Madame Rosa (Sophia Loren, estupenda), conhece um jovem Momo (Ibrahima Gueye), uma senhora de 86 anos com atitudes fortes e que teve uma vida muito difícil, mas ao mesmo tempo apaixonada pela vida. Eles passam muito tempo juntos e, durante esta intensa convivência, ela o apresenta a beleza da existência. ''Rosa e Momo'', claro, vai ainda mais além de um drama que discute comportamento. Além de promover a quebra de paradigmas e de preconceitos, o filme também nos diz sobre os sentimentos que transitam entre a vida e a morte, e isso de um modo que conjuga com maestria comédia e drama, numa pegada que permite que um gênero invada o outro apenas na metade do filme...o equilíbrio é patente. A veterana atriz Sophia Loren dá um show de interpretação como Rosa, uma senhora quase nonagenária. Por outro lado, por sua interpretação, o ator estreante Ibrahima Gueye, é uma adorável revelação. A química entre os dois atores é perfeita. Mas o filme é mesmo de Loren, profundamente comovente e encantadora, fazendo-nos torcer por sua personagem e sua felicidade de tal forma que é difícil ficar impassível pelo que se desenrola diante de nós.
Fisicamente, é um marco: nenhum produtor nas últimas décadas reuniu um vasto oceano de extras ou uma área impressionante de gesso como Samuel Bronston fez em seu estúdio espanhol, e nenhum diretor no estábulo de Bronston poderia usá-lo melhor do que Anthony Mann. No mundo cinematográfico culturalmente aspirante de 1964, foi possível filmar a mesma história básica de "Gladiador" e, na verdade, o imperador moribundo Marcus Aurelius usar uma frase como "Pax Romana". Alec Guinness interpreta Aurelius como um intelectual cansado que quer uma paz romana na qual todos os estrangeiros possam se unir, não como escravos ou como clientes, mas como cidadãos. Infelizmente para Aurelius, mas talvez para o público, o sucessor de Aurelius, Commodus, interpretado aqui pelo exuberante Christopher Plummer, abandona o Pax Romana e transforma Roma em um império de campo. Sophia Loren (no auge da beleza, na época ela recebeu ao lado de Elizabeth Taylor, o maior salário pago a uma mulher no cinema), eleva o nível de entretenimento como filha de Aurelius, especialmente quando o heróico Stephen Boyd a faz se sentir novamente virgem vestal.
Os Girassóis da Rússia, uma das mais belas histórias de amor do cinema. Dirigido pelo mestre Vittorio De Sica, este clássico romântico tornou-se um dos maiores sucessos da dupla Sophia Loren e Marcello Mastroianni. Emocione-se com a história de um casal separado pela Segunda Guerra. Após anos sem notícias, ela viaja para a Rússia em busca do marido, atravessando cidades e campos de girassóis. Quando enfim ela o encontra, percebe que algo mudou entre eles. Com linda fotografia do grande Giuseppe Rotunno e música inesquecível de Henry Mancini (indicada ao Oscar de Melhor Trilha Sonora é de arrepiar), Os Girassóis da Rússia é um filme indispensável. Sophia Loren ganhou mais uma vez o David di Donatello Awards (o Oscar italiano), de Melhor Atriz.
Nine é um extraordinário, sensacional banquete para os olhos. O filme tem uma beleza visual acachapante, estonteante, que é ainda mais realçada pela maravilhosa mistura de fotografia em cores esplendorosas com um não menos esplendoroso preto-e-branco. Cada tomada parece uma cuidadosa pintura, quase como nas produções mais requintadas do mestre Kurosawa. Mas a beleza maior, é claro, é das atrizes. Nine é candidato ao título de o filme que reúne mais mulheres estonteantemente belas de todos os tempos. Meu Deus do céu e também da terra: Marion Cotillard, Penélope Cruz, Kate Hudson, Fergie, Nicole Kidman, Sophia Loren (esplendorosa, aos 75 anos). É de deixar qualquer voyeur tonto. Louras, morenas, ruiva, todas lindíssimas, vindas de diversos países – França, Espanha, Estados Unidos, Austrália, Itália, Inglaterra… Cacilda! E, no meio desse absurdo harém, um dos maiores atores do cinema, Daniel Day-Lewis. É claro quem viu Sophia Loren [em Duas Mulheres (1961), e Um Dia Muito Especial(1977)] e Judi Dench [em Sua Majestade, Mrs. Brown (1997), e Notas Sobre um Escândalo (2006)], são poderosas, que quanto mais idosas melhores ficam, se falar em Maggie Smith, Vanessa Redgrave, Helen Mirren... Um luxo de elenco, um luxo de direção de arte, de figurinos, de montagem, de fotografia… Todo mundo está cansado de saber que Nine se baseia num musical da Broadway, que por sua vez se baseia em Oito e Meio, o filme de Federico Fellini de 1963. Em Oito e Meio, o cineasta Guido Anselmi – o retrato escarrado do próprio autor, seu alter-ego perfeito, só que mais belo, na pele de Marcello Mastroianni – vive as situações que o musical da Broadway copiou. Tanto que o personagem central, interpretado por Daniel Day-Lewis, também se chama Guido, Guido Contini – um sobrenome que remete diretamente a Fellini. O Guido de Fellini tinha em volta de si Claudia Cardinale, Anouk Aimée, Sandra Milo. Timinho danado de belo. Oito e meio é um dos dez maiores filmes de todos os tempos, não deveria ter comparação, mas(...) Por tudo isso, me chocou o fato de que, nos créditos finais de Nine, longos, longuíssimos, detalhadíssimos, como atualmente se usa, não haver sequer uma menção a Oito e Meio e a Federico Fellini. Muito doido, isso. O filme tem mais a cara de Bob Fosse, por que é um musical do que de Fellini. As seqüências iniciais de Nine fazem lembrar tanto Oito e Meio quanto All That Jazz – o filme abre com Guido Contini dando uma entrevista coletiva, e em seguida vamos para um estúdio na Cinecittà, um set de filmagens, onde Guido, misturando realidade e fantasia, se vê rodeado pelas mulheres importantes de sua vida: a mãe (Sophia Loren, gloriosa aos 75 anos), a mulher (Marion Cotillard), a amante (uma Penépole Cruz gostosérrima, em uma dança sensual), a estrela e musa (Nicole Kidman, a única que me incomodou um pouco, um tanto gélida demais), a figurinista e velha amiga Lilli (Judi Dench), e dezenas de outras. Ali estão Fellini e Fosse, através da direção de Rob Marshall. Pois é. É belíssimo, é suntuosamente bem feito, é muito bom – mas, para mim, não chega a ser um grande filme, mas de jeito nenhum merece ser tão criticado como foi. Nine teve quatro indicações ao Oscar (mas não venceu em nenhuma categoria): atriz coadjuvante para Penélope Cruz, canção (“Take it all”), figurinos e direção de arte. Venceu cinco outros prêmios e teve outras 32 indicações. O roteiro foi um dos últimos trabalhos do inglês Anthony Minghella (1954-2008), o diretor de O Paciente Inglês e Cold Mountain. Nos créditos finais, o filme é dedicado à sua memória. Kate Hudson Daniel Day-Lewis Fergie Penélope Cruz Marion Cotillard Nicole Kidman Judi Dench Sophia Loren, ganharam o Satellite Awards de Best Ensemble, Motion Picture e concorreram na mesma categoria no Screen Actors Guild Awards.
Primeira grande atuação de Sophia Loren, Aida interpretada por Loren com muita garra tem a voz vindo da garganta da soprano de renome mundial Renata Tebaldi, e foi perfeitamente sincronizado com os movimentos da atriz nos lábios, uma tarefa que se não fosse uma atriz hábil poderia ter sido um desastre, mas Sophia aproveita essa primeira chance com perfeição. Antes de filmar, Sophia Loren passou duas semanas ouvindo gravações, da diva Renata Tebaldi, feitas com o propósito deste filme. Ela teve que aprender todas as árias que move com os lábios e coincidir com a voz da grande cantora. Durante quatro horas por dia em pé na frente de um espelho, tentando obter a compatibilidade de cada palavra cantada com meios de tais atos de expressão, tais como expressões faciais e gestos. O filme é uma adaptação cinematográfica da ópera de Verdi. Aida do diretor Fracassi é especialmente notável pelo seu uso de maquiagem escura no rosto e no corpo de Loren, e o grosso trançado no cabelo que ela usava; uma aparente tentativa de agregar autenticidade ao seu retrato de uma princesa egípcia africana.
O filme é dirigido com vivacidade pelo diretor Alessandro Blasetti, sempre mestre do ofício e uma química preciosa do trio central Sophia Loren, Vittorio De Sica e Marcello Mastroianni, com belíssima fotografia do veterano Aldo Giordani. O filme é um belo exemplo da comédia italiana dos anos 50 e 60, e explora muito bem as mudanças sociais e econômicas que afetaram a sociedade italiana do pós-guerra. Destaque para Mastroianni dirigindo seu táxi, castigando a si mesmo depois de perceber que ele se apaixonou por uma bela, mais trambiqueira Loren. Sua gama de expressões faciais e auto-aversão são hilariantes. A química entre os jovens Loren e Mastroianni é fenomenal, bem como o retrato do pai de Loren e chefe de uma família de ladrões de De Sica. Mastroianni interpreta um motorista de táxi ingênuo que continua caindo nos encantos de uma estelionatária Loren com suas falas rápidas, gestos precisos e olhar pecaminoso, a dupla Loren e Mastroianni, já tinham participado dos filmes ''Nossos Tempos'' (um filme de episódios onde eles não contracenam), e ambos como figurantes em ''O Coração no Mar'' (1950). Esse é o primeiro em que atuam como dupla, foi um grande sucesso, uma delícia de comédia. Sophia Loren só não rouba todas as cenas, pois está na mais perfeita companhia de Vittorio De Sica e Marcello Mastroianni, é impossível não ficar encantado por sua simpatia e por sua naturalidade em frente as câmeras.
Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Ator Coadjuvante, Trilha Sonora, Fotografia, Direção de Arte, Figurinos e Edição, no ano de 1951. Quo Vadis é muito mais que um clássico é uma lenda do cinema! A versão de MGM, é opulenta, tem garra e força e grandes interpretações, o épico Quo Vadis oferece um elenco espetacular para coincidir com a sua produção esmagadora, trazendo um Peter Ustinov num dos seus mais caprichosos papéis, fazendo seu Nero louco um grande momento, Leo Genn como Petronius, não fica atrás, não à toa que ambos foram indicados ao Oscar pelos seus papéis; além de Deborah Kerr, Patricia Laffan,Finlay Currie, tem Sophia Loren, Bud Spencer, Adrienne Corri, todos em começo de carreira e uma ponta de Elizabeth Taylor, tudo de primeira. Conduzido pelo produtor Sam Zimbalist, “Quo Vadis” foi a quarta adaptação (sendo as outras de 1901, 1912 e 1924) do romance que Henryk Sienkiewicz publicara em 1896, e no qual unira habilmente dois temas que prenderiam as atenções nesta época do cinema de Hollywood, o contexto bíblico, e o Império Romano. Para o realizar foi chamado Mervyn LeRoy, um realizador que sempre se confessou inspirado pelos épicos dos anos 1920 de Cecil B. DeMille, e que ganharia fama como realizador de filmes de gangsters e de musicais, tendo chegado a chefe de produção da MGM onde foi o responsável pelo sucesso “The Wizard of Oz'' (1939). Podendo finalmente responder ao seu mestre, DeMille, LeRoy criou um dos mais grandiosos filmes de Hollywood até então, com ajuda do grande Anthony Mann. As inúmeras incorreções históricas, não estragam em nada esse grande espetáculo. Mas “Quo Vadis” destaca-se positivamente por muitos fatores, desde a força da sua história, às imagens de Roma. Toda a feérica sequência do incêndio fica na memória, bem como a sequência do martírio dos cristãos na arena (mesmo que não vejamos nenhuma cena explícita de morte, ficamos quase com a impressão de que vimos tudo). Finalmente, e porque ocupa uma parte central no filme, a composição do personagem de Nero por Peter Ustinov é marcante. Ustinov consegue divertir-nos ao mesmo tempo que nos horroriza com um Nero efeminado, decadente, fraco, infantil, prepotente, e a muitos níveis louco, quase como um personagem maior que a história. Provavelmente ninguém que veja “Quo Vadis” conseguirá depois conceber um Nero histórico diferente do de Peter Ustinov. “Quo Vadis” seria nomeado para oito Oscars da Academia, não tendo vencido nenhum, Já nos Globos de Ouro receberia os prêmios para melhor Fotografia, e Melhor Ator Secundário (Peter Ustinov). O filme foi um estrondoso sucesso de bilheteira, tendo sido o mais rentável filme de 1951.
Telefilme americano de 1986, que fez bastante sucesso na TV, baseado em fato real, cujo o grande destaque é a ótima atuação de Sophia loren. O filme começa com um encontro quente ao redor da mesa da família. Brindes estão sendo feitas com vinho. De repente, a porta da cozinha se abre e aí Mama entra, anunciando que ela tem mais massas. Mas espere. Esta não é uma mãe comum. Esta é Sophia Loren, jogando Marianna Miraldo no filme de televisão de três horas intitulado '' coragem '' para CBS. Senhorita Loren ainda pode comandar a atenção ou simplesmente ficar sentada e deixar o jogo de luz sobre aquelas maçãs do rosto fabulosas. Mas depois de cerca de 30 anos como uma estrela, ela claramente quer continuar a expandir suas oportunidades de atriz. Ela faz exatamente isso muito impressionante em '' coragem '' com um desempenho que é muito bem contido e ainda ferozmente apaixonado.
O roteiro de E. Jack Neuman é baseado em um factual de 1984, num artigo da revista por Michael Daly. Marianna Miraldo -o nome é um pseudônimo para fins de proteção - é uma mulher de Nova York que, perturbada com dependência de drogas de seu próprio filho, decide trabalhar disfarçada para o Federal Drug Enforcement Administration, que está ligado ao FBI e Departamento de Polícia da cidade. Seu trabalho é dito ter que ajudar a quebrar um anel de cocaína $ 3,5 bilhões, a maior apreensão desde o '' conexão francesa. '' O filme é feito de forma nítida, simples, com um elenco de apoio afiado Hector Elizondo, Billy Dee Williams, Corey Parker, Mary McDonnell e Dan Hedaya como um chefão particularmente ameaçador no mundo chamativo de drogas. Mas é Miss Loren que detém a produção em conjunto. O glamour familiarizado é atenuado drasticamente de forma para aparecer cansada, abatida e sofrida, a senhorita Loren capta o abatimento, mas determinada na essência de uma mulher comum que simplesmente decidi tomar medidas extraordinárias. Senhorita Loren tem uma história já bem absorvida e dá-lhe um estilo distinto que é rara em filmes de televisão. Muitos consideram sua melhor atuação junto com ''Aurora/Qualcosa di biondo'' (1984) nos aos 80.
O filme tem como base a obra-prima de Miguel de Cervantes, ''Dom Quixote'', muitas vezes considerada o primeiro romance moderno é um clássico da literatura ocidental e é regularmente considerada um dos melhores romances já escritos, transportar tudo isso para um filme e ainda mais um musical era uma tarefa de gigantes que os produtores suaram bastante para realizar; Estamos confrontados com uma história bastante complicada para começar (Cervantes, preso pela Inquisição, diz seu conto de bravura de Don Quixote a um grupo hostil dos companheiros de prisão). Há flashbacks e cenas de fantasia para acompanhar. O mistério de ter Peter O'Toole como ''Don Quixote De La Mancha / Miguel de Cervantes / Alonso Quijana'', que é um ator de talento considerável, concedido. Mas o que possui diretores para lançá-lo em musicais? Ele não pode cantar e ele sabe que não pode cantar. Então, ele estava em " Adeus, Mr. Chips " (1970), que era bom de qualquer maneira, porque eles estavam presos à linha de uma história simples, mas envolvente e raramente mostrou-lhe a cantar. Eles fizeram voice-overs de baixo chaveado às vezes, e deixava Petula Clark lidar com o material musical real. Mas agora O'Toole está de volta em outro musical; ele é o mais movimentado do filme! Por quê? Talvez por ter feito um clássico absoluto Lawrence da Arábia e o próprio musical já citado Adeus, Mr. Chips. O diretor Peter Glenville iria dirigir o filme mas se desentendeu com a produção e aí então que Arthur Hiller e Saul Chaplin se juntaram ao projeto, Hiller não se deu bem com O'Toole, que era amigo de Glenville, que não pretendia segundo alguns fazer desse filme exatamente um musical, o ator é extraordinário, mas parece distante algumas vezes. O fato de que o filme tinha passado por vários diretores e roteiristas, e que Peter O'Toole e Sophia Loren , que não eram cantores, tinham substituído Richard Kiley e Joan Diener nos papéis principais, podem ter influenciado as reações dos críticos ao filme na época, hoje revisto se percebe o enorme talento do filme. O mais espetacular que justamente nessa revisão que se percebe que o único desempenho que realmente é extraordinário é o de Sophia Loren. Ela pode cantar, mais ou menos, mais ela também pode irradiar calor e preocupação com toda a obra, é evidente que ela, é de todo o elenco que mais se entrega ao personagem, coisas que só uma grande atriz é capaz. Ela tem um tipo de papel ingrato (que já a colocou como a prostituta com um coração de ouro mais uma vez), mas ela se concentra em agir; ela não se deixa relaxar, porque é apenas um musical. Assim, seu papel funciona porque nos também nos preocupamos com isso. Além de Loren, o destaque vai para a bela fotografia de Giuseppe Rotunno, os figurinos e os cenários feitos pelo veterano Luciano Damiani, muito criticado na época, mas extremamente intencional nos seus tons solenes; é claro a bela trilha sonora de Laurence Rosenthal, indicada ao Oscar
Coronel americano envolvido em contrabando organiza complô para assassinar o general Patton, logo após a II Segunda Guerra Mundial. História intricada com elenco milionário e poderoso Sophia Loren, John Cassavetes, Robert Vaughn, George Kennedy, Patrick McGoohan, Max von Sydow, Bruce Davison, Edward Herrmann... A história diz que o General Patton morreu na Alemanha em 1945 na sequência de um acidente de automóvel, mas Frederick Nolan, que escreveu "The Algonquin Project" material de origem deste filme, se conectou em vários mistérios não resolvidos para fazer um caso de bambas para sua teoria da conspiração. Uma especulação que contém uma grande quantidade de violência, que o diretor John Hough não consegue controlar, muito por culpa do roteirista Alvin Boretz. O elenco de grandes atores parece pouco inspirado com exceção de Sophia Loren e Robert Vaughn, até o grande John Cassavetes não está bem. Mas vale uma boa olhada.
Belíssimas paisagens naturais em uma produção requintada, um elenco grandioso e poderoso Sophia Loren, James Coburn, Eli Wallach, Victor Mature, Anthony Franciosa, Vincent Gardenia, George Grizzard, entre outros... Mas a mão pesada do diretor Michael Winner, atrapalha o filme algumas vezes, ele chegou a culpar o ator Charles Bronson que tinha desistido de fazer o filme, o diretor alegou que grande parte da grade da equipe de pré-produção já estava no local no Caribe, e o filme quase encerrou sua produção, Coburn o substitui às pressas essa tal produção (Coburn é daqueles atores talentosos, cujo a máquina do cinema demora de lhe dar o devido valor, o ator pelo menos em vida viu seu trabalho ser reconhecido, antes tarde do que depois de morto, como muita das vezes acontece, ele ganhou um merecidíssmo Oscar de Ator Coadjuvante em 1999, aos 70 anos pelo filme Temporada de Caça/Affliction). Sophia que já estava na casa dos 50 anos continua linda e esbanjando charme e tem uma química perfeita com Coburn. Preste atenção para Jake LaMotta, o ex-pugilista cuja vida foi dramatizada no clássico ''Touro Indomável'' de Martin Scorsese, no ano seguinte, em uma parte de apoio do elenco. Um filme de ação como mais diálogos do que propriamente ação, a trama parece um pouco confusa, mas o elenco saboroso tira água de pedra, sem muito esforço. Viva a arte de interpretar.
É um mistério absolutamente insondável, inextrincável, por que alguns filmes fazem sucesso e outros não, recebem amplo reconhecimento e outros não, mesmo tendo grandes qualidades artísticas. Só para dar dois exemplos: Capote, de 2005, fez muito mais sucesso e teve mais reconhecimento crítico que Confidencial/Infamous, de 2006 – e os dois filmes contavam exatamente a mesma história, de como Truman Capote escreveu seu livro A Sangue Frio. Um era tão bons quanto o outro. O outro exemplo: tanto Feliz que Minha Mãe Esteja Viva, de Claude e Nathan Miller, de 2009, quanto O Garoto de Bicicleta, dos irmãos Dardenne, de 2011, os dois falados na mesma língua, o francês, abordam o mesmo tema, essa realidade trágica de que há pessoas que não deveriam jamais ter filhos, e mesmo assim têm. São duas belas obras. No entanto, o filme dos irmãos belgas foi premiadíssimo, enquanto o feito por pai e filho franceses não foi. É um mistério insondável, inextrincável, por que J. Edgar, o filme de 2011 de Clint Eastwood, não teve uma mísera indicação ao Oscar, nem mesmo nos quesitos técnicos, em que o filme brilha incontestavelmente, se tantos filmes do realizador foram indicados a vários prêmios nos últimos anos – e venceram em diversas categorias, incluindo as mais importantes. No Estadão, o jornalista Luiz Zanin Oricchio escreveu que o fato de o filme trazer à tona temas incômodos pode explicar por que ele foi “solenemente ignorado pelo Oscar”. A única explicação possível é política, ideológica: Amor e Ciúme mexe num vespeiro que ninguém gostaria que fosse tocado. Não há outra explicação. É a típica história onde um crime acontece, todo mundo sabe, mais se trata de poderosos e ninguém quer falar. Angelo Paterno foi morto por Vito Aci Catena, todos no país sabem disso, mas ninguém tem a coragem de testemunhar. Mas um militante socialista Rosario Maria Spallone (o grande Mastroianni, totalmente com uma aparência propositalmente desleixada), entra em cena é tenta induzir Titina Paterno (a fabulosa Sophia Loren, totalmente com uma aparência também propositalmente desleixada e selvagem, isso pode surpreender alguns fãs), para exigir a reabertura do caso, onde seu marido foi brutalmente assassinado. Tudo complica ainda mais com a chegada de Nicola Sanmichele detto 'Nick' (feito por outro ator italiano extraordinário Giancarlo Giannini), o primo de Paterno assassinado, que se tornou rico graças ao contrabando e mais de uma dúzia de assassinatos. A relação entre o recém-chegado e Titina se torna por sua vez inevitável. A trama vai por um terreno perigoso o da politica dos fascistas, a diretora e roteirista Lina Wertmüller já tratou de tramas assim, e sabe conduzir uma história. O filme detém o recorde no Guinness Book of World Records como o maior título de um filme na história do cinema, no Estados Unidos o filme foi intitulado simplesmente ''Revenge'', aqui no Brasil teve o título simplório de ''Amor e Ciúme'', mas estranhamente quando foi exibido na TV teve um título mais apropriado de ''Guerra de Sangue''. É claro que no jogo mortal de amor - como na guerra - há sempre um vencedor e um perdedor. Destaque para a poderosa e excepcional fotografia do veterano Tonino Delli Colli. Uma curiosidade Lina foi a primeira mulher a ser indicada ao Oscar de direção, Sophia foi a primeira estrangeira a ganhar um Oscar falando a própria língua materna, Marcello e Giancarlo também foram indicados ao Oscar. Esse quarteto junto só pode dar em boa coisa. Um filme que merece ser revisto e visto.
O que falar de um clássico, já tão comentado, onde praticamente só há dois atores em cena, mas que atores, MEU DEUS!!! Sophia Loren e Marcello Mastroianni, num verdadeiro duelo de titãs. Temos então aquela justaposição de um episódio da Grande História com uma pequena história de ficção, o macro e o micro, que costuma gerar grandes histórias, grandes filmes. E este aqui é um dos maiores de todos eles. O filme abre com um daqueles cinejornais que, até os anos 60, passavam nos cinemas antes da apresentação do filme principal: cenas reais, em preto-e-branco, do primeiro dia da visita de Hitler a Roma. Um locutor, com aquele timbre típico dos filmes de propaganda governamental, chapa-brancas, usa todos os tipos de adjetivos grandiloqüentos e vazios que se usam nas propagandas governamentais, chapa-brancas. É um longo cinejornal, que deve beirar aí uns cinco minutos. Termina anunciando que, no dia seguinte, os dois líderes se encontrarão novamente para assistir a um gigantesco desfile cívico-militar, ao qual todos os romanos deverão comparecer. E então, quando passamos do cinejornal preto-e-branco para o filme em cores, vemos uma mulher desfraldar gigantescas bandeiras com a suástica nazista num conjunto de diversos prédios de apartamento. Em seguida, há um magnífico, glorioso, espetacular plano-seqüência. A câmara vai mostrando um dos prédios, vai se aproximando da janela da cozinha de um apartamento – a cozinha do apartamento de Antonietta, a personagem de Sophia Loren. O plano-seqüência continua, sem corte algum: a câmara entra pela janela do apartamento e passa a seguir Antonietta. Ela está passando roupa; pega uma xícara de chá e vai andando pelo apartamento, acordando os filhos – um, dois, três, quatro. Perdi a conta do número de filhos. Antonietta depois dirá que são seis. E a câmara a segue pelos quartos da casa, sem corte algum. O penúltimo a ser acordado é o marido. No rápido diálogo entre ele e a mulher, em que ele reclama que ela está o incomodando desde as 5 horas da manhã e ela o informa de que já são quase 6, e ele reclama por ela não tê-lo chamado mais cedo, já ficamos sabendo como é a vida daquele casal. Em um único plano, uma única tomada, Scola e seus co-roteiristas definem a personalidade de Antonietta. É a mulher escrava, a trabalhadora braçal, a parideira, aquela criação clássica das sociedades machistas – a mulher que obedece sempre ao marido, que faz tudo o que ele manda, que não tem vida ou vontade próprias. Acontece, por mero acaso, de Antonietta ser uma mulher bonita. Mas os maquiladores, o figurinista, o diretor Scola e a própria Sophia Loren fizeram muito bem feito aquele trabalho de desglamourizar a atriz, a estrela linda, o monstro sagrado do cinema italiano; Antonietta nasceu bela, mas a vida a maltratou – é uma mulher cuja beleza foi enevoada pelo dia-a-dia de serva da casa. Há varias cenas antológicas no filme como quando vemos todos os moradores do conjunto de prédios descendo de seus apartamentos à mesma hora, para irem todos, como cordeirinhos, como manda o manual das ditaduras, aplaudir seu líder máximo. Scola, um dos maiores cineastas da Itália, esse país que tem uma das mais brilhantes cinematografias do mundo, adora o cinema, os filmes – e tem uma especial paixão por grandes afrescos, filmes que contam histórias que avançam por várias décadas, a Grande História atrás, emoldurando a história dos seus personagens. É fascinante ver como aqui ele optou pelo inverso: concentra toda a ação em um único dia, una giornata particolare, um dia muito especial tanto na Grande História quanto na história desses dois personagens afundados em sua profunda solidão. Ao reunir Sophia Loren e Marcello Mastroianni num conjunto habitacional de Roma, Scola estava também, de maneira óbvia, fazendo uma citação do cinema italiano. A maior estrela e o maior astro italianos dos anos 60 até os 80 já haviam trabalhado juntos em diversos filmes marcantes, de grande sucesso. É óbvio que, ao ver Um Dia Muito Especial, qualquer espectador italiano – ou brasileiro, ou australiano, ou egípcio, ou o que for – se lembraria do casal. Eles contracenaram em Casamento à Italiana, de 1964, de De Sica, nos três episódios de Ontem, Hoje, Amanhã, do mesmo ano e do mesmo De Sica, em Os Girassóis da Rússia, de 1970, também de De Sica, em A Mulher do Padre, de 1971, de Dino Risi. A seqüência de Ontem, Hoje, Amanhã em que Sophia faz um strip-tease diante de um entusiasmado Mastroianni é uma das mais antológicas do cinema italiano. E só por isso, por reunir os dois grandes atores, os dois monstros sagrados, neste filme, por estar assim citando obras importantes do cinema italiano, já seria de se aplaudir Um Dia Muito Especial. Sophia e Mastroianni estão, aqui, em papéis bem diferentes dos que foram mais usuais em suas carreiras, e por isso e muito mais se tornaram os mais famoso atores europeus a brilharem no mundo todo. O filme acusa brutalmente o povo italiano por ter seguido Mussolini e o fascismo. Esse é o pano de fundo de todo o filme. Um único personagem do filme não compactua com aquele ufanismo imbecil, babante – e os Estados totalitários não admitem contestação alguma, como veremos mais uma vez confirmado no tristíssimo final desta narrativa brilhante. Sem falar em dois soberbos atores.
Arabesque é uma total delícia. Tem tudo, absolutamente tudo o que se pode querer de um filme-diversão. Tudo – e um pouco mais: ótima trama, piadas inteligentes, reviravoltas, surpresas, trilha sonora soberba, ótimas interpretações, o charme de Gregory Peck e a beleza deslumbrante de Sophia Loren. E de quebra, uma fotografia fascinante caprichadíssima, um estupor. A trama envolve espionagem internacional; o filme é de 1966, e nos anos 60 as histórias de espionagem estavam na moda, com as aventuras pirotécnicas de James Bond e as tramas densas como as de John Le Carré – 007 Contra o Satânico Dr. No, o primeiro filme da série, é de 1962, e O Espião Que Veio do Frio, sério, pesado, amargo, é de 1965. O personagem central, interpretado por Gregory Peck, é um erudito professor americano em Oxford, na Inglaterra, um especialista nas antigas civilizações do Egito e do Oriente Médio, chamado David Pollock. O professor Pollock é assim uma espécie de precursor do arqueólogo-aventureiro Indiana Jones, criado por George Lucas, Philip Kaufmann e Lawrence Kasdan, que estrearia em 1981 em Os Caçadores da Arca Perdida/Raiders of the Lost Ark, de Steven Spielberg, e que se tornaria um dos maiores heróis do cinema na segunda metade do século XX. Está lá o nosso erudito trabalhando na tentativa de entender o que quer dizer a inscrição hitita do segundo milênio antes de Cristo quando adentra a biblioteca Sophia Loren, de vestido de noite preto – ou seria um négligé? Bem, não importa tanto o nome da roupa, aliás desenhada por Christian Dior, assim como todas as demais diversas roupas que Sophia Loren usará ao longo do filme. Se a trama já poderia parecer um tanto confusa, ou no mínimo complexa, ficará bem mais, a partir da entrada em cena de Sophia Loren na pele – e que pele, meu Deus do céu e também da terra! – de Yasmin Azir. Estamos ai com uns 15, no máximo 20 minutos de filme, e o professor Pollock terá a oportunidade de observar toda a pele, nua, nuazinha, sem nenhum Dior para cobri-la, de Yasmin Azir-Sophia Loren, enquanto ela toma banho no banheiro onde ele, professor Pollock, havia se escondido. O espectador não terá a mesma sorte do professor Pollock: para ele, espectador, mostra-se, de costas, o corpo de Sophia Loren-Yasmin Azir até muitos centímetros acima da cintura. Ou seja: o espectador vê apenas a parte superior das costas dela. E já é uma visão paradisíaca. Yasmin Azir se apresenta a Pollock como a dona da casa em que está hospedado o milionário Beshraavi. Em seguida se saberá que, além de emprestar a casa ao milionário, Yasmin também se empresta a si própria ao camarada. Mais tarde Yasmin será vista beijando apaixonadamente Yussef Kassim, o guerrilheiro que luta contra o governo do primeiro-ministro Jena. Mais tarde ainda assumirá outros papéis, deixando um tanto tontos tanto o professor Pollock quanto o espectador. Sophia, majestosa, extraordinária. E Peck saidinho, solto, bem na comédia O que a rigor mais importa é todo o resto. Como, por exemplo, a beleza de Sophia, extraordinária, majestosa. Sophia pode ter estado tão bonita quanto neste filme aqui, e Sophia apareceu majestosamente bela em muitos outros filmes, desde o duríssimo drama Duas Mulheres/La Ciociara, de Vittorio De Sica, de 1960, que lhe deu o Oscar de melhor atriz, até o pesado, denso Um Dia Muito Especial/Una Giornata Particolare, de Ettore Scola, de 1977, passando por dezenas de outros, dramas, comédias, produções italianas, americanas. Nos dois grandes filmes citados, sua beleza resplandecia apesar da maquiagem criada para torná-la menos esplendorosa – são papéis de mulheres simples, humildes, do povo. O que torna Arabesque uma obra única, absolutamente diferenciada de todos os demais filmes de Stanley Donen é a fotografia, a escolha do enquadramento da câmara. É um show à parte. Diversos planos, dezenas, centenas de planos mostram espelhos, cristais, vidros, com a imagem refletida neles, ou mostrada através deles, num efeito que faz lembrar caleidoscópio, arabesco. Para brincar ainda mais com essa brincadeira, haverá, quase ao fim da ação, a sequência numa loja de aparelhos ópticos, microscópios. E a solução do enigma virá logo depois, através de um vidro. Um monte de imagens de caleidoscópio. De arabescos. Um brilho, ter Sophia Loren, Stanley Donen, Gregory Peck, Henry Mancini, viva a sétima arte...
Continua sendo uma delícia ver O Ouro de Nápoles, mais de meio século depois que Vittorio De Sica o realizou – o filme é de 1954. É uma comédia esperta, inteligente, com diálogos gostosíssimos, uma atuação saborosa de Sophia Loren, e ainda tem a beleza estonteante da jovem Silvana Mangano, aquela deusa. O filme é gostoso, divertido – mas não chega a ser hilariante. Seu humor é bem amargo ás vezes. “Brincar com estereótipos pode ser uma canoa furada. Pode ser uma coisa preconceituosa, ofensiva – como dizer que os mexicanos são preguiçosos, os cariocas, malandros e os portugueses, burros, por exemplo. Pode ser ofensivo – mas também pode ser simplesmente uma brincadeira gostosa, divertida, hilariante.” O Ouro de Nápoles é gostoso, divertido – mas não chega a ser hilariante. Não. Seu humor deixa um travo pesado no espectador. Nesse sentido, faz lembrar o tom de muitos dos filmes do gênio Billy Wilder. De Sica como Wilder, faz a gente rir da desgraça, da pequenez das pessoas. De Sica faz a gente rir amargamente daquela moral e daqueles costumes calhordas, babacas, imbecis, vigentes no Sul da Itália e especialmente da segunda metade do século XX, aquele machismo que só tem comparação com o de algumas sociedades muçulmanas. Naquela época, final dos anos 50 e início dos anos 60, o cinema italiano era – e acho que dá para fazer essa afirmação pleonástica sem ter dúvida alguma – o melhor do mundo. A nouvelle vague de Godard, Truffaut, Chabrol fascinava o mundo, o cinema novo inglês começava a aparecer, no Brasil faziam-se belos filmes, e estava começando a surgir o cinema novo. Os grandes gênios supranacionais – Bergman, Kurosawa, Satyajit Ray – faziam seus filmes maravilhosos, mas não havia propriamente um grande cinema sueco, ou japonês, ou indiano. Não havia nenhum cinema que se comparasse ao italiano. Uma das muitíssimas coisas que me fascinam no cinema italiano é como os realizadores gostam de se citar uns aos outros. A mais bela, emocionante homenagem ao cinema italiano, na minha opinião, é a obra-prima do grande Scola, Nós que nos Amávamos Tanto/C’eravamo tanto amati (1974). Scola homenageia Fellini (os personagens passam pela Fontana di Trevi quando Fellini filma Anita Ekberg tomando banho nela, em La Dolce Vita), desanca com Antonioni (a mulher nova rica age como se estivesse em A Aventura, A Noite, O Eclipse), mas, sobretudo, homenageia o mestre De Sica. Scola idolatra tanto o De Sica neo-realista (não o De Sica gozativo, safado, de Matrimônio à Italiana) que coloca em seu filme, como parte importante da trama, uma participação do próprio mestre em um programa de TV. Em 1974 o filme Nós que nos Amávamos Tanto, era um cinema que tinha Anna Magnani, Claudia Cardinale, Monica Vitti, Virna Lisi, Gina Lollobrigida, Stefania Sandrelli, Valentina Cortese, Alida Valli, para não falar em Silvana Mangano e Giulietta Masina, Sophia Loren, virou, para mim, a maior das deusas.
Matrimônio à italiana é um filme deliciosamente sem vergonha de ser exagerado. Porque não dá para não ser exagerado diante de tanto horror. Ontem, Hoje, Amanhã é uma maravilha, mas Matrimônio à italiana (realizado antes pelos mesmos atores, produtor, diretor, músico e novelista), é ainda melhor. É um filmaço. Foi um tremendo sucesso de público e crítica. Teve duas indicações ao Oscar de melhor atriz Sophia Loren (estupenda) e Filme Estrangeiro, o que é muito para época, pois os americanos não ligavam muito pro cinema estrangeiro. Esse filme é muito engraçado zomba de maneira inteligente de tradições sexuais. De Sica queria extrair dela ''Loren'', todo o exagero possível. Contra aqueles costumes exageradamente idiotas, medievais, De Sica queria o exagero, a caricatura, o ridículo, e se Sophia não fosse uma grande atriz, tudo iria por água abaixo. É uma maravilha de filme.
A trilha sonora não foi composta especialmente para o filme. Os realizadores optaram por utilizar concertos do compositor russo Dmitri Shostakovich – e foi uma decisão sábia. A maravilhosa composição se adequou como uma luva ao tom do filme. O elenco – enxuto, pequeno: são poucos os personagens – reúne nada mais, nada menos, que Sophia Loren, Maximilian Schell, Fredric March, Robert Wagner e Françoise Prévost. Globalização é isso aí: uma italiana, uma francesa, dois americanos, um austríaco. O diretor é Vittorio De Sica, um dos maiores cineastas da Itália na época em que a Itália fazia o melhor cinema do mundo. O roteiro é assinado por uma improvável, impensável dupla de mestres, o italiano Cesare Zavattini e o americano Abby Mann. O produtor é uma lenda do cinema italiano, Carlo Ponti, um dos grandes produtores da Europa, ao lado de Franco Cristaldi e Dino De Laurentiis. É muito talento, muita maestria reunida em um único filme. Talvez more ai o grande perigo. O filme me pareceu se levar a sério demais. Ficou pesado demais. Me pareceu um filme que se pretende solene demais, palavroso demais, definitivo demais. Não que seja um filme ruim. Não é, de forma alguma, e tem importância, e merece respeito. Mas o tom grandioso em excesso de fato o prejudica, mas vale a pena ver.
E é fantástico que os produtores americanos tenham tido a sabedoria, a inteligência, a sensibilidade de chamar para fazer o papel do advogado Mario Vitale, essa figura elegante, bem falante, ninguém menos que Vittorio De Sica, o homem que havia transformado Sophia em grande estrela do cinema italiano. O filme explora, com graça e inteligência, a complexa, conflituosa relação entre EUA e Europa. E aborda de forma sensata, sensível, uma questão séria, importante, sobre guarda de criança. Sophia enfeitiçou multidões e multidões nos cinemas e, nas telas, nada menos que John Wayne, Alan Ladd, Cary Grant (duas vezes), William Holden, Frank Sinatra, Anthony Perkins, Anthony Quinn (duas vezes), Maurice Chevalier, Burl Ives, John Gavin, Peter Sellers, Charlton Heston. Em Começou em Nápoles, ela conquista Clark Gable, o galã que conseguira o amor de Scarlett O’Hara em … E o Vento Levou. Mas a parada é dura, mesmo para Sophia Loren: Mike Hamilton, o personagem dele, resiste bastante àquele monumento de beleza e sensualidade. Um personagem bem secundário da história, o garçom de um clube noturno de Nápoles, chega até mesmo a achar que aquele americano de cara amarrada, de maus bofes, não gosta de mulher. Mike Hamilton já havia estado em Nápoles antes, durante a Segunda Guerra Mundial, e portanto, quando chega à cidade no início da narrativa, de trem, vindo diretamente da sua Filadélfia natal para o aeroporto de Roma, está com os dois pés firmemente para trás. Sabe que os italianos são artistas da malandragem, e, entre os italianos, mais que todos os outros, os napolitanos. É o que ele narra para nós, com seu vozeirão grave e muito rápido em off, logo na primeira sequência do filme, após créditos iniciais mostrando deliciosos desenhos de fachadas de casas napolitanas. Sua tarefa e salvar o sobrinho Nando (interpretado por um ótimo garotinho chamado Marietto) vive agora com a tia, a irmã da falecida Concenttina. A questão, ou as questões, são outras. É que Nando, aos 8 anos de idade, não vai à escola. Fuma cigarros que fila pelas ruas. Vive nas ruas, ora vendendo badulaques para turistas, ora distribuindo folhetos anunciando a dança da tia no night club dela. Ou seja: o garoto, ao que tudo indica, é o projeto de um adulto perdido na vida, perigosamente tendendo para algum tipo de marginalidade. Harry desenvolve um sincero afeto pelo garoto – seja porque tem sangue no meio, seja porque o menino é mesmo simpático, esperto. É uma maravilha ver que, em 1960, essa produção hollywoodiana já fazia a defesa desse princípio – e também do outro principio correlato, o de que age corretamente, nessas questões de guarda, quem pensa não em si mesmo, mas no que seria melhor para a criança. Uma comédia sincera, leve, valorizada pela presença de uma afiada Sophia Loren, Vittorio de Sica e o jovem Marietto, o eterno galã Clack Gable está um pouco fora de forma, mas ainda é um grande ator. Imperdível.
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Rosa e Momo
3.7 302 Assista AgoraMadame Rosa (Sophia Loren, estupenda), conhece um jovem Momo (Ibrahima Gueye), uma senhora de 86 anos com atitudes fortes e que teve uma vida muito difícil, mas ao mesmo tempo apaixonada pela vida. Eles passam muito tempo juntos e, durante esta intensa convivência, ela o apresenta a beleza da existência.
''Rosa e Momo'', claro, vai ainda mais além de um drama que discute comportamento. Além de promover a quebra de paradigmas e de preconceitos, o filme também nos diz sobre os sentimentos que transitam entre a vida e a morte, e isso de um modo que conjuga com maestria comédia e drama, numa pegada que permite que um gênero invada o outro apenas na metade do filme...o equilíbrio é patente.
A veterana atriz Sophia Loren dá um show de interpretação como Rosa, uma senhora quase nonagenária. Por outro lado, por sua interpretação, o ator estreante Ibrahima Gueye, é uma adorável revelação. A química entre os dois atores é perfeita.
Mas o filme é mesmo de Loren, profundamente comovente e encantadora, fazendo-nos torcer por sua personagem e sua felicidade de tal forma que é difícil ficar impassível pelo que se desenrola diante de nós.
A Queda do Império Romano
3.8 41 Assista AgoraFisicamente, é um marco: nenhum produtor nas últimas décadas reuniu um vasto oceano de extras ou uma área impressionante de gesso como Samuel Bronston fez em seu estúdio espanhol, e nenhum diretor no estábulo de Bronston poderia usá-lo melhor do que Anthony Mann. No mundo cinematográfico culturalmente aspirante de 1964, foi possível filmar a mesma história básica de "Gladiador" e, na verdade, o imperador moribundo Marcus Aurelius usar uma frase como "Pax Romana". Alec Guinness interpreta Aurelius como um intelectual cansado que quer uma paz romana na qual todos os estrangeiros possam se unir, não como escravos ou como clientes, mas como cidadãos. Infelizmente para Aurelius, mas talvez para o público, o sucessor de Aurelius, Commodus, interpretado aqui pelo exuberante Christopher Plummer, abandona o Pax Romana e transforma Roma em um império de campo. Sophia Loren (no auge da beleza, na época ela recebeu ao lado de Elizabeth Taylor, o maior salário pago a uma mulher no cinema), eleva o nível de entretenimento como filha de Aurelius, especialmente quando o heróico Stephen Boyd a faz se sentir novamente virgem vestal.
Os Girassóis da Rússia
4.1 106Os Girassóis da Rússia, uma das mais belas histórias de amor do cinema. Dirigido pelo mestre Vittorio De Sica, este clássico romântico tornou-se um dos maiores sucessos da dupla Sophia Loren e Marcello Mastroianni. Emocione-se com a história de um casal separado pela Segunda Guerra. Após anos sem notícias, ela viaja para a Rússia em busca do marido, atravessando cidades e campos de girassóis. Quando enfim ela o encontra, percebe que algo mudou entre eles. Com linda fotografia do grande Giuseppe Rotunno e música inesquecível de Henry Mancini (indicada ao Oscar de Melhor Trilha Sonora é de arrepiar), Os Girassóis da Rússia é um filme indispensável. Sophia Loren ganhou mais uma vez o David di Donatello Awards (o Oscar italiano), de Melhor Atriz.
Nine
3.0 859 Assista AgoraNine é um extraordinário, sensacional banquete para os olhos. O filme tem uma beleza visual acachapante, estonteante, que é ainda mais realçada pela maravilhosa mistura de fotografia em cores esplendorosas com um não menos esplendoroso preto-e-branco.
Cada tomada parece uma cuidadosa pintura, quase como nas produções mais requintadas do mestre Kurosawa.
Mas a beleza maior, é claro, é das atrizes. Nine é candidato ao título de o filme que reúne mais mulheres estonteantemente belas de todos os tempos. Meu Deus do céu e também da terra: Marion Cotillard, Penélope Cruz, Kate Hudson, Fergie, Nicole Kidman, Sophia Loren (esplendorosa, aos 75 anos). É de deixar qualquer voyeur tonto. Louras, morenas, ruiva, todas lindíssimas, vindas de diversos países – França, Espanha, Estados Unidos, Austrália, Itália, Inglaterra… Cacilda!
E, no meio desse absurdo harém, um dos maiores atores do cinema, Daniel Day-Lewis. É claro quem viu Sophia Loren [em Duas Mulheres (1961), e Um Dia Muito Especial(1977)] e Judi Dench [em Sua Majestade, Mrs. Brown (1997), e Notas Sobre um Escândalo (2006)], são poderosas, que quanto mais idosas melhores ficam, se falar em Maggie Smith, Vanessa Redgrave, Helen Mirren...
Um luxo de elenco, um luxo de direção de arte, de figurinos, de montagem, de fotografia…
Todo mundo está cansado de saber que Nine se baseia num musical da Broadway, que por sua vez se baseia em Oito e Meio, o filme de Federico Fellini de 1963. Em Oito e Meio, o cineasta Guido Anselmi – o retrato escarrado do próprio autor, seu alter-ego perfeito, só que mais belo, na pele de Marcello Mastroianni – vive as situações que o musical da Broadway copiou. Tanto que o personagem central, interpretado por Daniel Day-Lewis, também se chama Guido, Guido Contini – um sobrenome que remete diretamente a Fellini.
O Guido de Fellini tinha em volta de si Claudia Cardinale, Anouk Aimée, Sandra Milo. Timinho danado de belo. Oito e meio é um dos dez maiores filmes de todos os tempos, não deveria ter comparação, mas(...) Por tudo isso, me chocou o fato de que, nos créditos finais de Nine, longos, longuíssimos, detalhadíssimos, como atualmente se usa, não haver sequer uma menção a Oito e Meio e a Federico Fellini. Muito doido, isso.
O filme tem mais a cara de Bob Fosse, por que é um musical do que de Fellini.
As seqüências iniciais de Nine fazem lembrar tanto Oito e Meio quanto All That Jazz – o filme abre com Guido Contini dando uma entrevista coletiva, e em seguida vamos para um estúdio na Cinecittà, um set de filmagens, onde Guido, misturando realidade e fantasia, se vê rodeado pelas mulheres importantes de sua vida: a mãe (Sophia Loren, gloriosa aos 75 anos), a mulher (Marion Cotillard), a amante (uma Penépole Cruz gostosérrima, em uma dança sensual), a estrela e musa (Nicole Kidman, a única que me incomodou um pouco, um tanto gélida demais), a figurinista e velha amiga Lilli (Judi Dench), e dezenas de outras.
Ali estão Fellini e Fosse, através da direção de Rob Marshall.
Pois é. É belíssimo, é suntuosamente bem feito, é muito bom – mas, para mim, não chega a ser um grande filme, mas de jeito nenhum merece ser tão criticado como foi.
Nine teve quatro indicações ao Oscar (mas não venceu em nenhuma categoria): atriz coadjuvante para Penélope Cruz, canção (“Take it all”), figurinos e direção de arte. Venceu cinco outros prêmios e teve outras 32 indicações.
O roteiro foi um dos últimos trabalhos do inglês Anthony Minghella (1954-2008), o diretor de O Paciente Inglês e Cold Mountain. Nos créditos finais, o filme é dedicado à sua memória.
Kate Hudson
Daniel Day-Lewis
Fergie
Penélope Cruz
Marion Cotillard
Nicole Kidman
Judi Dench
Sophia Loren, ganharam o Satellite Awards de Best Ensemble, Motion Picture e concorreram na mesma categoria no Screen Actors Guild Awards.
Aida
3.9 1Primeira grande atuação de Sophia Loren, Aida interpretada por Loren com muita garra tem a voz vindo da garganta da soprano de renome mundial Renata Tebaldi, e foi perfeitamente sincronizado com os movimentos da atriz nos lábios, uma tarefa que se não fosse uma atriz hábil poderia ter sido um desastre, mas Sophia aproveita essa primeira chance com perfeição. Antes de filmar, Sophia Loren passou duas semanas ouvindo gravações, da diva Renata Tebaldi, feitas com o propósito deste filme. Ela teve que aprender todas as árias que move com os lábios e coincidir com a voz da grande cantora. Durante quatro horas por dia em pé na frente de um espelho, tentando obter a compatibilidade de cada palavra cantada com meios de tais atos de expressão, tais como expressões faciais e gestos. O filme é uma adaptação cinematográfica da ópera de Verdi.
Aida do diretor Fracassi é especialmente notável pelo seu uso de maquiagem escura no rosto e no corpo de Loren, e o grosso trançado no cabelo que ela usava; uma aparente tentativa de agregar autenticidade ao seu retrato de uma princesa egípcia africana.
Bela e Canalha
4.3 3O filme é dirigido com vivacidade pelo diretor Alessandro Blasetti, sempre mestre do ofício e uma química preciosa do trio central Sophia Loren, Vittorio De Sica e Marcello Mastroianni, com belíssima fotografia do veterano Aldo Giordani.
O filme é um belo exemplo da comédia italiana dos anos 50 e 60, e explora muito bem as mudanças sociais e econômicas que afetaram a sociedade italiana do pós-guerra.
Destaque para Mastroianni dirigindo seu táxi, castigando a si mesmo depois de perceber que ele se apaixonou por uma bela, mais trambiqueira Loren. Sua gama de expressões faciais e auto-aversão são hilariantes. A química entre os jovens Loren e Mastroianni é fenomenal, bem como o retrato do pai de Loren e chefe de uma família de ladrões de De Sica. Mastroianni interpreta um motorista de táxi ingênuo que continua caindo nos encantos de uma estelionatária Loren com suas falas rápidas, gestos precisos e olhar pecaminoso, a dupla Loren e Mastroianni, já tinham participado dos filmes ''Nossos Tempos'' (um filme de episódios onde eles não contracenam), e ambos como figurantes em ''O Coração no Mar'' (1950). Esse é o primeiro em que atuam como dupla, foi um grande sucesso, uma delícia de comédia.
Sophia Loren só não rouba todas as cenas, pois está na mais perfeita companhia de Vittorio De Sica e Marcello Mastroianni, é impossível não ficar encantado por sua simpatia e por sua naturalidade em frente as câmeras.
Quo Vadis?
3.9 79 Assista AgoraIndicado ao Oscar de Melhor Filme, Ator Coadjuvante, Trilha Sonora, Fotografia, Direção de Arte, Figurinos e Edição, no ano de 1951. Quo Vadis é muito mais que um clássico é uma lenda do cinema! A versão de MGM, é opulenta, tem garra e força e grandes interpretações, o épico Quo Vadis oferece um elenco espetacular para coincidir com a sua produção esmagadora, trazendo um Peter Ustinov num dos seus mais caprichosos papéis, fazendo seu Nero louco um grande momento, Leo Genn como Petronius, não fica atrás, não à toa que ambos foram indicados ao Oscar pelos seus papéis; além de Deborah Kerr, Patricia Laffan,Finlay Currie, tem Sophia Loren, Bud Spencer, Adrienne Corri, todos em começo de carreira e uma ponta de Elizabeth Taylor, tudo de primeira.
Conduzido pelo produtor Sam Zimbalist, “Quo Vadis” foi a quarta adaptação (sendo as outras de 1901, 1912 e 1924) do romance que Henryk Sienkiewicz publicara em 1896, e no qual unira habilmente dois temas que prenderiam as atenções nesta época do cinema de Hollywood, o contexto bíblico, e o Império Romano. Para o realizar foi chamado Mervyn LeRoy, um realizador que sempre se confessou inspirado pelos épicos dos anos 1920 de Cecil B. DeMille, e que ganharia fama como realizador de filmes de gangsters e de musicais, tendo chegado a chefe de produção da MGM onde foi o responsável pelo sucesso “The Wizard of Oz'' (1939). Podendo finalmente responder ao seu mestre, DeMille, LeRoy criou um dos mais grandiosos filmes de Hollywood até então, com ajuda do grande Anthony Mann.
As inúmeras incorreções históricas, não estragam em nada esse grande espetáculo. Mas “Quo Vadis” destaca-se positivamente por muitos fatores, desde a força da sua história, às imagens de Roma. Toda a feérica sequência do incêndio fica na memória, bem como a sequência do martírio dos cristãos na arena (mesmo que não vejamos nenhuma cena explícita de morte, ficamos quase com a impressão de que vimos tudo).
Finalmente, e porque ocupa uma parte central no filme, a composição do personagem de Nero por Peter Ustinov é marcante. Ustinov consegue divertir-nos ao mesmo tempo que nos horroriza com um Nero efeminado, decadente, fraco, infantil, prepotente, e a muitos níveis louco, quase como um personagem maior que a história. Provavelmente ninguém que veja “Quo Vadis” conseguirá depois conceber um Nero histórico diferente do de Peter Ustinov.
“Quo Vadis” seria nomeado para oito Oscars da Academia, não tendo vencido nenhum, Já nos Globos de Ouro receberia os prêmios para melhor Fotografia, e Melhor Ator Secundário (Peter Ustinov). O filme foi um estrondoso sucesso de bilheteira, tendo sido o mais rentável filme de 1951.
Courage, Uma História Verídica
3.8 2Telefilme americano de 1986, que fez bastante sucesso na TV, baseado em fato real, cujo o grande destaque é a ótima atuação de Sophia loren.
O filme começa com um encontro quente ao redor da mesa da família. Brindes estão sendo feitas com vinho. De repente, a porta da cozinha se abre e aí Mama entra, anunciando que ela tem mais massas. Mas espere. Esta não é uma mãe comum. Esta é Sophia Loren, jogando Marianna Miraldo no filme de televisão de três horas intitulado '' coragem '' para CBS. Senhorita Loren ainda pode comandar a atenção ou simplesmente ficar sentada e deixar o jogo de luz sobre aquelas maçãs do rosto fabulosas. Mas depois de cerca de 30 anos como uma estrela, ela claramente quer continuar a expandir suas oportunidades de atriz. Ela faz exatamente isso muito impressionante em '' coragem '' com um desempenho que é muito bem contido e ainda ferozmente apaixonado.
O roteiro de E. Jack Neuman é baseado em um factual de 1984, num artigo da revista por Michael Daly. Marianna Miraldo -o nome é um pseudônimo para fins de proteção - é uma mulher de Nova York que, perturbada com dependência de drogas de seu próprio filho, decide trabalhar disfarçada para o Federal Drug Enforcement Administration, que está ligado ao FBI e Departamento de Polícia da cidade. Seu trabalho é dito ter que ajudar a quebrar um anel de cocaína $ 3,5 bilhões, a maior apreensão desde o '' conexão francesa. ''
O filme é feito de forma nítida, simples, com um elenco de apoio afiado Hector Elizondo, Billy Dee Williams, Corey Parker, Mary McDonnell e Dan Hedaya como um chefão particularmente ameaçador no mundo chamativo de drogas.
Mas é Miss Loren que detém a produção em conjunto. O glamour familiarizado é atenuado drasticamente de forma para aparecer cansada, abatida e sofrida, a senhorita Loren capta o abatimento, mas determinada na essência de uma mulher comum que simplesmente decidi tomar medidas extraordinárias. Senhorita Loren tem uma história já bem absorvida e dá-lhe um estilo distinto que é rara em filmes de televisão. Muitos consideram sua melhor atuação junto com ''Aurora/Qualcosa di biondo'' (1984) nos aos 80.
O Homem de La Mancha
4.2 23O filme tem como base a obra-prima de Miguel de Cervantes, ''Dom Quixote'', muitas vezes considerada o primeiro romance moderno é um clássico da literatura ocidental e é regularmente considerada um dos melhores romances já escritos, transportar tudo isso para um filme e ainda mais um musical era uma tarefa de gigantes que os produtores suaram bastante para realizar;
Estamos confrontados com uma história bastante complicada para começar (Cervantes, preso pela Inquisição, diz seu conto de bravura de Don Quixote a um grupo hostil dos companheiros de prisão). Há flashbacks e cenas de fantasia para acompanhar.
O mistério de ter Peter O'Toole como ''Don Quixote De La Mancha / Miguel de Cervantes / Alonso Quijana'', que é um ator de talento considerável, concedido. Mas o que possui diretores para lançá-lo em musicais?
Ele não pode cantar e ele sabe que não pode cantar. Então, ele estava em " Adeus, Mr. Chips " (1970), que era bom de qualquer maneira, porque eles estavam presos à linha de uma história simples, mas envolvente e raramente mostrou-lhe a cantar. Eles fizeram voice-overs de baixo chaveado às vezes, e deixava Petula Clark lidar com o material musical real.
Mas agora O'Toole está de volta em outro musical; ele é o mais movimentado do filme! Por quê?
Talvez por ter feito um clássico absoluto Lawrence da Arábia e o próprio musical já citado Adeus, Mr. Chips.
O diretor Peter Glenville iria dirigir o filme mas se desentendeu com a produção e aí então que Arthur Hiller e Saul Chaplin se juntaram ao projeto, Hiller não se deu bem com O'Toole, que era amigo de Glenville, que não pretendia segundo alguns fazer desse filme exatamente um musical, o ator é extraordinário, mas parece distante algumas vezes. O fato de que o filme tinha passado por vários diretores e roteiristas, e que Peter O'Toole e Sophia Loren , que não eram cantores, tinham substituído Richard Kiley e Joan Diener nos papéis principais, podem ter influenciado as reações dos críticos ao filme na época, hoje revisto se percebe o enorme talento do filme. O mais espetacular que justamente nessa revisão que se percebe que o único desempenho que realmente é extraordinário é o de Sophia Loren. Ela pode cantar, mais ou menos, mais ela também pode irradiar calor e preocupação com toda a obra, é evidente que ela, é de todo o elenco que mais se entrega ao personagem, coisas que só uma grande atriz é capaz.
Ela tem um tipo de papel ingrato (que já a colocou como a prostituta com um coração de ouro mais uma vez), mas ela se concentra em agir; ela não se deixa relaxar, porque é apenas um musical. Assim, seu papel funciona porque nos também nos preocupamos com isso. Além de Loren, o destaque vai para a bela fotografia de Giuseppe Rotunno, os figurinos e os cenários feitos pelo veterano Luciano Damiani, muito criticado na época, mas extremamente intencional nos seus tons solenes; é claro a bela trilha sonora de Laurence Rosenthal, indicada ao Oscar
O Alvo de Quatro Estrelas
3.4 3Coronel americano envolvido em contrabando organiza complô para assassinar o general Patton, logo após a II Segunda Guerra Mundial. História intricada com elenco milionário e poderoso Sophia Loren, John Cassavetes, Robert Vaughn, George Kennedy, Patrick McGoohan, Max von Sydow, Bruce Davison, Edward Herrmann...
A história diz que o General Patton morreu na Alemanha em 1945 na sequência de um acidente de automóvel, mas Frederick Nolan, que escreveu "The Algonquin Project" material de origem deste filme, se conectou em vários mistérios não resolvidos para fazer um caso de bambas para sua teoria da conspiração. Uma especulação que contém uma grande quantidade de violência, que o diretor John Hough não consegue controlar, muito por culpa do roteirista Alvin Boretz. O elenco de grandes atores parece pouco inspirado com exceção de Sophia Loren e Robert Vaughn, até o grande John Cassavetes não está bem. Mas vale uma boa olhada.
Poder de Fogo
3.8 4Belíssimas paisagens naturais em uma produção requintada, um elenco grandioso e poderoso Sophia Loren, James Coburn, Eli Wallach, Victor Mature, Anthony Franciosa, Vincent Gardenia, George Grizzard, entre outros... Mas a mão pesada do diretor Michael Winner, atrapalha o filme algumas vezes, ele chegou a culpar o ator Charles Bronson que tinha desistido de fazer o filme, o diretor alegou que grande parte da grade da equipe de pré-produção já estava no local no Caribe, e o filme quase encerrou sua produção, Coburn o substitui às pressas essa tal produção (Coburn é daqueles atores talentosos, cujo a máquina do cinema demora de lhe dar o devido valor, o ator pelo menos em vida viu seu trabalho ser reconhecido, antes tarde do que depois de morto, como muita das vezes acontece, ele ganhou um merecidíssmo Oscar de Ator Coadjuvante em 1999, aos 70 anos pelo filme Temporada de Caça/Affliction). Sophia que já estava na casa dos 50 anos continua linda e esbanjando charme e tem uma química perfeita com Coburn. Preste atenção para Jake LaMotta, o ex-pugilista cuja vida foi dramatizada no clássico ''Touro Indomável'' de Martin Scorsese, no ano seguinte, em uma parte de apoio do elenco. Um filme de ação como mais diálogos do que propriamente ação, a trama parece um pouco confusa, mas o elenco saboroso tira água de pedra, sem muito esforço. Viva a arte de interpretar.
Amor e Ciúme
4.2 2É um mistério absolutamente insondável, inextrincável, por que alguns filmes fazem sucesso e outros não, recebem amplo reconhecimento e outros não, mesmo tendo grandes qualidades artísticas. Só para dar dois exemplos: Capote, de 2005, fez muito mais sucesso e teve mais reconhecimento crítico que Confidencial/Infamous, de 2006 – e os dois filmes contavam exatamente a mesma história, de como Truman Capote escreveu seu livro A Sangue Frio. Um era tão bons quanto o outro.
O outro exemplo: tanto Feliz que Minha Mãe Esteja Viva, de Claude e Nathan Miller, de 2009, quanto O Garoto de Bicicleta, dos irmãos Dardenne, de 2011, os dois falados na mesma língua, o francês, abordam o mesmo tema, essa realidade trágica de que há pessoas que não deveriam jamais ter filhos, e mesmo assim têm. São duas belas obras. No entanto, o filme dos irmãos belgas foi premiadíssimo, enquanto o feito por pai e filho franceses não foi.
É um mistério insondável, inextrincável, por que J. Edgar, o filme de 2011 de Clint Eastwood, não teve uma mísera indicação ao Oscar, nem mesmo nos quesitos técnicos, em que o filme brilha incontestavelmente, se tantos filmes do realizador foram indicados a vários prêmios nos últimos anos – e venceram em diversas categorias, incluindo as mais importantes. No Estadão, o jornalista Luiz Zanin Oricchio escreveu que o fato de o filme trazer à tona temas incômodos pode explicar por que ele foi “solenemente ignorado pelo Oscar”.
A única explicação possível é política, ideológica: Amor e Ciúme mexe num vespeiro que ninguém gostaria que fosse tocado.
Não há outra explicação.
É a típica história onde um crime acontece, todo mundo sabe, mais se trata de poderosos e ninguém quer falar. Angelo Paterno foi morto por Vito Aci Catena, todos no país sabem disso, mas ninguém tem a coragem de testemunhar. Mas um militante socialista Rosario Maria Spallone (o grande Mastroianni, totalmente com uma aparência propositalmente desleixada), entra em cena é tenta induzir Titina Paterno (a fabulosa Sophia Loren, totalmente com uma aparência também propositalmente desleixada e selvagem, isso pode surpreender alguns fãs), para exigir a reabertura do caso, onde seu marido foi brutalmente assassinado. Tudo complica ainda mais com a chegada de Nicola Sanmichele detto 'Nick' (feito por outro ator italiano extraordinário Giancarlo Giannini), o primo de Paterno assassinado, que se tornou rico graças ao contrabando e mais de uma dúzia de assassinatos. A relação entre o recém-chegado e Titina se torna por sua vez inevitável. A trama vai por um terreno perigoso o da politica dos fascistas, a diretora e roteirista Lina Wertmüller já tratou de tramas assim, e sabe conduzir uma história. O filme detém o recorde no Guinness Book of World Records como o maior título de um filme na história do cinema, no Estados Unidos o filme foi intitulado simplesmente ''Revenge'', aqui no Brasil teve o título simplório de ''Amor e Ciúme'', mas estranhamente quando foi exibido na TV teve um título mais apropriado de ''Guerra de Sangue''.
É claro que no jogo mortal de amor - como na guerra - há sempre um vencedor e um perdedor. Destaque para a poderosa e excepcional fotografia do veterano Tonino Delli Colli. Uma curiosidade Lina foi a primeira mulher a ser indicada ao Oscar de direção, Sophia foi a primeira estrangeira a ganhar um Oscar falando a própria língua materna, Marcello e Giancarlo também foram indicados ao Oscar. Esse quarteto junto só pode dar em boa coisa. Um filme que merece ser revisto e visto.
Um Dia Muito Especial
4.4 92O que falar de um clássico, já tão comentado, onde praticamente só há dois atores em cena, mas que atores, MEU DEUS!!! Sophia Loren e Marcello Mastroianni, num verdadeiro duelo de titãs.
Temos então aquela justaposição de um episódio da Grande História com uma pequena história de ficção, o macro e o micro, que costuma gerar grandes histórias, grandes filmes. E este aqui é um dos maiores de todos eles.
O filme abre com um daqueles cinejornais que, até os anos 60, passavam nos cinemas antes da apresentação do filme principal: cenas reais, em preto-e-branco, do primeiro dia da visita de Hitler a Roma. Um locutor, com aquele timbre típico dos filmes de propaganda governamental, chapa-brancas, usa todos os tipos de adjetivos grandiloqüentos e vazios que se usam nas propagandas governamentais, chapa-brancas. É um longo cinejornal, que deve beirar aí uns cinco minutos. Termina anunciando que, no dia seguinte, os dois líderes se encontrarão novamente para assistir a um gigantesco desfile cívico-militar, ao qual todos os romanos deverão comparecer.
E então, quando passamos do cinejornal preto-e-branco para o filme em cores, vemos uma mulher desfraldar gigantescas bandeiras com a suástica nazista num conjunto de diversos prédios de apartamento.
Em seguida, há um magnífico, glorioso, espetacular plano-seqüência. A câmara vai mostrando um dos prédios, vai se aproximando da janela da cozinha de um apartamento – a cozinha do apartamento de Antonietta, a personagem de Sophia Loren. O plano-seqüência continua, sem corte algum: a câmara entra pela janela do apartamento e passa a seguir Antonietta. Ela está passando roupa; pega uma xícara de chá e vai andando pelo apartamento, acordando os filhos – um, dois, três, quatro. Perdi a conta do número de filhos. Antonietta depois dirá que são seis. E a câmara a segue pelos quartos da casa, sem corte algum. O penúltimo a ser acordado é o marido. No rápido diálogo entre ele e a mulher, em que ele reclama que ela está o incomodando desde as 5 horas da manhã e ela o informa de que já são quase 6, e ele reclama por ela não tê-lo chamado mais cedo, já ficamos sabendo como é a vida daquele casal.
Em um único plano, uma única tomada, Scola e seus co-roteiristas definem a personalidade de Antonietta. É a mulher escrava, a trabalhadora braçal, a parideira, aquela criação clássica das sociedades machistas – a mulher que obedece sempre ao marido, que faz tudo o que ele manda, que não tem vida ou vontade próprias.
Acontece, por mero acaso, de Antonietta ser uma mulher bonita. Mas os maquiladores, o figurinista, o diretor Scola e a própria Sophia Loren fizeram muito bem feito aquele trabalho de desglamourizar a atriz, a estrela linda, o monstro sagrado do cinema italiano; Antonietta nasceu bela, mas a vida a maltratou – é uma mulher cuja beleza foi enevoada pelo dia-a-dia de serva da casa. Há varias cenas antológicas no filme como quando vemos todos os moradores do conjunto de prédios descendo de seus apartamentos à mesma hora, para irem todos, como cordeirinhos, como manda o manual das ditaduras, aplaudir seu líder máximo.
Scola, um dos maiores cineastas da Itália, esse país que tem uma das mais brilhantes cinematografias do mundo, adora o cinema, os filmes – e tem uma especial paixão por grandes afrescos, filmes que contam histórias que avançam por várias décadas, a Grande História atrás, emoldurando a história dos seus personagens.
É fascinante ver como aqui ele optou pelo inverso: concentra toda a ação em um único dia, una giornata particolare, um dia muito especial tanto na Grande História quanto na história desses dois personagens afundados em sua profunda solidão.
Ao reunir Sophia Loren e Marcello Mastroianni num conjunto habitacional de Roma, Scola estava também, de maneira óbvia, fazendo uma citação do cinema italiano. A maior estrela e o maior astro italianos dos anos 60 até os 80 já haviam trabalhado juntos em diversos filmes marcantes, de grande sucesso. É óbvio que, ao ver Um Dia Muito Especial, qualquer espectador italiano – ou brasileiro, ou australiano, ou egípcio, ou o que for – se lembraria do casal. Eles contracenaram em Casamento à Italiana, de 1964, de De Sica, nos três episódios de Ontem, Hoje, Amanhã, do mesmo ano e do mesmo De Sica, em Os Girassóis da Rússia, de 1970, também de De Sica, em A Mulher do Padre, de 1971, de Dino Risi.
A seqüência de Ontem, Hoje, Amanhã em que Sophia faz um strip-tease diante de um entusiasmado Mastroianni é uma das mais antológicas do cinema italiano.
E só por isso, por reunir os dois grandes atores, os dois monstros sagrados, neste filme, por estar assim citando obras importantes do cinema italiano, já seria de se aplaudir Um Dia Muito Especial.
Sophia e Mastroianni estão, aqui, em papéis bem diferentes dos que foram mais usuais em suas carreiras, e por isso e muito mais se tornaram os mais famoso atores europeus a brilharem no mundo todo.
O filme acusa brutalmente o povo italiano por ter seguido Mussolini e o fascismo. Esse é o pano de fundo de todo o filme. Um único personagem do filme não compactua com aquele ufanismo imbecil, babante – e os Estados totalitários não admitem contestação alguma, como veremos mais uma vez confirmado no tristíssimo final desta narrativa brilhante. Sem falar em dois soberbos atores.
Arabesque
4.0 23 Assista AgoraArabesque é uma total delícia. Tem tudo, absolutamente tudo o que se pode querer de um filme-diversão. Tudo – e um pouco mais: ótima trama, piadas inteligentes, reviravoltas, surpresas, trilha sonora soberba, ótimas interpretações, o charme de Gregory Peck e a beleza deslumbrante de Sophia Loren. E de quebra, uma fotografia fascinante caprichadíssima, um estupor.
A trama envolve espionagem internacional; o filme é de 1966, e nos anos 60 as histórias de espionagem estavam na moda, com as aventuras pirotécnicas de James Bond e as tramas densas como as de John Le Carré – 007 Contra o Satânico Dr. No, o primeiro filme da série, é de 1962, e O Espião Que Veio do Frio, sério, pesado, amargo, é de 1965.
O personagem central, interpretado por Gregory Peck, é um erudito professor americano em Oxford, na Inglaterra, um especialista nas antigas civilizações do Egito e do Oriente Médio, chamado David Pollock. O professor Pollock é assim uma espécie de precursor do arqueólogo-aventureiro Indiana Jones, criado por George Lucas, Philip Kaufmann e Lawrence Kasdan, que estrearia em 1981 em Os Caçadores da Arca Perdida/Raiders of the Lost Ark, de Steven Spielberg, e que se tornaria um dos maiores heróis do cinema na segunda metade do século XX.
Está lá o nosso erudito trabalhando na tentativa de entender o que quer dizer a inscrição hitita do segundo milênio antes de Cristo quando adentra a biblioteca Sophia Loren, de vestido de noite preto – ou seria um négligé? Bem, não importa tanto o nome da roupa, aliás desenhada por Christian Dior, assim como todas as demais diversas roupas que Sophia Loren usará ao longo do filme.
Se a trama já poderia parecer um tanto confusa, ou no mínimo complexa, ficará bem mais, a partir da entrada em cena de Sophia Loren na pele – e que pele, meu Deus do céu e também da terra! – de Yasmin Azir.
Estamos ai com uns 15, no máximo 20 minutos de filme, e o professor Pollock terá a oportunidade de observar toda a pele, nua, nuazinha, sem nenhum Dior para cobri-la, de Yasmin Azir-Sophia Loren, enquanto ela toma banho no banheiro onde ele, professor Pollock, havia se escondido. O espectador não terá a mesma sorte do professor Pollock: para ele, espectador, mostra-se, de costas, o corpo de Sophia Loren-Yasmin Azir até muitos centímetros acima da cintura. Ou seja: o espectador vê apenas a parte superior das costas dela. E já é uma visão paradisíaca.
Yasmin Azir se apresenta a Pollock como a dona da casa em que está hospedado o milionário Beshraavi. Em seguida se saberá que, além de emprestar a casa ao milionário, Yasmin também se empresta a si própria ao camarada. Mais tarde Yasmin será vista beijando apaixonadamente Yussef Kassim, o guerrilheiro que luta contra o governo do primeiro-ministro Jena. Mais tarde ainda assumirá outros papéis, deixando um tanto tontos tanto o professor Pollock quanto o espectador.
Sophia, majestosa, extraordinária. E Peck saidinho, solto, bem na comédia
O que a rigor mais importa é todo o resto. Como, por exemplo, a beleza de Sophia, extraordinária, majestosa. Sophia pode ter estado tão bonita quanto neste filme aqui, e Sophia apareceu majestosamente bela em muitos outros filmes, desde o duríssimo drama Duas Mulheres/La Ciociara, de Vittorio De Sica, de 1960, que lhe deu o Oscar de melhor atriz, até o pesado, denso Um Dia Muito Especial/Una Giornata Particolare, de Ettore Scola, de 1977, passando por dezenas de outros, dramas, comédias, produções italianas, americanas. Nos dois grandes filmes citados, sua beleza resplandecia apesar da maquiagem criada para torná-la menos esplendorosa – são papéis de mulheres simples, humildes, do povo.
O que torna Arabesque uma obra única, absolutamente diferenciada de todos os demais filmes de Stanley Donen é a fotografia, a escolha do enquadramento da câmara. É um show à parte. Diversos planos, dezenas, centenas de planos mostram espelhos, cristais, vidros, com a imagem refletida neles, ou mostrada através deles, num efeito que faz lembrar caleidoscópio, arabesco.
Para brincar ainda mais com essa brincadeira, haverá, quase ao fim da ação, a sequência numa loja de aparelhos ópticos, microscópios. E a solução do enigma virá logo depois, através de um vidro.
Um monte de imagens de caleidoscópio. De arabescos.
Um brilho, ter Sophia Loren, Stanley Donen, Gregory Peck, Henry Mancini, viva a sétima arte...
O Ouro de Nápoles
4.3 7Continua sendo uma delícia ver O Ouro de Nápoles, mais de meio século depois que Vittorio De Sica o realizou – o filme é de 1954. É uma comédia esperta, inteligente, com diálogos gostosíssimos, uma atuação saborosa de Sophia Loren, e ainda tem a beleza estonteante da jovem Silvana Mangano, aquela deusa. O filme é gostoso, divertido – mas não chega a ser hilariante. Seu humor é bem amargo ás vezes. “Brincar com estereótipos pode ser uma canoa furada. Pode ser uma coisa preconceituosa, ofensiva – como dizer que os mexicanos são preguiçosos, os cariocas, malandros e os portugueses, burros, por exemplo. Pode ser ofensivo – mas também pode ser simplesmente uma brincadeira gostosa, divertida, hilariante.”
O Ouro de Nápoles é gostoso, divertido – mas não chega a ser hilariante. Não. Seu humor deixa um travo pesado no espectador. Nesse sentido, faz lembrar o tom de muitos dos filmes do gênio Billy Wilder. De Sica como Wilder, faz a gente rir da desgraça, da pequenez das pessoas.
De Sica faz a gente rir amargamente daquela moral e daqueles costumes calhordas, babacas, imbecis, vigentes no Sul da Itália e especialmente da segunda metade do século XX, aquele machismo que só tem comparação com o de algumas sociedades muçulmanas.
Naquela época, final dos anos 50 e início dos anos 60, o cinema italiano era – e acho que dá para fazer essa afirmação pleonástica sem ter dúvida alguma – o melhor do mundo. A nouvelle vague de Godard, Truffaut, Chabrol fascinava o mundo, o cinema novo inglês começava a aparecer, no Brasil faziam-se belos filmes, e estava começando a surgir o cinema novo. Os grandes gênios supranacionais – Bergman, Kurosawa, Satyajit Ray – faziam seus filmes maravilhosos, mas não havia propriamente um grande cinema sueco, ou japonês, ou indiano. Não havia nenhum cinema que se comparasse ao italiano.
Uma das muitíssimas coisas que me fascinam no cinema italiano é como os realizadores gostam de se citar uns aos outros.
A mais bela, emocionante homenagem ao cinema italiano, na minha opinião, é a obra-prima do grande Scola, Nós que nos Amávamos Tanto/C’eravamo tanto amati (1974). Scola homenageia Fellini (os personagens passam pela Fontana di Trevi quando Fellini filma Anita Ekberg tomando banho nela, em La Dolce Vita), desanca com Antonioni (a mulher nova rica age como se estivesse em A Aventura, A Noite, O Eclipse), mas, sobretudo, homenageia o mestre De Sica. Scola idolatra tanto o De Sica neo-realista (não o De Sica gozativo, safado, de Matrimônio à Italiana) que coloca em seu filme, como parte importante da trama, uma participação do próprio mestre em um programa de TV.
Em 1974 o filme Nós que nos Amávamos Tanto, era um cinema que tinha Anna Magnani, Claudia Cardinale, Monica Vitti, Virna Lisi, Gina Lollobrigida, Stefania Sandrelli, Valentina Cortese, Alida Valli, para não falar em Silvana Mangano e Giulietta Masina, Sophia Loren, virou, para mim, a maior das deusas.
Matrimônio à italiana
4.1 36 Assista AgoraMatrimônio à italiana é um filme deliciosamente sem vergonha de ser exagerado. Porque não dá para não ser exagerado diante de tanto horror. Ontem, Hoje, Amanhã é uma maravilha, mas Matrimônio à italiana (realizado antes pelos mesmos atores, produtor, diretor, músico e novelista), é ainda melhor. É um filmaço. Foi um tremendo sucesso de público e crítica. Teve duas indicações ao Oscar de melhor atriz Sophia Loren (estupenda) e Filme Estrangeiro, o que é muito para época, pois os americanos não ligavam muito pro cinema estrangeiro. Esse filme é muito engraçado zomba de maneira inteligente de tradições sexuais. De Sica queria extrair dela ''Loren'', todo o exagero possível. Contra aqueles costumes exageradamente idiotas, medievais, De Sica queria o exagero, a caricatura, o ridículo, e se Sophia não fosse uma grande atriz, tudo iria por água abaixo.
É uma maravilha de filme.
O Condenado de Altona
3.8 3A trilha sonora não foi composta especialmente para o filme. Os realizadores optaram por utilizar concertos do compositor russo Dmitri Shostakovich – e foi uma decisão sábia. A maravilhosa composição se adequou como uma luva ao tom do filme.
O elenco – enxuto, pequeno: são poucos os personagens – reúne nada mais, nada menos, que Sophia Loren, Maximilian Schell, Fredric March, Robert Wagner e Françoise Prévost. Globalização é isso aí: uma italiana, uma francesa, dois americanos, um austríaco.
O diretor é Vittorio De Sica, um dos maiores cineastas da Itália na época em que a Itália fazia o melhor cinema do mundo. O roteiro é assinado por uma improvável, impensável dupla de mestres, o italiano Cesare Zavattini e o americano Abby Mann. O produtor é uma lenda do cinema italiano, Carlo Ponti, um dos grandes produtores da Europa, ao lado de Franco Cristaldi e Dino De Laurentiis.
É muito talento, muita maestria reunida em um único filme. Talvez more ai o grande perigo.
O filme me pareceu se levar a sério demais. Ficou pesado demais. Me pareceu um filme que se pretende solene demais, palavroso demais, definitivo demais.
Não que seja um filme ruim. Não é, de forma alguma, e tem importância, e merece respeito. Mas o tom grandioso em excesso de fato o prejudica, mas vale a pena ver.
Começou em Nápoles
3.9 29 Assista AgoraE é fantástico que os produtores americanos tenham tido a sabedoria, a inteligência, a sensibilidade de chamar para fazer o papel do advogado Mario Vitale, essa figura elegante, bem falante, ninguém menos que Vittorio De Sica, o homem que havia transformado Sophia em grande estrela do cinema italiano.
O filme explora, com graça e inteligência, a complexa, conflituosa relação entre EUA e Europa. E aborda de forma sensata, sensível, uma questão séria, importante, sobre guarda de criança.
Sophia enfeitiçou multidões e multidões nos cinemas e, nas telas, nada menos que John Wayne, Alan Ladd, Cary Grant (duas vezes), William Holden, Frank Sinatra, Anthony Perkins, Anthony Quinn (duas vezes), Maurice Chevalier, Burl Ives, John Gavin, Peter Sellers, Charlton Heston.
Em Começou em Nápoles, ela conquista Clark Gable, o galã que conseguira o amor de Scarlett O’Hara em … E o Vento Levou. Mas a parada é dura, mesmo para Sophia Loren: Mike Hamilton, o personagem dele, resiste bastante àquele monumento de beleza e sensualidade. Um personagem bem secundário da história, o garçom de um clube noturno de Nápoles, chega até mesmo a achar que aquele americano de cara amarrada, de maus bofes, não gosta de mulher. Mike Hamilton já havia estado em Nápoles antes, durante a Segunda Guerra Mundial, e portanto, quando chega à cidade no início da narrativa, de trem, vindo diretamente da sua Filadélfia natal para o aeroporto de Roma, está com os dois pés firmemente para trás. Sabe que os italianos são artistas da malandragem, e, entre os italianos, mais que todos os outros, os napolitanos. É o que ele narra para nós, com seu vozeirão grave e muito rápido em off, logo na primeira sequência do filme, após créditos iniciais mostrando deliciosos desenhos de fachadas de casas napolitanas. Sua tarefa e salvar o sobrinho Nando (interpretado por um ótimo garotinho chamado Marietto) vive agora com a tia, a irmã da falecida Concenttina.
A questão, ou as questões, são outras. É que Nando, aos 8 anos de idade, não vai à escola. Fuma cigarros que fila pelas ruas. Vive nas ruas, ora vendendo badulaques para turistas, ora distribuindo folhetos anunciando a dança da tia no night club dela.
Ou seja: o garoto, ao que tudo indica, é o projeto de um adulto perdido na vida, perigosamente tendendo para algum tipo de marginalidade.
Harry desenvolve um sincero afeto pelo garoto – seja porque tem sangue no meio, seja porque o menino é mesmo simpático, esperto. É uma maravilha ver que, em 1960, essa produção hollywoodiana já fazia a defesa desse princípio – e também do outro principio correlato, o de que age corretamente, nessas questões de guarda, quem pensa não em si mesmo, mas no que seria melhor para a criança. Uma comédia sincera, leve, valorizada pela presença de uma afiada Sophia Loren, Vittorio de Sica e o jovem Marietto, o eterno galã Clack Gable está um pouco fora de forma, mas ainda é um grande ator. Imperdível.