria ser presa mesmo? afinal os "guardas/seguranças" são chamados por conta da confusão criada pelo próprio Sam no subsolo do Ministério de Recuperação da Informação). Ele então começa a agir contra o sistema no intuito de fugir do mesmo e poder viver o seu amor longe daquela realidade, mas ele não age contra o sistema por conta do que ele representa. Sam não tem a mesma noção que os "terroristas" têm de viverem num regime totalitário e vigilante. Tudo o que Sam faz, e isso fica bem claro, é em prol desse sonho da mulher dos cabelos longos loiros e esvoaçantes que o encanta nos sonhos. A própria Jill tira sarro dele quando pergunta quantos terroristas ele tinha conhecido na vida ("hoje é meu primeiro dia!"). A meu ver é esse o ponto mais crítico do enredo: um protagonista totalmente manipulado que resolve se incitar contra o sistema mas não por ser contra ele de fato, não por ter consciência política, mas por uma simples satisfação sexual. Trata-se na real de um protagonista politicamente desinteressado, desconcientizado, em que suas ações são apenas passionais. E, talvez, por isso o filme se chame Brazil; havíamos acabado de sair de uma Ditadura Militar à época dessa produção cinematográfica. O filme se chama Brazil porque representa o paraíso coloridos de cores neons onde a música-tema faz lembrar o carnaval e festas e mais festas? Ou também o filme se chama Brazil porque representa paraíso cor neon carnaval e festas e pessoas manipuladas e ditadura e o único país latino americano que anistiou seus torturadores e etc etc etc? Enfim, uma reflexão pessoal que pode não condizer com o real intento do diretor, mas que ficou martelando na minha cabeça...
Dia Estrelado
3.7 4Vindo agora de uma conversa com a diretora Nara Normande, aqui em Maceió, e me sentindo encantada com a bela obra que é esse filme. Ela contou e mostrou um pouco da dura produção de um stop motion, da duração desse trabalho que foi de 4 anos... E esse céu maravilhoso de Van Gogh!!!!!!!!! Tirou vários sorrisos dos meus olhos. Parabéns pela belíssima obra, Nara Normande!
O Fim e os Meios
2.5 14Fui ao cinema com certa ansiedade para assistí-lo. Havia lido uma reportagem com umas falas do diretor e fiquei encantada achando que o filme versaria sobre política, mas não! A política e a corrupção - que tanto prometiam - são apenas pano de fundo (bem de fundo) para a história de Cris, protagonista de um casamento e de um caso extraconjugal. E o enredo se desenrola de uma maneira muito monótona. Só a fotografia e o som que foram impecáveis. Enfim, esperava mais desse filme!
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraUm filme primoroso e bastante angustiante. De um gole em seco passei todos os 114 minutos de enredo. Senti a consternação daquelas personagens, tanto de Val (Regina Casé) e sua filha Jéssica, como de Bárbara (a dona da casa). Sim, me pus no lugar da patroa também, sem o falso moralismo de bipolarizar tudo entre coitadinhos e ricões malvados.
Veja, estamos tratando de uma relação "patrão-empregado" antes de tudo, mas que vai além do vínculo empregatício para o vínculo familiar, como no próprio filme é dito: "Você é 'praticamente' família". Claro, uma empregada doméstica que mora na casa em que trabalha e que criou o filho dos patrões como se seu fosse, mas que sabe muito bem os limites que lhes foram impostos (o seu quarto nos fundos da casa, a piscina que não pode entrar, etc). Até que o surgimento da filha dessa empregada sacode com essa relação tão bem estabelecida e cumprida; pois por não se ver como uma funcionária daquela casa tal qual a mãe o é, não se comporta como o esperado. E se fosse até aí, tudo bem. Masss.... Jéssica não é da família, Jéssica não é nem uma visita da família. Jéssica é uma hóspede da empregada doméstica da família. Por suposto, haveríamos de esperar que ela se comportasse dentro dos mesmos espaços delimitados para sua mãe. Ao invés disso, ou de ao menos ser alheia a tais limites, ela os transpõe; o ponto alto disso é o flagra do sorvete. Como alguém que era uma "visita" fica tão à vontade como se estivesse na própria casa? Ao transpor a convenção de comportamentos pré-estabelecidos, ela cria uma desarmonia nas relações sociais daquele local. E tal qual uma leoa que protege sua cria, Bárbara reage àquela afronta, àquela invasão de privacidade e reafirma o lugar de cada qual. Não quero me referir aqui a um lugar de "detentor da riqueza e explorado", mas apenas ao lugar de contratante e contratado segundo a autonomia das vontades, reservados as suas respectivas funções.
Antes de qualquer relação afetiva, há a relação empregatícia, a primeira, decorrente da qual existem ramificações. Agora, se desde o começo acordado fosse uma relação muito mais horizontal, de inserção no seio familiar daquele que emprega, as implicações seriam outras.
Nesse ponto, o questionamento se volta para as regalias e liberdades que surgem num procedimento como este.
Ao final do filme fica claro que Jéssica é aquele tipo de "personagem transformador" na história do protagonista. De repente, é como se Val enxergasse que não é tão bem tratada como achava ser e se demite. Mais do que isso, Val percebe que devotou seus tantos anos a cuidar de uma casa que não era a sua, de criar um filho que não era o seu e decide então viver para sua filha e seu neto.
--- Mas não é assim que o fazem - e devem fazer - os empregados insatisfeitos?! E não é louvável que uma vez que aquele negócio já não mais lhe é agradável e lucrativo que seja abandonado/substituído?!
Por tudo isso, me vi no lugar de Val, Jéssica e Bárbara, e odiei as três, e tive compaixão pelas três e compreendi (com certo carinho) suas respectivas ações. Por uma intriga tamanha de sensações, saí da sala de cinema quieta, muda, e com o coração profundamente angustiado.
Poucas Cinzas: Salvador Dalí
3.4 316É evidente que a proposta do diretor foi de fazer um filme sobre o relacionamento de Salvador Dalí e Federico Garcia Lorca, porém o longa é de todo superficial, sente-se a falta de maiores informações sobre os dois, juntos.
Por que Salvador Dalí reagia tão repulsivamente com seu amado? Não há uma abordagem sequer de cunho psicológico, nem uma possível jucastificativa. E aquele relacionamento estranho com a russa? Apenas menciona-se, caso o tivessem explorado na trama entenderíamos o porquê de Dalí ter agido como agiu com Garcia Lorca
Suas carreiras passam como pano de fundo, o que não me agradou também, porém é compreensível pelo foco na relação dos dois.
E por fim, não gostei da atuação de Robert Pattinson.
Inquietos
3.9 1,6K Assista AgoraEssa citação me lembrou da personagem Annabel e sua insistente busca pelo conhecimento sobre as aves marinhas:
"Enquanto era preparada a cicuta, Sócrates estava aprendendo uma ária com a flauta. Para que servirá?, perguntaram-lhe. Para aprender esta ária antes de morrer." (Cioran)
360
3.4 928 Assista AgoraGrande atores para um filme tão corrido. Um desperdício!
Não gosto desse formato de roteiro que tenta retratar várias histórias e acaba por retratar nenhuma. Nada fica aprofundado.
É um filme ainda legal de se ver, mas que não "fica". O assisti dois dias atrás e pensando nele quase não lembro mais de nada. É um roteiro que não fixa, frágil em sua fragmentariedade.
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraA atuação de Jake Gyllenhaal não foi excelente, como disseram abaixo. Nem mesmo boa. Foi sim mediana! Em alguns momentos ele acertou, mas o que ficou perceptível é que ele não soube segurar o perfil psicopata-manipulador durante todo o filme. Havia fraqueza de gestos ou do tom da fala, para um personagem que se predispunha tão forte.
E o roteiro do filme é razoável. Pesando esses dois fatores, dou 2,5 de estrela.
Um Homem que Dorme
4.4 195Um homem no meio da cidade. Apenas mais um...
Um herói. O que resiste. O que parou o tempo. E nadou contra a maré.
Um grande personagem. Des-per-so-na-li-za-do.
Um grito inaudível. Não dito. Imortalizado na garganta. Daquele que dorme.
Leviatã
3.8 299Fotografia: 10
Som: 10
De resto: boriiiiing zzzzzzzzZZZZZZzzzzZZZZZ
Curtindo a Vida Adoidado
4.2 2,3K Assista AgoraO grande momento do filme se dá na cena da
destruição do carro do pai de Cameron
Nessa hora o personagem do Cameron cresce de uma forma absurda, dando uma reviravolta no filme e um tapa na cara da adolescência controladinha e com medo de ousar. Mais fantástico ainda é a reação de Cameron quando
o carro despenca da casa e é por fim perdido
Achei que a personagem da garota ficou muito apagada, parece que serviu apenas para preencher a cota de garota bonita no filme e gerar o ar de romance (sempre necessário - pq? - no cinema americano).
Ferris Bueller (Matthew Broderick) fica com todo o charme de um garoto popular e desejado pelo colégio inteiro, inclusive pela ala masculina, representando muito bem esse papel.
Um bom filme. Um verdadeiro clássico da década de 80, como disseram abaixo. Vale uma assistida!