Considero esse como o melhor da Marvel. Mais do que um filme de ação, temos aqui um competente thriller de espionagem com traições, tiros, teorias e agentes infiltrados nos dois lados. O roteiro soube dosar e dividir bem a parte herói e a parte humana de Capitão América/Steve Rogers, contendo até partes emocionantes como a busca dele pelo seu passado, o encontro com a mulher que ele amou antes de ser congelado, as lembranças de seu melhor amigo e o constante conflito interno que o personagem passa por ainda não se adequar em um mundo moderno e menos cordial do que aquele que vivera. E contando ainda com aquela velha fórmula dos filmes de super-heróis que sempre dão certo: um dos vilões que em sua teoria bonitinha quer salvar o mundo, mas que na verdade sua intenção é apenas exterminar aqueles que considera ameaças; a tecnologia; e as cenas de ação, aqui muito competentes e coreografadas. O 3D é ótimo e muito bem utilizado pelos irmãos diretores. Percebi que a direção ia ser boa desde a sequência inicial. Chris Evans melhorou e muito em relação ao primeiro Capitão América. A possível antipatia que eu tinha com o personagem era muito por culpa dele. Claro que o considero carismático, mas em comparação ao Robert Downey Jr e seu Homem de Ferro, era bem abaixo na questão da atuação e aqui mais maduro e seguro, ele consegue chegar mais próximo do “rival”. E é esse conjunto que faz com que eu veja sentido na minha afirmação do começo do parágrafo.
Histórias como essas podem ser didáticas demais e Ron Howard aliado ao roteiro de Peter Morgan (Frost/Nixon) tenta o tempo todo tirar o tom de documentário e consegue transformar em um filme de ação e completamente emocionante. Seja pelas ótimas sequências da corrida, seja pela vida dos pilotos fora das pistas. A intenção aqui é mostrar a temporada de 1976, além de ter sido disputada ponto a ponto pelos dois até o final, foi o ano em que tivemos o grave acidente de Niki Lauda, que chegou até ter a extrema unção por um padre. Mas pra chegar até esse ano, passamos pelo começo deles na F3, início da F1, casamentos, brigas, etc. Tudo um pouco corrido. Mas o filme já tem 2h de duração, então vejo isso mais como um artifício do roteiro do que propriamente como um deslize.
Gosto muito do trabalho do diretor, mesmo sabendo que ele é daqueles que preferem sempre o básico. Faz o arroz com feijão e conseguiu obras com sucessos de crítica (Uma Mente Brilhante) e bilheteria (Anjos e Demônios). Quando se arriscou aos efeitos especiais, nos blockbusters e afins, não foi bem. E por isso mesmo me surpreendi positivamente com Rush. As cenas das corridas são ótimas, trazem ao público a emoção da pista. A forma como conduziu a montagem – fiquei fã dos takes dos motores – deixou sempre o espectador com gostinho de quero mais, esperando uma próxima disputa entre os dois. Mas o ponto alto da direção é o acidente de Lauda. Rodado exatamente no mesmo lugar onde ocorreu, Howard quis reproduzir e não simplesmente pegar imagens de arquivos e fez isso com competência. Emocionou, deu aflição e acertou ao não ficar minutos e minutos naquilo. Deixou a história seguir seu fluxo.
Temos em Taxi Driver uma das atuações mais impressionantes da história do cinema. Robert De Niro está magistral aqui, rouba todas as cenas pra ele. É a alma do filme. Jodie Foster, ainda adolescente, mostra também que seria no futuro uma das melhores atrizes de Hollywood. Mas não são apenas as atuações: Taxi Driver ilustra exatamente a década em que foi realizado. É uma das obras mais significativas do momento que passava o cinema americano, onde deixava de lado todo o luxo da era de ouro e aprofundava-se em temas mais sombrios e realistas. Vejo uma característica parecida com Fight Club, analisado semana passada aqui nesse mesmo blog: O personagem solitário e inquieto apenas quer mudar o mundo ao seu redor, sempre com seu ideal em mente. Sem deixar de lado no que acredita. Uma pena que ambos eram loucos, assim como todos aqueles que realmente um dia quiseram mudar o mundo.
Remetendo a uma das décadas mais interessantes, “Aqui é o Meu Lugar” tem maravilhosa trilha sonora de David Byrne, cenários belíssimos e uma ótima fotografia, mas pecou naquilo que é mais importante pra deixar um filme atrativo: o roteiro.
Noé é sombrio do início ao fim. A intenção do diretor não foi criar um filme que contasse fielmente ou de forma bonita a história relatada na Bíblia, então, mesmo sendo um filme religioso esse está longe daquela cafonice dos clássicos bíblicos ou das séries e novelas de televisão. Ateu e vegetariano assumido, Aronofsky achou na história da arca um fio condutor para questionar o fanatismo religioso, a existência de Deus – ou do Criador, como aqui é chamado o tempo todo -, e a preservação da natureza, partindo de temas como o desmatamento e a extinção de espécies. Diante disso conseguiu junto do seu coroteirista Ari Handel criar um Noé totalmente humanizado, longe daquela ideia casta que passa por nossa cabeça ao falar de qualquer herói bíblico. Ao mesmo tempo em que era um defensor da natureza, ensinando seus filhos a colherem e caçarem somente quando necessário, a partir do momento em que recebe o chamado do Criador, segue aquilo tão cegamente que erra até mais do que acerta. Mata pessoas, entra em conflitos familiares, etc.
De uma maneira geral o filme me agradou. Conseguiu ser um blockbuster de respeito, longe daquela cafonice adolescente que geralmente permeiam esses filmes. É entretenimento. É sombrio. Tem mensagens bonitas. É fantasioso. É Darren Aronofsky.
Cenários sujos e literalmente caindo aos pedaços, fotografia escura e ótimo desenho de som, “Clube da Luta” é sem dúvidas um dos maiores marcos cinematográfico da década de 1990. Com pouco público nos cinemas e diversas polêmicas em torno dele, tornou-se com o passar desses 15 anos cultuado por todos aqueles que se aventuraram a assistir ao filme sem se preocupar com a quantidade de violência que seria exposta na tela. Afinal, aliado ao belo texto de Chuck Palahniuk, David Fincher nos trás uma reflexão sobre a vida, sobre o meio que vivemos e sobre aquilo que de certa forma é nos imposto por grande parte da sociedade: como o consumismo. E, se não estamos felizes com a forma em que vivemos, o que fazer pra mudar? Certo ou errado, o personagem escolheu lutar, vandalizar, sem deixar seu ideal de lado. Com atuações espetaculares de seus três protagonistas e um dos melhores finais – mesmo que nem tão surpreendente assim (temos pistas durante toda a projeção) -, Fight Club é obrigatório para todos aqueles que amam cinema.
Os irmãos Coen deixam várias pistas pelo caminho, que nos fazem acreditar que “agora vai”, mas não .. e a partir de então identificamos de que apesar de todos os esforços, Llewyn Davis não quer sair do lugar, acredita fielmente que não precisa evoluir em sua música, se modernizar ou então tentar algo diferente. E com isso temos a sensação de que estamos andando em círculos. Principalmente pela sacada genial da montagem.
Não espere aqui aquele humor gratuito contido em várias das obras dos diretores. Mas há também o humor, a ironia, que torna todo o fracasso em algumas situações engraçadas. Uma ótima cena onde ao lado dos personagens de Justin Timberlake e Adam Driver, temos a gravação de uma música que no filme se tornaria o hit da época. Com aqueles refrões chicletes que grudam em nossa mente. E a participação de John Goodman e os ótimos diálogos a caminho de Chicago.
Não deixa de ser um registro histórico, uma homenagem à década de 60 mesmo que visto com um olhar perdedor. E vale a mensagem para sairmos da inércia. Tentarmos coisas novas. Seja uma satisfação pessoal ou financeira.
É inegável o talento de Carlos Saldanha como animador, repleto de detalhes e movimentos perfeitos dos animais. Mas falta um talento como diretor/roteirista. Caiu facilmente no clichê. Não temos aqui uma profundidade necessária (mesmo em um filme infantil) dos heróis e vilões. Deixou uma mensagem bonitinha sobre o desmatamento, mas só.
Com belíssimas imagens e uma Amazônia totalmente diferente daquilo que assistimos em milhares de documentários do Discovery Channel (cadê o continental rio?), Rio 2 deixa de lado a proposta de ser um filme de animação e se torna apenas uma propaganda turística. Uma forma, mesmo que mentirosa, de mostrar outros cantos de nosso país. Uma pena, tinha potencial para ser uma bela continuação de uma ótima animação.
Dono de uma potente trilha sonora composta por Eddie Vedder vocalista da banda Pear Jam, “Na Natureza Selvagem” não me cativou. Simplesmente por não me identificar com o personagem principal. Apesar disso, considero uma grande obra do cinema contemporâneo. Sean Penn consegue através da montagem e direção desenvolver um roteiro que nas mãos de um qualquer ficaria cansativo, massante e que talvez não atingisse tão cheio e profundo ao público alvo. Seria apenas mais um road movie contando a história de um personagem infeliz com o mundo que vive. Vale pela música, vale pelas belas imagens e também pela mensagem de que podemos ir em busca do autoconhecimento, seja lá onde ele estiver.
Logo nas sequências iniciais (não as jornalísticas) temos uma perseguição de moto nas vielas da favela, interessante a forma como foi feita e talvez tenha sido ao lado da fotografia o que de melhor tivemos em termos técnicos durante a projeção. Após isso, o diretor e roteirista começam a nos apresentar os personagens, sem se aprofundar em nenhum deles, são jogados na nossa frente e cabe à nós decidirmos o que pensar ou então adivinhar sua função dramática. Não é só aí que o roteiro peca, diálogos jogados entre os policias a partir do momento que estão enclausurados nos contam histórias sem final. Qual é o verdadeiro conflito entre Samuel e Branco? O que motivou todos eles a estarem nessa missão? Nunca vamos saber. Tem mais, a montagem não ajuda em nada o já confuso roteiro, temos a impressão que tudo aquilo passou em apenas um dia e quando menos se espera, ouvimos que os policiais estão sumidos há pelo menos duas semanas.
Passado esse susto inicial vocês devem imaginar que aqui não temos nada de interessante ou nenhum ponto alto. Calma, calma. A já falada fotografia é elogiável. Ela, aliada à boa cenografia da pizzaria faz com que a sensação de claustrofobia fique ainda mais evidente e é o que ajuda a nos prender na cadeira. Faz com que o filme cumpra seu papel de thriller, deixando o tempo todo uma tensão no ar, um suspense.
Antônio Fagundes é daqueles atores que dispensam nossos comentários. Mas ainda assim é impossível falar de Alemão e não citá-lo, como todo o projeto em que participa. Assistimos ele por no máximo 10 minutos e não precisa de mais nada para o filme ser dele. Um show de interpretação, mostrando que está realmente em uma grande fase. Aliás, como sempre.
O final nada clichê pode não ter agradado muita gente, acredito. No fundo sempre adoramos histórias bonitinhas e com finais felizes. Mas eu gostei. Salvou o filme da mesmice. Mas ainda assim fica aquela sensação de que sabemos fazer melhor, Cidade de Deus e Tropa estão aí pra nos provar.
Finalmente consegui assistir aos dois capítulos de Ninfomaníaca. Não quis assistir ao primeiro perto de seu lançamento, sabia que a segunda parte demoraria a lançar e minha curiosidade em saber como realmente termina a história seria mais insuportável do que aquela que sinto ao esperar o próximo episódio ou temporada de uma série. E com uma semana de diferença, assisti aos dois volumes e ao contrário do que li e ouvi por aí, achei ambos do mesmo nível. Claro, são o mesmo filme.
Diferente do que acontece em sua primeira parte, Ninfomaníaca – Volume 2 deixa um pouco de lado as metáforas e simbolismos jogados ao vento e foca em um único alvo: o cristianismo. Ortodoxa ou Romana, a Igreja aqui é tratada como uma entidade hipócrita. O desejo também é tratado como um tabu, mas religioso, enquanto no primeiro volume é um tabu mais social, onde as ações de Joe chocava a família e a sociedade.
Essa provocação de Lars com a Igreja fica bem clara quando se compara/relaciona uma sessão sadomasoquista vivenciada pela personagem principal às chibatas recebidas por Jesus Cristo, inclusive nos números. Outro assunto provocante é a pedofilia, mas diferente da grande maioria desse segundo filme, aqui é uma provocação à sociedade também e não só aos religiosos. E diante dela, nós devemos realmente refletir. Mostrou nada mais do que o que de fato acontece. Infelizmente.
Talvez o que tenhamos de superior aqui é o fato de podermos contemplar mais da atuação brilhante de Charlotte Gainsbourg. Como o roteiro segue também uma lógica cronológica, as cenas narradas são também interpretadas por ela, devido à idade já mais avançada da personagem. Charlotte faz com que o espectador se envolva mais com a personagem e principalmente com sua tristeza e seus conflitos.
Temos também algumas revelações interessantes durante a projeção, mas falar sobre isso seria spoiler e fica aqui o meu convite para que assistam ao filme.
No mais, continuamos com closes de órgãos genitais, principalmente os masculinos. Não seria diferente, Lars Von Trier queria polemizar e parece que cutucar a Igreja e a sociedade não era suficiente, ele também precisava de alguma forma chocar aqueles mais conservadores que se aventurarem ao filme. Mas como eu disse lá atrás na semana passada, se algumas vezes esses planos são usados de forma gratuita, a grande maioria das vezes ajuda no desenrolar do roteiro. Afinal, querendo ou não, o filme trata de sexo, mesmo que seja apenas para mostrar a hipocrisia do ser humano e do meio em que vivemos.
Parabéns por mais essa obra, Lars. Mas você sabe, pode ser melhor.
Relacione pescaria, Fibonacci, Bach e religião com sexo, após isso crie poesia, daquelas bem depressivas e angustiante. Após fazer tudo isso, faça um filme. Imagino que ao ler tudo isso você não achou das missões mais tranquilas, né?! Mas Lars Von Trier através da sua - sempre competente - lente, conseguiu, e parece que de forma tranquila, tão tranquila que conseguiu tempo até pra polemizar, como sempre.
Lars aproveitou a temática do roteiro, aliado do nome forte da película para fazer seu marketing. Assim, a curiosidade pelo filme foi muito maior de que todos os outros já realizados pelo diretor. Afinal, todos pensavam, quão ousado vai ser?! Eu lhes digo, ousadia alguma. As cenas de sexo (explícito ou não) estão ali sem ser gratuitamente, pelo menos em sua maioria. Claro que temos algumas sequências que não seriam necessárias para que se contasse a história, mas aí não seria Von Trier, não seria polêmico. E por conta disso eu acho que ele deveria voltar a ser apenas genial, deixar um pouco a faceta polêmica de lado. Apenas uma opinião pessoal.
O fato é que tudo aqui funciona bem. A fotografia é deslumbrante, como de costume. A trilha sonora misturando músicas clássicas e clássicos do rock não poderia ser mais interessante. E as atuações? Sabemos que o Lars sempre consegue tirar o máximo de seu elenco, mas a facilidade que ele faz isso com aqueles que fazem apenas uma participação é incrível.
Quando terminou imaginei que estava terminando o último capítulo, pensei: "A continuação não seria necessária, aqui ele conseguiu contar uma história com começo, meio e fim. Ponto pra montagem.", aí chega a última cena e penso: "Porra, mais uma vez me surpreendeu, tem sim que ter um próximo volume".
Pra mim o melhor da trilogia da depressão. Mas longe de Dogville. Sei que você é capaz de ser melhor que isso Von Trier. Por isso eu digo novamente: deixe a polêmica e foque em ser apenas genial.
Durante as quatro estações do ano acompanhamos a rotina de Isabelle, desde a perda de sua virgindade no verão, até as brigas com sua mãe por conta da prostituição.
A primeira sequência do filme, onde através da lente de binóculos de seu irmão, vemos a bela Isabelle tomando sol, o diretor nos deixa como voyeur e assim permanecemos durante todo o filme, que mesmo com todos os conflitos que poderiam ter, acabamos não nos envolvendo com a personagem protagonista, em nenhum momento. Sua frieza e o olhar misterioso nos deixa sempre afastado dela, deixando assim que cada espectador crie sua opinião e percepções sobre a história.
O que se vê aqui, é o mesmo que enxerguei em "A Caça", mas em proporções menores e em situações completamente opostas: a mudança de tratamento que a sociedade impõe à alguém quando se descobre algo não tradicional, ou errado, sobre ela. Julgamentos precipitados, sem nem ao menos saber os motivos ou a verdade.
Diferente de outras obras que tratam de prostituição, aqui não temos uma jovem que decide por essa vida por necessidade, por ter uma vida difícil. Isabelle nunca se encaixou na sociedade, percebe-se que ela não se envolve com os jovens de sua idade, mas também não se envolve com os amigos da mãe, e através da prostituição, ela se achou finalmente. E isso explica o final do filme.
Quando se gosta de cinema existem coisas inevitáveis e uma delas é ir assistir qualquer filme, mesmo quando se tem 75% de certeza de que irá se arrepender daquilo. Muita Calma Nessa Hora 2 entra nessa estatística.
O que vemos na tela é uma quantidade absurda de esquetes jogadas ao vento, que nos faz lembrar mais um programa humorístico de televisão do que cinema. Com o roteiro baseado nessas esquetes, aliado a quantidade absurda de personagens, temos aqui uma história vazia, onde não se aprofunda em nenhum momento.
O primeiro filme não é nenhuma maravilha, mas mesmo assim infinitamente superior ao segundo da franquia, principalmente por ter ao menos um roteiro fechadinho, onde as piadas se encaixam de maneira mais natural do que aqui. Além disso, temos 90% das piadas repetidas, fica aquela sensação de que já vimos aquilo e na verdade já. Só trocar o cenário do festival de música, pela cidade de Búzios e pronto: temos as mesmas piadas.
E quando finalmente o filme parece acertar em algum momento, que é quando temos a referência ao "O Poderoso Chefão", ele peca poucas cenas depois ao explicar a piada. Nada pior do que explicar uma piada. Referências tem que atingir ao público que conhece e não à todos.
Pra não dizer que não ri em nenhum momento, esbocei sim um sorriso logo no início da projeção, quando temos o personagem de Emílio Orciollo Netto explicando o caminho, assim como fez em "O Palhaço". Bingo. Mais uma referência.
Sermos acusado daquilo que não fizemos e aliado a isso ainda não conseguirmos provar coisa alguma, é sem dúvidas uma das sensações mais agoniantes que o ser humano pode sofrer, algo que realmente enlouqueceria qualquer um.
Com sua direção quase que caseira, com uma fotografia que lembra aquelas câmeras antigas, que filmavam as festas de família, Thomas Vintenberg nos coloca na pela de Lucas e assim como eles, enlouquecemos com as falsas acusações, perseguições e violência que ele sofre na pequena cidade após a equivocada denuncia da menina Klara.
Devido as brigas de seus pais e a falta de sensibilidade de seu irmão adolescente, Klara tem segurança somente em Lucas, melhor amigo de seu pai e protagonista da trama em mais uma grande atuação de Mikkelsen, mas ao se sentir rejeitada por ele, acaba o acusando de abuso sexual. Em vários momentos a trama nos faz crer que a menina era mais vítima que Lucas, mas em tantos outros, parece que tudo aquilo foi proposital, que ela sabia exatamente o que estava fazendo, afinal, é muito inteligente.
A dúvida permanece até o desfecho um tanto hipócrita e falso da história. E é essa dúvida que nos prende e faz com que o filme não saia da nossa cabeça. É sem dúvidas um dos melhores filmes que já assisti. Nos mostra que pra fazer um filme forte, intenso, polêmico, não precisa inventar em roteiro, basta fazer o certo, sem furos.
Hoje me redimo. Como posso ter passado tanto tempo sem assistir à esse filme. Mesmo sendo fã de Fincher, nunca tinha assistindo àquela que sem dúvidas algumas é o melhor de sua filmografia. E ser o melhor filme de David não é algo muito simples, pelo contrário, é das tarefas mais difíceis.
É sem dúvidas um dos roteiros mais impressionantes que tive a oportunidade de assistir, junta isso à direção sempre impecável de David Fincher e à uma das melhores fotografias e montagens, pronto, uma das melhor obras do cinema mundial na sua frente.
Em tempo de carnaval onde se vê na avenida diversos enredos patrocinados para fazer propagandas de cidades, regiões, etc., temos em "Capitão Phillips" mais um daqueles filmes hollywoodianos patrocinados pela marinha (exército, governo, etc) norte-americana para mostrar como eles são eficientes no trabalho, mesmo que essa seja baseado em uma história real, não deixa de ser uma propaganda.
O roteiro trata de dois homens que estão ali lutando pra manter sua vida, seja o trabalhador Richard Phillips, capitão de um navio cargueiro, seja Barkhad Abdi, pescador, líder dos sequestradores, que estão ali nada mais do que pra salvar o seu povo.
O tom documental imposto por Paul Greengrass é o que tem de mais interessante durante os 134 minutos, pois além de nos mostrar um pouco do que é (ou deve ser) a pirataria moderna, ele em alguns momentos conseguem deixar aquele ar de tensão, tendo como forte aliada sua já tradicional câmera na mão.
Achei mais um filme de ação entre muitos outros que existem. Tem seu momento de tensão, mas que em muitos momentos se torna arrastado, as vezes até tedioso. Além de não achar a atuação de Tom Hanks boa, quem o conhece sabe que ele é capaz de coisa muito melhor.
Pra mim é o mais fraco dos indicados à melhor filme do Oscar. Mas nada que não dê pra assistir.
O filme parte de uma premissa interessante, mas que se não bem desenvolvida, acaba deixando o roteiro arrastado. Desde sempre sabemos o que vai acontecer durante a exibição, os personagens não escondem seus planos em nenhum momento, não à toa, também esperamos por uma reviravolta, que até acontece, de forma confusa e apressada. Ou seja, mais uma vez David O. Russell conta com sua ótima direção de atores, além da química que já tem com seu casting de confiança para ganhar uma nova indicação aos prêmios principais do Oscar.
O elenco aqui realmente funciona bem, difícil escolher um destaque, mesmo que Bale tenha dado um show, a química dele com Amy e Jennifer puxam a interpretação dele pra cima.
Não acho que mereça indicações ao Oscar como muitos (e a academia) defendem, mas também não é o lixo que outros muitos pintam. É um filme ok, que tem alguns pontos fortes: elenco, trilha sonora e figurino.
Todo filme de ação precisa que o herói e o vilão sejam simpáticos, carismáticos, que conquistem o espectador - se não os dois, que pelo menos um deles. E Robocop não conseguiu isso, muito por conta de fracas atuações do elenco, onde se destacam somente Gary Oldman e Samuel L. Jackson, porém muito abaixo daquilo que sabemos que são capazes.
Regado à polêmicas e denúncias políticas, focadas na parte de segurança assim como nos maiores sucessos de sua carreira, Padilha claramente se viu podado ao realizar o filme, mesmo que ele negue isso, percebemos diversas vezes que poderíamos aprofundar mais nos temas e na violência, mas com os produtores querendo atingir o público adolescente isso seria praticamente impossível. E com isso, além de desviar do princípio do Robocop original, ele não conseguiu adentrar muito na parte política até porque americanos não são muitos adeptos à polêmicas que escancarem os problemas internos, ainda mais se tiver repercussão mundial.
O que vi de mais positivo foi a montagem, que conseguiu dar um ritmo maior às cenas de ação.
No fim, acabou sendo mais um filme despretensioso, pra pegar a pipoca e o guaraná, sem esperar grandes coisas além da simples diversão.
Impressionante a atuação de Matthew McConaughey, merece não só por esse filme, mas pelo conjunto da obra (e sua cena antológica ao lado de DiCapio em "O Lobo de Wall Street") o Oscar de Melhor Ator. Mas o que falar sobre a atuação de Jared Leto? Sem palavras, ele rouba as cenas e o filme pra ele, me surpreendeu e muito, fez um personagem onde facilmente o ator cai na caricatura e isso não aconteceu em nenhum momento. O filme é ótimo, mas são as atuações da dupla que ajudam para que a obra não fique muitas vezes arrastada e didática demais.
Nostálgico e esse sentimento fica ainda mais evidente diante da belíssima fotografia em preto e branco, que talvez seja o ponto mais alto do filme. A premissa do roteiro é aquela que já vimos várias vezes, mas que torna um pouco menos massante por se tratar de um road movie, além de alguns bons diálogos em momentos pontuais. Assim como em Os Descendentes, Payne pecou novamente em não aprofundar tanto. Tinha elementos para isso, além de ótimas interpretações.
Existe uma crítica bem forte no começo do filme ao mundo "perfeito" que governantes e empresários querem nos impor, através de regras e imposição de certos produtos, como músicas, aquelas mais tocadas/pedidas nas rádios, mesmo que ninguém as peça. Com o passar do tempo, o roteiro se torna uma aventura como muitas daquelas que vimos em animações, uma certa fantasia exagerada que por muitas vezes soa falsa, mas que em seu último ato sofre uma reviravolta que a torna uma aventura mais "real", daquelas que poderiam sair da cabeça de qualquer criança - ou não - que brinque com o Lego. Mais do que pra vender o produto título ou pra nos passar aquelas mensagens bonitinhas e clichês de toda animação, Lego diverte, cativa e nos deixa com uma música chiclete na cabeça por algumas horas.
Alegria, tristeza e porque não revolta?! Foi o que senti durante os quase 98 minutos de filme. Adorei o roteiro, que consegue diante de uma história triste e pesada como essa tirar também um pouco de humor, mesmo que seja muitas vezes um humor ácido por parte do personagem de Coogan. A revolta se dá por conta de como a Igreja Católica em seu conservadorismo extremo (será que é só conservadorismo mesmo?) acha um jeito de ganhar ainda mais dinheiro. Tão revoltando quanto isso, é bom ler que teve uma sessão no Vaticano e que o Papa Francisco quer que investigue sobre os casos que ainda não tiveram solução. Esperar pra ver. No mais, o filme é daqueles que vai virar xodó e daqui uns anos, permeará nossas Sessões da Tarde.
Ah, não vi Blue Jasmine, mas Judi Dench me cativou, conquistou e tem toda a minha torcida para o Oscar.
Capitão América 2: O Soldado Invernal
4.0 2,6K Assista AgoraConsidero esse como o melhor da Marvel. Mais do que um filme de ação, temos aqui um competente thriller de espionagem com traições, tiros, teorias e agentes infiltrados nos dois lados. O roteiro soube dosar e dividir bem a parte herói e a parte humana de Capitão América/Steve Rogers, contendo até partes emocionantes como a busca dele pelo seu passado, o encontro com a mulher que ele amou antes de ser congelado, as lembranças de seu melhor amigo e o constante conflito interno que o personagem passa por ainda não se adequar em um mundo moderno e menos cordial do que aquele que vivera. E contando ainda com aquela velha fórmula dos filmes de super-heróis que sempre dão certo: um dos vilões que em sua teoria bonitinha quer salvar o mundo, mas que na verdade sua intenção é apenas exterminar aqueles que considera ameaças; a tecnologia; e as cenas de ação, aqui muito competentes e coreografadas. O 3D é ótimo e muito bem utilizado pelos irmãos diretores. Percebi que a direção ia ser boa desde a sequência inicial. Chris Evans melhorou e muito em relação ao primeiro Capitão América. A possível antipatia que eu tinha com o personagem era muito por culpa dele. Claro que o considero carismático, mas em comparação ao Robert Downey Jr e seu Homem de Ferro, era bem abaixo na questão da atuação e aqui mais maduro e seguro, ele consegue chegar mais próximo do “rival”. E é esse conjunto que faz com que eu veja sentido na minha afirmação do começo do parágrafo.
http://clockworkcorleone.wordpress.com/2014/04/21/capitao-america-2-o-soldado-invernal-joe-e-anthony-russo-75/
Rush: No Limite da Emoção
4.2 1,3K Assista AgoraHistórias como essas podem ser didáticas demais e Ron Howard aliado ao roteiro de Peter Morgan (Frost/Nixon) tenta o tempo todo tirar o tom de documentário e consegue transformar em um filme de ação e completamente emocionante. Seja pelas ótimas sequências da corrida, seja pela vida dos pilotos fora das pistas. A intenção aqui é mostrar a temporada de 1976, além de ter sido disputada ponto a ponto pelos dois até o final, foi o ano em que tivemos o grave acidente de Niki Lauda, que chegou até ter a extrema unção por um padre. Mas pra chegar até esse ano, passamos pelo começo deles na F3, início da F1, casamentos, brigas, etc. Tudo um pouco corrido. Mas o filme já tem 2h de duração, então vejo isso mais como um artifício do roteiro do que propriamente como um deslize.
Gosto muito do trabalho do diretor, mesmo sabendo que ele é daqueles que preferem sempre o básico. Faz o arroz com feijão e conseguiu obras com sucessos de crítica (Uma Mente Brilhante) e bilheteria (Anjos e Demônios). Quando se arriscou aos efeitos especiais, nos blockbusters e afins, não foi bem. E por isso mesmo me surpreendi positivamente com Rush. As cenas das corridas são ótimas, trazem ao público a emoção da pista. A forma como conduziu a montagem – fiquei fã dos takes dos motores – deixou sempre o espectador com gostinho de quero mais, esperando uma próxima disputa entre os dois. Mas o ponto alto da direção é o acidente de Lauda. Rodado exatamente no mesmo lugar onde ocorreu, Howard quis reproduzir e não simplesmente pegar imagens de arquivos e fez isso com competência. Emocionou, deu aflição e acertou ao não ficar minutos e minutos naquilo. Deixou a história seguir seu fluxo.
http://clockworkcorleone.wordpress.com/2014/04/16/rush-no-limite-da-emocao-ron-howard-90/
Taxi Driver
4.2 2,6K Assista AgoraTemos em Taxi Driver uma das atuações mais impressionantes da história do cinema. Robert De Niro está magistral aqui, rouba todas as cenas pra ele. É a alma do filme. Jodie Foster, ainda adolescente, mostra também que seria no futuro uma das melhores atrizes de Hollywood. Mas não são apenas as atuações: Taxi Driver ilustra exatamente a década em que foi realizado. É uma das obras mais significativas do momento que passava o cinema americano, onde deixava de lado todo o luxo da era de ouro e aprofundava-se em temas mais sombrios e realistas. Vejo uma característica parecida com Fight Club, analisado semana passada aqui nesse mesmo blog: O personagem solitário e inquieto apenas quer mudar o mundo ao seu redor, sempre com seu ideal em mente. Sem deixar de lado no que acredita. Uma pena que ambos eram loucos, assim como todos aqueles que realmente um dia quiseram mudar o mundo.
http://clockworkcorleone.wordpress.com/2014/04/13/um-pouco-mais-de-taxi-driver/
Aqui é o Meu Lugar
3.6 580 Assista AgoraRemetendo a uma das décadas mais interessantes, “Aqui é o Meu Lugar” tem maravilhosa trilha sonora de David Byrne, cenários belíssimos e uma ótima fotografia, mas pecou naquilo que é mais importante pra deixar um filme atrativo: o roteiro.
http://clockworkcorleone.wordpress.com/2014/04/10/aqui-e-o-meu-lugar-2011-paolo-sorrentino-60/
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraNoé é sombrio do início ao fim. A intenção do diretor não foi criar um filme que contasse fielmente ou de forma bonita a história relatada na Bíblia, então, mesmo sendo um filme religioso esse está longe daquela cafonice dos clássicos bíblicos ou das séries e novelas de televisão. Ateu e vegetariano assumido, Aronofsky achou na história da arca um fio condutor para questionar o fanatismo religioso, a existência de Deus – ou do Criador, como aqui é chamado o tempo todo -, e a preservação da natureza, partindo de temas como o desmatamento e a extinção de espécies. Diante disso conseguiu junto do seu coroteirista Ari Handel criar um Noé totalmente humanizado, longe daquela ideia casta que passa por nossa cabeça ao falar de qualquer herói bíblico. Ao mesmo tempo em que era um defensor da natureza, ensinando seus filhos a colherem e caçarem somente quando necessário, a partir do momento em que recebe o chamado do Criador, segue aquilo tão cegamente que erra até mais do que acerta. Mata pessoas, entra em conflitos familiares, etc.
De uma maneira geral o filme me agradou. Conseguiu ser um blockbuster de respeito, longe daquela cafonice adolescente que geralmente permeiam esses filmes. É entretenimento. É sombrio. Tem mensagens bonitas. É fantasioso. É Darren Aronofsky.
http://clockworkcorleone.wordpress.com/2014/04/07/noe-2014-darren-aronofsky-80/
Clube da Luta
4.5 4,9K Assista AgoraCenários sujos e literalmente caindo aos pedaços, fotografia escura e ótimo desenho de som, “Clube da Luta” é sem dúvidas um dos maiores marcos cinematográfico da década de 1990. Com pouco público nos cinemas e diversas polêmicas em torno dele, tornou-se com o passar desses 15 anos cultuado por todos aqueles que se aventuraram a assistir ao filme sem se preocupar com a quantidade de violência que seria exposta na tela. Afinal, aliado ao belo texto de Chuck Palahniuk, David Fincher nos trás uma reflexão sobre a vida, sobre o meio que vivemos e sobre aquilo que de certa forma é nos imposto por grande parte da sociedade: como o consumismo. E, se não estamos felizes com a forma em que vivemos, o que fazer pra mudar? Certo ou errado, o personagem escolheu lutar, vandalizar, sem deixar seu ideal de lado. Com atuações espetaculares de seus três protagonistas e um dos melhores finais – mesmo que nem tão surpreendente assim (temos pistas durante toda a projeção) -, Fight Club é obrigatório para todos aqueles que amam cinema.
http://clockworkcorleone.wordpress.com/2014/04/05/um-pouco-mais-de-clube-da-luta-fight-club/
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
3.8 529 Assista AgoraOs irmãos Coen deixam várias pistas pelo caminho, que nos fazem acreditar que “agora vai”, mas não .. e a partir de então identificamos de que apesar de todos os esforços, Llewyn Davis não quer sair do lugar, acredita fielmente que não precisa evoluir em sua música, se modernizar ou então tentar algo diferente. E com isso temos a sensação de que estamos andando em círculos. Principalmente pela sacada genial da montagem.
Não espere aqui aquele humor gratuito contido em várias das obras dos diretores. Mas há também o humor, a ironia, que torna todo o fracasso em algumas situações engraçadas. Uma ótima cena onde ao lado dos personagens de Justin Timberlake e Adam Driver, temos a gravação de uma música que no filme se tornaria o hit da época. Com aqueles refrões chicletes que grudam em nossa mente. E a participação de John Goodman e os ótimos diálogos a caminho de Chicago.
Não deixa de ser um registro histórico, uma homenagem à década de 60 mesmo que visto com um olhar perdedor. E vale a mensagem para sairmos da inércia. Tentarmos coisas novas. Seja uma satisfação pessoal ou financeira.
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Rio 2
3.3 606 Assista AgoraÉ inegável o talento de Carlos Saldanha como animador, repleto de detalhes e movimentos perfeitos dos animais. Mas falta um talento como diretor/roteirista. Caiu facilmente no clichê. Não temos aqui uma profundidade necessária (mesmo em um filme infantil) dos heróis e vilões. Deixou uma mensagem bonitinha sobre o desmatamento, mas só.
Com belíssimas imagens e uma Amazônia totalmente diferente daquilo que assistimos em milhares de documentários do Discovery Channel (cadê o continental rio?), Rio 2 deixa de lado a proposta de ser um filme de animação e se torna apenas uma propaganda turística. Uma forma, mesmo que mentirosa, de mostrar outros cantos de nosso país. Uma pena, tinha potencial para ser uma bela continuação de uma ótima animação.
http://clockworkcorleone.wordpress.com/2014/03/31/rio-2-2014-carlos-saldanha-50/
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraDono de uma potente trilha sonora composta por Eddie Vedder vocalista da banda Pear Jam, “Na Natureza Selvagem” não me cativou. Simplesmente por não me identificar com o personagem principal. Apesar disso, considero uma grande obra do cinema contemporâneo. Sean Penn consegue através da montagem e direção desenvolver um roteiro que nas mãos de um qualquer ficaria cansativo, massante e que talvez não atingisse tão cheio e profundo ao público alvo. Seria apenas mais um road movie contando a história de um personagem infeliz com o mundo que vive. Vale pela música, vale pelas belas imagens e também pela mensagem de que podemos ir em busca do autoconhecimento, seja lá onde ele estiver.
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Alemão
2.8 380Logo nas sequências iniciais (não as jornalísticas) temos uma perseguição de moto nas vielas da favela, interessante a forma como foi feita e talvez tenha sido ao lado da fotografia o que de melhor tivemos em termos técnicos durante a projeção. Após isso, o diretor e roteirista começam a nos apresentar os personagens, sem se aprofundar em nenhum deles, são jogados na nossa frente e cabe à nós decidirmos o que pensar ou então adivinhar sua função dramática. Não é só aí que o roteiro peca, diálogos jogados entre os policias a partir do momento que estão enclausurados nos contam histórias sem final. Qual é o verdadeiro conflito entre Samuel e Branco? O que motivou todos eles a estarem nessa missão? Nunca vamos saber. Tem mais, a montagem não ajuda em nada o já confuso roteiro, temos a impressão que tudo aquilo passou em apenas um dia e quando menos se espera, ouvimos que os policiais estão sumidos há pelo menos duas semanas.
Passado esse susto inicial vocês devem imaginar que aqui não temos nada de interessante ou nenhum ponto alto. Calma, calma. A já falada fotografia é elogiável. Ela, aliada à boa cenografia da pizzaria faz com que a sensação de claustrofobia fique ainda mais evidente e é o que ajuda a nos prender na cadeira. Faz com que o filme cumpra seu papel de thriller, deixando o tempo todo uma tensão no ar, um suspense.
Antônio Fagundes é daqueles atores que dispensam nossos comentários. Mas ainda assim é impossível falar de Alemão e não citá-lo, como todo o projeto em que participa. Assistimos ele por no máximo 10 minutos e não precisa de mais nada para o filme ser dele. Um show de interpretação, mostrando que está realmente em uma grande fase. Aliás, como sempre.
O final nada clichê pode não ter agradado muita gente, acredito. No fundo sempre adoramos histórias bonitinhas e com finais felizes. Mas eu gostei. Salvou o filme da mesmice. Mas ainda assim fica aquela sensação de que sabemos fazer melhor, Cidade de Deus e Tropa estão aí pra nos provar.
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6K Assista AgoraFinalmente consegui assistir aos dois capítulos de Ninfomaníaca. Não quis assistir ao primeiro perto de seu lançamento, sabia que a segunda parte demoraria a lançar e minha curiosidade em saber como realmente termina a história seria mais insuportável do que aquela que sinto ao esperar o próximo episódio ou temporada de uma série. E com uma semana de diferença, assisti aos dois volumes e ao contrário do que li e ouvi por aí, achei ambos do mesmo nível. Claro, são o mesmo filme.
Diferente do que acontece em sua primeira parte, Ninfomaníaca – Volume 2 deixa um pouco de lado as metáforas e simbolismos jogados ao vento e foca em um único alvo: o cristianismo. Ortodoxa ou Romana, a Igreja aqui é tratada como uma entidade hipócrita. O desejo também é tratado como um tabu, mas religioso, enquanto no primeiro volume é um tabu mais social, onde as ações de Joe chocava a família e a sociedade.
Essa provocação de Lars com a Igreja fica bem clara quando se compara/relaciona uma sessão sadomasoquista vivenciada pela personagem principal às chibatas recebidas por Jesus Cristo, inclusive nos números. Outro assunto provocante é a pedofilia, mas diferente da grande maioria desse segundo filme, aqui é uma provocação à sociedade também e não só aos religiosos. E diante dela, nós devemos realmente refletir. Mostrou nada mais do que o que de fato acontece. Infelizmente.
Talvez o que tenhamos de superior aqui é o fato de podermos contemplar mais da atuação brilhante de Charlotte Gainsbourg. Como o roteiro segue também uma lógica cronológica, as cenas narradas são também interpretadas por ela, devido à idade já mais avançada da personagem. Charlotte faz com que o espectador se envolva mais com a personagem e principalmente com sua tristeza e seus conflitos.
Temos também algumas revelações interessantes durante a projeção, mas falar sobre isso seria spoiler e fica aqui o meu convite para que assistam ao filme.
No mais, continuamos com closes de órgãos genitais, principalmente os masculinos. Não seria diferente, Lars Von Trier queria polemizar e parece que cutucar a Igreja e a sociedade não era suficiente, ele também precisava de alguma forma chocar aqueles mais conservadores que se aventurarem ao filme. Mas como eu disse lá atrás na semana passada, se algumas vezes esses planos são usados de forma gratuita, a grande maioria das vezes ajuda no desenrolar do roteiro. Afinal, querendo ou não, o filme trata de sexo, mesmo que seja apenas para mostrar a hipocrisia do ser humano e do meio em que vivemos.
Parabéns por mais essa obra, Lars. Mas você sabe, pode ser melhor.
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Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraRelacione pescaria, Fibonacci, Bach e religião com sexo, após isso crie poesia, daquelas bem depressivas e angustiante. Após fazer tudo isso, faça um filme. Imagino que ao ler tudo isso você não achou das missões mais tranquilas, né?! Mas Lars Von Trier através da sua - sempre competente - lente, conseguiu, e parece que de forma tranquila, tão tranquila que conseguiu tempo até pra polemizar, como sempre.
Lars aproveitou a temática do roteiro, aliado do nome forte da película para fazer seu marketing. Assim, a curiosidade pelo filme foi muito maior de que todos os outros já realizados pelo diretor. Afinal, todos pensavam, quão ousado vai ser?! Eu lhes digo, ousadia alguma. As cenas de sexo (explícito ou não) estão ali sem ser gratuitamente, pelo menos em sua maioria. Claro que temos algumas sequências que não seriam necessárias para que se contasse a história, mas aí não seria Von Trier, não seria polêmico. E por conta disso eu acho que ele deveria voltar a ser apenas genial, deixar um pouco a faceta polêmica de lado. Apenas uma opinião pessoal.
O fato é que tudo aqui funciona bem. A fotografia é deslumbrante, como de costume. A trilha sonora misturando músicas clássicas e clássicos do rock não poderia ser mais interessante. E as atuações? Sabemos que o Lars sempre consegue tirar o máximo de seu elenco, mas a facilidade que ele faz isso com aqueles que fazem apenas uma participação é incrível.
Quando terminou imaginei que estava terminando o último capítulo, pensei: "A continuação não seria necessária, aqui ele conseguiu contar uma história com começo, meio e fim. Ponto pra montagem.", aí chega a última cena e penso: "Porra, mais uma vez me surpreendeu, tem sim que ter um próximo volume".
Pra mim o melhor da trilogia da depressão. Mas longe de Dogville. Sei que você é capaz de ser melhor que isso Von Trier. Por isso eu digo novamente: deixe a polêmica e foque em ser apenas genial.
Jovem e Bela
3.4 477 Assista AgoraDurante as quatro estações do ano acompanhamos a rotina de Isabelle, desde a perda de sua virgindade no verão, até as brigas com sua mãe por conta da prostituição.
A primeira sequência do filme, onde através da lente de binóculos de seu irmão, vemos a bela Isabelle tomando sol, o diretor nos deixa como voyeur e assim permanecemos durante todo o filme, que mesmo com todos os conflitos que poderiam ter, acabamos não nos envolvendo com a personagem protagonista, em nenhum momento. Sua frieza e o olhar misterioso nos deixa sempre afastado dela, deixando assim que cada espectador crie sua opinião e percepções sobre a história.
O que se vê aqui, é o mesmo que enxerguei em "A Caça", mas em proporções menores e em situações completamente opostas: a mudança de tratamento que a sociedade impõe à alguém quando se descobre algo não tradicional, ou errado, sobre ela. Julgamentos precipitados, sem nem ao menos saber os motivos ou a verdade.
Diferente de outras obras que tratam de prostituição, aqui não temos uma jovem que decide por essa vida por necessidade, por ter uma vida difícil. Isabelle nunca se encaixou na sociedade, percebe-se que ela não se envolve com os jovens de sua idade, mas também não se envolve com os amigos da mãe, e através da prostituição, ela se achou finalmente. E isso explica o final do filme.
Muita Calma Nessa Hora 2
2.5 318 Assista AgoraQuando se gosta de cinema existem coisas inevitáveis e uma delas é ir assistir qualquer filme, mesmo quando se tem 75% de certeza de que irá se arrepender daquilo. Muita Calma Nessa Hora 2 entra nessa estatística.
O que vemos na tela é uma quantidade absurda de esquetes jogadas ao vento, que nos faz lembrar mais um programa humorístico de televisão do que cinema. Com o roteiro baseado nessas esquetes, aliado a quantidade absurda de personagens, temos aqui uma história vazia, onde não se aprofunda em nenhum momento.
O primeiro filme não é nenhuma maravilha, mas mesmo assim infinitamente superior ao segundo da franquia, principalmente por ter ao menos um roteiro fechadinho, onde as piadas se encaixam de maneira mais natural do que aqui. Além disso, temos 90% das piadas repetidas, fica aquela sensação de que já vimos aquilo e na verdade já. Só trocar o cenário do festival de música, pela cidade de Búzios e pronto: temos as mesmas piadas.
E quando finalmente o filme parece acertar em algum momento, que é quando temos a referência ao "O Poderoso Chefão", ele peca poucas cenas depois ao explicar a piada. Nada pior do que explicar uma piada. Referências tem que atingir ao público que conhece e não à todos.
Pra não dizer que não ri em nenhum momento, esbocei sim um sorriso logo no início da projeção, quando temos o personagem de Emílio Orciollo Netto explicando o caminho, assim como fez em "O Palhaço". Bingo. Mais uma referência.
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraSermos acusado daquilo que não fizemos e aliado a isso ainda não conseguirmos provar coisa alguma, é sem dúvidas uma das sensações mais agoniantes que o ser humano pode sofrer, algo que realmente enlouqueceria qualquer um.
Com sua direção quase que caseira, com uma fotografia que lembra aquelas câmeras antigas, que filmavam as festas de família, Thomas Vintenberg nos coloca na pela de Lucas e assim como eles, enlouquecemos com as falsas acusações, perseguições e violência que ele sofre na pequena cidade após a equivocada denuncia da menina Klara.
Devido as brigas de seus pais e a falta de sensibilidade de seu irmão adolescente, Klara tem segurança somente em Lucas, melhor amigo de seu pai e protagonista da trama em mais uma grande atuação de Mikkelsen, mas ao se sentir rejeitada por ele, acaba o acusando de abuso sexual. Em vários momentos a trama nos faz crer que a menina era mais vítima que Lucas, mas em tantos outros, parece que tudo aquilo foi proposital, que ela sabia exatamente o que estava fazendo, afinal, é muito inteligente.
A dúvida permanece até o desfecho um tanto hipócrita e falso da história. E é essa dúvida que nos prende e faz com que o filme não saia da nossa cabeça. É sem dúvidas um dos melhores filmes que já assisti. Nos mostra que pra fazer um filme forte, intenso, polêmico, não precisa inventar em roteiro, basta fazer o certo, sem furos.
Seven: Os Sete Crimes Capitais
4.3 2,7K Assista AgoraHoje me redimo. Como posso ter passado tanto tempo sem assistir à esse filme. Mesmo sendo fã de Fincher, nunca tinha assistindo àquela que sem dúvidas algumas é o melhor de sua filmografia. E ser o melhor filme de David não é algo muito simples, pelo contrário, é das tarefas mais difíceis.
É sem dúvidas um dos roteiros mais impressionantes que tive a oportunidade de assistir, junta isso à direção sempre impecável de David Fincher e à uma das melhores fotografias e montagens, pronto, uma das melhor obras do cinema mundial na sua frente.
Capitão Phillips
4.0 1,6K Assista AgoraEm tempo de carnaval onde se vê na avenida diversos enredos patrocinados para fazer propagandas de cidades, regiões, etc., temos em "Capitão Phillips" mais um daqueles filmes hollywoodianos patrocinados pela marinha (exército, governo, etc) norte-americana para mostrar como eles são eficientes no trabalho, mesmo que essa seja baseado em uma história real, não deixa de ser uma propaganda.
O roteiro trata de dois homens que estão ali lutando pra manter sua vida, seja o trabalhador Richard Phillips, capitão de um navio cargueiro, seja Barkhad Abdi, pescador, líder dos sequestradores, que estão ali nada mais do que pra salvar o seu povo.
O tom documental imposto por Paul Greengrass é o que tem de mais interessante durante os 134 minutos, pois além de nos mostrar um pouco do que é (ou deve ser) a pirataria moderna, ele em alguns momentos conseguem deixar aquele ar de tensão, tendo como forte aliada sua já tradicional câmera na mão.
Achei mais um filme de ação entre muitos outros que existem. Tem seu momento de tensão, mas que em muitos momentos se torna arrastado, as vezes até tedioso. Além de não achar a atuação de Tom Hanks boa, quem o conhece sabe que ele é capaz de coisa muito melhor.
Pra mim é o mais fraco dos indicados à melhor filme do Oscar. Mas nada que não dê pra assistir.
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraO filme parte de uma premissa interessante, mas que se não bem desenvolvida, acaba deixando o roteiro arrastado. Desde sempre sabemos o que vai acontecer durante a exibição, os personagens não escondem seus planos em nenhum momento, não à toa, também esperamos por uma reviravolta, que até acontece, de forma confusa e apressada. Ou seja, mais uma vez David O. Russell conta com sua ótima direção de atores, além da química que já tem com seu casting de confiança para ganhar uma nova indicação aos prêmios principais do Oscar.
O elenco aqui realmente funciona bem, difícil escolher um destaque, mesmo que Bale tenha dado um show, a química dele com Amy e Jennifer puxam a interpretação dele pra cima.
Não acho que mereça indicações ao Oscar como muitos (e a academia) defendem, mas também não é o lixo que outros muitos pintam. É um filme ok, que tem alguns pontos fortes: elenco, trilha sonora e figurino.
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraTodo filme de ação precisa que o herói e o vilão sejam simpáticos, carismáticos, que conquistem o espectador - se não os dois, que pelo menos um deles. E Robocop não conseguiu isso, muito por conta de fracas atuações do elenco, onde se destacam somente Gary Oldman e Samuel L. Jackson, porém muito abaixo daquilo que sabemos que são capazes.
Regado à polêmicas e denúncias políticas, focadas na parte de segurança assim como nos maiores sucessos de sua carreira, Padilha claramente se viu podado ao realizar o filme, mesmo que ele negue isso, percebemos diversas vezes que poderíamos aprofundar mais nos temas e na violência, mas com os produtores querendo atingir o público adolescente isso seria praticamente impossível. E com isso, além de desviar do princípio do Robocop original, ele não conseguiu adentrar muito na parte política até porque americanos não são muitos adeptos à polêmicas que escancarem os problemas internos, ainda mais se tiver repercussão mundial.
O que vi de mais positivo foi a montagem, que conseguiu dar um ritmo maior às cenas de ação.
No fim, acabou sendo mais um filme despretensioso, pra pegar a pipoca e o guaraná, sem esperar grandes coisas além da simples diversão.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraImpressionante a atuação de Matthew McConaughey, merece não só por esse filme, mas pelo conjunto da obra (e sua cena antológica ao lado de DiCapio em "O Lobo de Wall Street") o Oscar de Melhor Ator. Mas o que falar sobre a atuação de Jared Leto? Sem palavras, ele rouba as cenas e o filme pra ele, me surpreendeu e muito, fez um personagem onde facilmente o ator cai na caricatura e isso não aconteceu em nenhum momento. O filme é ótimo, mas são as atuações da dupla que ajudam para que a obra não fique muitas vezes arrastada e didática demais.
Nebraska
4.1 1,0K Assista AgoraNostálgico e esse sentimento fica ainda mais evidente diante da belíssima fotografia em preto e branco, que talvez seja o ponto mais alto do filme. A premissa do roteiro é aquela que já vimos várias vezes, mas que torna um pouco menos massante por se tratar de um road movie, além de alguns bons diálogos em momentos pontuais. Assim como em Os Descendentes, Payne pecou novamente em não aprofundar tanto. Tinha elementos para isso, além de ótimas interpretações.
Uma Aventura LEGO
3.8 907 Assista AgoraExiste uma crítica bem forte no começo do filme ao mundo "perfeito" que governantes e empresários querem nos impor, através de regras e imposição de certos produtos, como músicas, aquelas mais tocadas/pedidas nas rádios, mesmo que ninguém as peça. Com o passar do tempo, o roteiro se torna uma aventura como muitas daquelas que vimos em animações, uma certa fantasia exagerada que por muitas vezes soa falsa, mas que em seu último ato sofre uma reviravolta que a torna uma aventura mais "real", daquelas que poderiam sair da cabeça de qualquer criança - ou não - que brinque com o Lego. Mais do que pra vender o produto título ou pra nos passar aquelas mensagens bonitinhas e clichês de toda animação, Lego diverte, cativa e nos deixa com uma música chiclete na cabeça por algumas horas.
De Olhos Bem Fechados
3.9 1,5K Assista AgoraA trilha sonora é daquelas inesquecíveis.
Philomena
4.0 925 Assista AgoraAlegria, tristeza e porque não revolta?! Foi o que senti durante os quase 98 minutos de filme. Adorei o roteiro, que consegue diante de uma história triste e pesada como essa tirar também um pouco de humor, mesmo que seja muitas vezes um humor ácido por parte do personagem de Coogan. A revolta se dá por conta de como a Igreja Católica em seu conservadorismo extremo (será que é só conservadorismo mesmo?) acha um jeito de ganhar ainda mais dinheiro. Tão revoltando quanto isso, é bom ler que teve uma sessão no Vaticano e que o Papa Francisco quer que investigue sobre os casos que ainda não tiveram solução. Esperar pra ver. No mais, o filme é daqueles que vai virar xodó e daqui uns anos, permeará nossas Sessões da Tarde.
Ah, não vi Blue Jasmine, mas Judi Dench me cativou, conquistou e tem toda a minha torcida para o Oscar.