Em tempos de consumir carne de papelão ou carne indevida ['de cabeça', com excesso de gordura etc.], ainda por cima vendida a preços exorbitantes, esse filme é mais que necessário, sobretudo pela crítica às redes de fast food: carnes processadas repletas de aditivos e conservantes, cujo consumo questionável pode acarretar diversos males à saúde humana. Não obstante algumas coisas, que não apaga o mérito do filme, como a participação da songamonga Avril Lavigne, nota-se que o Linklater consegue dirigir o elenco de forma coesa, inclusive noutros trabalhos como Boyhood - alguns atores atuam também noutros de seus filmes. Gostei muito do trato sobre a precarização do trabalho, e vai fundo no problema fundamental: empresas multinacionais enriquecem ao redor do mundo maquilando problemas, isentando-se da responsabilidade através da terceirização [hoje chamam esse processo de "uberização"], ramificando todas as esferas produtivas; isso pode ser observado na questão dos imigrantes ilegais que são contratados como mão de obra barata [para não falar escravista], sem nenhum amparo legal como, por exemplo, assistência em casos de acidente de trabalho. Aos que vislumbram a lógica liberal da propriedade privada e livre iniciativa com pouca intervenção do Estado: esse filme lembra como é importante explorar o mundo podre por trás do que não aparece devido às roupagens 'sustentáveis' e 'humanizadas' que as empresas tentam forjar, obviamente não apenas por questões legais mas também, e principalmente, éticas. Tá no catálogo da Netflix, vale a pena conferir antes que eles retirem como outros bons filmes e aos poucos só sobrem as porcarias. Eu realmente não entendo porque esse filme não conseguiu o reconhecimento que merece. p.s.: indico aqui um livro que trata com mais detalhes sobre como funciona a precarização [ou uberização] do trabalho, que acompanha o processo de reconfiguração do mundo do trabalho vigente no capitalismo: 'Sem maquiagem', de Ludmila Costhek Abílio, lançado pela Boitempo. É a tese de doutorado dela, faz um recorte sociológico sobre o trabalho das revendedoras da Natura que não é reconhecido como um vínculo 'oficial' com carteira assinada, logo não tem amparo de direitos. A mesma lógica, obviamente ela não trata detalhadamente porque o estudo se dedicou às revendedoras da Natura, vale para as revendedoras da Avon e de Tupperware, trabalhadores do Uber, as terceirizações da produção de grandes lojas como Zara, Renner e Riachuelo, entre inúmeros outros casos.
Assisti num cinema da minha cidade que sempre fujo porque as poltronas fedem a mofo, mas era o único que exibia em 2D. Não acho que valia o ingresso em 3D (o 4º filme da franquia pra mim foi o único que valeu a pena nesse formato). Foi engraçado, todo mundo pensava que era um trailer demorado - quando nos demos conta, todos os poucos expectadores pensavam que haviam errado de sala, mas era só o cara da projeção (!) que tava dormindo no ponto e ia exibir 'o chamado 3'! Sobre o filme: boas cenas de ação, suspense sob medida. Me incomodou muitas cenas no escuro, dava até preguiça de ver dada a dificuldade de acompanhar. Teve um personagem barbudo parecido com um 'selvagem' de GoT que tava o tempo inteiro com o grupo e morreu sem dar um pio de interação. Mas o furo maior foi no desleixo com o roteiro: trazer de volta somente a Claire e os vilões dos outros filmes e sem dar um desfecho decente pros demais personagens como Jill Valentine e Chris Redfield foi, no mínimo, leviano, como se subestimasse o intelecto de quem assistiu o restante da franquia desconsiderando parte da história. Quem quiser julgar o filme pela narrativa, esqueça: trata-se de bom entretenimento com vários efeitos especiais.
Mais uma dentre vários suprassumos da música que se foi, num ano tormentoso como 2016. Como já comentaram aqui: 'nunca vou me conformar...'. Documentário lindo de morrer, de uma sensibilidade absurda ao retratar desde a descoberta da doença de Miss Sharon até a dolorosa trajetória de seu tratamento. Além disso, o que o torna mais triste é ver que ele foi finalizado antes de reincidir o câncer, pois seu desfecho dá um ar entusiástico de que ela há de superar tudo. Independente disso, é belíssimo ver uma lenda viva como foi Miss Jones em palco: arrebatador é o termo que melhor define. Acredito que um show dela com os Dap Kings devia ser uma experiência transcendente, daquelas que expurgam a alma, de acordo com a simbiose da banda e de como as músicas reverberam na plateia. Apesar de achar isso visualmente e não de corpo presente, a autenticidade visceral de Miss Jones sempre me lembrou bastante o mesmo vigor da Janis Joplin, tanto como pessoa quanto como artista. Apesar dos contrastes entre ambas, elas estão no rol de cantoras que viveram corpo e alma pela música. Souberam sintetizar a humildade e o talento ímpar numa paixão desnorteada, com vocais e performances ao vivo eternizadas. Pena que hoje em dia esse tipo de artista tá praticamente extinto, o que sobra é só embuste.
Pode ser datado no quesito 'efeitos especiais', mas deixa inúmeros filmes de terror atuais na sarjeta. Adoro essa obsessão do Cronenberg pelo escatológico, mórbido e decrépito da natureza humana que se revela em seus filmes, sobretudo quando ele realiza uma 'fusão' de dois gêneros tão intrigantes como horror e ficção, no melhor estilo 'Alien'. A reflexão do homem tornado inseto, que remete ao Gregor Samsa do Kafka, não é mera coincidência: a metáfora vale também pra esse filme, e usada muito apropriadamente.
Que filme! Felizmente descobri mais um filme decente nesse ano moribundo e infeliz. Ao contrário de 'demônio de neon', que particularmente achei um thriller bem meia boca, os simbolismos usados aqui são totalmente apropriados, a começar com a forma de agir da personagem muito parecida com a dos felinos. Aliás, isso é uma das características mais cativantes, se analisada gradualmente ao longo do filme - que a meu ver, quem se recusa a pensar a respeito dos detalhes, para além das obviedades, ficará insatisfeito. Michèle é uma mulher robusta, que desde criança motivos não lhe faltaram para lidar com traumas de um jeito sabotador. E estupro não seria diferente. Ela, ao seu modo rijo, vivencia inúmeras situações caóticas, paralelamente a todo o caos de fundo que inicia o filme, o abuso. Esse enfretamento de situações terríveis é retratado com maestria, acho que foi inclusive o maior mérito do filme, ao combinar elementos absurdamente cômicos que se devem ao senso de humor mordaz de Michèle, em meio a momentos tensos. Espero que muitos possam refletir como casos de violência contra a mulher nem sempre são evidentes universalmente para as vítimas, e que um desfecho por justiça demanda coragem inimaginável para punir o agressor. Acredito que apesar de alguns tentarem ver o abuso sexual somente sob a ótica da erotização do estupro (não o vi assim, tampouco como uma 'trucidade' ao feminismo como alguns acharam aqui), o filme cumpre todos os requisitos de um excelente thriller; a dúvida de Michèle se sofreu ou não abuso, se deve ou não reagir contra o agressor, logo é respondida com a decisão que ela trama para deixar de fugir do estuprador e defronta-lo em flagrante, na reviravolta final.
Esse filme não parece ter agradado tanto o público em geral, mas achei um barato, sobretudo pela forma como o diretor executou, como já disseram aqui: utilizando atores reais para simular um falso documentário num filme baseado em fatos reais, algo próximo do que a 6ª temporada de American Horror Story tá fazendo (obviamente com a ressalva de ser uma história mais fictícia, apesar dessa margem de se basear num fato real e por se tratar de uma forma seriada). Entretanto, o que mais me chamou a atenção, para além das atuações adoráveis da Shirley Maclaine e do Jack Black, foi a reflexão bem levantada sobre como alcançar a tão virtuosa justiça. Sem fazer spoiler, achei bem interessante o modo que o filme retratou sobre a espetacularização que muito se faz em vários julgamentos [criminais ou não], sem levar em consideração a proporcionalidade da pena ~justa~ aos envolvidos efetivamente. O que ocorre com frequência é a influência da opinião pública e repercussão da mídia, como se tudo se passasse num talk show.
Obs1: mais um filme pro ranking de títulos em português nonsense. Bastava se intitular Bernie, como no original. Seria mais sucinto e eficaz.
Obs2: essa sinopse do Filmow tá meio terrível, o filme não forja um 'romance' entre o agente funerário e a senhora viúva e rica. Os moradores da pequena cidade que estranham a aproximação súbita de ambos, e começam a especular e maldar por si mesmos. Inclusive, rola a hipótese do Bernie ser bicha por ser um cara 'padrão' que se encaixa nessa teoria, por nunca ter casado nem namorar ninguém ainda aos 40 e tantos anos.
Me parece que ele é daqueles filmes 8 ou 80, ou se ama ou o odeia sem meio termo (basta ver como ele dividiu o agrado dos usuários aqui do Filmow). Esperava que fosse um filme melhor, o que mais salvou foi a trilha e a atuação da Elle Fanning. A proposta é boa, mas acredito que se perdeu um pouco em meio a jogadas gratuitas de cenas grotescas. Achei muito estetismo barato; e qual o propósito do Keanu Reeves nesse filme? 'menos é mais', como dizem por aí.
Tanto que esperei descobrir um torrent com o receio de uma experiência tão temida, e como o torrent não saiu foi o que realmente ocorreu: ver no cinema foi realmente frustrante. Não pelo filme em si, que considero excelente e ímpar comparado a outros do gênero. Mas pelo público que resolve ir para estragar a experiência dos demais que só quiseram ver um filme no cinema e esperavam ver sossegados. Digo isso porque me parece que todos tiveram uma experiência parecida. Tem gente que resolve ir com um turma pra zoar como se estivesse em casa. Lamentável... Filmes de mistério/suspense, de tanto perderem a qualidade produzindo "mais do mesmo" (beirando ao tosco e absurdo de mal feitos) passaram a ser tratados com chacota no BR. Uma pena, pq quando aparece algo diferente e de qualidade, como "a bruxa", não é levado a sério. Seja pq não "estupra" recursos de sanguinolência ou violência gratuitas, seja porque muita gente tá acostumada a filmes "enlatados", prontos, que não precisam pensar pra acompanhar tudo. Ouvi de tudo: queixas de que ele era fraco e arrastado (eu diria que o filme é relativamente curto até, mas muito bem elaborado na narrativa); que era insuficiente (sem explicar as devidas razões); meia boca, enfim: do 8 ao 80. Mas essas pessoas se resumiam a críticas rasas, sem reconhecer as qualidades técnicas (que trilha e atuações, especialmente a do menino Caleb ♥), ou sem levar em consideração os conflitos transpostos no filme (sim, havia conflitos!): um recorte histórico de uma perseguição sem precedentes às mulheres, condenando a sexualidade em detrimento de uma ignorância hipócrita, com bases no fundamentalismo religioso. Ninguém se propôs a analisar o filme nas várias óticas que ele abrange, para além do que se exige nesse gênero: o constructo de uma atmosfera fantasmagórica, que só de desvela a conta gotas e requer toda atenção para acompanhar. E que alguns não perceberam que ao não se deter aos detalhes, perde-se junto o entendimento e aproveitamento do filme por inteiro. Porque teve gente na sessão que assisti se levantando e tapando legendas, rindo ao absurdo, faziam barulhos sem precedentes de embalagens de salgadinhos... Para não citar outros momentos em que alguns perderam as estribeiras ou ficaram impacientes, tal era a desordem. Na maioria, molecagem. Mas devo advertir que todos já foram moleques, eu inclusive; ia a cinemas com turmas de colégio (numerosas!) e sempre assistimos ao filme sem atrapalhar os outros. Acho que isso não é um problema local, os comentários dizem tudo. Reflete a maneira que é tratada atualmente a simples experiência de ir ao cinema, que infelizmente não tem mais sido como antigamente de se apreciar filmes para, após a sessão, tecer comentários fundamentados sobre seu ponto de vista, recomendando ou não entre amigos ou até para formular conversas entre tanto entre amigos quanto entre desconhecidos. Uma pena.
Um filme com abordagem mais "leve" sobre a chegada da Aids e a hostilidade vivida pelos LGBTs. A única coisa que me cativou, além do diálogo final, foram as cenas de dança. O resto foi muito raso, ainda que a tentativa de tratar sobre um tema tão delicado de maneira mais descontraída seja válida, mas achei insuficiente. Recomendo outro da mesma temática, 'the normal heart', que apesar de ser mais tenso (no sentido de tratar o assunto), me saiu mais bonito e verossímil.
Bergman produziu um diálogo devastador entre mãe e filha em "Sonata de outono", e conseguiu transpor isso com maestria na relação atormentada (e ainda pior que a daquele filme) entre pai e filho presente nessa história.
Preguiça desses remakes. Nem com bons efeitos tecnológicos conseguem se equiparar ao original, depois da decepção com Evil Dead quero nem perder tempo vendo isso.
Pra que essa adaptação? Mesmo com algumas poucas alterações que achei mais pertinentes, e até pra atualizar a história na questão do bullying escolar e virtual, nunca vai superar o original nem de longe. A Julianne Moore tá ótima como sempre, já a que faz a Carrie, Chkoë Moretz, não me convenceu como esquisita.
Esse filme me surpreendeu. Confesso que comecei assistindo sem muita pretensão, era só mais um desses suspenses a la Hollywood bem sanguinolentos. Ledo engano. Ele consegue deixar 'O Albergue' no chinelo fácil. A primeira cena parece que devia definir o filme, mas ela é só uma das partes que o compõem como um filme interessante. Ainda mais se baseando numa história real (pelo menos é o que vende), da qual eu gostaria de conhecer. Particularmente, nunca mais tinha visto um filme tão pavoroso, principalmente quando falamos dos produzidos de 2000 pra cá. Ao contrário da semelhança em elementos com 'O Albergue', ele não possui enfoque apenas na violência e/ou sanguinolência, mas me despertou a questão de quão sádicos existem nos países do leste europeu pós-guerra fria, degenerescência que culminará nas mais disformes experiências humanas que conhecemos, como tráficos de órgãos, de mulheres, de crianças... Enfim, uma gradativa tensão que só piora a situação no filme e de quem o assiste, que poucos filmes hoje em dia conseguem fazê-lo. Detalhe para a bela cena em que a prisioneira descobre que possui uma vizinha, acho que a mais bonita do filme. Vale conferir essa película de suspense europeu subestimada.
Gostei, mas poderia ter focado um pouco mais nos trabalhadores a serviço dos banqueiros e acionistas sanguessugas. Ainda que trate isso de forma breve com a 'especialista em Japão', o enfoque maior foi denunciar a luxuosidade e ostentação dos caras que monopolizam o capital. Ainda assim é um bom filme.
Achei que superaria o original, isso é bem difícil quando se trata de remakes. Se não fosse o final, diria que o filme é mais um desses de terror sanguinolento e com violência gratuitos. Nada demais. Não sei se é porque filmes assim estão cheios por aí ou se é o cinema que esgotou as ideias e resolveu apostar em prequelas ou remakes [já que continuações geralmente são fadadas ao fracasso], e a originalidade dos filmes antigos acaba tornando esse tipo de filme tão enfadonho. Mas nada comparado ao 'lado B' quando assistimos de primeira. Por mais que os originais da década de 70/80 sejam considerados 'trash' com relação a alguns efeitos, parece que nem o aperfeiçoamento deles hoje em dia conseguem provocar a mesma tensão. Pelo menos pra mim, quando lembro da sensação do filme original ao vê-lo pela primeira vez.
Nação Fast Food: Uma Rede de Corrupção
3.1 212 Assista AgoraEm tempos de consumir carne de papelão ou carne indevida ['de cabeça', com excesso de gordura etc.], ainda por cima vendida a preços exorbitantes, esse filme é mais que necessário, sobretudo pela crítica às redes de fast food: carnes processadas repletas de aditivos e conservantes, cujo consumo questionável pode acarretar diversos males à saúde humana. Não obstante algumas coisas, que não apaga o mérito do filme, como a participação da songamonga Avril Lavigne, nota-se que o Linklater consegue dirigir o elenco de forma coesa, inclusive noutros trabalhos como Boyhood - alguns atores atuam também noutros de seus filmes. Gostei muito do trato sobre a precarização do trabalho, e vai fundo no problema fundamental: empresas multinacionais enriquecem ao redor do mundo maquilando problemas, isentando-se da responsabilidade através da terceirização [hoje chamam esse processo de "uberização"], ramificando todas as esferas produtivas; isso pode ser observado na questão dos imigrantes ilegais que são contratados como mão de obra barata [para não falar escravista], sem nenhum amparo legal como, por exemplo, assistência em casos de acidente de trabalho. Aos que vislumbram a lógica liberal da propriedade privada e livre iniciativa com pouca intervenção do Estado: esse filme lembra como é importante explorar o mundo podre por trás do que não aparece devido às roupagens 'sustentáveis' e 'humanizadas' que as empresas tentam forjar, obviamente não apenas por questões legais mas também, e principalmente, éticas. Tá no catálogo da Netflix, vale a pena conferir antes que eles retirem como outros bons filmes e aos poucos só sobrem as porcarias. Eu realmente não entendo porque esse filme não conseguiu o reconhecimento que merece.
p.s.: indico aqui um livro que trata com mais detalhes sobre como funciona a precarização [ou uberização] do trabalho, que acompanha o processo de reconfiguração do mundo do trabalho vigente no capitalismo: 'Sem maquiagem', de Ludmila Costhek Abílio, lançado pela Boitempo. É a tese de doutorado dela, faz um recorte sociológico sobre o trabalho das revendedoras da Natura que não é reconhecido como um vínculo 'oficial' com carteira assinada, logo não tem amparo de direitos. A mesma lógica, obviamente ela não trata detalhadamente porque o estudo se dedicou às revendedoras da Natura, vale para as revendedoras da Avon e de Tupperware, trabalhadores do Uber, as terceirizações da produção de grandes lojas como Zara, Renner e Riachuelo, entre inúmeros outros casos.
Resident Evil 6: O Capítulo Final
3.0 952 Assista AgoraAssisti num cinema da minha cidade que sempre fujo porque as poltronas fedem a mofo, mas era o único que exibia em 2D. Não acho que valia o ingresso em 3D (o 4º filme da franquia pra mim foi o único que valeu a pena nesse formato). Foi engraçado, todo mundo pensava que era um trailer demorado - quando nos demos conta, todos os poucos expectadores pensavam que haviam errado de sala, mas era só o cara da projeção (!) que tava dormindo no ponto e ia exibir 'o chamado 3'!
Sobre o filme: boas cenas de ação, suspense sob medida. Me incomodou muitas cenas no escuro, dava até preguiça de ver dada a dificuldade de acompanhar. Teve um personagem barbudo parecido com um 'selvagem' de GoT que tava o tempo inteiro com o grupo e morreu sem dar um pio de interação. Mas o furo maior foi no desleixo com o roteiro: trazer de volta somente a Claire e os vilões dos outros filmes e sem dar um desfecho decente pros demais personagens como Jill Valentine e Chris Redfield foi, no mínimo, leviano, como se subestimasse o intelecto de quem assistiu o restante da franquia desconsiderando parte da história. Quem quiser julgar o filme pela narrativa, esqueça: trata-se de bom entretenimento com vários efeitos especiais.
Miss Sharon Jones!
4.2 6Mais uma dentre vários suprassumos da música que se foi, num ano tormentoso como 2016. Como já comentaram aqui: 'nunca vou me conformar...'. Documentário lindo de morrer, de uma sensibilidade absurda ao retratar desde a descoberta da doença de Miss Sharon até a dolorosa trajetória de seu tratamento. Além disso, o que o torna mais triste é ver que ele foi finalizado antes de reincidir o câncer, pois seu desfecho dá um ar entusiástico de que ela há de superar tudo. Independente disso, é belíssimo ver uma lenda viva como foi Miss Jones em palco: arrebatador é o termo que melhor define. Acredito que um show dela com os Dap Kings devia ser uma experiência transcendente, daquelas que expurgam a alma, de acordo com a simbiose da banda e de como as músicas reverberam na plateia. Apesar de achar isso visualmente e não de corpo presente, a autenticidade visceral de Miss Jones sempre me lembrou bastante o mesmo vigor da Janis Joplin, tanto como pessoa quanto como artista. Apesar dos contrastes entre ambas, elas estão no rol de cantoras que viveram corpo e alma pela música. Souberam sintetizar a humildade e o talento ímpar numa paixão desnorteada, com vocais e performances ao vivo eternizadas.
Pena que hoje em dia esse tipo de artista tá praticamente extinto, o que sobra é só embuste.
A Mosca
3.7 1,1KPode ser datado no quesito 'efeitos especiais', mas deixa inúmeros filmes de terror atuais na sarjeta. Adoro essa obsessão do Cronenberg pelo escatológico, mórbido e decrépito da natureza humana que se revela em seus filmes, sobretudo quando ele realiza uma 'fusão' de dois gêneros tão intrigantes como horror e ficção, no melhor estilo 'Alien'. A reflexão do homem tornado inseto, que remete ao Gregor Samsa do Kafka, não é mera coincidência: a metáfora vale também pra esse filme, e usada muito apropriadamente.
Elle
3.8 886Que filme! Felizmente descobri mais um filme decente nesse ano moribundo e infeliz.
Ao contrário de 'demônio de neon', que particularmente achei um thriller bem meia boca, os simbolismos usados aqui são totalmente apropriados, a começar com a forma de agir da personagem muito parecida com a dos felinos. Aliás, isso é uma das características mais cativantes, se analisada gradualmente ao longo do filme - que a meu ver, quem se recusa a pensar a respeito dos detalhes, para além das obviedades, ficará insatisfeito. Michèle é uma mulher robusta, que desde criança motivos não lhe faltaram para lidar com traumas de um jeito sabotador. E estupro não seria diferente. Ela, ao seu modo rijo, vivencia inúmeras situações caóticas, paralelamente a todo o caos de fundo que inicia o filme, o abuso. Esse enfretamento de situações terríveis é retratado com maestria, acho que foi inclusive o maior mérito do filme, ao combinar elementos absurdamente cômicos que se devem ao senso de humor mordaz de Michèle, em meio a momentos tensos.
Espero que muitos possam refletir como casos de violência contra a mulher nem sempre são evidentes universalmente para as vítimas, e que um desfecho por justiça demanda coragem inimaginável para punir o agressor. Acredito que apesar de alguns tentarem ver o abuso sexual somente sob a ótica da erotização do estupro (não o vi assim, tampouco como uma 'trucidade' ao feminismo como alguns acharam aqui), o filme cumpre todos os requisitos de um excelente thriller; a dúvida de Michèle se sofreu ou não abuso, se deve ou não reagir contra o agressor, logo é respondida com a decisão que ela trama para deixar de fugir do estuprador e defronta-lo em flagrante, na reviravolta final.
Quase um Anjo
3.3 179 Assista AgoraEsse filme não parece ter agradado tanto o público em geral, mas achei um barato, sobretudo pela forma como o diretor executou, como já disseram aqui: utilizando atores reais para simular um falso documentário num filme baseado em fatos reais, algo próximo do que a 6ª temporada de American Horror Story tá fazendo (obviamente com a ressalva de ser uma história mais fictícia, apesar dessa margem de se basear num fato real e por se tratar de uma forma seriada). Entretanto, o que mais me chamou a atenção, para além das atuações adoráveis da Shirley Maclaine e do Jack Black, foi a reflexão bem levantada sobre como alcançar a tão virtuosa justiça. Sem fazer spoiler, achei bem interessante o modo que o filme retratou sobre a espetacularização que muito se faz em vários julgamentos [criminais ou não], sem levar em consideração a proporcionalidade da pena ~justa~ aos envolvidos efetivamente. O que ocorre com frequência é a influência da opinião pública e repercussão da mídia, como se tudo se passasse num talk show.
Obs1: mais um filme pro ranking de títulos em português nonsense. Bastava se intitular Bernie, como no original. Seria mais sucinto e eficaz.
Obs2: essa sinopse do Filmow tá meio terrível, o filme não forja um 'romance' entre o agente funerário e a senhora viúva e rica. Os moradores da pequena cidade que estranham a aproximação súbita de ambos, e começam a especular e maldar por si mesmos. Inclusive, rola a hipótese do Bernie ser bicha por ser um cara 'padrão' que se encaixa nessa teoria, por nunca ter casado nem namorar ninguém ainda aos 40 e tantos anos.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraMe parece que ele é daqueles filmes 8 ou 80, ou se ama ou o odeia sem meio termo (basta ver como ele dividiu o agrado dos usuários aqui do Filmow). Esperava que fosse um filme melhor, o que mais salvou foi a trilha e a atuação da Elle Fanning. A proposta é boa, mas acredito que se perdeu um pouco em meio a jogadas gratuitas de cenas grotescas. Achei muito estetismo barato; e qual o propósito do Keanu Reeves nesse filme? 'menos é mais', como dizem por aí.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraTanto que esperei descobrir um torrent com o receio de uma experiência tão temida, e como o torrent não saiu foi o que realmente ocorreu: ver no cinema foi realmente frustrante. Não pelo filme em si, que considero excelente e ímpar comparado a outros do gênero. Mas pelo público que resolve ir para estragar a experiência dos demais que só quiseram ver um filme no cinema e esperavam ver sossegados. Digo isso porque me parece que todos tiveram uma experiência parecida.
Tem gente que resolve ir com um turma pra zoar como se estivesse em casa. Lamentável... Filmes de mistério/suspense, de tanto perderem a qualidade produzindo "mais do mesmo" (beirando ao tosco e absurdo de mal feitos) passaram a ser tratados com chacota no BR. Uma pena, pq quando aparece algo diferente e de qualidade, como "a bruxa", não é levado a sério. Seja pq não "estupra" recursos de sanguinolência ou violência gratuitas, seja porque muita gente tá acostumada a filmes "enlatados", prontos, que não precisam pensar pra acompanhar tudo. Ouvi de tudo: queixas de que ele era fraco e arrastado (eu diria que o filme é relativamente curto até, mas muito bem elaborado na narrativa); que era insuficiente (sem explicar as devidas razões); meia boca, enfim: do 8 ao 80. Mas essas pessoas se resumiam a críticas rasas, sem reconhecer as qualidades técnicas (que trilha e atuações, especialmente a do menino Caleb ♥), ou sem levar em consideração os conflitos transpostos no filme (sim, havia conflitos!): um recorte histórico de uma perseguição sem precedentes às mulheres, condenando a sexualidade em detrimento de uma ignorância hipócrita, com bases no fundamentalismo religioso. Ninguém se propôs a analisar o filme nas várias óticas que ele abrange, para além do que se exige nesse gênero: o constructo de uma atmosfera fantasmagórica, que só de desvela a conta gotas e requer toda atenção para acompanhar. E que alguns não perceberam que ao não se deter aos detalhes, perde-se junto o entendimento e aproveitamento do filme por inteiro. Porque teve gente na sessão que assisti se levantando e tapando legendas, rindo ao absurdo, faziam barulhos sem precedentes de embalagens de salgadinhos... Para não citar outros momentos em que alguns perderam as estribeiras ou ficaram impacientes, tal era a desordem.
Na maioria, molecagem. Mas devo advertir que todos já foram moleques, eu inclusive; ia a cinemas com turmas de colégio (numerosas!) e sempre assistimos ao filme sem atrapalhar os outros. Acho que isso não é um problema local, os comentários dizem tudo. Reflete a maneira que é tratada atualmente a simples experiência de ir ao cinema, que infelizmente não tem mais sido como antigamente de se apreciar filmes para, após a sessão, tecer comentários fundamentados sobre seu ponto de vista, recomendando ou não entre amigos ou até para formular conversas entre tanto entre amigos quanto entre desconhecidos. Uma pena.
Teste
3.2 77Um filme com abordagem mais "leve" sobre a chegada da Aids e a hostilidade vivida pelos LGBTs. A única coisa que me cativou, além do diálogo final, foram as cenas de dança. O resto foi muito raso, ainda que a tentativa de tratar sobre um tema tão delicado de maneira mais descontraída seja válida, mas achei insuficiente. Recomendo outro da mesma temática, 'the normal heart', que apesar de ser mais tenso (no sentido de tratar o assunto), me saiu mais bonito e verossímil.
Circle
3.0 681 Assista AgoraQue é isso, uma cópia barata de "Cubo", só que numa versão "redonda"? ¬¬
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
4.0 550 Assista AgoraA sinopse desse filme tá errada Filmow, corrijam aí :~
Sarabanda
4.1 65Bergman produziu um diálogo devastador entre mãe e filha em "Sonata de outono", e conseguiu transpor isso com maestria na relação atormentada (e ainda pior que a daquele filme) entre pai e filho presente nessa história.
Poltergeist: O Fenômeno
2.4 1,3K Assista AgoraPreguiça desses remakes. Nem com bons efeitos tecnológicos conseguem se equiparar ao original, depois da decepção com Evil Dead quero nem perder tempo vendo isso.
Carrie, a Estranha
2.8 3,5K Assista AgoraPra que essa adaptação? Mesmo com algumas poucas alterações que achei mais pertinentes, e até pra atualizar a história na questão do bullying escolar e virtual, nunca vai superar o original nem de longe. A Julianne Moore tá ótima como sempre, já a que faz a Carrie, Chkoë Moretz, não me convenceu como esquisita.
Segunda Pele
3.3 18O filme até que nem é ruim, mas a trilha sonora é mais trágica que a própria história.
Whore's Glory - A Glória das Prostitutas
4.2 53 Assista AgoraAlguém tem link que dê pra baixar?
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraBrilhante [tirando o fato dos cortes e da partição para ser exibido nos cinemas, o que ainda assim não o tornou ruim]! Sem mais.
O Cativeiro
3.0 94Esse filme me surpreendeu. Confesso que comecei assistindo sem muita pretensão, era só mais um desses suspenses a la Hollywood bem sanguinolentos. Ledo engano. Ele consegue deixar 'O Albergue' no chinelo fácil. A primeira cena parece que devia definir o filme, mas ela é só uma das partes que o compõem como um filme interessante. Ainda mais se baseando numa história real (pelo menos é o que vende), da qual eu gostaria de conhecer. Particularmente, nunca mais tinha visto um filme tão pavoroso, principalmente quando falamos dos produzidos de 2000 pra cá. Ao contrário da semelhança em elementos com 'O Albergue', ele não possui enfoque apenas na violência e/ou sanguinolência, mas me despertou a questão de quão sádicos existem nos países do leste europeu pós-guerra fria, degenerescência que culminará nas mais disformes experiências humanas que conhecemos, como tráficos de órgãos, de mulheres, de crianças... Enfim, uma gradativa tensão que só piora a situação no filme e de quem o assiste, que poucos filmes hoje em dia conseguem fazê-lo. Detalhe para a bela cena em que a prisioneira descobre que possui uma vizinha, acho que a mais bonita do filme. Vale conferir essa película de suspense europeu subestimada.
O Capital
3.8 96Gostei, mas poderia ter focado um pouco mais nos trabalhadores a serviço dos banqueiros e acionistas sanguessugas. Ainda que trate isso de forma breve com a 'especialista em Japão', o enfoque maior foi denunciar a luxuosidade e ostentação dos caras que monopolizam o capital. Ainda assim é um bom filme.
A Morte do Demônio
3.2 3,9K Assista AgoraAchei que superaria o original, isso é bem difícil quando se trata de remakes. Se não fosse o final, diria que o filme é mais um desses de terror sanguinolento e com violência gratuitos. Nada demais. Não sei se é porque filmes assim estão cheios por aí ou se é o cinema que esgotou as ideias e resolveu apostar em prequelas ou remakes [já que continuações geralmente são fadadas ao fracasso], e a originalidade dos filmes antigos acaba tornando esse tipo de filme tão enfadonho. Mas nada comparado ao 'lado B' quando assistimos de primeira. Por mais que os originais da década de 70/80 sejam considerados 'trash' com relação a alguns efeitos, parece que nem o aperfeiçoamento deles hoje em dia conseguem provocar a mesma tensão. Pelo menos pra mim, quando lembro da sensação do filme original ao vê-lo pela primeira vez.
Theater of War
3.8 2Ver Meryl Streep incorporando Mãe Coragem: impagável! A atuação fala por si. Documentário mui bem feito.
O Dia que Durou 21 Anos
4.3 226Acho que faltou um fecho, apesar da curta abordagem sobre como se deu o golpe e a influência dos EUA.
Grindhouse
4.0 266Só vi Death Proof separadamente, alguém teria link de Planet Terror?
Além da Vida
2.9 755Uma versão melhorada de 'Jogos Mortais'.