Para os aficcionados por X-Men a última oportunidade para o deleite cinematográfico é X-Men Primiera Classe. Para os que estão interessados excluxivamente nas últimas novidades do cinema iraniano ou argentino, não é preciso dizer que se trata de entretenimento para o grande público. Mas devemos lembrar que mesmo, e principalmente, a oferta massiva da sétima arte está repleta de questões do nosso tempo cuja análise é bem vinda.
Li, não me lembro onde nem quando, que X-Men consegue ser mais plausível que qualquer grupo ou super-herói individual. Isso pelo fato de haver muito mais identificação com as pessoas de carne e osso. Pessoas discriminadas, à margem da sociedade, porém, com habilidades especiais têm muito mais apelo que os heróis altruístas ou os fantasiados que perseguem criminosos por terem sido privados dramaticamente do convívio de um ou mais familiares por bandidos. É o caso dos piegas Batman e Homem Aranha (sem querer ofender seus fãs).
Não faço ideia se Stan Lee, que costuma aparecer de forma bastante pontual nos filmes dos outros personargens da Marvel (Homem de Ferro, Thor), se deu por conta desse potencial quando criou os primeiros personagens de X-Men na década de 1960. O fato é que seus mutantes tocam na questão da alteridade, além de serem os mocinhos, são peludos, deformados, órfãos e seguidores de um cadeirante. No mundo ocidental, que não respondeu à questão de como conviver com o diferente, ou oque é considerado como fora dos padrões normais, tais personagens podem bem representar os anseios de deficientes físicos, negros, obesos e homossexuais.
Como nos dias atuais também é moda imbricar fatos históricos e ficção e em algumas searas acadêmicas o fctício nem é tão diferenciado do que é real, X-Men Primeira Classe é ambientado no período da Crise dos Mísseis em plena Guerra Fria e faz menções ao holocausto judeu. Além da dicotomia entre “mundo livre”, termo caro ao cinema estadunidense da segunda metade do século XX, e bloco soviético, tem-se o conflito entre mutantes e humanos. Na realidade, porém, a Guerra Fria faz parte da dimensão do passado, o holocausto também, mas o preconceito é tema atual.
O passado, por sua vez, não está fora do real, se faz presente como a melhor ferramenta para moldar as conciências. Ferramenta essa que é bem utilizada pelo cinema estadunidense, que raramente lembra que, os judeus vítimas do holocausto se converteram em algozes dos palestinos. Criaram o Estado artificial de Israel numa região cercada por árabes. Israel historicamente sempre teve apoio dos Estados Unidos, país hegemônico no concerto das nações, que vez por outra se manisfesta favorável por uma conciliação entre árabes e israelenses, mas têm nos árabes seu antípoda atual desde 11 de setembro de 2001. Já os antípodas de outrora, os soviéticos, são retratados em X-Men Primeira Classe como facilmente corruptíveis e manipuláveis.
A hecatombe nuclear maior temor do período da Guerra Fria não se concretizou. A bipolaridade EUA versus URSS deixou lugar para outras questões. A evocação do perigo nuclear faz lembrar que esse ainda existe e imbricado com as questões ambientais. Para além do temor de que os iranianos construam artefatos bélicos de urânio enriquecido, no Japão a tragédia nuclear da usina de Fukushima foi desencadeada por eventos naturais. Tanto a rivalidade entre as principais potências da Guerra Fria como a incompetência em nível global de refrear a devastação ambiental que causa sérios desequilíbrios no sistema planetário fazem notar a falta de sabedoria da humanidade.
Metaforicamente os mutantes podem bem representar uma ância de destruição contida nos humanos, a única que espécie do planeta que ao longo de sua existência construiu sociedades complexas, porém essa complexidade pode significar seu próprio fim. Se a ficção sempre copia a realidade também ajuda a construí-la. Em X-Men, nações se digladiam e pessoas não aceitam o que é diferente. Pode bem fazer refletir sobre os dilemas que estamos enfrentando no correr do século XXI.
AS MÃES DE CHICO XAVIER Entre jornalistas e a verdade
Por José Alexandre da Silva em 5/4/2011
No último 1º de abril, entrou em cartaz mais um filme sobre Chico Xavier. Desta vez, com o foco principal sobre mães que perderam prematuramente seus filhos. O filme é ocasionado pelas comemorações do centenário do famoso médium brasileiro. No bojo dessas comemorações também estão Chico Xavier – o filme, de Daniel Filho, assistido por 3,4 milhões de espectadores e também exibido na Rede Globo como minissérie, e Nosso lar, de Wagner de Assis. No que tange às novelas, a Rede Globo reprisou em 2010 Alma Gêmea e produziu Escrito nas Estrelas. Um personagem de As mães de Chico Xavier nos chamou atenção em especial.
Na trama, o jornalista Karl, Caio Blat, é designado por seu chefe Mário, Herson Capri, para realizar uma reportagem sobre o afamado médium Chico Xavier. Ambos sabem de Chico apenas o que ouviram falar de seus feitos, porém são céticos. Mário informa que o homem lá de cima (o dono da emissora?) está interessado em Chico e Karl pergunta algo do tipo: que resultado tem que ter essa pauta? (ou, poderíamos dizer, como Chico deve ser visto). Mário responde a verdade. Uma resposta que causa surpresa no jovem jornalista: é tão difícil buscar a verdade nessa profissão! Karl encontra abertura por parte de Chico, mesmo com as experiências negativas que esse parece ter tido.
Em Chico Xavier - o filme, dois jornalistas também se aproximam de Chico: Ângelo Antônio, com o intuito de escrever uma história. Alegam serem estrangeiros e conseguem ludibriar o médium, com sucesso. Este é alertado por seu guia que atribui à vaidade de Chico que tenha acreditado em histórias da carochinha. Ainda assim, a imagem do médium mineiro não é construída como a de um larápio ou charlatão (intenção inicial dos jornalistas), pairando um clima de dúvida e indefinição na forma como foi escrita a reportagem. Episódios dessa natureza podem ter vacinado o médium e aqueles que estavam em seu entorno a respeito de jornalistas.
A ficção, a realidade e a verdade
No caso de Karl, apesar do seu ceticismo, é um jornalista com uma postura diferente da dos mencionados acima. Tinha uma impressão inicial, mas não se aferrou a essa como convicção para mostrar a história que queria. Sondou as pessoas locais, pediu permissão ao próprio Chico para filmar suas sessões e também pediu uma entrevista – que a princípio não é concedida. Recebe a sugestão do médium e a permissão de seu chefe para colher o depoimento das mães que recebem as cartas nas sessões. O resultado é que suas reportagens vão ao ar.
No filme As mães de Chico Xavier, a verdade que Karl transmite – e que considera ser algo com o que um jornalista raramente trabalha – é a de um médium com um trabalho importante e comovente. Um trabalho que comove inclusive seu chefe. Em Chico Xavier - o filme, a verdade a que os jornalistas queriam chegar é a do charlatão que enganava a população simples, porém não chegaram a essa, pois esse filme também é generoso com a imagem de Chico. Mas uma questão paira no ar: o que é essa verdade com a qual um jornalista raramente trabalha, de acordo com o personagem interpretado por Caio Blat?
Já mencionamos em outra ocasião, em artigo neste Observatório, uma entrevista com o historiador José Carlos Reis em que este afirma que verdade é um conceito que se encontra em crise. Para alguns, ela pode estar muito próxima de algo como uma ficção e para outros, de fato, pode ser atingida. O que é verdade para Karl, não o é para os jornalistas de Chico Xavier – o filme. Vivemos num momento em que a verdade é relativizada.
Ambos os filmes que comentamos tratam de um personagem que de fato existiu. O cinema trata da ficção e também trata da realidade – mesmo quando sua intenção não é fazer ficção está repleto de elementos fictícios. Pode reproduzir a realidade e na medida em que a reproduz também a reconstrói. Eis a importância de notarmos que, em As mães de Chico Xavier, os jornalistas raramente têm a oportunidade de trabalhar com a verdade, ou ao menos com o que está mais próximo dela.
A Cidade da Esperança
3.7 28Haja esperança!!!!
Capitão América: O Primeiro Vingador
3.5 3,1K Assista Agorachato como sempre!
Um Certo Capitão Rodrigo
2.9 7macanudo tche!!!!!
Terra e Liberdade
4.1 45Putz!! cinema social apela pro lado meu sentimental
X-Men: Primeira Classe
3.9 3,4K Assista Agoraterça-feira, 15 de novembro de 2011
X-Men Primiera Classe e os dilemas do século XXI
Para os aficcionados por X-Men a última oportunidade para o deleite cinematográfico é X-Men Primiera Classe. Para os que estão interessados excluxivamente nas últimas novidades do cinema iraniano ou argentino, não é preciso dizer que se trata de entretenimento para o grande público. Mas devemos lembrar que mesmo, e principalmente, a oferta massiva da sétima arte está repleta de questões do nosso tempo cuja análise é bem vinda.
Li, não me lembro onde nem quando, que X-Men consegue ser mais plausível que qualquer grupo ou super-herói individual. Isso pelo fato de haver muito mais identificação com as pessoas de carne e osso. Pessoas discriminadas, à margem da sociedade, porém, com habilidades especiais têm muito mais apelo que os heróis altruístas ou os fantasiados que perseguem criminosos por terem sido privados dramaticamente do convívio de um ou mais familiares por bandidos. É o caso dos piegas Batman e Homem Aranha (sem querer ofender seus fãs).
Não faço ideia se Stan Lee, que costuma aparecer de forma bastante pontual nos filmes dos outros personargens da Marvel (Homem de Ferro, Thor), se deu por conta desse potencial quando criou os primeiros personagens de X-Men na década de 1960. O fato é que seus mutantes tocam na questão da alteridade, além de serem os mocinhos, são peludos, deformados, órfãos e seguidores de um cadeirante. No mundo ocidental, que não respondeu à questão de como conviver com o diferente, ou oque é considerado como fora dos padrões normais, tais personagens podem bem representar os anseios de deficientes físicos, negros, obesos e homossexuais.
Como nos dias atuais também é moda imbricar fatos históricos e ficção e em algumas searas acadêmicas o fctício nem é tão diferenciado do que é real, X-Men Primeira Classe é ambientado no período da Crise dos Mísseis em plena Guerra Fria e faz menções ao holocausto judeu. Além da dicotomia entre “mundo livre”, termo caro ao cinema estadunidense da segunda metade do século XX, e bloco soviético, tem-se o conflito entre mutantes e humanos. Na realidade, porém, a Guerra Fria faz parte da dimensão do passado, o holocausto também, mas o preconceito é tema atual.
O passado, por sua vez, não está fora do real, se faz presente como a melhor ferramenta para moldar as conciências. Ferramenta essa que é bem utilizada pelo cinema estadunidense, que raramente lembra que, os judeus vítimas do holocausto se converteram em algozes dos palestinos. Criaram o Estado artificial de Israel numa região cercada por árabes. Israel historicamente sempre teve apoio dos Estados Unidos, país hegemônico no concerto das nações, que vez por outra se manisfesta favorável por uma conciliação entre árabes e israelenses, mas têm nos árabes seu antípoda atual desde 11 de setembro de 2001. Já os antípodas de outrora, os soviéticos, são retratados em X-Men Primeira Classe como facilmente corruptíveis e manipuláveis.
A hecatombe nuclear maior temor do período da Guerra Fria não se concretizou. A bipolaridade EUA versus URSS deixou lugar para outras questões. A evocação do perigo nuclear faz lembrar que esse ainda existe e imbricado com as questões ambientais. Para além do temor de que os iranianos construam artefatos bélicos de urânio enriquecido, no Japão a tragédia nuclear da usina de Fukushima foi desencadeada por eventos naturais. Tanto a rivalidade entre as principais potências da Guerra Fria como a incompetência em nível global de refrear a devastação ambiental que causa sérios desequilíbrios no sistema planetário fazem notar a falta de sabedoria da humanidade.
Metaforicamente os mutantes podem bem representar uma ância de destruição contida nos humanos, a única que espécie do planeta que ao longo de sua existência construiu sociedades complexas, porém essa complexidade pode significar seu próprio fim. Se a ficção sempre copia a realidade também ajuda a construí-la. Em X-Men, nações se digladiam e pessoas não aceitam o que é diferente. Pode bem fazer refletir sobre os dilemas que estamos enfrentando no correr do século XXI.
Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo
3.3 2,0K Assista Agoratava na cara que o ben kingsley era o vilão. pq? pq é o ben kingsley...
A Festa de Babette
4.0 243depois do banquete a aldeia continuou sem graça
Espartalhões
2.0 595 Assista Agoraàs vezes nem acredito q vi isso
X-Men: Primeira Classe
3.9 3,4K Assista Agorato em dúvida se foi o mais legal da série...
Thor
3.3 3,1K Assista Agorapadrão Marvel
gostei
Os Gritos do Silêncio
4.0 127bom filme, achei a relação dos jornalistas meio homossexual, não que haja problemas. Alguém mais teve essa impressão?
Átila: O Huno
3.2 62bem duro de matar!!!
Ladrões de Bicicleta
4.4 534 Assista Agoraé bonito, mas triste...
Cyrano
3.7 39Li a peça e assisti o filme. Gostei mais do filme.
Um Professor em Apuros
2.6 30Um dos poucos filmes que vi no ano passado. Mostra alguns dilemas da vida acadêmica...
O Anel de Tucum
3.8 3é uma pena, mas parece que essa igreja ficou para trás...
Por Trás da Fé
3.2 5 Assista AgoraFilme narra como a Igreja católica nos EUA se mostrou tolerante com padres pedófilos. Na verdade não foi apenas lá.
Amazônia em Chamas
3.4 21street fighter
O Incrível Hulk
3.1 881 Assista AgoraEstá ambientado em favela no rio, no inicio do filme, cheio dos estereótipos que eles tem do Brasil.
Kiriku e a Feiticeira
3.9 188chama a ateção das crianças em especial, é um belo filme
As Mães de Chico Xavier
3.4 395 Assista AgoraAS MÃES DE CHICO XAVIER
Entre jornalistas e a verdade
Por José Alexandre da Silva em 5/4/2011
No último 1º de abril, entrou em cartaz mais um filme sobre Chico Xavier. Desta vez, com o foco principal sobre mães que perderam prematuramente seus filhos. O filme é ocasionado pelas comemorações do centenário do famoso médium brasileiro. No bojo dessas comemorações também estão Chico Xavier – o filme, de Daniel Filho, assistido por 3,4 milhões de espectadores e também exibido na Rede Globo como minissérie, e Nosso lar, de Wagner de Assis. No que tange às novelas, a Rede Globo reprisou em 2010 Alma Gêmea e produziu Escrito nas Estrelas. Um personagem de As mães de Chico Xavier nos chamou atenção em especial.
Na trama, o jornalista Karl, Caio Blat, é designado por seu chefe Mário, Herson Capri, para realizar uma reportagem sobre o afamado médium Chico Xavier. Ambos sabem de Chico apenas o que ouviram falar de seus feitos, porém são céticos. Mário informa que o homem lá de cima (o dono da emissora?) está interessado em Chico e Karl pergunta algo do tipo: que resultado tem que ter essa pauta? (ou, poderíamos dizer, como Chico deve ser visto). Mário responde a verdade. Uma resposta que causa surpresa no jovem jornalista: é tão difícil buscar a verdade nessa profissão! Karl encontra abertura por parte de Chico, mesmo com as experiências negativas que esse parece ter tido.
Em Chico Xavier - o filme, dois jornalistas também se aproximam de Chico: Ângelo Antônio, com o intuito de escrever uma história. Alegam serem estrangeiros e conseguem ludibriar o médium, com sucesso. Este é alertado por seu guia que atribui à vaidade de Chico que tenha acreditado em histórias da carochinha. Ainda assim, a imagem do médium mineiro não é construída como a de um larápio ou charlatão (intenção inicial dos jornalistas), pairando um clima de dúvida e indefinição na forma como foi escrita a reportagem. Episódios dessa natureza podem ter vacinado o médium e aqueles que estavam em seu entorno a respeito de jornalistas.
A ficção, a realidade e a verdade
No caso de Karl, apesar do seu ceticismo, é um jornalista com uma postura diferente da dos mencionados acima. Tinha uma impressão inicial, mas não se aferrou a essa como convicção para mostrar a história que queria. Sondou as pessoas locais, pediu permissão ao próprio Chico para filmar suas sessões e também pediu uma entrevista – que a princípio não é concedida. Recebe a sugestão do médium e a permissão de seu chefe para colher o depoimento das mães que recebem as cartas nas sessões. O resultado é que suas reportagens vão ao ar.
No filme As mães de Chico Xavier, a verdade que Karl transmite – e que considera ser algo com o que um jornalista raramente trabalha – é a de um médium com um trabalho importante e comovente. Um trabalho que comove inclusive seu chefe. Em Chico Xavier - o filme, a verdade a que os jornalistas queriam chegar é a do charlatão que enganava a população simples, porém não chegaram a essa, pois esse filme também é generoso com a imagem de Chico. Mas uma questão paira no ar: o que é essa verdade com a qual um jornalista raramente trabalha, de acordo com o personagem interpretado por Caio Blat?
Já mencionamos em outra ocasião, em artigo neste Observatório, uma entrevista com o historiador José Carlos Reis em que este afirma que verdade é um conceito que se encontra em crise. Para alguns, ela pode estar muito próxima de algo como uma ficção e para outros, de fato, pode ser atingida. O que é verdade para Karl, não o é para os jornalistas de Chico Xavier – o filme. Vivemos num momento em que a verdade é relativizada.
Ambos os filmes que comentamos tratam de um personagem que de fato existiu. O cinema trata da ficção e também trata da realidade – mesmo quando sua intenção não é fazer ficção está repleto de elementos fictícios. Pode reproduzir a realidade e na medida em que a reproduz também a reconstrói. Eis a importância de notarmos que, em As mães de Chico Xavier, os jornalistas raramente têm a oportunidade de trabalhar com a verdade, ou ao menos com o que está mais próximo dela.
Observatório da Imprensa
Curtindo a Vida Adoidado
4.2 2,3K Assista AgoraDiretor no papel de idiota.
O Sexto Sentido
4.2 2,4K Assista AgoraSurpreende sim.
End Game: Fim De Jogo
2.7 21 Assista AgoraLongo e meio enfadonho.