A humanidade evolui? Nossa tecnologia é tão avançada que está nos substituindo; nossa medicina se desenvolveu a ponto de curarmos ou prevermos doenças que não imaginávamos no passado, embora a saúde seja seletiva para os que podem mantê-la; nossa capacidade de matar se tornou tão elaborada que as guerras nem sempre geram valas, pois aqueles que anteriormente iriam habitá-las simplesmente são destroçados a ponto de pouco sobrar de seus corpos para um enterro. Garland, em meio a tantas imagens que demonstram a barbarie humana, questiona-se como a reflexão em torno delas não evita que acontecimentos semelhantes voltem a acontecer. Falhamos! E falhamos tanto que em 2024 estamos em meio a tantos conflitos e a massificação da morte que nos questionamos se realmente evoluímos. Em certo ponto compreendemos como a fotógrafa vivida por Dunst se tornou anestesiada por tanta desgraça.
Em determinado momento, Hirayama, personagem vivido por Kōji Yakusho, diz à sua sobrinha que "o mundo é formado por muitos mundos, alguns estão conectados e outros não". Essa frase expressa bem como podemos observar nossas vidas e a vida daqueles que nos rodeiam. Cada um é um mundo. Em alguns casos, acontecem coisas extraordinárias, empregos incríveis, famílias perfeitas. Em outros, tudo é comum. Nada de incrível acontece. Entretanto, há beleza de qualquer forma nesse comum, nesse normal. Você pode se sentir completo em um emprego onde se lava banheiros. Pode ver beleza em observar árvores durante o almoço. Pode se sentir bem lendo seus livros usados.
Podemos ter uma bela vida, com rotinas que nos tornam inteiros, mesmo que muitas vezes outros não entendam.
O mundo não precisa de celulares cheios de funções que pouco sabemos usar, ou carros modernos, ou conexões familiares artificiais. O mundo precisa de humanidade, conexões sinceras, músicas cheias de significado, rotinas repletas de simplicidade e beleza. E Wim Wenders entende bem isso.
J. A. Bayona possui uma filmografia curta, mas interessante. Gosto muito de "O Orfanato" e "O Impossível". Enquanto isso, o seu "Jurassic World: Reino Ameaçado", embora tenha problemas inegáveis, é eficiente em suas propostas.
E aqui, Bayona concebe seu melhor filme, maduro, humano e uma verdadeira carta de amor e compreensão para aqueles que sobreviveram à tragédia que o originou.
Ao final, estamos dentro dos destroços, compartilhando o calor, o sofrimento e a camaradagem existente entre aqueles indivíduos. Somos cúmplices de seu sofrimento e de suas decisões mais complexas. Bayona demonstra uma maturidade admirável ao jogar luz sobre as pessoas, mantendo sua câmera focada em seus rostos e distante dos aspectos polêmicos do ocorrido.
Há algum tempo, aprendi que em um relacionamento a dois sempre haverão três verdades: uma para cada um dos parceiros e a última, a verdade em sua integridade. Aquelas verdades que dominam a visão de seus donos são perspectivas, cheias de vícios, mágoas, expectativas frustradas e sentimentos dos mais variados. Enquanto isso, a verdade em sua completude não é vista, pois ela estará presa sempre entre as quatro paredes de um lar. Ela está perdida e encarcerada ali. E ao final de um relacionamento (seja ele um divórcio ou mesmo a morte), sempre restará a ambiguidade de perspectivas, sejam elas positivas ou negativas.
Anatomia de uma Queda busca justamente nessa discussão construir uma projeção cuja trama, baseada em um tribunal, busca encontrar uma verdade em sua integridade. Trata-se de um suicídio? Ou seria uma queda acidental? Ou a esposa, em um ato de descontrole, assassinou seu companheiro?
E a condução humana e talentosa da diretora Justine Triet faz com que a resposta seja instigante, mas desnecessária. Não há o que saber ali, pois nunca se terá a verdade completa. Um relacionamento, seja ele na vida ou na morte, sempre estará envolto das ambiguidades dos envolvidos. A unicidade de cada cônjuge.
Pena que ao final, mesmo que em parte, a diretora tenha buscado amenizar essa dúvida colocando a perspectiva do filho com deficiência visual (a justiça?) para de alguma forma resolver o caso. Não que a ambiguidade se esvaia, pois ela ainda causa dúvidas, mas apenas para dar conforto ao expectador. Não precisávamos saber qual estava certo ou errado. Se houve ou não assassinato. Pois um relacionamento é isso, verdades que muitas vezes morrem entre quatro paredes
Zona de Interesse é um processo de tortura guiado sobretudo pelo som. Todo bom realizador sabe que a imaginação do expectador é mil vezes mais potente do que qualquer imagem que ele possa construir em sua obra. E aqui o diretor Jonathan Glazer demonstra uma habilidade absurda em deixar que nós construamos em nossas mentes as atrocidade de Auschwitz.
Glazer constrói planos longos, com diálogos inspirados, ao mesmo tempo em que é auxiliado por uma mixagem e edição de som soberbos. Assim, Zona de Interesse busca o desconforto em um cotidiano aparentemente prosaico de uma família, cujos pais são psicopatas completamente perturbados mentais, os quais não mostram desconforto algum com o que acontece além do muro de sua propriedade.
Zona de Interesse é mais uma obra que demonstra como o cinema é incrível, porém, em paralelo, lembra-nos como a humanidade deu errado há muito tempo.
Bradley Cooper é talentoso. E devo confessar que estou ansioso para seus próximos projetos atrás das câmeras. Isso quer dizer que “Maestro” é um filme excelente? Não! É um filme correto, estéreo, cujo roteiro o torna frágil. Porém, Cooper é um diretor talentoso, construindo sequências belíssimas e cenas que evocam emoções profundas e dolorosas.
Naturalmente, “Maestro” empalidece em meio a um ano tão bom para o cinema. O que não tira méritos para diversos pontos da obra, como as belíssimas atuações, sobretudo de Carey Mulligan, a alma do filme e uma atriz que tem se tornado cada vez mais interessante com a idade.
Acredito que faltou ousadia dos roteiristas (dentre eles o próprio Cooper) para construir um filme mais interessante e emocionalmente complexo, características como as que vemos na personagem de Mulligan.
O mundo é um lugar muito ruim para se viver, em muitos casos. Muito disso se deve aos seus principais habitantes. O ser humano é violento, cruel, perturbado e contraditório. Porém, o homem é o culpado de boa parte desses pontos.
Pobres criaturas, neste sentido, acabam levantando discussões relevantes de forma alegórica, com o intuito de refletir sobre o papel da mulher em uma sociedade em que o homem busca controlá-la de alguma forma: sua vida, seu modo de se portar, seus pensamentos e sua sexualidade, por exemplo.
Yorgos Lanthimos constrói uma fábula que incomoda, instiga e diverte, demonstrando como o homem é frágil e inseguro, buscando disfarçar sua natureza tosca por meio do controle e autoritarismo sobre o sexo oposto.
E é interessante observar como muitos desses homens (sejam figuras paternas ou amorosas) tentam obter poder sobre a mulher em algum ponto durante a projeção. Esses seres acabam se tornando cada vez mais inseguros, conforme uma mulher defende sua liberdade e desenvolve conhecimento, o qual claramente ofusca um intelecto fraco e rasteiro das figuras masculinas presentes no filme.
E não é surpresa que muitas dessas criaturas se revelem grotescas em seu caráter ou em sua imagem durante a projeção, enquanto a personagem principal evolui, ao compreender melhor a sociedade, a vida e sua própria sexualidade, valorizando sua liberdade e suas escolhas, sem ter a necessidade de qualquer figura masculina para que isso se concretize. Bella sabe o que quer e não precisa de ninguém para lhe ajudar com isso.
Considero Miyazaki, ao lado de Scorsese, os melhores diretores ainda vivos. Esse meu ponto de vista reflete-se nas obras que lançaram no ano de 2023. Tocantes em suas próprias formas, "Assassinos das Luas das Flores" e este belíssimo "O Menino e a Garça" serão consideradas obras-primas com o tempo.
Em certo momento, já para o final da projeção, peguei-me pensando como me sentirei órfão quando a morte acometer esses dois grandes cineastas. Rapidamente veio-me uma profunda tristeza em saber que não poderei mais ter aquela expectativa de ser brindado com mais uma obra desses realizadores. O consolo viria apenas nas constantes revisitações que faço às suas filmografias, as quais são irrepreensíveis, porém sempre vou sentir que gostaria de ter mais tempo para vivenciar novas histórias.
"E O Menino e a Garça" é exatamente sobre a perda precoce de pessoas que amamos e como a dor do luto ressignifica nosso tempo e espaço no mundo. Não existem respostas fáceis aqui, mas uma maturidade absurda para compreender como a perda nos transforma e nos molda. Miyazaki demonstra que algumas coisas são inevitáveis em nossas vidas. Não há como mudar ou voltar no tempo para que não sintamos dores tão profundas, mas podemos evoluir e compreender onde é o nosso lugar na vida. As perdas não significam o fim, mas apenas uma curva no meio do caminho, na qual carregaremos lembranças, abraços ou mesmo livros com suas dedicatórias repletas de amor.
Rustin, sem dúvida, merecia um filme melhor. Uma direção sem criatividade e burocrática de Wolfe, além do roteiro que prioriza a teatralidade, torna a obra arrastada e sem qualquer ritmo.
Para piorar, o momento mais aguardado do filme, que seria a Marcha, foi filmado com uma preguiça absurda, transformando-se em uma verdadeira decepção.
Em mãos de um diretor menos talentoso, Gran Turismo provavelmente se tornaria mais um filme genérico, com um roteiro repleto de clichês. Porém, Neill Blomkamp consegue nos brindar com uma direção segura e criativa, entregando-nos sequências de corrida tensas e bem coreografadas. Uma surpresa, sem dúvida!
As pessoas são infinitamente mais complexas do que percebemos. Se temos dificuldade de vermos “o outro” de maneira clara, isso se torna ainda mais difícil quando se trata de alguém tão íntimo como um pai. Nem sempre conseguimos ver suas dúvidas, dores, medos, inseguranças, tristezas ou mesmo sonhos. Não que ignoremos, mas pelo simples motivo de que essas pessoas tão amadas se tornam tão comuns no nosso cotidiano que muitas vezes nos contentamos a vê-los com a superficialidade do convívio diário. Isso infelizmente vicia nossos olhares para o amor que profundo que sente por seus filhos. Aftersun é uma obra prima, na qual uma filha busca montar o quebra-cabeça que era seu jovem pai. Um quebra-cabeça melancólico e sensível que a sua idade e a inexperiência não permitiram montar quando tinha apenas 11 anos.
Eu gosto de Velosos e Furiosos. Isso quer dizer que os filmes são bons? Não! Porém, em sua maioria, são divertidos, principalmente quando deixaram de se levar a sério.
Não vejo qualquer problema em todas as regras da física que os personagens desobedecem. Não me importo com os carros indestrutíveis, os pistas de decolagem infinitas ou mesmo os inimigos mais esquizofrênicos de Hollywood (vão me dizer que não perceberam que mais cedo ou mais tarde os vilões acabam virando parte da família de Toretto?), nem mesmo os personagens que vira e mexe ressuscitam. Entretanto, a ausência de roteiro e qualquer coerência narrativa tornaram os últimos três filmes minimamente aborrecidos.
Deste modo, temos aqui um emaranhado de sequências de ação que se interligam sem qualquer nexo. Isso demonstra não apenas o desleixo com o roteiro, mas como os produtores já desistiram de contar uma história há muito tempo, focando unicamente em elaborar sequências de ação absurdas e inventivas. Pena que estas pouco conseguem sustentar o filme, o qual, ao final, torna-se pueril e incoerente (e aqui não me refiro em momento algum aos carros voadores).
Poucas coisas me fizeram tão bem como ver Super Mario Bros.: O Filme. Não que o filme seja estupidamente bom, mas por vivermos fazes em nossas vidas que a luz que precisamos é representada por um filme como esse. Mario é tecnicamente belíssimo. Visualmente é deslumbrante. Entretanto, possui um roteiro absurdamente preguiçoso, o qual aposta em soluções fáceis que apenas empurram os protagonistas na história. Veja como logo que Mario entrar no reino cogumelo já encontra um companheiro que lhe guia em tudo que precisa fazer em seguida. Perceba também como Mario convence a Princesa em deixá-lo ir enfrentar Bowser quase que do nada. Infelizmente, o roteiro se preocupa mais em distribuir easter eggs gratuitamente, do que desenvolver a trama de maneira coerente. Apesar disso, Mario é cativante, pois esquenta nossos corações com a companhia de personagens que marcaram nossas infâncias e nos levaram para as mais divertidas aventuras, sem nem mesmo sairmos do sofá.
Creed é ruim? A resposta é não! Dito isso, porém, é um filme sem alma e que empalidece bastante perante os seus antecessores. E o por quê disso? Talvez possamos colocar 2 pontos. O primeiro diz respeito ao roteiro. Jonathan Majors se esforça para tornar Damian um personagem complexo, o que em diversos momentos é prejudicado pelo roteiro, o qual insiste em fazer o personagem ser demonizado em suas lutas ou mesmo pela abrupta vilanização no segundo para o terceiro ato. A história de acerto de contas e feridas no passado seriam ingredientes suficientes para conduzir a trama, porém, há uma persistência em tornar o antagonista em um ser mal, o que não se apresenta como uma escolha coerente. Isso fica evidente até mesmo no figurino da luta final. Creed com roupas brancas e Damian totalmente de roupas negras, tornando tudo mais cafona ainda. Em segundo lugar, a ausência de Rocky. Embora Creed 1 e 2 funcionem bem, Rocky é cativante e move muito do que sentíamos naqueles filmes. Aqui, Creed permanece sendo um rapaz meio chato e por vezes desinteressante. O que já era latente no segundo filme da série. Por fim, Michael B. Jordan, além de ator, é um diretor que merecerá nossa atenção nos próximos anos. Ele conduz bem boa parte do filme e busca trazer alguns simbolismos que são interessantes, observe a rima visual da luta final ou a cena em que vemos os personagens principais divididos por uma parede. Entretanto, talvez pela inexperiência, a cenas de luta vistas no filme, pouco empolgam e acabam decepcionando bastante. Apesar disso, o saldo de Creed 3 é muito positivo. Pena que estéril e talvez não terá uma vida tão longa no coração dos fãs, como nosso querido Rocky.
Roteiristas/diretores, Scott Beck e Bryan Woods, estavam de férias e encontraram alguns amigos num pub: Beck e Woods: tivemos uma brilhante ideia para nosso próximo filme. O que acham de seres humanos de outro planeta caírem na terra em meio a era dos dinossauros, mais precisamente, pouco antes do enorme asteróide bater aqui e matar tudo? Nesse contexto, eles caíram com a nave aqui e tentam encontrar formas de ir embora, enquanto lutam com todo tipo de dinossauros. Amigos: poxa! Bem legal. Então será de viagem no tempo? Beck e Woods: Não. Eles são de outro planeta e pousam aqui, mas antes de terem humanos aqui. Entendeu? Amigos: então humanos chegam na terra antes de ter humanos ? Beck e Woods: Isso! Não é genial? Amigos: huum! Bacana. Pode dar certo. Mas não vai ficar meio parecido com aquele filme daquele diretor que se acha visionário .. qual é o nome mesmo ? Aquele filme que o Will Smith fez com o filho dele e fica com cara de bunda o tempo todo .. Beck e Woods: Ah! Depois da terra? Não, esse filme é no futuro, o nosso é no passado. Amigos: wow! Entendi. Conte mais então. Beck e Woods: Ah! Estávamos pensando que teriam somente dois personagens. Um cara é uma criança. O homem tenta levar essa criança em segurança para onde podem ir pra casa… Amigos: ué, mas isso não é o o Wolverine faz naquele filme que ele tá velho? Beck e Woods: Logan? Amigos: não, o Wolverine. Beck e Woods: Não, no nosso será no passado e terão dinossauros. Amigos: ah! Tipo o parque dos dinossauros? Beck e Woods: Mais ou menos, no nosso será há 65 milhões de anos atrás e vamos priorizar somente os dinossauros carnívoros para ter mais graça… de preferência uns que somente gostem de carne humana. Amigos: ué, mas como eles vão preferir carne humana se antes não tinham humanos? Beck e Woods: sim! Mas vamos fazer eles perseguirem os humanos… pq vc sabe né, humanos são feitos de carne e isso vai dar emoção para o filme. Amigos: huuum! Bacana. Vc acha que vai fazer sucesso? Beck e Woods: O cinema só faz filme de livro e de HQ… estamos sendo originais. Todos vão amar. Amigos: ok, se vcs acham.
Boa parte das crianças sonham em ter super poderes. Sonham em representar uma figura heróica, como nos filmes e HQs. Shazam! é muito do que esses sonhos são. Um menino que ganha a oportunidade de ser um herói. Pena que é desperdiçado desde o primeiro filme. Não é culpa do elenco, que se esforça bastante para sustentar o filme. Porém, roteiro e direção prejudicam sobremaneira tudo que vemos em tela. Infelizmente, pouco se aproveita aqui, o que demonstra que a DC realmente não sabe bem o que quer.
A Marvel desgastou sua fórmula. Não que essa fórmula fosse responsável por criar obras primas do cinema, porém ao menos nos presenteou com filmes (em sua maioria) coesos, dentro de suas propostas, e divertidos. Enquanto isso, as últimas películas lançadas, pouco empolgam e acabam aparentando piadas que eram engraçadas ouvidas a primeira vez, porém, com o tempo, tornaram-se batidas e desinteressantes. Ademais, até mesmo as questões técnicas se apresentam enfraquecidas, tendo em vista a produção quase que fabril dessas obras (diversos filmes ao ano, sem contar as séries para a Disney+). Assim, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania demonstra uma falta de coerência e coesão infantil em seu roteiro e direção, tornando a trama frágil e repleta de pontas soltas. Os realizadores escolhem soluções fáceis e irreais para seus conflitos, como por exemplo, a mudança repentina das ações de um vilão no terceiro ato. Isso reflete uma clara falta de respeito com a inteligência dos expectadores. Por fim, os efeitos especiais e a designe de produção enfraquece ainda mais o filme, tendo em vista se aproximar bastante de um filme B. Enquanto a Marvel arrastar milhões em suas arrecadação, provavelmente não teremos melhoria na qualidade das produções.
Para além da política, burocracia e interesses, a guerra é feita de pessoas. Não importa o lado. São pessoas. Possuem histórias, famílias, sonhos, expectativas e, em sua maioria, vontade de viver. Esses indivíduos não saem do campo de batalha ricos. Muitas vezes nem se quer sabem o que fizeram e como morreram. Outras vezes, nem mesmo sabem do pq estão lutando. Nada de novo no front possui, neste sentido, uma introdução genial, na qual vemos como essas pessoas são descartáveis, como as etiquetas de suas roupas que rapidamente são remendadas e dadas a outros soldados. Apesar deste começo, infelizmente o ritmo do filme se torna irregular e se perdendo pontualmente. Não obstante isso, é um filme sobre pessoas que criam laços, mesmo com seus “inimigos”.
Às vezes sinto que a humanidade não segue uma evolução como espécie. Guerras, armas, mercado financeiro, a pandemia, redes sociais dentre outros pontos, demonstram isso de forma bem clara. Aparentemente continuamos em uma espiral de ganância e autodestruição. Atualmente vemos a ciência sendo refutada de maneira tão absurda. Questionamos fatos enraizados e provados. Vivemos por aparência, devido a estilos de vida pregador por redes sociais tóxicas. Triângulo da Tristeza, neste sentido, é hábil em retratar todas as contradições em uma sociedade tão adoecida, como a que vivemos. Desconfortável e escatológico, o filme usa o absurdo para criticar a riqueza e seus detentores, fazendo com que tenhamos reflexões pertinentes em um momento em que tantas pessoas teimam em endeusar essas pessoas cheias de dinheiro, mas pobres de humanidade.
Sou formado em Historia. Sim, Historia com “H” maiúsculo. Lembro-me que no caminho da prova do vestibular fui repreendido fervorosamente por minha mãe pela minha escolha de curso. “O que fará com isso? Passará necessidade?”. Meio desapontado e me sentindo injustiçado pelas falar de minha mãe, continuei firme em minha decisão. Iniciei meus estudos em 2010 e conclui em 2015. Este período conseguiu transformar minha visão de mundo. Embora tenha profundo orgulho de dizer que sou historiador de formação, infelizmente não trabalho na área (certamente minha maior tristeza hoje). “Ok, Willian, por que dessa história?” Bem, talvez todos os cidadãos deste país devessem fazer História. Isso provavelmente tornaria nosso país menos tolerante a retrocesso e ao discurso do absurdo (o qual dominou nosso país por 4 anos). Argentina, 1985 é poderoso o suficiente para eu amar ainda mais a História e o pensamento crítico que está me permitiu ter. Contundente, direto e tocante, 1985 deveria ser minimamente visitado por nosso país para que possamos compreender que muitos daqueles que pregavam a pátria, família e Deus, resguardavam a Bíblia com mãos banhadas de sangue.
Todd Field é um cineasta elegante em suas propostas. Cada quadro e movimento de câmera aparentemente é meticulosamente pensado, em sua estética e significado.
Além disso, o diretor ainda consegue falar tanto, utilizando-se apenas de sua câmera e a atuação de seus atores.
O resultado é um filme poderoso e mais um Oscar para Blanchett.
Nada aqui é mais importante do que as relações de uma família, quebrada pelas escolhas e pelo tempo. Esse filme inusitado demonstra como feridas se aprofundam em meio o silêncio do cotidiano e a indiferença impensada. Reconstruir o que se perdeu com o tempo é uma tarefa árdua e de aprendizado que demanda muitas vezes coisas simples, como ser gentil.
Sabe aquele filme ruim que te diverte e logo após a sessão vc simplesmente esquece? Aqui está um perfeito exemplar!
Neeson e Fishburne provam que tem que pagar as contas e pouco se esforçam. Os outros efeitos especiais foram R$10,00 na black friday. O roteiro é reciclado e meio tosco em alguns momentos. Por fim, o relógio da contagem regressiva do filme passa na velocidade de uma lesma e em certo momento nos perguntamos como, em 45 minutos, os personagens conseguem fazer tanta coisa.
No final, o filme não vai te chatear ou te prejudicar. Na real, já esqueci de quase tudo mesmo…
Tick, tick… BOOM! é sobre o tempo ou a sua inevitável ausência.
Buscamos a felicidade, sonhos, ansiedades, obsessões e negligenciamos muitas vezes as pessoas e os problemas sociais que nos rodeiam.
Buscamos um sucesso que as vezes não pode ser medido pelas coisas que fazemos, por nossos trabalhos ou nossa conta bancária, mas pelos momentos e, sobretudo, por aqueles que se propõem a percorrer esse caminho conosco. Gastamos tempo e teimamos em ignorar as coisas mais óbvias, pois estamos cegos por padrões estabelecidos por uma sociedade cada vez mais doente e perturbada.
Jon demora a perceber isso, mas, quando o faz, consegue ver tudo que realmente tem valor em sua vida. Muitas vezes não se trata do objetivo final, mas da caminhada até alcançá-lo.
Guerra Civil
3.8 193A humanidade evolui?
Nossa tecnologia é tão avançada que está nos substituindo; nossa medicina se desenvolveu a ponto de curarmos ou prevermos doenças que não imaginávamos no passado, embora a saúde seja seletiva para os que podem mantê-la; nossa capacidade de matar se tornou tão elaborada que as guerras nem sempre geram valas, pois aqueles que anteriormente iriam habitá-las simplesmente são destroçados a ponto de pouco sobrar de seus corpos para um enterro.
Garland, em meio a tantas imagens que demonstram a barbarie humana, questiona-se como a reflexão em torno delas não evita que acontecimentos semelhantes voltem a acontecer.
Falhamos! E falhamos tanto que em 2024 estamos em meio a tantos conflitos e a massificação da morte que nos questionamos se realmente evoluímos. Em certo ponto compreendemos como a fotógrafa vivida por Dunst se tornou anestesiada por tanta desgraça.
Dias Perfeitos
4.2 251 Assista AgoraEm determinado momento, Hirayama, personagem vivido por Kōji Yakusho, diz à sua sobrinha que "o mundo é formado por muitos mundos, alguns estão conectados e outros não". Essa frase expressa bem como podemos observar nossas vidas e a vida daqueles que nos rodeiam. Cada um é um mundo. Em alguns casos, acontecem coisas extraordinárias, empregos incríveis, famílias perfeitas. Em outros, tudo é comum. Nada de incrível acontece. Entretanto, há beleza de qualquer forma nesse comum, nesse normal. Você pode se sentir completo em um emprego onde se lava banheiros. Pode ver beleza em observar árvores durante o almoço. Pode se sentir bem lendo seus livros usados.
Podemos ter uma bela vida, com rotinas que nos tornam inteiros, mesmo que muitas vezes outros não entendam.
O mundo não precisa de celulares cheios de funções que pouco sabemos usar, ou carros modernos, ou conexões familiares artificiais. O mundo precisa de humanidade, conexões sinceras, músicas cheias de significado, rotinas repletas de simplicidade e beleza. E Wim Wenders entende bem isso.
A Sociedade da Neve
4.2 711 Assista AgoraJ. A. Bayona possui uma filmografia curta, mas interessante. Gosto muito de "O Orfanato" e "O Impossível". Enquanto isso, o seu "Jurassic World: Reino Ameaçado", embora tenha problemas inegáveis, é eficiente em suas propostas.
E aqui, Bayona concebe seu melhor filme, maduro, humano e uma verdadeira carta de amor e compreensão para aqueles que sobreviveram à tragédia que o originou.
Ao final, estamos dentro dos destroços, compartilhando o calor, o sofrimento e a camaradagem existente entre aqueles indivíduos. Somos cúmplices de seu sofrimento e de suas decisões mais complexas. Bayona demonstra uma maturidade admirável ao jogar luz sobre as pessoas, mantendo sua câmera focada em seus rostos e distante dos aspectos polêmicos do ocorrido.
Anatomia de uma Queda
4.0 788 Assista AgoraHá algum tempo, aprendi que em um relacionamento a dois sempre haverão três verdades: uma para cada um dos parceiros e a última, a verdade em sua integridade. Aquelas verdades que dominam a visão de seus donos são perspectivas, cheias de vícios, mágoas, expectativas frustradas e sentimentos dos mais variados. Enquanto isso, a verdade em sua completude não é vista, pois ela estará presa sempre entre as quatro paredes de um lar. Ela está perdida e encarcerada ali. E ao final de um relacionamento (seja ele um divórcio ou mesmo a morte), sempre restará a ambiguidade de perspectivas, sejam elas positivas ou negativas.
Anatomia de uma Queda busca justamente nessa discussão construir uma projeção cuja trama, baseada em um tribunal, busca encontrar uma verdade em sua integridade. Trata-se de um suicídio? Ou seria uma queda acidental? Ou a esposa, em um ato de descontrole, assassinou seu companheiro?
E a condução humana e talentosa da diretora Justine Triet faz com que a resposta seja instigante, mas desnecessária. Não há o que saber ali, pois nunca se terá a verdade completa. Um relacionamento, seja ele na vida ou na morte, sempre estará envolto das ambiguidades dos envolvidos. A unicidade de cada cônjuge.
Pena que ao final, mesmo que em parte, a diretora tenha buscado amenizar essa dúvida colocando a perspectiva do filho com deficiência visual (a justiça?) para de alguma forma resolver o caso. Não que a ambiguidade se esvaia, pois ela ainda causa dúvidas, mas apenas para dar conforto ao expectador. Não precisávamos saber qual estava certo ou errado. Se houve ou não assassinato. Pois um relacionamento é isso, verdades que muitas vezes morrem entre quatro paredes
Zona de Interesse
3.6 580 Assista AgoraZona de Interesse é um processo de tortura guiado sobretudo pelo som. Todo bom realizador sabe que a imaginação do expectador é mil vezes mais potente do que qualquer imagem que ele possa construir em sua obra. E aqui o diretor Jonathan Glazer demonstra uma habilidade absurda em deixar que nós construamos em nossas mentes as atrocidade de Auschwitz.
Glazer constrói planos longos, com diálogos inspirados, ao mesmo tempo em que é auxiliado por uma mixagem e edição de som soberbos. Assim, Zona de Interesse busca o desconforto em um cotidiano aparentemente prosaico de uma família, cujos pais são psicopatas completamente perturbados mentais, os quais não mostram desconforto algum com o que acontece além do muro de sua propriedade.
Zona de Interesse é mais uma obra que demonstra como o cinema é incrível, porém, em paralelo, lembra-nos como a humanidade deu errado há muito tempo.
Maestro
3.1 260Bradley Cooper é talentoso. E devo confessar que estou ansioso para seus próximos projetos atrás das câmeras. Isso quer dizer que “Maestro” é um filme excelente? Não! É um filme correto, estéreo, cujo roteiro o torna frágil. Porém, Cooper é um diretor talentoso, construindo sequências belíssimas e cenas que evocam emoções profundas e dolorosas.
Naturalmente, “Maestro” empalidece em meio a um ano tão bom para o cinema. O que não tira méritos para diversos pontos da obra, como as belíssimas atuações, sobretudo de Carey Mulligan, a alma do filme e uma atriz que tem se tornado cada vez mais interessante com a idade.
Acredito que faltou ousadia dos roteiristas (dentre eles o próprio Cooper) para construir um filme mais interessante e emocionalmente complexo, características como as que vemos na personagem de Mulligan.
Pobres Criaturas
4.2 1,1K Assista AgoraO mundo é um lugar muito ruim para se viver, em muitos casos. Muito disso se deve aos seus principais habitantes. O ser humano é violento, cruel, perturbado e contraditório. Porém, o homem é o culpado de boa parte desses pontos.
Pobres criaturas, neste sentido, acabam levantando discussões relevantes de forma alegórica, com o intuito de refletir sobre o papel da mulher em uma sociedade em que o homem busca controlá-la de alguma forma: sua vida, seu modo de se portar, seus pensamentos e sua sexualidade, por exemplo.
Yorgos Lanthimos constrói uma fábula que incomoda, instiga e diverte, demonstrando como o homem é frágil e inseguro, buscando disfarçar sua natureza tosca por meio do controle e autoritarismo sobre o sexo oposto.
E é interessante observar como muitos desses homens (sejam figuras paternas ou amorosas) tentam obter poder sobre a mulher em algum ponto durante a projeção. Esses seres acabam se tornando cada vez mais inseguros, conforme uma mulher defende sua liberdade e desenvolve conhecimento, o qual claramente ofusca um intelecto fraco e rasteiro das figuras masculinas presentes no filme.
E não é surpresa que muitas dessas criaturas se revelem grotescas em seu caráter ou em sua imagem durante a projeção, enquanto a personagem principal evolui, ao compreender melhor a sociedade, a vida e sua própria sexualidade, valorizando sua liberdade e suas escolhas, sem ter a necessidade de qualquer figura masculina para que isso se concretize. Bella sabe o que quer e não precisa de ninguém para lhe ajudar com isso.
O Menino e a Garça
4.0 215Considero Miyazaki, ao lado de Scorsese, os melhores diretores ainda vivos. Esse meu ponto de vista reflete-se nas obras que lançaram no ano de 2023. Tocantes em suas próprias formas, "Assassinos das Luas das Flores" e este belíssimo "O Menino e a Garça" serão consideradas obras-primas com o tempo.
Em certo momento, já para o final da projeção, peguei-me pensando como me sentirei órfão quando a morte acometer esses dois grandes cineastas. Rapidamente veio-me uma profunda tristeza em saber que não poderei mais ter aquela expectativa de ser brindado com mais uma obra desses realizadores. O consolo viria apenas nas constantes revisitações que faço às suas filmografias, as quais são irrepreensíveis, porém sempre vou sentir que gostaria de ter mais tempo para vivenciar novas histórias.
"E O Menino e a Garça" é exatamente sobre a perda precoce de pessoas que amamos e como a dor do luto ressignifica nosso tempo e espaço no mundo. Não existem respostas fáceis aqui, mas uma maturidade absurda para compreender como a perda nos transforma e nos molda. Miyazaki demonstra que algumas coisas são inevitáveis em nossas vidas. Não há como mudar ou voltar no tempo para que não sintamos dores tão profundas, mas podemos evoluir e compreender onde é o nosso lugar na vida. As perdas não significam o fim, mas apenas uma curva no meio do caminho, na qual carregaremos lembranças, abraços ou mesmo livros com suas dedicatórias repletas de amor.
Rustin
3.3 81 Assista AgoraRustin, sem dúvida, merecia um filme melhor. Uma direção sem criatividade e burocrática de Wolfe, além do roteiro que prioriza a teatralidade, torna a obra arrastada e sem qualquer ritmo.
Para piorar, o momento mais aguardado do filme, que seria a Marcha, foi filmado com uma preguiça absurda, transformando-se em uma verdadeira decepção.
Gran Turismo: De Jogador a Corredor
3.6 172 Assista AgoraEm mãos de um diretor menos talentoso, Gran Turismo provavelmente se tornaria mais um filme genérico, com um roteiro repleto de clichês. Porém, Neill Blomkamp consegue nos brindar com uma direção segura e criativa, entregando-nos sequências de corrida tensas e bem coreografadas.
Uma surpresa, sem dúvida!
Aftersun
4.1 700As pessoas são infinitamente mais complexas do que percebemos. Se temos dificuldade de vermos “o outro” de maneira clara, isso se torna ainda mais difícil quando se trata de alguém tão íntimo como um pai. Nem sempre conseguimos ver suas dúvidas, dores, medos, inseguranças, tristezas ou mesmo sonhos. Não que ignoremos, mas pelo simples motivo de que essas pessoas tão amadas se tornam tão comuns no nosso cotidiano que muitas vezes nos contentamos a vê-los com a superficialidade do convívio diário. Isso infelizmente vicia nossos olhares para o amor que profundo que sente por seus filhos.
Aftersun é uma obra prima, na qual uma filha busca montar o quebra-cabeça que era seu jovem pai. Um quebra-cabeça melancólico e sensível que a sua idade e a inexperiência não permitiram montar quando tinha apenas 11 anos.
Velozes e Furiosos 10
3.0 293 Assista AgoraEu gosto de Velosos e Furiosos. Isso quer dizer que os filmes são bons? Não! Porém, em sua maioria, são divertidos, principalmente quando deixaram de se levar a sério.
Não vejo qualquer problema em todas as regras da física que os personagens desobedecem. Não me importo com os carros indestrutíveis, os pistas de decolagem infinitas ou mesmo os inimigos mais esquizofrênicos de Hollywood (vão me dizer que não perceberam que mais cedo ou mais tarde os vilões acabam virando parte da família de Toretto?), nem mesmo os personagens que vira e mexe ressuscitam. Entretanto, a ausência de roteiro e qualquer coerência narrativa tornaram os últimos três filmes minimamente aborrecidos.
Deste modo, temos aqui um emaranhado de sequências de ação que se interligam sem qualquer nexo. Isso demonstra não apenas o desleixo com o roteiro, mas como os produtores já desistiram de contar uma história há muito tempo, focando unicamente em elaborar sequências de ação absurdas e inventivas. Pena que estas pouco conseguem sustentar o filme, o qual, ao final, torna-se pueril e incoerente (e aqui não me refiro em momento algum aos carros voadores).
Super Mario Bros.: O Filme
3.9 780 Assista AgoraPoucas coisas me fizeram tão bem como ver Super Mario Bros.: O Filme. Não que o filme seja estupidamente bom, mas por vivermos fazes em nossas vidas que a luz que precisamos é representada por um filme como esse.
Mario é tecnicamente belíssimo. Visualmente é deslumbrante. Entretanto, possui um roteiro absurdamente preguiçoso, o qual aposta em soluções fáceis que apenas empurram os protagonistas na história. Veja como logo que Mario entrar no reino cogumelo já encontra um companheiro que lhe guia em tudo que precisa fazer em seguida. Perceba também como Mario convence a Princesa em deixá-lo ir enfrentar Bowser quase que do nada.
Infelizmente, o roteiro se preocupa mais em distribuir easter eggs gratuitamente, do que desenvolver a trama de maneira coerente.
Apesar disso, Mario é cativante, pois esquenta nossos corações com a companhia de personagens que marcaram nossas infâncias e nos levaram para as mais divertidas aventuras, sem nem mesmo sairmos do sofá.
Creed III
3.4 237 Assista AgoraCreed é ruim? A resposta é não!
Dito isso, porém, é um filme sem alma e que empalidece bastante perante os seus antecessores.
E o por quê disso? Talvez possamos colocar 2 pontos. O primeiro diz respeito ao roteiro. Jonathan Majors se esforça para tornar Damian um personagem complexo, o que em diversos momentos é prejudicado pelo roteiro, o qual insiste em fazer o personagem ser demonizado em suas lutas ou mesmo pela abrupta vilanização no segundo para o terceiro ato. A história de acerto de contas e feridas no passado seriam ingredientes suficientes para conduzir a trama, porém, há uma persistência em tornar o antagonista em um ser mal, o que não se apresenta como uma escolha coerente. Isso fica evidente até mesmo no figurino da luta final. Creed com roupas brancas e Damian totalmente de roupas negras, tornando tudo mais cafona ainda.
Em segundo lugar, a ausência de Rocky. Embora Creed 1 e 2 funcionem bem, Rocky é cativante e move muito do que sentíamos naqueles filmes. Aqui, Creed permanece sendo um rapaz meio chato e por vezes desinteressante. O que já era latente no segundo filme da série.
Por fim, Michael B. Jordan, além de ator, é um diretor que merecerá nossa atenção nos próximos anos. Ele conduz bem boa parte do filme e busca trazer alguns simbolismos que são interessantes, observe a rima visual da luta final ou a cena em que vemos os personagens principais divididos por uma parede. Entretanto, talvez pela inexperiência, a cenas de luta vistas no filme, pouco empolgam e acabam decepcionando bastante.
Apesar disso, o saldo de Creed 3 é muito positivo. Pena que estéril e talvez não terá uma vida tão longa no coração dos fãs, como nosso querido Rocky.
65: Ameaça Pré-Histórica
2.4 296 Assista AgoraRoteiristas/diretores, Scott Beck e Bryan Woods, estavam de férias e encontraram alguns amigos num pub:
Beck e Woods: tivemos uma brilhante ideia para nosso próximo filme. O que acham de seres humanos de outro planeta caírem na terra em meio a era dos dinossauros, mais precisamente, pouco antes do enorme asteróide bater aqui e matar tudo? Nesse contexto, eles caíram com a nave aqui e tentam encontrar formas de ir embora, enquanto lutam com todo tipo de dinossauros.
Amigos: poxa! Bem legal. Então será de viagem no tempo?
Beck e Woods: Não. Eles são de outro planeta e pousam aqui, mas antes de terem humanos aqui. Entendeu?
Amigos: então humanos chegam na terra antes de ter humanos ?
Beck e Woods: Isso! Não é genial?
Amigos: huum! Bacana. Pode dar certo. Mas não vai ficar meio parecido com aquele filme daquele diretor que se acha visionário .. qual é o nome mesmo ? Aquele filme que o Will Smith fez com o filho dele e fica com cara de bunda o tempo todo ..
Beck e Woods: Ah! Depois da terra? Não, esse filme é no futuro, o nosso é no passado.
Amigos: wow! Entendi. Conte mais então.
Beck e Woods: Ah! Estávamos pensando que teriam somente dois personagens. Um cara é uma criança. O homem tenta levar essa criança em segurança para onde podem ir pra casa…
Amigos: ué, mas isso não é o o Wolverine faz naquele filme que ele tá velho?
Beck e Woods: Logan?
Amigos: não, o Wolverine.
Beck e Woods: Não, no nosso será no passado e terão dinossauros.
Amigos: ah! Tipo o parque dos dinossauros?
Beck e Woods: Mais ou menos, no nosso será há 65 milhões de anos atrás e vamos priorizar somente os dinossauros carnívoros para ter mais graça… de preferência uns que somente gostem de carne humana.
Amigos: ué, mas como eles vão preferir carne humana se antes não tinham humanos?
Beck e Woods: sim! Mas vamos fazer eles perseguirem os humanos… pq vc sabe né, humanos são feitos de carne e isso vai dar emoção para o filme.
Amigos: huuum! Bacana. Vc acha que vai fazer sucesso?
Beck e Woods: O cinema só faz filme de livro e de HQ… estamos sendo originais. Todos vão amar.
Amigos: ok, se vcs acham.
Shazam! Fúria dos Deuses
2.8 353 Assista AgoraBoa parte das crianças sonham em ter super poderes. Sonham em representar uma figura heróica, como nos filmes e HQs. Shazam! é muito do que esses sonhos são. Um menino que ganha a oportunidade de ser um herói. Pena que é desperdiçado desde o primeiro filme. Não é culpa do elenco, que se esforça bastante para sustentar o filme. Porém, roteiro e direção prejudicam sobremaneira tudo que vemos em tela.
Infelizmente, pouco se aproveita aqui, o que demonstra que a DC realmente não sabe bem o que quer.
Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania
2.8 515 Assista AgoraA Marvel desgastou sua fórmula. Não que essa fórmula fosse responsável por criar obras primas do cinema, porém ao menos nos presenteou com filmes (em sua maioria) coesos, dentro de suas propostas, e divertidos.
Enquanto isso, as últimas películas lançadas, pouco empolgam e acabam aparentando piadas que eram engraçadas ouvidas a primeira vez, porém, com o tempo, tornaram-se batidas e desinteressantes. Ademais, até mesmo as questões técnicas se apresentam enfraquecidas, tendo em vista a produção quase que fabril dessas obras (diversos filmes ao ano, sem contar as séries para a Disney+).
Assim, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania demonstra uma falta de coerência e coesão infantil em seu roteiro e direção, tornando a trama frágil e repleta de pontas soltas.
Os realizadores escolhem soluções fáceis e irreais para seus conflitos, como por exemplo, a mudança repentina das ações de um vilão no terceiro ato. Isso reflete uma clara falta de respeito com a inteligência dos expectadores.
Por fim, os efeitos especiais e a designe de produção enfraquece ainda mais o filme, tendo em vista se aproximar bastante de um filme B.
Enquanto a Marvel arrastar milhões em suas arrecadação, provavelmente não teremos melhoria na qualidade das produções.
Nada de Novo no Front
4.0 611 Assista AgoraPara além da política, burocracia e interesses, a guerra é feita de pessoas. Não importa o lado. São pessoas. Possuem histórias, famílias, sonhos, expectativas e, em sua maioria, vontade de viver.
Esses indivíduos não saem do campo de batalha ricos. Muitas vezes nem se quer sabem o que fizeram e como morreram. Outras vezes, nem mesmo sabem do pq estão lutando.
Nada de novo no front possui, neste sentido, uma introdução genial, na qual vemos como essas pessoas são descartáveis, como as etiquetas de suas roupas que rapidamente são remendadas e dadas a outros soldados.
Apesar deste começo, infelizmente o ritmo do filme se torna irregular e se perdendo pontualmente.
Não obstante isso, é um filme sobre pessoas que criam laços, mesmo com seus “inimigos”.
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraÀs vezes sinto que a humanidade não segue uma evolução como espécie. Guerras, armas, mercado financeiro, a pandemia, redes sociais dentre outros pontos, demonstram isso de forma bem clara. Aparentemente continuamos em uma espiral de ganância e autodestruição.
Atualmente vemos a ciência sendo refutada de maneira tão absurda. Questionamos fatos enraizados e provados. Vivemos por aparência, devido a estilos de vida pregador por redes sociais tóxicas.
Triângulo da Tristeza, neste sentido, é hábil em retratar todas as contradições em uma sociedade tão adoecida, como a que vivemos. Desconfortável e escatológico, o filme usa o absurdo para criticar a riqueza e seus detentores, fazendo com que tenhamos reflexões pertinentes em um momento em que tantas pessoas teimam em endeusar essas pessoas cheias de dinheiro, mas pobres de humanidade.
Argentina, 1985
4.3 334Sou formado em Historia. Sim, Historia com “H” maiúsculo. Lembro-me que no caminho da prova do vestibular fui repreendido fervorosamente por minha mãe pela minha escolha de curso. “O que fará com isso? Passará necessidade?”.
Meio desapontado e me sentindo injustiçado pelas falar de minha mãe, continuei firme em minha decisão.
Iniciei meus estudos em 2010 e conclui em 2015. Este período conseguiu transformar minha visão de mundo. Embora tenha profundo orgulho de dizer que sou historiador de formação, infelizmente não trabalho na área (certamente minha maior tristeza hoje).
“Ok, Willian, por que dessa história?” Bem, talvez todos os cidadãos deste país devessem fazer História. Isso provavelmente tornaria nosso país menos tolerante a retrocesso e ao discurso do absurdo (o qual dominou nosso país por 4 anos).
Argentina, 1985 é poderoso o suficiente para eu amar ainda mais a História e o pensamento crítico que está me permitiu ter. Contundente, direto e tocante, 1985 deveria ser minimamente visitado por nosso país para que possamos compreender que muitos daqueles que pregavam a pátria, família e Deus, resguardavam a Bíblia com mãos banhadas de sangue.
Tár
3.8 393 Assista AgoraTodd Field é um cineasta elegante em suas propostas. Cada quadro e movimento de câmera aparentemente é meticulosamente pensado, em sua estética e significado.
Além disso, o diretor ainda consegue falar tanto, utilizando-se apenas de sua câmera e a atuação de seus atores.
O resultado é um filme poderoso e mais um Oscar para Blanchett.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraNada aqui é mais importante do que as relações de uma família, quebrada pelas escolhas e pelo tempo. Esse filme inusitado demonstra como feridas se aprofundam em meio o silêncio do cotidiano e a indiferença impensada.
Reconstruir o que se perdeu com o tempo é uma tarefa árdua e de aprendizado que demanda muitas vezes coisas simples, como ser gentil.
Missão Resgate
2.8 76 Assista AgoraSabe aquele filme ruim que te diverte e logo após a sessão vc simplesmente esquece? Aqui está um perfeito exemplar!
Neeson e Fishburne provam que tem que pagar as contas e pouco se esforçam. Os outros efeitos especiais foram R$10,00 na black friday. O roteiro é reciclado e meio tosco em alguns momentos. Por fim, o relógio da contagem regressiva do filme passa na velocidade de uma lesma e em certo momento nos perguntamos como, em 45 minutos, os personagens conseguem fazer tanta coisa.
No final, o filme não vai te chatear ou te prejudicar. Na real, já esqueci de quase tudo mesmo…
tick, tick... BOOM!
3.8 450Tick, tick… BOOM! é sobre o tempo ou a sua inevitável ausência.
Buscamos a felicidade, sonhos, ansiedades, obsessões e negligenciamos muitas vezes as pessoas e os problemas sociais que nos rodeiam.
Buscamos um sucesso que as vezes não pode ser medido pelas coisas que fazemos, por nossos trabalhos ou nossa conta bancária, mas pelos momentos e, sobretudo, por aqueles que se propõem a percorrer esse caminho conosco. Gastamos tempo e teimamos em ignorar as coisas mais óbvias, pois estamos cegos por padrões estabelecidos por uma sociedade cada vez mais doente e perturbada.
Jon demora a perceber isso, mas, quando o faz, consegue ver tudo que realmente tem valor em sua vida. Muitas vezes não se trata do objetivo final, mas da caminhada até alcançá-lo.