O tipo de filme que se você assiste quando é muito jovem, talvez, não entenda qual é o ponto. E que deve fazer cada vez mais sentido conforme você vai envelhecendo.
Este filme não é sobre uma história de amor entre Nora e Hae Sung. Esse é apenas um pequeno recorte que podemos fazer da vida dela. E a vida também é todo o resto que não aparece em tela.
Quantas pessoas conhecemos no passado que, dependendo do recorte, renderiam histórias incríveis na tela, mas que lá na frente simplesmente saem de nossas vidas? A vida é assim, fazemos escolhas, conhecemos pessoas, esquecemos outras, tomamos rumos diferentes e no fim só podemos lembrar com carinho e nostalgia de algumas coisas que fizeram parte do nosso passado.
Celine Song usou a tela do cinema para destruir a magia do cinema. E essa metalinguagem fica clara na cena
em que o Arthur analisa quais seriam os papéis de cada personagem caso suas vidas fossem um livro ou um filme. Quem disse que a Nora era infeliz em seu casamento com Arthur? Quem disse que Hae era o amor da sua vida? Seria assim caso o filme fosse uma história de amor entre Nora e Hae Sung...
Ou seja, omitindo partes da vida da Nora, Celine Song conseguiu trazer em tela a melhor sensação do que é a vida.
Entendo a controvérsia que o filme gera, mas é engraçado ver um vencedor da Palma de Ouro em Cannes sendo classificado como feito para Framboesa de Ouro ou mesmo feito para ganhar o Oscar rs A última pretensão de quem inscreve um filme em Cannes é ganhar um Oscar. Perfis totalmente diferentes, embora às vezes aconteça de alguém conseguir agradar os dois públicos.
Assisti procurando não saber nada sobre ele antes e me surpreendi. Não entendia qual era o propósito do filme e realmente não esperava que ele chegasse naquele lugar. Gosto quando o roteiro cria esses rumos poucos convencionais.
Ao invés de deixar claro desde o princípio, só nos últimos instantes descobrimos que o filme é uma história sobre
vingança. E isso foi um ótimo recurso para fazer com que o espectador se sentisse tão enganado quanto o Phil. Todas os passos estavam na nossa cara, mas eles são apresentados de forma tão sutil que quase não são notados. E é isso também o gera a impressão de que "não aconteceu nada no filme inteiro". Claramente uma escolha artística, por mais que ela não funcione para todo mundo.
É o tipo de filme que seria aclamado em festivais, que não tenta conquistar uma grande audiência e não subestima o espectador. Por isso com certeza vai gerar controvérsia com o público do Oscar (o prêmio da "indústria cinematográfica). Parece deslocado ao aparecer como favorito nessa premiação onde filmes desse estilo até podem ser indicados, mas ganham no máximo como Filme Estrangeiro.
Lembra os filmes do Haneke (como a Fita Branca ou Caché), onde a tensão é criada sutilmente e a resposta está nos detalhes. Não dá para dizer que é um filme perfeito, mas ruim também não é.
"West Side Story" é um dos meus musicais favoritos ao lado de "Os Miseráveis" e "Jesus Cristo Superstar". Sou muito fã do filme de 1961 e odeio remakes. Quando soube dessa nova versão, já achei desnecessária. Mas no fim achei válida. Primeiro porque não é exatamente um remake: são duas adaptações para o cinema de um musical de teatro feitas em épocas diferentes. Segundo que acho que a nova versão ajudou a resgatar a história para as novas gerações que não assistem mais filmes dos anos 60. Ainda que isso sirva mais para a nossa realidade, porque, nos EUA, West Side Story sempre continuou muito conhecido.
O casal Tony e Maria é um dos mais famosos da ficção. Os jovens do teatro lutam para representar os dois nas peças de escola. Algumas pessoas chegaram a criticar as músicas sendo que elas já são muito conhecidas. A trilha ficou várias semanas no primeiro lugar das paradas americanas. “America” (na voz da Rita Moreno), "I Feel Pretty" e “Tonight” são clássicos com letras atemporais. “Somewhere” está no mesmo patamar de músicas como “All I Ask of You”, "I Dreamed a Dream", "And I Am Telling You I'm Not Going" ou “Memory”, ou seja, daquelas canções de musicais que transcenderam o teatro, ganharam várias versões e se tornaram fenômenos pop. Por isso, inclusive, a forma como esta música foi pouco exaltada nesta versão me chamou a atenção.
A cena da Maria e Tony cantando “Somewhere” no filme de 61 é sem dúvida uma das mais famosas do cinema. Talvez justamente por isso o Spielberg não quis fazer uma simples recriação da cena. Seria como dois atores jovens copiando a cena de Jack e Rose com os braços abertos em um remake do Titanic. Ficaria meio caricato. Acho que ele tentou criar um momento novo com a música e por isso
a colocou na voz da Rita Moreno fora da ação da cena (o que se aproxima mais do musical da Broadway). Achei bem emocionante a Rita ter tido a oportunidade de cumprir esse papel 60 anos depois, mas, dentro da narrativa, creio que a música perdeu um pouco sua importância. Mesmo no original, estranha o fato de a Maria seguir apaixonada pelo Tony ao saber que ele matou seu irmão. Isso sempre foi controverso. Porém a música ajuda a criar o clima de que “o amor dos dois sobrevive porque ambos sonham com um lugar especial onde não há guerra e aquele ódio sem sentido que só leva à tragédia para ambos os lados”.
Acho que a música poderia ser melhor aproveitada.
Temia mudanças muito radicais na tentativa de modernizar a história. Mas a maioria das atualizações foram bem sutis e válidas. Destaco
a menção sobre a cor da pele da Anita mesmo dentro da comunidade latina, as mulheres revoltadas com o quase estupro dela e uma abordagem mais explícita sobre a questão de gênero e homofobia contra o Anybodys.
De resto, acho que esta versão conseguiu transmitir bem o clima do clássico dos anos 60. Os sotaques, as cores, o arranjo das músicas, o estilo das coreografias. Como eu já conhecia a história e as músicas, não achei nem um pouco tedioso como muitas pessoas apontaram. Senti como se estivesse realmente revisitando o musical em uma versão ‘remasterizada’ com todos os recursos que a tecnologia atual permite.
Não gostei muito da atuação do Ansel. Anita continua sendo a melhor personagem. Para quem já é fã, acho que o filme funcionou bem. Para quem não consegue ver musical, acho que não faz sentido assistir. E faz ainda menos sentido criticar o gênero pelo gênero.
Algumas pessoas criticando o humor em um filme do Adam McKay rs É como criticar o uso de sangue em filme do Tarantino. Algumas coisas são simplesmente a marca do autor. Adam era roteirista e diretor no SNL e acho que este foi o filme onde ele melhor soube dosar o uso desse tipo de humor de esquete. Em Vice, por exemplo, parecia muito esquete de política do SNL, tudo muito caricato, não consegui levar o filme a sério. Neste o humor é mais sutil e combina mais com indiferença dos personagens para com o perigo que se aproxima. Não é perfeito, mas acho que disputa com A Grande Aposta para ser o melhor filme dele.
Todo mundo AMA os filmes do Villeneuve e sempre que eu assisto algum, acabo com a sensação de que o filme é bom, mas faltou alguma coisa para ser TÃO BOM quanto falam. Sempre tem esse clima de que tem algo muito importante acontecendo nos bastidores, com uma trilha sonora tensa, personagens sussurrando com expressão de preocupação, porém onde pouca coisa acontece.
Duna foi o que mais me fez cochilar. Eu conheço a história, então nunca fiquei perdido, mesmo cochilando. Isso já tornou chato para mim, porque era apenas uma repetição de coisas que eu já sabia. Mas eu tentei pensar em quem nem mesmo conhece a história...
O livro também apresenta as informações sem dar grandes explicações. Ele coloca o leitor no universo, joga vários termos como se todo mundo já soubesse o que eles são e você precisa entender os significados pelo contexto. Creio que os roteiristas tentaram criar esse mesmo estilo no filme, contudo, na minha opinião, não funciona. Um livro é mais denso, você pode ler um parágrafo várias vezes até compreender, os personagens dão mais detalhes nos diálogos. E mesmo assim muita gente fica perdida lendo o livro. Um filme é mais dinâmico, as coisas acontecem muito rápido e se o espectador não entender muito bem o que é a “especiaria” ou os “criadores”, por exemplo, ele não vai entender absolutamente mais nada sobre o resto da história e sobre as motivações dos personagens. Cenas muito didáticas sempre diminuem a qualidade de um filme, porém, quando trata-se de um conceito extremamente importante para a compreensão da história, é melhor pecar pelo excesso do que pela omissão.
Usar a estrutura do livro também não me parece um acerto. No livro, toda essa introdução funciona. Mas em um filme, a narrativa fica extremamente lenta. Dava para ter feito tudo mais rápido e aproveitar o tempo restante para incluir no futuro elementos dos livros 2 e 3 que, na minha opinião, são o ápice da jornada do Paul e provavelmente ficarão de fora da segunda parte do filme, pois ela deve se concentrar apenas na parte final do livro 1.
E ao apenas jogar informações e não dar ênfase a determinados elementos da trama, muita coisa importante acaba passando de forma muito banal aos olhos de quem não conhece o livro. Por isso parece que nada acontece e o filme dá sono.
Yueh (mesmo com Condicionamento Imperial, o que, teoricamente, o tornava incapaz de infligir danos aos seus pacientes) ser o grande traidor dos Atreides
...não tem o menor impacto no filme. No livro, essa é uma virada do nível das traições de Game of Thrones, mas no filme pareceu nada demais. Tudo porque eles não desenvolveram o personagem direito. Ele era só mais um que apareceu ali quase como um figurante e que poderia trair qualquer pessoa facilmente.
Uma das críticas ao livro é a falta de representatividade. Achei interessante o fato de terem transformado o ecologista Liet-Kynes (homem branco no livro) em uma mulher negra. O Barão, por outro lado, é um personagem com grande potencial para ser um destaque no audiovisual, bem no estilo vilão de Game of Thrones, mas para mim, ele foi mal explorado. Quem apenas viu o filme não deve ter entendido o peso de cada casa e o que significa ser um Harkonnen ou Atreides.
Um acerto foram os olhos dos Fremens que no livro são descritos como totalmente azuis, até mesmo a parte branca. A versão do Lynch errou ao tentar reproduzi-los exatamente como no livro. No audiovisual não funciona. Nesta versão ficaram muito bons.
Infelizmente, como já citei, o filme deve acabar no fim do livro 1. Seria muito interessante ver no audiviosual a versão... (SPOILER SOBRE OS LIVROS 2 E 3 ABAIXO)
É aí que toda a trama sobre “O Messias” torna-se de fato interessante e original. Imagino que o filme vai cair no clichê do “herói escolhido” e deixar de lado na parte 2 todo o debate político sobre religião e manipulação de massas, tornando a história muito mais pobre.
"Depois que eu morrer, e que os Marhsall morrerem, e o romance for finalmente publicado, nós só existiremos como invenções minhas. Briony será uma personagem tão fictícia quanto os amantes que dormiram na mesma cama em Balham, indignando a proprietária. Ninguém estará interessado em saber quais os eventos e quais os indivíduos que foram distorcidos no interesse da narrativa. Sei que haverá sempre um tipo de leitor que se sente obrigado a perguntar: mas, afinal, o que foi que aconteceu de verdade? A resposta é simples: o casal apaixonado está vivo e feliz. Enquanto restar uma única cópia, um único exemplar datilografado de minha versão final, então minha irmã espontânea e fortuita e seu príncipe médico haverão de sobreviver no amor.
O problema desses cinqüenta e nove anos é este: como pode uma romancista realizar uma reparação se, com seu poder absoluto de decidir como a história termina, ela é também Deus? Não há ninguém, nenhuma entidade ou ser mais elevado, a que ela possa apelar, ou com que possa reconciliar-se, ou que possa perdoá-la. Não há nada fora dela. Na sua imaginação ela determina os limites e as condições. Não há reparação possível para Deus nem para os romancistas, nem mesmo para os romancistas ateus. Desde o início a tarefa era inviável, e era justamente essa a questão. A tentativa era tudo."
que desmentiriam a versão de que o Osvaldo Marcineiro teria apontado o local onde o corpo foi encontrado.
Não adianta as pessoas dizerem que "você tem que ouvir o podcast". Eles decidiram adaptar a história para a TV, são mídias diferentes, com públicos diferentes e deveriam funcionar de modo independente. Eu entendo a questão da falta de tempo. Mas se é para cortar alguma informação, cortem integralmente (como foi feito com a parte sobre os outros suspeitos) e não apresentem pela metade. É a reputação de pessoas reais que está em jogo e MUITA gente só vai conhecer esta história por meio do documentário, sem ter tempo ou disposição para buscar informações adicionais e ouvir várias horas de um podcast.
Todo mundo que assiste apenas ao documentário sai com a impressão de que
no mínimo o "pai de santo" estava envolvido e trouxe o nome das Abagge por conta da tortura e pressão política, pois a forma como a narrativa foi construída NO documentário leva naturalmente a esse tipo de desconfiança. Porém, no fim, sem apresentar argumentos que derrubem aquele trecho do relatório da "Operação Magia Negra", eles simplesmente cravam a inocência de todo mundo.
Não à toa esse é o ponto que mais tem gerado questionamentos ao Ivan no Twitter. As informações que indicam incompatibilidades com as datas e os indícios de que o Osvaldo provavelmente NEM ESTAVA no carro naquela dia, deveriam estar NO documentário, não apenas no podcast ou Twitter...
Um ex-agente de segurança pública agindo como sindicalista no começo dos anos 90, com indícios de que possui algum tipo de problema psicológico e que demonstra claras motivações políticas por trás de discursos disfarçados de simples demandas populares. Um homem que apresenta uma natureza narcisista de modo a se sentir especial ao ser retratado na imprensa como um grande herói defensor da moral e dos bons costumes. Gosta de falar e narra tudo com muita propriedade, mesmo quando sua exposição parece cheia de incoerências, carência de provas e coisas que parecem até fantasiosas. Adota uma postura de ódio, revolta e indignação típica de programas policiais populares para entrar de cabeça em um caso marcado por defesa da pureza de crianças, intolerância com religiões de matriz africanas e associação com agentes policiais que praticam a tortura como método de investigação.
- Um vilão com origem soviética cuja motivação é nada mais nada menos do que DESTRUIR O MUNDO! - Um herói sem defeitos e robótico que está disposto a se colocar em risco para salvar uma mocinha pura e inocente que ele acabou de conhecer por um motivo que ele desconhece. - Um fiel companheiro que sabe tudo, mas sempre dará respostas enigmáticas. - Uma mocinha frágil que precisa ser protegida e salva a todo custo e cuja a única preocupação é o seu filho. Sim, O MUNDO INTEIRO VAI ACABAR e a reação dela: “oh, não! Isso quer dizer que meu filho também vai morrer”.
Não é hate, eu sempre fui um grande fã do Nolan, mas nesse filme vejo potencializado o mesmo problema que eu já havia notado em Dunkirk: NÃO EXISTE DESENVOLVIMENTO DE PERSONAGEM. Parece que a cada filme, Nolan abandona mais essa característica tão importante em um roteiro e fica satisfeito em apenas mostrar imagens coreografadas.
E elas novamente são muito boas, não podemos negar. As cenas invertidas são super divertidas de assistir, o momento em que descobrimos que o protagonista estava lutando contra ele mesmo é um dos melhores do filme, mas isso não é suficiente.
Não tem nada a ver com A Origem ou Interestelar como apontaram. O grande mérito desses filmes está justamente na capacidade que o Nolan tem de mesclar uma boa história e personagens muito bem construídos com todas aquelas cenas de ação típicas de blockbusters. São filmes que conseguem agradar todo mundo: tanto aquele público que está ali pela história complexa quanto aquele que só está ali pelas explosões e cenas de aventura.
Em Tenet, além de a parte científica da história ser bem inferior e as explicações sobre os conceitos serem apresentadas de forma menos natural, os personagens são apenas peões, arquétipos, clichês. Eles são realmente o vilão soviético, o herói, o amigo, a mãe frágil em risco e mais nada além disso.
As explosões não estão ali para que os personagens se movam. A impressão que dá é que os personagens é que estão ali apenas para que as explosões ocorram. A gente não sabe nada sobre o herói. Ele é apenas um homem que sabe lutar e que corre desesperadamente durante o filme inteiro. Não possui um passado, não possui uma cena que exponha sua personalidade mais a fundo.
Sobre a polêmica com o estúdio e serviço de distribuição, eu entendo a revolta do Nolan em relação à forma como a coisa foi conduzida, de surpresa e sem acordo. Mas seu filme tem basicamente um avião arrastando carros e destruindo um aeroporto. Quem você acha que vai pagar tudo isso? Isso é indústria cultural. É vender sua alma artística ao mercado. Eles querem receber o dinheiro investido de volta. Se a preocupação do Nolan é puramente artística, ele precisa voltar para os festivais e voltar a fazer filmes de baixo orçamento que se destacam mais pela qualidade do roteiro do que pelos efeitos especiais.
Mas com ou sem explosões bancadas pelo estúdio, eu realmente gostaria que ele voltasse a prezar pela qualidade do roteiro nos próximos filmes.
Heroes vs. Villains jogou o nível tão lá no alto que quando ela acabou eu me perguntava "O que os produtores podem inventar agora para superar essa temporada histórica? Para começo de conversa, não tem como superar um cast como esse. Provavelmente só uma Winners Season lá pela S50 terá chance".
10 anos depois tivemos uma All-Winners Season para tirar a prova e, no fim, nem assim Heroes vs. Villains sai do topo na minha opinião. Já aceitei que jamais será superada.
Na verdade, Winners at War não entra nem no meu Top 10, o que é bem decepcionante considerando o cast que eles conseguiram reunir.
Além de trazerem de volta a pior twist de todas as temporadas, o fato de os "old school players" terem saído tão cedo acabou com a graça para mim. Sonhávamos como uma aliança Parvati, Sandra e Kim, mas a bendita mistura de tribos acabou com tudo. E também não dá para tirar a responsabilidade dos veteranos. Danni totalmente paranoica. Parvati simplesmente ignorou uma de suas aliadas e cagou para o jogo social. Rob achou que ainda estava na Redemption Island jogando contra crianças que têm medo do bullying dele. E a Sandra parecia desesperada para calar os críticos, provar que era de fato a rainha do jogo e que era, sim, uma estrategista de grandes jogadas como Parvati e Rob. Bastava seguir seu estilo de "as long as it's not me", o estilo que fez ela ganhar duas vezes, e ela estaria salva naquele TC. Mas ao menos ela arriscou, tentou fazer alguma coisa e gerou o único momento realmente marcante da temporada, diferente dos que ficaram no jogo com medo de se comprometerem.
Denise, por exemplo, parece que sentiu que não precisava fazer mais nada depois de eliminar a rainha, já estava satisfeita. Ela sabia que estava no 'bottom' e mesmo assim não fazia nada para mudar isso. Seguia votando da mesma forma como se tivesse aceitado seu destino de perdedora. E isso resume o que foi a temporada.
Vários vencedores são ganhadores justos, mas não são exatamente grandes personagens que geram entretenimento como Tony, Parvati, Sandra e Rob. A própria Denise com seu estilo silencioso só foi interessante em Philippines porque balanceava com um cast cheio de personagens interessante como a grande vilã brasileira Abi Maria. Se a gente precisar contar com a personalidade da Denise, Sophie, Ben e Nick para ter entretenimento fica difícil. Juntou um monte de participante "silencioso" na pós-merge e o jogo ficou totalmente boring se tornando novamente um show do Tony.
Uma temporada com esse calibre de jogadores e a única jogada marcante foi uma eliminação na pre-merge... Não aconteceu mais nada de anormal nos TC da pós-merge, apenas o povo falando no ouvido um do outro... No máximo a blindside na Sophie com o Idol no bolso.
E por mais que o Tony seja um vencedor justo e merecedor do título de "Rei do Survivor", é inacreditável que ninguém tenha tentado eliminá-lo. Simplesmente entregaram o prêmio para ele. Muitas vezes a gente acha que a edição é a culpada pela obviedade de algumas temporadas, pois eles enfatizam o domínio de certos jogadores, como aconteceu nas S31, S27 e na própria S28 do Tony. Mas nessa temporada a gente viu entre os próprios participantes várias menções de como Tony estava com a mão no prêmio, a gente viu membro do júri indicando o voto nele (inédito!) e mesmo assim só a Kim parecia disposta a jogar!
Nick foi o único que pareceu realmente enganado pelo Tony. Estava totalmente delirante com a possibilidade de fazer parte do F3 dele e acabou com as chances do Jeremy. Michele conseguiu o papel sempre carismático de underdog, mas não deixou de ser uma goat. Ela ao menos estava ciente do que estava acontecendo, mas não tinha poder algum de convencimento, por isso sempre estava no 'bottom'. Denise sabia que estava no 'bottom' e mesmo assim só seguia os planos dos outros aceitando que seria eliminada no máximo até o F4, nunca tentou tomar controle do seu destino. Sarah e Ben foram os novos Trish e Woo, só serviram de escada para o show do Tony. Sarah não tinha a menor chance de vencer o Tony e isso não tem nada a ver com o fato de ele ser homem. Assim como o Nick, ela superestimou o seu papel na aliança. E nem a blindside da Sophie fez ela acordar para essa realidade. O que o Rob falou para a Natalie também vale para a Sarah: a grande jogada que ela tinha de fazer ERA TIRAR O TONY. E ela nunca nem pensou nessa possibilidade. O Ben foi tão escada que no fim ele se ofereceu como sacrifício para fazer outra pessoa ganhar, ou seja, nem aí para sua própria vitória. Em uma temporada de vencedores, quando todo mundo prometia um "bloodbath", a última coisa que eu esperava era um participante abrindo mão do maior prêmio da história para consagrar outro. Decepcionante!
Apesar da passividade da maioria dos participantes, não dá para tirar os méritos do Tony por ser uma ameaça tão grande e conseguir sair do jogo sem receber 1 voto sequer. Por fim, resultado previsível e, por mais que eu adore a Natalie, é duro ver uma pessoa que foi eliminada no segundo dia tendo mais votos do que uma pessoa que sobreviveu todos os TCs só porque ela corria mais do que todo mundo na EoE. Não bastasse tudo isso, a falta de reunion e os votos lidos pela internet por conta de pandemia deixaram o final ainda mais anti-climático.
Um desperdício de potencial essa temporada... Ainda assim, nenhum reality show do mundo chegará à sua quadragésima temporada e terá o privilégio de conseguir reunir 20 vencedores tão interessantes, inteligentes e cheios de histórias marcantes. Para ficar perfeito, só faltou Richard Hatch e Tina Wesson liderando cada tribo e o Todd Herzog no lugar do Ben.
Noto que algumas pessoas confundem ARGUMENTO de roteiro com o ROTEIRO em geral. Muitos dizem que o roteiro deste filme é péssimo porque não gostaram dos rumos da história. Já eu acho que, embora o ARGUMENTO do filme não seja tão original (tudo lembra "O Homem de Palha", inclusive o final), o roteiro é uma das melhores coisas deste filme e é o que o torna diferente da maioria dos filmes de terror que estamos acostumados a ver.
O trabalho do roteirista vai muito além de pensar em um começo, meio e fim para uma história. A introdução, por exemplo, parte do seguinte argumento:
“Dani tem uma irmã bipolar e seu namoro com Christian está em crise. Quando estão prestes a terminar o relacionamento, Dani passa por um grande trauma: sua irmã mata seus pais e comete suicídio”.
Nada demais. Se você entrega esse argumento para 10 roteiristas de filme de terror, pelo menos uns 8 vão entregar várias cenas clichês. Já dá até para imaginar Dani
chegando em casa, falando “hellooo?” e tomando um susto ao encontrar seus pais mortos. Ou um policial batendo na sua porta e perguntando se ela é a Senhorita Ardor.
E como o Ari Aster resolveu nos contar esse pedaço da história?
Primeiro vemos o ponto de vista de Dani no momento em que ela está confusa quanto ao e-mail estranho que sua irmã enviou. Conhecemos Christian pelo telefone e já podemos perceber que ele não está disposto a lidar com os dramas de Dani, que também já se mostra insegura e extremamente dependente de Christian. Depois mudamos de ponto de vista e vemos que o relacionamento de Christian é criticado até mesmo por seus amigos. Descobrimos que, embora Dani seja louca por Christian, Christian está tentando terminar o namoro. Então o telefone toca. Há pouco tempo estávamos com Dani, mas agora estamos do outro lado da linha de modo que, assim como os personagens, nós nos perguntamos o porquê de ela estar ligando de novo. O que aconteceu em tão pouco tempo? Então temos a revelação, mas gradativamente: primeiro os gritos, depois o carro, depois os bombeiros, depois a casa, depois os corpos, depois o e-mail. Lentamente vamos montando as peças do cenário chocante em nossas cabeças.
Só por essa introdução eu já fiquei “WTF, o que mais vai acontecer nessa história?” E ao longo de todo o filme temos essa dinâmica onde sabemos que algo de errado deve acontecer, mas não sentimos como se alguém estivesse nos preparando para isso. Tudo parece bem e errado ao mesmo tempo.
Muita gente achou que isso tornou o filme tedioso. Aí já é questão de gosto. Eu particularmente achei o final mais chocante porque a história foi contada dessa forma. O filme não foi desenvolvido como um típico filme de terror, mas sim um drama sobre amigos passando as férias na Europa. Junta-se a isso a já tão falada fotografia alegre e colorida.
Meu cérebro não estava preparado para ver os personagens naquela situação degradante do final.
O roteiro é justamente um diferencial neste filme, assim como em Hereditário (como esquecer a cena do jantar ou a cena do poste?). Ambos têm argumentos pouco originais, porém ambos possuem roteiros com personagens bem construídos e histórias que até chegam em lugares óbvios, mas por caminhos não convencionais, surpreendentes.
Depois de 2 horas ele chega ao local e diz: você precisa recuar. E o tenente diz OK. Depois ele encontra o irmão do amigo e diz: seu irmão morreu. OK
Fim.
O clímax do filme é basicamente o momento em que o Will corre pelo campo de guerra para evitar a trincheira do seu próprio exército lotada, esbarrando em soldados e desviando de explosões em uma batalha na qual ele nem está lutando. Tudo para entregar seu recado.
Obviamente chama a atenção pelos aspectos técnicos e pelo efeito de plano sequência. Mas o filme em geral é apenas isso. Um homem levando um recado e a gente tentando localizar onde os cortes foram feitos.
No fim ainda tem um agradecimento ao cabo que teria contado a história. Imagino ele sentando e falando: "tenho uma história muito boa: certa vez, durante a Primeira Guerra, um general mandou dois caras levarem um recado. Passaram por vários perigos no caminho, pois estávamos no meio de uma guerra onde há explosões e tiros para todo lado. Encontraram até uma mãe com seu bebê passando fome! Um deles morreu e no fim o outro entregou o recado. História incrível, né? Daria um filme!"
Recomendo muito Festim Diabólico (Rope) do Hitchcock :)
Vi algumas pessoas dizendo que o filme é VAZIO POR DENTRO.
Olha, eu entendo o fato de muita gente não ter gostado, de criticar escolhas artísticas, de não se adaptar ao ritmo e até achar o autor pretensioso. Mas chega a ser até uma calúnia contra o criador dizer que um filme repleto de símbolos relacionados a mitologia grega, psicanálise e Lovecraft é VAZIO!
Dica: muitas vezes o vazio não está em uma obra, mas na bagagem cultural do espectador. E admitir isso não é arrogância. Pelo contrário. Ser humildade é aceitar nossas próprias limitações.
Mr. Robot termina com uma das melhores séries na década. Isso em uma década onde tivemos o fim de Mad Men, Breaking Bad e Game of Thrones!
Só uma coisa me incomodou um pouco em relação ao final. A mesma coisa que foi um grande problema em Lost foi feita em Mr. Robot, mas sem o mesmo poder de destruição:
Ambas as séries prometeram uma grande revelação sobre um determinado mistério. Até os promos finais das séries são muito parecidos com a ideia de que "tudo será enfim revelado!"
No caso de Lost, desde o começo queríamos saber "o que afinal era a ilha?". Já em Mr. Robot tivemos algo equivalente a partir da terceira temporada: o que era o grande projeto da Whiterose? Sim, tivemos algumas respostas para isso, mas não tudo o que foi prometido ao longo de vários episódios. Como ela funcionaria? Era viável? Qual era de fato sua função? Como Whiterose manipulou a Angela? O que a Angela viu afinal?
Além disso, em ambas as séries fomos apresentados a uma realidade paralela que PARECIA ter alguma relação com o mistério (tanto da ilha, quanto da máquina), mas que no final era apenas uma distração. A realidade paralela de Lost não tinha nada a ver com a ilha ou com a história que havia se passado nela e a realidade paralela de Mr. Robot não tinha nada a ver com a máquina da Whiterose.
Quando isso aconteceu em Lost foi um GRANDE problema, pois, além de ficarmos sem uma resposta para o que era a ilha, ainda descobrimos que os produtores nos enrolaram durante uma temporada inteira com algo que não tinha qualquer relação com as respostas que procurávamos.
Em Mr. Robot aconteceu a mesma coisa, porém, o resultado acabou sendo mais satisfatório. Por quê?
Primeiro porque a realidade paralela durou apenas dois episódios, não uma temporada inteira. Segundo que a desculpa dos produtores de Lost foi a de que "os mistérios não eram tão importantes, mas sim a jornada dos personagens". Mas isso não funcionou em Lost porque lá ELES FIZERAM OS MISTÉRIOS SEREM MUITO IMPORTANTES. A maior parte do público estava mais preocupada com a resposta para os mistérios do que com o destino do Jack. Mr. Robot, por outro lado, foi tudo o que os produtores de Lost queriam ter feito: muita gente amou o final e nem mesmo se tocou que não houve uma resposta para o grande mistério, pois as pessoas não estavam realmente muito preocupadas com o mistério. Elas estavam preocupadas com o Elliot, com a Darlene e com seus destinos...
Em Mr. Robot, desde o começo aprendemos a nos envolver com Elliot e a se preocupar com sua jornada. Desde o começo fomos treinados a nos importar mais com os seus monstros e conflitos internos do que com as suas aventuras externas. Desde o começo estamos envolvidos com toda a complexidade psicológica que existia por trás desse personagem e por isso o final foi tão grandioso mesmo sem valorizar as tramas e os conflitos externos. Porque para o público desta série, entender os mecanismos da mente do Elliot era mais importante do que entender os mecanismos do projeto da Whiterose.
Por isso, mesmo não gostando dessa característica do roteiro, mesmo tendo me sentido um pouco enrolado (principalmente com o enredo da última temporada) eu não me importei tanto com isso e achei que a série foi encerrada de um medo sensacional. Ainda coloco os finais de Sopranos e Six Feet Under como os melhores finais de séries da história, mas o fim de Mr. Robot me gerou um impacto muito semelhante ao que senti vendo o final dessas duas séries. Daquelas conclusões que a gente não esquece e que deixam os personagens gravados na nossa memória. Vale destacar também as referências (ou no mínimo semelhanças) a Clube da Luta, Donnie Darko e 2001 - Uma Odisseia no Espaço.
Chegamos ao meio da temporada e tivemos outro bottle episode o.O E esse mais clássico ainda, pois foi feito de fato com apenas um cenário.
O episódio 7 foi excelente, mas a sucessão de episódios atípicos com elenco reduzido acaba criando a sensação de que não havia enredo suficiente para 13 episódios e estão enrolando o máximo possível ou que o orçamento para a temporada foi muito curto. Até porque eles
, um episódio inteiro para realizar um assalto e um episódio inteiro para a grande revelação sobre por que Elliot criou o Mr. Robot. Assim, chegamos ao meio da temporada e estamos praticamente no mesmo ponto onde estávamos no primeiro episódio.
Se esse é o caso, pelo menos estão entregando bons episódios com as típicas inovações narrativas que a série sempre apresentou ao público, o que cria a estranha sensação de que nada aconteceu, mas mesmo assim eu gostei de ter assistido.
Acho que eu fui com a expectativa muito alta, mas tem como não ir quando o filme ganha a Palma de Ouro? E... sério? Palma de Ouro? Creio que esse filme entre no nicho de ganhadores que são premiados por trazerem inovações técnicas ou narrativas para o cinema, como foi o caso de Pulp Fiction, por exemplo. Mas eu acho que esse filme está bem longe da originalidade de Pulp Fiction.
A história é dinâmica e divertida de acompanhar, porém os meios que os roteiristas encontraram para os personagens superarem seus obstáculos são cheios de casualidades que seriam apontadas como um problema em qualquer thriller americano. Falo por exemplo sobre
a comunicação por Código Morse no final ou a forma como eles armaram a situação da tuberculose, entre outras situações mirabolantes. Aquela cena em que pai e filho “passam o texto” é tão absurda que eu fiquei esperando alguma indicação de que era proposital, algum recurso metalinguístico como os de Holy Motors. E até agora não estou convencido de que não era, pois não é possível.
Também tenho uma resistência para idolatrar histórias que façam críticas à desigualdade social. Não porque acho o tema irrelevante, mas porque é um tema recorrente, com o qual é muito difícil você não sucumbir a clichês e muito fácil de parecer profundo, genial. E por mais que o filme tenha muita originalidade e não seja nem um pouco maniqueísta,
a coisa do “cheiro de pobre” e a burrice caricata da patroa não deixam de serem elementos batidos.
Ainda assim, é um bom filme, especialmente pela dinâmica entre os personagens que compõem a família, mas se a ideia era premiar o caráter mirabolante do cinema coreano, eu preferia ver uma Palma de Ouro para I Saw the Devil ou Oldboy. Ainda não vi Bacurau, mas em Kleber Mendonça I trust e já sinto injustiçado haha, apesar do Prêmio do Júri.
Só agora eu entendi de verdade o que aconteceu naquele show que viralizou na época!
Eu acompanhei de perto a carreira da Amy, por isso o abuso da imprensa, Blake e seu pai não foram grandes surpresas para mim nesse documentário. O que eu nunca tinha parado para pensar, foi sobre a relação dela com a música em si, e como seu maior prazer virou o seu maior sofrimento.
Veja bem: para Amy, fazer música era simplesmente diversão e um meio de colocar seus sentimentos para fora, assim como é para todo grande artista. Quando ela cantava “Back to Black”, não era brincadeira, ela revivia toda a dor que sentiu ao perder o Blake. Mas a indústria musical não funciona assim. Os cantores simplesmente repetem versos e refrões criados por produtores, que no fundo não querem dizer nada. E por anos eles cantam essas músicas, porque é isso o que o público quer ouvir.
Depois do sucesso do álbum e do Grammy, Amy simplesmente foi jogada para esse mundo, no qual os artistas precisam promover suas músicas e fazer shows com seus grandes hits. As pessoas passaram a tratar “Rehab” como todas aquelas outras músicas que concorreram “Canção do Ano” junto com ela.
Só que para a Amy a música não era isso. Beyoncé fala “to the left” para um cara escroto hipotético, Amy cantava sobre sua própria vida. Imagina-se na situação dela, ser obrigada a subir em um palco para reviver um sentimento que você já superou.
Blake já não fazia mais parte de sua vida, mas ela tinha de cantar “Back to Black" porque era para isso que o público estava pagando. “Cante ou devolve o meu dinheiro!” Ela já tinha ido para a “Rehab”, sofria muito com as drogas e ainda precisava ficar repetindo que uma vez aí em seu passado tentaram levá-la para clínica e ela disse não, não, não...
E, então, nós, o público, vamos aos shows e gritamos “Amy eu te amo” com a melhor das intensões, querendo ajudar, mostrando que ela é amada, mas sem saber que na verdade está contribuindo para o problema, porque toda aquela exposição, toda aquela multidão, era justamente o que ela não queria.
Ela só queria poder continuar fazendo sua música e ter uma vida normal, sem a cobrança de promover single, ir para o topo, ganhar Grammy, ser amada por multidões. Só fazer música... Custa muito?
Se alguém ainda não está convencido da fragilidade do sistema penal, assista agora "The Jinx", um documentário da HBO em 6 partes, no mesmo molde de "Making a Murderer", com um personagem também famoso na mídia americana, mas cuja história é basicamente
A ideia era que o público esquecesse aquele começo e se concentrasse no que viria a seguir, o que é quase impossível. Logo depois de as bolhas subirem no lago e eles introduzirem um corte, a única dúvida que ficou na minha cabeça foi: ok, ele morreu ou não morreu? Em seguida, a mãe faz o jantar apenas para um dos dois. Pronto! Ficou muito óbvio... A partir daí, vi o filme inteiro imaginando que um não estava lá...
Por mais que isso não seja tudo no filme, é inegável que é frustrante ficar 1h30 para ver a revelação de algo que você já sabe...
O outro famoso filme com esse mesmo final é muito mais interessante.
1- No terceiro episódio todo mundo já tinha descoberto (foi a primeira teoria e a mais aceita) 2- Eles não esperavam que a série fizesse tanto sucesso e tivesse 6 temporadas (é muito mais fácil dizer que todos estão mortos no fim de uma temporada do que após 6 anos, quando todos já descobriram o mistério no primeiro ano).
Aquele mesmo diálogo entre Jack e o pai aconteceria na ilha. Christian foi um dos primeiros mistérios da série. No avião ele estava morto, mas ao cair na ilha, seu corpo desaparece do caixão e ele aparece andando normalmente. Jack sempre vê o pai, mas nunca consegue se aproximar. No fim da primeira temporada (ao invés de escotilha e Black Rock), Jack conseguiria enfim chegar perto do pai. Então, ele perguntaria: “Como você consegue andar nesta ilha se você está morto?” e ele diria: “Da mesma forma que você :P”. Seria perfeito! Tão perfeito que eles reaproveitaram o diálogo, mesmo após desistirem desse final.
Assim, eles reciclam a ideia criando a realidade paralela e jogam essa dinâmica para lá. O diálogo ficou bonito, mas perdeu a força que teria se fosse na ilha, porque seria um tapa na nossa cara, do tipo “Caramba, faz muito sentido! Se ele está morto e anda, isso quer dizer que os sobreviventes...”.
Mas como eles mudaram o final, tiveram de criar outra explicação para o fato de Christian andar na ilha.
as visões da vida antes da ilha (cavalo da Kate, Javali do Sawyer), o fato de a ilha não poder ser localizada, o poder de cura que faz Lock andar e Rose se livrar do câncer (até então, a ilha só curava. O tumor do Benjamin só surge na terceira temporada, quando eles já poderiam ter mudado de plano).
Tudo isso seria explicado e faria muito sentido. Seria mítico/supernatural/fantástico, mas lógico! Estaria na nossa cara e só alguns veriam.
ao jogar o ‘purgatório’ para a realidade paralela, eles precisaram criar novas respostas para todos esses mistérios iniciais. Alguns eles conseguiram com misticismo (o que não agradou a maioria), outros não, tendo o maior deles ficado sem resposta: Se a ilha deixa de ser um purgatório, então o que ela era?
Se o final fosse esse, mais pessoas odiaram, mas eu acharia ainda mais bonito do que já foi. Faria sentido e tudo seria explicado. Mas em geral, eu adorei a série e achei o final excepcional! Acho que o final só funciona se você se identificar com os personagens e com suas histórias de vida. É emocionante para aqueles que aprenderam a gostar mais de cada um daqueles personagens do que dos mistérios da ilha em si.
Vidas Passadas
4.2 752 Assista AgoraO tipo de filme que se você assiste quando é muito jovem, talvez, não entenda qual é o ponto. E que deve fazer cada vez mais sentido conforme você vai envelhecendo.
Este filme não é sobre uma história de amor entre Nora e Hae Sung. Esse é apenas um pequeno recorte que podemos fazer da vida dela. E a vida também é todo o resto que não aparece em tela.
Quantas pessoas conhecemos no passado que, dependendo do recorte, renderiam histórias incríveis na tela, mas que lá na frente simplesmente saem de nossas vidas? A vida é assim, fazemos escolhas, conhecemos pessoas, esquecemos outras, tomamos rumos diferentes e no fim só podemos lembrar com carinho e nostalgia de algumas coisas que fizeram parte do nosso passado.
Celine Song usou a tela do cinema para destruir a magia do cinema. E essa metalinguagem fica clara na cena
em que o Arthur analisa quais seriam os papéis de cada personagem caso suas vidas fossem um livro ou um filme. Quem disse que a Nora era infeliz em seu casamento com Arthur? Quem disse que Hae era o amor da sua vida? Seria assim caso o filme fosse uma história de amor entre Nora e Hae Sung...
Ou seja, omitindo partes da vida da Nora, Celine Song conseguiu trazer em tela a melhor sensação do que é a vida.
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraEntendo a controvérsia que o filme gera, mas é engraçado ver um vencedor da Palma de Ouro em Cannes sendo classificado como feito para Framboesa de Ouro ou mesmo feito para ganhar o Oscar rs A última pretensão de quem inscreve um filme em Cannes é ganhar um Oscar. Perfis totalmente diferentes, embora às vezes aconteça de alguém conseguir agradar os dois públicos.
Ataque dos Cães
3.7 933Assisti procurando não saber nada sobre ele antes e me surpreendi. Não entendia qual era o propósito do filme e realmente não esperava que ele chegasse naquele lugar. Gosto quando o roteiro cria esses rumos poucos convencionais.
Ao invés de deixar claro desde o princípio, só nos últimos instantes descobrimos que o filme é uma história sobre
vingança. E isso foi um ótimo recurso para fazer com que o espectador se sentisse tão enganado quanto o Phil. Todas os passos estavam na nossa cara, mas eles são apresentados de forma tão sutil que quase não são notados. E é isso também o gera a impressão de que "não aconteceu nada no filme inteiro". Claramente uma escolha artística, por mais que ela não funcione para todo mundo.
É o tipo de filme que seria aclamado em festivais, que não tenta conquistar uma grande audiência e não subestima o espectador. Por isso com certeza vai gerar controvérsia com o público do Oscar (o prêmio da "indústria cinematográfica). Parece deslocado ao aparecer como favorito nessa premiação onde filmes desse estilo até podem ser indicados, mas ganham no máximo como Filme Estrangeiro.
Lembra os filmes do Haneke (como a Fita Branca ou Caché), onde a tensão é criada sutilmente e a resposta está nos detalhes. Não dá para dizer que é um filme perfeito, mas ruim também não é.
Amor, Sublime Amor
3.4 355 Assista Agora"West Side Story" é um dos meus musicais favoritos ao lado de "Os Miseráveis" e "Jesus Cristo Superstar". Sou muito fã do filme de 1961 e odeio remakes. Quando soube dessa nova versão, já achei desnecessária. Mas no fim achei válida. Primeiro porque não é exatamente um remake: são duas adaptações para o cinema de um musical de teatro feitas em épocas diferentes. Segundo que acho que a nova versão ajudou a resgatar a história para as novas gerações que não assistem mais filmes dos anos 60. Ainda que isso sirva mais para a nossa realidade, porque, nos EUA, West Side Story sempre continuou muito conhecido.
O casal Tony e Maria é um dos mais famosos da ficção. Os jovens do teatro lutam para representar os dois nas peças de escola. Algumas pessoas chegaram a criticar as músicas sendo que elas já são muito conhecidas. A trilha ficou várias semanas no primeiro lugar das paradas americanas. “America” (na voz da Rita Moreno), "I Feel Pretty" e “Tonight” são clássicos com letras atemporais. “Somewhere” está no mesmo patamar de músicas como “All I Ask of You”, "I Dreamed a Dream", "And I Am Telling You I'm Not Going" ou “Memory”, ou seja, daquelas canções de musicais que transcenderam o teatro, ganharam várias versões e se tornaram fenômenos pop. Por isso, inclusive, a forma como esta música foi pouco exaltada nesta versão me chamou a atenção.
A cena da Maria e Tony cantando “Somewhere” no filme de 61 é sem dúvida uma das mais famosas do cinema. Talvez justamente por isso o Spielberg não quis fazer uma simples recriação da cena. Seria como dois atores jovens copiando a cena de Jack e Rose com os braços abertos em um remake do Titanic. Ficaria meio caricato. Acho que ele tentou criar um momento novo com a música e por isso
a colocou na voz da Rita Moreno fora da ação da cena (o que se aproxima mais do musical da Broadway). Achei bem emocionante a Rita ter tido a oportunidade de cumprir esse papel 60 anos depois, mas, dentro da narrativa, creio que a música perdeu um pouco sua importância. Mesmo no original, estranha o fato de a Maria seguir apaixonada pelo Tony ao saber que ele matou seu irmão. Isso sempre foi controverso. Porém a música ajuda a criar o clima de que “o amor dos dois sobrevive porque ambos sonham com um lugar especial onde não há guerra e aquele ódio sem sentido que só leva à tragédia para ambos os lados”.
Temia mudanças muito radicais na tentativa de modernizar a história. Mas a maioria das atualizações foram bem sutis e válidas. Destaco
a menção sobre a cor da pele da Anita mesmo dentro da comunidade latina, as mulheres revoltadas com o quase estupro dela e uma abordagem mais explícita sobre a questão de gênero e homofobia contra o Anybodys.
De resto, acho que esta versão conseguiu transmitir bem o clima do clássico dos anos 60. Os sotaques, as cores, o arranjo das músicas, o estilo das coreografias. Como eu já conhecia a história e as músicas, não achei nem um pouco tedioso como muitas pessoas apontaram. Senti como se estivesse realmente revisitando o musical em uma versão ‘remasterizada’ com todos os recursos que a tecnologia atual permite.
Não gostei muito da atuação do Ansel. Anita continua sendo a melhor personagem. Para quem já é fã, acho que o filme funcionou bem. Para quem não consegue ver musical, acho que não faz sentido assistir. E faz ainda menos sentido criticar o gênero pelo gênero.
Pânico
3.4 1,1K Assista AgoraA maioria das pessoas que eu conheço: tristes pela morte de personagens em filmes de super-heróis
Eu:
triste pela morte do Dewey depois de ele sobreviver a vários killers desde 1996 😭
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraAlgumas pessoas criticando o humor em um filme do Adam McKay rs
É como criticar o uso de sangue em filme do Tarantino. Algumas coisas são simplesmente a marca do autor. Adam era roteirista e diretor no SNL e acho que este foi o filme onde ele melhor soube dosar o uso desse tipo de humor de esquete. Em Vice, por exemplo, parecia muito esquete de política do SNL, tudo muito caricato, não consegui levar o filme a sério. Neste o humor é mais sutil e combina mais com indiferença dos personagens para com o perigo que se aproxima. Não é perfeito, mas acho que disputa com A Grande Aposta para ser o melhor filme dele.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraTodo mundo AMA os filmes do Villeneuve e sempre que eu assisto algum, acabo com a sensação de que o filme é bom, mas faltou alguma coisa para ser TÃO BOM quanto falam. Sempre tem esse clima de que tem algo muito importante acontecendo nos bastidores, com uma trilha sonora tensa, personagens sussurrando com expressão de preocupação, porém onde pouca coisa acontece.
Duna foi o que mais me fez cochilar. Eu conheço a história, então nunca fiquei perdido, mesmo cochilando. Isso já tornou chato para mim, porque era apenas uma repetição de coisas que eu já sabia. Mas eu tentei pensar em quem nem mesmo conhece a história...
O livro também apresenta as informações sem dar grandes explicações. Ele coloca o leitor no universo, joga vários termos como se todo mundo já soubesse o que eles são e você precisa entender os significados pelo contexto. Creio que os roteiristas tentaram criar esse mesmo estilo no filme, contudo, na minha opinião, não funciona. Um livro é mais denso, você pode ler um parágrafo várias vezes até compreender, os personagens dão mais detalhes nos diálogos. E mesmo assim muita gente fica perdida lendo o livro. Um filme é mais dinâmico, as coisas acontecem muito rápido e se o espectador não entender muito bem o que é a “especiaria” ou os “criadores”, por exemplo, ele não vai entender absolutamente mais nada sobre o resto da história e sobre as motivações dos personagens. Cenas muito didáticas sempre diminuem a qualidade de um filme, porém, quando trata-se de um conceito extremamente importante para a compreensão da história, é melhor pecar pelo excesso do que pela omissão.
Usar a estrutura do livro também não me parece um acerto. No livro, toda essa introdução funciona. Mas em um filme, a narrativa fica extremamente lenta. Dava para ter feito tudo mais rápido e aproveitar o tempo restante para incluir no futuro elementos dos livros 2 e 3 que, na minha opinião, são o ápice da jornada do Paul e provavelmente ficarão de fora da segunda parte do filme, pois ela deve se concentrar apenas na parte final do livro 1.
E ao apenas jogar informações e não dar ênfase a determinados elementos da trama, muita coisa importante acaba passando de forma muito banal aos olhos de quem não conhece o livro. Por isso parece que nada acontece e o filme dá sono.
Um exemplo: a grande revelação sobre o fato de...
Yueh (mesmo com Condicionamento Imperial, o que, teoricamente, o tornava incapaz de infligir danos aos seus pacientes) ser o grande traidor dos Atreides
...não tem o menor impacto no filme. No livro, essa é uma virada do nível das traições de Game of Thrones, mas no filme pareceu nada demais. Tudo porque eles não desenvolveram o personagem direito. Ele era só mais um que apareceu ali quase como um figurante e que poderia trair qualquer pessoa facilmente.
Uma das críticas ao livro é a falta de representatividade. Achei interessante o fato de terem transformado o ecologista Liet-Kynes (homem branco no livro) em uma mulher negra. O Barão, por outro lado, é um personagem com grande potencial para ser um destaque no audiovisual, bem no estilo vilão de Game of Thrones, mas para mim, ele foi mal explorado. Quem apenas viu o filme não deve ter entendido o peso de cada casa e o que significa ser um Harkonnen ou Atreides.
Um acerto foram os olhos dos Fremens que no livro são descritos como totalmente azuis, até mesmo a parte branca. A versão do Lynch errou ao tentar reproduzi-los exatamente como no livro. No audiovisual não funciona. Nesta versão ficaram muito bons.
Infelizmente, como já citei, o filme deve acabar no fim do livro 1. Seria muito interessante ver no audiviosual a versão... (SPOILER SOBRE OS LIVROS 2 E 3 ABAIXO)
cega do Paul e também os seus filhos.
É aí que toda a trama sobre “O Messias” torna-se de fato interessante e original. Imagino que o filme vai cair no clichê do “herói escolhido” e deixar de lado na parte 2 todo o debate político sobre religião e manipulação de massas, tornando a história muito mais pobre.
Desejo e Reparação
4.1 1,5K Assista Agora"Depois que eu morrer, e que os Marhsall morrerem, e o romance for finalmente publicado, nós só existiremos como invenções minhas. Briony será uma personagem tão fictícia quanto os amantes que dormiram na mesma cama em Balham, indignando a proprietária. Ninguém estará interessado em saber quais os eventos e quais os indivíduos que foram distorcidos no interesse da narrativa. Sei que haverá sempre um tipo de leitor que se sente obrigado a perguntar: mas, afinal, o que foi que aconteceu de verdade? A resposta é simples: o casal apaixonado está vivo e feliz. Enquanto restar uma única cópia, um único exemplar datilografado de minha versão final, então minha irmã espontânea e fortuita e seu príncipe médico haverão de sobreviver no amor.
O problema desses cinqüenta e nove anos é este: como pode uma romancista realizar uma reparação se, com seu poder absoluto de decidir como a história termina, ela é também Deus? Não há ninguém, nenhuma entidade ou ser mais elevado, a que ela possa apelar, ou com que possa reconciliar-se, ou que possa perdoá-la. Não há nada fora dela. Na sua imaginação ela determina os limites e as condições. Não há reparação possível para Deus nem para os romancistas, nem mesmo para os romancistas ateus. Desde o início a tarefa era inviável, e era justamente essa a questão. A tentativa era tudo."
- Briony em Reparação (Ian McEwan)
O Caso Evandro
4.5 249Sobre a série...
Eu acho um grande erro terem deixado de fora do documentário as informações
que desmentiriam a versão de que o Osvaldo Marcineiro teria apontado o local onde o corpo foi encontrado.
Não adianta as pessoas dizerem que "você tem que ouvir o podcast". Eles decidiram adaptar a história para a TV, são mídias diferentes, com públicos diferentes e deveriam funcionar de modo independente. Eu entendo a questão da falta de tempo. Mas se é para cortar alguma informação, cortem integralmente (como foi feito com a parte sobre os outros suspeitos) e não apresentem pela metade. É a reputação de pessoas reais que está em jogo e MUITA gente só vai conhecer esta história por meio do documentário, sem ter tempo ou disposição para buscar informações adicionais e ouvir várias horas de um podcast.
Todo mundo que assiste apenas ao documentário sai com a impressão de que
no mínimo o "pai de santo" estava envolvido e trouxe o nome das Abagge por conta da tortura e pressão política, pois a forma como a narrativa foi construída NO documentário leva naturalmente a esse tipo de desconfiança. Porém, no fim, sem apresentar argumentos que derrubem aquele trecho do relatório da "Operação Magia Negra", eles simplesmente cravam a inocência de todo mundo.
Não à toa esse é o ponto que mais tem gerado questionamentos ao Ivan no Twitter. As informações que indicam incompatibilidades com as datas e os indícios de que o Osvaldo provavelmente NEM ESTAVA no carro naquela dia, deveriam estar NO documentário, não apenas no podcast ou Twitter...
O Caso Evandro
4.5 249Sobre o Diógenes...
Um ex-agente de segurança pública agindo como sindicalista no começo dos anos 90, com indícios de que possui algum tipo de problema psicológico e que demonstra claras motivações políticas por trás de discursos disfarçados de simples demandas populares. Um homem que apresenta uma natureza narcisista de modo a se sentir especial ao ser retratado na imprensa como um grande herói defensor da moral e dos bons costumes. Gosta de falar e narra tudo com muita propriedade, mesmo quando sua exposição parece cheia de incoerências, carência de provas e coisas que parecem até fantasiosas. Adota uma postura de ódio, revolta e indignação típica de programas policiais populares para entrar de cabeça em um caso marcado por defesa da pureza de crianças, intolerância com religiões de matriz africanas e associação com agentes policiais que praticam a tortura como método de investigação.
Lembra alguém? 👀
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraNem no Nolan a gente pode confiar mais...
Incrível como o cara que escreveu A Origem, Amnésia e Interestelar conseguiu recorrer a todos os clichês mais juvenis possíveis:
- Um vilão com origem soviética cuja motivação é nada mais nada menos do que DESTRUIR O MUNDO!
- Um herói sem defeitos e robótico que está disposto a se colocar em risco para salvar uma mocinha pura e inocente que ele acabou de conhecer por um motivo que ele desconhece.
- Um fiel companheiro que sabe tudo, mas sempre dará respostas enigmáticas.
- Uma mocinha frágil que precisa ser protegida e salva a todo custo e cuja a única preocupação é o seu filho. Sim, O MUNDO INTEIRO VAI ACABAR e a reação dela: “oh, não! Isso quer dizer que meu filho também vai morrer”.
Não é hate, eu sempre fui um grande fã do Nolan, mas nesse filme vejo potencializado o mesmo problema que eu já havia notado em Dunkirk: NÃO EXISTE DESENVOLVIMENTO DE PERSONAGEM. Parece que a cada filme, Nolan abandona mais essa característica tão importante em um roteiro e fica satisfeito em apenas mostrar imagens coreografadas.
E elas novamente são muito boas, não podemos negar. As cenas invertidas são super divertidas de assistir, o momento em que descobrimos que o protagonista estava lutando contra ele mesmo é um dos melhores do filme, mas isso não é suficiente.
Não tem nada a ver com A Origem ou Interestelar como apontaram. O grande mérito desses filmes está justamente na capacidade que o Nolan tem de mesclar uma boa história e personagens muito bem construídos com todas aquelas cenas de ação típicas de blockbusters. São filmes que conseguem agradar todo mundo: tanto aquele público que está ali pela história complexa quanto aquele que só está ali pelas explosões e cenas de aventura.
Em Tenet, além de a parte científica da história ser bem inferior e as explicações sobre os conceitos serem apresentadas de forma menos natural, os personagens são apenas peões, arquétipos, clichês. Eles são realmente o vilão soviético, o herói, o amigo, a mãe frágil em risco e mais nada além disso.
As explosões não estão ali para que os personagens se movam. A impressão que dá é que os personagens é que estão ali apenas para que as explosões ocorram. A gente não sabe nada sobre o herói. Ele é apenas um homem que sabe lutar e que corre desesperadamente durante o filme inteiro. Não possui um passado, não possui uma cena que exponha sua personalidade mais a fundo.
Sobre a polêmica com o estúdio e serviço de distribuição, eu entendo a revolta do Nolan em relação à forma como a coisa foi conduzida, de surpresa e sem acordo. Mas seu filme tem basicamente um avião arrastando carros e destruindo um aeroporto. Quem você acha que vai pagar tudo isso? Isso é indústria cultural. É vender sua alma artística ao mercado. Eles querem receber o dinheiro investido de volta. Se a preocupação do Nolan é puramente artística, ele precisa voltar para os festivais e voltar a fazer filmes de baixo orçamento que se destacam mais pela qualidade do roteiro do que pelos efeitos especiais.
Mas com ou sem explosões bancadas pelo estúdio, eu realmente gostaria que ele voltasse a prezar pela qualidade do roteiro nos próximos filmes.
A Passagem
3.5 421 Assista AgoraLady Gaga - 911
Survivor: Winners At War (40ª Temporada)
4.2 22Heroes vs. Villains jogou o nível tão lá no alto que quando ela acabou eu me perguntava "O que os produtores podem inventar agora para superar essa temporada histórica? Para começo de conversa, não tem como superar um cast como esse. Provavelmente só uma Winners Season lá pela S50 terá chance".
10 anos depois tivemos uma All-Winners Season para tirar a prova e, no fim, nem assim Heroes vs. Villains sai do topo na minha opinião. Já aceitei que jamais será superada.
Na verdade, Winners at War não entra nem no meu Top 10, o que é bem decepcionante considerando o cast que eles conseguiram reunir.
Além de trazerem de volta a pior twist de todas as temporadas, o fato de os "old school players" terem saído tão cedo acabou com a graça para mim. Sonhávamos como uma aliança Parvati, Sandra e Kim, mas a bendita mistura de tribos acabou com tudo. E também não dá para tirar a responsabilidade dos veteranos. Danni totalmente paranoica. Parvati simplesmente ignorou uma de suas aliadas e cagou para o jogo social. Rob achou que ainda estava na Redemption Island jogando contra crianças que têm medo do bullying dele. E a Sandra parecia desesperada para calar os críticos, provar que era de fato a rainha do jogo e que era, sim, uma estrategista de grandes jogadas como Parvati e Rob. Bastava seguir seu estilo de "as long as it's not me", o estilo que fez ela ganhar duas vezes, e ela estaria salva naquele TC. Mas ao menos ela arriscou, tentou fazer alguma coisa e gerou o único momento realmente marcante da temporada, diferente dos que ficaram no jogo com medo de se comprometerem.
Denise, por exemplo, parece que sentiu que não precisava fazer mais nada depois de eliminar a rainha, já estava satisfeita. Ela sabia que estava no 'bottom' e mesmo assim não fazia nada para mudar isso. Seguia votando da mesma forma como se tivesse aceitado seu destino de perdedora. E isso resume o que foi a temporada.
Vários vencedores são ganhadores justos, mas não são exatamente grandes personagens que geram entretenimento como Tony, Parvati, Sandra e Rob. A própria Denise com seu estilo silencioso só foi interessante em Philippines porque balanceava com um cast cheio de personagens interessante como a grande vilã brasileira Abi Maria. Se a gente precisar contar com a personalidade da Denise, Sophie, Ben e Nick para ter entretenimento fica difícil. Juntou um monte de participante "silencioso" na pós-merge e o jogo ficou totalmente boring se tornando novamente um show do Tony.
Uma temporada com esse calibre de jogadores e a única jogada marcante foi uma eliminação na pre-merge... Não aconteceu mais nada de anormal nos TC da pós-merge, apenas o povo falando no ouvido um do outro... No máximo a blindside na Sophie com o Idol no bolso.
E por mais que o Tony seja um vencedor justo e merecedor do título de "Rei do Survivor", é inacreditável que ninguém tenha tentado eliminá-lo. Simplesmente entregaram o prêmio para ele. Muitas vezes a gente acha que a edição é a culpada pela obviedade de algumas temporadas, pois eles enfatizam o domínio de certos jogadores, como aconteceu nas S31, S27 e na própria S28 do Tony. Mas nessa temporada a gente viu entre os próprios participantes várias menções de como Tony estava com a mão no prêmio, a gente viu membro do júri indicando o voto nele (inédito!) e mesmo assim só a Kim parecia disposta a jogar!
Nick foi o único que pareceu realmente enganado pelo Tony. Estava totalmente delirante com a possibilidade de fazer parte do F3 dele e acabou com as chances do Jeremy. Michele conseguiu o papel sempre carismático de underdog, mas não deixou de ser uma goat. Ela ao menos estava ciente do que estava acontecendo, mas não tinha poder algum de convencimento, por isso sempre estava no 'bottom'. Denise sabia que estava no 'bottom' e mesmo assim só seguia os planos dos outros aceitando que seria eliminada no máximo até o F4, nunca tentou tomar controle do seu destino. Sarah e Ben foram os novos Trish e Woo, só serviram de escada para o show do Tony. Sarah não tinha a menor chance de vencer o Tony e isso não tem nada a ver com o fato de ele ser homem. Assim como o Nick, ela superestimou o seu papel na aliança. E nem a blindside da Sophie fez ela acordar para essa realidade. O que o Rob falou para a Natalie também vale para a Sarah: a grande jogada que ela tinha de fazer ERA TIRAR O TONY. E ela nunca nem pensou nessa possibilidade. O Ben foi tão escada que no fim ele se ofereceu como sacrifício para fazer outra pessoa ganhar, ou seja, nem aí para sua própria vitória. Em uma temporada de vencedores, quando todo mundo prometia um "bloodbath", a última coisa que eu esperava era um participante abrindo mão do maior prêmio da história para consagrar outro. Decepcionante!
Apesar da passividade da maioria dos participantes, não dá para tirar os méritos do Tony por ser uma ameaça tão grande e conseguir sair do jogo sem receber 1 voto sequer. Por fim, resultado previsível e, por mais que eu adore a Natalie, é duro ver uma pessoa que foi eliminada no segundo dia tendo mais votos do que uma pessoa que sobreviveu todos os TCs só porque ela corria mais do que todo mundo na EoE. Não bastasse tudo isso, a falta de reunion e os votos lidos pela internet por conta de pandemia deixaram o final ainda mais anti-climático.
Um desperdício de potencial essa temporada...
Ainda assim, nenhum reality show do mundo chegará à sua quadragésima temporada e terá o privilégio de conseguir reunir 20 vencedores tão interessantes, inteligentes e cheios de histórias marcantes. Para ficar perfeito, só faltou Richard Hatch e Tina Wesson liderando cada tribo e o Todd Herzog no lugar do Ben.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraNoto que algumas pessoas confundem ARGUMENTO de roteiro com o ROTEIRO em geral. Muitos dizem que o roteiro deste filme é péssimo porque não gostaram dos rumos da história. Já eu acho que, embora o ARGUMENTO do filme não seja tão original (tudo lembra "O Homem de Palha", inclusive o final), o roteiro é uma das melhores coisas deste filme e é o que o torna diferente da maioria dos filmes de terror que estamos acostumados a ver.
O trabalho do roteirista vai muito além de pensar em um começo, meio e fim para uma história. A introdução, por exemplo, parte do seguinte argumento:
“Dani tem uma irmã bipolar e seu namoro com Christian está em crise. Quando estão prestes a terminar o relacionamento, Dani passa por um grande trauma: sua irmã mata seus pais e comete suicídio”.
Nada demais. Se você entrega esse argumento para 10 roteiristas de filme de terror, pelo menos uns 8 vão entregar várias cenas clichês. Já dá até para imaginar Dani
chegando em casa, falando “hellooo?” e tomando um susto ao encontrar seus pais mortos. Ou um policial batendo na sua porta e perguntando se ela é a Senhorita Ardor.
E como o Ari Aster resolveu nos contar esse pedaço da história?
Primeiro vemos o ponto de vista de Dani no momento em que ela está confusa quanto ao e-mail estranho que sua irmã enviou. Conhecemos Christian pelo telefone e já podemos perceber que ele não está disposto a lidar com os dramas de Dani, que também já se mostra insegura e extremamente dependente de Christian. Depois mudamos de ponto de vista e vemos que o relacionamento de Christian é criticado até mesmo por seus amigos. Descobrimos que, embora Dani seja louca por Christian, Christian está tentando terminar o namoro. Então o telefone toca. Há pouco tempo estávamos com Dani, mas agora estamos do outro lado da linha de modo que, assim como os personagens, nós nos perguntamos o porquê de ela estar ligando de novo. O que aconteceu em tão pouco tempo? Então temos a revelação, mas gradativamente: primeiro os gritos, depois o carro, depois os bombeiros, depois a casa, depois os corpos, depois o e-mail. Lentamente vamos montando as peças do cenário chocante em nossas cabeças.
Só por essa introdução eu já fiquei “WTF, o que mais vai acontecer nessa história?” E ao longo de todo o filme temos essa dinâmica onde sabemos que algo de errado deve acontecer, mas não sentimos como se alguém estivesse nos preparando para isso. Tudo parece bem e errado ao mesmo tempo.
Muita gente achou que isso tornou o filme tedioso. Aí já é questão de gosto. Eu particularmente achei o final mais chocante porque a história foi contada dessa forma. O filme não foi desenvolvido como um típico filme de terror, mas sim um drama sobre amigos passando as férias na Europa. Junta-se a isso a já tão falada fotografia alegre e colorida.
Meu cérebro não estava preparado para ver os personagens naquela situação degradante do final.
O roteiro é justamente um diferencial neste filme, assim como em Hereditário (como esquecer a cena do jantar ou a cena do poste?). Ambos têm argumentos pouco originais, porém ambos possuem roteiros com personagens bem construídos e histórias que até chegam em lugares óbvios, mas por caminhos não convencionais, surpreendentes.
1917
4.2 1,8K Assista AgoraÉ um filme de 2 horas sobre dois caras enviando um recado.
Depois de 2 horas ele chega ao local e diz: você precisa recuar. E o tenente diz OK.
Depois ele encontra o irmão do amigo e diz: seu irmão morreu. OK
Fim.
O clímax do filme é basicamente o momento em que o Will corre pelo campo de guerra para evitar a trincheira do seu próprio exército lotada, esbarrando em soldados e desviando de explosões em uma batalha na qual ele nem está lutando. Tudo para entregar seu recado.
Obviamente chama a atenção pelos aspectos técnicos e pelo efeito de plano sequência. Mas o filme em geral é apenas isso. Um homem levando um recado e a gente tentando localizar onde os cortes foram feitos.
No fim ainda tem um agradecimento ao cabo que teria contado a história. Imagino ele sentando e falando: "tenho uma história muito boa: certa vez, durante a Primeira Guerra, um general mandou dois caras levarem um recado. Passaram por vários perigos no caminho, pois estávamos no meio de uma guerra onde há explosões e tiros para todo lado. Encontraram até uma mãe com seu bebê passando fome! Um deles morreu e no fim o outro entregou o recado. História incrível, né? Daria um filme!"
Recomendo muito Festim Diabólico (Rope) do Hitchcock :)
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraVi algumas pessoas dizendo que o filme é VAZIO POR DENTRO.
Olha, eu entendo o fato de muita gente não ter gostado, de criticar escolhas artísticas, de não se adaptar ao ritmo e até achar o autor pretensioso. Mas chega a ser até uma calúnia contra o criador dizer que um filme repleto de símbolos relacionados a mitologia grega, psicanálise e Lovecraft é VAZIO!
Dica: muitas vezes o vazio não está em uma obra, mas na bagagem cultural do espectador. E admitir isso não é arrogância. Pelo contrário. Ser humildade é aceitar nossas próprias limitações.
Mr. Robot (4ª Temporada)
4.6 370Mr. Robot termina com uma das melhores séries na década. Isso em uma década onde tivemos o fim de Mad Men, Breaking Bad e Game of Thrones!
Só uma coisa me incomodou um pouco em relação ao final. A mesma coisa que foi um grande problema em Lost foi feita em Mr. Robot, mas sem o mesmo poder de destruição:
Ambas as séries prometeram uma grande revelação sobre um determinado mistério. Até os promos finais das séries são muito parecidos com a ideia de que "tudo será enfim revelado!"
No caso de Lost, desde o começo queríamos saber "o que afinal era a ilha?". Já em Mr. Robot tivemos algo equivalente a partir da terceira temporada: o que era o grande projeto da Whiterose? Sim, tivemos algumas respostas para isso, mas não tudo o que foi prometido ao longo de vários episódios. Como ela funcionaria? Era viável? Qual era de fato sua função? Como Whiterose manipulou a Angela? O que a Angela viu afinal?
Além disso, em ambas as séries fomos apresentados a uma realidade paralela que PARECIA ter alguma relação com o mistério (tanto da ilha, quanto da máquina), mas que no final era apenas uma distração. A realidade paralela de Lost não tinha nada a ver com a ilha ou com a história que havia se passado nela e a realidade paralela de Mr. Robot não tinha nada a ver com a máquina da Whiterose.
Quando isso aconteceu em Lost foi um GRANDE problema, pois, além de ficarmos sem uma resposta para o que era a ilha, ainda descobrimos que os produtores nos enrolaram durante uma temporada inteira com algo que não tinha qualquer relação com as respostas que procurávamos.
Em Mr. Robot aconteceu a mesma coisa, porém, o resultado acabou sendo mais satisfatório. Por quê?
Primeiro porque a realidade paralela durou apenas dois episódios, não uma temporada inteira. Segundo que a desculpa dos produtores de Lost foi a de que "os mistérios não eram tão importantes, mas sim a jornada dos personagens". Mas isso não funcionou em Lost porque lá ELES FIZERAM OS MISTÉRIOS SEREM MUITO IMPORTANTES. A maior parte do público estava mais preocupada com a resposta para os mistérios do que com o destino do Jack. Mr. Robot, por outro lado, foi tudo o que os produtores de Lost queriam ter feito: muita gente amou o final e nem mesmo se tocou que não houve uma resposta para o grande mistério, pois as pessoas não estavam realmente muito preocupadas com o mistério. Elas estavam preocupadas com o Elliot, com a Darlene e com seus destinos...
Em Mr. Robot, desde o começo aprendemos a nos envolver com Elliot e a se preocupar com sua jornada. Desde o começo fomos treinados a nos importar mais com os seus monstros e conflitos internos do que com as suas aventuras externas. Desde o começo estamos envolvidos com toda a complexidade psicológica que existia por trás desse personagem e por isso o final foi tão grandioso mesmo sem valorizar as tramas e os conflitos externos. Porque para o público desta série, entender os mecanismos da mente do Elliot era mais importante do que entender os mecanismos do projeto da Whiterose.
Por isso, mesmo não gostando dessa característica do roteiro, mesmo tendo me sentido um pouco enrolado (principalmente com o enredo da última temporada) eu não me importei tanto com isso e achei que a série foi encerrada de um medo sensacional. Ainda coloco os finais de Sopranos e Six Feet Under como os melhores finais de séries da história, mas o fim de Mr. Robot me gerou um impacto muito semelhante ao que senti vendo o final dessas duas séries. Daquelas conclusões que a gente não esquece e que deixam os personagens gravados na nossa memória. Vale destacar também as referências (ou no mínimo semelhanças) a Clube da Luta, Donnie Darko e 2001 - Uma Odisseia no Espaço.
Mr. Robot (4ª Temporada)
4.6 370Chegamos ao meio da temporada e tivemos outro bottle episode o.O
E esse mais clássico ainda, pois foi feito de fato com apenas um cenário.
O episódio 7 foi excelente, mas a sucessão de episódios atípicos com elenco reduzido acaba criando a sensação de que não havia enredo suficiente para 13 episódios e estão enrolando o máximo possível ou que o orçamento para a temporada foi muito curto. Até porque eles
deram um jeito de se livrarem rapidamente de dois personagens que eram muito importantes para a série.
Tivemos um episódio inteiro para
nos despedirmos do Tyrell
Se esse é o caso, pelo menos estão entregando bons episódios com as típicas inovações narrativas que a série sempre apresentou ao público, o que cria a estranha sensação de que nada aconteceu, mas mesmo assim eu gostei de ter assistido.
Mr. Robot (4ª Temporada)
4.6 370O 4º episódio é um "bottle episode" que faz alusão a um dos bottle episodes mais famosos da história da TV americana: Pine Barrens de Sopranos.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraAcho que eu fui com a expectativa muito alta, mas tem como não ir quando o filme ganha a Palma de Ouro? E... sério? Palma de Ouro? Creio que esse filme entre no nicho de ganhadores que são premiados por trazerem inovações técnicas ou narrativas para o cinema, como foi o caso de Pulp Fiction, por exemplo. Mas eu acho que esse filme está bem longe da originalidade de Pulp Fiction.
A história é dinâmica e divertida de acompanhar, porém os meios que os roteiristas encontraram para os personagens superarem seus obstáculos são cheios de casualidades que seriam apontadas como um problema em qualquer thriller americano. Falo por exemplo sobre
a comunicação por Código Morse no final ou a forma como eles armaram a situação da tuberculose, entre outras situações mirabolantes. Aquela cena em que pai e filho “passam o texto” é tão absurda que eu fiquei esperando alguma indicação de que era proposital, algum recurso metalinguístico como os de Holy Motors. E até agora não estou convencido de que não era, pois não é possível.
Também tenho uma resistência para idolatrar histórias que façam críticas à desigualdade social. Não porque acho o tema irrelevante, mas porque é um tema recorrente, com o qual é muito difícil você não sucumbir a clichês e muito fácil de parecer profundo, genial. E por mais que o filme tenha muita originalidade e não seja nem um pouco maniqueísta,
a coisa do “cheiro de pobre” e a burrice caricata da patroa não deixam de serem elementos batidos.
Ainda assim, é um bom filme, especialmente pela dinâmica entre os personagens que compõem a família, mas se a ideia era premiar o caráter mirabolante do cinema coreano, eu preferia ver uma Palma de Ouro para I Saw the Devil ou Oldboy. Ainda não vi Bacurau, mas em Kleber Mendonça I trust e já sinto injustiçado haha, apesar do Prêmio do Júri.
Amy
4.4 1,0K Assista AgoraSó agora eu entendi de verdade o que aconteceu naquele show que viralizou na época!
Eu acompanhei de perto a carreira da Amy, por isso o abuso da imprensa, Blake e seu pai não foram grandes surpresas para mim nesse documentário. O que eu nunca tinha parado para pensar, foi sobre a relação dela com a música em si, e como seu maior prazer virou o seu maior sofrimento.
Veja bem: para Amy, fazer música era simplesmente diversão e um meio de colocar seus sentimentos para fora, assim como é para todo grande artista. Quando ela cantava “Back to Black”, não era brincadeira, ela revivia toda a dor que sentiu ao perder o Blake.
Mas a indústria musical não funciona assim. Os cantores simplesmente repetem versos e refrões criados por produtores, que no fundo não querem dizer nada. E por anos eles cantam essas músicas, porque é isso o que o público quer ouvir.
Depois do sucesso do álbum e do Grammy, Amy simplesmente foi jogada para esse mundo, no qual os artistas precisam promover suas músicas e fazer shows com seus grandes hits. As pessoas passaram a tratar “Rehab” como todas aquelas outras músicas que concorreram “Canção do Ano” junto com ela.
Só que para a Amy a música não era isso. Beyoncé fala “to the left” para um cara escroto hipotético, Amy cantava sobre sua própria vida. Imagina-se na situação dela, ser obrigada a subir em um palco para reviver um sentimento que você já superou.
Blake já não fazia mais parte de sua vida, mas ela tinha de cantar “Back to Black" porque era para isso que o público estava pagando. “Cante ou devolve o meu dinheiro!” Ela já tinha ido para a “Rehab”, sofria muito com as drogas e ainda precisava ficar repetindo que uma vez aí em seu passado tentaram levá-la para clínica e ela disse não, não, não...
E, então, nós, o público, vamos aos shows e gritamos “Amy eu te amo” com a melhor das intensões, querendo ajudar, mostrando que ela é amada, mas sem saber que na verdade está contribuindo para o problema, porque toda aquela exposição, toda aquela multidão, era justamente o que ela não queria.
Ela só queria poder continuar fazendo sua música e ter uma vida normal, sem a cobrança de promover single, ir para o topo, ganhar Grammy, ser amada por multidões. Só fazer música... Custa muito?
Making a Murderer (1ª Temporada)
4.4 282 Assista AgoraSe alguém ainda não está convencido da fragilidade do sistema penal, assista agora "The Jinx", um documentário da HBO em 6 partes, no mesmo molde de "Making a Murderer", com um personagem também famoso na mídia americana, mas cuja história é basicamente
o inverso do caso do Steven Avery: com dinheiro, obviamente culpado e com uma excelente articulação para depor no próprio julgamento.
Boa Noite, Mamãe
3.5 1,5K Assista AgoraO filme é interessante, mas a ordem das cenas inciais foi muito infeliz...
A ideia era que o público esquecesse aquele começo e se concentrasse no que viria a seguir, o que é quase impossível. Logo depois de as bolhas subirem no lago e eles introduzirem um corte, a única dúvida que ficou na minha cabeça foi: ok, ele morreu ou não morreu? Em seguida, a mãe faz o jantar apenas para um dos dois. Pronto! Ficou muito óbvio... A partir daí, vi o filme inteiro imaginando que um não estava lá...
Por mais que isso não seja tudo no filme, é inegável que é frustrante ficar 1h30 para ver a revelação de algo que você já sabe...
O outro famoso filme com esse mesmo final é muito mais interessante.
Lost (6ª Temporada)
3.9 998 Assista AgoraEu acho que os produtores mudaram o final! Acho que a ideia original era
a ilha ser um purgatório, para onde todos foram após morrerem no acidente de avião.
Acho que eles mudaram por dois motivos:
1- No terceiro episódio todo mundo já tinha descoberto (foi a primeira teoria e a mais aceita)
2- Eles não esperavam que a série fizesse tanto sucesso e tivesse 6 temporadas (é muito mais fácil dizer que todos estão mortos no fim de uma temporada do que após 6 anos, quando todos já descobriram o mistério no primeiro ano).
Veja se não faz sentido:
Aquele mesmo diálogo entre Jack e o pai aconteceria na ilha. Christian foi um dos primeiros mistérios da série. No avião ele estava morto, mas ao cair na ilha, seu corpo desaparece do caixão e ele aparece andando normalmente. Jack sempre vê o pai, mas nunca consegue se aproximar. No fim da primeira temporada (ao invés de escotilha e Black Rock), Jack conseguiria enfim chegar perto do pai. Então, ele perguntaria: “Como você consegue andar nesta ilha se você está morto?” e ele diria: “Da mesma forma que você :P”. Seria perfeito! Tão perfeito que eles reaproveitaram o diálogo, mesmo após desistirem desse final.
Assim, eles reciclam a ideia criando a realidade paralela e jogam essa dinâmica para lá. O diálogo ficou bonito, mas perdeu a força que teria se fosse na ilha, porque seria um tapa na nossa cara, do tipo “Caramba, faz muito sentido! Se ele está morto e anda, isso quer dizer que os sobreviventes...”.
Mas como eles mudaram o final, tiveram de criar outra explicação para o fato de Christian andar na ilha.
Aí surge a fumaça...
E vejam, além do Christian, parece que todos os demais mistérios dos primeiros episódios foram construídos sob essa perspectiva:
as visões da vida antes da ilha (cavalo da Kate, Javali do Sawyer), o fato de a ilha não poder ser localizada, o poder de cura que faz Lock andar e Rose se livrar do câncer (até então, a ilha só curava. O tumor do Benjamin só surge na terceira temporada, quando eles já poderiam ter mudado de plano).
Tudo isso seria explicado e faria muito sentido. Seria mítico/supernatural/fantástico, mas lógico! Estaria na nossa cara e só alguns veriam.
O problema é que
ao jogar o ‘purgatório’ para a realidade paralela, eles precisaram criar novas respostas para todos esses mistérios iniciais. Alguns eles conseguiram com misticismo (o que não agradou a maioria), outros não, tendo o maior deles ficado sem resposta: Se a ilha deixa de ser um purgatório, então o que ela era?
Se o final fosse esse, mais pessoas odiaram, mas eu acharia ainda mais bonito do que já foi. Faria sentido e tudo seria explicado. Mas em geral, eu adorei a série e achei o final excepcional! Acho que o final só funciona se você se identificar com os personagens e com suas histórias de vida. É emocionante para aqueles que aprenderam a gostar mais de cada um daqueles personagens do que dos mistérios da ilha em si.