O filme é muito bom (mas não ótimo), e tem o tipo de desenvolvimento narrativo que costuma me cativar. No entanto, considerando que já há algum tempo tenho mantido um certo olhar bem crítico com relação às traduções (títulos e legendas no geral), esse filme encaixou como uma luva no meu argumento, e como não vai ter como fugir de antecipar algo, bora lá...
O título brasileiro, "Segredos de um Escândalo", não faz sentido algum, e parece mais algo que cairia numa tentativa da Globo Filmes de fazer um thriller dramático, porque NÃO HÁ SEGREDO ALGUM. E aqui vou trazer o comentário de uma amiga que tava no cinema comigo, porque ela sugeriu que o tal "segredo" (e não "segredos", no plural, como consta no título) seria a questão dos abusos sexuais sofridos pela Gracie por parte de seus irmãos enquanto criança; no entanto, esse "fato" não fica claro e comprovado, afinal a fonte não é confiável (o filho meio tantan da Gracie) e a própria Gracie nega sua veracidade. Ou seja, essa questão não justificaria o título brasileiro. E daí surge a pergunta: se o título original é autoexplicativo, afinal "May December" seria algo como "Maio a Dezembro", que é, justamente, o período em que a Elizabeth fica "estudando" a Gracie pessoalmente para a construção da sua interpretação dela, porque raios optaram por "Segredos de um Escândalo", que, repito, não faz sentido algum? Só consigo pensar que foi uma daquelas decisões comerciais que vêm carregadas de sensacionalismo raso numa tentativa de empurrar o filme para um público que, em essência, não tem conexão com o tipo de narrativa proposta pela obra. Pensaram em tentar colocar o filme para circular no circuito comercial e deu errado, ao final? Porque, pelo que vi, ele tá circulando pelo circuito alternativo mesmo, no qual "Maio a Dezembro" cairia bem mais naturalmente.
Enfim, para além dessa questão (sim, eu sou chato, eu sei, mas tá tudo bem)
, temos aqui um bom filme, com um bom desenvolvimento, ótimas atuações (a Portman interpretando uma atriz apenas mediana tentando construir um personagem controverso nun filme independente é algo incrível 💚) e com uma trilha sonora que, em certos momentos, lembra alguns filmes do Lars Von Trier (trilha apoteótica em momento contemplativo).
Finalmente um Hellraiser que pode ser considerado um bom filme, ainda mais depois do que andaram fazendo com a franquia nos últimos 30 anos. A linha meio "pós-adolescente" desse filme me incomodou demais, mas é compreensível, afinal há um público específico a ser atingido para fins comerciais. A atuações também não são das melhores (a protagonista, então... fraca de dar dó, francamente). O que salva? A ambientação e a ideia de expansão do universo dos Cenobitas, que é bastante original e interessante, e os próprios cenobitas, obviamente. Não sei se, de uma maneira geral, vai funcionar mesmo como um reboot para a franquia (já vimos tantos reboots fracassando miseravelmente, não é mesmo?), mas talvez possa vir a ser utilizado como um bom ponto de partida, embora ainda não saibamos se esse filme será considerado no desenvolvimento da série da HBO - ao que parece, não, já que tudo que se diz sobre ela é que serão considerados como canônicos apenas os três primeiros filmes.
É meio complicado (e até desesperador) ver como uma ideia até bem interessante se mostra tão mal executada. O que temos aqui? Algum misticismo, com certo potencial, mas muito mal aproveitado; um amontoado de personagens peculiares que com o passar dos episódios se mostram sem qualquer relevância para a trama; uma série de eventos mal, pouco ou simplesmente não explicados (e não adianta pensar "ah, iriam explicar nas próximas temporadas", porque a primeira temporada se encerra sem sequer apontar para isso), e um roteiro que, do quarto episódio em diante, se perde quase que totalmente - "quase" porque ainda é mantida alguma ideia central, que liga os episódios entre si, apesar de mal explorada. A sensação que fica é que o criadores (David Milch e Kem Nunn) tinham uma ideia bem interessante, ideia essa que fica evidente no episódio piloto, escritos por eles próprios, mas que depois foi entregue a roteiristas chapados ou completamente descompromissados com algum fio narrativo minimamente razoável. Eu, como admirador do trabalho do Milch ("Deadwood" é uma das minhas séries mais queridas), só pude ficar frustrado, me perguntando onde eles queriam chegar com aquilo quase que o tempo todo. Eis um cancelamento até sensato, quanto à própria narrativa (a audiência, pelo que se sabe, até que não estava tão ruim), que desconfio já ser sabido pelos produtores de antemão, se é que existiam, em algum momento, planos para outra temporada, porque o último episódio acaba com gostinho de "já chega, já deu", deixando alguns pequenos ganchos até curiosos, mas que, para quem acompanhou a série desde o início, não animam por se saber que, daquele jeito, com aquele tratamento, não há subtrama que funcione. Ao contrário de "Luck", série posterior do Milch, cujo cancelamento precoce (mas bem justificado, considerando os diversos acidentes com animais ocorridos durante as gravações) deixa um gostinho de "quero mais", "John from Cincinnati" se encerra com gostinho de "como aguentei ver 10 episódios disso?".
É indiscutível (repare bem: tudo é discutível, exceto o indiscutível) a originalidade do filme quanto à abordagem, mesmo que outras características - fotografia, narrativa, enquadramento, trilha sonora, etc. - possam remeter a (oh, céus) alguma coisa do Lars Von Trier.
Temos aqui um excelente roteiro e algumas ótimas reflexões (se você humaniza a cria, se faz obrigatório humanizar o criador), aliando-se a isso boas interpretações e uma boa montagem.
Em resumo: tem tudo para entrar para o cânone do terror "inrotulável" moderno.
Sabe quando você inventa de pegar um amontoado de boas ideias e, então, resolve cagar tudo já na primeira metade do filme? Pois bem, é esse o caso. A ideia de um lugar paradisíaco, de acesso restrito, onde o tempo passa de forma absurdamente acelerada (em termos biológicos), é ótima, embora não tão inovadora. O erro maior? A escala de tempo ("absurdamente") exagerada e o apelo a acontecimentos em tese chocantes num curto período de tempo, além de atuações pouco elogiosas (salvo um e outro caso). Do meio pro fim, quando as tentativas de choque saem de cena e o filme se volta ao drama de lidar puramente com a realidade em seu tempo, e quando boa parte dos atores ruins morre, bem entendido, aí a coisa melhora significativamente, com direito a um final satisfatório. Talvez tal ideia pudesse vir a ser explorada mais adequadamente em livro ou série de TV, com uma escala de tempo menos rude, porque 50 anos num único dia é de lascar, viu? 1 ano por dia, e tinha tudo para funcionar bem.
javé, javé terra (en)cantada de filhos criados na dureza da pedra cujas histórias ajuntadas e em pequena parte abastardadas nas letras de ilustre intelectuário e alcoólatra também um tanto salafrário tentaram esperança triste e vã vencer a grande ameaça de um monstro insensato e de vil sentimento chamado PROGRESSO em sua natureza mais líquida que, embora sem forma, a tudo pode devastar
javé, javé aquilo que se conta de tua história na palavra tem força e ostenta conquistas mesmo se a rocha negar
_ cultura interiorana, sertaneja, no mais das vezes institucionalmente ignorada, cujos dramas cotidianos se moldam mais amenos em torno de suas narrativas populares, orais, e nem sempre muito confiáveis. tais tradições, bastante comuns no nordeste brasileiro em cidades mais afastadas das grandes metrópoles (o que demonstra, considerando a baixa adesão à escrita literária, seja de caráter documental ou ficcional, um grave desprezo institucional pelas tradições orais e históricas de nosso povo), trazem à tona algo que em certo grau se perde na literatura escrita: a interatividade entre ouvintes e contador/narrador, sendo que aqueles, até por uma questão de proximidade histórica e geográfica, tendem a contribuir com o andamento da narrativa, muitas vezes a tornando maleável e pondo em cena mesmo novas tradições e heranças; experiência esta que, ainda hoje, num universo de leituras coletivas (via internet, por exemplo), se faz faltosa e saudosa. o filme, visto pelo prisma da crítica social, nos revela, indiretamente, outro dos sérios problemas do avanço mercadológico (sob o disfarce de progresso econômico e social), que é a aceleração da perda da memória histórica das comunidades sertanejas. ora, se a escrita, então, é um ilustramento, um luxo de um ou outro "privilegiado", e não havendo qualquer garantia de que tal indivíduo preza pela conservação da memória histórica local, é notável que o caso que vemos em "narradores de javé", de um rio a ser represado e que inundará o povoado, é um agravador do esquecimento popular. e, é claro, sempre hão de dizer ninguém sairá prejudicado, e que com o povo vivo a tradição também vive, porém é sabido que, comumente, a tradição da oralidade tem um forte vínculo com a terra em que tais narrativas se dão (suposta ou veridicamente), possuindo raízes naturais naquela localidade específica, e que o distanciamento forçado entre povo e terra tem a capacidade óbvia de quebrar tal vínculo e assim tornar o que é contado cada vez menos relevante (pela ausência da demonstração prática, no que tange às nuanças geográficas da coisa) e, por conseguinte, menos contado, menos transmitido entre as gerações, ao ponto de, num futuro talvez não muito longíquo, ser simplesmente olvidado. e a perda, aparentemente apenas regional... bem, não o é, porque é assim que nos tornamos um país cada vez mais desinteressado culturalmente, e não por mero acidente.
e malabarizando com uma das frases finais do filme: "aquele povo é pobre e inculto, é de pouca valia, mas ainda menos seria se a sua terra fosse tirada do seu dia."
Admito que só cheguei a esse filme graças à série da Amazon (da qual vi apenas o primeiro episódio e corri logo em busca da origem), embora eu até goste e conheça um pouco da obra do Joe Wright. O filme em si é ótimo, porém peca quanto a alguns detalhes, mais com relação à continuidade do que ao conteúdo propriamente, e aqui cabem dois spoilers:
há um erro terrível entre a cena em que a Marissa encontra a avó da Hanna (a apartir de 58m31s) e a cena em que ela chega lá (a partir de 1h29m21s), porque quando a Hanna chega na casa percebe a moldura com a foto da sua mãe toda ensanguentada na parede e com uma marca de tiro mais ou menos onde deveria ter acertado caso o disparo da Marissa tivesse trespassado a cabeça da avó dela, coisa que não aconteceu. Já o segundo problema não é exatamente de continuidade, mas de lógica. A Marissa sempre deixa meio claro que não pretende eliminar a Hanna, mas na cena dos trilhos (por volta de 1h39m) ela acerta um disparo no abdômen dela e foge, sem verificar se a Hanna está morta ou dar qualquer sinal de objetivo quanto ao corpo, o que me parece bem contraditório com o que vimos até aí.
Não acho que deixar de explicar mais sobre a Hanna seja um demérito, mas é claro que ficamos com aquela sensação de querer saber mais, o que, talvez, possa acontecer com a atual adaptação para série. Ah, cabe uma menção honrosa para a trilha sonora, que é excelente.
E graças à adaptação da parceria BBC/HBO, finalmente parei para ler os livros da série, e assim, como é justo, também me dar um tempo para assistir essa adaptação, que, sendo sincero, não chega a ser ruim, mas é vaga demais, e ao ignorar grande parte das nuances do livro em que se baseia perde complemente o brilho. O elenco é ótimo, e os efeitos especiais também, mas o roteiro... é de doer. Exemplo disso? A relação Svalgard -> Bolvangar, sendo que no livro é exatamente o oposto - Bolvangar -> Svalgard. O curioso disso é que tal inversão não tem qualquer sentido prático. Parece coisa de roteirista ou diretor sem noção. E assim tivemos o maior erro de todos: terem deixado o filme sem final (até o livro tem um "fim", por assim dizer), na expectativa de que essa porcaria comercialmente desse certo. Não deu, e o projeto morreu. E viva a BBC.
De quando em vez dá vontade de ver algo bem "Sessão da Tarde", e o da vez foi esse. O filme em si não é ruim, embora sempre haja um e outro furo no roteiro (qual nunca, né?). Enfim, bom passatempo.
É fato que o Tunnicliffe disse certa feita que desde ''Hellraiser: Bloodline'' (''Hellraiser IV: Herança Maldita'', no Brasil, filme de 1996) os roteiros da franquia são escritos como filmes independentes e depois é que acabam sendo ''hellraiseados''. O resultado é esse: uma sequência de cinco filmes bem ruins e totalmente dispensáveis, e isso simplesmente por carregarem consigo um título de peso que nada tem a ver com eles. Contudo... poxa, Tunnicliffe, tinha que ser tão ruim assim? Esse Pinhead parrudo com sotaque de nigeriano é uma porcaria. A trama, embora enxuta (ponto positivo para isso) e cheia de referências ao original (muito mal utilizadas, por sinal, e ponto negativo por isso), é fraca e totalmente adolescentizada - e eu até consigo obter alguma satisfação vendo adolescentes prepotentes sendo esquartejados na telinha/telona, mas no caso desse e do filme anterior nem isso ajuda. Hellraiser, ao contrário de Friday the 13rd/Sexta-Feira 13, sempre foi em sua essência um caso de terror para adultos e não para adolescentes. E olha que há muitos filmes de ''terror para adolescentes'' que conseguem ser bem menos piores que essa b*sta.
O próximo também é do Tunnicliffe, né? Vixe. --- Obs.: a sinopse que colocaram aqui consegue ser ainda mais imbecil e sem noção que o próprio filme.
Mas uma trama bem b*sta que seria um tanto menos b*sta se não carregasse o título ''Hellraiser'', não tivesse uma direção tão medíocre e pelo menos contasse com um orçamento razoável para efeitos especiais - o que faria da cena final algo que, apesar da ótima ideia, se mostrou bem imbecil visualmente.
A proposta de um jogo virtual ser o mote da trama não é nada original, mas até que funciona, como já foi visto em outros tantos filmes. O problema é que além de mal feito, é mais um daqueles que carregam o nome Hellraiser e que não deveriam fazê-lo de modo algum. E as cenas de morte... vixe. Alguém me explica, por favor, como aquelas duas lâminas verticais foram capazes de cortar o pescoço da Alisson horizontalmente? Já os erros de continuidade são vibrantes, como, por exemplo, quando o Jake pega o celular e vê que não há nenhuma chamada. Ora, como poderia haver se o que possibilita que os outros saibam o número do indivíduo é a utilização da máscara, coisa que ele não faz? E daí por diante só desanda, com uma sequência final totalmente não-crível e os cenobitas sendo usados mais uma vez como um tipo de ''anjos vingadores'', coisa que eles nem de longe são.
A conclusão que fica é que o Clive jamais deveria ter permitido que o Bota assumisse a franquia (como se isso sob controle dele, né? Anos 1980... tão comum vender os direitos de adaptação de algo sem qualquer tipo de controle de médio ou longo prazo).
E o que fod* é que pelo que ouvi depois desse a coisa ainda piora.
O pessoal deveria ter pego o Rick Bota e deixado ele fazer um spin-off oficial da franquia, por assim dizer, porque todos os Hellraiser que ele dirigiu têm a mesma essência e ritmo, além de tramas bem assemelhadas. Esse, por sua vez, não tem um enredo ruim, mas se perde no final, onde tudo se mostra meio sem pé e sem cabeça (e não por ação dos cenobitas, infelizmente). Dá para entender a lógica da coisa, é claro, mas ela é bem rasa e vaga. A cena do metrô, a primeira das duas, é bem interessante, e merece aplausos por seu jeitão punk e underground, embora isso já não seja algo nada original nos anos 2000. Quanto aos cenobitas em si... é entristecedor vê-los sendo utilizado desse modo, e mesmo que tentemos analisar tudo de um ponto de vista, digamos, evolucionista (considerando a possibilidade deles terem evoluídos em seus joguinhos doentios, originalmente baseados em prazer e dor simultâneos, e partido para um tipo de tortura psicológica interdimensional), isso é algo bem difícil de digerir. Já a atuação da Kari Wuhrer - ótima repórter, péssima psicótica desesperada - é de doer de tão ruim, e ela é linda, eu sei, mas isso não dá bilhão.
Em resumo, eis outro filme completamente dispensável para a franquia.
É triste ver os cenobitas sendo usados meramente como ''monstros de pesadelos'' mais uma vez, e num thriller psicológico bem similar ao filme anterior. Trazer de volta a Ashley para ser uma mera sub-coadjuvante de um filme que durante quase todo o tempo não tem praticamente nada de Hellraiser é de uma infelicidade que dói.
E aquela cena do suicídio do Bret, em que um único tiro sob o queixo abre dois furos no crânio (um na testa e outro na nuca)? Que tosco. É fato que o gancho relativo a Kirsty existe desde o primeiro filme, sendo mantido em todas as sequências em que ela aparece (quem resolve o enigma é deles, simples assim, e foi ela quem o resolveu no primeiro filme enquanto estava no hospital, lembram?), e, de certo modo, é bem aproveitado aqui, semeando uma trama de assassinato e vingança. E, bom, a Ashley é sempre maravilhosa e linda, então... Já o Dean Winters, o eterno O'Riley (de OZ, da HBO) atua bastante bem enquanto personagem mentalmente instável, mas é um péssimo acorrentado (perto do fim, quando ele encara o Pinhead).
Repito: poderia ser simplesmente algo como um episódio de Além da Imaginação, ou um filme à parte, desvinculado da franquia, que, certamente, seria muito mais bem-vindo e bem aceito, porque em matéria de trama não é ruim - embora bastante clichê e óbvia. O final, contudo, retoma toda a essência de Hellraiser, mas por pouquíssimos minutos, coisa que, apesar disso, salva o filme.
É engraçado como o pessoal - talvez por ficar preso a seus próprios conceitos arcaicos de sobrenaturalidade - não consegue entender ou aceitar criações que fogem ao padrão do gênero, histórias que prezam mais pela metáfora espirituosa do que pelo terror ou horror mais puro e simples. É certo que ''A Dentadura Mecânica'' (''Chattery Teeth'', no original) não é nem de longe um dos melhores textos do King, mas é divertida e envolvente, embora, ao contrário da maioria das histórias do gênero, não possua algum tipo de moral edificante (o próprio Quicksilver - interpretado magistralmente por Christopher Lloyd - dá a dica: nem toda história precisa ter um caráter moralista). Já a segunda história, baseada em ''O Corpo Político'', conto incluído na coletânea ''Os Livros de Sangue'', do Clive Barker, criador de Hellraiser e outras tantos maravilhosidades do cinema de terror/horror, tem uma das melhores tramas que já vi numa história curta, cuja premissa se baseia numa simples pergunta: e se as nossas mãos se revoltassem contra nosso próprio corpo?
Lembro de ter assistido a esse filme antes uma única vez, numa das madrugadas globais (Intercine, creio), e desde então ele não me saiu da mente, porque eis aqui uma verdadeira pérola daquilo que chamo de ''terror espirituoso''.
- Eita, e se o nosso cubo das lamentações aparecesse em Star Wars? - Genial! Só que a gente tem de inventar também uma explicação para isso. - Flashback, ora... ancestrais e tal. - Perfeito!
--- Bem, não chega a ser um filme ruim, mas passa longe de ser bom. Seu grande mérito é explorar mais um pouco o universo do próprio cubo (sua criação), já que não entra tanto na questão dos cenobitas em si, sendo que os efeitos visuais também não são ruins, mesmo com o baixo orçamento, e a trama até que é razoavelmente bem trabalhada.
E aqui começa a decadência da franquia... o filme em si não é ruim, apesar de não acrescentar muita coisa à mitologia dos cenobitas (a ideia da duplicidade do Pinhead é, apesar de nada inovadora, bem interessante). E alguns dos ''novos monstros'' são até legais, mas aquele DJ com sonzinhos de RoboCop é algo bem imbecil. Em resumo, ainda vale assistir, e deixa um belo gancho para uma possível sequência (que ainda não vi).
Eis umas das poucas ''parte 2'' de séries cinematográficas que merecem elogios - e críticas também, é claro. O desenvolvimento é excelente, principalmente por retomar vários dos elementos de seu antecessor e expandi-los dignamente, bem como a própria trama, que dá continuidade à história de Kirsty, incluindo até uma breve alusão à origem do Pinhead. É preciso, naturalmente, observar que, embora a trama se desenvolva bem e os efeitos visuais sejam muito bons (ou no mínimo razoáveis), aquele monstro no qual o doutor se tornou após a ''fusão'' com Leviatã é bem ridículo. Outro ponto: um dos cenobitas - aquele que fica sempre batendo os dentes - aparece, sem qualquer explicação, totalmente modificado na segunda metade do filme, próximo à sequência final, sendo que na primeira ele se mostra exatamente igual ao visto no primeiro filme. Erro de continuidade? Sei lá, mas é fato que, apesar de incômodo, isso não diminui o mérito da obra.
É um bom filme, até onde é possível sê-lo. É claro que a história da Raça das Trevas (''Nightbreed", no original) poderia ser melhor desenvolvida, contudo não escarafunchar o ''background das coisas'' é umas das marcas do Clive - lembrando que Cabal, a história que deu origem a esse filme, é apenas um conto. Os efeitos visuais são bem legais, mas temos de concordar que o confronto entre os naturais e os seres da noite é uma confusão medonha, ganhando algum sentido lógico apenas quando já próximo de seu desfecho.
Após ver algumas adaptações para cinema da obra do Barker, estou chegando à conclusão de que quando é ele que escreve o roteiro e também dirige saem coisas que vão de razoavelmente bom (como esse filme) a obra-prima (como o primeiro Hellraiser e O Mestre das Ilusões), mas quando a responsabilidade fica nas mãos de outrem... vixe, só sai lixo (os três Candyman, e os tantos Hellraiser que se seguiram ao original).
Falar sobre esse filme analisando pela perspectiva dos efeitos especias é vício de origem: a obra é de 1995, ou seja, 24 anos atrás, e de baixo orçamento (se comparado às grandes produções de terror da época), então não dá para usar um argumento como ''não envelheceu bem'' para justificar uma nota baixa.
Considero esse filme algo quase perfeito, apesar de um e outro defeito ou detalhe besta de pouco significado. O roteiro do Barker é impecável (como quase tudo que ele escreve), não explicando demais o desnecessário, e a execução em si cumpre o que promete.
Ao lado de Hellraiser, ''O Mestre das Ilusões'', embora não tão amplo em sua mitologia, é um verdadeiro clássico de um gênero que quase sempre é tão maltratado no cinema pós-1990.
Ao contrário do que conseguiram fazer no primeiro Hellraiser (é confuso, vago, bizarro, eu sei, mas também perfeito), nesse primeiro Candyman o pessoal pegou todos os elementos contidos no conto que o originou e... os destruiu completamente. O pouco que se vale nesse filme é a segunda metade, que desenvolve bem o ''jogo de realidades'', mas já o final, que prezou por algo mais edificante, por assim dizer, parece ter sido feito simplesmente para vender, e não para chocar ou incomodar, e acaba totalmente sem nexo ou sentido.
O ''Homem dos Doces'' - outra coisa que o conto, que tem pouco mais de 70 páginas, explica e o filme não: o nome - morto numa fogueira? Ah, gente... por favor, né? que sem graça.
Segredos de um Escândalo
3.5 317 Assista AgoraO filme é muito bom (mas não ótimo), e tem o tipo de desenvolvimento narrativo que costuma me cativar. No entanto, considerando que já há algum tempo tenho mantido um certo olhar bem crítico com relação às traduções (títulos e legendas no geral), esse filme encaixou como uma luva no meu argumento, e como não vai ter como fugir de antecipar algo, bora lá...
O título brasileiro, "Segredos de um Escândalo", não faz sentido algum, e parece mais algo que cairia numa tentativa da Globo Filmes de fazer um thriller dramático, porque NÃO HÁ SEGREDO ALGUM. E aqui vou trazer o comentário de uma amiga que tava no cinema comigo, porque ela sugeriu que o tal "segredo" (e não "segredos", no plural, como consta no título) seria a questão dos abusos sexuais sofridos pela Gracie por parte de seus irmãos enquanto criança; no entanto, esse "fato" não fica claro e comprovado, afinal a fonte não é confiável (o filho meio tantan da Gracie) e a própria Gracie nega sua veracidade. Ou seja, essa questão não justificaria o título brasileiro. E daí surge a pergunta: se o título original é autoexplicativo, afinal "May December" seria algo como "Maio a Dezembro", que é, justamente, o período em que a Elizabeth fica "estudando" a Gracie pessoalmente para a construção da sua interpretação dela, porque raios optaram por "Segredos de um Escândalo", que, repito, não faz sentido algum? Só consigo pensar que foi uma daquelas decisões comerciais que vêm carregadas de sensacionalismo raso numa tentativa de empurrar o filme para um público que, em essência, não tem conexão com o tipo de narrativa proposta pela obra. Pensaram em tentar colocar o filme para circular no circuito comercial e deu errado, ao final? Porque, pelo que vi, ele tá circulando pelo circuito alternativo mesmo, no qual "Maio a Dezembro" cairia bem mais naturalmente.
Enfim, para além dessa questão (sim, eu sou chato, eu sei, mas tá tudo bem)
e daquela cena final ri-dí-cu-la
Em resumo: vale o ingresso.
Hellraiser
3.2 406 Assista AgoraFinalmente um Hellraiser que pode ser considerado um bom filme, ainda mais depois do que andaram fazendo com a franquia nos últimos 30 anos. A linha meio "pós-adolescente" desse filme me incomodou demais, mas é compreensível, afinal há um público específico a ser atingido para fins comerciais. A atuações também não são das melhores (a protagonista, então... fraca de dar dó, francamente). O que salva? A ambientação e a ideia de expansão do universo dos Cenobitas, que é bastante original e interessante, e os próprios cenobitas, obviamente. Não sei se, de uma maneira geral, vai funcionar mesmo como um reboot para a franquia (já vimos tantos reboots fracassando miseravelmente, não é mesmo?), mas talvez possa vir a ser utilizado como um bom ponto de partida, embora ainda não saibamos se esse filme será considerado no desenvolvimento da série da HBO - ao que parece, não, já que tudo que se diz sobre ela é que serão considerados como canônicos apenas os três primeiros filmes.
O Estranho de Cincinnati (1ª Temporada)
2.4 2 Assista AgoraÉ meio complicado (e até desesperador) ver como uma ideia até bem interessante se mostra tão mal executada. O que temos aqui? Algum misticismo, com certo potencial, mas muito mal aproveitado; um amontoado de personagens peculiares que com o passar dos episódios se mostram sem qualquer relevância para a trama; uma série de eventos mal, pouco ou simplesmente não explicados (e não adianta pensar "ah, iriam explicar nas próximas temporadas", porque a primeira temporada se encerra sem sequer apontar para isso), e um roteiro que, do quarto episódio em diante, se perde quase que totalmente - "quase" porque ainda é mantida alguma ideia central, que liga os episódios entre si, apesar de mal explorada. A sensação que fica é que o criadores (David Milch e Kem Nunn) tinham uma ideia bem interessante, ideia essa que fica evidente no episódio piloto, escritos por eles próprios, mas que depois foi entregue a roteiristas chapados ou completamente descompromissados com algum fio narrativo minimamente razoável. Eu, como admirador do trabalho do Milch ("Deadwood" é uma das minhas séries mais queridas), só pude ficar frustrado, me perguntando onde eles queriam chegar com aquilo quase que o tempo todo. Eis um cancelamento até sensato, quanto à própria narrativa (a audiência, pelo que se sabe, até que não estava tão ruim), que desconfio já ser sabido pelos produtores de antemão, se é que existiam, em algum momento, planos para outra temporada, porque o último episódio acaba com gostinho de "já chega, já deu", deixando alguns pequenos ganchos até curiosos, mas que, para quem acompanhou a série desde o início, não animam por se saber que, daquele jeito, com aquele tratamento, não há subtrama que funcione. Ao contrário de "Luck", série posterior do Milch, cujo cancelamento precoce (mas bem justificado, considerando os diversos acidentes com animais ocorridos durante as gravações) deixa um gostinho de "quero mais", "John from Cincinnati" se encerra com gostinho de "como aguentei ver 10 episódios disso?".
Cordeiro
3.3 555 Assista AgoraÉ indiscutível (repare bem: tudo é discutível, exceto o indiscutível) a originalidade do filme quanto à abordagem, mesmo que outras características - fotografia, narrativa, enquadramento, trilha sonora, etc. - possam remeter a (oh, céus) alguma coisa do Lars Von Trier.
Temos aqui um excelente roteiro e algumas ótimas reflexões (se você humaniza a cria, se faz obrigatório humanizar o criador), aliando-se a isso boas interpretações e uma boa montagem.
Em resumo: tem tudo para entrar para o cânone do terror "inrotulável" moderno.
Amores Expressos
4.2 355 Assista AgoraAquele filme que toda pessoa que sabe que nas artes do amor o vento trás e o vento leva deveria assistir.
Tempo
3.1 1,1K Assista AgoraSabe quando você inventa de pegar um amontoado de boas ideias e, então, resolve cagar tudo já na primeira metade do filme? Pois bem, é esse o caso. A ideia de um lugar paradisíaco, de acesso restrito, onde o tempo passa de forma absurdamente acelerada (em termos biológicos), é ótima, embora não tão inovadora. O erro maior? A escala de tempo ("absurdamente") exagerada e o apelo a acontecimentos em tese chocantes num curto período de tempo, além de atuações pouco elogiosas (salvo um e outro caso). Do meio pro fim, quando as tentativas de choque saem de cena e o filme se volta ao drama de lidar puramente com a realidade em seu tempo, e quando boa parte dos atores ruins morre, bem entendido, aí a coisa melhora significativamente, com direito a um final satisfatório. Talvez tal ideia pudesse vir a ser explorada mais adequadamente em livro ou série de TV, com uma escala de tempo menos rude, porque 50 anos num único dia é de lascar, viu? 1 ano por dia, e tinha tudo para funcionar bem.
Narradores de Javé
3.9 274javé, javé
terra (en)cantada
de filhos criados na dureza da pedra
cujas histórias ajuntadas
e em pequena parte abastardadas
nas letras de ilustre intelectuário e alcoólatra
também um tanto salafrário
tentaram
esperança triste e vã
vencer a grande ameaça de
um monstro insensato e de vil sentimento chamado
PROGRESSO
em sua natureza mais líquida
que, embora sem forma, a tudo pode devastar
javé, javé
aquilo que se conta de tua história
na palavra tem força e ostenta conquistas
mesmo se a rocha negar
_
cultura interiorana, sertaneja, no mais das vezes institucionalmente ignorada, cujos dramas cotidianos se moldam mais amenos em torno de suas narrativas populares, orais, e nem sempre muito confiáveis. tais tradições, bastante comuns no nordeste brasileiro em cidades mais afastadas das grandes metrópoles (o que demonstra, considerando a baixa adesão à escrita literária, seja de caráter documental ou ficcional, um grave desprezo institucional pelas tradições orais e históricas de nosso povo), trazem à tona algo que em certo grau se perde na literatura escrita: a interatividade entre ouvintes e contador/narrador, sendo que aqueles, até por uma questão de proximidade histórica e geográfica, tendem a contribuir com o andamento da narrativa, muitas vezes a tornando maleável e pondo em cena mesmo novas tradições e heranças; experiência esta que, ainda hoje, num universo de leituras coletivas (via internet, por exemplo), se faz faltosa e saudosa. o filme, visto pelo prisma da crítica social, nos revela, indiretamente, outro dos sérios problemas do avanço mercadológico (sob o disfarce de progresso econômico e social), que é a aceleração da perda da memória histórica das comunidades sertanejas. ora, se a escrita, então, é um ilustramento, um luxo de um ou outro "privilegiado", e não havendo qualquer garantia de que tal indivíduo preza pela conservação da memória histórica local, é notável que o caso que vemos em "narradores de javé", de um rio a ser represado e que inundará o povoado, é um agravador do esquecimento popular. e, é claro, sempre hão de dizer ninguém sairá prejudicado, e que com o povo vivo a tradição também vive, porém é sabido que, comumente, a tradição da oralidade tem um forte vínculo com a terra em que tais narrativas se dão (suposta ou veridicamente), possuindo raízes naturais naquela localidade específica, e que o distanciamento forçado entre povo e terra tem a capacidade óbvia de quebrar tal vínculo e assim tornar o que é contado cada vez menos relevante (pela ausência da demonstração prática, no que tange às nuanças geográficas da coisa) e, por conseguinte, menos contado, menos transmitido entre as gerações, ao ponto de, num futuro talvez não muito longíquo, ser simplesmente olvidado. e a perda, aparentemente apenas regional... bem, não o é, porque é assim que nos tornamos um país cada vez mais desinteressado culturalmente, e não por mero acidente.
e malabarizando com uma das frases finais do filme: "aquele povo é pobre e inculto, é de pouca valia, mas ainda menos seria se a sua terra fosse tirada do seu dia."
Hanna
3.5 946 Assista AgoraAdmito que só cheguei a esse filme graças à série da Amazon (da qual vi apenas o primeiro episódio e corri logo em busca da origem), embora eu até goste e conheça um pouco da obra do Joe Wright. O filme em si é ótimo, porém peca quanto a alguns detalhes, mais com relação à continuidade do que ao conteúdo propriamente, e aqui cabem dois spoilers:
há um erro terrível entre a cena em que a Marissa encontra a avó da Hanna (a apartir de 58m31s) e a cena em que ela chega lá (a partir de 1h29m21s), porque quando a Hanna chega na casa percebe a moldura com a foto da sua mãe toda ensanguentada na parede e com uma marca de tiro mais ou menos onde deveria ter acertado caso o disparo da Marissa tivesse trespassado a cabeça da avó dela, coisa que não aconteceu. Já o segundo problema não é exatamente de continuidade, mas de lógica. A Marissa sempre deixa meio claro que não pretende eliminar a Hanna, mas na cena dos trilhos (por volta de 1h39m) ela acerta um disparo no abdômen dela e foge, sem verificar se a Hanna está morta ou dar qualquer sinal de objetivo quanto ao corpo, o que me parece bem contraditório com o que vimos até aí.
Triplo X
2.8 367 Assista AgoraToda vez que tento ver esse filme desisto já aos 25 minutos, porque aquele tipo de manobra (o salto com moto sobre a cerca) já é abuso.
A Bússola de Ouro
3.1 1,0K Assista AgoraE graças à adaptação da parceria BBC/HBO, finalmente parei para ler os livros da série, e assim, como é justo, também me dar um tempo para assistir essa adaptação, que, sendo sincero, não chega a ser ruim, mas é vaga demais, e ao ignorar grande parte das nuances do livro em que se baseia perde complemente o brilho. O elenco é ótimo, e os efeitos especiais também, mas o roteiro... é de doer. Exemplo disso? A relação Svalgard -> Bolvangar, sendo que no livro é exatamente o oposto - Bolvangar -> Svalgard. O curioso disso é que tal inversão não tem qualquer sentido prático. Parece coisa de roteirista ou diretor sem noção. E assim tivemos o maior erro de todos: terem deixado o filme sem final (até o livro tem um "fim", por assim dizer), na expectativa de que essa porcaria comercialmente desse certo. Não deu, e o projeto morreu. E viva a BBC.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraEu estava mesmo precisando ver esse filme. Que demais!
Velocidade Máxima
3.4 639 Assista AgoraDe quando em vez dá vontade de ver algo bem "Sessão da Tarde", e o da vez foi esse. O filme em si não é ruim, embora sempre haja um e outro furo no roteiro (qual nunca, né?). Enfim, bom passatempo.
Navio Fantasma
2.8 824 Assista AgoraUm belo conceito com uma execução aceitável, mas a atuação do Desmond Harrington é uma bosta.
Hellraiser: Revelações
1.4 201 Assista AgoraÉ fato que o Tunnicliffe disse certa feita que desde ''Hellraiser: Bloodline'' (''Hellraiser IV: Herança Maldita'', no Brasil, filme de 1996) os roteiros da franquia são escritos como filmes independentes e depois é que acabam sendo ''hellraiseados''. O resultado é esse: uma sequência de cinco filmes bem ruins e totalmente dispensáveis, e isso simplesmente por carregarem consigo um título de peso que nada tem a ver com eles. Contudo... poxa, Tunnicliffe, tinha que ser tão ruim assim? Esse Pinhead parrudo com sotaque de nigeriano é uma porcaria. A trama, embora enxuta (ponto positivo para isso) e cheia de referências ao original (muito mal utilizadas, por sinal, e ponto negativo por isso), é fraca e totalmente adolescentizada - e eu até consigo obter alguma satisfação vendo adolescentes prepotentes sendo esquartejados na telinha/telona, mas no caso desse e do filme anterior nem isso ajuda. Hellraiser, ao contrário de Friday the 13rd/Sexta-Feira 13, sempre foi em sua essência um caso de terror para adultos e não para adolescentes. E olha que há muitos filmes de ''terror para adolescentes'' que conseguem ser bem menos piores que essa b*sta.
O próximo também é do Tunnicliffe, né? Vixe.
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Obs.: a sinopse que colocaram aqui consegue ser ainda mais imbecil e sem noção que o próprio filme.
Hellraiser 8: O Mundo do Inferno
2.4 97 Assista AgoraMas uma trama bem b*sta que seria um tanto menos b*sta se não carregasse o título ''Hellraiser'', não tivesse uma direção tão medíocre e pelo menos contasse com um orçamento razoável para efeitos especiais - o que faria da cena final algo que, apesar da ótima ideia, se mostrou bem imbecil visualmente.
A proposta de um jogo virtual ser o mote da trama não é nada original, mas até que funciona, como já foi visto em outros tantos filmes. O problema é que além de mal feito, é mais um daqueles que carregam o nome Hellraiser e que não deveriam fazê-lo de modo algum. E as cenas de morte... vixe. Alguém me explica, por favor, como aquelas duas lâminas verticais foram capazes de cortar o pescoço da Alisson horizontalmente? Já os erros de continuidade são vibrantes, como, por exemplo, quando o Jake pega o celular e vê que não há nenhuma chamada. Ora, como poderia haver se o que possibilita que os outros saibam o número do indivíduo é a utilização da máscara, coisa que ele não faz? E daí por diante só desanda, com uma sequência final totalmente não-crível e os cenobitas sendo usados mais uma vez como um tipo de ''anjos vingadores'', coisa que eles nem de longe são.
A conclusão que fica é que o Clive jamais deveria ter permitido que o Bota assumisse a franquia (como se isso sob controle dele, né? Anos 1980... tão comum vender os direitos de adaptação de algo sem qualquer tipo de controle de médio ou longo prazo).
E o que fod* é que pelo que ouvi depois desse a coisa ainda piora.
Hellraiser 7: O Retorno dos Mortos
2.6 105 Assista AgoraO pessoal deveria ter pego o Rick Bota e deixado ele fazer um spin-off oficial da franquia, por assim dizer, porque todos os Hellraiser que ele dirigiu têm a mesma essência e ritmo, além de tramas bem assemelhadas. Esse, por sua vez, não tem um enredo ruim, mas se perde no final, onde tudo se mostra meio sem pé e sem cabeça (e não por ação dos cenobitas, infelizmente). Dá para entender a lógica da coisa, é claro, mas ela é bem rasa e vaga. A cena do metrô, a primeira das duas, é bem interessante, e merece aplausos por seu jeitão punk e underground, embora isso já não seja algo nada original nos anos 2000. Quanto aos cenobitas em si... é entristecedor vê-los sendo utilizado desse modo, e mesmo que tentemos analisar tudo de um ponto de vista, digamos, evolucionista (considerando a possibilidade deles terem evoluídos em seus joguinhos doentios, originalmente baseados em prazer e dor simultâneos, e partido para um tipo de tortura psicológica interdimensional), isso é algo bem difícil de digerir. Já a atuação da Kari Wuhrer - ótima repórter, péssima psicótica desesperada - é de doer de tão ruim, e ela é linda, eu sei, mas isso não dá bilhão.
Em resumo, eis outro filme completamente dispensável para a franquia.
Hellraiser: Caçador do Inferno
2.6 97 Assista AgoraÉ triste ver os cenobitas sendo usados meramente como ''monstros de pesadelos'' mais uma vez, e num thriller psicológico bem similar ao filme anterior. Trazer de volta a Ashley para ser uma mera sub-coadjuvante de um filme que durante quase todo o tempo não tem praticamente nada de Hellraiser é de uma infelicidade que dói.
E aquela cena do suicídio do Bret, em que um único tiro sob o queixo abre dois furos no crânio (um na testa e outro na nuca)? Que tosco. É fato que o gancho relativo a Kirsty existe desde o primeiro filme, sendo mantido em todas as sequências em que ela aparece (quem resolve o enigma é deles, simples assim, e foi ela quem o resolveu no primeiro filme enquanto estava no hospital, lembram?), e, de certo modo, é bem aproveitado aqui, semeando uma trama de assassinato e vingança. E, bom, a Ashley é sempre maravilhosa e linda, então... Já o Dean Winters, o eterno O'Riley (de OZ, da HBO) atua bastante bem enquanto personagem mentalmente instável, mas é um péssimo acorrentado (perto do fim, quando ele encara o Pinhead).
Repito: poderia ser simplesmente algo como um episódio de Além da Imaginação, ou um filme à parte, desvinculado da franquia, que, certamente, seria muito mais bem-vindo e bem aceito, porque em matéria de trama não é ruim - embora bastante clichê e óbvia. O final, contudo, retoma toda a essência de Hellraiser, mas por pouquíssimos minutos, coisa que, apesar disso, salva o filme.
A Maldição de Quicksilver
2.6 54É engraçado como o pessoal - talvez por ficar preso a seus próprios conceitos arcaicos de sobrenaturalidade - não consegue entender ou aceitar criações que fogem ao padrão do gênero, histórias que prezam mais pela metáfora espirituosa do que pelo terror ou horror mais puro e simples. É certo que ''A Dentadura Mecânica'' (''Chattery Teeth'', no original) não é nem de longe um dos melhores textos do King, mas é divertida e envolvente, embora, ao contrário da maioria das histórias do gênero, não possua algum tipo de moral edificante (o próprio Quicksilver - interpretado magistralmente por Christopher Lloyd - dá a dica: nem toda história precisa ter um caráter moralista). Já a segunda história, baseada em ''O Corpo Político'', conto incluído na coletânea ''Os Livros de Sangue'', do Clive Barker, criador de Hellraiser e outras tantos maravilhosidades do cinema de terror/horror, tem uma das melhores tramas que já vi numa história curta, cuja premissa se baseia numa simples pergunta: e se as nossas mãos se revoltassem contra nosso próprio corpo?
Lembro de ter assistido a esse filme antes uma única vez, numa das madrugadas globais (Intercine, creio), e desde então ele não me saiu da mente, porque eis aqui uma verdadeira pérola daquilo que chamo de ''terror espirituoso''.
Hellraiser IV: Herança Maldita
2.8 142 Assista AgoraE enquanto isso, na sala de criação...
- Eita, e se o nosso cubo das lamentações aparecesse em Star Wars?
- Genial! Só que a gente tem de inventar também uma explicação para isso.
- Flashback, ora... ancestrais e tal.
- Perfeito!
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Bem, não chega a ser um filme ruim, mas passa longe de ser bom. Seu grande mérito é explorar mais um pouco o universo do próprio cubo (sua criação), já que não entra tanto na questão dos cenobitas em si, sendo que os efeitos visuais também não são ruins, mesmo com o baixo orçamento, e a trama até que é razoavelmente bem trabalhada.
Em resumo: Angelique ❤.
Hellraiser III: Inferno na Terra
3.1 226 Assista AgoraE aqui começa a decadência da franquia... o filme em si não é ruim, apesar de não acrescentar muita coisa à mitologia dos cenobitas (a ideia da duplicidade do Pinhead é, apesar de nada inovadora, bem interessante). E alguns dos ''novos monstros'' são até legais, mas aquele DJ com sonzinhos de RoboCop é algo bem imbecil. Em resumo, ainda vale assistir, e deixa um belo gancho para uma possível sequência (que ainda não vi).
Hellraiser II: Renascido das Trevas
3.4 304 Assista AgoraEis umas das poucas ''parte 2'' de séries cinematográficas que merecem elogios - e críticas também, é claro. O desenvolvimento é excelente, principalmente por retomar vários dos elementos de seu antecessor e expandi-los dignamente, bem como a própria trama, que dá continuidade à história de Kirsty, incluindo até uma breve alusão à origem do Pinhead. É preciso, naturalmente, observar que, embora a trama se desenvolva bem e os efeitos visuais sejam muito bons (ou no mínimo razoáveis), aquele monstro no qual o doutor se tornou após a ''fusão'' com Leviatã é bem ridículo. Outro ponto: um dos cenobitas - aquele que fica sempre batendo os dentes - aparece, sem qualquer explicação, totalmente modificado na segunda metade do filme, próximo à sequência final, sendo que na primeira ele se mostra exatamente igual ao visto no primeiro filme. Erro de continuidade? Sei lá, mas é fato que, apesar de incômodo, isso não diminui o mérito da obra.
Raça das Trevas
3.1 83É um bom filme, até onde é possível sê-lo. É claro que a história da Raça das Trevas (''Nightbreed", no original) poderia ser melhor desenvolvida, contudo não escarafunchar o ''background das coisas'' é umas das marcas do Clive - lembrando que Cabal, a história que deu origem a esse filme, é apenas um conto. Os efeitos visuais são bem legais, mas temos de concordar que o confronto entre os naturais e os seres da noite é uma confusão medonha, ganhando algum sentido lógico apenas quando já próximo de seu desfecho.
Após ver algumas adaptações para cinema da obra do Barker, estou chegando à conclusão de que quando é ele que escreve o roteiro e também dirige saem coisas que vão de razoavelmente bom (como esse filme) a obra-prima (como o primeiro Hellraiser e O Mestre das Ilusões), mas quando a responsabilidade fica nas mãos de outrem... vixe, só sai lixo (os três Candyman, e os tantos Hellraiser que se seguiram ao original).
O Mestre das Ilusões
2.8 47Falar sobre esse filme analisando pela perspectiva dos efeitos especias é vício de origem: a obra é de 1995, ou seja, 24 anos atrás, e de baixo orçamento (se comparado às grandes produções de terror da época), então não dá para usar um argumento como ''não envelheceu bem'' para justificar uma nota baixa.
Considero esse filme algo quase perfeito, apesar de um e outro defeito ou detalhe besta de pouco significado. O roteiro do Barker é impecável (como quase tudo que ele escreve), não explicando demais o desnecessário, e a execução em si cumpre o que promete.
Ao lado de Hellraiser, ''O Mestre das Ilusões'', embora não tão amplo em sua mitologia, é um verdadeiro clássico de um gênero que quase sempre é tão maltratado no cinema pós-1990.
Obs:
aquele cu bizarro no meio da testa do Puritano foi uma ideia genial.
O Mistério de Candyman
3.3 407 Assista AgoraAo contrário do que conseguiram fazer no primeiro Hellraiser (é confuso, vago, bizarro, eu sei, mas também perfeito), nesse primeiro Candyman o pessoal pegou todos os elementos contidos no conto que o originou e... os destruiu completamente. O pouco que se vale nesse filme é a segunda metade, que desenvolve bem o ''jogo de realidades'', mas já o final, que prezou por algo mais edificante, por assim dizer, parece ter sido feito simplesmente para vender, e não para chocar ou incomodar, e acaba totalmente sem nexo ou sentido.
O ''Homem dos Doces'' - outra coisa que o conto, que tem pouco mais de 70 páginas, explica e o filme não: o nome - morto numa fogueira? Ah, gente... por favor, né? que sem graça.
2,5 pela ideia.
E porque estou sendo bem gentil.