Um filme intenso, intercalando tristeza e sucesso em doses homeopáticas, talvez pra não deprimir demais a platéia. Mas o recurso de cortar bastante pra momentos diversos da vida dela, apesar de tornar a história mais interessante ou palatável, não ajuda muito na narrativa, que fica um pouco confusa às vezes. Há tantos homens na vida de Piaf que não conseguimos identificar bem todos, mas talvez seja proposital, já que Edith só amou de fato um homem, e esse é bem marcante, tanto no filme como na vida dela.
O que dizer da atuação da Marion Cottilard, que eu mal conheço e já admiro tanto? Em nada lembra os papéis de femme fatalle de Inception e Batman, e embora a verdadeira Edith Piaf conseguisse seduzir os homens que quisesse apesar de não ser bonita, no filme ela está representando claramente uma personagem fragil, inconsequente, quebrada pela vida, e sempre com o olhar assustado de uma menina. E isso foi claramente intencional, haja visto o título original do filme (La Môme - A Menina). Esse é um papel de ouro pra qualquer atriz, com uma gama de emoções que vai da "felicidade" ébria desmesurada à tristeza mais profunda, isso em todas as idades. Marion estava às vezes irreconhecível, não por conta da maquiagem, mas da performance. Às vezes lembrava o olhar de cachorro que cai do caminhão de mudança, como a Amélie Poulain, às vezes soava irritante com seus desmandos e chatices com subordinados e amigos, e demonstra um contraste fantástico e dominio do personagem ao se portar como uma diva no palco e, ao sair dele, voltar à uma postura curvada e um andar meio desengonçado, insegura. Não acredito que nenhum detalhe desse filme tenha sido por acidente, ou por má direção.
O filme se beneficiaria bem se fosse mais longo, um pouco mais aprofundado (Charles Aznavour foi cortado inteiramente, e ele foi revelado por ela), mas ainda assim é um bom filme.
Filme baseado em fatos reais, e derivado de uma peça de teatro. Você sabe que o filme é bom quando você já sabe o final e mesmo assim fica tenso, esperando pra ver o que acontece. O fato é que Paris esteve a um homem de distância de ser completamente destruída. O mundo agradece ao general von Choltitz.
Um filme pós-apocaliptico em modo hard. Faz The Walking Dead parecer um conto de fadas. Um dos filmes mais corajosos que já vi, sem concessões à platéia. Atuações marcantes de Viggo "The King" Mortensen, Charlize Theron e uma participação especialíssima de Robert Duvall mitando como o velho. O tom de voz nesse filme é tudo. Passa desesperança, desespero, aceitação, decepção, tudo sem overeacting, o que é revigorante. Com tudo isso, não é de se espantar que passou despercebido. Filmes assim não trazem platéia ao cinema, mas têm portencial pra se tornar cult.
Muito bom ver um filme sem aquele politicamente correto dos EUA ou do Brasil. Tem um monte de cenas "ofensivas" à sensibilidade, mas trata do assunto de forma direta e sem condescendência.
Os filmes de Dany Boon têm sido o melhor da comédia francesa. A fórmula é uma história simples, um personagem normal numa situação completamente bizarra e um outro personagem caótico. Isso funcionou maravilhosamente bem com o filme dele de 2008 (Bienvenue Chez les Ch'tis, ou "A Riviera Não é Aqui", filme que tornou-se em sua época a produção francesa mais assistida de toda a história) e funciona aqui também.
No limite do amanhã (Edge of Tomorrow): Filmaço do Tom Cruise! Uma mistura de O dia da marmota com Mechawarrior, Aliens e uma pitada de missão impossível e bum, temos um filme FINALMENTE com um bom roteiro e um final não tão previsível, o que é refrescante. Bastante humor negro, relacionamento homem x mulher típico dos Animes (a história é baseada num manga de Hiroshi Sakurazaka), com uma personagem feminina forte e decidida, e o diretor está de parabéns por não precisar apelar pra um romance fácil. Só senti falta de uma melhor trilha sonora, e a adição de um bom rock ajudaria e muito nas batalhas.
O que dizer desse filme que mal vi e já odeio pacas? A coisa até começa bem, chega bem ao Japão, mas quando surgem os ninjas... pelamordedeus, faz Jiraia parecer um filme de Kurosawa em comparação! Por que tanta palhaçada num filme cujo público-alvo não era crianças de 13 anos?? Deu vergonha alheia de Hugh Jackman, coitado!
Após ver esse filme, James Cameron comentou: "Esse filme nasceu lendário. É um filme que o mundo jamais viu." Acho um pouco exagerado, mas sei o porque da empolgação de James Cameron: Space Pirate Captain Harlock é um sucessor dos visuais fantásticos de Avatar. O CG aqui é belíssimo, próximo da perfeição, e visualmente muito bem dirigido. O visual faz um uso racional do lens flare (sim, Michael Bay e JJ Abrahams, estou olhando pra vocês) e manda a física no espaço pastar enquanto homenageia as cenas de batalhas espaciais que imitam batalhas navais não só do anime original como de Yamato (Patrulha estrelar). Outra coisa que deve ter deixado Cameron salivando são o desenho das máquinas: simplesmente geniais, lindos e funcionais, parece algo saído do gênio de Syd Mead. O cenário do edifício da coorporação Gaia Coalition? Meu Deus, aquilo dá uma surra em qualquer cenário das novas prequels de Star Wars! Aquilo parece REAL! Então vem a história, que não é ruim... é apenas algo bem japonês, com personagens que não são nem bons nem maus, com muito sacrifício pela honra e coisas assim. Ainda assim consegue ter um roteiro infinitamente superior e mais agradável de assistir que a adaptação de Yamato. PS: A tradução caseira em português (baseada numa mal-feita em inglês) não está boa e não dá pra entender a história por ela. Apenas um release em inglês está com a tradução boa.
O Hobbit: A desolação de Smaug. Mais uma bomba de Peter Jackson, que depois do terceiro Senhor dos Anéis resolveu que iria dedicar a vida a destruir a obra que ele mesmo ajudou a consagrar. Ainda bem que não fui ao cinema ver isso, ou teria ficado muito P da vida. Ainda assim nem tudo foi perdido. Existem dois filmes do Hobbit dentro nesse episódio: um que é baseado na obra de Tolkien, e outro que Peter Jackson escreveu junto com a esposa e Guillermo del Toro. O primeiro começa na marca de 1h de filme. É a chegada dos anões à cidade do lago. Boas atuações, cenários de verdade, um mundo crível e ainda assim cheio de mistério, como um bom RPG. Há suspense, tensão, reviravoltas, Peter Jackson até me lembrou o diretor da primeira trilogia! E o melhor: tudo muito bem adaptado do livro. Essa parte dura exatamente 1 hora.
O problema é que o filme tem 2:40, e essa 1:40 adicional é uma tortura brutal, uma encheção de linguiça, uma masturbação com a obra de Tolkien que não chega nem sequer a ser uma homenagem, e lembra mais um filme ruim dos anos 80 com uma fotografia que mostra claramente que eles estão em estúdio (como no primeiro O Hobbit), mostrando cenários sem sombras, uma fotografia pobre, sem arte, sem contraste, sem carinho. A mesma coisa com os efeitos visuais: parecem mais datados do que o do primeiro Senhor dos Anéis, que foi feito 13 anos atrás! Aliás, o framboesa de ouro devia ter um prêmio de piores efeitos visuais! Esse filme ganharia fácil!
As cenas com Gandalf... oh, meu Deus. Pegaram tudo o que o Gandalf tinha de bom nos primeiros filmes e resolveram explorá-lo no roteiro inventado pelo Peter Jackson. Ele achou que bastava dar um close na cara dele preocupado e falar qualquer coisa com gravidade que bastaria pra os fãs pirarem e fazerem Memes e gritarem nas Comic Cons da vida. Jackson destruiu o personagem de Gandalf. Parabéns! nem o Balrog conseguiu isso!
Em algum lugar do Valhala, JRR Tolkien deve estar chorando em posição fetal.
Vi esse filme menos de 24h após "This is the end", uma comédia do Seth Rogen, e não pude deixar de notar as semelhanças das festas regadas a drogas, a celebração do grotesco, do selvagem, do estar no limite no mundo dos "poderosos", e pqp, o Martin Scorsese com 70 anos consegue botar na tela uma coisa muito mais moderna, visceral, intensa e (por que não) divertida retratando algo dos anos 80 do que o jovem Seth com sua tonelada de celebridades contemporâneas e um público-alvo que é da idade dele. Scorsese está "on fire", assim como DiCaprio, na atuação da sua vida. Sério, DiCaprio já não tem que provar nem surpreender mais ninguém, todo mundo sabe que o cara é bom, mas aqui ele tem um papel que é o sonho de qualquer ator, e ele deita e rola em praticamente todos os níveis de atuação que se pode ser possível, até mesmo com paralisia cerebral (!). Se esse cara não ganhar um Oscar com isso vai ser uma daquelas vergonhas de se mencionar todas as vezes que falarem do DiCaprio ("sabe aquele Oscar que não deram a ele em 2014?"). O cara é um perfeito evangelista, e creio que poucos atores teriam carisma pra retratar tão bem um cara desprezível mas que você ainda torce por ele não importa o que (só consigo pensar em Al Pacino e o Loki). DiCaprio despeja aqui todos os pontos de carisma que ele acumulou na carreira, perde um monte mas ainda se sai com alguns sobrando com a platéia depois de todas as m@(&$ que o personagem faz em um único filme (até mesmo com uma vela!). Wow! É um filme um pouco longo, a primeira metade fica um pouco comprometida pela edição, mas a segunda metade é frenética, um verdadeiro show. É sempre bom ver um grande diretor entregando algo à altura de sua fama. Woody Allen conseguiu fazer um autêntico "Woody Allen" com seu Blue Jasmine, mas isso não repercute tanto na linguagem cinematográfica quanto um Martin Scorsese fazer um autêntico "Scorsese" porque pra isso o cara tem que chutar bundas, causar uma pequena revolução, deixar a platéia de boca aberta como em "Os Bons Companheiros", e acho que aqui ele conseguiu isso novamente. Só não ganha Oscar porque Cuarón e seu "Gravidade" causou uma grande revolução na arte de dirigir e isso não pode passar em branco pra Academia.
E temos aqui o Cavaleiro das Trevas dos Jogos Vorazes. Conseguiu redefinir a franquia, elevar o primeiro filme e tornar os personagens críveis e tridimensionais. Parabéns, Francis Lawrence.
Premissa interessante com roteiro fraquíssimo. Uma pena mesmo... não existe uma única motivação para a Jodie Foster atuar, mais rasa que um pires, e simplesmente não dá pra entender que o povo de Elysium se submete a ser invadido quando seria muito mais simples dar uma p#(*$r@ de uma mesa daquelas (uma só) pra Los Angeles e tava resolvido todos os problemas de roteiro do filme todo.
Podia ser só mais um filme descartável no estilo Pânico, mas tem UMA cena que é uma das melhores piadas dos últimos anos, com a Emma Watson, que faz valer a pena todo o filme.
Como os críticos já tinham dito, é a história de dois homens se enfrentando, se arriscando, se respeitando e descobrindo seus limites. Mais do que uma história de F1. No começo estranhei a abordagem de quase não mostrar pra platéia o que acontece na corrida, sempre meio borrado, do ponto de vista dos pilotos ou de quem está do lado da pista, mas isso ficou bem claro durante o filme: é mesmo um filme DELES, do ponto de vista DELES, então as corridas são bem viscerais. O momento da corrida em Suzuka, na chuva torrencial, caramba eu me identifiquei plenamente! Já corri duas vezes de kart na chuva e a experiência subjetiva que ficou pra mim é aquela! O diretor já correu na chuva também, só pode! Os atores são quase cópias-carbono dos pilotos, e a atuação de Daniel Bruhl é, mais uma vez, fantástica! James Horner fez uma trilha muito irada, e fico aqui pensando por que raios ele não fez uma dessas pra Superman ou Homem Aranha.
Gravity só não é o filme do ano pra mim por conta de uma predileção por robôs gigantes e monstros de borracha, mas posso dizer com certeza que é o espetáculo do ano, que DEVE ser apreciado na maior e melhor sala de cinema disponível (sim, IMAX 3D, estou falando de você, sua linda). Por isso corra ao IMAX mais próximo, pois amanhã esta obra-prima do entretenimento será substituída pelo filme do Thor.
Gravity é imperdível pro amante do cinema, e representa um novo respiro de Hollywood no sentido da criatividade, da renovação, que chega com um diretor mexicano (Alfonso Cuáron). Não por acaso o meu filme do ano, Pacific Rim (Círculo de Fogo), também é dirigido por um mexicano (Guillermo del Toro). Alfonso teve a honra de ser o primeiro diretor a utilizar o 3D num filme como uma linguagem orgânica, e não só como um recurso técnico extra. Avatar foi um belíssimo filme que deve ser visto em 3D, mas que funciona perfeitamente em 2D e não perde em nada na sua comunicação. Mas dificilmente você experienciará Gravity de uma maneira satisfatória sem o uso de 3D. Isso porque no espaço você (assim como os personagem) precisa de referências do que está acima, abaixo, à esquerda, e essas referências mudam o tempo todo porque tudo gira o tempo todo. E por falar em girar o balé que a câmera faz é simplesmente impressionante! Alfonso é conhecido por seus plano-sequência de matar, como em "Filhos da Esperança", mas aqui a liberdade criativa atinge novos patamares, pois não só a câmera é livre como os personagens são livres no espaço! Se você aprecia fotografia vai ficar o tempo todo no modo "wow", pois a composição do diretor de fotografia Emmanuel Lubezki (o mesmo de "Árvore de Vida") é coisa de Mestre (até porque ele teve controle absoluto do visual porque é tudo computação gráfica, mas tão perfeito que não parece). Ele e Cuarón conseguem, num ambiente sempre em movimento, direcionar o olhar do espectador de modo a não nos deixar confusos ou enjoados, e enquadrar tudo de forma lógica e precisa, sem precisar de diálogos pra explicar o que está ocorrendo. Há cenas que nos fazem prender a respiração junto com o personagem. Há cenas que nos fazem entortar na cadeira de agonia. Há cenas que nos fazem desviar a cabeça dos destroços. É uma montanha russa de emoções esse filme! Em alguns momentos você se sente como um astronauta ao lado dos personagens, e em outros como o PRÓPRIO personagem, em primeira pessoa. Algumas cenas ficarão queimadas em sua retina de tão belas, como a desoladora escuridão do espaço sideral e ao centro da tela uma sombra humana (em 3D e no IMAX é que a cena adquire sua verdadeira dimensão e proporção). Os agradecimentos nos créditos finais do filme vão para Guillermo Del Toro, James Cameron e David Fincher. E parece que Cuarón conseguiu incorporar no seu filme o melhor desses diretores. Só monstros da arte do entretenimento.
Atenção que os parágrafos abaixo conterão spoilers (informações do filme): Outra cena belíssima tem a ver com o processo de renascimento da protagonista. Uma personagem que se desgostou da vida e que "foge" do mundo precisa reaprender a valorizar a vida e voltar à Terra (metafórica e fisicamente). Quando ela adentra a estação abandonada e tira o traje espacial essa é uma cena que remete primeiro a "Alien" (Sandra Bullock em ótima forma) e depois a "2001: Uma odisséia no espaço", quando ela assume a forma de um feto, com a janela e os tubos formando um útero e cordão umbilical. Faltam adjetivos pra essa cena, sério! Depois temos as interações com os elementos: fogo (na estação, na reentrada), água (na chegada), ar (cápsula tentando sair do para-quedas, na saída da água), e terra (final do filme). A cena final (onde a personagem deixa pra trás a pesada tecnologia que a arrasta pro fundo) simboliza o renascimento não só da personagem como também a evolução da vida da Terra, que nasce do plâncton marinho (que não está na cena por acaso), sai das águas e respira, depois se arrasta pela terra e, por fim, se põe de pé. Ou como um bebê que engatinha pra depois aprender a andar. Só esse final já poderia botar o filme na história da ficção científica, pois ele é a síntese da beleza filosófica aliada à ciência (os astronautas não conseguem sustentar o peso do próprio corpo por causa do tempo que passam sem gravidade).
Assim Cuarón honra o legado de Stanley Kubrick, embora ainda falte muito chão pro mexicano alcançar o mesmo patamar do diretor inglês. Mas a estrada pavimentada com Gravity parece promissora.
É o filme mais decepcionante do ano até agora. Uma pena. Decepção nem tanto por ser um filme ruim, mas porque eu tinha altas expectativas tanto por Christopher Nolan quanto por Zack Snider. Superman voa graciosamente como um gorila. Gorilas, como vocês sabem, não voam. Mas podem ser arremessados por um canhão. Pronto, este é o Superman de Zack/Nolan. O irônico é que essa técnica de simular um homem voando através de um boneco sendo jogado por um canhão de ar comprimido foi testada para o filme Superman, de 1978. Mas foi descartada em favor do requinte que era botar um ser humano de verdade pra voar por cabos. Depois de décadas de evolução dos efeitos visuais, o que temos hoje é um borrão vermelho passando na tela em cenas desfocadas e tremidas que parecem as cenas descartadas do boneco sendo jogado de canhão, e onde, nas raras vezes em que o personagem entra em foco, ainda assim se parece com um boneco em CGI. Acho que não superei a decepção dessa cena do vôo e acabei contaminando toda a experiência de ver o filme. Mas o fato é que também não me empolguei com a briga com Zod e seus capangas. Não troco 1 minuto de porrada do Superman II pelo combate inteiro de Homem de Aço. A tela azul fica aparente quando chegam perto dos atores, e os bonequinhos em CGI brigando em supervelocidade também são perceptíveis. Culpa da WETA digital, que parece que dormiu no ponto depois do maravilhoso trabalho em Distrito 9. Poderia culpar também o diretor de fotografia, porque, além daquela roupa não estar bem fotografada (a não ser na cena em que ele sai vestido com o uniforme pela primeira vez) os enquadramentos dos combates não têm nada de cinematográfico, nem na profundidade de campo, nem nas cores, nada. Pra terem uma idéia eu me empolguei mais no trailer de Battlefield 4 (que também mostra a destruição de uma metrópole) do que com todas a cenas do combate final. E outra coisa que falaram bastante foi que, do jeito que o filme é conduzido, nem nos importamos com os personagens secundários, quiçá com o destino da população de Metrópolis
. E isso quando o roteiro tenta humanizar o personagem do Super-homem, mostrar que ele é diferente dos Kriptonianos, e tal. Essa empatia que ele sente pelos humanos me parece totalmente injustificada, por conta da filhadaputice que os humanos (a não ser seus pais) fizeram com ele ao longo dos seus 33 anos. E por falar em 33, não há sutileza alguma em compará-lo a Jesus Cristo,
lá na cena da Igreja. O "sacrifício" que ele faz pela humanidade, que poderia ser mais dramático, foi só uma desculpinha pra tirar o sangue dele e pronto, vamos em frente com a história
. Perdeu-se uma ótima oportunidade de retratar o Superhomem como um alienígena aos olhos do público, uma oportunidade de vê-lo de longe, do olhar fresco de quem nunca ouviu falar de uma criatura com capa e que voa e que (aparentementee) não está nem aí pra destruição que causa. Perdemos de gente questionando suas motivações, desconfiando dele,
co-responsabilizá-lo por aquela chacina em Metrópolis
. Talvez isso só ocorra em Batman x Superman. Mas faltou amadurecimento aqui, neste primeiro filme, e imaturidade vindo de Nolan é imperdoável. E o Zack Snider? O uso dele de lens flare é IRRITANTE, parece até um filme do JJ Abrahams. E ele ainda combina isso com a câmera com Mal de Parkinson, totalmente gratuita, como na cena em que um Clark pequeno está conversando com o pai, numa fazenda bucólica, sem tensão alguma, e a câmera lá, nervosa e tremendo parecendo que está filmando de dentro de um presídio, ou andando pela 5ª avenida. De tão datado e corrompido pela estética de seriado de TV dos anos 2000, esse filme não sobrevive 10 anos sem virar uma piada visual tipo o filme "Warriors", ou "O último dragão". Uma pena. Krypton é uma mistura sem graça da Marte de John Carter com Duna. Nada da beleza REALMENTE alienígena (pra nós) de uma civilização milhões de anos à frente da nossa. Perde-se tanto tempo tentando explicar os detalhes de como as coisas funcionam e o maquinário de lá que sobra quase nada pra contar a história com o ritmo direito.
Dá a impressão de que baniram Zod pra outra dimensão (congelado numa p**ca gigante) e segundos depois Krypton explodiu, o que nos faz pensar na idiotice da coisa: era pra terem deixado Zod em Krypton e O CONSELHO ter fugido da morte CERTA indo pra Zona Fantasma! Ah, e que negócio é esse dos terraformadores estarem um de cada lado do planeta Terra e nos dois lugares estar ensolarado??!!!
Enfim, o filme não funciona em muitos níveis, não é épico, não é elegante, ou devo admitir que não é pra minha geração. Me senti como numa festa onde só tocaram músicas da última década (de Justin Bieber pra pior) e não tinha comida, só bebida.
Um dos raros filmes que me fez querer assistir de novo, no mesmo dia. É uma delícia Nerd, feito com todo o carinho do mundo por Del Toro, que usou todos os clichês dos animes de forma sábia. Temos o chefe/capitão/mentor frio e motherfucker, o mocinho que precisa superar os problemas do passado, a novata Kawai que chuta traseiros (que lindinha a Rinko Kikuchi!), e o oponente do mocinho (o piloto Australiano), com direito a buldogue e tudo. Com todos esses clichês, ele poderia facilmente se converter num subproduto chato de uma arte que só os japoneses dominam, mas Del Toro pegou tudo isso e fez um filme DELE, com os elementos DELE, numa linguagem de cinema, e não Anime. É isso que faz o filme funcionar, e principalmente o ritmo frenético emprestado ao roteiro, que já começa com a destruição dos monstros e uma breve explicação inicial. Confesso que não gostei do trailer, não me empolgou, porque é o tipo de filme que precisa ser visto em seu ritmo natural pra ser apreciado. Os cortes dramáticos do trailer fizeram perder a grandiosidade das máquinas, que Del Toro consegue MARAVILHOSAMENTE imprimir na tela, com seus movimentos lentos, pesados, e ângulos que alternam a escala dos robôs contra o cenário e closes extremos nas partes metálicas, onde a gente aprecia os detalhes da chuva escorrendo, ou do mar batendo no metal. Tive medo de ver em 3D, pois Del Toro fez o filme pensando apenas em 2D e NÂO QUERIA converter, até q, por imposição dele, o estúdio aceitou refazer todos os efeitos visuais nativamente em 3D, e Del Toro supervisionou tudo pra garantir que o efeito estereoscópico não desse a ilusão de "bonequinhos" andando em miniaturas. O resultado final é SOBERBO, pois John Knoll, o supervisor de efeitos visuais (e um dos criadores do Photoshop), usou uma abordagem de não destacar os robôs como criaturas 3D, e sim o que salta à tela são partículas de chuva, destroços e faíscas. Somente nos closes é que vemos um braço mais à frente, ou um pedaço da lataria destacado em 3D. De resto foi impresso bastante profundidade, em vez de personagens "recortados", e isso torna o filme um dos melhores usos 3D depois de Avatar e Titanic. A cena do robô jogado na ponte em 3D é de TIRAR O FÔLEGO! E por falar em cenas assim, o filme tem várias! Me controlei pra não aplaudir várias vezes, e vi gente perto de mim também aplaudindo discretamente. É filme pra ver com a galera e urrar de alegria, e se divertir horrores. É o filme pra agradar sua criança de 12 anos interior, aquela que cresceu vendo Voltron, Transformers, Gigante guerreiro Daileon, Changeman, Spectreman, etc. Até mesmo uma coisa que me incomodou no roteiro,
o robô precisar bater bem muito no monstro, ou apanhar horrores, e só depois usar a tal espada que, em um único golpe, o destrói!
Sempre me interessei por design e sempre tive admiração pelo lindo design industrial dos robôs japoneses, armaduras e etc. E ver os robôs/tripulação de cada país foi um verdadeiro orgasmo nerd pra mim, onde vibrei com o design "bruto" do robô russo, da maquinaria interna e da armadura da tripulação (sem falar no estereótipo físico!) e das formas suaves do robô chinês (e da filosofia de usar três tripulantes, ao invés de dois). Enfim, um filmaço que merece ser visto na maior tela possível!
Uma das mais lindas fotografias (em termos de iluminação e cor) que o cinema já fez (mesmo sendo tudo artificial, mas a Tailândia favorece o uso intenso de cor e neon e coisas piscando), cruela cruel e um policial bad-ass motherfucker. É tudo o que esse filme tem. O personagem de Gosling poderia ser retirado do filme que não faria falta a narrativa. Gosling, aliás, continua catatônico como em Driver, alternando com momentos de explosão. Poderia ter se distanciado disso. O diretor resolveu homenagear Alejandro Jodorowsky e encheu o filme de alucinações que, sinceramente, não complementam em nada o filme. Tivesse mantido a edição do filme de forma tradicional e seca, privilegiando o ritmo, e o resultado seria um belo thriller.
Esse filme é uma homenagem ao cinema dos anos 80 desde os primeiros frames. Fonte rosa de "um tira na pesada", trilha sonora com tecladinhos, cenas longas, num ritmo mais lento, personagens sem muita explicação, peitinhos e sangue gratuitos. Enfim, quem viveu os anos 80 vai amar a homenagem. Mas isso não quer dizer que o filme seja BOM. Ele é legal. As cenas de perseguição são muito boas, e o que mais chama a atenção é a atuação do Ryan Gosling: o cara é perturbado, Ponto. O olhar, a falta de expressão, o risinho estranho, tudo isso compõe o personagem lindamente e nos faz querer entendê-lo. Esse personagem é a melhor coisa do filme.
Eu confesso que esperava um pouco mais da remasterização pra se ouvir no cinema. Tecnicamente ela é impecável, o som está cristalino, dá pra ouvir bem o baixo, o vocal parece que Paul está na sua frente, mas artisticamente a mixagem é pobre, pois se limita a botar todos os sons na frente e nos canais restantes só o barulho (chato) da platéia! Ora, utilizar o PODER de som de um CINEMA, com a imersão que ele proporciona, pra simular APENAS o som de uma platéia é muita pobreza de espírito! Eu queria ter uma experiência que o show ao vivo de Paul não proporciona, que seria justamente a idéia de estar lado a lado com a banda ali no palco, cercado pelo som. De resto o show tem um monte de músicas menos conhecidas, muitos sucessos nem tinham sido compostos ainda, então vale mais pra quem é fã obcecado de Paul que conhece tudo e vai curtir.
Richard Linklater nos passa a impressão de levar seus filmes adiante através de situações banais e diálogos nada a ver. Mas isso está longe de ser verdade, pois o que vemos PRINCIPALMENTE neste terceiro filme é uma obra que foi planejada meticulosamente diálogo por diálogo, acontecimento por acontecimento, de uma forma tal que ao final do filme você pode sair juntando as pecinhas (cenas) do quebra-cabeça e formando um grande quadro subjetivo (arco) desses dois personagens. Confesso que fiquei com medo no começo, em toda aquela conversa dentro do carro, de que o filme fosse apenas uma desculpa pra juntar os dois e mostrar uma longa dinâmica de relacionamento deles só pra satisfazer os fãs. Mas Linklater não desapontou quem gosta de Waking Life e nos legou um mapa filosófico da alma de um casal. A relação feminino/masculino e marido/mulher está ali, escancarada, aberta para análise e reflexão, como a caixa-preta de um acidente de avião cujos dados são recuperados e jogados pra platéia decidir. Não há julgamentos e respostas prontas: há erros e acertos, caminhos e possibilidades. A escolha da Grécia, embora apareça pouco como cenário, nos remete ao drama grego, à Tragédia (palavra grega que significa "canto do bode", e não à toa aparece um bode no meio de uma conversa dos dois, numa cena divertidíssima).
Há uma cena fantástica que ilustra a técnica de esconder grandes significados dentro de diálogos e cenas banais, que é quando Celine diz temer uma tragédia (sem especificar nada) e, enquanto isso, Ariadni corta um tomate. Ora, tomate na frança (terra de Celine) é conhecido como "Pomme d’amour", ou "maçã do amor", por crerem que o tomate era afodisíaco. Visualmente esse amor, esse "círculo" vermelho sendo dividido em dois está nos passando a mensagem de separação, e até aquele momento a platéia ainda não sabe da gravidade do problema dos dois. Todas as conversas antes e depois disso vão preparando terreno subconscientemente para que a platéia vá se preparando pro climax, vá assimilando que tudo tem um fim. Até mesmo a idealização do casal perfeito e apaixonado que nutrimos com tanto carinho nos dois filmes anteriores. O efeito disso é arrasador, quando o momento do quarto do hotel chega. Felizmente o diretor acertou ao não incluir muito a dinâmica com os filhos (pode ficar pro próximo), mas eles estão indiretamente presentes no "peso" que ficou nas costas de Celine e como isso impactou em todo o relacionamento.
Enfim, este filme será melhor apreciado por quem está casado e já passou por alguma crise, pois tem coisas ali na atuação dos dois que são GENIAIS, impecáveis! O gestual, os olhares de Celine, a dinâmica da movimentação do corpo dos dois, a frustração contida de Jesse, enfim, a sutileza e cuidado que foi investido nas cenas dá a impressão de que ou a coisa toda foi ensaiada exaustivamente até ficar orgânica e natural ou os dois são, em algum nível, casados de verdade e conseguem se comunicar em níveis que transcendem a mera representação.
Um belo roteiro pra prestigiar os 50 anos de James Bond. Na primeira metade ilustra as mudanças pela qual o mundo passou e faz até uma paródia com o "velho" Bond, mas na segunda metade vemos o legado ser valorizado e preservado com dignidade.
Piaf - Um Hino ao Amor
4.3 1,1K Assista AgoraUm filme intenso, intercalando tristeza e sucesso em doses homeopáticas, talvez pra não deprimir demais a platéia. Mas o recurso de cortar bastante pra momentos diversos da vida dela, apesar de tornar a história mais interessante ou palatável, não ajuda muito na narrativa, que fica um pouco confusa às vezes. Há tantos homens na vida de Piaf que não conseguimos identificar bem todos, mas talvez seja proposital, já que Edith só amou de fato um homem, e esse é bem marcante, tanto no filme como na vida dela.
O que dizer da atuação da Marion Cottilard, que eu mal conheço e já admiro tanto? Em nada lembra os papéis de femme fatalle de Inception e Batman, e embora a verdadeira Edith Piaf conseguisse seduzir os homens que quisesse apesar de não ser bonita, no filme ela está representando claramente uma personagem fragil, inconsequente, quebrada pela vida, e sempre com o olhar assustado de uma menina. E isso foi claramente intencional, haja visto o título original do filme (La Môme - A Menina). Esse é um papel de ouro pra qualquer atriz, com uma gama de emoções que vai da "felicidade" ébria desmesurada à tristeza mais profunda, isso em todas as idades. Marion estava às vezes irreconhecível, não por conta da maquiagem, mas da performance. Às vezes lembrava o olhar de cachorro que cai do caminhão de mudança, como a Amélie Poulain, às vezes soava irritante com seus desmandos e chatices com subordinados e amigos, e demonstra um contraste fantástico e dominio do personagem ao se portar como uma diva no palco e, ao sair dele, voltar à uma postura curvada e um andar meio desengonçado, insegura. Não acredito que nenhum detalhe desse filme tenha sido por acidente, ou por má direção.
O filme se beneficiaria bem se fosse mais longo, um pouco mais aprofundado (Charles Aznavour foi cortado inteiramente, e ele foi revelado por ela), mas ainda assim é um bom filme.
Diplomacia
3.7 22 Assista AgoraFilme baseado em fatos reais, e derivado de uma peça de teatro. Você sabe que o filme é bom quando você já sabe o final e mesmo assim fica tenso, esperando pra ver o que acontece.
O fato é que Paris esteve a um homem de distância de ser completamente destruída. O mundo agradece ao general von Choltitz.
A Estrada
3.6 1,3K Assista AgoraUm filme pós-apocaliptico em modo hard. Faz The Walking Dead parecer um conto de fadas.
Um dos filmes mais corajosos que já vi, sem concessões à platéia. Atuações marcantes de Viggo "The King" Mortensen, Charlize Theron e uma participação especialíssima de Robert Duvall mitando como o velho. O tom de voz nesse filme é tudo. Passa desesperança, desespero, aceitação, decepção, tudo sem overeacting, o que é revigorante. Com tudo isso, não é de se espantar que passou despercebido. Filmes assim não trazem platéia ao cinema, mas têm portencial pra se tornar cult.
A Pequena Loja de Suicídios
3.7 774Muito bom ver um filme sem aquele politicamente correto dos EUA ou do Brasil. Tem um monte de cenas "ofensivas" à sensibilidade, mas trata do assunto de forma direta e sem condescendência.
O final é feliz e traz uma liçãozinha de moral, mas não se deve esperar mesmo um filme incentivando os suicídios, não é mesmo?
Supercondríaco
3.5 18Os filmes de Dany Boon têm sido o melhor da comédia francesa. A fórmula é uma história simples, um personagem normal numa situação completamente bizarra e um outro personagem caótico. Isso funcionou maravilhosamente bem com o filme dele de 2008 (Bienvenue Chez les Ch'tis, ou "A Riviera Não é Aqui", filme que tornou-se em sua época a produção francesa mais assistida de toda a história) e funciona aqui também.
No Limite do Amanhã
3.8 1,5K Assista AgoraNo limite do amanhã (Edge of Tomorrow): Filmaço do Tom Cruise! Uma mistura de O dia da marmota com Mechawarrior, Aliens e uma pitada de missão impossível e bum, temos um filme FINALMENTE com um bom roteiro e um final não tão previsível, o que é refrescante.
Bastante humor negro, relacionamento homem x mulher típico dos Animes (a história é baseada num manga de Hiroshi Sakurazaka), com uma personagem feminina forte e decidida, e o diretor está de parabéns por não precisar apelar pra um romance fácil.
Só senti falta de uma melhor trilha sonora, e a adição de um bom rock ajudaria e muito nas batalhas.
Wolverine: Imortal
3.2 2,2K Assista AgoraO que dizer desse filme que mal vi e já odeio pacas?
A coisa até começa bem, chega bem ao Japão, mas quando surgem os ninjas... pelamordedeus, faz Jiraia parecer um filme de Kurosawa em comparação! Por que tanta palhaçada num filme cujo público-alvo não era crianças de 13 anos?? Deu vergonha alheia de Hugh Jackman, coitado!
Capitão Harlock: Pirata do Espaço
3.4 47Após ver esse filme, James Cameron comentou: "Esse filme nasceu lendário. É um filme que o mundo jamais viu."
Acho um pouco exagerado, mas sei o porque da empolgação de James Cameron: Space Pirate Captain Harlock é um sucessor dos visuais fantásticos de Avatar. O CG aqui é belíssimo, próximo da perfeição, e visualmente muito bem dirigido. O visual faz um uso racional do lens flare (sim, Michael Bay e JJ Abrahams, estou olhando pra vocês) e manda a física no espaço pastar enquanto homenageia as cenas de batalhas espaciais que imitam batalhas navais não só do anime original como de Yamato (Patrulha estrelar). Outra coisa que deve ter deixado Cameron salivando são o desenho das máquinas: simplesmente geniais, lindos e funcionais, parece algo saído do gênio de Syd Mead. O cenário do edifício da coorporação Gaia Coalition? Meu Deus, aquilo dá uma surra em qualquer cenário das novas prequels de Star Wars! Aquilo parece REAL!
Então vem a história, que não é ruim... é apenas algo bem japonês, com personagens que não são nem bons nem maus, com muito sacrifício pela honra e coisas assim. Ainda assim consegue ter um roteiro infinitamente superior e mais agradável de assistir que a adaptação de Yamato.
PS: A tradução caseira em português (baseada numa mal-feita em inglês) não está boa e não dá pra entender a história por ela. Apenas um release em inglês está com a tradução boa.
O Hobbit: A Desolação de Smaug
4.0 2,5K Assista AgoraO Hobbit: A desolação de Smaug. Mais uma bomba de Peter Jackson, que depois do terceiro Senhor dos Anéis resolveu que iria dedicar a vida a destruir a obra que ele mesmo ajudou a consagrar.
Ainda bem que não fui ao cinema ver isso, ou teria ficado muito P da vida. Ainda assim nem tudo foi perdido. Existem dois filmes do Hobbit dentro nesse episódio: um que é baseado na obra de Tolkien, e outro que Peter Jackson escreveu junto com a esposa e Guillermo del Toro. O primeiro começa na marca de 1h de filme. É a chegada dos anões à cidade do lago. Boas atuações, cenários de verdade, um mundo crível e ainda assim cheio de mistério, como um bom RPG. Há suspense, tensão, reviravoltas, Peter Jackson até me lembrou o diretor da primeira trilogia! E o melhor: tudo muito bem adaptado do livro. Essa parte dura exatamente 1 hora.
O problema é que o filme tem 2:40, e essa 1:40 adicional é uma tortura brutal, uma encheção de linguiça, uma masturbação com a obra de Tolkien que não chega nem sequer a ser uma homenagem, e lembra mais um filme ruim dos anos 80 com uma fotografia que mostra claramente que eles estão em estúdio (como no primeiro O Hobbit), mostrando cenários sem sombras, uma fotografia pobre, sem arte, sem contraste, sem carinho. A mesma coisa com os efeitos visuais: parecem mais datados do que o do primeiro Senhor dos Anéis, que foi feito 13 anos atrás! Aliás, o framboesa de ouro devia ter um prêmio de piores efeitos visuais! Esse filme ganharia fácil!
As cenas com Gandalf... oh, meu Deus. Pegaram tudo o que o Gandalf tinha de bom nos primeiros filmes e resolveram explorá-lo no roteiro inventado pelo Peter Jackson. Ele achou que bastava dar um close na cara dele preocupado e falar qualquer coisa com gravidade que bastaria pra os fãs pirarem e fazerem Memes e gritarem nas Comic Cons da vida. Jackson destruiu o personagem de Gandalf. Parabéns! nem o Balrog conseguiu isso!
Em algum lugar do Valhala, JRR Tolkien deve estar chorando em posição fetal.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraVi esse filme menos de 24h após "This is the end", uma comédia do Seth Rogen, e não pude deixar de notar as semelhanças das festas regadas a drogas, a celebração do grotesco, do selvagem, do estar no limite no mundo dos "poderosos", e pqp, o Martin Scorsese com 70 anos consegue botar na tela uma coisa muito mais moderna, visceral, intensa e (por que não) divertida retratando algo dos anos 80 do que o jovem Seth com sua tonelada de celebridades contemporâneas e um público-alvo que é da idade dele. Scorsese está "on fire", assim como DiCaprio, na atuação da sua vida. Sério, DiCaprio já não tem que provar nem surpreender mais ninguém, todo mundo sabe que o cara é bom, mas aqui ele tem um papel que é o sonho de qualquer ator, e ele deita e rola em praticamente todos os níveis de atuação que se pode ser possível, até mesmo com paralisia cerebral (!). Se esse cara não ganhar um Oscar com isso vai ser uma daquelas vergonhas de se mencionar todas as vezes que falarem do DiCaprio ("sabe aquele Oscar que não deram a ele em 2014?"). O cara é um perfeito evangelista, e creio que poucos atores teriam carisma pra retratar tão bem um cara desprezível mas que você ainda torce por ele não importa o que (só consigo pensar em Al Pacino e o Loki). DiCaprio despeja aqui todos os pontos de carisma que ele acumulou na carreira, perde um monte mas ainda se sai com alguns sobrando com a platéia depois de todas as m@(&$ que o personagem faz em um único filme (até mesmo com uma vela!). Wow!
É um filme um pouco longo, a primeira metade fica um pouco comprometida pela edição, mas a segunda metade é frenética, um verdadeiro show.
É sempre bom ver um grande diretor entregando algo à altura de sua fama. Woody Allen conseguiu fazer um autêntico "Woody Allen" com seu Blue Jasmine, mas isso não repercute tanto na linguagem cinematográfica quanto um Martin Scorsese fazer um autêntico "Scorsese" porque pra isso o cara tem que chutar bundas, causar uma pequena revolução, deixar a platéia de boca aberta como em "Os Bons Companheiros", e acho que aqui ele conseguiu isso novamente. Só não ganha Oscar porque Cuarón e seu "Gravidade" causou uma grande revolução na arte de dirigir e isso não pode passar em branco pra Academia.
Jogos Vorazes: Em Chamas
4.0 3,3K Assista AgoraE temos aqui o Cavaleiro das Trevas dos Jogos Vorazes. Conseguiu redefinir a franquia, elevar o primeiro filme e tornar os personagens críveis e tridimensionais. Parabéns, Francis Lawrence.
Elysium
3.3 2,0K Assista AgoraPremissa interessante com roteiro fraquíssimo. Uma pena mesmo... não existe uma única motivação para a Jodie Foster atuar, mais rasa que um pires, e simplesmente não dá pra entender que o povo de Elysium se submete a ser invadido quando seria muito mais simples dar uma p#(*$r@ de uma mesa daquelas (uma só) pra Los Angeles e tava resolvido todos os problemas de roteiro do filme todo.
É o Fim
3.0 2,0K Assista AgoraPodia ser só mais um filme descartável no estilo Pânico, mas tem UMA cena que é uma das melhores piadas dos últimos anos, com a Emma Watson, que faz valer a pena todo o filme.
Rush: No Limite da Emoção
4.2 1,3K Assista AgoraComo os críticos já tinham dito, é a história de dois homens se enfrentando, se arriscando, se respeitando e descobrindo seus limites. Mais do que uma história de F1. No começo estranhei a abordagem de quase não mostrar pra platéia o que acontece na corrida, sempre meio borrado, do ponto de vista dos pilotos ou de quem está do lado da pista, mas isso ficou bem claro durante o filme: é mesmo um filme DELES, do ponto de vista DELES, então as corridas são bem viscerais. O momento da corrida em Suzuka, na chuva torrencial, caramba eu me identifiquei plenamente! Já corri duas vezes de kart na chuva e a experiência subjetiva que ficou pra mim é aquela! O diretor já correu na chuva também, só pode!
Os atores são quase cópias-carbono dos pilotos, e a atuação de Daniel Bruhl é, mais uma vez, fantástica!
James Horner fez uma trilha muito irada, e fico aqui pensando por que raios ele não fez uma dessas pra Superman ou Homem Aranha.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraGravity só não é o filme do ano pra mim por conta de uma predileção por robôs gigantes e monstros de borracha, mas posso dizer com certeza que é o espetáculo do ano, que DEVE ser apreciado na maior e melhor sala de cinema disponível (sim, IMAX 3D, estou falando de você, sua linda). Por isso corra ao IMAX mais próximo, pois amanhã esta obra-prima do entretenimento será substituída pelo filme do Thor.
Gravity é imperdível pro amante do cinema, e representa um novo respiro de Hollywood no sentido da criatividade, da renovação, que chega com um diretor mexicano (Alfonso Cuáron). Não por acaso o meu filme do ano, Pacific Rim (Círculo de Fogo), também é dirigido por um mexicano (Guillermo del Toro). Alfonso teve a honra de ser o primeiro diretor a utilizar o 3D num filme como uma linguagem orgânica, e não só como um recurso técnico extra. Avatar foi um belíssimo filme que deve ser visto em 3D, mas que funciona perfeitamente em 2D e não perde em nada na sua comunicação. Mas dificilmente você experienciará Gravity de uma maneira satisfatória sem o uso de 3D. Isso porque no espaço você (assim como os personagem) precisa de referências do que está acima, abaixo, à esquerda, e essas referências mudam o tempo todo porque tudo gira o tempo todo. E por falar em girar o balé que a câmera faz é simplesmente impressionante! Alfonso é conhecido por seus plano-sequência de matar, como em "Filhos da Esperança", mas aqui a liberdade criativa atinge novos patamares, pois não só a câmera é livre como os personagens são livres no espaço! Se você aprecia fotografia vai ficar o tempo todo no modo "wow", pois a composição do diretor de fotografia Emmanuel Lubezki (o mesmo de "Árvore de Vida") é coisa de Mestre (até porque ele teve controle absoluto do visual porque é tudo computação gráfica, mas tão perfeito que não parece). Ele e Cuarón conseguem, num ambiente sempre em movimento, direcionar o olhar do espectador de modo a não nos deixar confusos ou enjoados, e enquadrar tudo de forma lógica e precisa, sem precisar de diálogos pra explicar o que está ocorrendo.
Há cenas que nos fazem prender a respiração junto com o personagem. Há cenas que nos fazem entortar na cadeira de agonia. Há cenas que nos fazem desviar a cabeça dos destroços. É uma montanha russa de emoções esse filme!
Em alguns momentos você se sente como um astronauta ao lado dos personagens, e em outros como o PRÓPRIO personagem, em primeira pessoa. Algumas cenas ficarão queimadas em sua retina de tão belas, como a desoladora escuridão do espaço sideral e ao centro da tela uma sombra humana (em 3D e no IMAX é que a cena adquire sua verdadeira dimensão e proporção).
Os agradecimentos nos créditos finais do filme vão para Guillermo Del Toro, James Cameron e David Fincher. E parece que Cuarón conseguiu incorporar no seu filme o melhor desses diretores. Só monstros da arte do entretenimento.
Atenção que os parágrafos abaixo conterão spoilers (informações do filme):
Outra cena belíssima tem a ver com o processo de renascimento da protagonista. Uma personagem que se desgostou da vida e que "foge" do mundo precisa reaprender a valorizar a vida e voltar à Terra (metafórica e fisicamente). Quando ela adentra a estação abandonada e tira o traje espacial essa é uma cena que remete primeiro a "Alien" (Sandra Bullock em ótima forma) e depois a "2001: Uma odisséia no espaço", quando ela assume a forma de um feto, com a janela e os tubos formando um útero e cordão umbilical. Faltam adjetivos pra essa cena, sério!
Depois temos as interações com os elementos: fogo (na estação, na reentrada), água (na chegada), ar (cápsula tentando sair do para-quedas, na saída da água), e terra (final do filme).
A cena final (onde a personagem deixa pra trás a pesada tecnologia que a arrasta pro fundo) simboliza o renascimento não só da personagem como também a evolução da vida da Terra, que nasce do plâncton marinho (que não está na cena por acaso), sai das águas e respira, depois se arrasta pela terra e, por fim, se põe de pé. Ou como um bebê que engatinha pra depois aprender a andar. Só esse final já poderia botar o filme na história da ficção científica, pois ele é a síntese da beleza filosófica aliada à ciência (os astronautas não conseguem sustentar o peso do próprio corpo por causa do tempo que passam sem gravidade).
O Homem de Aço
3.6 3,9K Assista AgoraÉ o filme mais decepcionante do ano até agora. Uma pena. Decepção nem tanto por ser um filme ruim, mas porque eu tinha altas expectativas tanto por Christopher Nolan quanto por Zack Snider.
Superman voa graciosamente como um gorila. Gorilas, como vocês sabem, não voam. Mas podem ser arremessados por um canhão. Pronto, este é o Superman de Zack/Nolan. O irônico é que essa técnica de simular um homem voando através de um boneco sendo jogado por um canhão de ar comprimido foi testada para o filme Superman, de 1978. Mas foi descartada em favor do requinte que era botar um ser humano de verdade pra voar por cabos. Depois de décadas de evolução dos efeitos visuais, o que temos hoje é um borrão vermelho passando na tela em cenas desfocadas e tremidas que parecem as cenas descartadas do boneco sendo jogado de canhão, e onde, nas raras vezes em que o personagem entra em foco, ainda assim se parece com um boneco em CGI.
Acho que não superei a decepção dessa cena do vôo e acabei contaminando toda a experiência de ver o filme. Mas o fato é que também não me empolguei com a briga com Zod e seus capangas. Não troco 1 minuto de porrada do Superman II pelo combate inteiro de Homem de Aço. A tela azul fica aparente quando chegam perto dos atores, e os bonequinhos em CGI brigando em supervelocidade também são perceptíveis. Culpa da WETA digital, que parece que dormiu no ponto depois do maravilhoso trabalho em Distrito 9.
Poderia culpar também o diretor de fotografia, porque, além daquela roupa não estar bem fotografada (a não ser na cena em que ele sai vestido com o uniforme pela primeira vez) os enquadramentos dos combates não têm nada de cinematográfico, nem na profundidade de campo, nem nas cores, nada. Pra terem uma idéia eu me empolguei mais no trailer de Battlefield 4 (que também mostra a destruição de uma metrópole) do que com todas a cenas do combate final.
E outra coisa que falaram bastante foi que, do jeito que o filme é conduzido, nem nos importamos com os personagens secundários, quiçá com o destino da população de Metrópolis
(que foi dizimada, diga-se de passagem)
lá na cena da Igreja. O "sacrifício" que ele faz pela humanidade, que poderia ser mais dramático, foi só uma desculpinha pra tirar o sangue dele e pronto, vamos em frente com a história
co-responsabilizá-lo por aquela chacina em Metrópolis
E o Zack Snider? O uso dele de lens flare é IRRITANTE, parece até um filme do JJ Abrahams. E ele ainda combina isso com a câmera com Mal de Parkinson, totalmente gratuita, como na cena em que um Clark pequeno está conversando com o pai, numa fazenda bucólica, sem tensão alguma, e a câmera lá, nervosa e tremendo parecendo que está filmando de dentro de um presídio, ou andando pela 5ª avenida. De tão datado e corrompido pela estética de seriado de TV dos anos 2000, esse filme não sobrevive 10 anos sem virar uma piada visual tipo o filme "Warriors", ou "O último dragão".
Uma pena.
Krypton é uma mistura sem graça da Marte de John Carter com Duna. Nada da beleza REALMENTE alienígena (pra nós) de uma civilização milhões de anos à frente da nossa. Perde-se tanto tempo tentando explicar os detalhes de como as coisas funcionam e o maquinário de lá que sobra quase nada pra contar a história com o ritmo direito.
Dá a impressão de que baniram Zod pra outra dimensão (congelado numa p**ca gigante) e segundos depois Krypton explodiu, o que nos faz pensar na idiotice da coisa: era pra terem deixado Zod em Krypton e O CONSELHO ter fugido da morte CERTA indo pra Zona Fantasma! Ah, e que negócio é esse dos terraformadores estarem um de cada lado do planeta Terra e nos dois lugares estar ensolarado??!!!
Enfim, o filme não funciona em muitos níveis, não é épico, não é elegante, ou devo admitir que não é pra minha geração. Me senti como numa festa onde só tocaram músicas da última década (de Justin Bieber pra pior) e não tinha comida, só bebida.
O Último Dragão
3.5 159 Assista AgoraLeeeerooooooooyyyy!!!
Círculo de Fogo
3.8 2,6K Assista AgoraUm dos raros filmes que me fez querer assistir de novo, no mesmo dia. É uma delícia Nerd, feito com todo o carinho do mundo por Del Toro, que usou todos os clichês dos animes de forma sábia. Temos o chefe/capitão/mentor frio e motherfucker, o mocinho que precisa superar os problemas do passado, a novata Kawai que chuta traseiros (que lindinha a Rinko Kikuchi!), e o oponente do mocinho (o piloto Australiano), com direito a buldogue e tudo.
Com todos esses clichês, ele poderia facilmente se converter num subproduto chato de uma arte que só os japoneses dominam, mas Del Toro pegou tudo isso e fez um filme DELE, com os elementos DELE, numa linguagem de cinema, e não Anime. É isso que faz o filme funcionar, e principalmente o ritmo frenético emprestado ao roteiro, que já começa com a destruição dos monstros e uma breve explicação inicial.
Confesso que não gostei do trailer, não me empolgou, porque é o tipo de filme que precisa ser visto em seu ritmo natural pra ser apreciado. Os cortes dramáticos do trailer fizeram perder a grandiosidade das máquinas, que Del Toro consegue MARAVILHOSAMENTE imprimir na tela, com seus movimentos lentos, pesados, e ângulos que alternam a escala dos robôs contra o cenário e closes extremos nas partes metálicas, onde a gente aprecia os detalhes da chuva escorrendo, ou do mar batendo no metal.
Tive medo de ver em 3D, pois Del Toro fez o filme pensando apenas em 2D e NÂO QUERIA converter, até q, por imposição dele, o estúdio aceitou refazer todos os efeitos visuais nativamente em 3D, e Del Toro supervisionou tudo pra garantir que o efeito estereoscópico não desse a ilusão de "bonequinhos" andando em miniaturas. O resultado final é SOBERBO, pois John Knoll, o supervisor de efeitos visuais (e um dos criadores do Photoshop), usou uma abordagem de não destacar os robôs como criaturas 3D, e sim o que salta à tela são partículas de chuva, destroços e faíscas. Somente nos closes é que vemos um braço mais à frente, ou um pedaço da lataria destacado em 3D. De resto foi impresso bastante profundidade, em vez de personagens "recortados", e isso torna o filme um dos melhores usos 3D depois de Avatar e Titanic. A cena do robô jogado na ponte em 3D é de TIRAR O FÔLEGO! E por falar em cenas assim, o filme tem várias! Me controlei pra não aplaudir várias vezes, e vi gente perto de mim também aplaudindo discretamente. É filme pra ver com a galera e urrar de alegria, e se divertir horrores. É o filme pra agradar sua criança de 12 anos interior, aquela que cresceu vendo Voltron, Transformers, Gigante guerreiro Daileon, Changeman, Spectreman, etc.
Até mesmo uma coisa que me incomodou no roteiro,
a tal da espada que corta Kaijus como manteiga
o robô precisar bater bem muito no monstro, ou apanhar horrores, e só depois usar a tal espada que, em um único golpe, o destrói!
Sempre me interessei por design e sempre tive admiração pelo lindo design industrial dos robôs japoneses, armaduras e etc. E ver os robôs/tripulação de cada país foi um verdadeiro orgasmo nerd pra mim, onde vibrei com o design "bruto" do robô russo, da maquinaria interna e da armadura da tripulação (sem falar no estereótipo físico!) e das formas suaves do robô chinês (e da filosofia de usar três tripulantes, ao invés de dois).
Enfim, um filmaço que merece ser visto na maior tela possível!
Apenas Deus Perdoa
3.0 632 Assista AgoraUma das mais lindas fotografias (em termos de iluminação e cor) que o cinema já fez (mesmo sendo tudo artificial, mas a Tailândia favorece o uso intenso de cor e neon e coisas piscando), cruela cruel e um policial bad-ass motherfucker. É tudo o que esse filme tem. O personagem de Gosling poderia ser retirado do filme que não faria falta a narrativa. Gosling, aliás, continua catatônico como em Driver, alternando com momentos de explosão. Poderia ter se distanciado disso. O diretor resolveu homenagear Alejandro Jodorowsky e encheu o filme de alucinações que, sinceramente, não complementam em nada o filme. Tivesse mantido a edição do filme de forma tradicional e seca, privilegiando o ritmo, e o resultado seria um belo thriller.
Drive
3.9 3,5K Assista AgoraEsse filme é uma homenagem ao cinema dos anos 80 desde os primeiros frames. Fonte rosa de "um tira na pesada", trilha sonora com tecladinhos, cenas longas, num ritmo mais lento, personagens sem muita explicação, peitinhos e sangue gratuitos. Enfim, quem viveu os anos 80 vai amar a homenagem. Mas isso não quer dizer que o filme seja BOM. Ele é legal. As cenas de perseguição são muito boas, e o que mais chama a atenção é a atuação do Ryan Gosling: o cara é perturbado, Ponto. O olhar, a falta de expressão, o risinho estranho, tudo isso compõe o personagem lindamente e nos faz querer entendê-lo. Esse personagem é a melhor coisa do filme.
Rockshow
4.6 4Eu confesso que esperava um pouco mais da remasterização pra se ouvir no cinema. Tecnicamente ela é impecável, o som está cristalino, dá pra ouvir bem o baixo, o vocal parece que Paul está na sua frente, mas artisticamente a mixagem é pobre, pois se limita a botar todos os sons na frente e nos canais restantes só o barulho (chato) da platéia! Ora, utilizar o PODER de som de um CINEMA, com a imersão que ele proporciona, pra simular APENAS o som de uma platéia é muita pobreza de espírito! Eu queria ter uma experiência que o show ao vivo de Paul não proporciona, que seria justamente a idéia de estar lado a lado com a banda ali no palco, cercado pelo som.
De resto o show tem um monte de músicas menos conhecidas, muitos sucessos nem tinham sido compostos ainda, então vale mais pra quem é fã obcecado de Paul que conhece tudo e vai curtir.
Antes da Meia-Noite
4.2 1,5K Assista AgoraRichard Linklater nos passa a impressão de levar seus filmes adiante através de situações banais e diálogos nada a ver. Mas isso está longe de ser verdade, pois o que vemos PRINCIPALMENTE neste terceiro filme é uma obra que foi planejada meticulosamente diálogo por diálogo, acontecimento por acontecimento, de uma forma tal que ao final do filme você pode sair juntando as pecinhas (cenas) do quebra-cabeça e formando um grande quadro subjetivo (arco) desses dois personagens.
Confesso que fiquei com medo no começo, em toda aquela conversa dentro do carro, de que o filme fosse apenas uma desculpa pra juntar os dois e mostrar uma longa dinâmica de relacionamento deles só pra satisfazer os fãs. Mas Linklater não desapontou quem gosta de Waking Life e nos legou um mapa filosófico da alma de um casal. A relação feminino/masculino e marido/mulher está ali, escancarada, aberta para análise e reflexão, como a caixa-preta de um acidente de avião cujos dados são recuperados e jogados pra platéia decidir. Não há julgamentos e respostas prontas: há erros e acertos, caminhos e possibilidades.
A escolha da Grécia, embora apareça pouco como cenário, nos remete ao drama grego, à Tragédia (palavra grega que significa "canto do bode", e não à toa aparece um bode no meio de uma conversa dos dois, numa cena divertidíssima).
Há uma cena fantástica que ilustra a técnica de esconder grandes significados dentro de diálogos e cenas banais, que é quando Celine diz temer uma tragédia (sem especificar nada) e, enquanto isso, Ariadni corta um tomate. Ora, tomate na frança (terra de Celine) é conhecido como "Pomme d’amour", ou "maçã do amor", por crerem que o tomate era afodisíaco. Visualmente esse amor, esse "círculo" vermelho sendo dividido em dois está nos passando a mensagem de separação, e até aquele momento a platéia ainda não sabe da gravidade do problema dos dois. Todas as conversas antes e depois disso vão preparando terreno subconscientemente para que a platéia vá se preparando pro climax, vá assimilando que tudo tem um fim. Até mesmo a idealização do casal perfeito e apaixonado que nutrimos com tanto carinho nos dois filmes anteriores. O efeito disso é arrasador, quando o momento do quarto do hotel chega.
Felizmente o diretor acertou ao não incluir muito a dinâmica com os filhos (pode ficar pro próximo), mas eles estão indiretamente presentes no "peso" que ficou nas costas de Celine e como isso impactou em todo o relacionamento.
Enfim, este filme será melhor apreciado por quem está casado e já passou por alguma crise, pois tem coisas ali na atuação dos dois que são GENIAIS, impecáveis! O gestual, os olhares de Celine, a dinâmica da movimentação do corpo dos dois, a frustração contida de Jesse, enfim, a sutileza e cuidado que foi investido nas cenas dá a impressão de que ou a coisa toda foi ensaiada exaustivamente até ficar orgânica e natural ou os dois são, em algum nível, casados de verdade e conseguem se comunicar em níveis que transcendem a mera representação.
O Espetacular Homem-Aranha
3.4 4,9K Assista AgoraSpiderman meets Twilight.
007: Operação Skyfall
3.9 2,5K Assista AgoraUm belo roteiro pra prestigiar os 50 anos de James Bond. Na primeira metade ilustra as mudanças pela qual o mundo passou e faz até uma paródia com o "velho" Bond, mas na segunda metade vemos o legado ser valorizado e preservado com dignidade.