De onde viemos? Essa é a questão mais importante feita pela humanidade ao longo dos tempos. Todas as culturas tem sua tentativa de resposta, ainda que não tenhamos até hoje uma resposta definitiva. Normalmente a pergunta é feita num sentido mais amplo, na tentativa de entender como e porquê existimos. Mas, num sentimo mais restrito, e se você não sabe exatamente sua origem, quem é você e quem é sua família? Essa é a história real contada em Lion: Uma Jornada para Casa.
Na trama conhecemos Saroo, um pobre menino indiano de 5 anos que se perde de seu irmão mais velho em uma estação de trem na Índia e vai parar em Calcutá, a 1600 quilômetros de sua casa, cidade em que até mesmo o idioma mais comum, bengali, é diferente do que ele fala, hindi. Após uma difícil jornada pelas ruas, ele é adotado por uma família australiana.
Vinte anos depois, o jovem Saroo está perfeitamente assimilado na cultura australiana. Porém, pouco sabe de sua origem. E acaba por se sentir um estrangeiro em qualquer lugar. É um indiano na Austrália sem quase qualquer conexão com sua Índia natal e é um australiano na Índia que apenas lhe traz sensações de uma passado distante e quase esquecido. Atormentado por resgatar suas origens passa obsessivamente a tentar recuperar seus fragmentos de memória aliado a tecnologias modernas, em especial o então revolucionário Google Earth, para conseguir descobrir a cidade em que vivia.
Um spoiler óbvio: ele vai encontrar sua família. Claro! Se assim não fosse, essa história não teria sido escrita no livro Uma Longa Jornada para Casa e nem ganhado as telas dos cinemas. E aí, com um final mais do que previsível baseado em um livro em que na maior parte do tempo relata a investigação de Saroo, como fazer uma história que funcione nas telas? Primeiro, metade do filme será usada para mostrar as desventuras do pequeno Saroo no cenário pobre da Índia. E na segunda parte o filme focará bastante na questão da redescoberta da identidade e em quanto sua busca afetou sua relações com seu entorno. É um roteiro bem feito que não precisa depender de grandes revelações e que emociona.
O elenco trabalha bem. Dev Patel é o Saroo adulto e faz um bom trabalho, indicado a melhor coadjuvante no Oscar, claramente por dividir o protagonista com o encantador menino Sunny Pawar. A questão de indicar alguém a protagonista ou coadjuvante sempre gera polêmica (no ano passado Alicia Vikander venceu como coadjuvante sendo que era claramente coprotagonista de A Garota Dinamarquesa), e aqui seria melhor se Patel disputasse o prêmio principal. Nicole Kidman interpreta sua mãe adotiva em um trabalho muito delicado, dando voz aos adotantes. Também no elenco está Rooney Mara como a namorada de Saroo.
A direção é bem feita. Muito do filme, especialmente na fase em que o pequeno Saroo está perdido é feito sem diálogos, o que exige que a história seja bem contada. A fotografia é bonita, explorando tanto a paisagem vasta da Índia quanto sua multidões multi coloridas. Também destaca-se um contraponto entre as cores quentes usadas nas sequências da Índia com as cores mais frias usadas para a Austrália.
Suas 6 indicações ao Oscar (filme, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, roteiro adaptado, fotografia e trilha sonora) são todas merecidas. O diretor estreante no cinema Garth Davis e a boa edição também poderiam ter sido incluídos na lista.
Lion é um filme comovente, que não precisa de usar muitos dos clichês do gênero de dramas pessoais, e que toca no nosso desejo de saber quem somos. Um filme bonito que agrada a diversos públicos.
TEXTO PUBLICADO NO MEU BLOG: PITACOSCINEMATOGRAFICOS.BLOGSPOT.COM
O que nos define, nossa personalidade ou nosso entorno e nossos relacionamentos? Essa é a questão que acompanha Moonlight.
A trama mostra uma jornada de autodescoberta de Chiron, mostrando três momentos de sua vida: infância, adolescência e idade adulta. Ao longo desse processo iremos acompanhar como sua personalidade extremamente introvertida e tímida foi se moldando com sua realidade dura dos guetos negros de Miami.
O filme é um estudo de personagem que escolhe alguns temas principais, como confiança, sexualidade, carinho e afeto. As relações de Chiron com as pessoas ao seu redor, como sua mãe drogada, seu melhor amigo e com um traficante que acaba por assumir uma figura paterna são o eixo que conduz o filme.
O roteiro, tal qual o personagem principal é bastante econômico em palavras. Muito mais do que as palavras é dito na linguagem corporal dos atores. A ambiguidade de sentimentos e de ações sempre está presente. Assim como em O Lagosta, o personagem principal é muito fechado em si mas demonstra um desejo profundo de encontrar alguém para se conectar.
O elenco faz um trabalho excepcional e mereceria um prêmio caso o Oscar premiasse um elenco reunido, como o faz o SAG Awards (prêmio do sindicato dos atores que inexplicavelmente neste ano foi para o fraquíssimo Estrelas Além do Tempo). Tanto Mahershala Ali quanto Naomie Harris fazem jus às suas indicações ao Oscar de coadjuvante, criando personagens moralmente ambíguos. Também merecem destaque os garotos que interpretam Chiron e especialmente Trevante Rhodes como Chiron adulto.
A direção é bem focada em seus personagens, com muitas tomadas fechadas e poucas tomadas abertas. O que vale aqui é acompanhar as figuras retratadas, e não destacar o ambiente físico. A fotografia tem um brilho intenso, dando resplendor às peles negras dos atores, e é bastante saturada, fazendo um bom uso da luz natural abundante do sul da Flórida.
Recebeu 8 indicações ao Oscar 2017 (filme, diretor, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, roteiro adaptado, fotografia, edição e trilha sonora), todas com seus méritos. Deve ficar com as estatuetas de ator coadjuvante e de roteiro adaptado.
Moonlight é um filme sobre autodescoberta e identidade. Um bom filme em que se destaca a qualidade do elenco e um roteiro que preza mais pelos silêncios do que pelos discursos.
[TEXTO DO MEU BLOG PITACOS CINEMATOGRÁFICOS] Vale à pena sonhar ou devemos "amadurecer" e viver com o pé no chão? Esse é o dilema que move La La Land.
Com 14 indicações ao Oscar (filme, diretor, ator, atriz, roteiro original, fotografia, edição, design de produção, figurino, edição de som, mixagem de som, trilha sonora e duas indicações a melhor música) La La Land iguala o recorde de indicações de Titanic e A Malvada. E é forte candidato a igualar ou até superar os campeões de prêmios (Titanic, Ben-Hur e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei) com 11 vitórias.
Na trama, Mia, uma garota que sonha ser estrela de cinema, e Sebastian, um pianista que sonha abrir um clube de jazz, passam por encontros e desencontros em Los Angeles em sua busca pelo sucesso.
Este é o segundo trabalho do jovem diretor e roteirista Damien Chazelle, que foi ovacionada pelo seu ótimo Whiplash. Curiosamente, o tema principal de Whiplash e deste La La Land é o mesmo: a busca pelo sucesso. Mas enquanto aquele focava no esforço físico e na determinação, este se concentra nos sonhos que temos e as forças que nos levam a querer desistir deles.
O filme combina fantasia com realidade de forma perfeita. E nos faz lembrar o quanto o cinema pode dar asas a nossa imaginação, tornando tudo possível. Há dois tipos de sonhos, os que são pura fantasia, como dançar no espaço (lindamente encenado no filme) e os concretos, como os sonhos do que "queremos ser quando crescer".
A narrativa lida com os dois tipos mas fica focado no segundo. Mia e Sebastian têm sonhos, mas também tem contas a pagar. E daí surge a pressão social para aceitar uma vida comum seguido pela maioria da sociedade, que massacra aqueles que se permitem sonhar depois de adultos.
La La Land também representa uma homenagem ao gênero dos musicais, que teve seu auge na década de 1950. Há várias referências a muitos filmes do gênero, especialmente a Cantando na Chuva, mas há cenas de referência a filmes mais recentes, como Moulin Rouge!. É interessante notar que a história de Mia, de uma garçonete que se torna estrela, é a história da vida de boa parte das estrelas de Hollywood, incluindo aí a protagonista Emma Stone. Já a história de Sebastian, que quer fazer sucesso com jazz, um gênero considerado ultrapassado, é uma metáfora para o próprio La La Land, que quer fazer sucesso com um gênero de cinema que já viveu seus dias de sucesso.
Los Angeles tem um papel importante na trama. A cidade, no imaginário popular, é o local do glamour e do sucesso. Justamente por isso também é o lugar do fracasso. E é esse o maior medo de Mia e Sebastian. E Damien Chazelle consegue mostrar só o lado mais bonito de uma cidade que na vida real é um local famoso por não ter uma identidade bem definida e não ser conhecida por sua beleza.
Emma Stone e Ryan Gosling conseguem uma ótima química, essencial ao filme. Gosling tem alguns momentos sutis de humor físico, que já demostrara no recente Dois Caras Legais. E Stone tem muita expressão em seus grandes olhos e uma voz apaixonante.
Tecnicamente o filme é um fantástico. As cores primárias saltam aos olhos. A câmera parece pairar no ar. Seus diversos planos sequência, como o da abertura, fazem com que o filme seja um encontro entre Birdman e Grease, como dito por uma produtora. E a trilha sonora gruda em nossos ouvidos. Muitos vão se pegar assoviando o tema City of Stars (aliás, Oscar garantido aqui).
Voltando a discutir o Oscar, a única indicação que pode ser questionada é a de roteiro, pois é uma estória de amor um tanto básica, até previsível. Mas seu desfecho é tão bom que o qualifica para a categoria. Nas demais indicações, todas tem seus méritos. Certamente será o campeão de prêmios da noite.
La La Land é uma volta ao tempo em que o cinema era o veículo que tornava nossos sonhos possíveis. E mesmo assim consegue ser bastante atual e não cair no puro escapismo. Cinema feito para o coração, sem descuidar do intelecto. Um filmaço!
Nota: 9
P.S: O filme no Brasil ganhou o subtítulo Cantando Estações. Pitacos Cinematográficos a partir de agora vai abandonar esses subtítulos inúteis da versões nacionais. Portanto La La Land é só La La Land e Moonlight será só Moonlight.
Independence Day, o original, queiram ou não, foi um marco no cinema. Foi um dos produtos mais bem acabados esteticamente do subgênero do filme catástrofe, em uma época em que os efeitos digitais (CGI) estavam em seu início. Jurassic Park, o divisor de águas do gênero, havia sido lançado só três anos antes. ID4 (seu apelido carinhoso) foi o campeão de bilheteria de 1996 e gerou a infame paródia Marte Ataca! (em que Jack Nicholson causa muitas risadas parodiando o heroico Mr. President do original).
Apesar de campeão de bilheteria, a crítica nunca recebeu bem o filme. Pudera. O roteiro é cheio de clichês patrióticos (em um filme que lida com a aniquilação da humanidade), personagens rasos e situações bomba-relógio. Alguns diálogos são risíveis, como o discurso patriótico do Mr. President, com o famoso "Today, is our INDEPENDENCE DAY!". E as atuações ajudam menos ainda.
Dito isso, não se pode negar que, apesar de todos os defeitos, o filme original é um ótimo produto de entretenimento. A tensão é constante e as cenas de destruição global até hoje são marcantes. E feitas sem CGI, à maneira antiga, com maquetes e gasolina. Por esses motivos, sempre digo que Independence Day é meu filme tosco favorito.
Como não podia deixar de ser na fase atual de pouca criatividade, Hollywood resolveu continuar essa estória 20 anos depois. E não foi muito feliz.
O roteiro do novo filme tem a mesma estrutura do antigo. Os ETs chegam, começa a rolar a destruição global e culmina no grande confronto final. O novo filme erra feio ao não conseguir gerar o mesmo efeito de tensão que era o ponto forte do primeiro. E isso não se deve por conta do público já estar preparado, mas por erros de roteiro. No primeiro, foi sendo criada uma grande tensão que levava o público a imaginar a destruição que se seguiria, com a morte de vários personagens secundários que foram criando empatia com o público. Como sabe qualquer diretor de filme de terror, a tensão que se cria ANTES do ocorrido é bem mais forte do que mostrar a tragédia. E nisso o filme erra bastante. Não há expectativa criada. Londres é completamente destruída sem que o espectador esperasse isso, resultando em uma cena de destruição esvaziada de conteúdo.
No primeiro filme a chegada dos aliens ocorre logo no início. Em O Ressurgimento, gasta-se muito tempo contextualizando o espectador sobre o que ocorreu nos 20 anos anteriores. Os personagens novos (alguns não tão novos assim, pois eram crianças no filme anterior) não tem muita graça e pouco acrescentam. Por fim, as repetições entre os dois filmes, mais do que gerar um paralelismo interessante, acaba resultando em uma repetição incômoda, com os mesmos enquadramentos, expressões dos atores e cenários. Uma ou outra repetição vai lá, até é positivo para alimentar a nostalgia dos fãs, mas parecer um remake cansa.
Exceção feita a Will Smith, que se tornou astro internacional e ganhou respeito como intérprete após o primeiro filme, os demais atores do primeiro filme e novamente presentes como Bill Pullman e Jeff Goldblum sempre foram canastrões. Os novos não mudam o panorama. Aqui vemos até a inclusão de uma boa atriz, Charlotte Gainsbourg (a Ninfomaníaca), deslocada em um blockbuster. E o veterano Judd Hirch poderia ter sido deixado de lado, pois ele conduz uma trama paralela que nada acrescenta, não servindo nem como o alívio cômico que fora na aventura anterior
E o filme mostra claramente algumas das marcas dos 20 anos entre as duas estórias. Se antes mal se mostrava a gigantesca China, neste o país ganha destaque, com a inclusão de uma heroína chinesa e cenas de destruição no Império do Meio. Também não fica de fora a normalização da homoafetividade, pois dois cientistas presentes no original se revelam um casal gay. Não tem a tão "temida" cena do beijo, mas tem o afeto e a cumplicidade entre dois homens, assim como ocorre com casais hetero.
Independence Day: O Ressurgimento tem os mesmos problemas de seus antecessor. Mas falha em imitar suas virtudes. Recomendado para os fãs da agora série, que, infelizmente, sairão com uma certa decepção do cinema.
Muitas pessoas valorizam a experiência pessoal em detrimento do acúmulo de bens. O melhor exemplo são aqueles que preferem viajar a adquirir coisas, pois alegam que nossas lembranças duram mais do que bens. Mas e quando a memória vai embora?
Este é um dos problemas abordados em Para Sempre Alice. No filme a protagonista Alice é uma internacionalmente conhecida professora de linguística da prestigiada Universidade Columbia, com alto padrão de vida e com filhos já adultos. Somos apresentados a ela nas comemorações de seus 50 anos. Pouco depois ela começa a ter pequenos episódios de esquecimentos. E é diagnosticada com Alzheimer precoce.
Um diagnóstico assim é duro para qualquer pessoa, pois esta doença vai acabando com a pessoa que somos, na medida em que esquecemos de quase tudo que importa para nós. No caso de Alice é ainda pior, pois ela construiu tudo em sua vida com seu intelecto superior. E suas tão caras memórias, de viagens, da vida em família, de seu trabalho e de tudo que viveu, em pouco tempo irão abandoná-la.
Para servir ao propósito do filme de mostrar a evolução da doença, o Alzheimer de Alice avança rapidamente, acima do padrão normal. O filme passa pelas fases do luto, ainda que Alice não tenha morrido: há a negação inicial e a aceitação final. Toda sua família se vê envolvida no problema.
O roteiro de Richard Glatzer e Wash Westmoreland (que também assinam a direção) apesar de forçar um pouco a mão no drama em alguns momentos, respeita a inteligência do espectador, pulando algumas etapas como os exames das protagonista e já indo direto para o resultado. Essa talvez seja a principal lição que os roteiristas brasileiros devam aprender, que nem tudo precisa ser explicado tintim por tintim. A direção se sustenta no talento do elenco, sobretudo da protagonista.
Julianne Moore foi finalmente contemplada com o Oscar com esse filme, em sua 5ª indicação. Foi merecido, tanto pela atuação quanto pelo conjunto da obra (que não deveria ser analisado, mas sabemos que a Academia faz muito disso). No elenco, formando sua família, estão Alec Baldwin, Kate Bosworth, Kristen Stewart, que aqui consegue ser mais expressiva que na tenebrosa (não no sentido de assustadora, mas de ruim) saga Crepúsculo.
Cinematograficamente Para Sempre Alice não é nada fenomenal, se enquadrando no rótulo de drama pessoal e familiar. Mas é um bom filme e uma lição para aprender um pouco mais sobre essa doença que muito provavelmente, infelizmente, ainda afetará alguém próximo.
Publicado no meu blog PitacosCinematograficos (é só dar um google):
E se por alguma força inexplicável do destino Adolf Hitler, o homem que iniciou a guerra mais mortífera da História e massacrou milhões de não combatentes, voltasse, como se não tivesse morrido em 1945? Como ele seria recebido pelo mundo atual? Esta é a pergunta básica de Ele Está de Volta, baseado no best seller homônimo de Timur Vermes.
No filme, o Führer acorda no mesmo local onde seu corpo teria sido queimado por seus soldados após seu suicídio. Quando ele surge, as pessoas começam a achar que ele é apenas um humorista fazendo graça, o que faz com que, com a ajuda de um cinegrafista tentando se encontrar, ele se torne um sucesso na internet e na televisão.
O que inicialmente parecia uma piada, logo se revela mais que isso. Hitler vai fazendo sua pregação contra a decadência do mundo ocidental, e aos poucos as pessoas vão se dando conta de que ele ão diz só besteiras.
Hitler nunca disse só besteiras. Se fosse médico, ele seria conhecido por fazer bons diagnósticos, porém propor o tratamento usando a eutanásia. Seu maior problema era apelar para a emoção, e não para a razão das pessoas, passando por cima das ideias de tolerância e coexistência, e apelando pelo chamado ao coletivo tribal, a lógica do nós contra eles.
No mundo atual, com um Alemanha recebendo levas de imigrantes de cultura diferente, especialmente islâmicos, não é difícil apelar para a xenofobia que existe dentro de cada um de nós. Muitos só estão esperando ela ser despertada.
Apesar de ter um ótimo tema, o filme falha como cinema. Seu formato em alguns momentos é o do falso documentário (mockumentary), mostrando a suposta reação de pessoas reais a um Hitler andando pelas ruas. Mas o pior defeito é a narrativa fictícia, com personagens e um trama sem muita graça, exceção feita ao Hitler. Aliás, nem o Hitler é perfeito, pois seu intérprete Oliver Masucci, ao contrário do chanceler alemão que tinha 1,73m, é muito alto, quebrando a possível ilusão de ver Hitler ressurgido.
Ele Está de Volta passa a mensagem que deseja, de que o mundo atual está a espera de um novo líder carismático que diga o que tem que ser feito, apelando as emoções que não passam pela razão. Mas sua trama e seus personagens, essenciais à uma narrativa cinematográfica, não despertam muita graça.
[SEM SPOILERS - O pouco que é revelado aqui já era de conhecimento geral]
Capitão América: Guerra Civil chegou aos cinemas precedido por uma expectativa de ser o melhor filme de super-heróis de todos os tempos. Será mesmo? A resposta você lê na sequência.
Apesar do título, este filme na cronologia do universo cinematográfico da Marvel é continuação direta de Vingadores: Era de Ultron (clique no título para ler o pitaco). Obviamente ele também continua a estória de Capitão América: O Soldado Invernal, e quem não os viu pouco entenderá da trama.
No enredo, após diversos danos colaterais com muitas vítimas envolvendo a atuação dos Vingadores, os países da ONU decidem fazer um acordo para controlar as ações do grupo. Curiosamente, o sempre individualista Homem de Ferro decide aceitar o controle, enquanto o antes disciplinado Capitão América se opõe ao projeto temendo que isso representará o fim do grupo.
Um ponto bem abordado no filme é o fato de que a rivalidade entre os grupos de heróis não faz com que eles deixem de ser amigos. Ainda que tenham de resolver seus problemas no braço, eles não passam a se odiar mortalmente. Isso poderia servir de exemplo para nossos tempos em que qualquer discussão se torna objeto de polarização (especialmente quando é política), em que parece que os que estão em um pólo tem que nutrir ódio dos que estão no outro, e ninguém chega a lugar nenhum.
Novos personagens foram introduzidos neste filme: O Pantera Negra e o Homem-Aranha. O primeiro foi bem inserido, estando plenamente envolvido na trama, ainda que pouco se conte sobre sua origem, que ficará para seu filme solo que chega aos cinemas daqui um ano. Já em relação ao carismático Amigo da Vizinhança fica evidente que sua inserção foi de última hora após o acordo com a Sony (detentora de seus direitos cinematográficos) já com o roteiro escrito e as filmagens em andamento (leia a notícia sobre isso aqui), pois sua apresentação é bem mal feita e quebra a narrativa. Sua participação tampouco é muito relevante. A única coisa interessante, além de seus poderes usados em combate, é o fato de desta vez o personagem não ser um adolescente se tornando um adulto, mas um garoto de uns 15 anos, completamente deslumbrado em estar envolvido com todos aqueles personagens, o que rende algumas boas piadas.
Com tantos personagens relevantes, o elenco precisa ser composto por bons atores. Robert Downey Jr. personifica tanto o Homem de Ferro que já se decidiu que depois que ele deixar o papel terão de esperar alguns anos antes que outro ator assuma o personagem. Chris Evans é canastrão, mas parece ter incorporado bem o Capitão América, especialmente com esta mudança profunda em sua personalidade. Assim como em Vingadores: Era de Ultron, todos os personagens recebem um pouco de atenção e tem seu momento. Destaque para o ótimo ator hispano-alemão Daniel Brühl, que vem buscando seu espaço em Hollywood, e dá maior peso dramático ao filme.
Com relação à parte técnica, a ação utiliza-se de muitos takes rápidos, recurso que sempre torna a ação um pouca confusa para o espectador. Os Irmãos Russo, diretores do filme, foram muito mais competentes em seu filme anterior: Capitão América: O Soldado Invernal. Também a indústria hollywoodiana poderia se readequar como um todo e parar com este novo padrão de 2h30 para qualquer filme. Em duas horas esta estória estaria muito bem contada. Há muito o que poderia ter sido cortado sem prejuízo para a narrativa.
Também, principalmente em razão da proximidade do lançamento deste filme com Batman vs Superman (clique no título para ler o pitaco), é inevitável comparar as experiências cinematográficas da Marvel com a da DC Comics. Apesar de a primeira já estar em seu 13º filme enquanto a outra está iniciando agora sua aventura cinematográfica, algumas lições poderiam ser aprendidas por esta, como criar um roteiro que apesar de ter muitos acontecimentos não é confuso, bem como criar empatia com os personagens. Um pouco de leveza também não faria mal para a DC, que fez de Batman vs Superman um filme de entretenimento excessivamente pesado (e fraco). Para ler mais sobre essa comparação, sugiro esta análise do crítico do UOL, Roberto Sadovski.
Impressionante notar como a Marvel se reposicionou no imaginário popular. Nos anos 80 e 90 o Homem de Ferro e o Capitão América eram quase que ignorados pelas crianças (pelo menos no Brasil), sendo que o Hulk e o Homem-Aranha eram os únicos super-heróis relevantes da Marvel. Hoje eles conseguiram a proeza de ter seus outros personagens competindo em igualdade (se já não superaram) os mitológicos Batman e Superman, graças ao sucesso de seus personagens no cinema e nos videogames.
E agora, respondendo à pergunta lá do início, este não é o melhor filme de super-heróis de todos os tempos, como alguns estão dizendo. Cito facilmente diversos melhores, como Homem-Aranha 2, Batman: O Cavaleiro das Trevas e Capitão América: O Soldado Invernal. O ponto principal é ter alguns problemas de roteiro já apontados, como a má-inclusão do Homem-Aranha no time, sua duração excessiva e não ter uma estória tão cativante quanto a destes citados.
A Marvel encontrou uma fórmula de sucesso, unindo bom desenvolvimento de personagens, amizade entre os heróis, humor e boas cenas de luta. Isso fez com que ela se acomodasse um pouco e ficasse pouco criativa, o que é normal considerando que aos olhos dos executivos o objetivo maior é ganhar bilhões de dólares. Ao menos, a despeito da falta de ousadia, o filme não desrespeita a inteligência do espectador, nem conta uma estória confusa ou chata.
Capitão América: Guerra Civil é um bom filme de entretenimento e sabe conduzir sua estória. Poderia ser um pouco mais enxuto em sua duração e ter deixado suas sequência de ação com takes mais longos. Mas cumpre o principal para este tipo de filme, que é divertir.
Pitaco publicado no meu blog pitacoscinematograficos:
Espelho, Espelho Meu
E se um dia você descobrisse que existe uma outra pessoa exatamente idêntica a você (e que não é seu irmão gêmeo desconhecido)? O Homem Duplicado tenta explicar o que poderia acontecer se algo assim ocorresse.
No filme, conhecemos Adam, um professor de História acanhado e anti-social que vive uma vida bem monótona, resumida a dar aulas, ir pra casa e fazer sexo com sua namorada. Todos os dias. Um dia, um colega querendo puxar conversa lhe recomenda um filme pouco conhecido. Como ele não tinha nada melhor pra fazer, ele o aluga. Eis que neste filme ele se depara com um ator que é exatamente idêntico a ele e então decide ir atrás desse seu outro.
O roteiro baseia-se no livro homônimo do português José Saramago, que gosta de contar estórias estranhas que flertam com o fantasioso, como Ensaio sobre a Cegueira e a Jangada de Pedra. Não li o livro e desconheço seu tom, mas o filme é extremamente perturbador, desde a primeira cena (que traz uma lembrança de De Olhos Bem Fechados do mestre dos mestres Stanley Kubrick). Não é recomendável para quem gosta de tudo explicadinho, pois o filme, assim como o clássico hitchcockiano Os Pássaros, não dá explicação da pergunta mais básica: como?
Conheci o badalado Denis Villeneuve recentemente com Sicario (clique para ler o pitaco), e posso dizer que ele já está se tornando um dos meus diretores favoritos. Ele sabe como poucos o que é a arte cinematográfica. Não há cenas inúteis, todos os elementos caminham para formar um todo. Mas também não há pressa em contar a estória e muitas vezes vemos cenas que mostram os atores em cena somente refletindo, sem dizer nada. Alguns acham este recurso cansativo, e realmente pode ser quando desnecessário. Mas Villeneuve sabe colocá-lo em razão do objetivo, que é contar sua estória. E faz isso em econômicos 90 minutos, provando que, ao contrário da moda atual, um filme pode ser bom em menos de 2 horas. Como sua filmografia não é extensa, em breve pretendo analisar todos os seus filmes aqui no Pitacos.
Depois que o Leo DiCaprio ganhou o Oscar e começou a campanha de quem é o próximo que merece ganhar e ainda não ganhou, um dos meus favoritos é o duplo protagonista Jake Gyllenhall. Ao contrário de DiCaprio, ele às vezes pega uns filmes blockbusters pra engordar a conta bancária, mas quando resolve trabalhar sério tem atuações marcantes. Suas performances em O Segredo de Brokebak Mountain (pelo qual ele recebeu sua única indicação ao prêmio) e Soldado Anônimo são marcantes. Neste filme, ele consegue criar dois personagens que podemos distinguir somente com sua linguagem corporal. Também no elenco Mélanie Laurent (a judia vingadora Shoshanna do tarantinesco Bastardos Inglórios).
Como dito, o filme é perturbador em toda a sua projeção. E para que esse efeito seja produzido no espectador há uma total interação entre roteiro, direção, atuações e trilha sonora. Tudo funciona bem. Não que este filme seja um marco na Sétima Arte, mas é um filme bem pensado em todos os seus aspectos.
O Homem Duplicado, assim, não é um filme agradável. Mas vale à pena para quem quer ver um filme tenso e bem feito.
Antes do recente Os Oito Odiados, Quentin Tarantino já havia contado uma estória passada no Velho Oeste em Django Livre. E de maneira muito superior ao seu mais novo filme. [pitaco completo na aba notícias]
Juntar os dois maiores super-heróis do imaginário popular, Batman e Superman, não poderia dar errado, não? Nas bilheterias e para os fãs de quadrinhos, Batman vs Superman: A Origem da Justiça já é um sucesso. Agora pra quem gosta de cinema, hum... [pitaco completo na aba notícias]
Um tema pode ser muito nobre, mas a forma de ser mostrado pode estragar tudo. Esse é o caso de As Sufragistas, filme que conta a história das mulheres que lutaram pelo direito ao voto feminino na Inglaterra do início do século XX. Causa mais do que nobre, mas com todos os elementos cinematográficos fora do lugar. [pitaco completo na aba notícias]
Quem somos nós em nosso íntimo? Por meio da trajetória de descoberta de uma transexual A Garota Dinamarquesa busca responder a essa questão. [Meu pitaco está na aba notícias]
- O Brasil tem filme disputando o Oscar 2016? - Tem! - Em qual categoria? - Longa de animação! Disputando com filme da Pixar! Acredita? - E o filme é bom? - Huuuuum, então... [pitaco completo na aba notícias]
Filme muito triste, mas ótimo. Pra ver com lágrimas nos olhos. Acesse o link para meu blog Pitacos Cinematográficos na aba notícias e leia toda a análise.
Anomalisa é um ótimo filme, com um roteiro triste, mas belo e tocante, que nos faz refletir sobre o vazio da vida pós-moderna. [pitaco completo na aba notícias]
Steve Jobs é um bom filme, que se destaca pelo roteiro biográfico enxuto e pelas boas atuações. Recomendado para os que tem disposição para filmes verborrágicos mas com diálogos interessantes. Leia meu pitaco completo acessando a aba notícias.
O Regresso é um filme forte e violento, que conta uma boa história de superação e vingança. Apesar de exigir estômago em algumas cenas mais pesadas, é uma ótima experiência cinematográfica. Acesse meu pitaco completo na aba notícias do filme.
O filme é um biopic bem quadrado. Mas as boas atuações o engrandecem. Na aba notícias tem o link para análise completa no meu blog Pitacos Cinematográficos.
Bom filme, mas Sly não mereceu o Globo de Ouro e não merece o Oscar. Na aba "notícias" tem link para meu blog, o Pitacos Cinematorg´raficos com a análise completa
Um espetáculo visual e um roteiro muito acima da média para um filme de ação. Entre na aba "notícias" e acesse o link para meu pitaco no meu blog Pitacos Cinematográficos,
Lion: Uma Jornada para Casa
4.3 1,9K Assista AgoraTexto publicado em pitacoscinematograficos
De onde viemos? Essa é a questão mais importante feita pela humanidade ao longo dos tempos. Todas as culturas tem sua tentativa de resposta, ainda que não tenhamos até hoje uma resposta definitiva. Normalmente a pergunta é feita num sentido mais amplo, na tentativa de entender como e porquê existimos. Mas, num sentimo mais restrito, e se você não sabe exatamente sua origem, quem é você e quem é sua família? Essa é a história real contada em Lion: Uma Jornada para Casa.
Na trama conhecemos Saroo, um pobre menino indiano de 5 anos que se perde de seu irmão mais velho em uma estação de trem na Índia e vai parar em Calcutá, a 1600 quilômetros de sua casa, cidade em que até mesmo o idioma mais comum, bengali, é diferente do que ele fala, hindi. Após uma difícil jornada pelas ruas, ele é adotado por uma família australiana.
Vinte anos depois, o jovem Saroo está perfeitamente assimilado na cultura australiana. Porém, pouco sabe de sua origem. E acaba por se sentir um estrangeiro em qualquer lugar. É um indiano na Austrália sem quase qualquer conexão com sua Índia natal e é um australiano na Índia que apenas lhe traz sensações de uma passado distante e quase esquecido. Atormentado por resgatar suas origens passa obsessivamente a tentar recuperar seus fragmentos de memória aliado a tecnologias modernas, em especial o então revolucionário Google Earth, para conseguir descobrir a cidade em que vivia.
Um spoiler óbvio: ele vai encontrar sua família. Claro! Se assim não fosse, essa história não teria sido escrita no livro Uma Longa Jornada para Casa e nem ganhado as telas dos cinemas. E aí, com um final mais do que previsível baseado em um livro em que na maior parte do tempo relata a investigação de Saroo, como fazer uma história que funcione nas telas? Primeiro, metade do filme será usada para mostrar as desventuras do pequeno Saroo no cenário pobre da Índia. E na segunda parte o filme focará bastante na questão da redescoberta da identidade e em quanto sua busca afetou sua relações com seu entorno. É um roteiro bem feito que não precisa depender de grandes revelações e que emociona.
O elenco trabalha bem. Dev Patel é o Saroo adulto e faz um bom trabalho, indicado a melhor coadjuvante no Oscar, claramente por dividir o protagonista com o encantador menino Sunny Pawar. A questão de indicar alguém a protagonista ou coadjuvante sempre gera polêmica (no ano passado Alicia Vikander venceu como coadjuvante sendo que era claramente coprotagonista de A Garota Dinamarquesa), e aqui seria melhor se Patel disputasse o prêmio principal. Nicole Kidman interpreta sua mãe adotiva em um trabalho muito delicado, dando voz aos adotantes. Também no elenco está Rooney Mara como a namorada de Saroo.
A direção é bem feita. Muito do filme, especialmente na fase em que o pequeno Saroo está perdido é feito sem diálogos, o que exige que a história seja bem contada. A fotografia é bonita, explorando tanto a paisagem vasta da Índia quanto sua multidões multi coloridas. Também destaca-se um contraponto entre as cores quentes usadas nas sequências da Índia com as cores mais frias usadas para a Austrália.
Suas 6 indicações ao Oscar (filme, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, roteiro adaptado, fotografia e trilha sonora) são todas merecidas. O diretor estreante no cinema Garth Davis e a boa edição também poderiam ter sido incluídos na lista.
Lion é um filme comovente, que não precisa de usar muitos dos clichês do gênero de dramas pessoais, e que toca no nosso desejo de saber quem somos. Um filme bonito que agrada a diversos públicos.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraTEXTO PUBLICADO NO MEU BLOG: PITACOSCINEMATOGRAFICOS.BLOGSPOT.COM
O que nos define, nossa personalidade ou nosso entorno e nossos relacionamentos? Essa é a questão que acompanha Moonlight.
A trama mostra uma jornada de autodescoberta de Chiron, mostrando três momentos de sua vida: infância, adolescência e idade adulta. Ao longo desse processo iremos acompanhar como sua personalidade extremamente introvertida e tímida foi se moldando com sua realidade dura dos guetos negros de Miami.
O filme é um estudo de personagem que escolhe alguns temas principais, como confiança, sexualidade, carinho e afeto. As relações de Chiron com as pessoas ao seu redor, como sua mãe drogada, seu melhor amigo e com um traficante que acaba por assumir uma figura paterna são o eixo que conduz o filme.
O roteiro, tal qual o personagem principal é bastante econômico em palavras. Muito mais do que as palavras é dito na linguagem corporal dos atores. A ambiguidade de sentimentos e de ações sempre está presente. Assim como em O Lagosta, o personagem principal é muito fechado em si mas demonstra um desejo profundo de encontrar alguém para se conectar.
O elenco faz um trabalho excepcional e mereceria um prêmio caso o Oscar premiasse um elenco reunido, como o faz o SAG Awards (prêmio do sindicato dos atores que inexplicavelmente neste ano foi para o fraquíssimo Estrelas Além do Tempo). Tanto Mahershala Ali quanto Naomie Harris fazem jus às suas indicações ao Oscar de coadjuvante, criando personagens moralmente ambíguos. Também merecem destaque os garotos que interpretam Chiron e especialmente Trevante Rhodes como Chiron adulto.
A direção é bem focada em seus personagens, com muitas tomadas fechadas e poucas tomadas abertas. O que vale aqui é acompanhar as figuras retratadas, e não destacar o ambiente físico. A fotografia tem um brilho intenso, dando resplendor às peles negras dos atores, e é bastante saturada, fazendo um bom uso da luz natural abundante do sul da Flórida.
Recebeu 8 indicações ao Oscar 2017 (filme, diretor, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, roteiro adaptado, fotografia, edição e trilha sonora), todas com seus méritos. Deve ficar com as estatuetas de ator coadjuvante e de roteiro adaptado.
Moonlight é um filme sobre autodescoberta e identidade. Um bom filme em que se destaca a qualidade do elenco e um roteiro que preza mais pelos silêncios do que pelos discursos.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista Agora[TEXTO DO MEU BLOG PITACOS CINEMATOGRÁFICOS]
Vale à pena sonhar ou devemos "amadurecer" e viver com o pé no chão? Esse é o dilema que move La La Land.
Com 14 indicações ao Oscar (filme, diretor, ator, atriz, roteiro original, fotografia, edição, design de produção, figurino, edição de som, mixagem de som, trilha sonora e duas indicações a melhor música) La La Land iguala o recorde de indicações de Titanic e A Malvada. E é forte candidato a igualar ou até superar os campeões de prêmios (Titanic, Ben-Hur e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei) com 11 vitórias.
Na trama, Mia, uma garota que sonha ser estrela de cinema, e Sebastian, um pianista que sonha abrir um clube de jazz, passam por encontros e desencontros em Los Angeles em sua busca pelo sucesso.
Este é o segundo trabalho do jovem diretor e roteirista Damien Chazelle, que foi ovacionada pelo seu ótimo Whiplash. Curiosamente, o tema principal de Whiplash e deste La La Land é o mesmo: a busca pelo sucesso. Mas enquanto aquele focava no esforço físico e na determinação, este se concentra nos sonhos que temos e as forças que nos levam a querer desistir deles.
O filme combina fantasia com realidade de forma perfeita. E nos faz lembrar o quanto o cinema pode dar asas a nossa imaginação, tornando tudo possível. Há dois tipos de sonhos, os que são pura fantasia, como dançar no espaço (lindamente encenado no filme) e os concretos, como os sonhos do que "queremos ser quando crescer".
A narrativa lida com os dois tipos mas fica focado no segundo. Mia e Sebastian têm sonhos, mas também tem contas a pagar. E daí surge a pressão social para aceitar uma vida comum seguido pela maioria da sociedade, que massacra aqueles que se permitem sonhar depois de adultos.
La La Land também representa uma homenagem ao gênero dos musicais, que teve seu auge na década de 1950. Há várias referências a muitos filmes do gênero, especialmente a Cantando na Chuva, mas há cenas de referência a filmes mais recentes, como Moulin Rouge!. É interessante notar que a história de Mia, de uma garçonete que se torna estrela, é a história da vida de boa parte das estrelas de Hollywood, incluindo aí a protagonista Emma Stone. Já a história de Sebastian, que quer fazer sucesso com jazz, um gênero considerado ultrapassado, é uma metáfora para o próprio La La Land, que quer fazer sucesso com um gênero de cinema que já viveu seus dias de sucesso.
Los Angeles tem um papel importante na trama. A cidade, no imaginário popular, é o local do glamour e do sucesso. Justamente por isso também é o lugar do fracasso. E é esse o maior medo de Mia e Sebastian. E Damien Chazelle consegue mostrar só o lado mais bonito de uma cidade que na vida real é um local famoso por não ter uma identidade bem definida e não ser conhecida por sua beleza.
Emma Stone e Ryan Gosling conseguem uma ótima química, essencial ao filme. Gosling tem alguns momentos sutis de humor físico, que já demostrara no recente Dois Caras Legais. E Stone tem muita expressão em seus grandes olhos e uma voz apaixonante.
Tecnicamente o filme é um fantástico. As cores primárias saltam aos olhos. A câmera parece pairar no ar. Seus diversos planos sequência, como o da abertura, fazem com que o filme seja um encontro entre Birdman e Grease, como dito por uma produtora. E a trilha sonora gruda em nossos ouvidos. Muitos vão se pegar assoviando o tema City of Stars (aliás, Oscar garantido aqui).
Voltando a discutir o Oscar, a única indicação que pode ser questionada é a de roteiro, pois é uma estória de amor um tanto básica, até previsível. Mas seu desfecho é tão bom que o qualifica para a categoria. Nas demais indicações, todas tem seus méritos. Certamente será o campeão de prêmios da noite.
La La Land é uma volta ao tempo em que o cinema era o veículo que tornava nossos sonhos possíveis. E mesmo assim consegue ser bastante atual e não cair no puro escapismo. Cinema feito para o coração, sem descuidar do intelecto. Um filmaço!
Nota: 9
P.S: O filme no Brasil ganhou o subtítulo Cantando Estações. Pitacos Cinematográficos a partir de agora vai abandonar esses subtítulos inúteis da versões nacionais. Portanto La La Land é só La La Land e Moonlight será só Moonlight.
Independence Day: O Ressurgimento
2.7 868 Assista AgoraIndependence Day, o original, queiram ou não, foi um marco no cinema. Foi um dos produtos mais bem acabados esteticamente do subgênero do filme catástrofe, em uma época em que os efeitos digitais (CGI) estavam em seu início. Jurassic Park, o divisor de águas do gênero, havia sido lançado só três anos antes. ID4 (seu apelido carinhoso) foi o campeão de bilheteria de 1996 e gerou a infame paródia Marte Ataca! (em que Jack Nicholson causa muitas risadas parodiando o heroico Mr. President do original).
Apesar de campeão de bilheteria, a crítica nunca recebeu bem o filme. Pudera. O roteiro é cheio de clichês patrióticos (em um filme que lida com a aniquilação da humanidade), personagens rasos e situações bomba-relógio. Alguns diálogos são risíveis, como o discurso patriótico do Mr. President, com o famoso "Today, is our INDEPENDENCE DAY!". E as atuações ajudam menos ainda.
Dito isso, não se pode negar que, apesar de todos os defeitos, o filme original é um ótimo produto de entretenimento. A tensão é constante e as cenas de destruição global até hoje são marcantes. E feitas sem CGI, à maneira antiga, com maquetes e gasolina. Por esses motivos, sempre digo que Independence Day é meu filme tosco favorito.
Como não podia deixar de ser na fase atual de pouca criatividade, Hollywood resolveu continuar essa estória 20 anos depois. E não foi muito feliz.
O roteiro do novo filme tem a mesma estrutura do antigo. Os ETs chegam, começa a rolar a destruição global e culmina no grande confronto final. O novo filme erra feio ao não conseguir gerar o mesmo efeito de tensão que era o ponto forte do primeiro. E isso não se deve por conta do público já estar preparado, mas por erros de roteiro. No primeiro, foi sendo criada uma grande tensão que levava o público a imaginar a destruição que se seguiria, com a morte de vários personagens secundários que foram criando empatia com o público. Como sabe qualquer diretor de filme de terror, a tensão que se cria ANTES do ocorrido é bem mais forte do que mostrar a tragédia. E nisso o filme erra bastante. Não há expectativa criada. Londres é completamente destruída sem que o espectador esperasse isso, resultando em uma cena de destruição esvaziada de conteúdo.
No primeiro filme a chegada dos aliens ocorre logo no início. Em O Ressurgimento, gasta-se muito tempo contextualizando o espectador sobre o que ocorreu nos 20 anos anteriores. Os personagens novos (alguns não tão novos assim, pois eram crianças no filme anterior) não tem muita graça e pouco acrescentam. Por fim, as repetições entre os dois filmes, mais do que gerar um paralelismo interessante, acaba resultando em uma repetição incômoda, com os mesmos enquadramentos, expressões dos atores e cenários. Uma ou outra repetição vai lá, até é positivo para alimentar a nostalgia dos fãs, mas parecer um remake cansa.
Exceção feita a Will Smith, que se tornou astro internacional e ganhou respeito como intérprete após o primeiro filme, os demais atores do primeiro filme e novamente presentes como Bill Pullman e Jeff Goldblum sempre foram canastrões. Os novos não mudam o panorama. Aqui vemos até a inclusão de uma boa atriz, Charlotte Gainsbourg (a Ninfomaníaca), deslocada em um blockbuster. E o veterano Judd Hirch poderia ter sido deixado de lado, pois ele conduz uma trama paralela que nada acrescenta, não servindo nem como o alívio cômico que fora na aventura anterior
E o filme mostra claramente algumas das marcas dos 20 anos entre as duas estórias. Se antes mal se mostrava a gigantesca China, neste o país ganha destaque, com a inclusão de uma heroína chinesa e cenas de destruição no Império do Meio. Também não fica de fora a normalização da homoafetividade, pois dois cientistas presentes no original se revelam um casal gay. Não tem a tão "temida" cena do beijo, mas tem o afeto e a cumplicidade entre dois homens, assim como ocorre com casais hetero.
Independence Day: O Ressurgimento tem os mesmos problemas de seus antecessor. Mas falha em imitar suas virtudes. Recomendado para os fãs da agora série, que, infelizmente, sairão com uma certa decepção do cinema.
Para Sempre Alice
4.1 2,3K Assista AgoraPublicado no meu blog pitacoscinematograficos:
Muitas pessoas valorizam a experiência pessoal em detrimento do acúmulo de bens. O melhor exemplo são aqueles que preferem viajar a adquirir coisas, pois alegam que nossas lembranças duram mais do que bens. Mas e quando a memória vai embora?
Este é um dos problemas abordados em Para Sempre Alice. No filme a protagonista Alice é uma internacionalmente conhecida professora de linguística da prestigiada Universidade Columbia, com alto padrão de vida e com filhos já adultos. Somos apresentados a ela nas comemorações de seus 50 anos. Pouco depois ela começa a ter pequenos episódios de esquecimentos. E é diagnosticada com Alzheimer precoce.
Um diagnóstico assim é duro para qualquer pessoa, pois esta doença vai acabando com a pessoa que somos, na medida em que esquecemos de quase tudo que importa para nós. No caso de Alice é ainda pior, pois ela construiu tudo em sua vida com seu intelecto superior. E suas tão caras memórias, de viagens, da vida em família, de seu trabalho e de tudo que viveu, em pouco tempo irão abandoná-la.
Para servir ao propósito do filme de mostrar a evolução da doença, o Alzheimer de Alice avança rapidamente, acima do padrão normal. O filme passa pelas fases do luto, ainda que Alice não tenha morrido: há a negação inicial e a aceitação final. Toda sua família se vê envolvida no problema.
O roteiro de Richard Glatzer e Wash Westmoreland (que também assinam a direção) apesar de forçar um pouco a mão no drama em alguns momentos, respeita a inteligência do espectador, pulando algumas etapas como os exames das protagonista e já indo direto para o resultado. Essa talvez seja a principal lição que os roteiristas brasileiros devam aprender, que nem tudo precisa ser explicado tintim por tintim. A direção se sustenta no talento do elenco, sobretudo da protagonista.
Julianne Moore foi finalmente contemplada com o Oscar com esse filme, em sua 5ª indicação. Foi merecido, tanto pela atuação quanto pelo conjunto da obra (que não deveria ser analisado, mas sabemos que a Academia faz muito disso). No elenco, formando sua família, estão Alec Baldwin, Kate Bosworth, Kristen Stewart, que aqui consegue ser mais expressiva que na tenebrosa (não no sentido de assustadora, mas de ruim) saga Crepúsculo.
Cinematograficamente Para Sempre Alice não é nada fenomenal, se enquadrando no rótulo de drama pessoal e familiar. Mas é um bom filme e uma lição para aprender um pouco mais sobre essa doença que muito provavelmente, infelizmente, ainda afetará alguém próximo.
Nota: 7
Ele Está de Volta
3.8 681Publicado no meu blog PitacosCinematograficos (é só dar um google):
E se por alguma força inexplicável do destino Adolf Hitler, o homem que iniciou a guerra mais mortífera da História e massacrou milhões de não combatentes, voltasse, como se não tivesse morrido em 1945? Como ele seria recebido pelo mundo atual? Esta é a pergunta básica de Ele Está de Volta, baseado no best seller homônimo de Timur Vermes.
No filme, o Führer acorda no mesmo local onde seu corpo teria sido queimado por seus soldados após seu suicídio. Quando ele surge, as pessoas começam a achar que ele é apenas um humorista fazendo graça, o que faz com que, com a ajuda de um cinegrafista tentando se encontrar, ele se torne um sucesso na internet e na televisão.
O que inicialmente parecia uma piada, logo se revela mais que isso. Hitler vai fazendo sua pregação contra a decadência do mundo ocidental, e aos poucos as pessoas vão se dando conta de que ele ão diz só besteiras.
Hitler nunca disse só besteiras. Se fosse médico, ele seria conhecido por fazer bons diagnósticos, porém propor o tratamento usando a eutanásia. Seu maior problema era apelar para a emoção, e não para a razão das pessoas, passando por cima das ideias de tolerância e coexistência, e apelando pelo chamado ao coletivo tribal, a lógica do nós contra eles.
No mundo atual, com um Alemanha recebendo levas de imigrantes de cultura diferente, especialmente islâmicos, não é difícil apelar para a xenofobia que existe dentro de cada um de nós. Muitos só estão esperando ela ser despertada.
Apesar de ter um ótimo tema, o filme falha como cinema. Seu formato em alguns momentos é o do falso documentário (mockumentary), mostrando a suposta reação de pessoas reais a um Hitler andando pelas ruas. Mas o pior defeito é a narrativa fictícia, com personagens e um trama sem muita graça, exceção feita ao Hitler. Aliás, nem o Hitler é perfeito, pois seu intérprete Oliver Masucci, ao contrário do chanceler alemão que tinha 1,73m, é muito alto, quebrando a possível ilusão de ver Hitler ressurgido.
Ele Está de Volta passa a mensagem que deseja, de que o mundo atual está a espera de um novo líder carismático que diga o que tem que ser feito, apelando as emoções que não passam pela razão. Mas sua trama e seus personagens, essenciais à uma narrativa cinematográfica, não despertam muita graça.
Capitão América: Guerra Civil
3.9 2,4K Assista AgoraPublicado no meu blog pitacoscinematograficos.
[SEM SPOILERS - O pouco que é revelado aqui já era de conhecimento geral]
Capitão América: Guerra Civil chegou aos cinemas precedido por uma expectativa de ser o melhor filme de super-heróis de todos os tempos. Será mesmo? A resposta você lê na sequência.
Apesar do título, este filme na cronologia do universo cinematográfico da Marvel é continuação direta de Vingadores: Era de Ultron (clique no título para ler o pitaco). Obviamente ele também continua a estória de Capitão América: O Soldado Invernal, e quem não os viu pouco entenderá da trama.
No enredo, após diversos danos colaterais com muitas vítimas envolvendo a atuação dos Vingadores, os países da ONU decidem fazer um acordo para controlar as ações do grupo. Curiosamente, o sempre individualista Homem de Ferro decide aceitar o controle, enquanto o antes disciplinado Capitão América se opõe ao projeto temendo que isso representará o fim do grupo.
Um ponto bem abordado no filme é o fato de que a rivalidade entre os grupos de heróis não faz com que eles deixem de ser amigos. Ainda que tenham de resolver seus problemas no braço, eles não passam a se odiar mortalmente. Isso poderia servir de exemplo para nossos tempos em que qualquer discussão se torna objeto de polarização (especialmente quando é política), em que parece que os que estão em um pólo tem que nutrir ódio dos que estão no outro, e ninguém chega a lugar nenhum.
Novos personagens foram introduzidos neste filme: O Pantera Negra e o Homem-Aranha. O primeiro foi bem inserido, estando plenamente envolvido na trama, ainda que pouco se conte sobre sua origem, que ficará para seu filme solo que chega aos cinemas daqui um ano. Já em relação ao carismático Amigo da Vizinhança fica evidente que sua inserção foi de última hora após o acordo com a Sony (detentora de seus direitos cinematográficos) já com o roteiro escrito e as filmagens em andamento (leia a notícia sobre isso aqui), pois sua apresentação é bem mal feita e quebra a narrativa. Sua participação tampouco é muito relevante. A única coisa interessante, além de seus poderes usados em combate, é o fato de desta vez o personagem não ser um adolescente se tornando um adulto, mas um garoto de uns 15 anos, completamente deslumbrado em estar envolvido com todos aqueles personagens, o que rende algumas boas piadas.
Com tantos personagens relevantes, o elenco precisa ser composto por bons atores. Robert Downey Jr. personifica tanto o Homem de Ferro que já se decidiu que depois que ele deixar o papel terão de esperar alguns anos antes que outro ator assuma o personagem. Chris Evans é canastrão, mas parece ter incorporado bem o Capitão América, especialmente com esta mudança profunda em sua personalidade. Assim como em Vingadores: Era de Ultron, todos os personagens recebem um pouco de atenção e tem seu momento. Destaque para o ótimo ator hispano-alemão Daniel Brühl, que vem buscando seu espaço em Hollywood, e dá maior peso dramático ao filme.
Com relação à parte técnica, a ação utiliza-se de muitos takes rápidos, recurso que sempre torna a ação um pouca confusa para o espectador. Os Irmãos Russo, diretores do filme, foram muito mais competentes em seu filme anterior: Capitão América: O Soldado Invernal. Também a indústria hollywoodiana poderia se readequar como um todo e parar com este novo padrão de 2h30 para qualquer filme. Em duas horas esta estória estaria muito bem contada. Há muito o que poderia ter sido cortado sem prejuízo para a narrativa.
Também, principalmente em razão da proximidade do lançamento deste filme com Batman vs Superman (clique no título para ler o pitaco), é inevitável comparar as experiências cinematográficas da Marvel com a da DC Comics. Apesar de a primeira já estar em seu 13º filme enquanto a outra está iniciando agora sua aventura cinematográfica, algumas lições poderiam ser aprendidas por esta, como criar um roteiro que apesar de ter muitos acontecimentos não é confuso, bem como criar empatia com os personagens. Um pouco de leveza também não faria mal para a DC, que fez de Batman vs Superman um filme de entretenimento excessivamente pesado (e fraco). Para ler mais sobre essa comparação, sugiro esta análise do crítico do UOL, Roberto Sadovski.
Impressionante notar como a Marvel se reposicionou no imaginário popular. Nos anos 80 e 90 o Homem de Ferro e o Capitão América eram quase que ignorados pelas crianças (pelo menos no Brasil), sendo que o Hulk e o Homem-Aranha eram os únicos super-heróis relevantes da Marvel. Hoje eles conseguiram a proeza de ter seus outros personagens competindo em igualdade (se já não superaram) os mitológicos Batman e Superman, graças ao sucesso de seus personagens no cinema e nos videogames.
E agora, respondendo à pergunta lá do início, este não é o melhor filme de super-heróis de todos os tempos, como alguns estão dizendo. Cito facilmente diversos melhores, como Homem-Aranha 2, Batman: O Cavaleiro das Trevas e Capitão América: O Soldado Invernal. O ponto principal é ter alguns problemas de roteiro já apontados, como a má-inclusão do Homem-Aranha no time, sua duração excessiva e não ter uma estória tão cativante quanto a destes citados.
A Marvel encontrou uma fórmula de sucesso, unindo bom desenvolvimento de personagens, amizade entre os heróis, humor e boas cenas de luta. Isso fez com que ela se acomodasse um pouco e ficasse pouco criativa, o que é normal considerando que aos olhos dos executivos o objetivo maior é ganhar bilhões de dólares. Ao menos, a despeito da falta de ousadia, o filme não desrespeita a inteligência do espectador, nem conta uma estória confusa ou chata.
Capitão América: Guerra Civil é um bom filme de entretenimento e sabe conduzir sua estória. Poderia ser um pouco mais enxuto em sua duração e ter deixado suas sequência de ação com takes mais longos. Mas cumpre o principal para este tipo de filme, que é divertir.
O Homem Duplicado
3.7 1,8K Assista AgoraPitaco publicado no meu blog pitacoscinematograficos:
Espelho, Espelho Meu
E se um dia você descobrisse que existe uma outra pessoa exatamente idêntica a você (e que não é seu irmão gêmeo desconhecido)? O Homem Duplicado tenta explicar o que poderia acontecer se algo assim ocorresse.
No filme, conhecemos Adam, um professor de História acanhado e anti-social que vive uma vida bem monótona, resumida a dar aulas, ir pra casa e fazer sexo com sua namorada. Todos os dias. Um dia, um colega querendo puxar conversa lhe recomenda um filme pouco conhecido. Como ele não tinha nada melhor pra fazer, ele o aluga. Eis que neste filme ele se depara com um ator que é exatamente idêntico a ele e então decide ir atrás desse seu outro.
O roteiro baseia-se no livro homônimo do português José Saramago, que gosta de contar estórias estranhas que flertam com o fantasioso, como Ensaio sobre a Cegueira e a Jangada de Pedra. Não li o livro e desconheço seu tom, mas o filme é extremamente perturbador, desde a primeira cena (que traz uma lembrança de De Olhos Bem Fechados do mestre dos mestres Stanley Kubrick). Não é recomendável para quem gosta de tudo explicadinho, pois o filme, assim como o clássico hitchcockiano Os Pássaros, não dá explicação da pergunta mais básica: como?
Conheci o badalado Denis Villeneuve recentemente com Sicario (clique para ler o pitaco), e posso dizer que ele já está se tornando um dos meus diretores favoritos. Ele sabe como poucos o que é a arte cinematográfica. Não há cenas inúteis, todos os elementos caminham para formar um todo. Mas também não há pressa em contar a estória e muitas vezes vemos cenas que mostram os atores em cena somente refletindo, sem dizer nada. Alguns acham este recurso cansativo, e realmente pode ser quando desnecessário. Mas Villeneuve sabe colocá-lo em razão do objetivo, que é contar sua estória. E faz isso em econômicos 90 minutos, provando que, ao contrário da moda atual, um filme pode ser bom em menos de 2 horas. Como sua filmografia não é extensa, em breve pretendo analisar todos os seus filmes aqui no Pitacos.
Depois que o Leo DiCaprio ganhou o Oscar e começou a campanha de quem é o próximo que merece ganhar e ainda não ganhou, um dos meus favoritos é o duplo protagonista Jake Gyllenhall. Ao contrário de DiCaprio, ele às vezes pega uns filmes blockbusters pra engordar a conta bancária, mas quando resolve trabalhar sério tem atuações marcantes. Suas performances em O Segredo de Brokebak Mountain (pelo qual ele recebeu sua única indicação ao prêmio) e Soldado Anônimo são marcantes. Neste filme, ele consegue criar dois personagens que podemos distinguir somente com sua linguagem corporal. Também no elenco Mélanie Laurent (a judia vingadora Shoshanna do tarantinesco Bastardos Inglórios).
Como dito, o filme é perturbador em toda a sua projeção. E para que esse efeito seja produzido no espectador há uma total interação entre roteiro, direção, atuações e trilha sonora. Tudo funciona bem. Não que este filme seja um marco na Sétima Arte, mas é um filme bem pensado em todos os seus aspectos.
O Homem Duplicado, assim, não é um filme agradável. Mas vale à pena para quem quer ver um filme tenso e bem feito.
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