Um filme com uma premissa interessante e bem desenvolvida, que é a reinserção de pessoas idosas já aposentadas na vida ativa. E ela vai além, construindo de uma maneira leve, inteligente e sutil questões que nossa sociedade evita falar, como a morte, a velhice, o medo de ficar sozinho, a falta de propósito, as fragilidades de pessoas em grandes cargos (que adivinhe! são humanos como nós), enfim, um filme que até a primeira metade é muito bem construído e é gostoso de se assistir. O porém é com a segunda metade do filme. Ele toma um rumo totalmente diferente e esquece do personagem que veio contar a história. O filme na segunda metade é sobre a chefe do personagem, e infelizmente não é desenvolvida como o primeiro. O que antes era sutil agora descamba para o dramalhão e pastelão. Tudo o que funcionou na primeira metade é feito com exageros ao nível do artificial, o que torna a experiência cansativa e até piegas. Muitos diálogos e cenas sem necessidade de estar lá, falas artificiais que parecem decoradas só para ficar bonito (a filha do casal que o diga), só para parecer fofinho e uma gracinha. Abusa de cenas pedantes para encher lacunas e estender o filme além do necessário, e faz personagens antes sutis se tornarem babosos, emocionais demais e inseguros, desnecessariamente. O foco do filme fica tanto obcecado em explorar esses dramas deforma desmedida que as questões do protagonista principal, da empresa, da sua chefe, tudo é deixado de lado para focar somente nos problemas pessoais da Jules Ostin e seus dramas e inseguranças. Tanto é que fica claro que o filme se resume em apenas passar uma mensagem explicitamente direcionada às mulheres bem sucedidas na carreira, mas que se sentem muito inseguras e para elas não acharem que isso é que "atrapalha" seu relacionamento amoroso e familiar. É uma pena, tinha inteligência, sutileza, enfim, ingredientes, história e atores para ser um grande filme, mas infelizmente se perdeu em um melodrama cansativo em algum lugar na cabeça da diretora.
Avatar O Caminho da Água é uma grata surpresa. Apesar de ser uma continuação, consegue no conjunto da obra ser melhor que o primeiro (na minha opinião), coisa um tanto rara no cinema, isso levando em conta que o primeiro é um marco no cinema por ser inovador em efeitos especiais e a maior bilheteria de todos os tempos, e mesmo assim essa continuação consegue fincar a bandeira entre as maiores bilheterias de todos os tempos. Explico isso por alguns motivos: - A fotografia e efeitos especiais impecáveis, fruto de 13 anos de dedicação do diretor no perfeccionismo nos detalhes da sua obra. - A história inova e sai de ser uma mera continuação da história e conceitos já apresentados no primeiro filme, sempre mantendo a proposta de ter claras referências à nossa própria cultura e meio ambiente e sociedade aqui no nosso planeta. - Consegue trazer mais personagens, com histórias e vida próprias, deixando de apenas focar nos protagonistas principais do primeiro filme. - Diminui a pegada maniqueísta do primeiro filme, de que todos ou são bons ou são maus, se aproximando mais da realidade da natureza da vida. A minha pergunta é: porque esse filme desagradou tanto uma boa parcela do público e crítica? É lógico que o filme tem sérios problemas de enredo e trama, o maior ponto fraco dessa obra. Uma trama rasa que relembra as séries de ação da sessão da tarde. Os vilões estereotipados e caricatos dos anos 90 de James Cameron estão ainda presentes e já estão enjoativamente datados. Mas no meu ver esses problemas não estragam a belíssima experiência. A riqueza de personagens, biomas, ambientes, cenários de tirar o fôlego, e mini histórias inseridas no filme que contam e enriquecem a história central com certeza vale e muito a conferida.
É um filme bom, mas com alguns problemas. O principal ao meu ver é o público que o filme tentou atingir: O público de massa. Primeiro fazendo um trailer que passava a impressão de outro tipo de filme, um filme de época tradicional ao estilo Vikings. Segundo por tentar fazê-lo virar um blockbuster, pela Universal, o que obviamente deu errado. Quem conhece o diretor sabe muito bem que não é o estilo dele. Terceiro, por adaptar no cinema uma mescla de mitologia Nórdica com peça de Shakespeare, o que também além de arriscado é um gosto de nicho, o que deu para perceber que é fora da zona de conforto do diretor. Em resumo, frustrou pessoas que foram ver um filme blockbuster e encontrou outra coisa, já que não entendem o estilo do diretor, e nem mesmo aos fãs dele, que viram algo aquém do que esperariam visto a qualidade das suas obras anteriores. Em resumo, é um bom filme, boas atuações, boa fotografia, muitos detalhes da cultura nórdica, boa história. Mas, falhas na adaptação do teatro para um enredo de cinema, falhas de ritmo e misturas de estilo um tanto atropeladas tira o filme de ser bem melhor.
Um filme brutal, mas também sensorial, contemplativo e imersivo, com belas fotografias, cenários e enquadramentos, uma pintura em forma de filme. Uma pesquisa de antemão da mitologia Nórdica do Valhalla, do paganismo/cristianismo nórdico ajuda a se situar no filme e ter uma ideia do enredo. Porém os pouquíssimos diálogos, longas cenas sem qualquer ação, e uma história sem uma construção linear e sem objetivo aparente torna a experiência arrastada e sonolenta.
O filme até a primeira metade aparenta ser um suspense mediano e previsível, um simples bockbuster com enredo manjado e 'mistério' pouco envolvente. Porém a atuação de Emily Blunt se destaca e se aprofunda, tomando outra direção e entregando uma riqueza de detalhes e dramas da própria personagem que nos faz ter empatia e nos identificar. Ela realmente rouba a cena e acompanhar a evolução da personagem toma a frente no plot e o mistério e a trama central, que já não empolgava mesmo, ficam até para segundo plano.
É um filme médio. Sem comparar e contextualizá-lo com a trilogia original, é um bom entretenimento atual, boas sacadas de roteiro, críticas inteligentes à sociedade, bastante lutas, novos personagens interessantes, atuação ok, efeitos especiais, ação frenética, e uma trama interessante.
O grande problema do filme é que ele faz parte de algo muito maior, uma das histórias mais geniais e filosóficas da ficção científica do cinema, e comparado com estes, ficou pequeno e superficial. Muitas histórias, tramas, enredos, personagens e até locais foram descartados, descaracterizados ou reduzidos a questões pouco relevantes para a trama. É uma pena, muito se esperava ansiosamente de personagens em potencial, que algumas questões em aberto do universo Matrix seriam respondidas ou abordadas, mas não foi o caso. O pouco que foi reaproveitado foi apenas o que era suficiente para esta nova trama. Tipo aquele pratinho de fim de festa que levamos para casa para comermos no dia seguinte.
A direção do filme é que houve na minha opinião os maiores problemas. As cenas de ação possuem enquadramentos ruins, muitos cortes de câmera, velocidade exagerada, a ponto de fazer o expectador se perder de qual cena faz parte de qual. As atuações dos personagens da trama original ficaram apagadas, meio que no automático, perdendo o brilho e carisma que tinham. Além de que apesar das boas ideias de enredo que o filme têm, peca na execução delas, tirando a empolgação que poderia ter.
O filme é bom, tem suas qualidades - excelente fotografia, ambientação imersiva, efeitos especiais de primeira linha, atuações competentes, de fato o filme certamente não decepciona.
Porém, vindo de um diretor do calibre de Denis Villeneuve, esperava mais. Faltou aprofundamentos dos personagens para causar conexões e expectativas na audiência. Alguns descartados cedo demais, outros sequer aparecem direito, e ficam só na vontade. Muito conteúdo, ambiente e personagens da política das casas e do Império foram deixadas de fora.
A costumeira pegada contemplativa do diretor, que não tem pressa em ambientalizar o espectador e mexer com os sentidos consumiu o tempo do filme e fez o filme passar de forma a não dar tempo do diretor de desenvolver os personagens, a política, os conflitos das Casas, o Império e até mesmo o Melange, que são apenas pincelados no filme.
No resumo da ópera, parece que é apenas um prelúdio de um grande filme que ainda está por vir. Parece um menu degustação prime de um delicioso banquete principal que não será servido.
Uma sátira interessante em forma de metalinguagem dos filmes/séries de ficção científica que formaram uma significativa base de fãs. Porém diferente dos filmes do gênero, este consegue ter vida própria, pois tem um roteiro bem escrito, amarrado e coeso, que não se leva tão a sério, bem humorado mas sem ser escrachado, e com acertados momentos dramáticos. Apesar de pouco conhecido pela massa, é muito amado pelos fãs e até por cineastas, produtores e atores, pois homenageia uma classe que geralmente é ignorada nos filmes: A do fã incondicional.
O filme é forte, têm até seus bons momentos, um roteiro original que prende a atenção e expõe sem rodeios os fortes estereótipos brasileiros numa saga de um cozinheiro desconhecido, que até lembra (ligeiramente) à Ratatouille. Porém, os excessos na caracterização dos personagens, com os mesmos estereótipos tresloucados dos brasileiros cafajestes, prostitutas e bandidos que é mais do mesmo nos filmes e novelas nacionais, com reviravoltas convenientes e um tanto forçadas. No rumo geral que a trama toma, as cenas beiram até o escatológico. No resumo da ópera, não gostei .Têm realmente que ter 'estomago' para ver o filme, quase que desisti.
Talvez o filme sobre viagem no tempo mais complexo do cinema. Como o diretor não se preocupa em esclarecer em nada sobre a trama e muito menos colocar nada em formato linear, é praticamente certo do espectador ficar perdido no filme, mesmo ficando atento em entendê-lo. O mais interessante mesmo da obra é pegar cada peça do quebra cabeça e, com algumas reassistidas e provavelmente com auxílio de um guia da internet, montá-lo e entender o passo a passo dos protagonistas na intrincada trama. Mas, como filme em si, cuidado. Pega de propósito os espectadores ocasionais e entrega um filme bem arrastado, com excesso de diálogos técnicos, interpessoais, fortemente não linear, multicamadas e confuso acima da média. Certamente essa proposta ofuscou muito o enredo brilhante e original.
Um filme com uma excelente ambientação, atuação competente, fotografia irretocável, trilha sonora acertada e sinistra, roteiro com uma construção de personagem intrigante e imprevisível, um terror psicológico em uma lenta crescente que vai causando desconforto, instigando e te engolindo aos poucos. Pena que o filme acaba cedo demais, parece que tudo foi construído com tanto trabalho minucioso, mas que frustradamente encaminha-se para uma rápida e simplória conclusão, deixando aquela sensação de que iria entregar um desfecho arrebatador, mas que ficou mesmo só com as ótimas expectativas criadas.
Como crítica à cultura de silenciar denúncias, assédio moral e abusos sexuais de um famoso caso do meio cinematográfico, é relevante e nos faz refletir sobre esse tema a partir de um ponto de vista incomum. Porém excluindo a referência, como filme é deveras arrastado e superficial. Parece que apenas ligou uma câmera e filmou um dia de trabalho de uma assistente no escritório e só. Atuações ligadas no automático, quase sem nenhum tipo de interpretação. A Julia Gardner é exceção, mas sozinha não convence. Falta trama, dramaticidade, enredo, sequer há uma história. Uma pena, para mim um desperdício de uma excelente ideia.
Para um olhar desatento, pode parecer um filme sem pé nem cabeça, confuso demais, arrastado e com diálogos longos e cansativos. Não podemos negar que realmente o filme tem um pouco disso tudo, mas, não deixa de ser genial, muito bem montado, dirigido e interpretado soberbamente pelos atores principais, um prato cheio especialmente para quem quis saber melhor sobre a história e leu o livro de mesmo nome. Apesar da abordagem (e história) um pouco diferente do livro, o diretor Charlie Kaufman dá no filme o seu tempero costumeiro, o de discutir e expor de forma não convencional as relações humanas. E funciona, pois além do enfoque no personagem Jake que o livro gira em torno, o diretor enriquece a narrativa dando um outro olhar através do personagem Lucy, trazendo novas interpretações, possibilidades e discussões do enredo. O filme é riquíssimo de detalhes e referências, não só ao livro mas à várias outras obras cinematográficas, livros, peças teatrais e musicais, sempre contribuindo de alguma forma nas mensagens que o filme quer discutir. E que após tê-lo assistido te faz pensar muito na pergunta onipresente nos filmes do diretor: "O que é ser Humano?" Obrigatório para um cinéfilo que se preze.
Vamos ver se consigo sair do lugar comum neste mar de comentários negativos. Primeiro, as razões de tanta gente ter achado ruim: - Há sérios problemas de atuações em alguns atores, beirando o amadorismo. - Alguns diálogos são muito fracos, remetendo àquelas séries de comédia infantil da TV fechada de baixo orçamento. - O roteiro tenta resumir muito conteúdo em um filme só, o que acaba deixando várias histórias interessantes sem serem desenvolvidas, muitas pontas soltas da história e cenas apressadas e resumidas demais. Muitas lacunas e cenas só são entendidas melhor se o espectador assistir a série animada, sendo que o filme não foi feito para os fãs da série. Mas, passado essas frustrações, vamos aos pontos bons. É um filme divertido, bonitinho, com bons cenários e figurino, um bom entretenimento para o público infanto-juvenil e família, que é o seu público, e não ao público fã do diretor ou fã da série. Com boa fotografia e efeitos visuais, uma bela trilha sonora, bonitas coreografias das formas inspiradas nas artes marciais, personagens interessantes, algumas atuações até regulares e uma história rica e cativante. Algumas cenas e flashbacks são mais marcantes e delicados, pouco comuns em filmes infantis, percebendo-se o toque do Shyamalan. Eu acho que o filme vale sim a conferida e não deixa de ser interessante. O grande erro do diretor foi ter feito algo diferente da série e desagradado bastante os fãs, e para piorar usou um estilo muito diferente do que os fãs do diretor estavam acostumados. E mesmo para que só analisa o filme, ele possui falhas e derrapadas bem incômodas. É compreensível o grande número de pessoas que odiaram o filme.
Sou suspeito para falar de um dos filmes de terror preferidos. Consegue respeitar ao excelente clássico cult de 1977, usando suas referências sem ser um reboot do original, e ter estilo e vida própria. Como no original, é o horror se escondendo no que é belo. As histórias dos personagens chave, inclusive de alguns secundários, são revelados de uma maneira sutil e delicada, em porções de "menu degustação". Inclusive o significado da dança, o pano de fundo histórico, aqui é desenvolvido sem pressa e cheias de detalhes. A riqueza das histórias, das intenções e sentimentos, são apenas pinceladas durante todo o filme de forma não linear, na qual você vai juntando os pedaços para entender qual o papel de cada um ali, e que atiça uma curiosidade por cada um deles, enquanto causa uma estranha empatia pelos personagens. Durante todo o filme, o que está acontecendo às vezes o diálogo real está sendo dito em paralelo ao principal, ou às vezes não é nem falado ou narrado, limitado só com uma expressão de um rosto, ou com um olhar, ou com um objeto, rendendo bastante interpretações, mas sem ser realmente enigmático ou metafórico demais, cumprindo com o objetivo de enriquecer a trama, que não chega a ser um segredo tão bem guardado assim à quem assiste. A trilha sonora de Thom Yorke é perfeita, ajudando a dar às cenas, que normalmente teriam um tom mais sombrio e pesado, a ter um tom triste, belo e melancólico às cenas chave e ao filme em geral. Um clássico imediato e inesquecível.
Uma grata surpresa. Um terror psicológico intrigante. Os primeiros 40 minutos de filme é um teste para sua paciência, pois é meio pastelão, arrastado e até banal. Porém, aos poucos o filme engrena, se aprofunda, torna-se denso, pesado, chocante e incitante, como uma sinfonia que começa tranquila e despretensiosa, e aos poucos cresce até envolver ao êxtase. Até que, com o último terço do filme em seu auge, detalhes da primeira metade do filme começam a fazer sentido e ajudam a entender o intrigante e excelente final.
De quem é a culpa quando alguém sofre humilhação, abuso ou violência na sociedade? É justa a reação chocante e violenta de tal pessoa que sofreu isso toda a vida, fazendo seus perpetradores "terem o que merece"? Quem é o 'vilão' e o 'mocinho' nessa história? Porque é tão difícil para alguém entender o que outra pessoa está passando quando age de uma forma "não convencional"? São questões como essas que Coringa nos faz refletir ao acompanhar a história de Arthur Fleck e perceber, na pele do protagonista, que não é tão simples condená-lo ou inocentá-lo, se merece ou não compaixão, ou mesmo apontar culpados dele ser assim e resumir de maneira simplória quem é bom ou quem é mau na sociedade. Expõe, sem rodeios, como os problemas da nossa sociedade se acumulam e criam outros problemas, cada vez mais complexos, sofridos e difíceis de serem resolvidos, como em uma perigosa reação em cadeia. Sem contar que o filme, de maneira visceral, realista e chocante, nos mostra como os problemas psicológicos podem causar grande sofrimento a si mesmo e levar a causar sofrimento às pessoas em sua volta, e como é gritante a falta de empatia de quem não entende, ou mesmo não faz esforço em entender, o que é passar por isso. Um filme brilhante, roteiro muito bem escrito, história marcante, fotografia bem escolhida que ajuda a construir a narrativa, trilha sonora que complementa na dose certa a carga dramática, e sem contar a atuação do Joaquin Phoenix, que é quase unânime que foi espetacular. Inesquecível.
As doses de drama, tensão, horror e medo são muito bem pensadas e dosadas ao desenrolar da história bem escrita e dirigida, aliado ao enredo sem respostas prontas e que faz o espectador se esforçar a entender o que realmente está acontecendo (ou o que aconteceu ali). Sem contar a bela fotografia, incomum ao gênero, que enriquece e valoriza momentos simples mas que são muito relevantes às percepções que o diretor deseja com a obra. As boas atuações das atrizes eleva o nível e nos entrega uma história intrigante e ao mesmo tempo tocante, rapidamente nos levando a ter empatia por seus personagens e o peso que carregam pelo que aconteceu com eles. Tranquilamente o melhor filme de terror asiático que já assisti.
Um filme que equilibra bem o medo perturbador e angustiante, o mistério ao desenrolar da trama e a camada metafórica sem exagerar para nenhum lado, e entrega um terror competente que consegue prender o espectador do início até o fim. Só que (felizmente) o filme não se resume a uma história de ocultismo que aflige uma família. Mas, de maneira sutil, também aborda questões e problemas que o próprio título do filme sugere, como se paralelamente à história principal, o diretor também quer abordar um outro assunto também complexo e difícil, sobre a relação da hereditariedade e os problemas mentais que pode acometer os membros de uma família. Mais um excelente filme dessa nova geração do pós-terror.
Amargo. É o gosto que fica na boca ao acompanhar o novo trabalho da diretora do excelente Babadook, que não titubeia e entrega um filme mais visceral, chocante e polêmico. Apesar da premissa da vingança bastante explorada no cinema, a diretora consegue reações e consequências mais realistas pouco exploradas em outras obras, sem poupar o espectador até do 'enjôo' que a consumação da vingança causa em quem a busca. Aborda, sem rodeios, temas como a discriminação, o preconceito e até onde pode chegar a falta de caráter na humanidade, em lugares e passados quase desconhecidos pela nossa sociedade. É uma pena, mas desta vez o filme tem alguns deslizes. Em alguns momentos o filme torna-se um pouco arrastado, algumas cenas de violência são um pouco incoerentes e gratuitas em comparação com as demais, os momentos de terror da personagem são um tanto vagos e no final passa até uma impressão que a diretora ficou sem idéias. Mas esses deslizes não estragam a experiência. Um filme forte e cru, que nos faz repensar quem somos como humanos e como sociedade. Obrigatório a conferida.
Um Senhor Estagiário
3.9 1,2K Assista AgoraUm filme com uma premissa interessante e bem desenvolvida, que é a reinserção de pessoas idosas já aposentadas na vida ativa. E ela vai além, construindo de uma maneira leve, inteligente e sutil questões que nossa sociedade evita falar, como a morte, a velhice, o medo de ficar sozinho, a falta de propósito, as fragilidades de pessoas em grandes cargos (que adivinhe! são humanos como nós), enfim, um filme que até a primeira metade é muito bem construído e é gostoso de se assistir.
O porém é com a segunda metade do filme. Ele toma um rumo totalmente diferente e esquece do personagem que veio contar a história. O filme na segunda metade é sobre a chefe do personagem, e infelizmente não é desenvolvida como o primeiro. O que antes era sutil agora descamba para o dramalhão e pastelão. Tudo o que funcionou na primeira metade é feito com exageros ao nível do artificial, o que torna a experiência cansativa e até piegas. Muitos diálogos e cenas sem necessidade de estar lá, falas artificiais que parecem decoradas só para ficar bonito (a filha do casal que o diga), só para parecer fofinho e uma gracinha. Abusa de cenas pedantes para encher lacunas e estender o filme além do necessário, e faz personagens antes sutis se tornarem babosos, emocionais demais e inseguros, desnecessariamente.
O foco do filme fica tanto obcecado em explorar esses dramas deforma desmedida que as questões do protagonista principal, da empresa, da sua chefe, tudo é deixado de lado para focar somente nos problemas pessoais da Jules Ostin e seus dramas e inseguranças.
Tanto é que fica claro que o filme se resume em apenas passar uma mensagem explicitamente direcionada às mulheres bem sucedidas na carreira, mas que se sentem muito inseguras e para elas não acharem que isso é que "atrapalha" seu relacionamento amoroso e familiar.
É uma pena, tinha inteligência, sutileza, enfim, ingredientes, história e atores para ser um grande filme, mas infelizmente se perdeu em um melodrama cansativo em algum lugar na cabeça da diretora.
Avatar: O Caminho da Água
3.9 1,3K Assista AgoraAvatar O Caminho da Água é uma grata surpresa.
Apesar de ser uma continuação, consegue no conjunto da obra ser melhor que o primeiro (na minha opinião), coisa um tanto rara no cinema, isso levando em conta que o primeiro é um marco no cinema por ser inovador em efeitos especiais e a maior bilheteria de todos os tempos, e mesmo assim essa continuação consegue fincar a bandeira entre as maiores bilheterias de todos os tempos.
Explico isso por alguns motivos:
- A fotografia e efeitos especiais impecáveis, fruto de 13 anos de dedicação do diretor no perfeccionismo nos detalhes da sua obra.
- A história inova e sai de ser uma mera continuação da história e conceitos já apresentados no primeiro filme, sempre mantendo a proposta de ter claras referências à nossa própria cultura e meio ambiente e sociedade aqui no nosso planeta.
- Consegue trazer mais personagens, com histórias e vida próprias, deixando de apenas focar nos protagonistas principais do primeiro filme.
- Diminui a pegada maniqueísta do primeiro filme, de que todos ou são bons ou são maus, se aproximando mais da realidade da natureza da vida.
A minha pergunta é: porque esse filme desagradou tanto uma boa parcela do público e crítica?
É lógico que o filme tem sérios problemas de enredo e trama, o maior ponto fraco dessa obra. Uma trama rasa que relembra as séries de ação da sessão da tarde. Os vilões estereotipados e caricatos dos anos 90 de James Cameron estão ainda presentes e já estão enjoativamente datados.
Mas no meu ver esses problemas não estragam a belíssima experiência. A riqueza de personagens, biomas, ambientes, cenários de tirar o fôlego, e mini histórias inseridas no filme que contam e enriquecem a história central com certeza vale e muito a conferida.
O Homem do Norte
3.7 935 Assista AgoraÉ um filme bom, mas com alguns problemas.
O principal ao meu ver é o público que o filme tentou atingir: O público de massa.
Primeiro fazendo um trailer que passava a impressão de outro tipo de filme, um filme de época tradicional ao estilo Vikings.
Segundo por tentar fazê-lo virar um blockbuster, pela Universal, o que obviamente deu errado. Quem conhece o diretor sabe muito bem que não é o estilo dele.
Terceiro, por adaptar no cinema uma mescla de mitologia Nórdica com peça de Shakespeare, o que também além de arriscado é um gosto de nicho, o que deu para perceber que é fora da zona de conforto do diretor.
Em resumo, frustrou pessoas que foram ver um filme blockbuster e encontrou outra coisa, já que não entendem o estilo do diretor, e nem mesmo aos fãs dele, que viram algo aquém do que esperariam visto a qualidade das suas obras anteriores.
Em resumo, é um bom filme, boas atuações, boa fotografia, muitos detalhes da cultura nórdica, boa história. Mas, falhas na adaptação do teatro para um enredo de cinema, falhas de ritmo e misturas de estilo um tanto atropeladas tira o filme de ser bem melhor.
O Guerreiro Silencioso
3.1 277 Assista AgoraUm filme brutal, mas também sensorial, contemplativo e imersivo, com belas fotografias, cenários e enquadramentos, uma pintura em forma de filme. Uma pesquisa de antemão da mitologia Nórdica do Valhalla, do paganismo/cristianismo nórdico ajuda a se situar no filme e ter uma ideia do enredo. Porém os pouquíssimos diálogos, longas cenas sem qualquer ação, e uma história sem uma construção linear e sem objetivo aparente torna a experiência arrastada e sonolenta.
A Garota no Trem
3.6 1,6K Assista AgoraO filme até a primeira metade aparenta ser um suspense mediano e previsível, um simples bockbuster com enredo manjado e 'mistério' pouco envolvente. Porém a atuação de Emily Blunt se destaca e se aprofunda, tomando outra direção e entregando uma riqueza de detalhes e dramas da própria personagem que nos faz ter empatia e nos identificar. Ela realmente rouba a cena e acompanhar a evolução da personagem toma a frente no plot e o mistério e a trama central, que já não empolgava mesmo, ficam até para segundo plano.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraÉ um filme médio. Sem comparar e contextualizá-lo com a trilogia original, é um bom entretenimento atual, boas sacadas de roteiro, críticas inteligentes à sociedade, bastante lutas, novos personagens interessantes, atuação ok, efeitos especiais, ação frenética, e uma trama interessante.
O grande problema do filme é que ele faz parte de algo muito maior, uma das histórias mais geniais e filosóficas da ficção científica do cinema, e comparado com estes, ficou pequeno e superficial. Muitas histórias, tramas, enredos, personagens e até locais foram descartados, descaracterizados ou reduzidos a questões pouco relevantes para a trama. É uma pena, muito se esperava ansiosamente de personagens em potencial, que algumas questões em aberto do universo Matrix seriam respondidas ou abordadas, mas não foi o caso. O pouco que foi reaproveitado foi apenas o que era suficiente para esta nova trama. Tipo aquele pratinho de fim de festa que levamos para casa para comermos no dia seguinte.
A direção do filme é que houve na minha opinião os maiores problemas. As cenas de ação possuem enquadramentos ruins, muitos cortes de câmera, velocidade exagerada, a ponto de fazer o expectador se perder de qual cena faz parte de qual. As atuações dos personagens da trama original ficaram apagadas, meio que no automático, perdendo o brilho e carisma que tinham. Além de que apesar das boas ideias de enredo que o filme têm, peca na execução delas, tirando a empolgação que poderia ter.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraO filme é bom, tem suas qualidades - excelente fotografia, ambientação imersiva, efeitos especiais de primeira linha, atuações competentes, de fato o filme certamente não decepciona.
Porém, vindo de um diretor do calibre de Denis Villeneuve, esperava mais. Faltou aprofundamentos dos personagens para causar conexões e expectativas na audiência. Alguns descartados cedo demais, outros sequer aparecem direito, e ficam só na vontade. Muito conteúdo, ambiente e personagens da política das casas e do Império foram deixadas de fora.
A costumeira pegada contemplativa do diretor, que não tem pressa em ambientalizar o espectador e mexer com os sentidos consumiu o tempo do filme e fez o filme passar de forma a não dar tempo do diretor de desenvolver os personagens, a política, os conflitos das Casas, o Império e até mesmo o Melange, que são apenas pincelados no filme.
No resumo da ópera, parece que é apenas um prelúdio de um grande filme que ainda está por vir. Parece um menu degustação prime de um delicioso banquete principal que não será servido.
Ernest e Célestine
4.4 319A sensibilidade, compreensão e a empatia de alguns é um oásis no mundo seco, duro e frio que vivemos.
Heróis Fora de Órbita
3.5 93 Assista AgoraUma sátira interessante em forma de metalinguagem dos filmes/séries de ficção científica que formaram uma significativa base de fãs. Porém diferente dos filmes do gênero, este consegue ter vida própria, pois tem um roteiro bem escrito, amarrado e coeso, que não se leva tão a sério, bem humorado mas sem ser escrachado, e com acertados momentos dramáticos. Apesar de pouco conhecido pela massa, é muito amado pelos fãs e até por cineastas, produtores e atores, pois homenageia uma classe que geralmente é ignorada nos filmes: A do fã incondicional.
Estômago
4.2 1,6K Assista AgoraO filme é forte, têm até seus bons momentos, um roteiro original que prende a atenção e expõe sem rodeios os fortes estereótipos brasileiros numa saga de um cozinheiro desconhecido, que até lembra (ligeiramente) à Ratatouille. Porém, os excessos na caracterização dos personagens, com os mesmos estereótipos tresloucados dos brasileiros cafajestes, prostitutas e bandidos que é mais do mesmo nos filmes e novelas nacionais, com reviravoltas convenientes e um tanto forçadas. No rumo geral que a trama toma, as cenas beiram até o escatológico. No resumo da ópera, não gostei .Têm realmente que ter 'estomago' para ver o filme, quase que desisti.
Cafarnaum
4.6 673 Assista AgoraDefinitivamente a humanidade é um fracasso.
A Maldição da Bruxa
3.2 172 Assista AgoraUm filme frenético, ao bom estilo Velozes e Furiosos. Não, pera...
Primer
3.5 489 Assista AgoraTalvez o filme sobre viagem no tempo mais complexo do cinema. Como o diretor não se preocupa em esclarecer em nada sobre a trama e muito menos colocar nada em formato linear, é praticamente certo do espectador ficar perdido no filme, mesmo ficando atento em entendê-lo. O mais interessante mesmo da obra é pegar cada peça do quebra cabeça e, com algumas reassistidas e provavelmente com auxílio de um guia da internet, montá-lo e entender o passo a passo dos protagonistas na intrincada trama.
Mas, como filme em si, cuidado. Pega de propósito os espectadores ocasionais e entrega um filme bem arrastado, com excesso de diálogos técnicos, interpessoais, fortemente não linear, multicamadas e confuso acima da média. Certamente essa proposta ofuscou muito o enredo brilhante e original.
Saint Maud
3.5 334 Assista AgoraUm filme com uma excelente ambientação, atuação competente, fotografia irretocável, trilha sonora acertada e sinistra, roteiro com uma construção de personagem intrigante e imprevisível, um terror psicológico em uma lenta crescente que vai causando desconforto, instigando e te engolindo aos poucos.
Pena que o filme acaba cedo demais, parece que tudo foi construído com tanto trabalho minucioso, mas que frustradamente encaminha-se para uma rápida e simplória conclusão, deixando aquela sensação de que iria entregar um desfecho arrebatador, mas que ficou mesmo só com as ótimas expectativas criadas.
A Assistente
3.3 198 Assista AgoraComo crítica à cultura de silenciar denúncias, assédio moral e abusos sexuais de um famoso caso do meio cinematográfico, é relevante e nos faz refletir sobre esse tema a partir de um ponto de vista incomum. Porém excluindo a referência, como filme é deveras arrastado e superficial. Parece que apenas ligou uma câmera e filmou um dia de trabalho de uma assistente no escritório e só. Atuações ligadas no automático, quase sem nenhum tipo de interpretação. A Julia Gardner é exceção, mas sozinha não convence. Falta trama, dramaticidade, enredo, sequer há uma história. Uma pena, para mim um desperdício de uma excelente ideia.
Você Nunca Esteve Realmente Aqui
3.6 521 Assista AgoraFilmaço. Ponto.
Estou Pensando em Acabar com Tudo
3.1 1,0K Assista AgoraPara um olhar desatento, pode parecer um filme sem pé nem cabeça, confuso demais, arrastado e com diálogos longos e cansativos. Não podemos negar que realmente o filme tem um pouco disso tudo, mas, não deixa de ser genial, muito bem montado, dirigido e interpretado soberbamente pelos atores principais, um prato cheio especialmente para quem quis saber melhor sobre a história e leu o livro de mesmo nome.
Apesar da abordagem (e história) um pouco diferente do livro, o diretor Charlie Kaufman dá no filme o seu tempero costumeiro, o de discutir e expor de forma não convencional as relações humanas. E funciona, pois além do enfoque no personagem Jake que o livro gira em torno, o diretor enriquece a narrativa dando um outro olhar através do personagem Lucy, trazendo novas interpretações, possibilidades e discussões do enredo.
O filme é riquíssimo de detalhes e referências, não só ao livro mas à várias outras obras cinematográficas, livros, peças teatrais e musicais, sempre contribuindo de alguma forma nas mensagens que o filme quer discutir.
E que após tê-lo assistido te faz pensar muito na pergunta onipresente nos filmes do diretor: "O que é ser Humano?"
Obrigatório para um cinéfilo que se preze.
O Último Mestre do Ar
2.7 2,1K Assista AgoraVamos ver se consigo sair do lugar comum neste mar de comentários negativos. Primeiro, as razões de tanta gente ter achado ruim:
- Há sérios problemas de atuações em alguns atores, beirando o amadorismo.
- Alguns diálogos são muito fracos, remetendo àquelas séries de comédia infantil da TV fechada de baixo orçamento.
- O roteiro tenta resumir muito conteúdo em um filme só, o que acaba deixando várias histórias interessantes sem serem desenvolvidas, muitas pontas soltas da história e cenas apressadas e resumidas demais. Muitas lacunas e cenas só são entendidas melhor se o espectador assistir a série animada, sendo que o filme não foi feito para os fãs da série.
Mas, passado essas frustrações, vamos aos pontos bons.
É um filme divertido, bonitinho, com bons cenários e figurino, um bom entretenimento para o público infanto-juvenil e família, que é o seu público, e não ao público fã do diretor ou fã da série.
Com boa fotografia e efeitos visuais, uma bela trilha sonora, bonitas coreografias das formas inspiradas nas artes marciais, personagens interessantes, algumas atuações até regulares e uma história rica e cativante. Algumas cenas e flashbacks são mais marcantes e delicados, pouco comuns em filmes infantis, percebendo-se o toque do Shyamalan. Eu acho que o filme vale sim a conferida e não deixa de ser interessante.
O grande erro do diretor foi ter feito algo diferente da série e desagradado bastante os fãs, e para piorar usou um estilo muito diferente do que os fãs do diretor estavam acostumados. E mesmo para que só analisa o filme, ele possui falhas e derrapadas bem incômodas. É compreensível o grande número de pessoas que odiaram o filme.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraSou suspeito para falar de um dos filmes de terror preferidos. Consegue respeitar ao excelente clássico cult de 1977, usando suas referências sem ser um reboot do original, e ter estilo e vida própria. Como no original, é o horror se escondendo no que é belo.
As histórias dos personagens chave, inclusive de alguns secundários, são revelados de uma maneira sutil e delicada, em porções de "menu degustação". Inclusive o significado da dança, o pano de fundo histórico, aqui é desenvolvido sem pressa e cheias de detalhes.
A riqueza das histórias, das intenções e sentimentos, são apenas pinceladas durante todo o filme de forma não linear, na qual você vai juntando os pedaços para entender qual o papel de cada um ali, e que atiça uma curiosidade por cada um deles, enquanto causa uma estranha empatia pelos personagens. Durante todo o filme, o que está acontecendo às vezes o diálogo real está sendo dito em paralelo ao principal, ou às vezes não é nem falado ou narrado, limitado só com uma expressão de um rosto, ou com um olhar, ou com um objeto, rendendo bastante interpretações, mas sem ser realmente enigmático ou metafórico demais, cumprindo com o objetivo de enriquecer a trama, que não chega a ser um segredo tão bem guardado assim à quem assiste. A trilha sonora de Thom Yorke é perfeita, ajudando a dar às cenas, que normalmente teriam um tom mais sombrio e pesado, a ter um tom triste, belo e melancólico às cenas chave e ao filme em geral.
Um clássico imediato e inesquecível.
O Lamento
3.9 431 Assista AgoraUma grata surpresa. Um terror psicológico intrigante. Os primeiros 40 minutos de filme é um teste para sua paciência, pois é meio pastelão, arrastado e até banal. Porém, aos poucos o filme engrena, se aprofunda, torna-se denso, pesado, chocante e incitante, como uma sinfonia que começa tranquila e despretensiosa, e aos poucos cresce até envolver ao êxtase. Até que, com o último terço do filme em seu auge, detalhes da primeira metade do filme começam a fazer sentido e ajudam a entender o intrigante e excelente final.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraDe quem é a culpa quando alguém sofre humilhação, abuso ou violência na sociedade?
É justa a reação chocante e violenta de tal pessoa que sofreu isso toda a vida, fazendo seus perpetradores "terem o que merece"?
Quem é o 'vilão' e o 'mocinho' nessa história?
Porque é tão difícil para alguém entender o que outra pessoa está passando quando age de uma forma "não convencional"?
São questões como essas que Coringa nos faz refletir ao acompanhar a história de Arthur Fleck e perceber, na pele do protagonista, que não é tão simples condená-lo ou inocentá-lo, se merece ou não compaixão, ou mesmo apontar culpados dele ser assim e resumir de maneira simplória quem é bom ou quem é mau na sociedade.
Expõe, sem rodeios, como os problemas da nossa sociedade se acumulam e criam outros problemas, cada vez mais complexos, sofridos e difíceis de serem resolvidos, como em uma perigosa reação em cadeia.
Sem contar que o filme, de maneira visceral, realista e chocante, nos mostra como os problemas psicológicos podem causar grande sofrimento a si mesmo e levar a causar sofrimento às pessoas em sua volta, e como é gritante a falta de empatia de quem não entende, ou mesmo não faz esforço em entender, o que é passar por isso.
Um filme brilhante, roteiro muito bem escrito, história marcante, fotografia bem escolhida que ajuda a construir a narrativa, trilha sonora que complementa na dose certa a carga dramática, e sem contar a atuação do Joaquin Phoenix, que é quase unânime que foi espetacular.
Inesquecível.
Medo
3.5 421 Assista AgoraAs doses de drama, tensão, horror e medo são muito bem pensadas e dosadas ao desenrolar da história bem escrita e dirigida, aliado ao enredo sem respostas prontas e que faz o espectador se esforçar a entender o que realmente está acontecendo (ou o que aconteceu ali).
Sem contar a bela fotografia, incomum ao gênero, que enriquece e valoriza momentos simples mas que são muito relevantes às percepções que o diretor deseja com a obra.
As boas atuações das atrizes eleva o nível e nos entrega uma história intrigante e ao mesmo tempo tocante, rapidamente nos levando a ter empatia por seus personagens e o peso que carregam pelo que aconteceu com eles.
Tranquilamente o melhor filme de terror asiático que já assisti.
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraUm filme que equilibra bem o medo perturbador e angustiante, o mistério ao desenrolar da trama e a camada metafórica sem exagerar para nenhum lado, e entrega um terror competente que consegue prender o espectador do início até o fim.
Só que (felizmente) o filme não se resume a uma história de ocultismo que aflige uma família. Mas, de maneira sutil, também aborda questões e problemas que o próprio título do filme sugere, como se paralelamente à história principal, o diretor também quer abordar um outro assunto também complexo e difícil, sobre a relação da hereditariedade e os problemas mentais que pode acometer os membros de uma família. Mais um excelente filme dessa nova geração do pós-terror.
The Nightingale
3.7 181 Assista AgoraAmargo. É o gosto que fica na boca ao acompanhar o novo trabalho da diretora do excelente Babadook, que não titubeia e entrega um filme mais visceral, chocante e polêmico. Apesar da premissa da vingança bastante explorada no cinema, a diretora consegue reações e consequências mais realistas pouco exploradas em outras obras, sem poupar o espectador até do 'enjôo' que a consumação da vingança causa em quem a busca. Aborda, sem rodeios, temas como a discriminação, o preconceito e até onde pode chegar a falta de caráter na humanidade, em lugares e passados quase desconhecidos pela nossa sociedade.
É uma pena, mas desta vez o filme tem alguns deslizes. Em alguns momentos o filme torna-se um pouco arrastado, algumas cenas de violência são um pouco incoerentes e gratuitas em comparação com as demais, os momentos de terror da personagem são um tanto vagos e no final passa até uma impressão que a diretora ficou sem idéias. Mas esses deslizes não estragam a experiência. Um filme forte e cru, que nos faz repensar quem somos como humanos e como sociedade. Obrigatório a conferida.