Acho engraçado que o pessoal critica o fato de ter dado tudo errado pra eles, enquanto também criticam o clichê de sempre dar tudo certo. A proposta aqui é mostrar mesmo que a ganância, a falta de preparo de um monte de homem bem treinado (mas que tava tudo aposentado) também tem consequências gigantes e idiotas. O filme mostra que, mesmo com um plano aparentemente bem elaborado, não é tão simples assim escapar sem consequências.
Em termos de premiação, "The Favorite" merecia muito mais. Mas vamos falar de coisa boa: que baita filme. Por mais que o roteiro não seja do Yorgos, a história contém tons absurdos que chegam a ser hilários, lembrando um pouco outras obras do diretor, além de diálogos dinâmicos e, por vezes, impactante. O trio feminino está sensacional. Todas brilham, embora a dona do meu coração seja a Sarah.
Gosto de personagens como ela, que são exatamente o que mostram - por mais que isso venha carregado de características predominantemente negativas. Sarah é manipuladora e movida à ganância, mas é indiscutível que ela fazia tudo acontecer naquele castelo e na vida da rainha Anne. Diferente de Abigail, que é muito determinada, porém imatura, Sarah oscila em lampejos de raiva e sentimentalismo, mas é inteligente o suficiente para compreender o que está acontecendo. Quando diz "Você acha mesmo que venceu", ela já está vendo o final. E que final! Um desfecho perfeito para mostrar que é impossível ocupar um lugar que nunca foi seu. Sorry, Abigail: você nunca foi e nunca será a favorita.
Muito feliz pela Olivia, que está realmente excelente no tom cômico e dramático da personagem.
A polêmica personalidade e transtornos do pintor Vincent van Gogh permeiam tudo o que sabemos sobre ele, e "No Portal da Eternidade" capta com sensibilidade o que poderíamos imaginar acerca do artista. O filme têm momentos excepcionais, com fotografia e paisagens deslumbrantes, além de um Willem Dafoe com uma atuação mega envolvente. A relação do holandês com Deus/natureza e as duras críticas que recebeu por meio de sua forma artística de se expressar também são dois pontos que geram inúmeras reflexões em ótimos diálogos. Schnabel não deixa nenhum detalhe passar barato com seu enquadramento fechado no rosto dos personagens, e é muito feliz em seus planos abertos ao ar livre, captando as genuínas reações de seu personagem (e que muito lembram Terrence Malick). Certamente, um dos filmes mais bonitos de 2018.
"Green Book" é bem dirigido e tem uma mensagem legal, mas a oscilação entre tentar captar o nível do preconceito da época e tornar situações do tipo "naturalmente engraçadas" é algo que me tirou do filme a todo momento. Entendo que a proposta não seja fazer uma denúncia da época, e sim desenvolver a relação entre os personagens naquele momento da História, mas esse ponto pesou demais para deixá-lo menos interessante. Destaque para a trilha sonora fantástica, e para a sintonia entre a dupla Viggo-Ali.
O filme encanta desde a incrível animação, que nos impacta com diversos estilos, até a história - simples, e que explora o tema da representatividade com muita qualidade. As referências também são um show a parte, mostrando que no universo cabe qualquer tipo de super-herói - independente de formato, etnia, sexo - desde que este deseje fazer o bem.
A proposta de Bird Box têm bons momentos de suspense/drama, com referências interessantes e Sandra Bullock emocionando. Porém, é no roteiro que estão os principais problemas, ainda mais com um desfecho que exige compreensão demais por parte do espectador. É bom como entretenimento, mas pouco marcante no gênero.
Boa continuação, com mensagens importantes e maduras. Assim como o primeiro, não acho uma animação tão cativante, mas têm bons momentos e constrói uma visão divertida sobre como seria o funcionamento da internet.
"Beautiful Boy" conta com diversas cenas duras de assistir e que geram muita comoção, embora o fato de transitar bastante sua atenção entre os personagens principais tenha me causado uma vontade maior de conhecer mais o pai ou o filho, com um desenvolvimento maior de algum dos lados. Por se basear nos livros escritos por cada um, entendo que deve ter rolado uma tentativa de mostrar os dois lados da situação. Adorei a trilha sonora (muito bem selecionada), embora eu tenha sentido que o silêncio faria jus à profundidade de algumas cenas. Destaque mesmo para a dupla pai-e-filho, Timotheé Chalamet e Steve Carell - em especial para o primeiro, que está muito bem aqui e carrega boa parte da carga emotiva do filme nas costas.
"Culpa" entra facilmente naquele rol de filmes que servem de exemplo para avaliarmos o quanto uma boa história e desenvolvimento não dependem de grandes recursos financeiros. Sustentando-se principalmente no roteiro, atuação e sonoplastia, temos um suspense que instiga nossa atenção e surpreende, conseguindo fugir do óbvio. Ótimo filme.
A transposição da ideia do jogo "Bandersnatch" para a própria realidade de quem está assistindo o filme é bem bacana. É aquela crítica básica, que nos situa em relação às escolhas que podemos tomar dentro de uma realidade que já tem um fim inevitável. Seria equivalente a essa experiência do filme? Ou a momentos da nossa própria vida? Deixar a aventura correr dentro das 1h30 foi uma ideia bacana, e no fim ainda me faltaram dois finais para assistir dentro desse tempo. O que não achei tão interessante foi o roteiro em si. Achei que a história ficou pouco atrativa e tem um roteiro feito às pressas; não acompanhou o mesmo nível da proposta dessa experiência diferente (para um filme). Pareceu mesmo um "protótipo" sem capricho.
E acho um erro comparar o filme com jogos que já trabalharam com a perspectiva de escolha do jogador. Não acho que "Black Mirror" quis meter o louco e dar uma de revolucionário, mas sim trazer uma proposta alternativa misturando tecnologia, uma boa dose de problemas psicológicos do personagem e algo que já foi feito em outras plataformas - dessa vez num filme.
Sabe quando você sente vontade de abraçar uma história, de tão bem contada e cativante? "Mid90s" acabou e eu tava me sentindo assim, querendo fazer parte do crescimento daqueles jovens. A trama deixa muita coisa subentendida, mas é o suficiente para que a gente se situe no mundo de Stevie, tudo isso acompanhado de uma trilha sonora espetacular que conversa muito com os personagens e com os anos 90.
Diferente de como se sente em sua casa, é bonito demais ver como se forma essa segunda família do garoto com os amigos do skate. A cena do hospital é uma das coisas mais tocantes que vi recentemente, com todos esperando o garoto acordar após o acidente. Afinal, estamos sempre querendo nos encaixar, não? Um caminho de altos e baixos, que compensa pela união e pelo afeto que aqueles jovens marcados por uma infância disfuncional vivem diariamente.
"A Grande Jogada" peca por alguns excessos do roteirista e diretor Aaron Sorkin, que é sempre minimamente bom, mas aqui ficou um pouco abaixo da média. Os maiores problemas ficam por conta do roteiro - extremamente explicativo e cansativo com a narração em off - e de algumas cenas específicas que foram muito prolongadas e encenadas, faltando naturalidade para o drama da personagem. Destaque para a Chastain, com mais uma boa atuação. De resto, é bem esquecível.
A interação da família no contexto de "A Quiet Place" é o maior ponto positivo do filme. Apesar da temática assustadora, há cenas realmente belas e cheias de emoção que são essenciais para nos afeiçoarmos aos personagens e até relevarmos muitos pontos que poderiam ser questionados no roteiro. Destaque também para a trilha sonora muitíssimo bem utilizada, para a atuação dos dois filhos e para a Emily Blunt, que está realmente maravilhosa. E o final é FODA.
As histórias, quando isoladas, funcionam de forma interessante. Porém, a finalidade com que elas estão relacionadas já é uma fórmula velha que demandaria mais substância/criatividade para se tornar especial. "A Vida em Si" tem bons momentos, mas pra mim um faltou uma crueza maior nas relações desenvolvidas - menos idealizado, e mais realista - e também nas próprias atuações.
Acho que essa frase é um clássico na vida de toda pessoa que está passando por dificuldades e acabam entrando em colapso debaixo dos olhos daqueles que estão sempre "por perto" (às vezes, não o suficiente).
"Tully" é um filme direto e reto ao retratar a rotina de uma mãe de três filhos, com pouquíssimo suporte diário, que não se recuperou de uma depressão pós-parto e que tem vivido os dias de sua vida em uma penosa rotina. O plot twist é muito bem vindo e funciona, mesmo que surjam algumas suspeitas no decorrer da obra. E é na primeira frase que citei que toda a trama se desenrola. Acompanhar a rotina de Marlo e analisar posteriormente os diálogos entre ela e Tully é doloroso. Enquanto a segunda realmente parecia um suporte e sua presença nos acalma durante a a execução, é a mãe que está se desdobrando para continuar, mesmo à beira do limite psicológico e físico. Ela tenta, de verdade. Tenta melhorar o casamento, tenta ter mais calma, tenta se cuidar. E, para isso, tenta resgatar um pouco de sua vivacidade - mesmo que isso lhe custe muito. E dói. Mais do que isso, "Tully" também trata da perda de identidade que as responsabilidades acabam esmagando. Ou seria apenas resultado do amadurecimento natural que provém de nossas experiências na fase adulta?
Este é apenas um dos questionamentos que ficaram em permeando após os créditos. Ainda temos o plus da sensacional Charlize Theron, sempre maravilhosa e surpreendente. Um dos melhores do ano.
Fui ali de boas assistir "First Reformed" pra ver se o Globo de Ouro esnobou mesmo a produção, e agora tô toda desgraçada da cabeça. Vai tomar no seu cu, Paul Schrader!
Como muitos já destacaram, a conversa entre o padre Toller e o personagem Michael é uma das melhores coisas que vi no cinema recentemente. Aliás, o roteiro é muito bom no geral. O filme possui diversas mensagens que não nos poupam do desconforto, desde críticas sociais a ambientais, questionamentos sobre a fé e como lidamos com a impotência perante situações que vão além do nosso controle. A lentidão ou arrastar do filme são fundamentais para a narrativa, então vejo isso como uma questão de gosto pessoal mesmo. É no lento desenrolar que nos aprofundamos no âmago do padre e acompanhamos um Ethan Hawke inspiradíssimo.
No início, desconfiei da "contrariedade" do final, mas depois o interpretei como uma mensagem de não-violência, mesmo que possa parecer a única alternativa em casos extremos. Ao perceber do que seria capaz se colocasse seu plano de explosão em prática, o padre encontra no autoflagelo a única forma de externar sua frustração e seu arrependimento com o que estava prestes a fazer, e a claridade da sala em que Mary aparece (diferente da cena em que Toller cruza a sala momentos antes), ao som da música-oração, dão o tom do que o aguardava. Poético e extremamente melancólico, mas acho que o filme merece uma revisitada (depois) com mais calma, para absorvermos tantos diálogos poderosos e um final impactante por nos surpreender em não haver necessidade da tragédia para nos deixar perplexos.
McQueen apresenta uma proposta bem ambiciosa em "Widows", e o resultado é um filme com muita oscilação - indo de momentos muito bons a alguns estereótipos novelescos. A trama se propõe a tratar de muitos assuntos ao mesmo tempo, o que é um problema para o ritmo do filme. São muitos personagens, muita coisa paralela que fica gratuita demais. Apesar disso, ele consegue dar o desfecho linkando tudo, mas às custas desses problemas. O destaque mesmo é totalmente de Viola Davis, que emociona e inspira. Não sei o que houve com a Michelle Rodriguez, mas a atuação dela aqui me causou uma certa vergonha alheia. Até o Duvall tá estranho, e tem uma cena "tensa" entre ele e o Colin Farrell que simplesmente não convence. Apesar de abordar bons temas,é provavelmente o mais fraco de McQueen até aqui.
Toda vez que vejo um filme compilado em diferentes contos/histórias, acho um puta desafio manter a qualidade de um para o outro. É natural que gostemos mais de alguns, pois faz parte da variedade que contém nessa proposta. Porém, os Irmãos Coen conseguem manter um ótimo ritmo entre seis histórias diferentes ambientadas nesse mundo do Western americano. Há um pouco de tudo que conhecemos deste universo, com a pitada da direção e características específicas desses caras tão talentosos. Bela obra, com uma fotografia fantástica e trilha sonora impecável, além de um ótimo elenco em ação.
Tudo flui muito bem em "Eighth Grade". Acompanhamos os últimos dias de Kayla no último ano do ensino fundamental, uma das fases mais sofridas para qualquer adolescente que não faça parte de um grupo ou seja introvertido (o que é seu caso). O filme aborda questões muito interessantes, como o uso da internet servindo de escape para muitos problemas que não conseguimos resolver na vida real. Usar esse período da adolescência é essencial também para entendermos como esse ambiente muitas vezes é tóxico e as experiências que temos são importantíssimas para nos preparar para o futuro. Apesar de enfrentar problemas com ansiedade e dificuldades em socializar, Kayla é adorável e está se entendendo aos poucos. E ao acompanharmos essa pequena jornada de sua vida e os diálogos muito críveis em frente a câmera, criamos empatia e torcemos para que ela fique bem nos próximos anos que virão. E, se não ficar, tudo bem. Sempre é hora de recomeçar, como ela mesma diz.
"Pacto Sinistro" é mais um thriller psicológico da carreira de Hitchcock que está muito acima da média. O filme tem momentos marcantes, como a cena do carrossel e um dos momentos de delírio do personagem Bruno (Robert Walker), mas dá uma derrapada em sua resolução.
Filme bom e competente ao retratar esse período da vida de Neil Armstrong. Os dramas e situações adversas que aparecem na vida do personagem servem como base para entendermos sua personalidade - pouco carismática, aliás. É de se relevar, porém, que Neil foi um profissional de respeito em sua área. O fato do roteiro ter sido adaptado de uma biografia autorizada pelo próprio astronauta e ter o envolvimento de seus filhos na produção também tornam o filme mais interessante. Com um desenrolar lento, a direção de Chazelle é inspirada, embora a história em si não seja das mais cativantes. Destaque para o diretor, fotografia e trilha sonora, tecnicamente harmoniosos.
Que sorte ter a oportunidade de ver este filme no cinema. Um espetáculo musical da Gaga e do Bradley, este surpreendendo e mostrando o resultado de sua dedicação. Eu evitei assistir os filmes anteriores para pegar esse sem nenhuma informação a fundo da história. Acho que foi uma boa ideia, pois o impacto foi forte. É muito interessante essa abordagem do show business retratada no filme - de um lado a exaustão, os vícios e a derrocada - enquanto no outro está o início dessa vida maluca, mostrando as relações profissionais do meio, a adaptação artística, a perda (ou apenas mudança?) do pontapé inicial. Mais bonito ainda é a forma como o amor dos dois perdura, embora estejam claramente em caminhos diferentes. Além disso, o filme aborda
o suicídio de forma bem realista, conseguindo causar comoção sem apelar graças à qualidade da direção, em nos envolver com o drama dos personagens. Senti que o Jack carregava tanta coisa com ele e ninguém conseguia chegar no âmago do problema que ele enfrentava, nem a Ally, por mais que estivesse sempre ao lado dele (mesmo com as inúmeras mancadas). E é um retrato da morte de muitos artistas e pessoas do nosso convívio.
Gaga entrega uma atuação competente, mas o Bradley e o Sam roubam a cena. Inclusive, fiz as pazes com o Bradley aqui.
Enfim, é filme para assistir no cinema e se entregar emocionalmente.
"Venom" até diverte, mas carece em diversos aspectos. O vilão é pouco interessante, o roteiro tem diversos "pequenos furos" e a atuação da Michelle está constragedora. Para mim, ela é uma das melhores atrizes da atualidade, mas estava visivelmente em um papel que nada tem a ver com suas performances de qualidade. Tom Hardy é o mais competente atuando e em não deixar o filme cair naquela vala profunda da vergonha alheia. Não valeu o ingresso.
Operação Fronteira
3.1 380 Assista AgoraBom passatempo pra um filme de ação que se propõe a quebrar alguns estereótipos.
Acho engraçado que o pessoal critica o fato de ter dado tudo errado pra eles, enquanto também criticam o clichê de sempre dar tudo certo. A proposta aqui é mostrar mesmo que a ganância, a falta de preparo de um monte de homem bem treinado (mas que tava tudo aposentado) também tem consequências gigantes e idiotas.
O filme mostra que, mesmo com um plano aparentemente bem elaborado, não é tão simples assim escapar sem consequências.
A Favorita
3.9 1,2K Assista AgoraEm termos de premiação, "The Favorite" merecia muito mais. Mas vamos falar de coisa boa: que baita filme. Por mais que o roteiro não seja do Yorgos, a história contém tons absurdos que chegam a ser hilários, lembrando um pouco outras obras do diretor, além de diálogos dinâmicos e, por vezes, impactante.
O trio feminino está sensacional. Todas brilham, embora a dona do meu coração seja a Sarah.
Gosto de personagens como ela, que são exatamente o que mostram - por mais que isso venha carregado de características predominantemente negativas. Sarah é manipuladora e movida à ganância, mas é indiscutível que ela fazia tudo acontecer naquele castelo e na vida da rainha Anne. Diferente de Abigail, que é muito determinada, porém imatura, Sarah oscila em lampejos de raiva e sentimentalismo, mas é inteligente o suficiente para compreender o que está acontecendo. Quando diz "Você acha mesmo que venceu", ela já está vendo o final.
E que final! Um desfecho perfeito para mostrar que é impossível ocupar um lugar que nunca foi seu. Sorry, Abigail: você nunca foi e nunca será a favorita.
Muito feliz pela Olivia, que está realmente excelente no tom cômico e dramático da personagem.
No Portal da Eternidade
3.8 349 Assista AgoraA polêmica personalidade e transtornos do pintor Vincent van Gogh permeiam tudo o que sabemos sobre ele, e "No Portal da Eternidade" capta com sensibilidade o que poderíamos imaginar acerca do artista. O filme têm momentos excepcionais, com fotografia e paisagens deslumbrantes, além de um Willem Dafoe com uma atuação mega envolvente.
A relação do holandês com Deus/natureza e as duras críticas que recebeu por meio de sua forma artística de se expressar também são dois pontos que geram inúmeras reflexões em ótimos diálogos. Schnabel não deixa nenhum detalhe passar barato com seu enquadramento fechado no rosto dos personagens, e é muito feliz em seus planos abertos ao ar livre, captando as genuínas reações de seu personagem (e que muito lembram Terrence Malick).
Certamente, um dos filmes mais bonitos de 2018.
Creed II
3.8 540Chorei mesmo.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista Agora"Green Book" é bem dirigido e tem uma mensagem legal, mas a oscilação entre tentar captar o nível do preconceito da época e tornar situações do tipo "naturalmente engraçadas" é algo que me tirou do filme a todo momento. Entendo que a proposta não seja fazer uma denúncia da época, e sim desenvolver a relação entre os personagens naquele momento da História, mas esse ponto pesou demais para deixá-lo menos interessante.
Destaque para a trilha sonora fantástica, e para a sintonia entre a dupla Viggo-Ali.
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraO filme encanta desde a incrível animação, que nos impacta com diversos estilos, até a história - simples, e que explora o tema da representatividade com muita qualidade. As referências também são um show a parte, mostrando que no universo cabe qualquer tipo de super-herói - independente de formato, etnia, sexo - desde que este deseje fazer o bem.
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraA proposta de Bird Box têm bons momentos de suspense/drama, com referências interessantes e Sandra Bullock emocionando. Porém, é no roteiro que estão os principais problemas, ainda mais com um desfecho que exige compreensão demais por parte do espectador. É bom como entretenimento, mas pouco marcante no gênero.
WiFi Ralph: Quebrando a Internet
3.7 740 Assista AgoraBoa continuação, com mensagens importantes e maduras. Assim como o primeiro, não acho uma animação tão cativante, mas têm bons momentos e constrói uma visão divertida sobre como seria o funcionamento da internet.
Querido Menino
3.8 471 Assista Agora"Beautiful Boy" conta com diversas cenas duras de assistir e que geram muita comoção, embora o fato de transitar bastante sua atenção entre os personagens principais tenha me causado uma vontade maior de conhecer mais o pai ou o filho, com um desenvolvimento maior de algum dos lados. Por se basear nos livros escritos por cada um, entendo que deve ter rolado uma tentativa de mostrar os dois lados da situação.
Adorei a trilha sonora (muito bem selecionada), embora eu tenha sentido que o silêncio faria jus à profundidade de algumas cenas.
Destaque mesmo para a dupla pai-e-filho, Timotheé Chalamet e Steve Carell - em especial para o primeiro, que está muito bem aqui e carrega boa parte da carga emotiva do filme nas costas.
Culpa
3.9 356 Assista Agora"Culpa" entra facilmente naquele rol de filmes que servem de exemplo para avaliarmos o quanto uma boa história e desenvolvimento não dependem de grandes recursos financeiros.
Sustentando-se principalmente no roteiro, atuação e sonoplastia, temos um suspense que instiga nossa atenção e surpreende, conseguindo fugir do óbvio. Ótimo filme.
Black Mirror: Bandersnatch
3.5 1,4KA transposição da ideia do jogo "Bandersnatch" para a própria realidade de quem está assistindo o filme é bem bacana. É aquela crítica básica, que nos situa em relação às escolhas que podemos tomar dentro de uma realidade que já tem um fim inevitável. Seria equivalente a essa experiência do filme? Ou a momentos da nossa própria vida?
Deixar a aventura correr dentro das 1h30 foi uma ideia bacana, e no fim ainda me faltaram dois finais para assistir dentro desse tempo.
O que não achei tão interessante foi o roteiro em si. Achei que a história ficou pouco atrativa e tem um roteiro feito às pressas; não acompanhou o mesmo nível da proposta dessa experiência diferente (para um filme). Pareceu mesmo um "protótipo" sem capricho.
E acho um erro comparar o filme com jogos que já trabalharam com a perspectiva de escolha do jogador. Não acho que "Black Mirror" quis meter o louco e dar uma de revolucionário, mas sim trazer uma proposta alternativa misturando tecnologia, uma boa dose de problemas psicológicos do personagem e algo que já foi feito em outras plataformas - dessa vez num filme.
Anos 90
3.9 503Sabe quando você sente vontade de abraçar uma história, de tão bem contada e cativante? "Mid90s" acabou e eu tava me sentindo assim, querendo fazer parte do crescimento daqueles jovens.
A trama deixa muita coisa subentendida, mas é o suficiente para que a gente se situe no mundo de Stevie, tudo isso acompanhado de uma trilha sonora espetacular que conversa muito com os personagens e com os anos 90.
Diferente de como se sente em sua casa, é bonito demais ver como se forma essa segunda família do garoto com os amigos do skate. A cena do hospital é uma das coisas mais tocantes que vi recentemente, com todos esperando o garoto acordar após o acidente. Afinal, estamos sempre querendo nos encaixar, não? Um caminho de altos e baixos, que compensa pela união e pelo afeto que aqueles jovens marcados por uma infância disfuncional vivem diariamente.
A Grande Jogada
3.7 342 Assista Agora"A Grande Jogada" peca por alguns excessos do roteirista e diretor Aaron Sorkin, que é sempre minimamente bom, mas aqui ficou um pouco abaixo da média.
Os maiores problemas ficam por conta do roteiro - extremamente explicativo e cansativo com a narração em off - e de algumas cenas específicas que foram muito prolongadas e encenadas, faltando naturalidade para o drama da personagem.
Destaque para a Chastain, com mais uma boa atuação. De resto, é bem esquecível.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraA interação da família no contexto de "A Quiet Place" é o maior ponto positivo do filme. Apesar da temática assustadora, há cenas realmente belas e cheias de emoção que são essenciais para nos afeiçoarmos aos personagens e até relevarmos muitos pontos que poderiam ser questionados no roteiro.
Destaque também para a trilha sonora muitíssimo bem utilizada, para a atuação dos dois filhos e para a Emily Blunt, que está realmente maravilhosa. E o final é FODA.
A Vida em Si
4.0 339 Assista AgoraAs histórias, quando isoladas, funcionam de forma interessante. Porém, a finalidade com que elas estão relacionadas já é uma fórmula velha que demandaria mais substância/criatividade para se tornar especial.
"A Vida em Si" tem bons momentos, mas pra mim um faltou uma crueza maior nas relações desenvolvidas - menos idealizado, e mais realista - e também nas próprias atuações.
Tully
3.9 562 Assista Agora"Ela parecia tão bem".
Acho que essa frase é um clássico na vida de toda pessoa que está passando por dificuldades e acabam entrando em colapso debaixo dos olhos daqueles que estão sempre "por perto" (às vezes, não o suficiente).
"Tully" é um filme direto e reto ao retratar a rotina de uma mãe de três filhos, com pouquíssimo suporte diário, que não se recuperou de uma depressão pós-parto e que tem vivido os dias de sua vida em uma penosa rotina.
O plot twist é muito bem vindo e funciona, mesmo que surjam algumas suspeitas no decorrer da obra. E é na primeira frase que citei que toda a trama se desenrola.
Acompanhar a rotina de Marlo e analisar posteriormente os diálogos entre ela e Tully é doloroso. Enquanto a segunda realmente parecia um suporte e sua presença nos acalma durante a a execução, é a mãe que está se desdobrando para continuar, mesmo à beira do limite psicológico e físico. Ela tenta, de verdade. Tenta melhorar o casamento, tenta ter mais calma, tenta se cuidar. E, para isso, tenta resgatar um pouco de sua vivacidade - mesmo que isso lhe custe muito. E dói.
Mais do que isso, "Tully" também trata da perda de identidade que as responsabilidades acabam esmagando. Ou seria apenas resultado do amadurecimento natural que provém de nossas experiências na fase adulta?
Este é apenas um dos questionamentos que ficaram em permeando após os créditos.
Ainda temos o plus da sensacional Charlize Theron, sempre maravilhosa e surpreendente. Um dos melhores do ano.
Fé Corrompida
3.7 376 Assista AgoraFui ali de boas assistir "First Reformed" pra ver se o Globo de Ouro esnobou mesmo a produção, e agora tô toda desgraçada da cabeça. Vai tomar no seu cu, Paul Schrader!
Como muitos já destacaram, a conversa entre o padre Toller e o personagem Michael é uma das melhores coisas que vi no cinema recentemente. Aliás, o roteiro é muito bom no geral. O filme possui diversas mensagens que não nos poupam do desconforto, desde críticas sociais a ambientais, questionamentos sobre a fé e como lidamos com a impotência perante situações que vão além do nosso controle.
A lentidão ou arrastar do filme são fundamentais para a narrativa, então vejo isso como uma questão de gosto pessoal mesmo. É no lento desenrolar que nos aprofundamos no âmago do padre e acompanhamos um Ethan Hawke inspiradíssimo.
No início, desconfiei da "contrariedade" do final, mas depois o interpretei como uma mensagem de não-violência, mesmo que possa parecer a única alternativa em casos extremos. Ao perceber do que seria capaz se colocasse seu plano de explosão em prática, o padre encontra no autoflagelo a única forma de externar sua frustração e seu arrependimento com o que estava prestes a fazer, e a claridade da sala em que Mary aparece (diferente da cena em que Toller cruza a sala momentos antes), ao som da música-oração, dão o tom do que o aguardava. Poético e extremamente melancólico, mas acho que o filme merece uma revisitada (depois) com mais calma, para absorvermos tantos diálogos poderosos e um final impactante por nos surpreender em não haver necessidade da tragédia para nos deixar perplexos.
As Viúvas
3.4 410McQueen apresenta uma proposta bem ambiciosa em "Widows", e o resultado é um filme com muita oscilação - indo de momentos muito bons a alguns estereótipos novelescos.
A trama se propõe a tratar de muitos assuntos ao mesmo tempo, o que é um problema para o ritmo do filme. São muitos personagens, muita coisa paralela que fica gratuita demais. Apesar disso, ele consegue dar o desfecho linkando tudo, mas às custas desses problemas.
O destaque mesmo é totalmente de Viola Davis, que emociona e inspira. Não sei o que houve com a Michelle Rodriguez, mas a atuação dela aqui me causou uma certa vergonha alheia. Até o Duvall tá estranho, e tem uma cena "tensa" entre ele e o Colin Farrell que simplesmente não convence.
Apesar de abordar bons temas,é provavelmente o mais fraco de McQueen até aqui.
A Balada de Buster Scruggs
3.7 537 Assista AgoraToda vez que vejo um filme compilado em diferentes contos/histórias, acho um puta desafio manter a qualidade de um para o outro. É natural que gostemos mais de alguns, pois faz parte da variedade que contém nessa proposta.
Porém, os Irmãos Coen conseguem manter um ótimo ritmo entre seis histórias diferentes ambientadas nesse mundo do Western americano. Há um pouco de tudo que conhecemos deste universo, com a pitada da direção e características específicas desses caras tão talentosos.
Bela obra, com uma fotografia fantástica e trilha sonora impecável, além de um ótimo elenco em ação.
Oitava Série
3.8 336 Assista AgoraTudo flui muito bem em "Eighth Grade".
Acompanhamos os últimos dias de Kayla no último ano do ensino fundamental, uma das fases mais sofridas para qualquer adolescente que não faça parte de um grupo ou seja introvertido (o que é seu caso).
O filme aborda questões muito interessantes, como o uso da internet servindo de escape para muitos problemas que não conseguimos resolver na vida real. Usar esse período da adolescência é essencial também para entendermos como esse ambiente muitas vezes é tóxico e as experiências que temos são importantíssimas para nos preparar para o futuro.
Apesar de enfrentar problemas com ansiedade e dificuldades em socializar, Kayla é adorável e está se entendendo aos poucos.
E ao acompanharmos essa pequena jornada de sua vida e os diálogos muito críveis em frente a câmera, criamos empatia e torcemos para que ela fique bem nos próximos anos que virão. E, se não ficar, tudo bem. Sempre é hora de recomeçar, como ela mesma diz.
Pacto Sinistro
4.1 293 Assista Agora"Pacto Sinistro" é mais um thriller psicológico da carreira de Hitchcock que está muito acima da média. O filme tem momentos marcantes, como a cena do carrossel e um dos momentos de delírio do personagem Bruno (Robert Walker), mas dá uma derrapada em sua resolução.
O Primeiro Homem
3.6 649 Assista AgoraFilme bom e competente ao retratar esse período da vida de Neil Armstrong. Os dramas e situações adversas que aparecem na vida do personagem servem como base para entendermos sua personalidade - pouco carismática, aliás. É de se relevar, porém, que Neil foi um profissional de respeito em sua área. O fato do roteiro ter sido adaptado de uma biografia autorizada pelo próprio astronauta e ter o envolvimento de seus filhos na produção também tornam o filme mais interessante.
Com um desenrolar lento, a direção de Chazelle é inspirada, embora a história em si não seja das mais cativantes. Destaque para o diretor, fotografia e trilha sonora, tecnicamente harmoniosos.
Nasce Uma Estrela
4.0 2,4K Assista AgoraQue sorte ter a oportunidade de ver este filme no cinema. Um espetáculo musical da Gaga e do Bradley, este surpreendendo e mostrando o resultado de sua dedicação.
Eu evitei assistir os filmes anteriores para pegar esse sem nenhuma informação a fundo da história. Acho que foi uma boa ideia, pois o impacto foi forte.
É muito interessante essa abordagem do show business retratada no filme - de um lado a exaustão, os vícios e a derrocada - enquanto no outro está o início dessa vida maluca, mostrando as relações profissionais do meio, a adaptação artística, a perda (ou apenas mudança?) do pontapé inicial. Mais bonito ainda é a forma como o amor dos dois perdura, embora estejam claramente em caminhos diferentes.
Além disso, o filme aborda
o suicídio de forma bem realista, conseguindo causar comoção sem apelar graças à qualidade da direção, em nos envolver com o drama dos personagens. Senti que o Jack carregava tanta coisa com ele e ninguém conseguia chegar no âmago do problema que ele enfrentava, nem a Ally, por mais que estivesse sempre ao lado dele (mesmo com as inúmeras mancadas). E é um retrato da morte de muitos artistas e pessoas do nosso convívio.
Gaga entrega uma atuação competente, mas o Bradley e o Sam roubam a cena. Inclusive, fiz as pazes com o Bradley aqui.
Enfim, é filme para assistir no cinema e se entregar emocionalmente.
Venom
3.1 1,4K Assista Agora"Venom" até diverte, mas carece em diversos aspectos. O vilão é pouco interessante, o roteiro tem diversos "pequenos furos" e a atuação da Michelle está constragedora. Para mim, ela é uma das melhores atrizes da atualidade, mas estava visivelmente em um papel que nada tem a ver com suas performances de qualidade.
Tom Hardy é o mais competente atuando e em não deixar o filme cair naquela vala profunda da vergonha alheia. Não valeu o ingresso.