Mais um pro rol de títulos que entregam um trailer sedutor, mas ao assistir o filme se mostra um completo fiasco. Gostei dos efeitos e das lutas, mas achei bem desnecessário as apresentações apelativas, os personagens enunciando golpes como se estivessem no jogo (Kung Lao, que vergonha alheia...), e o tom caricato que o filme tenta passar nos diálogos chucros. Como comédia não diverte, nem emociona pra quem é fã. Mas valeu por revisitar essa outra adaptação com a tecnologia atual, a exemplo do Goro que não entregaram algo grotesco além do que já é a própria criatura. Sou obrigado a concordar com vários aqui que consideram o primeiro do P. W. Anderson, pois esse de 2021 ainda saiu meio xoxo, manco, frágil e inconsistente pra proposta.
Essa menina entregou um bálsamo de atuação melhor que muitas atrizes adultas por aí. Que porrada esse filme dá na gente... Impressionante como ninguém sabe lidar com a rejeição da criança, ela menos ainda. A vida só lhe deu falsas promessas: quando ela começava a criar o vínculo, ao primeiro sinal de surto as pessoas não queriam se comprometer. É muita crueldade da mãe, mas também de alguns 'profissionais' que lidam com ela como se fosse um grande estorvo, e que ficariam aliviados se ela fosse eliminada. Me lembrei de uma amiga psicóloga que lida com crianças abrigadas em situações de vulnerabilidade, em que teve um casal que simplesmente devolveu a menina pro abrigo no dia de Natal. A verdade é que existem muitas Bennys por aí.
Rodar um filme enlutado, homenageando a própria filha que estava cotada para atuar também, é um feito pra fortes, pra quem gosta verdadeiramente do que faz. Desde 'Festen', Vinterberg mostra esse encanto e simplicidade na mensagem, carregada de extrema potência crítica. O mais louco que li sobre o filme foi ver que ele gravou na mesma escola que a filha estudou - ela faleceu em 2019 num trágico acidente de carro. Ao mesmo tempo, esse lindo filme ajudou o diretor a atravessar seu luto, e isso já valeria a pena. Mas tratando-se do Vinterberg, ele entrega uma dramédia sensacional. Particularmente, me presenteou com gostosas gargalhadas. O final é impagável, o Mikkelsen pode representar qualquer coisa que é apaixonante de qualquer jeito. Achei proposital a dubiedade do roteiro, pois não abordou o alcoolismo de forma moralista, tampouco tratou de romantizar a doença. Ao mesmo tempo, fica implícita a crítica ao consumo excessivo de álcool das sociedades nórdicas alambiques, mas também promove um brinde à sensação prazerosa proporcionada pela bebelança que, quando feita junto das pessoas que gostamos e com moderação, sempre eleva nossa qualidade de vida.
Porra, vai ser difícil digerir esse filme pra conseguir dormir de tão pesado que é... eu não curto a coisa protocolar do Dogma 95, que mais parece filme de formato amador com baixo orçamento na escassez dos efeitos pra forjar um realismo nu e cru. Mas pra esse eu dei uma chance porque o tema muito me interessa. Basicamente é uma síntese da hipocrisia e do conformismo familiar, que sempre passam pano pras maiores perversidades na tentativa de cultivar um ideário de "tradição" nojenta. Entenda-se por tradição tudo aquilo que for preconceituoso e demodê: a subordinação ao chefe patriarcal como autoridade onipotente, a regulação da vida alheia, o racismo, o machismo e a homofobia escancarados, os moralismos típicos imbuídos nos valores religiosos. Enfim, acho que todo mundo conseguiu identificar algum parente nos inúmeros personagens que aparecem nesse filme, afinal todos têm inegavelmente um cabaré na família com nome e endereço pra chamar de seu, ainda que a contragosto nosso.
Olha, sinceramente se esse filme era pra ser considerado obra prima, pra mim passou bem longe e deu baita sono. Efeitos visuais toscos, em que o sangue mais parece tinta guache. E nem me venham com o argumento que é porque o filme é de 1978, pois Alien foi lançado no ano seguinte a esse aqui e até hoje é considerado um clássico. A trilha sonora achei bem inadequada, muito ruído pra pouco susto. Personagens pernósticos e enfadonhos. A ideia foi boa, mas a execução péssima. Vou assistir o remake ainda pra ver se salva.
Depois de anos, fui rever esse filme na versão "Assembly Cut". Vamo lá: primeiramente, é beeeem superior à versão picotada repleta de problemas (até melhorei a avaliação de quando eu tinha assistido). 1) dou colher de chá, pois o cineasta estreante nesse filme nos presenteou com filmaços depois; 2) o Fincher nem teve muita culpa, foi pego no pulo. Era um diretor de videoclipes e o projeto já tava encaminhado, aliás produtores muuuito enrolados no roteiro desse Alien. Isso torna o filme mais estranho e mais fraco da franquia, a meu ver; 4) gente, menos né? O final é coerente sim com essa narrativa, os efeitos especiais são questionáveis? Sim, mas o desfecho não. Vi tanta gente reclamando aqui, deviam era prestar queixa com a patroa Sigourney Weaver, pois isso de matar a personagem foi exigência dela! E convenhamos que foi mais digno, porque o quarto filme é bem meia boca e podiam ter encerrado nesse mesmo. Depois do sucesso de Aliens, esse terceiro filme dificilmente chegou ao mesmo patamar como continuação. O primeiro ainda segue sendo meu favorito. Mas Alien 3 tem coisas interessantes apesar de tudo, pois o final bem comercial de margarina do James Cameron me pareceu um tanto troncho.
James Cameron fazendo o que sabe de melhor: cinema épico arrasta quarteirões. O filme tem umas pieguices dispensáveis sim, mas só o fato de ter mulher coberta de razão, pisando em um bando de macho babaca e ainda a pessoa que encarnou essa protagonista incrível ganhar um valor digno de cachê pra retomar o mesmo papel (pra época já imagino como isso foi escandaloso...) merece todo mérito de uma sequência de qualidade (isso existe raramente no cinema, fato). Vi alguém dizer aqui que o Alien mãe era "inteligente demais" (oi!?). Eu arrisco a dizer que qualquer forma de vida fora do planeta é mais inteligente que essa nossa espécie, o equívoco dos deuses. Taí os filmes pra provarem: um bando de humanóide burro se achando pica como se fosse pário pro bicho, e pior, ainda destruindo pessoas de sua própria espécie. Essa reflexão sempre aparece nos filmes do Cameron, por isso ele é tão bom no que faz.
Esse filme é obra prima pelo simples pioneirismo dele: uma mulher protagonizando um filme de ficção/ação/suspense, algo incomum na época; o monstrengo utilizado feito de forma artesanal e rudimentar, mas que entrega um resultado aceitável; a ideia de mesclar ficção científica com terror... enfim, por tudo isso ele já vale a pena. Há certa sexualização da protagonista [spoiler][/spoiler] ao final do filme? Sim, mas isso não tira o mérito do filme (não esperem só louros: o pioneirismo veio com esse lado desnecessário). Eu vejo e revejo cada detalhe, depois de alguns anos sempre tenho vontade de revisitar esse universo aterrorizante e nunca me canso de assistir. Alien é aquela sequência de filmes que deu certo: nunca vi continuação prestar como as que vieram depois, exceto pelos filmes cagados que o Ridley Scott resolveu entregar já nos anos 2010 como Prometheus e Covenant relacionados à franquia. No mais, a prova que o filme é excelente é quando ele fica intocável por gerações, sem precisar de remake como Alien. É melhor deixarem como tá, com todas as suas imperfeições, do que tornar um clássico deformado.
Menos é mais: uma duração arrastada, extensa, com diversas cenas desnecessárias que nada agregam ao filme. Fora isso, achei o tema fundamental e muito bem delineada a construção dessas relações de desamor, que não ocorre só entre o menino e os pais, mas vem desde a rejeição sofrida pela mãe dele. São histórias cruzadas de um mesmo trauma, que se repete. O filme mostra muito bem como esse padrão de (des)apego resvala para a criança, e é de partir o coração ver os sentimentos do menino ao perceber que no já doloroso processo de separação, que ele não está incluso na futura vida - tanto do pai quanto da mãe. A delicadeza em tratar disso, que é bastante pesado por si só, é a maior virtude do filme e o torna excelente. Realidade tóxica, nua e crua do que acontece em muitas famílias permeadas por abandono e alienação parental.
Porra Danny Boyle, isso aqui não é Trainspotting não... nada a ver manusear a câmera como se tivesse filmando uma lombra de zé noieira. Achei a proposta do filme decente, porém a execução muito da meia boca. Totalmente bugado, um "vilão" que nem dá pra considerar isso e só apareceu pra encher linguiça da metade pro final do filme... Eu tive tanta expectativa, demorei anos pra assistir e foi uma experiência decepcionante.
Que filme revoltante, pqp... Ver esse filme depois do que aconteceu com o menino Miguel no Recife é de cortar ainda mais o coração. Nossa sociedade é simplesmente incapaz de tratar as crianças como o que são: crianças. Não são adultos que por si mesmos podem sair por aí tomando transporte, atravessando ruas, pegando elevadores sozinhas, são crianças. Passei nervoso a cada cena de negligência, ainda mais com o final. E o filme ainda poupou de retratar o outro lado de tudo isso: o tratamento perverso dessa mesma sociedade que torna as crianças objetos de desejo, formando pedófilos. Não existe criança dessexualizada. Existe um estímulo à sexualização infantil (diferente da sexualidade infantil, que é constituinte da formação do psiquismo): como fazem a indústria pornográfica (tudo depilado é a regra), ou os bizarros concursos de beleza. A menina protagonista é encantadora justamente porque cativa a cada pedido de socorro expresso nos olhares, nas frases minimalistas.
Proposta boa, porém mal executada e preguiçosa. Achei o final tosco, assim como várias partes do filme. As metáforas são boas, porém mal aplicadas. Eu tenho que aprender a nunca mais teimar em ver uma produção da Netflix só porque tá sendo o hype do momento.
Acho engraçado essas problematizações chiques que algumas pessoas fazem pra desqualificar o filme. Sinceramente, em que mundo esse povo vive!? Tudo retratado é verossímil, a atuação do cara tá impecável, e dos outros também não deixa a desejar...
1. Pessoas se revoltarem com capitalistas cretinos assassinados me parece uma descrição razoável dos dias de hoje. Coringa é a realidade paralela que eu gostaria que acontecesse: pessoas se sensibilizando pelos invisíveis e vulneráveis, desprezando a classe dominante e abjeta. O natural da sociedade que a gente vive é tornar impunes ou abrandar a pena quando os caras de grande poder aquisitivo cometem crimes: feminicídio, tráfico (até pela mídia são veiculados de outra forma, como se nem houvesse crime). 2. O mais plausível e tocante foi ver o trato com pessoas invisibilizadas porque negadas de acolhimento social e privadas de oportunidades. O diálogo com a assistente social é inesquecível, porque quando se é pobre e sofre de algum distúrbio psíquico, a invisibilidade ganha a forma do aniquilamento (deliberado pelo Estado na omissão de políticas públicas para essas pessoas). O ponto de virada é quando o personagem reage às agressões e enfrenta com violência, apesar de desencadeada num contexto delirante e reativo às agressões sofridas pelo Arthur no metrô. O Coringa sofre de um tipo de transtorno de personalidade, que se manifesta de diversas formas às pessoas que o possuem. A transição de um estado a outro não é coisa de outro mundo. Transtornos, como o de personalidade boderline, são a prova disso. Muito provavelmente seja a enfermidade do Coringa, ora em estados de perversão ora de melancolia, mas que resvalam para um sofrimento latente e fulcral. Como ele mesmo fala no diálogo mais marcante do filme, ele sempre esteve em sofrimento contínuo ao longo da vida. 3.
O cara não começou um movimento de massa, isso se deu como efeito dos primeiros assassinatos que ele cometeu, e que a princípio não havia cunho político. Ele notou a grandeza dos protestos, se apropriou dela e se usou dela para legitimar suas ações e seu discurso - agora não mais como um Arthur marginalizado de Gotham, e sim como o vilão Coringa.
Então não vejo o menor sentido em desqualificar o filme sob o argumento de que ele faz uma apologia ou celebra feitos de sociopatas. Maníacos e sequelados sempre existiram, sobretudo são frutos dum tipo de sociedade doente, e não é um filme que vai promover ou deixar de incitar o aparecimento deles.
Puta que pariu, quase duas horas e meia vendo esse filme feio. Tudo é uma podreza, não tem nada que cative nos desdobramentos da história. A burocracia de Estado e o totalitarismo (realista ou distópico) é um tema relativamente manjado, mas, sinceramente, apesar de ser um assunto irritante e desagradável, tem formas mais inteligentes e atrativas de retratar. E isso o filme 1984 faz bem melhor, recomendo forte.
A cinebiografia mais pungente sobre o Van Gogh. A fotografia é belíssima, e a atuação que o Dafoe entrega no papel é tão reluzente como o próprio pintor. A história descrita aos olhos do personagem, com o manejo de câmeras, visões distorcidas e um amarelado constante é um recurso muito interessante usado pelo diretor. Apesar disso, o ritmo não me conquistou. Prefiro o da animação igualmente cativante que tem na Netflix. Ainda assim, o filme é muito bonito ao retratar de forma poética a trágica vida de Van Gogh.
Achei bem enfadonho, e tudo muito caricato. Não via a hora de terminar logo, duas horas e meia vendo efeitos alucinógenos? Oi? Se eu quisesse passar por isso, tomaria de novo algo na vera, não ficar acompanhando delírio dos outros por horas a fio. Esteticamente, a produção é relevante. Agora, pra ver um filme em que os personagens usam psicotrópico, Bacurau até então se mostrou insuperável. Ainda bem que vi no cinema, porque se fosse pra ver Mindsommar teria me arrependido amargamente. Felizmente vi no pirata. Como alguém comentou aqui, acho que esse diretor ficou extremamente afetado com o desfecho de "Hereditário" e acabou bolando esse filme superestimado.
Filmaço! Só não ganha as 5 estrelas porque ficaram algumas pontas soltas. Bacurau é meio Black Mirror, meio faroeste, meio Tarantino. Podiam ter explicado melhor a missão dos gringos na cidade: entretenimento gratuito e inescrupuloso ou só um aplicativo gamer num futuro distópico, em que os colonizadores fazem o de sempre? Fiquei com essa dúvida. De toda forma, para quem achou o filme superestimado, só tenho a impressão que a pessoa deve ser do sul ou sudeste e não viu graça no filme, pode até ter se ofendido. Só digo uma coisa pra essas pessoas: lidem com o fato do nordeste estar fazendo cinema nacional de qualidade, e ainda com repercussão excelente no exterior. Lidem, sobretudo, com as críticas presentes no filme. O deboche é um recado, não é mero recurso pra desdenhar de gente dessas regiões.
Globo Filmes sempre produzindo essas disenterias. Filme sem graça, patético, lixo. Latino como ator até pra representar ele mesmo é de doer, quiçá como cantor.
Esse filme é a maior prova do talento da Meryl Streep. As transições de fluência entre um idioma e outro são de deixar qualquer um embasbacado, além do sotaque impecável e do flerte com a câmera quando ela descreve os horrores vividos por Sofia. Eu particularmente só consegui ver esse filme em dois momentos, voltei porque a Netflix vai tirar do catálogo essa semana. Mas não sei se assistiria novamente por duas razões: o filme em si é muito longo, acho que algumas partes foram extensas e desnecessárias. Sei que isso serve pra demarcar as flutuações esquizofrênicas de Nathan, mas podia ter sido em cenas mais curtas. A outra razão é pelo mesmo motivo que levou a Meryl Streep a não gravar novamente a fatídica cena da escolha de Sofia: é uma coisa tão penosa e dolorosa de assistir, ainda mais àquela altura do filme, que eu fiquei atônito, digerindo um sofrimento tão escabroso, sem reagir, sem conseguir chorar... Enfim, vale como um clássico memorável, sobretudo pelas atuações envolvidas.
Algumas cenas bonitas como as sequências finais, e uns diálogos que salvam. Mais a maior virtude desse filme é que ele é tão esquecível que amanhã já não lembro de nada. No geral, achei massante e pueril. Deve ser porque a Frances me parece muito pisciana, eu já tava agoniado de alguns monólogos dela que levam o nada a lugar algum. Ainda que seja interessante a ideia de conservar a "criança" de cada um, estabanada e mesmo assim determinada no seu modo de ser, acho que o filme força um tanto pra convencer do puerilismo de Frances.
Flashbacks desnecessários e meio confusos, destoando de algumas cenas. O final faltou, pensei que ainda viria mais alguma coisa. Encerrou num diálogo meio aleatório, típico de meio do filme. Deu até a impressão que finalizaram com uma certa preguiça... Nem pra sinalizarem um desfecho; não me refiro necessariamente a uma cena, mas até uma explicação plausível sobre como encerrou a vida da artista, exibindo um texto breve, por exemplo, ao término do filme. Se tratando de um filme biográfico, acho que isso é obrigatório, pra dizer o mínimo. A Queen Latifah interpretando a Bessie é uma dádiva. Juntamente com a Mo'Nique, que é outro agradável deleite.
Mortal Kombat
2.7 1,0K Assista AgoraMais um pro rol de títulos que entregam um trailer sedutor, mas ao assistir o filme se mostra um completo fiasco. Gostei dos efeitos e das lutas, mas achei bem desnecessário as apresentações apelativas, os personagens enunciando golpes como se estivessem no jogo (Kung Lao, que vergonha alheia...), e o tom caricato que o filme tenta passar nos diálogos chucros. Como comédia não diverte, nem emociona pra quem é fã. Mas valeu por revisitar essa outra adaptação com a tecnologia atual, a exemplo do Goro que não entregaram algo grotesco além do que já é a própria criatura. Sou obrigado a concordar com vários aqui que consideram o primeiro do P. W. Anderson, pois esse de 2021 ainda saiu meio xoxo, manco, frágil e inconsistente pra proposta.
Transtorno Explosivo
4.0 158 Assista AgoraEssa menina entregou um bálsamo de atuação melhor que muitas atrizes adultas por aí. Que porrada esse filme dá na gente... Impressionante como ninguém sabe lidar com a rejeição da criança, ela menos ainda. A vida só lhe deu falsas promessas: quando ela começava a criar o vínculo, ao primeiro sinal de surto as pessoas não queriam se comprometer. É muita crueldade da mãe, mas também de alguns 'profissionais' que lidam com ela como se fosse um grande estorvo, e que ficariam aliviados se ela fosse eliminada. Me lembrei de uma amiga psicóloga que lida com crianças abrigadas em situações de vulnerabilidade, em que teve um casal que simplesmente devolveu a menina pro abrigo no dia de Natal. A verdade é que existem muitas Bennys por aí.
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 798 Assista AgoraRodar um filme enlutado, homenageando a própria filha que estava cotada para atuar também, é um feito pra fortes, pra quem gosta verdadeiramente do que faz. Desde 'Festen', Vinterberg mostra esse encanto e simplicidade na mensagem, carregada de extrema potência crítica. O mais louco que li sobre o filme foi ver que ele gravou na mesma escola que a filha estudou - ela faleceu em 2019 num trágico acidente de carro. Ao mesmo tempo, esse lindo filme ajudou o diretor a atravessar seu luto, e isso já valeria a pena. Mas tratando-se do Vinterberg, ele entrega uma dramédia sensacional. Particularmente, me presenteou com gostosas gargalhadas.
O final é impagável, o Mikkelsen pode representar qualquer coisa que é apaixonante de qualquer jeito. Achei proposital a dubiedade do roteiro, pois não abordou o alcoolismo de forma moralista, tampouco tratou de romantizar a doença. Ao mesmo tempo, fica implícita a crítica ao consumo excessivo de álcool das sociedades nórdicas alambiques, mas também promove um brinde à sensação prazerosa proporcionada pela bebelança que, quando feita junto das pessoas que gostamos e com moderação, sempre eleva nossa qualidade de vida.
Festa de Família
4.2 396 Assista AgoraPorra, vai ser difícil digerir esse filme pra conseguir dormir de tão pesado que é... eu não curto a coisa protocolar do Dogma 95, que mais parece filme de formato amador com baixo orçamento na escassez dos efeitos pra forjar um realismo nu e cru. Mas pra esse eu dei uma chance porque o tema muito me interessa. Basicamente é uma síntese da hipocrisia e do conformismo familiar, que sempre passam pano pras maiores perversidades na tentativa de cultivar um ideário de "tradição" nojenta. Entenda-se por tradição tudo aquilo que for preconceituoso e demodê: a subordinação ao chefe patriarcal como autoridade onipotente, a regulação da vida alheia, o racismo, o machismo e a homofobia escancarados, os moralismos típicos imbuídos nos valores religiosos. Enfim, acho que todo mundo conseguiu identificar algum parente nos inúmeros personagens que aparecem nesse filme, afinal todos têm inegavelmente um cabaré na família com nome e endereço pra chamar de seu, ainda que a contragosto nosso.
Filha do Mal
1.9 1,9K Assista AgoraDevia existir no filmow uma opção chamada "já vi, mas gostaria de nunca ter visto" ou "desver essa porcaria".
Suspiria
3.8 981 Assista AgoraOlha, sinceramente se esse filme era pra ser considerado obra prima, pra mim passou bem longe e deu baita sono. Efeitos visuais toscos, em que o sangue mais parece tinta guache. E nem me venham com o argumento que é porque o filme é de 1978, pois Alien foi lançado no ano seguinte a esse aqui e até hoje é considerado um clássico. A trilha sonora achei bem inadequada, muito ruído pra pouco susto. Personagens pernósticos e enfadonhos. A ideia foi boa, mas a execução péssima. Vou assistir o remake ainda pra ver se salva.
Alien 3
3.2 542 Assista AgoraDepois de anos, fui rever esse filme na versão "Assembly Cut". Vamo lá: primeiramente, é beeeem superior à versão picotada repleta de problemas (até melhorei a avaliação de quando eu tinha assistido). 1) dou colher de chá, pois o cineasta estreante nesse filme nos presenteou com filmaços depois; 2) o Fincher nem teve muita culpa, foi pego no pulo. Era um diretor de videoclipes e o projeto já tava encaminhado, aliás produtores muuuito enrolados no roteiro desse Alien. Isso torna o filme mais estranho e mais fraco da franquia, a meu ver; 4) gente, menos né? O final é coerente sim com essa narrativa, os efeitos especiais são questionáveis? Sim, mas o desfecho não. Vi tanta gente reclamando aqui, deviam era prestar queixa com a patroa Sigourney Weaver, pois isso de matar a personagem foi exigência dela! E convenhamos que foi mais digno, porque o quarto filme é bem meia boca e podiam ter encerrado nesse mesmo.
Depois do sucesso de Aliens, esse terceiro filme dificilmente chegou ao mesmo patamar como continuação. O primeiro ainda segue sendo meu favorito. Mas Alien 3 tem coisas interessantes apesar de tudo, pois o final bem comercial de margarina do James Cameron me pareceu um tanto troncho.
[spoiler][/spoiler]
Aliens: O Resgate
4.0 810 Assista AgoraJames Cameron fazendo o que sabe de melhor: cinema épico arrasta quarteirões. O filme tem umas pieguices dispensáveis sim, mas só o fato de ter mulher coberta de razão, pisando em um bando de macho babaca e ainda a pessoa que encarnou essa protagonista incrível ganhar um valor digno de cachê pra retomar o mesmo papel (pra época já imagino como isso foi escandaloso...) merece todo mérito de uma sequência de qualidade (isso existe raramente no cinema, fato). Vi alguém dizer aqui que o Alien mãe era "inteligente demais" (oi!?). Eu arrisco a dizer que qualquer forma de vida fora do planeta é mais inteligente que essa nossa espécie, o equívoco dos deuses. Taí os filmes pra provarem: um bando de humanóide burro se achando pica como se fosse pário pro bicho, e pior, ainda destruindo pessoas de sua própria espécie. Essa reflexão sempre aparece nos filmes do Cameron, por isso ele é tão bom no que faz.
Alien: O Oitavo Passageiro
4.1 1,3K Assista AgoraEsse filme é obra prima pelo simples pioneirismo dele: uma mulher protagonizando um filme de ficção/ação/suspense, algo incomum na época; o monstrengo utilizado feito de forma artesanal e rudimentar, mas que entrega um resultado aceitável; a ideia de mesclar ficção científica com terror... enfim, por tudo isso ele já vale a pena. Há certa sexualização da protagonista [spoiler][/spoiler] ao final do filme? Sim, mas isso não tira o mérito do filme (não esperem só louros: o pioneirismo veio com esse lado desnecessário). Eu vejo e revejo cada detalhe, depois de alguns anos sempre tenho vontade de revisitar esse universo aterrorizante e nunca me canso de assistir. Alien é aquela sequência de filmes que deu certo: nunca vi continuação prestar como as que vieram depois, exceto pelos filmes cagados que o Ridley Scott resolveu entregar já nos anos 2010 como Prometheus e Covenant relacionados à franquia. No mais, a prova que o filme é excelente é quando ele fica intocável por gerações, sem precisar de remake como Alien. É melhor deixarem como tá, com todas as suas imperfeições, do que tornar um clássico deformado.
Sem Amor
3.8 319 Assista AgoraMenos é mais: uma duração arrastada, extensa, com diversas cenas desnecessárias que nada agregam ao filme. Fora isso, achei o tema fundamental e muito bem delineada a construção dessas relações de desamor, que não ocorre só entre o menino e os pais, mas vem desde a rejeição sofrida pela mãe dele. São histórias cruzadas de um mesmo trauma, que se repete. O filme mostra muito bem como esse padrão de (des)apego resvala para a criança, e é de partir o coração ver os sentimentos do menino ao perceber que no já doloroso processo de separação, que ele não está incluso na futura vida - tanto do pai quanto da mãe. A delicadeza em tratar disso, que é bastante pesado por si só, é a maior virtude do filme e o torna excelente. Realidade tóxica, nua e crua do que acontece em muitas famílias permeadas por abandono e alienação parental.
Invasão Zumbi 2: Península
2.4 391 Assista AgoraNão consigo mais marcar filmes como "não quero ver" aqui no filmow... estranho 🤔
Sunshine: Alerta Solar
3.4 363 Assista AgoraPorra Danny Boyle, isso aqui não é Trainspotting não... nada a ver manusear a câmera como se tivesse filmando uma lombra de zé noieira. Achei a proposta do filme decente, porém a execução muito da meia boca. Totalmente bugado, um "vilão" que nem dá pra considerar isso e só apareceu pra encher linguiça da metade pro final do filme... Eu tive tanta expectativa, demorei anos pra assistir e foi uma experiência decepcionante.
Meu Anjo
3.5 39Que filme revoltante, pqp...
Ver esse filme depois do que aconteceu com o menino Miguel no Recife é de cortar ainda mais o coração. Nossa sociedade é simplesmente incapaz de tratar as crianças como o que são: crianças. Não são adultos que por si mesmos podem sair por aí tomando transporte, atravessando ruas, pegando elevadores sozinhas, são crianças. Passei nervoso a cada cena de negligência, ainda mais com o final. E o filme ainda poupou de retratar o outro lado de tudo isso: o tratamento perverso dessa mesma sociedade que torna as crianças objetos de desejo, formando pedófilos. Não existe criança dessexualizada. Existe um estímulo à sexualização infantil (diferente da sexualidade infantil, que é constituinte da formação do psiquismo): como fazem a indústria pornográfica (tudo depilado é a regra), ou os bizarros concursos de beleza. A menina protagonista é encantadora justamente porque cativa a cada pedido de socorro expresso nos olhares, nas frases minimalistas.
O Poço
3.7 2,1K Assista AgoraProposta boa, porém mal executada e preguiçosa. Achei o final tosco, assim como várias partes do filme. As metáforas são boas, porém mal aplicadas. Eu tenho que aprender a nunca mais teimar em ver uma produção da Netflix só porque tá sendo o hype do momento.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraAcho engraçado essas problematizações chiques que algumas pessoas fazem pra desqualificar o filme. Sinceramente, em que mundo esse povo vive!? Tudo retratado é verossímil, a atuação do cara tá impecável, e dos outros também não deixa a desejar...
1. Pessoas se revoltarem com capitalistas cretinos assassinados me parece uma descrição razoável dos dias de hoje. Coringa é a realidade paralela que eu gostaria que acontecesse: pessoas se sensibilizando pelos invisíveis e vulneráveis, desprezando a classe dominante e abjeta. O natural da sociedade que a gente vive é tornar impunes ou abrandar a pena quando os caras de grande poder aquisitivo cometem crimes: feminicídio, tráfico (até pela mídia são veiculados de outra forma, como se nem houvesse crime).
2. O mais plausível e tocante foi ver o trato com pessoas invisibilizadas porque negadas de acolhimento social e privadas de oportunidades. O diálogo com a assistente social é inesquecível, porque quando se é pobre e sofre de algum distúrbio psíquico, a invisibilidade ganha a forma do aniquilamento (deliberado pelo Estado na omissão de políticas públicas para essas pessoas). O ponto de virada é quando o personagem reage às agressões e enfrenta com violência, apesar de desencadeada num contexto delirante e reativo às agressões sofridas pelo Arthur no metrô. O Coringa sofre de um tipo de transtorno de personalidade, que se manifesta de diversas formas às pessoas que o possuem. A transição de um estado a outro não é coisa de outro mundo. Transtornos, como o de personalidade boderline, são a prova disso. Muito provavelmente seja a enfermidade do Coringa, ora em estados de perversão ora de melancolia, mas que resvalam para um sofrimento latente e fulcral. Como ele mesmo fala no diálogo mais marcante do filme, ele sempre esteve em sofrimento contínuo ao longo da vida.
3.
O cara não começou um movimento de massa, isso se deu como efeito dos primeiros assassinatos que ele cometeu, e que a princípio não havia cunho político. Ele notou a grandeza dos protestos, se apropriou dela e se usou dela para legitimar suas ações e seu discurso - agora não mais como um Arthur marginalizado de Gotham, e sim como o vilão Coringa.
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraÉ curioso como anos difíceis sempre produzem coisas tão encantadoras no mundo das artes. No cinema, na música, nos livros... esse filme é uma delas. 🌻
Brazil, o Filme
3.8 403 Assista AgoraPuta que pariu, quase duas horas e meia vendo esse filme feio. Tudo é uma podreza, não tem nada que cative nos desdobramentos da história. A burocracia de Estado e o totalitarismo (realista ou distópico) é um tema relativamente manjado, mas, sinceramente, apesar de ser um assunto irritante e desagradável, tem formas mais inteligentes e atrativas de retratar. E isso o filme 1984 faz bem melhor, recomendo forte.
No Portal da Eternidade
3.8 348 Assista AgoraA cinebiografia mais pungente sobre o Van Gogh. A fotografia é belíssima, e a atuação que o Dafoe entrega no papel é tão reluzente como o próprio pintor. A história descrita aos olhos do personagem, com o manejo de câmeras, visões distorcidas e um amarelado constante é um recurso muito interessante usado pelo diretor. Apesar disso, o ritmo não me conquistou. Prefiro o da animação igualmente cativante que tem na Netflix. Ainda assim, o filme é muito bonito ao retratar de forma poética a trágica vida de Van Gogh.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraAchei bem enfadonho, e tudo muito caricato. Não via a hora de terminar logo, duas horas e meia vendo efeitos alucinógenos? Oi? Se eu quisesse passar por isso, tomaria de novo algo na vera, não ficar acompanhando delírio dos outros por horas a fio. Esteticamente, a produção é relevante. Agora, pra ver um filme em que os personagens usam psicotrópico, Bacurau até então se mostrou insuperável. Ainda bem que vi no cinema, porque se fosse pra ver Mindsommar teria me arrependido amargamente. Felizmente vi no pirata. Como alguém comentou aqui, acho que esse diretor ficou extremamente afetado com o desfecho de "Hereditário" e acabou bolando esse filme superestimado.
Bacurau
4.3 2,8K Assista AgoraFilmaço! Só não ganha as 5 estrelas porque ficaram algumas pontas soltas. Bacurau é meio Black Mirror, meio faroeste, meio Tarantino. Podiam ter explicado melhor a missão dos gringos na cidade: entretenimento gratuito e inescrupuloso ou só um aplicativo gamer num futuro distópico, em que os colonizadores fazem o de sempre? Fiquei com essa dúvida. De toda forma, para quem achou o filme superestimado, só tenho a impressão que a pessoa deve ser do sul ou sudeste e não viu graça no filme, pode até ter se ofendido. Só digo uma coisa pra essas pessoas: lidem com o fato do nordeste estar fazendo cinema nacional de qualidade, e ainda com repercussão excelente no exterior. Lidem, sobretudo, com as críticas presentes no filme. O deboche é um recado, não é mero recurso pra desdenhar de gente dessas regiões.
Duas de Mim
2.4 95Globo Filmes sempre produzindo essas disenterias. Filme sem graça, patético, lixo. Latino como ator até pra representar ele mesmo é de doer, quiçá como cantor.
A Escolha de Sofia
4.0 514 Assista AgoraEsse filme é a maior prova do talento da Meryl Streep. As transições de fluência entre um idioma e outro são de deixar qualquer um embasbacado, além do sotaque impecável e do flerte com a câmera quando ela descreve os horrores vividos por Sofia. Eu particularmente só consegui ver esse filme em dois momentos, voltei porque a Netflix vai tirar do catálogo essa semana. Mas não sei se assistiria novamente por duas razões: o filme em si é muito longo, acho que algumas partes foram extensas e desnecessárias. Sei que isso serve pra demarcar as flutuações esquizofrênicas de Nathan, mas podia ter sido em cenas mais curtas. A outra razão é pelo mesmo motivo que levou a Meryl Streep a não gravar novamente a fatídica cena da escolha de Sofia: é uma coisa tão penosa e dolorosa de assistir, ainda mais àquela altura do filme, que eu fiquei atônito, digerindo um sofrimento tão escabroso, sem reagir, sem conseguir chorar... Enfim, vale como um clássico memorável, sobretudo pelas atuações envolvidas.
Frances Ha
4.1 1,5K Assista AgoraAlgumas cenas bonitas como as sequências finais, e uns diálogos que salvam. Mais a maior virtude desse filme é que ele é tão esquecível que amanhã já não lembro de nada. No geral, achei massante e pueril. Deve ser porque a Frances me parece muito pisciana, eu já tava agoniado de alguns monólogos dela que levam o nada a lugar algum. Ainda que seja interessante a ideia de conservar a "criança" de cada um, estabanada e mesmo assim determinada no seu modo de ser, acho que o filme força um tanto pra convencer do puerilismo de Frances.
Bessie
3.7 49 Assista AgoraFlashbacks desnecessários e meio confusos, destoando de algumas cenas. O final faltou, pensei que ainda viria mais alguma coisa. Encerrou num diálogo meio aleatório, típico de meio do filme. Deu até a impressão que finalizaram com uma certa preguiça... Nem pra sinalizarem um desfecho; não me refiro necessariamente a uma cena, mas até uma explicação plausível sobre como encerrou a vida da artista, exibindo um texto breve, por exemplo, ao término do filme. Se tratando de um filme biográfico, acho que isso é obrigatório, pra dizer o mínimo. A Queen Latifah interpretando a Bessie é uma dádiva. Juntamente com a Mo'Nique, que é outro agradável deleite.