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O Lar
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Assisti Ventos de Agosto bem depois de ter assistido Boi Neon e isso resignificou a minha primeira experiência.
Ventos de Agosto tem uma narrativa poética e abstrata, em que a sonoplastia muitas vezes é a narradora. O vento é personagem constante do filme, aparece através dos sons, da propagação das músicas e do contraste entre o rock que embala os sonhos de fuga daquela realidade pela personagem feminina e o silêncio que simboliza a tentativa de elaborar o luto do personagem masculino. A fotografia monumental da natureza em uma paleta de cores fria, e os ambientes fechados e íntimos da vila e seus habitantes iluminados por velas constroem um contraste muito forte; É como se Adão e Eva estivessem insatisfeitos no paraíso.
Me pareceu uma pintura e uma sinfonia ao mesmo tempo, uma narrativa muito revigorante de ver no cinema. De fato, quem busca um roteiro linear pode se decepcionar com o filme, assim como eu me decepcionei com Boi Neon, que agora quero rever com outros olhos. É um filme imersivo, tem cenas que nos transportam para dentro do cenário paradisíaco de tão potentes que são. E a construção das personagens também dispensa falas e um roteiro pedagógico, é possível compartilhar os sentimentos das personagens durante todo o filme sem escutá-los. Enfim, um filme que emociona junto.
A figura do pesquisador que grava o vento e aquilo que o vento traz com ele é cativante e metáfora representativa do trabalho do diretor. Foi difícil regular o som para assistir o filme: o contraste entre o rock pesado, os sons da natureza e as falas truncadas e abafadas deixa evidente a capacidade do diretor de contar uma historia de maneira completamente poética sem os artifícios de uma narrativa tradicional.
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já que o prato do dia é a discussão de uma "africa idílica" ou não, resolvi ver este que já estava na minha biblioteca faz um tempinho. É desconfortável vir aqui no filmow e deparar-me apenas com comparações com o cinema europeu ou americano quando na verdade eu buscava mais referências regionais e históricas como esta história.
a capacidade poética do diretor é inegável e inquestionável: em seu olhar é possível apreciar as metáforas para temas sociais, religiosos e íntimos como quem aprecia um poema ou uma pintura; ele construiu uma história contada tanto na sonoplastia quanto nos cortes oníricos o que torna a experiência rica e multissensorial. As personagens lidam com o desejo que as move com tanta determinação que a trama é conduzida mais através de suas emoções do que nos eventos descritos no roteiro: uma linguagem muito refrescante de se ver no cinema.
a dualidade entre o selvagem e o civilizado é o pendulo que oscila e dá ritmo a trama. é interessante ver a construção desses elementos através da arquitetura, figurino e objetos de cena. A
é a epítome de um sentimento de hibridismo que permeia as personagens e que suscitou sentimentos desta ordem em mim também. O incomodo com o grafismo domotocicleta com caveira
de certa maneira me fez sintonizar com a revolta das personagens em relação a sua tradição na mesma medida que não conseguem se livrar dela.abate dos animais
não sou capacitado de falar sobre temas de negritude, mas isso não me impediu, de certa maneira, de me ver representado na narrativa que aborda questões contemporâneas de culturas pós-coloniais como a busca por uma vida melhor que sempre está no exterior (e seus ideais importados) e que parece ser impossível de ser obtida em si mesmo, no interior, in loco. Engraçado que o final,
, dá a esperança de uma nova narrativa, uma que não rejeita o passado; Uma que narrativa que o introjeta para construir o futuro.apesar de retratar uma personagem sem fôlego
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Mths Gonc
Oi Victor tudo certo?
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Fabricio Moretti
Valeu por aceitar (; Se tiver alguns filmes estilo 'filmes' do Noel Alejandro para me indicar hahahaha eu aceito. Ou alguns bons filmes LGBT com umas boas cenas de sexo para variar... haha
Assistir esse filme depois de um ano dentro de casa é ao mesmo tempo catártico e ansiógeno. Incrível como a arte absorve o que há de mais humano no humano e o ultrapassa; A narrativa do filme é abstrata, apesar dos elementos e cenário cotidianos, mas retrata perfeitamente os afetos que surgiram do isolamento social. A progressão da história sufoca e faz a adrenalina subir. Tem momentos dignos de grandes tragédias como Medeia. É como se fizessem um filme sobre o que vivemos antes de vivermos. Estou encantado, absorvido pela capacidade representativa de uma obra de arte. Para ver esse filme, o ano é 2021.