Dimitriv

Há algo maravilhosamente freudiano na maneira como os críticos americanos elogiam por unanimidade um filme de guerra completamente torpe e esquecível, cuja única característica notável é algo que não pode ser dito sobre seus pênis; ou seja, é (feito para parecer) sem cortes. O conteúdo sexual reprimido distorce cada breve linha de diálogo em um duplo sentido ("pode ​​ser um aperto apertado" e outros enfeites) e retorna em vários detalhes: a guerra mundial definindo como um grande choque para as idéias tradicionais de masculinidade, a associação imediata da mão machucada com a incapacidade de se divertir (observe a cegueira temporária que se seguiu alguns momentos depois, evocando o mito da masturbação excessiva que leva à perda da visão), a luz promissora no final do poço, as pontas danificadas dos canhões de artilharia e outros objetos fálicos, etc. Tudo indica uma direção que a eventual "melhor vitória" do filme apenas confirmará - esta obra é ao mesmo tempo uma fantasia de realização de desejos de um órgão masculino sem circuncisão, bem como de um elogio elaboradamente construído, lamentando a desnecessária perda de milhões de prepúcios. Duas estrelas pelo sempre brilhante Roger Deakins.

O primeiro e infelizmente único trabalho de Hu Bo, fortemente inspirado nas obras de Tarr, é um dos maiores acontecimentos cinematográficos deste século. Difícil acreditar que a direção sublime deste épico foi fruto de um "novato" vindo do mundo da literatura.

Embora tenha deixado apenas este filme antes de tragicamente nos abandonar, Hu Bo conseguiu ficar marcado entre os grandes nomes do cinema. Conseguiu com seu único filme o raro feito que muitos diretores não conseguem em uma carreira bem mais prolífica. Tranquilamente o melhor e mais impactante filme desta década.