Extremamente divertido, especialmente quando contrapõe aquele humor infantilóide de Guerra Infinita (lançado há 3 semanas antes), aliás, Deadpool 2 faz frente em humor a qualquer boa comédia recente: suas características são a causticidade aliada com fortes referências metalinguística à cultura pop. O filme também acerta, surpreendentemente,nas cenas de drama envolvendo seus dois antagonistas: os anti-heróis Wade Wilson e seu rival Cable. Por falar em Cable, vivido com habitual competência por Josh Brolin, é acertado dizer que o segundo filme - ao menos em termos de "vilão" - é melhor do que o primeiro; à guisa de comparação com outra mídia, prefiro uma versão real de Josh Brolin do que o seu correspondente em CGI (o recente Thanos).
Uma distopia de terror, com fortes elementos dramáticos e com uma excelência em retratar de maneira orgânica os elementos sonoros (e sua ausência) com a própria narrativa do filme. O estreante John Krasinski provoca inveja a muito veterano, nesse promissor início na direção, algo parecido com Jordan Peele - que também foi bastante feliz com sua obra "Corra!"
Um filme dos irmãos Coen repleto de simbolismos, a começar pela "odisseia" de dois dias que marca profundamente a jornada percorrida por Llewyn Davis (Oscar Isaac) nos encontros com personagens pitorescos que encontra pelo caminho. A película mostra, de maneira competente e linear, a cena folk norte-americana do início dos anos 60 e as dificuldades enfrentadas pelo protagonista em sua via crucis que determinará os trilhos para o sucesso ou para o inevitável "fracasso" da vida comum. Defrontamo-nos aqui com alegorias sobre a autodeterminação das mulheres, a melancolia que permeia os artistas do universo folk, passado e presente, revolução musical,etc. Merece ser visto e revisto - e, de quebra, requer também um estudo e apreciação sobre obras folk do período, até para melhor entendimento
Diversão satisfatória. Na verdade, é um making off competente sobre os hilários bastidores do filme "The Room" e de seu peculiar realizador: Tommy Wiseau. Tal como "The Room", o "Artista do Desastre" também nao traz nenhuma reflexão profunda sobre Tommy e sua amizade com Greg Sestero, e talvez a real intenção do filme seja realmente a de entreter e nos fazer entender porque um filme tão bizarro como "The room" é tão cultuado hoje em dia.
Não vou dizer que esse filme é ruim porque é capaz da palavra "ruim" acabar se ofendendo. Esse filme é pavorooooooooosooooo, mas nem por isso deixa de ser hilário. Aula de como não se fazer um filme: personagens irrelevantes, incongruências de comportamento, ausêncla de clímax, situações bizarras, diálogos repetitivos, etc... Tão ruim que eu gargalhei de algumas cenas nonsense, umas 5 vezes.
Bonitinho ( algumas cenas são de cortar o coração), mas as atuações e o roteiro (com destaque pros diálogos bobos) beiram a um certo amadorismo - o que chega até a surpreender, visto a competência habitual de Lasse Halstrom (não é nenhum realizador de obras-primas, mas ao menos não chega a um resultado tão desapontador).
Exagerado até a medula - e com uma porrada de clichê de filme de ação junto (a frase final de Dennis Franz é impagável), Duro de Matar 2 não chega perto do charme do original mas é um entretenimento bastante válido. E um elenco de apoio responsa: Dennis Franz, John Amos, Franco Nero (o eterno Django)....
Filme de ação bem tramado e dinâmico, com um roteiro bem resolvido. Tom Cruise é competente no papel do mercenário quase indestrutível Jack Reacher. Destaque também para a parceria com Rosamunde Pike e Robert Duvall, se divertindo mais do que nunca.
"Dersu Uzala" é um filme que transborda filosofia pura - e da maneira mais facilmente explicada, por meio de um guia oriundo do povo golgi (bem aparentado com o mongol) - de hábitos nômades e "alma bonita" - que domina a natureza, a respeita e a contempla. Por falar em contemplação, este é o estilo que acentua o cinema de Kurosawa e é tão bem ressaltado em Dersu Uzala. Os ensinamentos ( que não se extraem de livros) do velho golgi para o "Capitão" e sua tropa, refletem o que há de mais puro do contato do homem com a natureza, configurando uma verdadeira simbiose. Uma obra-prima absoluta.
Sempre evitei filmes de terror quando era criança, hoje reconheço "Cemitério Maldito" e tantas outras obras do gênero como puro entretenimento. O ponto fraco da película é não ter guardado a conexão do passado de Rachel Creed com o seu destino trágico. As cenas de terror são bem executadas, mesmo que provoquem risos (o que garante charme à película). Boa participação de Fred Gwynne, o eterno Herman Monstro do seriado dos anos 60.
"O Martelo das Bruxas" é um filme cuja narrativa retrata de maneira tão implacável a Inquisição, q poderíamos encontrar quaisquer similaridades do processo de "caça às bruxas" - em pleno terrítório tcheco do século XVI - com as de qualquer outra sociedade tirânica que a humanidade já provou, tais como o nazismo, a URSS, as ditaduras latino-americanas e, em menores proporções, o próprio Judiciário brasileiro dos dias atuais. O filme pontua bem seu propósito: há uma perseguição implacável e cega às mulheres da região - como se fossem a personificação do diabo - liderada por um juiz bufão e falso moralista (há vários trechos que sugerem a libidinagem do sujeito) de nome Boblig.
Com o apoio da Igreja Católica e de uma elite local intolerante, o processo é eivado de provas falsas e confissões extraídas à base de tortura. A pena iminente é a queima na fogueira, independente do quanto você será torturado ou não - visto que é dada aos condenados, cinicamente, uma suposta oportunidade de redenção perante a "Lei de Deus" por meio do arrependimento por atos profanos não-cometidos.
"O Martelo das Bruxas" é, antes de tudo, um retrato pessimista de como a opressão insensata dos conservadores destrói e ceifa o espírito dos inocentes oprimidos.
Comédia espirituosa (permito-me fazer trocadilho com o título do filme) que se escora e faz arrancar risadas, principalmente, da curiosa relação entre um advogado espalhafatoso (Martin) e o espírito de uma milionária pedante (Tomlyn).
Filme simpático sobre o proletariado britânico, personificado com mais veemência no personagem de Albert Finney - um inconformista, na acepção da palavra, cujo escapismo vem das constantes bebedeiras dos fins de semana e de relacionamentos efusivos com duas mulheres. Lembra "A Doce Vida", de Fellini, em sua reflexão sobre o contraste que há entre o conformismo e o "fazer a diferença" no mundo. No fundo, Finney acaba se entregando ao mesmo caminho de seus pais - num mundo sem privilégios, porém seguro.
Da moderna trilogia que antecede os acontecimentos do clássico filme de 1968, "Planeta dos Macacos - A Guerra" é, na minha concepção, o menos bom, o que de forma alguma o desmerece como filme em detrimento dos dois primeiros. O maior trunfo dessa nova trilogia é, de fato, o enorme magnetismo que permeia a figura de Caesar: um líder nato, comparável (segundo o coronel sádico vivido por Woody Harrelson) a grandes estrategistas militares como Napoleão. Em se tratando de um personagem composto de um CGI bastante aproximado da realidade, isso não é pouco - Andy Serkis encarna o chimpanzé ultra-inteligente e o eleva, desde já, a um dos melhores personagens já concebidos para o cinema nos anos 10. Caesar pode, ao mesmo tempo, ser um líder tão admirável quanto Mandela e tão rígido quanto Lenin. A zona cinza que caracteriza o personagem está presente no filme o tempo todo, após o trauma gerado por Koba. Teria ele que tomar decisões importantíssimas em prol da sobrevivência de sua espécie. Destaque-se também, para a caracterização do macaco "Bad Ape" (Steve Zahn) que rivaliza, em CGI (e até supera, por muitas vezes) na perfeição de detalhes de expressão facial com o próprio Andy Serkis. É justificável: são símios mais inteligentes que os demais. O que me incomodou no filme, e daí a razão pra ter baixado a nota, foi a maneira pouco convincente com que apareceu a crescente epidemia da "primitivização da humanidade", com explicações científicas pouco lógicas. No entanto, a intenção sádica das forças do coronel em massacrar os humanos primitivos (gerando um iminente confronto entre seres humanos) ajuda a contrabalancear esse defeito, que culmina num embate pela manutenção da racionalidade do homem. Agora sim, estarei apto a ver o clássico "Planeta dos Macacos", com Charlton Heston, graças à revitalização dessa franquia magnífica.
Formidável relato dos meandros da corrupção instaurada no mundo do boxe, composto por apostadores, agenciadores, assessores de imprensa, leões de chácara e pelos próprios pugilistas - com exceção do ingênuo Toro Moreno, lutador medíocre que se torna o centro das atenções de um esquema vicioso e, até certo ponto, bastante perigoso. O roteiro acerta por deixar tudo bastante explicado sobre a corrupção no boxe. O porém é que não nos traz uma sensação de indignação pelo que está sendo visto (com exceção do trecho final da película), tratando o assunto com uma certa leveza. Mas não culpo os realizadores do filme, certamente a intenção era tratar do tema da corrupção com uma certa dose de ironia, sem pintar os integrantes daquele meio como efetivos monstros - note, por exemplo, a persona de "sujeito-família" (em um dado momento, o vemos vendo uma luta na TV com seus filhos pequenos e a esposa) composto pelo empresário Nick, interpretado com maestria pelo grande Rod Steiger. Steiger, por sinal, reproduz um personagem que vive no mesmo antro de corrupção (tendo o boxe, como pano de fundo) que Charley Malloy, em "Sindicato de Ladrões", filme de dois anos antes. No entanto, ao contrário do reservado advogado Charley Malloy - naquele filme de Elia Kazan - em " A Trágica Farsa", Steiger compõe um estourado e impulsivo empresário do ramo do boxe, cujo lucro parece ser seu único objetivo, apesar de aparentemente o vermos mostrar uma certa preocupação com seus "colegas" de crime. Humphrey Bogart, que vive o jornalista Eddie Willis, é a "voz da razão" do espectador. Por mais que lhe atraia aquele mundo, de dinheiro fácil, pesa um constante dilema moral pelo próprio modo como tratam o ingênuo Toro Moreno - marionete de um jogo de interesses que envolve empresários e até mesmo lutadores bastante experientes. Por último, existe uma curiosidade. Max Baer, célebre pugilista dos anos 20, faz um papel como o lutador Buddy Brennen. Baer tinha um certo remorso em sua carreira, por ter "matado" de pancada um oponente seu no ringue. Esse remorso, curiosamente, é revivido por um personagem da trama. "The Harder They Fall" vale uma conferida.
"Small Crimes" tem alguns acertos, como a interessante composição de Joe, papel dado a Nikolaj Coster-Waldau - um sujeito que não está 100% recuperado, mas que tenta a redenção por meio da reaproximação com as filhas. No entanto, sua cruzada é algo parecido com a frase de Michael Corleone (Al Pacino), em "O Poderoso Chefão parte III" : "Just when I thought I was out...they pull me back in" - por mais que busque pôr sua vida nos eixos, seu passado é tão repleto de perversos acordos que fica praticamente impossível para o protagonista se livrar do círculo corrupto composto por policiais e figurões do qual sempre fez parte. A premissa, a partir daí, é interessantíssima. No entanto, o filme peca por insistir em lances meio óbvios para determinar o fim de alguns personagens, unicamente para que outros (pelos quais, evidentemente, estávamos torcendo) consigam se livrar ilesos. Ainda assim, é um filme que vale uma conferida. Nikolaj Coster-Waldau também está num filme de prisão chamado "Shot Caller" - bem melhor que este, por sinal - e, dos atores de Game of Thrones - é um dos que tem das carreiras mais interessantes no cinema.
Entretenimento dinâmico e musical na sua melhor forma, do nível de excelência artística de "A Primeira Noite de um Homem", para não citar outros ótimos exemplos do gênero. A resolução no final pende ao exagero, mas nada que faça desqualificar esta obra de Edgar Wright pro panteão dos melhores filmes de 2017.
É uma grata surpresa que os filmes da trilogia que antecede "O Planeta dos Macacos" sejam de uma qualidade artística tão notável, desde a riqueza de movimentos em CGI que caracterizam os macacos quanto o próprio acerto de decisões no roteiro que tornam bastante convincentes a ascensão da civilização de César. E o melhor: não há um só momento em "Planeta dos Macacos - O Confronto" em que nós, genuinamente, não nos preocupemos (apesar de já termos uma certa noção) com a instabilidade que move as relações entre humanos e símios - o que já é um grande trunfo.
Uma pérola naturalista que é parte documental e parte fantástica (baseada nos sonhos da protagonista) e se trata de um retrato doloroso da vida de uma adolescente negra, obesa e mãe precoce - concebida em uma família miserável, tanto em posses quanto em espírito, de onde dali não se vislumbraria qualquer esperança de uma vida melhor. Preciosa, no fim das contas, é salva (além de sua própria força de vontade) pela empatia humana, exemplificada pelo "anjo" de professora vivido pela personagem de Paula Patton, que em si enxerga as mesmas dificuldades de vida sofrida pela protagonista, embora em doses cavalarmente menores que esta última. Por fim, mas não menos importante, a atuação da rapper Mo'Nique (como a mãe de Preciosa: embrutecida pela miséria, quase bestial) é algo glorioso,e um dos grandes trunfos de atuação já alcançados no cinema independente norte-americano.
Quando a premissa de um filme já é uma bosta por si só, é difícil sair algo que preste. "Ah, mas é animação pra crianças", dirão alguns (e de fato só fui conferir esse filme por causa de meus sobrinhos pequenos) mas existe vida inteligente pra animações também - a Pixar que o diga. "EMOJI" é um filme, alem de ruim, nocivo, pois incentiva uma geração inteira a viver dependente dos aplicativos de um smartphone.
Um documentário que, sob o pretexto de exaltar o regime norte-coreano, por meio da análise da vida de uma menininha prestes a entrar numa academia de dança, acaba por abordar, de maneira absolutamente irônica, como deve ser difícil ser um cidadão daquele país - cujo único objetivo de vida parece ser reverenciar o ditador Kim Jong-Un, seu pai e seu avô e trabalhar às custas do regime. O final é extremamente tocante, abordando o conceito de uma felicidade restrita baseada num único ponto de vista - o de uma criança doutrinada desde cedo a amar sem ressalvas os "fundadores" de um regime opressor.
Deadpool 2
3.8 1,3K Assista AgoraExtremamente divertido, especialmente quando contrapõe aquele humor infantilóide de Guerra Infinita (lançado há 3 semanas antes), aliás, Deadpool 2 faz frente em humor a qualquer boa comédia recente: suas características são a causticidade aliada com fortes referências metalinguística à cultura pop.
O filme também acerta, surpreendentemente,nas cenas de drama envolvendo seus dois antagonistas: os anti-heróis Wade Wilson e seu rival Cable.
Por falar em Cable, vivido com habitual competência por Josh Brolin, é acertado dizer que o segundo filme - ao menos em termos de "vilão" - é melhor do que o primeiro; à guisa de comparação com outra mídia, prefiro uma versão real de Josh Brolin do que o seu correspondente em CGI (o recente Thanos).
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraUma distopia de terror, com fortes elementos dramáticos e com uma excelência em retratar de maneira orgânica os elementos sonoros (e sua ausência) com a própria narrativa do filme.
O estreante John Krasinski provoca inveja a muito veterano, nesse promissor início na direção, algo parecido com Jordan Peele - que também foi bastante feliz com sua obra "Corra!"
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
3.8 529 Assista AgoraUm filme dos irmãos Coen repleto de simbolismos, a começar pela "odisseia" de dois dias que marca profundamente a jornada percorrida por Llewyn Davis (Oscar Isaac) nos encontros com personagens pitorescos que encontra pelo caminho.
A película mostra, de maneira competente e linear, a cena folk norte-americana do início dos anos 60 e as dificuldades enfrentadas pelo protagonista em sua via crucis que determinará os trilhos para o sucesso ou para o inevitável "fracasso" da vida comum.
Defrontamo-nos aqui com alegorias sobre a autodeterminação das mulheres, a melancolia que permeia os artistas do universo folk, passado e presente, revolução musical,etc.
Merece ser visto e revisto - e, de quebra, requer também um estudo e apreciação sobre obras folk do período, até para melhor entendimento
Artista do Desastre
3.8 554 Assista AgoraDiversão satisfatória.
Na verdade, é um making off competente sobre os hilários bastidores do filme "The Room" e de seu peculiar realizador: Tommy Wiseau.
Tal como "The Room", o "Artista do Desastre" também nao traz nenhuma reflexão profunda sobre Tommy e sua amizade com Greg Sestero, e talvez a real intenção do filme seja realmente a de entreter e nos fazer entender porque um filme tão bizarro como "The room" é tão cultuado hoje em dia.
The Room
2.3 492Não vou dizer que esse filme é ruim porque é capaz da palavra "ruim" acabar se ofendendo.
Esse filme é pavorooooooooosooooo, mas nem por isso deixa de ser hilário.
Aula de como não se fazer um filme: personagens irrelevantes, incongruências de comportamento, ausêncla de clímax, situações bizarras, diálogos repetitivos, etc...
Tão ruim que eu gargalhei de algumas cenas nonsense, umas 5 vezes.
Quatro Vidas de Um Cachorro
3.8 720 Assista AgoraBonitinho ( algumas cenas são de cortar o coração), mas as atuações e o roteiro (com destaque pros diálogos bobos) beiram a um certo amadorismo - o que chega até a surpreender, visto a competência habitual de Lasse Halstrom (não é nenhum realizador de obras-primas, mas ao menos não chega a um resultado tão desapontador).
Duro de Matar 2
3.5 253 Assista AgoraExagerado até a medula - e com uma porrada de clichê de filme de ação junto (a frase final de Dennis Franz é impagável), Duro de Matar 2 não chega perto do charme do original mas é um entretenimento bastante válido.
E um elenco de apoio responsa: Dennis Franz, John Amos, Franco Nero (o eterno Django)....
Jack Reacher: O Último Tiro
3.4 892 Assista AgoraFilme de ação bem tramado e dinâmico, com um roteiro bem resolvido.
Tom Cruise é competente no papel do mercenário quase indestrutível Jack Reacher.
Destaque também para a parceria com Rosamunde Pike e Robert Duvall, se divertindo mais do que nunca.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraVocês ja avaliam filmes que nem foram lançados ainda? Menos empolgação, galera.
Caráter
4.0 36Seu maior trunfo é a envolvente narrativa, que delineia pouco a pouco os meandros que descortinam uma intrincada relação de pai e filho.
Dersu Uzala
4.4 153 Assista Agora"Dersu Uzala" é um filme que transborda filosofia pura - e da maneira mais facilmente explicada, por meio de um guia oriundo do povo golgi (bem aparentado com o mongol) - de hábitos nômades e "alma bonita" - que domina a natureza, a respeita e a contempla.
Por falar em contemplação, este é o estilo que acentua o cinema de Kurosawa e é tão bem ressaltado em Dersu Uzala. Os ensinamentos ( que não se extraem de livros) do velho golgi para o "Capitão" e sua tropa, refletem o que há de mais puro do contato do homem com a natureza, configurando uma verdadeira simbiose.
Uma obra-prima absoluta.
Cemitério Maldito
3.7 1,1K Assista AgoraSempre evitei filmes de terror quando era criança, hoje reconheço "Cemitério Maldito" e tantas outras obras do gênero como puro entretenimento.
O ponto fraco da película é não ter guardado a conexão do passado de Rachel Creed com o seu destino trágico. As cenas de terror são bem executadas, mesmo que provoquem risos (o que garante charme à película).
Boa participação de Fred Gwynne, o eterno Herman Monstro do seriado dos anos 60.
O Martelo das Bruxas
4.1 28"O Martelo das Bruxas" é um filme cuja narrativa retrata de maneira tão implacável a Inquisição, q poderíamos encontrar quaisquer similaridades do processo de "caça às bruxas" - em pleno terrítório tcheco do século XVI - com as de qualquer outra sociedade tirânica que a humanidade já provou, tais como o nazismo, a URSS, as ditaduras latino-americanas e, em menores proporções, o próprio Judiciário brasileiro dos dias atuais.
O filme pontua bem seu propósito: há uma perseguição implacável e cega às mulheres da região - como se fossem a personificação do diabo - liderada por um juiz bufão e falso moralista (há vários trechos que sugerem a libidinagem do sujeito) de nome Boblig.
Com o apoio da Igreja Católica e de uma elite local intolerante, o processo é eivado de provas falsas e confissões extraídas à base de tortura.
A pena iminente é a queima na fogueira, independente do quanto você será torturado ou não - visto que é dada aos condenados, cinicamente, uma suposta oportunidade de redenção perante a "Lei de Deus" por meio do arrependimento por atos profanos não-cometidos.
"O Martelo das Bruxas" é, antes de tudo, um retrato pessimista de como a opressão insensata dos conservadores destrói e ceifa o espírito dos inocentes oprimidos.
Um Espírito Baixou em Mim
3.4 94 Assista AgoraComédia espirituosa (permito-me fazer trocadilho com o título do filme) que se escora e faz arrancar risadas, principalmente, da curiosa relação entre um advogado espalhafatoso (Martin) e o espírito de uma milionária pedante (Tomlyn).
Tudo Começou no Sábado
3.8 25Filme simpático sobre o proletariado britânico, personificado com mais veemência no personagem de Albert Finney - um inconformista, na acepção da palavra, cujo escapismo vem das constantes bebedeiras dos fins de semana e de relacionamentos efusivos com duas mulheres.
Lembra "A Doce Vida", de Fellini, em sua reflexão sobre o contraste que há entre o conformismo e o "fazer a diferença" no mundo. No fundo, Finney acaba se entregando ao mesmo caminho de seus pais - num mundo sem privilégios, porém seguro.
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 954 Assista AgoraDa moderna trilogia que antecede os acontecimentos do clássico filme de 1968, "Planeta dos Macacos - A Guerra" é, na minha concepção, o menos bom, o que de forma alguma o desmerece como filme em detrimento dos dois primeiros.
O maior trunfo dessa nova trilogia é, de fato, o enorme magnetismo que permeia a figura de Caesar: um líder nato, comparável (segundo o coronel sádico vivido por Woody Harrelson) a grandes estrategistas militares como Napoleão. Em se tratando de um personagem composto de um CGI bastante aproximado da realidade, isso não é pouco - Andy Serkis encarna o chimpanzé ultra-inteligente e o eleva, desde já, a um dos melhores personagens já concebidos para o cinema nos anos 10.
Caesar pode, ao mesmo tempo, ser um líder tão admirável quanto Mandela e tão rígido quanto Lenin. A zona cinza que caracteriza o personagem está presente no filme o tempo todo, após o trauma gerado por Koba. Teria ele que tomar decisões importantíssimas em prol da sobrevivência de sua espécie.
Destaque-se também, para a caracterização do macaco "Bad Ape" (Steve Zahn) que rivaliza, em CGI (e até supera, por muitas vezes) na perfeição de detalhes de expressão facial com o próprio Andy Serkis. É justificável: são símios mais inteligentes que os demais.
O que me incomodou no filme, e daí a razão pra ter baixado a nota, foi a maneira pouco convincente com que apareceu a crescente epidemia da "primitivização da humanidade", com explicações científicas pouco lógicas. No entanto, a intenção sádica das forças do coronel em massacrar os humanos primitivos (gerando um iminente confronto entre seres humanos) ajuda a contrabalancear esse defeito, que culmina num embate pela manutenção da racionalidade do homem.
Agora sim, estarei apto a ver o clássico "Planeta dos Macacos", com Charlton Heston, graças à revitalização dessa franquia magnífica.
A Trágica Farsa
3.9 16 Assista AgoraFormidável relato dos meandros da corrupção instaurada no mundo do boxe, composto por apostadores, agenciadores, assessores de imprensa, leões de chácara e pelos próprios pugilistas - com exceção do ingênuo Toro Moreno, lutador medíocre que se torna o centro das atenções de um esquema vicioso e, até certo ponto, bastante perigoso.
O roteiro acerta por deixar tudo bastante explicado sobre a corrupção no boxe. O porém é que não nos traz uma sensação de indignação pelo que está sendo visto (com exceção do trecho final da película), tratando o assunto com uma certa leveza. Mas não culpo os realizadores do filme, certamente a intenção era tratar do tema da corrupção com uma certa dose de ironia, sem pintar os integrantes daquele meio como efetivos monstros - note, por exemplo, a persona de "sujeito-família" (em um dado momento, o vemos vendo uma luta na TV com seus filhos pequenos e a esposa) composto pelo empresário Nick, interpretado com maestria pelo grande Rod Steiger.
Steiger, por sinal, reproduz um personagem que vive no mesmo antro de corrupção (tendo o boxe, como pano de fundo) que Charley Malloy, em "Sindicato de Ladrões", filme de dois anos antes. No entanto, ao contrário do reservado advogado Charley Malloy - naquele filme de Elia Kazan - em " A Trágica Farsa", Steiger compõe um estourado e impulsivo empresário do ramo do boxe, cujo lucro parece ser seu único objetivo, apesar de aparentemente o vermos mostrar uma certa preocupação com seus "colegas" de crime.
Humphrey Bogart, que vive o jornalista Eddie Willis, é a "voz da razão" do espectador. Por mais que lhe atraia aquele mundo, de dinheiro fácil, pesa um constante dilema moral pelo próprio modo como tratam o ingênuo Toro Moreno - marionete de um jogo de interesses que envolve empresários e até mesmo lutadores bastante experientes.
Por último, existe uma curiosidade. Max Baer, célebre pugilista dos anos 20, faz um papel como o lutador Buddy Brennen. Baer tinha um certo remorso em sua carreira, por ter "matado" de pancada um oponente seu no ringue. Esse remorso, curiosamente, é revivido por um personagem da trama.
"The Harder They Fall" vale uma conferida.
Pequenos Delitos
2.5 54 Assista Agora"Small Crimes" tem alguns acertos, como a interessante composição de Joe, papel dado a Nikolaj Coster-Waldau - um sujeito que não está 100% recuperado, mas que tenta a redenção por meio da reaproximação com as filhas. No entanto, sua cruzada é algo parecido com a frase de Michael Corleone (Al Pacino), em "O Poderoso Chefão parte III" : "Just when I thought I was out...they pull me back in" - por mais que busque pôr sua vida nos eixos, seu passado é tão repleto de perversos acordos que fica praticamente impossível para o protagonista se livrar do círculo corrupto composto por policiais e figurões do qual sempre fez parte.
A premissa, a partir daí, é interessantíssima. No entanto, o filme peca por insistir em lances meio óbvios para determinar o fim de alguns personagens, unicamente para que outros (pelos quais, evidentemente, estávamos torcendo) consigam se livrar ilesos.
Ainda assim, é um filme que vale uma conferida. Nikolaj Coster-Waldau também está num filme de prisão chamado "Shot Caller" - bem melhor que este, por sinal - e, dos atores de Game of Thrones - é um dos que tem das carreiras mais interessantes no cinema.
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9K Assista AgoraEntretenimento dinâmico e musical na sua melhor forma, do nível de excelência artística de "A Primeira Noite de um Homem", para não citar outros ótimos exemplos do gênero.
A resolução no final pende ao exagero, mas nada que faça desqualificar esta obra de Edgar Wright pro panteão dos melhores filmes de 2017.
Planeta dos Macacos: O Confronto
3.9 1,8K Assista AgoraÉ uma grata surpresa que os filmes da trilogia que antecede "O Planeta dos Macacos" sejam de uma qualidade artística tão notável, desde a riqueza de movimentos em CGI que caracterizam os macacos quanto o próprio acerto de decisões no roteiro que tornam bastante convincentes a ascensão da civilização de César.
E o melhor: não há um só momento em "Planeta dos Macacos - O Confronto" em que nós, genuinamente, não nos preocupemos (apesar de já termos uma certa noção) com a instabilidade que move as relações entre humanos e símios - o que já é um grande trunfo.
Preciosa: Uma História de Esperança
4.0 2,0K Assista AgoraUma pérola naturalista que é parte documental e parte fantástica (baseada nos sonhos da protagonista) e se trata de um retrato doloroso da vida de uma adolescente negra, obesa e mãe precoce - concebida em uma família miserável, tanto em posses quanto em espírito, de onde dali não se vislumbraria qualquer esperança de uma vida melhor.
Preciosa, no fim das contas, é salva (além de sua própria força de vontade) pela empatia humana, exemplificada pelo "anjo" de professora vivido pela personagem de Paula Patton, que em si enxerga as mesmas dificuldades de vida sofrida pela protagonista, embora em doses cavalarmente menores que esta última.
Por fim, mas não menos importante, a atuação da rapper Mo'Nique (como a mãe de Preciosa: embrutecida pela miséria, quase bestial) é algo glorioso,e um dos grandes trunfos de atuação já alcançados no cinema independente norte-americano.
Emoji: O Filme
2.7 262 Assista AgoraQuando a premissa de um filme já é uma bosta por si só, é difícil sair algo que preste.
"Ah, mas é animação pra crianças", dirão alguns (e de fato só fui conferir esse filme por causa de meus sobrinhos pequenos) mas existe vida inteligente pra animações também - a Pixar que o diga.
"EMOJI" é um filme, alem de ruim, nocivo, pois incentiva uma geração inteira a viver dependente dos aplicativos de um smartphone.
Sob o Sol
3.9 37Um documentário que, sob o pretexto de exaltar o regime norte-coreano, por meio da análise da vida de uma menininha prestes a entrar numa academia de dança, acaba por abordar, de maneira absolutamente irônica, como deve ser difícil ser um cidadão daquele país - cujo único objetivo de vida parece ser reverenciar o ditador Kim Jong-Un, seu pai e seu avô e trabalhar às custas do regime.
O final é extremamente tocante, abordando o conceito de uma felicidade restrita baseada num único ponto de vista - o de uma criança doutrinada desde cedo a amar sem ressalvas os "fundadores" de um regime opressor.
Sem Perdão
3.6 190 Assista AgoraUm filme sobre sobrevivência e corrupção, num um inteligente estudo do submundo das organizações criminosas que atuam nos presídios.