Tem uma premissa boa e um início promissor, mas se perde do meio pro fim com algumas diversas bobagens explícitas e resoluções pouco convincentes. Mas Rachel MacAdams é linda, então foda-se.
Uma pena que o macarthismo dos anos 50 tenha afetado, com um inevitável viés negativo, a carreira de tantos artistas singulares da Hollywood daquela época. A chamada "caça aos comunistas" tornou vítimas lados opostos da moeda - tanto para o lado dos delatados (p.ex. o roteirista Dalton Trumbo), aos quais se reservou um período de ostracismo forçado, quanto para o lado dos delatores (geralmente figuras de uma proeminente esquerda americana), os quais, na maioria das vezes para salvar a própria pele (e carreira) tiveram que optar por entregar diversos amigos à obscuridade artística. Elia Kazan, diretor deste excelente exemplar de filme político "de esquerda", se enquadra neste ultimo caso - e de fato, é admirável que mesmo àquela época "Viva Zapata" tenha sido realizado, e tenha sido uma das razoes pela perseguição ao diretor turco. O filme conta a história do revolucionário Emiliano Zapata (vivido de forma visceral por Marlon Brando) e sua cruzada em prol de uma reforma social no México (na década de 10 do século passado), em contraponto ao tirânico regime de Porfirio Díaz. O México está formidavelmente caracterizado (em que pese se tratar de uma película hollywoodiana) por homens embrutecidos (Brando e Anthony Quinn) e mulheres religiosas (a esposa de Brando é convincentemente interpretada pela americana Jean Peters). Ideias nunca morrem. Não me alongarei mais para não estragar a surpresa em torno do filme, mas recomendo fortemente aos que aqui se deram ao trabalho de ler estas mal-traçadas linhas.
Elenco estelar (só tem fera,bicho! de Lancaster à trilha de Maurice Jarre) e uma direção habilidosa de Richard Brooks fazem de "Os Profissionais" mais um dos ótimos exemplares de faroestes revisionistas dos anos 60. Cuide-se à película uma interessante dicotomia entre dever e justiça e é interessante como, durante o desenrolar das situações do filme, as atitudes dos personagens centrais se ajustam conforme suas vontades e caráter peculiares (nenhum dos caçadores de recompensa liderados por Lee Marvin são pura ganância, em destaque especial para o complexo personagem de Burt Lancaster - que o faz, de longe, o personagem mais interessante da trama).
A cena elegíaca, repleta de diálogos, do "duelo" entre Lancaster e o revolucionário mexicano interpretado por Jack Palance (Jesus Raza, outro personagem fantástico) é pra se prestar devida atenção.
A grande curiosidade do filme é que, apesar de o personagem de Lee J.Cobb ser quase o pai do de Gary Cooper, este nasceu em 1901 enquanto que aquele em 1911!
Teria David Cronemberg bebido da fonte desse filmaço de Anthony Mann chamado "O Homem do Oeste" para produzir o seu "Marcas da Violência"? Fica a impressão que sim. É um faroeste maiúsculo, cujas cenas fluem organicamente no decorrer do filme sem jamais perdermos (nós,espectadores) o fôlego diante do que pode acontecer no take seguinte - fruto de uma direção extremamente competente de Anthony Mann, num technicolor de primeira linha, filmando longos planos em paisagens áridas e parcamente povoadas. É uma história sobre o confronto do pacato personagem de Gary Cooper (seguro e competente) com seu passado violento, personificado pelo sádico personagem de Lee J.Cobb (excelente) e seus cruéis comparsas.que compôem uma "família" movida a violência. Em contraponto, temos a cantora´de saloon vivida por Julie London que enxerga em Gary Cooper o melhor dos homens. Percebe-se na personagem de London, uma mulher sofrida porém forte, que jamais se deixa cair pelas atrocidades do homem. Curioso para ver outras obras de Anthony Mann.
Drama familiar belo e honesto, sem jamais apelar para o melodrama como em outras produções do gênero advindas do final da década de 70 à primeira metade da década de 80. Na verdade, "Gente como a Gente" é particularmente complexo quando trata da dinâmica de uma relação entre uma mãe que não se sente à vontade em demonstrar seus sentimentos (Mary Tyler Moore) e um filho com tendências suicidas que carrega um eterno complexo de culpa pela morte do irmão mais velho (Timothy Hutton); entre os dois, encontra-se o pai e marido atencioso vivido com extrema dignidade por Donald Sutherland, que poderia funcionar como um mediador para uma relação tão difícil. O filme é complexo também no quesito psicológico, afinal, como explicar em entrelinhas a frieza da mãe e sua notória amargura no modo de lidar com problemas familiares, enquanto intenta viver, externamente, num mundo de aparências? Como resolver o problema de um adolescente recém-saído de um trauma para a sua readaptação á vida comum? É bem provável que "Gente como a Gente" seja, para os cinéfilos que nunca o viram, aquele filme que ganhou de "Touro Indomável", um clássico absoluto, no Oscar de 80. Em que pese, comparativamente, não ser melhor que aquela brilhante película de Scorsese, ainda assim é um belo e admirável filme.Recomendo.
O personagem de Harvey Keitel pode ser facilmente identificável com qualquer um de nós, quando refletimos nossas conveniências e preconceitos no contexto da aceitação numa determinada sociedade - e Scorsese, ao final do filme, mostra que isso é inegavelmente negativo e frustante, quando deveríamos buscar uma vida mais livre de opiniões alheias e convenções sociais. Tenho a impressão que este é um filme que vai crescer numa futura revisão: as atuações de Keitel e DeNiro (futuros astros) são ótimas, a direção é arrojada e demonstra bem o monstro que viria a se tornar Scorsese com o decorrer dos anos e a trilha sonora é puro deslumbre.
"O Terror das Mulheres" começa bem e engraçado, permanecendo assim em seus 70 minutos iniciais (destaque-se a ótima cena da apresentação das mulheres da casa, com uma direção hábil e surpreendentemente estilosa de Jerry Lewis), no entanto, quando o filme assume um caráter de humor em esquetes (em sua maior parte, musicais), o filme perde em comicidade e em coesão. Lembra-me um pouco aquele filme engraçadíssimo do Peter Sellers que, assim como este filme de Lewis, se perde nos seus momentos finais ( o titulo em inglês é "Party").
O mais irritante dessa película é a quantidade carregada de CGI até nas interpretações de Depp e Bonham-Carter e aqueles irmãos gêmeos gordinhos (feitos em CGI) - eu os congelaria no tempo (tal qual a parte final do filme) pra privá-los de sua inútil existência. Mas Baron Cohen tá legal como o tempo e Mia Wazikowska tem um carisma interessante com sua Alice, mas o enredo é meio confuso ( prejudicado pelo excesso de CGI) e não sei o que mais lá. 2,5 pra fazer caridade.
Gosto desse estilo naturalista da direção de Ken Loach, já notado em seu filme de estreia: "Kes". Uma ode contra o inconformismo, exemplificado por um garoto de família operária inglesa, que não encontra grandes alternativas para o futuro que não sejam trabalho braçal ou intelectual repetitivo, e tem como válvula de escape contra este elemento repressor representado por sua família, seus professores (exceto por um, que entende a sua ânsia por coisas novas) e seus colegas: a falcoaria.
É tocante, portanto, que, ao final, quando Billy tem seu falcão de estimação "Kes" morto pelo irmão (motivado por razões torpes), acabem-se ali todas as suas esperanças em ter um futuro (igual ao de seu irmão e de outros jovens da região) menos autômato e quadrado.
Uma obra competente e elegante do velho Hitch, a qual, logo quando comecei a vê-la, percebi que "Jogue Mamãe do Trem", com Danny De Vitto e Billy Crystal, é a refilmagem-paródia deste clássico dos anos 50. Ao contrário das últimas obras do diretor que assisti: "A Sombra de uma Dúvida" e "Quando Fala o Coração", esta não soa em nenhum momento datada (podem criticar a cena do carrossel, mas acerca desta posso dizer que serve ainda mais pra ressaltar o humor negro presente na trama). Uma performance marcante do vilão Robert Walker, que tem rompantes de afetação com uma inteligência arguta de um assassino meticuloso; mesmo o limitado ator Farley Granger (aqui protagonista do filme) não compromete o resultado final. Um bom filme, acima da média, com bons diálogos, uma direção elegante e um roteiro vistoso.
Um interessante estudo de personagens e de costumes com uma abordagem sociológica na Irlanda do século XIX, numa grande interpretação de Glenn Close no papel-título. Destaque-se ainda o competente design de produção e os figurinos, retratando satisfatoriamente a Dublin da década de 80 nos anos 1800.
Com um belo design de produção, que traduz uma atmosfera um tanto onírica, "A Bela e a Fera" de Cocteau tem bons momentos. Destaque para a grande atuação de Jean Marais (que consegue trazer bastante dignidade e sofrimento à Fera), no entanto,
o grande problema do final deste conto infantil é a virada: que permite que um sujeito de caráter dúbio como o pretendente humano de Bela (também vivido por Marais), após ter morrido ao levar uma flechada na busca gananciosa pelo tesouro da Fera, assuma corporalmente a besta.Ao contrário, desejaríamos definitivamente que Bela decidisse ficar com o seu amigo peludo do que a versão humanizada deste.
Apenas um bom filme de Hitchcock, que se vê prejudicado com o didatismo excessivo acerca da psicanálise e uma certa confusão narrativa no que concerne às motivações amorosas da personagem de Ingrid Bergman. Contam como pontos altos a interpretação da mesma Ingrid (não sou um grande fã de Peck como ator, apesar de considerá-lo competente), a trilha sonora e os sonhos ilustrados por Salvador Dali. O tom detetivesco-psicanalitico torna a trama um pouco datada também.
Uma obra-prima do faroeste psicológico. Com interpretações magistrais, diante de um texto inteligentíssimo e pra um filme de 1943, bastante atual, "Consciências Mortas" é um daqueles clássicos absolutos que merecem figurar entre os melhores no panteão do cinema americano. O tema é sério: a irracionalidade de uma sociedade sedenta por sangue e vingança, no intento de se antepor à lei por meio da justiça com as próprios mãos. Henry Fonda (cujo personagem poderá lembrar o jurado n. 08 de "12 Homens e Uma Sentença") e mais 6 personagens assumem a voz da razão contra uma horda de falsos moralistas. Um filme recomendável para os dias atuais, para se refletir sobre a barbárie e a inconsequência.
Confesso, como apreciador de cinema em geral - apesar de ter visto alguns filmes mudos nessa trajetória (e de ter gostado de boa parte) - que "Aurora" de F.W. Murnau, um dos filmes mais celebrados dos anos 20, não me atingiu na mensagem a qual o filme se dispôs passar. É bem provável que o enredo simples não me tenha cativado tanto: "O Encouraçado Pontenkim" e "A Caixa de Pandora", filmes que considero melhores do que este, me satisfizeram pelo impacto imagético e pela mensagem retumbante (caso do primeiro) além do interessante enredo da melindrosa que prejudica a tudo e a todos com sua sensualidade, mesmo que não seja intencional (caso do segundo). Pesam a desfavor de "Aurora" o tom carregado de melodrama que caracteriza a segunda parte do filme, em que o marido arrependido se desfaz de amores pela esposa a qual tentara matar na primeira parte, tentando reconquistá-la num processo mútuo de confiança e ternura, durante um dia pela cidade grande. O marido camponês, vivido por George O´Brien, é seduzido por uma melindrosa da cidade grande (Margaret Livingston) que é a própria encarnação do mal e dos vícios do mundo moderno, e esta faz um interessante contraponto com a ingênua esposa (Janet Gaynoy). Neste processo, que ocorre na primeira parte, O'Brien é persuadido por Livingston a matar Gaynor, para depois partir para a cidade grande com a amante sedutora. É louvável, aliás, o tom sombrio que o longa adquire neste primeiro momento, caracterizado pelos transtornos mentais do protagonista e pela natureza decadente das paisagens. É, no fundo, uma história de redenção pelo amor e pela pureza de caráter, demonstrados aqui com vigorosa graciosidade pela grande Janet Gaynor, que ganhou o primeiro Oscar de atuação feminina, justamente por sua participação nesta película. No entanto, considero "Aurora" uma obra superestimada, apesar de ser um bom filme (e reconheço as influências que as inovações da direção de Murnau nesta obra tenham causado para a bela história do cinema).
Faroeste do mito do forasteiro solitário, incorporado com elevada mística pelo carismático Alan Ladd. É um inegável belo filme, com uma direção contemplativa das belas paisagens da natureza rural e ao mesmo tempo dinâmica sobre as cenas de ação. Tem um interessante cunho social, criticando de maneira ferrenha a sanha capitalista do pecuarista Ryker sobre os humildes fazendeiros da região. Também vemos uma respeitosa e interessante relação entre Shane (Ladd) e Joe Starrett (Van Hefling), na medida em que sutilmente o personagem deste último nota um interesse de sua esposa (uma madura Jean Arthur) pelo forasteiro e a idolatria do pequeno Joey Starrett (Brandon de Wilde) por Shane, em contraponto a também este personagem infantil reconhecer numerosas qualidades no seu pai, tendo, assim, o rapazinho boas referências de moral e valores familiares. O final é tocante e belíssimo, chegando a lembrar, em alguns pontos, "O Campeão", de Zefirelli.
Comédia que intenta auferir algum tipo de humor (que, na maioria da vezes soa forçado) nas diversas "esquisitices" sexuais de seus/suas protagonistas, sem chegar a qualquer lição de moral suficientemente sólida para chegarmos a uma conclusão no mínimo razoável - ao final, chegamos a inferir que se trata de apenas um tolo filme "moderninho" raso e nada mais. A propósito, o humor apenas funciona nos últimos 30 minutos finais do longa, em que se desenrola uma conversa hilária entre uma telefonista que trabalha com linguagem de sinais e um surdo-mudo tarado. Se essa cena em específico fosse um curta-metragem, talvez funcionasse melhor.
Filme relativamente desconhecido, de um diretor inglês chamado Cornel Wilde, que é uma bela alegoria sobre o choque cultural entre povos,cujas cenas da vida selvagem (predadores devorando suas presas) fazem um interessante contraponto com a "caçada" principal: que se refere à "naked prey" (presa nua, em português) do título original - na qual uma pequena horda de guerreiros de uma tribo das savanas africanas empreende uma perseguição ao protagonista (homem branco que nutre um relativo respeito pela natureza da região). É interessante notar que, apesar da natureza bruta da caçada, há de se reconhecer um notável senso de honra (quase como um rito de passagem) tanto para os jovens guerreiros (que intentam ganhar respeito de seus pares) quanto para o protagonista (cujo instinto de sobrevivência é posto à prova). Apesar de tudo, a obra transmite uma mensagem de tolerância e respeito entre os povos, os quais apesar de distintos em costumes e idiomas, guardam um notável ponto em comum: a enorme capacidade humana de se adaptar às circunstâncias mais adversas em prol da sobrevivência.
Um filme magistral de William Wyler, que trata muito bem, numa particular eficiência, da ambiguidade humana quando se aborda a questão do jogo de interesses na sociedade na metade do século XVIII. Um elenco afiadíssimo: Ralph Richardson, como o pai protetor e distinto, porém pouco amável; Montgomery Clift, um dos grandes galãs da época, como o ambíguo pretendente de Catherine; a aqui veterana Miriam Hopkins e, especialmente, a grande estrela do drama: Olivia de Havilland, encantadora como a tímida "herdeira" (que é o título original deste longa adaptado de Henry James) que cresce geniosamente à medida que a película se expande, se firmando como uma heroína. Um filme pra ser visto e revisto, não só é um retrato fiel da burguesia oitocentista como também um ótimo estudo de personagens, fundamentado aqui na eficiente psicologia em torna da protagonista do longa. "- Como você pode ser tão cruel?" " - Aprendi com mestres. Soberbo.
É realmente admirável que a Marvel Studios (habituada a filmes voltados a adolescentes espinhentos de 12 anos) tenha tido um resultado tão satisfatório em um filme para adultos, porque isto, de fato, "Deadpool" o é. Admira-me ainda, além de "Homem Formiga", que "Deadpool" não se leva a sério, pois em termos metalinguísticos a película nos remete constantemente a diversos clichês do mundo dos super-heróis (é impagável a participação de dois X-Men), da bazófia que faz com a produção do próprio filme (demonstrada aqui durante os créditos iniciais e finais) e da cultura pop em geral (não sobrando nem pra Ryan Reynolds). Chame-se a atenção para o excelente timing cômico do protagonista vivido por Reynolds e para a competente Morena Baccarin, desmistificando o universo de musas virginais que povoam o universo dos super-heróis. Interessante notar que, apesar de fundamentado em flashback (algo impensado para a linearidade típica em filmes de heróis), a narrativa sempre se mostra fluida e quando o personagem, em diversos momentos, quebra a quarta parede nunca soa forçado mas sempre ajuda a entender ainda mais o caráter duvidoso de Wade Wilson. O filme falha no último ato em alguns pontos, mas em termos de resultado final é inegável que "Deadpool" é um bom entretenimento de domingo. Recomendo. (E a Marvel Studios acertou mais uma, que continue assim).
Se há uma coisa que se pode mencionar que esse filme inglês de 1960 tem de sobra é estilo, sem sombra de dúvidas.
SPOILER Inovador para a época que foi lançado, "A Tortura do Medo" é um thriller psicológico que se assenta numa direção arrojada de Michael Powell, em que se verificam lances de câmera subjetiva (passada, na maior parte das vezes, pelo ponto de vista do cruel protagonista) fundamentais para dimensionar o aspecto de horror das vítimas no ato de seus assassinatos. Há também um interessante aspecto psicológico que fundamenta bem as motivações do protagonista Mark, cujos traumas de infância são fruto de táticas de medo insufladas por seu pai para estudo psiquiátrico (dá-se a entender no filme a responsabilidade do pai pela morte da mãe). Na vida adulta, Mark - que cultiva um certo fascínio por cinema e também por práticas de tortura - se torna um assassino virulento que pretende fazer um documentário baseado nos rostos aterrorizados de suas vítimas. O único ponto fraco do vilão - importante é que o filme o humaniza, criando uma personalidade complexa - é ceder ao carinho e afeto de sua jovem vizinha de 21 anos, que de fato o quer bem. Mark, então, materializa na sua potencial amante/namorada o preenchimento de uma lacuna na sua vida - a falta que sente do calor materno. Percebemos que Mark jamais intenciona fazer qualquer mal a Helen (vivida por Anna Massey), projetando-a como sua única parte boa. Com um technicolor invejável, "A Tortura do Medo" ainda tem bons momentos de humor (negro, diga-se de passagem), nudez (algo inédito para a época) e uma belíssima fotografia. Alguns poréns da película são a hiper-sensitividade da mãe cega de Helen, que desconfia de Mark logo após a ciência da notícia sobre os assassinatos e o desfecho, que poderia ter sido mais verossímil com a proposta do filme. Ainda assim, pelo que "Peeping Tom" representa para o cinema, como inovação na Sétima Arte, pode-se considerá-lo como um bom filme acima da média.
Vôo Noturno
3.3 584 Assista AgoraTem uma premissa boa e um início promissor, mas se perde do meio pro fim com algumas diversas bobagens explícitas e resoluções pouco convincentes.
Mas Rachel MacAdams é linda, então foda-se.
Viva Zapata!
3.8 55 Assista AgoraUma pena que o macarthismo dos anos 50 tenha afetado, com um inevitável viés negativo, a carreira de tantos artistas singulares da Hollywood daquela época.
A chamada "caça aos comunistas" tornou vítimas lados opostos da moeda - tanto para o lado dos delatados (p.ex. o roteirista Dalton Trumbo), aos quais se reservou um período de ostracismo forçado, quanto para o lado dos delatores (geralmente figuras de uma proeminente esquerda americana), os quais, na maioria das vezes para salvar a própria pele (e carreira) tiveram que optar por entregar diversos amigos à obscuridade artística.
Elia Kazan, diretor deste excelente exemplar de filme político "de esquerda", se enquadra neste ultimo caso - e de fato, é admirável que mesmo àquela época "Viva Zapata" tenha sido realizado, e tenha sido uma das razoes pela perseguição ao diretor turco.
O filme conta a história do revolucionário Emiliano Zapata (vivido de forma visceral por Marlon Brando) e sua cruzada em prol de uma reforma social no México (na década de 10 do século passado), em contraponto ao tirânico regime de Porfirio Díaz. O México está formidavelmente caracterizado (em que pese se tratar de uma película hollywoodiana) por homens embrutecidos (Brando e Anthony Quinn) e mulheres religiosas (a esposa de Brando é convincentemente interpretada pela americana Jean Peters).
Ideias nunca morrem.
Não me alongarei mais para não estragar a surpresa em torno do filme, mas recomendo fortemente aos que aqui se deram ao trabalho de ler estas mal-traçadas linhas.
Alien: O Oitavo Passageiro
4.1 1,3K Assista AgoraFormidável exercício de tensão e terror sci-fi, num classico absoluto do horror.
Ripley - uma das maiores heroínas de ação de todos em tempos.
Os Profissionais
3.9 41 Assista AgoraElenco estelar (só tem fera,bicho! de Lancaster à trilha de Maurice Jarre) e uma direção habilidosa de Richard Brooks fazem de "Os Profissionais" mais um dos ótimos exemplares de faroestes revisionistas dos anos 60.
Cuide-se à película uma interessante dicotomia entre dever e justiça e é interessante como, durante o desenrolar das situações do filme, as atitudes dos personagens centrais se ajustam conforme suas vontades e caráter peculiares (nenhum dos caçadores de recompensa liderados por Lee Marvin são pura ganância, em destaque especial para o complexo personagem de Burt Lancaster - que o faz, de longe, o personagem mais interessante da trama).
A cena elegíaca, repleta de diálogos, do "duelo" entre Lancaster e o revolucionário mexicano interpretado por Jack Palance (Jesus Raza, outro personagem fantástico) é pra se prestar devida atenção.
O Homem do Oeste
3.8 46 Assista AgoraA grande curiosidade do filme é que, apesar de o personagem de Lee J.Cobb ser quase o pai do de Gary Cooper, este nasceu em 1901 enquanto que aquele em 1911!
O Homem do Oeste
3.8 46 Assista AgoraTeria David Cronemberg bebido da fonte desse filmaço de Anthony Mann chamado "O Homem do Oeste" para produzir o seu "Marcas da Violência"? Fica a impressão que sim.
É um faroeste maiúsculo, cujas cenas fluem organicamente no decorrer do filme sem jamais perdermos (nós,espectadores) o fôlego diante do que pode acontecer no take seguinte - fruto de uma direção extremamente competente de Anthony Mann, num technicolor de primeira linha, filmando longos planos em paisagens áridas e parcamente povoadas.
É uma história sobre o confronto do pacato personagem de Gary Cooper (seguro e competente) com seu passado violento, personificado pelo sádico personagem de Lee J.Cobb (excelente) e seus cruéis comparsas.que compôem uma "família" movida a violência. Em contraponto, temos a cantora´de saloon vivida por Julie London que enxerga em Gary Cooper o melhor dos homens. Percebe-se na personagem de London, uma mulher sofrida porém forte, que jamais se deixa cair pelas atrocidades do homem.
Curioso para ver outras obras de Anthony Mann.
Gente Como a Gente
3.8 143 Assista AgoraDrama familiar belo e honesto, sem jamais apelar para o melodrama como em outras produções do gênero advindas do final da década de 70 à primeira metade da década de 80.
Na verdade, "Gente como a Gente" é particularmente complexo quando trata da dinâmica de uma relação entre uma mãe que não se sente à vontade em demonstrar seus sentimentos (Mary Tyler Moore) e um filho com tendências suicidas que carrega um eterno complexo de culpa pela morte do irmão mais velho (Timothy Hutton); entre os dois, encontra-se o pai e marido atencioso vivido com extrema dignidade por Donald Sutherland, que poderia funcionar como um mediador para uma relação tão difícil.
O filme é complexo também no quesito psicológico, afinal, como explicar em entrelinhas a frieza da mãe e sua notória amargura no modo de lidar com problemas familiares, enquanto intenta viver, externamente, num mundo de aparências? Como resolver o problema de um adolescente recém-saído de um trauma para a sua readaptação á vida comum?
É bem provável que "Gente como a Gente" seja, para os cinéfilos que nunca o viram, aquele filme que ganhou de "Touro Indomável", um clássico absoluto, no Oscar de 80. Em que pese, comparativamente, não ser melhor que aquela brilhante película de Scorsese, ainda assim é um belo e admirável filme.Recomendo.
Caminhos Perigosos
3.6 255 Assista AgoraO personagem de Harvey Keitel pode ser facilmente identificável com qualquer um de nós, quando refletimos nossas conveniências e preconceitos no contexto da aceitação numa determinada sociedade - e Scorsese, ao final do filme, mostra que isso é inegavelmente negativo e frustante, quando deveríamos buscar uma vida mais livre de opiniões alheias e convenções sociais.
Tenho a impressão que este é um filme que vai crescer numa futura revisão: as atuações de Keitel e DeNiro (futuros astros) são ótimas, a direção é arrojada e demonstra bem o monstro que viria a se tornar Scorsese com o decorrer dos anos e a trilha sonora é puro deslumbre.
A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça
3.8 1,3K Assista AgoraO traço de Tim Burton é inconfundível.
Um bom filme, que mistura fántasia e terror em boas dosagens.
O Terror das Mulheres
3.7 64 Assista Agora"O Terror das Mulheres" começa bem e engraçado, permanecendo assim em seus 70 minutos iniciais (destaque-se a ótima cena da apresentação das mulheres da casa, com uma direção hábil e surpreendentemente estilosa de Jerry Lewis), no entanto, quando o filme assume um caráter de humor em esquetes (em sua maior parte, musicais), o filme perde em comicidade e em coesão.
Lembra-me um pouco aquele filme engraçadíssimo do Peter Sellers que, assim como este filme de Lewis, se perde nos seus momentos finais ( o titulo em inglês é "Party").
Alice Através do Espelho
3.4 733 Assista AgoraO mais irritante dessa película é a quantidade carregada de CGI até nas interpretações de Depp e Bonham-Carter e aqueles irmãos gêmeos gordinhos (feitos em CGI) - eu os congelaria no tempo (tal qual a parte final do filme) pra privá-los de sua inútil existência.
Mas Baron Cohen tá legal como o tempo e Mia Wazikowska tem um carisma interessante com sua Alice, mas o enredo é meio confuso ( prejudicado pelo excesso de CGI) e não sei o que mais lá. 2,5 pra fazer caridade.
Kes
4.2 142Gosto desse estilo naturalista da direção de Ken Loach, já notado em seu filme de estreia: "Kes". Uma ode contra o inconformismo, exemplificado por um garoto de família operária inglesa, que não encontra grandes alternativas para o futuro que não sejam trabalho braçal ou intelectual repetitivo, e tem como válvula de escape contra este elemento repressor representado por sua família, seus professores (exceto por um, que entende a sua ânsia por coisas novas) e seus colegas: a falcoaria.
É tocante, portanto, que, ao final, quando Billy tem seu falcão de estimação "Kes" morto pelo irmão (motivado por razões torpes), acabem-se ali todas as suas esperanças em ter um futuro (igual ao de seu irmão e de outros jovens da região) menos autômato e quadrado.
Pacto Sinistro
4.1 292 Assista AgoraUma obra competente e elegante do velho Hitch, a qual, logo quando comecei a vê-la, percebi que "Jogue Mamãe do Trem", com Danny De Vitto e Billy Crystal, é a refilmagem-paródia deste clássico dos anos 50.
Ao contrário das últimas obras do diretor que assisti: "A Sombra de uma Dúvida" e "Quando Fala o Coração", esta não soa em nenhum momento datada (podem criticar a cena do carrossel, mas acerca desta posso dizer que serve ainda mais pra ressaltar o humor negro presente na trama). Uma performance marcante do vilão Robert Walker, que tem rompantes de afetação com uma inteligência arguta de um assassino meticuloso; mesmo o limitado ator Farley Granger (aqui protagonista do filme) não compromete o resultado final.
Um bom filme, acima da média, com bons diálogos, uma direção elegante e um roteiro vistoso.
Albert Nobbs
3.6 576 Assista AgoraUm interessante estudo de personagens e de costumes com uma abordagem sociológica na Irlanda do século XIX, numa grande interpretação de Glenn Close no papel-título.
Destaque-se ainda o competente design de produção e os figurinos, retratando satisfatoriamente a Dublin da década de 80 nos anos 1800.
A Bela e a Fera
4.0 80Com um belo design de produção, que traduz uma atmosfera um tanto onírica, "A Bela e a Fera" de Cocteau tem bons momentos.
Destaque para a grande atuação de Jean Marais (que consegue trazer bastante dignidade e sofrimento à Fera), no entanto,
o grande problema do final deste conto infantil é a virada: que permite que um sujeito de caráter dúbio como o pretendente humano de Bela (também vivido por Marais), após ter morrido ao levar uma flechada na busca gananciosa pelo tesouro da Fera, assuma corporalmente a besta.Ao contrário, desejaríamos definitivamente que Bela decidisse ficar com o seu amigo peludo do que a versão humanizada deste.
Quando Fala o Coração
4.0 161Apenas um bom filme de Hitchcock, que se vê prejudicado com o didatismo excessivo acerca da psicanálise e uma certa confusão narrativa no que concerne às motivações amorosas da personagem de Ingrid Bergman.
Contam como pontos altos a interpretação da mesma Ingrid (não sou um grande fã de Peck como ator, apesar de considerá-lo competente), a trilha sonora e os sonhos ilustrados por Salvador Dali.
O tom detetivesco-psicanalitico torna a trama um pouco datada também.
Consciências Mortas
4.2 72Uma obra-prima do faroeste psicológico.
Com interpretações magistrais, diante de um texto inteligentíssimo e pra um filme de 1943, bastante atual, "Consciências Mortas" é um daqueles clássicos absolutos que merecem figurar entre os melhores no panteão do cinema americano.
O tema é sério: a irracionalidade de uma sociedade sedenta por sangue e vingança, no intento de se antepor à lei por meio da justiça com as próprios mãos.
Henry Fonda (cujo personagem poderá lembrar o jurado n. 08 de "12 Homens e Uma Sentença") e mais 6 personagens assumem a voz da razão contra uma horda de falsos moralistas.
Um filme recomendável para os dias atuais, para se refletir sobre a barbárie e a inconsequência.
Aurora
4.4 204 Assista AgoraConfesso, como apreciador de cinema em geral - apesar de ter visto alguns filmes mudos nessa trajetória (e de ter gostado de boa parte) - que "Aurora" de F.W. Murnau, um dos filmes mais celebrados dos anos 20, não me atingiu na mensagem a qual o filme se dispôs passar.
É bem provável que o enredo simples não me tenha cativado tanto: "O Encouraçado Pontenkim" e "A Caixa de Pandora", filmes que considero melhores do que este, me satisfizeram pelo impacto imagético e pela mensagem retumbante (caso do primeiro) além do interessante enredo da melindrosa que prejudica a tudo e a todos com sua sensualidade, mesmo que não seja intencional (caso do segundo).
Pesam a desfavor de "Aurora" o tom carregado de melodrama que caracteriza a segunda parte do filme, em que o marido arrependido se desfaz de amores pela esposa a qual tentara matar na primeira parte, tentando reconquistá-la num processo mútuo de confiança e ternura, durante um dia pela cidade grande.
O marido camponês, vivido por George O´Brien, é seduzido por uma melindrosa da cidade grande (Margaret Livingston) que é a própria encarnação do mal e dos vícios do mundo moderno, e esta faz um interessante contraponto com a ingênua esposa (Janet Gaynoy). Neste processo, que ocorre na primeira parte, O'Brien é persuadido por Livingston a matar Gaynor, para depois partir para a cidade grande com a amante sedutora. É louvável, aliás, o tom sombrio que o longa adquire neste primeiro momento, caracterizado pelos transtornos mentais do protagonista e pela natureza decadente das paisagens.
É, no fundo, uma história de redenção pelo amor e pela pureza de caráter, demonstrados aqui com vigorosa graciosidade pela grande Janet Gaynor, que ganhou o primeiro Oscar de atuação feminina, justamente por sua participação nesta película.
No entanto, considero "Aurora" uma obra superestimada, apesar de ser um bom filme (e reconheço as influências que as inovações da direção de Murnau nesta obra tenham causado para a bela história do cinema).
Os Brutos Também Amam
4.0 184 Assista AgoraFaroeste do mito do forasteiro solitário, incorporado com elevada mística pelo carismático Alan Ladd. É um inegável belo filme, com uma direção contemplativa das belas paisagens da natureza rural e ao mesmo tempo dinâmica sobre as cenas de ação.
Tem um interessante cunho social, criticando de maneira ferrenha a sanha capitalista do pecuarista Ryker sobre os humildes fazendeiros da região. Também vemos uma respeitosa e interessante relação entre Shane (Ladd) e Joe Starrett (Van Hefling), na medida em que sutilmente o personagem deste último nota um interesse de sua esposa (uma madura Jean Arthur) pelo forasteiro e a idolatria do pequeno Joey Starrett (Brandon de Wilde) por Shane, em contraponto a também este personagem infantil reconhecer numerosas qualidades no seu pai, tendo, assim, o rapazinho boas referências de moral e valores familiares.
O final é tocante e belíssimo, chegando a lembrar, em alguns pontos, "O Campeão", de Zefirelli.
A Pequena Morte
3.7 248 Assista AgoraComédia que intenta auferir algum tipo de humor (que, na maioria da vezes soa forçado) nas diversas "esquisitices" sexuais de seus/suas protagonistas, sem chegar a qualquer lição de moral suficientemente sólida para chegarmos a uma conclusão no mínimo razoável - ao final, chegamos a inferir que se trata de apenas um tolo filme "moderninho" raso e nada mais.
A propósito, o humor apenas funciona nos últimos 30 minutos finais do longa, em que se desenrola uma conversa hilária entre uma telefonista que trabalha com linguagem de sinais e um surdo-mudo tarado. Se essa cena em específico fosse um curta-metragem, talvez funcionasse melhor.
A Prova do Leão
3.6 15Filme relativamente desconhecido, de um diretor inglês chamado Cornel Wilde, que é uma bela alegoria sobre o choque cultural entre povos,cujas cenas da vida selvagem (predadores devorando suas presas) fazem um interessante contraponto com a "caçada" principal: que se refere à "naked prey" (presa nua, em português) do título original - na qual uma pequena horda de guerreiros de uma tribo das savanas africanas empreende uma perseguição ao protagonista (homem branco que nutre um relativo respeito pela natureza da região).
É interessante notar que, apesar da natureza bruta da caçada, há de se reconhecer um notável senso de honra (quase como um rito de passagem) tanto para os jovens guerreiros (que intentam ganhar respeito de seus pares) quanto para o protagonista (cujo instinto de sobrevivência é posto à prova).
Apesar de tudo, a obra transmite uma mensagem de tolerância e respeito entre os povos, os quais apesar de distintos em costumes e idiomas, guardam um notável ponto em comum: a enorme capacidade humana de se adaptar às circunstâncias mais adversas em prol da sobrevivência.
Tarde Demais
4.2 83 Assista AgoraUm filme magistral de William Wyler, que trata muito bem, numa particular eficiência, da ambiguidade humana quando se aborda a questão do jogo de interesses na sociedade na metade do século XVIII.
Um elenco afiadíssimo: Ralph Richardson, como o pai protetor e distinto, porém pouco amável; Montgomery Clift, um dos grandes galãs da época, como o ambíguo pretendente de Catherine; a aqui veterana Miriam Hopkins e, especialmente, a grande estrela do drama: Olivia de Havilland, encantadora como a tímida "herdeira" (que é o título original deste longa adaptado de Henry James) que cresce geniosamente à medida que a película se expande, se firmando como uma heroína.
Um filme pra ser visto e revisto, não só é um retrato fiel da burguesia oitocentista como também um ótimo estudo de personagens, fundamentado aqui na eficiente psicologia em torna da protagonista do longa.
"- Como você pode ser tão cruel?"
" - Aprendi com mestres.
Soberbo.
Deadpool
4.0 3,0K Assista AgoraÉ realmente admirável que a Marvel Studios (habituada a filmes voltados a adolescentes espinhentos de 12 anos) tenha tido um resultado tão satisfatório em um filme para adultos, porque isto, de fato, "Deadpool" o é.
Admira-me ainda, além de "Homem Formiga", que "Deadpool" não se leva a sério, pois em termos metalinguísticos a película nos remete constantemente a diversos clichês do mundo dos super-heróis (é impagável a participação de dois X-Men), da bazófia que faz com a produção do próprio filme (demonstrada aqui durante os créditos iniciais e finais) e da cultura pop em geral (não sobrando nem pra Ryan Reynolds).
Chame-se a atenção para o excelente timing cômico do protagonista vivido por Reynolds e para a competente Morena Baccarin, desmistificando o universo de musas virginais que povoam o universo dos super-heróis.
Interessante notar que, apesar de fundamentado em flashback (algo impensado para a linearidade típica em filmes de heróis), a narrativa sempre se mostra fluida e quando o personagem, em diversos momentos, quebra a quarta parede nunca soa forçado mas sempre ajuda a entender ainda mais o caráter duvidoso de Wade Wilson.
O filme falha no último ato em alguns pontos, mas em termos de resultado final é inegável que "Deadpool" é um bom entretenimento de domingo. Recomendo. (E a Marvel Studios acertou mais uma, que continue assim).
A Tortura do Medo
3.9 149Se há uma coisa que se pode mencionar que esse filme inglês de 1960 tem de sobra é estilo, sem sombra de dúvidas.
SPOILER
Inovador para a época que foi lançado, "A Tortura do Medo" é um thriller psicológico que se assenta numa direção arrojada de Michael Powell, em que se verificam lances de câmera subjetiva (passada, na maior parte das vezes, pelo ponto de vista do cruel protagonista) fundamentais para dimensionar o aspecto de horror das vítimas no ato de seus assassinatos.
Há também um interessante aspecto psicológico que fundamenta bem as motivações do protagonista Mark, cujos traumas de infância são fruto de táticas de medo insufladas por seu pai para estudo psiquiátrico (dá-se a entender no filme a responsabilidade do pai pela morte da mãe). Na vida adulta, Mark - que cultiva um certo fascínio por cinema e também por práticas de tortura - se torna um assassino virulento que pretende fazer um documentário baseado nos rostos aterrorizados de suas vítimas. O único ponto fraco do vilão - importante é que o filme o humaniza, criando uma personalidade complexa - é ceder ao carinho e afeto de sua jovem vizinha de 21 anos, que de fato o quer bem. Mark, então, materializa na sua potencial amante/namorada o preenchimento de uma lacuna na sua vida - a falta que sente do calor materno. Percebemos que Mark jamais intenciona fazer qualquer mal a Helen (vivida por Anna Massey), projetando-a como sua única parte boa.
Com um technicolor invejável, "A Tortura do Medo" ainda tem bons momentos de humor (negro, diga-se de passagem), nudez (algo inédito para a época) e uma belíssima fotografia. Alguns poréns da película são a hiper-sensitividade da mãe cega de Helen, que desconfia de Mark logo após a ciência da notícia sobre os assassinatos e o desfecho, que poderia ter sido mais verossímil com a proposta do filme.
Ainda assim, pelo que "Peeping Tom" representa para o cinema, como inovação na Sétima Arte, pode-se considerá-lo como um bom filme acima da média.