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Fiz esse perfil pra começar a contar os filmes a partir de agora. NÃO SOU UMA CONTA FAKE rsrs

Últimas opiniões enviadas

  • Yuri

    What good is sitting, all alone in your room

    Come hear the music play

    Life is a cabaret, old chum

    Come to the cabaret

    A primeira vez que eu assisti Cabaret (1972) foi aos 13 anos. Desde então, eu já escrevi muitas vezes sobre esse filme. Sabe aquela chave de virada que ocorre na sua mente quando você vê algo especial? Eu ainda lembro do momento que a sessão terminou e fiquei assistindo os créditos finais, sem acreditar no que tinha visto. Na minha visão, os musicais não eram assim. Existia uma modernidade, um sentimento avant-garde que permeia a obra muito mais relevante do que quase todos os filmes lançados depois. Inclusive, muitas das tentativas de modernizar o gênero parecem uma imitação barata do que o premiado diretor e coreógrafo Bob Fosse fez aqui.

    São 50 anos de Cabaret. 50 anos desde que as audiências viram Liza Minnelli, a filha de Judy Garland, incorporar Sally Bowles, uma cantora e performer “amadora”, que espera a chance de bombar no cinema alemão (não faz muito sentido agora, mas os países europeus eram a grande fábrica de filmes mundiais antes da Segunda Guerra), e se envolve com um jovem britânico, confuso com sua sexualidade. Se as referências à homossexualidade e bissexualidade não fossem o suficiente para tornar a obra um clássico gay (isso já havia sido abordado em outros filmes, mas está mais ou menos certo afirmar que Cabaret foi o longa mainstream de Hollywood a abordar a diversidade sexual e de gênero sem estigmas), o musical eleva o apelo do gênero ao público.

    Existem várias facetas que tornam esse filme tão especial para a comunidade gay. Vamos começar por Sally Bowles, que encarna a fantasia da diva da música e das telonas. Gays sempre idolatraram divas, algo conhecido desde o início da cultura pop, do cinema clássico (Bette Davis, Joan Crawford, Judy Garland), até a os palcos da música internacional (Madonna, Whitney Houston, Lady Gaga). O que não faltam são teorias sobre o motivo disso acontecer. Por que os homens gays se apegam tanto a essas mulheres? Eu gosto de pensar que cada uma, mesmo sendo completamente diferentes, personificam uma ideia de feminilidade negada ou “tirada à força” de quem não se adequa ao padrão de orientação sexual ou gênero. Sally Bowles vive um personagem, de certa forma. Ela é exagerada, uma verdadeira drag queen. Chique, espalhafatosa, e dona de uma suposta liberdade. E o fato da Liza Minnelli ser uma baita cantora e dançarina ajuda muito. No entanto, ao decorrer do longa, vemos que essa faceta não é tão forte quanto parece.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Brian Roberts, um escritor dedicado a pesquisas sei lá de quê, chega em Berlim e logo se encanta por Sally. Porém, a cantora não consegui incluí-lo em sua lista de amantes, o que gera uma discussão sobre a sua sexualidade. Por conta do histórico fracassado de relacionamentos com mulheres, um romance entre os dois parece ser improvável, até que um momento de vulnerabilidade envolvendo Sally e seu pai acende as faíscas do amor entre os dois. Para resumir a ópera, os dois se envolvem com o mesmo homem, e mesmo que a eventual gravidez parece pavimentar um futuro promissor para o casamento dos dois, o relacionamento (e o feto) não sobrevivem ao estilo de vida do casal.

    Que Sally e Brian chegaram a realmente se apaixonar um pelo outro é algo deixado em aberto. O que parece de verdade é que os dois se apaixonaram pela ideia de que, por um momento, havia a possibilidade de suas vidas estarem definidas. Para ele, como homem gay, as chances de viver com outro homem durante a década de 30 não seria viável. Para ela, seria uma forma de se estabelecer após uma série de rejeições, tanto de caça-talentos quanto de seu próprio pai. No fim, Sally decide abortar o bebê porque prevê um futuro sombrio para o casal e para a criança. Ela provavelmente se tornaria uma mulher amarga pelos sonhos não realizados e cada mais entregue aos vícios. Ele… é doloroso até para ela admitir durante o filme, mas poderia se envolver de forma extraconjugal com outro homem.

    Essa foi a decisão certa? Eu realmente não acho que o filme faz, no final das contas, esse juízo de valor. Será que o apego de Sally a sua liberdade é realmente algo que a liberta, ou que a aprisiona e a afasta de qualquer relacionamento promissor? O que faz um grupo de pessoas se agarrarem a um estilo de vida que logo se tornaria perseguido pelos nazistas (ah, tinha até me esquecido, mas esse filme também é sobre a ascensão do nazismo na Alemanha)? Esses questionamentos são bem pertinentes para quem atua na indústria do entretenimento, o que explica o motivo desse público ter recebido o musical com muito mais entusiasmo do que qualquer outro.

    Prova disso é o fato de tanta gente ficar surpresa que, em um ano comandado por O Poderoso Chefão, Cabaret tenha sido o maior vencedor de troféus no Óscar. Mas além da Academia, acredito que o público LGBT consegue se relacionar muito bem com esses temas. A ideia da juventude eterna, de não consolidar uma vida tradicional, é muito relevante para quem sempre terá uma relação difícil com a palavra “família”. E o que realmente é a família para nós? Uma coisa interessante de notar atualmente é que muitas das “conquistas” da população LGBT (mas principalmente da comunidade gay) é de tornar possível que essas pessoas consigam reproduzir o ideal perpetuado pelas famílias heteronormativas durante toda a história.

    Bom, mas voltando ao filme, ele ainda conta com a presença de Joel Grey, que interpreta o Emcee. O personagem é como um mediador dos conflitos dos personagens, trazendo-os ao palco do cabaré sempre que puder ser resumida em músicas. Eu acredito que Cabaret é um filme muito importante, mas até um pouco subestimado. Não acho que seja tão comentado quanto merece, e talvez seja por causa da estranha posição que ocupa. Lançado em 1972, a obra não é incluída com frequência como um clássico do New Hollywood, talvez porque o gênero musical ficou muito “pomposo” para as mentes que dominaram a época. Mas ao mesmo tempo, ele também não é lembrado como um dos musicais mais clássicos, justamente por ser muito transgressor em comparação com Cantando na Chuva, Mary Poppins, A Noviça Rebelde, etc.

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  • Yuri

    Eu esperava não gostar desse filme, mas é muito bem feito para uma comédia bobinha. O roteiro é ótimo, e a dinâmica do Joe e da Marisa muito divertida.

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  • Yuri

    O filho é, de longe, a pior coisa do filme. Tirando isso, Robin Williams e Nathan Lane estão perfeitos. É um filme que claramente não é mais tão controverso ou original se comparado com hoje em dia, mas nada supera essas atuações. O elenco é incrível.

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