Filme bem filmado e com cortes rápidos estilosos, lembrando outros filmes noventistas que primavam pela agilidade na narrativa e na montagem. Entretanto, exceto esses méritos, achei "O Tempo e a Maré" uma produção tão preocupada em ser moderna que esqueceu de se dedicar a criar uma trama interessante. Tudo aqui é muito confuso, parece mais uma produção para você curtir o visual e desprender da história.
Terror surrealista, na verdade acho que a única forma de apreciar é esquecer a lógica e embarcar na viagem lisérgica. O clima de delírio é permanente, o elenco é gabaritado e dá conta do recado. Em determinados momentos parece teatro filmado, e também consegue criar um clima incômodo, especialmente na metade final.
Queria assistir essa ficção há um tempo. Apesar de muitos citarem semelhanças com "Matrix", confesso que não achei ambos tão parecidos, exceto na temática de mundos simulados. Achei que "13º Andar" é uma ficção mais clássica mesmo, enquanto Matrix flerta forte com o cinema de ação. O filme estrelado por Craig Bierko me lembrou muito um noir, talvez a ambientação no passado tenha ajudado nisso. É um filme de ligue as pistas, de caça ao assassino, mas não com um estilo de serial killer (tipo "Assassino Virtual"), de um modo mais clássico mesmo. Só faltou ser filmado em preto e branco para cravar essa percepção. Ainda que lento em alguns momentos, a produção consegue prender o espectador até o fim e até mesmo o enganar com as trocas de corpos entre os mundos. Achei uma produção subestimada, tomara que agora no catálogo da Hbo Max possa chegar a mais pessoas.
Sátira sobre os "hood movies" que foram lançados na primeira década dos anos 1990. A base da zoeira é em cima do clássico "Donos da Rua", mas também sobra para outros filmes como "South Central" e "Perigo para a Sociedade". Não é o melhor filme dos irmãos Wayans, porém consegue arrancar boas risadas em determinados momentos. O humor politicamente incorreto, já característico da família, pode soar mal aos ouvidos contemporâneos, mas confesso que achei graça em determinadas partes.
Premissa bem interessante, mas que não rende justamente por ser um filme muito longo. Logo tudo fica bem repetitivo, por mais que do meio pro fim seja uma produção agitada. Falta criatividade no andar das situações, "Voo Noturno", por exemplo, mistura bem melhor vampirismo e filme aéreo. Gostei aqui só do final, achei uma solução inesperada. O epílogo aumenta essa sensação de potencial desperdiçado que o filme deixa.
Ficção espacial que até guarda sua originalidade, porém acabou não me conquistando. Achei que demora muito pra engrenar, e na verdade o clímax é bem corrido. As criaturas tem um design interessante, e se destacam. Nicolas Cage tem uma de suas atuações aleatórias, essa aqui guarda rompantes de intensidade em momentos errados, então ao contrário de outras produções recentes em que ele participa (exemplo "Mandy"), seu personagem acaba mais irritando do que cativando. Se fosse mais curto e dinâmico seria melhor, a duração longa não ajuda a um filme que até tem seus bons momentos, mas ficam muito espalhados durante a exibição.
"Beckett" é um suspense a moda antiga, de fato as críticas que li apontando como um exemplar hitchcockiano moderno cabem bem aqui. Um thriller político que não é acelerado, pelo contrário, pode não atrair a geração mais nova viciada em plot twists. Porém, o clima de paranoia é muito bem construído, o espectador se sente descobrindo a teia de mentiras junto com o protagonista, assim como se sente perdido como ele na maior parte do tempo. Difícil uma produção que consiga essa simbiose atualmente. O território grego é parte fundamental da trama, não é só um filme que usa paisagens para ser bonito. A geografia, os terrenos, tudo acaba sendo parte integrante da história. Boa atuação de John David, que nos faz ter empatia por seu personagem. Por fim, destaco o uso do som nessa produção, sempre dando um tom de urgência em momentos chave. Gostei bastante, prende sem fazer o espectador de bobo.
Frenético e estiloso filme de ação. Gostei que mesmo com a trama batida, insere elementos da cultura oriental que fazem diferença no resultado final. Lutas bem coreografadas e cenas de ação frenéticas ajudam a tornar "Kate" um bom passatempo para quem curte o gênero.
Filme de possessão que ganha pontos tanto pela originalidade, quanto por focar com boa dose de respeito em ritos ancestrais indígenas, mas aqui focados nas sociedades antigas latinas. Não achei que chega a provocar medo, mas consegue criar tensão em determinados momentos. Só não ganha mais pontos porque acho que falta um pouco de ritmo em determinados momentos, parece que quando vai engrenar dão uma travada na trama.
Fraca produção de pancadaria pop. Pelo que li, foi baseado em uma HQ, então talvez o roteiro não tenha sido bem adaptado. Achei a montagem e a trama confusas, além disso as lutas, apesar de algumas serem legais, são editadas de modo que as coreografias não sejam tão fluídas. Dá para tirar momentos legais do filme, mas eles são tão poucos que nem se tornam memoráveis.
Bom terror espacial, que evita se render ao gore como boa parte das produções do gênero. Entendível para uma produção com diversos astros hollywoodianos. O filme consegue criar um clima de tensão e claustrofobia em determinados momentos, de modo que o espectador fica preso olhando para a tela esperando o desenrolar da trama. Além disso, gera bons debates sobre a questão da adaptação e de como para sobreviver em um ecossistema alguns seres acabam se tornando predadores insaciáveis. Não entendi como uma justificativa, mas sim como uma forma de mostrar de modo bem resumido e simples a evolução das espécies.
Não consegui entrar no clima do filme como a maioria das pessoas aqui. Curti o tom de ironia constante, mas talvez terrir não seja pra mim mesmo. Me irritou bastante quando a produção parece que vai entregar um gore de alto nível, ele apelar quase para uma paródia de produções gosmentas.
Ficar claro que as prostitutas explodindo eram manequins
deu um tom de filme precário. Óbvio que quem cresceu vendo essas tralhas se habituou a péssimos efeitos, porém aqui não fica parecendo que eles aparecem por inabilidade do diretor e sim propositalmente, o que faz o charme se esvair totalmente.
"Quadrilha de Sádicos" começa bem legal, tem um clima de tensão permanente no ar e a paisagem árida dá um tom sujo a produção. Ficamos sempre com a sensação de que algo está prestes a dar errado, e conseguir isto mostrando praticamente nada é um grande mérito. Entretanto, depois de certo tempo acaba ficando uma grande pasmaceira, demora bastante para algo de fato ocorrer. Temos momentos bem interessantes, como o primeiro ataque ao trailer, mas não senti que o filme nos leva ao limite e nem passa uma sensação de urgência em seu clímax. Fica tudo meio solto, uma cena de terror ali e depois outra só dez ou quinze minutos depois,. Falta a essa produção justamente isso, sair do ramo da especulação e produzir um horror exploitation e violento de fato. Não é ruim, na verdade é um terror ok, mas fica aquém do que os minutos iniciais prometem.
A primeira vez que assisti essa produção, odiei. Fui com muita expectativa pelas opiniões e críticas, de que seria um filme grotesco e imoral como poucos. E na prática vi uma produção pobre e fraca, sem nexo e ritmo algum. Pois bem, corta pra 2021. Ainda não gostei o bastante para considerar obra prima ou algo do tipo, porém nessa revisão consegui enxergar muito mais qualidades que da primeira vez. Em primeiro lugar, duas coisas que me irritaram muito anteriormente dessa vez não tiveram esse efeito de destruir a experiência: a trilha sonora totalmente deslocada em determinados momentos, dessa vez não me pareceu tão onipresente. E a dupla de policiais imprestáveis, me pareceu muito mais proposital como forma de crítica do que mero defeito da direção ou nas atuações. Analisando a montagem, me pareceu que de fato se crítica a força policial e como ela não leva a sério crimes contra minorias, tanto que se a investigação fosse conduzida com um mínimo de seriedade, as vítimas teriam sido resgatadas e protegidas de forma muito mais eficaz. Na primeira vez senti raiva pela pasmaceira e nessa revisada senti raiva foi justamente da gigantesca inoperância dos policiais. Sobre o fato do filme ser extremo, por ser tudo tão cru e documental, ele cria um clima de incômodo permanente, desde o sequestro até toda a sequência na floresta. O filme não demora e nem floreia nada, por ser curto tudo ocorre muito rápido e intensamente. Você de fato cria asco e ódio pela gangue, de modo que quando os pais de uma das vítimas começam sua vingança sádica e violenta, nós nem temos sentimentos de pena ou de esperar a justiça ser feita. Essa película, sendo independente e filmada com recursos escassos, consegue nos seus 84 minutos ser chocante e marcante, mostrando que seu diretor tinha um grande caminho pela frente, o que se mostrou realidade. Wes Craven, ainda que com uma carreira incosntante, é sem dúvidas um dos principais nomes do cinema de gênero, pois além desse exploitation nos brindou com as séries Hora do Pesadelo e Pânico. Recomendo sim que esse filme seja assistido, nem que seja uma única vez, por todo cinéfilo e especialmente por todo fã do gênero.
Filme de exploitation que compõe parte do ciclo das produções italianas sobre canibais. Assim como o outro longa dirigido por Deodatto, Cannibal Holocaust, aqui também temos uma sequência de mortes, violência, depravação, gore e nojeiras de alto nível, impressionante como o diretor consegue criar cenas que causam repulsa mesmo no público atual, ainda que com um orçamento limitado e os efeitos práticos disponíveis na época. Não acho que pessoas sensíveis devam assistir essa produção, eu que já estou acostumado com filmes extremos e apelativos me impressionei bastante, especialmente com duas cenas
a morte do jacaré, que infelizmente seguindo a tradição da época foi morto e esfolado de verdade. E também a morte da indígena traidora, e sua posterior decapitação e retirada dos órgãos. Tudo é muito bem feito, o gore não deve em nada para filmes recentes e com muito mais recursos disponíveis
Como filme em si, achei que Cannibal Holocaust é bem melhor, pois este ainda que seja apelativo, pelo menos tem uma crítica embutida, destinada ao colonialismo do europeu para quem aos olhos deles são meros selvagens. Esse Último Muno dos Canibais, excetuando as vísceras expostas, não tem muitos atrativos, é inclusive cansativo e repetitivo em alguns momentos.
Considerado por muitos o marco zero do slasher, achei esse "Bay of Blood" apenas bom. Não tem nada espetacular, a trama é até meio forçada as vezes. É bem dirigido, tecnicamente é melhor que boa parte dos filmes de assassino de jovens que brotariam a partir do fim dos anos 1970. Porém, como filme eu acho "Halloween" muito superior e o próprio Sexta-Feira 13 já citado aqui também funciona e prende mais o espectador. Um destaque que faço aqui, as cenas de morte e o gore, levando em conta a época em que foi feito, ainda são bem eficientes.
Filme misterioso, que na verdade eu nem classificaria como terror, mas muito mais como um suspense, pois o que prende o espectador não é o medo, mas sim a vontade de entender o que de fato vai acontecer no fim. Achei o filme lindíssimo, quase um quadro em movimento. É um filme que de fato encanta a visão, tanto pelos cenários quanto pela forma como o feminino é mostrado. Apesar de ser erótico em determinados momentos, percebe-se muito mais uma admiração do que um contexto de sexualização do corpo (minha opinião, mas de repente uma mulher que assista possa ter uma visão distinta da minha). Acho que o filme peca somente em sua lentidão, ok que o ritmo do cinema europeu é mais contemplativo, mas fica-se numa ansiedade pelo desfecho e o clímax dura, se muito, uns dez minutos. Gostei bastante da explicação dada ao vampirismo e também amei o clima de seita que se instala na produção quando a noite cai. Filme a ser revisto, classudo demais.
Essa produção mostra como um filme pode variar durante seu tempo de exibição. Switchblade Sisters começa mediano, tem um miolo muito fraco, porém seu clímax e final são excepcionais. Estava quase desistindo ali pela primeira hora, de fato tem um momento em que fica parecendo uma versão setentista de Malhação, com tudo girando em torno de disputa por um valentão metido a brabo. Porém
O filme cresce absurdamente, vira um exploitation feminista em que as mulheres (que geralmente tem somente seu corpo explorados em produções do tipo) tomam as rédeas da situação e tornam as Jezebels a gangue mais foda de todas. Como se não bastasse isso, ainda introduz uma outra gangue feminina composta por minas pretas maoístas (!!!), isso na época em que o comunismo oriental era o inimigo número um da América (cabe ressaltar a influência de Mao e também do islamismo nos movimentos por direitos civis negros, algo que vem sendo apagado com o passar dos anos). Gostei muito dessa produção, um exploitation pouco falado e que até agora é um dos melhores filmes de delinquência juvenil/gangues que já assisti (inclusive achei muito melhor que o muito mais famoso Warriors).
Exploitation no sentido mais direto do gênero, no sentido que de fato não se preocupa em passar mensagens ou críticas disfarçadas. O objetivo aqui de fato é explorar ao máximo o gore, o sadismo, a nudez e o pior do ser humano, de um modo que poucos filmes da época conseguiram. Apesar de ter um aviso no início de que visa mostrar as atrocidades do nazismo visando que nunca se repitam, claramente o filme foi feito para chocar e ser assunto, ainda mais imaginando a época em que foi feito (se fosse feito atualmente já causaria barulho, imagina nos anos 1970). De certo modo, o objetivo de ter ojeriza a nazistas (não que se precise de um filme para isso, ser minimamente humano já deveria ser o suficiente para odiar todos eles) é cumprido, pois eles são retratados como bestas que desprezam o ser humano, os vendo apenas como pedaços de carne. Achei o gore surpreendemente eficiente, tendo em vista que foi uma produção feita a toque de caixa, em nove dias e ainda contando somente com efeitos práticos. Temos todo tipo de torturas e na maior parte do tempo conseguem causar repulsa. A trama em si não existe, o objetivo aqui é mesmo só explorar a voluptuosidade de Ilsa, a nudez feminina e o gore. E nisso é bem sucedido.
Essa reunião me conquistou muito pela nostalgia. Will Smith é um cara extremamente carismático e talentoso, porém sem o Fresh Prince talvez nunca soubéssemos disso (e nem ele talvez). Quem cresceu assistindo é quase impossível não deixar o senso crítico de lado e embarcar com tudo nos bastidores e histórias contadas. Fora que na pandemia revi a série e ela envelheceu bem em seus discursos e humor, e contando que já fazem trinta anos de seu lançamento isso é um fenômeno. Linda a homenagem a James Avery e bom rever a Tia Vivian original (a mulher tá com a mesma cara, de fato black don't crack rsrs) foi muito bom, até hoje uma mulher preta retinta ser representada de forma tão elegante e respeitosa é raridade no audiovisual (para ver o pioneirismo da série).
Filme bem peculiar, saindo do senso comum moralista do cinema norte-americano. Alcoolismo é algo extremamente grave, e nessa produção temos uma demonstração de como a bebida pode nos tornar mais sociáveis, mas também as sequelas que ela causa no momento em que deixa de ser algo para momentos específicos e se torna parte do cotidiano das pessoas, e como isso afeta pessoal e profissionalmente. A intenção do diretor aqui parece ser demonstrar que o álcool age de formas diferentes de acordo com a pessoa, não entendi como uma romantização do alcoolismo. O filme simplesmente não quer passar uma mensagem edificante, mas sim contar uma história. Não é um vídeo da Proerd, então não acho que caiba críticas ao fato de ter uma certa dubiedade de discurso ao longo da película. Para mim a nota só não é maior porque em alguns momentos parece haver uma quebra de ritmo. Por fim, gostei das atuações, especialmente de Mads e do fato da produção não se forçar a um discurso moralista desnecessário.
Nunsploitation nipônico que é um dos melhores exploitations que já assisti. E digo isso baseado no fato de que essa produção entrega tudo que se espera de uma produção apelativa e vai muito além. Se hoje o filme já é pesado, imagino o choque na época de seu lançamento. Apenas como resumo, entre as polêmicas apresentadas temos:
incesto entre pai e filha (que para piorar são padre e freira), imagem de Cristo sendo urinada/sangrada, castigos e torturas como forma de punição religiosa, freiras lésbicas, aborto forçado, espancamento de grávidas por parte de freiras sádicas... olha, e ainda tem coisas muito piores e de mal gosto como estupro
Entretanto, sabendo como a sociedade japonesa é regrada e como o próprio cristianismo é cheio de dogmas, de um jeito torto, a película pode ser encarada como uma crítica ultra apelativa a hipocrisia que envolve esses dois mundos. Definitivamente, essa produção não é para todos os públicos, recomendada somente para quem curte produções desse tipo.
Terror setentista bem peculiar, Tobe Hooper entrega um misto de slasher e animal assassino que é inegavelmente original em sua proposta. O gore ainda funciona, e as atuações exageradas são o padrão dos filmes B feitos na época, e achei melhor que a de outros exploitations tipos "Last House on The Left". É uma produção estranha, mas que acaba funcionando para quem curte filmes desse estilo. Vale conhecer!
Grata surpresa! Não esperava nada, mas esse filme é muito legal. Um coming to age simples e eficiente, inclusive é bem melhor que outras produções nacionais muito mais elogiadas que essa. Merece ser mais conhecido, achei a ambientação nos anos 1980 bem escolhida e bem feita. Se tivesse um porém, seria o fato de ser mais uma produção teen que usa o prisma de classe média, como quase todos os filmes sobre jovens feitos no Brasil. Um símbolo de como nosso cinema é feito ainda por pessoas oriundas da elite, que reproduzem na tela suas memórias e lembranças. Posta essa vírgula, reitero os elogios. Gostei do elenco principal e da trilha sonora também. Merece ser mais conhecido!
O Tempo e a Maré
3.5 11 Assista AgoraFilme bem filmado e com cortes rápidos estilosos, lembrando outros filmes noventistas que primavam pela agilidade na narrativa e na montagem. Entretanto, exceto esses méritos, achei "O Tempo e a Maré" uma produção tão preocupada em ser moderna que esqueceu de se dedicar a criar uma trama interessante. Tudo aqui é muito confuso, parece mais uma produção para você curtir o visual e desprender da história.
Gótico
3.4 56Terror surrealista, na verdade acho que a única forma de apreciar é esquecer a lógica e embarcar na viagem lisérgica. O clima de delírio é permanente, o elenco é gabaritado e dá conta do recado. Em determinados momentos parece teatro filmado, e também consegue criar um clima incômodo, especialmente na metade final.
13º Andar
3.5 223 Assista AgoraQueria assistir essa ficção há um tempo. Apesar de muitos citarem semelhanças com "Matrix", confesso que não achei ambos tão parecidos, exceto na temática de mundos simulados. Achei que "13º Andar" é uma ficção mais clássica mesmo, enquanto Matrix flerta forte com o cinema de ação.
O filme estrelado por Craig Bierko me lembrou muito um noir, talvez a ambientação no passado tenha ajudado nisso. É um filme de ligue as pistas, de caça ao assassino, mas não com um estilo de serial killer (tipo "Assassino Virtual"), de um modo mais clássico mesmo. Só faltou ser filmado em preto e branco para cravar essa percepção.
Ainda que lento em alguns momentos, a produção consegue prender o espectador até o fim e até mesmo o enganar com as trocas de corpos entre os mundos.
Achei uma produção subestimada, tomara que agora no catálogo da Hbo Max possa chegar a mais pessoas.
Vizinhança do Barulho
3.2 156Sátira sobre os "hood movies" que foram lançados na primeira década dos anos 1990. A base da zoeira é em cima do clássico "Donos da Rua", mas também sobra para outros filmes como "South Central" e "Perigo para a Sociedade".
Não é o melhor filme dos irmãos Wayans, porém consegue arrancar boas risadas em determinados momentos. O humor politicamente incorreto, já característico da família, pode soar mal aos ouvidos contemporâneos, mas confesso que achei graça em determinadas partes.
Céu Vermelho-Sangue
3.0 483 Assista AgoraPremissa bem interessante, mas que não rende justamente por ser um filme muito longo. Logo tudo fica bem repetitivo, por mais que do meio pro fim seja uma produção agitada. Falta criatividade no andar das situações, "Voo Noturno", por exemplo, mistura bem melhor vampirismo e filme aéreo. Gostei aqui só do final, achei uma solução inesperada.
O epílogo aumenta essa sensação de potencial desperdiçado que o filme deixa.
A Cor que Caiu do Espaço
3.1 350Ficção espacial que até guarda sua originalidade, porém acabou não me conquistando. Achei que demora muito pra engrenar, e na verdade o clímax é bem corrido. As criaturas tem um design interessante, e se destacam.
Nicolas Cage tem uma de suas atuações aleatórias, essa aqui guarda rompantes de intensidade em momentos errados, então ao contrário de outras produções recentes em que ele participa (exemplo "Mandy"), seu personagem acaba mais irritando do que cativando.
Se fosse mais curto e dinâmico seria melhor, a duração longa não ajuda a um filme que até tem seus bons momentos, mas ficam muito espalhados durante a exibição.
Beckett
3.1 165 Assista Agora"Beckett" é um suspense a moda antiga, de fato as críticas que li apontando como um exemplar hitchcockiano moderno cabem bem aqui. Um thriller político que não é acelerado, pelo contrário, pode não atrair a geração mais nova viciada em plot twists.
Porém, o clima de paranoia é muito bem construído, o espectador se sente descobrindo a teia de mentiras junto com o protagonista, assim como se sente perdido como ele na maior parte do tempo. Difícil uma produção que consiga essa simbiose atualmente.
O território grego é parte fundamental da trama, não é só um filme que usa paisagens para ser bonito. A geografia, os terrenos, tudo acaba sendo parte integrante da história.
Boa atuação de John David, que nos faz ter empatia por seu personagem.
Por fim, destaco o uso do som nessa produção, sempre dando um tom de urgência em momentos chave.
Gostei bastante, prende sem fazer o espectador de bobo.
Kate
3.3 301 Assista AgoraFrenético e estiloso filme de ação. Gostei que mesmo com a trama batida, insere elementos da cultura oriental que fazem diferença no resultado final. Lutas bem coreografadas e cenas de ação frenéticas ajudam a tornar "Kate" um bom passatempo para quem curte o gênero.
Ritos Ancestrais
2.8 81 Assista AgoraFilme de possessão que ganha pontos tanto pela originalidade, quanto por focar com boa dose de respeito em ritos ancestrais indígenas, mas aqui focados nas sociedades antigas latinas.
Não achei que chega a provocar medo, mas consegue criar tensão em determinados momentos. Só não ganha mais pontos porque acho que falta um pouco de ritmo em determinados momentos, parece que quando vai engrenar dão uma travada na trama.
Dragon Tiger Gate
3.1 55 Assista AgoraFraca produção de pancadaria pop. Pelo que li, foi baseado em uma HQ, então talvez o roteiro não tenha sido bem adaptado. Achei a montagem e a trama confusas, além disso as lutas, apesar de algumas serem legais, são editadas de modo que as coreografias não sejam tão fluídas.
Dá para tirar momentos legais do filme, mas eles são tão poucos que nem se tornam memoráveis.
Vida
3.4 1,2K Assista AgoraBom terror espacial, que evita se render ao gore como boa parte das produções do gênero. Entendível para uma produção com diversos astros hollywoodianos.
O filme consegue criar um clima de tensão e claustrofobia em determinados momentos, de modo que o espectador fica preso olhando para a tela esperando o desenrolar da trama.
Além disso, gera bons debates sobre a questão da adaptação e de como para sobreviver em um ecossistema alguns seres acabam se tornando predadores insaciáveis. Não entendi como uma justificativa, mas sim como uma forma de mostrar de modo bem resumido e simples a evolução das espécies.
Frankenhooker: Que Pedaço de Mulher
3.4 72Não consegui entrar no clima do filme como a maioria das pessoas aqui. Curti o tom de ironia constante, mas talvez terrir não seja pra mim mesmo. Me irritou bastante quando a produção parece que vai entregar um gore de alto nível, ele apelar quase para uma paródia de produções gosmentas.
Ficar claro que as prostitutas explodindo eram manequins
deu um tom de filme precário. Óbvio que quem cresceu vendo essas tralhas se habituou a péssimos efeitos, porém aqui não fica parecendo que eles aparecem por inabilidade do diretor e sim propositalmente, o que faz o charme se esvair totalmente.
Quadrilha de Sádicos
3.4 205"Quadrilha de Sádicos" começa bem legal, tem um clima de tensão permanente no ar e a paisagem árida dá um tom sujo a produção. Ficamos sempre com a sensação de que algo está prestes a dar errado, e conseguir isto mostrando praticamente nada é um grande mérito. Entretanto, depois de certo tempo acaba ficando uma grande pasmaceira, demora bastante para algo de fato ocorrer. Temos momentos bem interessantes, como o primeiro ataque ao trailer, mas não senti que o filme nos leva ao limite e nem passa uma sensação de urgência em seu clímax.
Fica tudo meio solto, uma cena de terror ali e depois outra só dez ou quinze minutos depois,. Falta a essa produção justamente isso, sair do ramo da especulação e produzir um horror exploitation e violento de fato.
Não é ruim, na verdade é um terror ok, mas fica aquém do que os minutos iniciais prometem.
Aniversário Macabro
3.1 235 Assista AgoraA primeira vez que assisti essa produção, odiei. Fui com muita expectativa pelas opiniões e críticas, de que seria um filme grotesco e imoral como poucos. E na prática vi uma produção pobre e fraca, sem nexo e ritmo algum.
Pois bem, corta pra 2021. Ainda não gostei o bastante para considerar obra prima ou algo do tipo, porém nessa revisão consegui enxergar muito mais qualidades que da primeira vez.
Em primeiro lugar, duas coisas que me irritaram muito anteriormente dessa vez não tiveram esse efeito de destruir a experiência: a trilha sonora totalmente deslocada em determinados momentos, dessa vez não me pareceu tão onipresente. E a dupla de policiais imprestáveis, me pareceu muito mais proposital como forma de crítica do que mero defeito da direção ou nas atuações. Analisando a montagem, me pareceu que de fato se crítica a força policial e como ela não leva a sério crimes contra minorias, tanto que se a investigação fosse conduzida com um mínimo de seriedade, as vítimas teriam sido resgatadas e protegidas de forma muito mais eficaz. Na primeira vez senti raiva pela pasmaceira e nessa revisada senti raiva foi justamente da gigantesca inoperância dos policiais.
Sobre o fato do filme ser extremo, por ser tudo tão cru e documental, ele cria um clima de incômodo permanente, desde o sequestro até toda a sequência na floresta. O filme não demora e nem floreia nada, por ser curto tudo ocorre muito rápido e intensamente. Você de fato cria asco e ódio pela gangue, de modo que quando os pais de uma das vítimas começam sua vingança sádica e violenta, nós nem temos sentimentos de pena ou de esperar a justiça ser feita.
Essa película, sendo independente e filmada com recursos escassos, consegue nos seus 84 minutos ser chocante e marcante, mostrando que seu diretor tinha um grande caminho pela frente, o que se mostrou realidade. Wes Craven, ainda que com uma carreira incosntante, é sem dúvidas um dos principais nomes do cinema de gênero, pois além desse exploitation nos brindou com as séries Hora do Pesadelo e Pânico.
Recomendo sim que esse filme seja assistido, nem que seja uma única vez, por todo cinéfilo e especialmente por todo fã do gênero.
O Último Mundo dos Canibais
3.2 23Filme de exploitation que compõe parte do ciclo das produções italianas sobre canibais. Assim como o outro longa dirigido por Deodatto, Cannibal Holocaust, aqui também temos uma sequência de mortes, violência, depravação, gore e nojeiras de alto nível, impressionante como o diretor consegue criar cenas que causam repulsa mesmo no público atual, ainda que com um orçamento limitado e os efeitos práticos disponíveis na época. Não acho que pessoas sensíveis devam assistir essa produção, eu que já estou acostumado com filmes extremos e apelativos me impressionei bastante, especialmente com duas cenas
a morte do jacaré, que infelizmente seguindo a tradição da época foi morto e esfolado de verdade. E também a morte da indígena traidora, e sua posterior decapitação e retirada dos órgãos. Tudo é muito bem feito, o gore não deve em nada para filmes recentes e com muito mais recursos disponíveis
Como filme em si, achei que Cannibal Holocaust é bem melhor, pois este ainda que seja apelativo, pelo menos tem uma crítica embutida, destinada ao colonialismo do europeu para quem aos olhos deles são meros selvagens. Esse Último Muno dos Canibais, excetuando as vísceras expostas, não tem muitos atrativos, é inclusive cansativo e repetitivo em alguns momentos.
Banho de Sangue
3.5 124Considerado por muitos o marco zero do slasher, achei esse "Bay of Blood" apenas bom. Não tem nada espetacular, a trama é até meio forçada as vezes. É bem dirigido, tecnicamente é melhor que boa parte dos filmes de assassino de jovens que brotariam a partir do fim dos anos 1970. Porém, como filme eu acho "Halloween" muito superior e o próprio Sexta-Feira 13 já citado aqui também funciona e prende mais o espectador.
Um destaque que faço aqui, as cenas de morte e o gore, levando em conta a época em que foi feito, ainda são bem eficientes.
Fascinação
3.5 21Filme misterioso, que na verdade eu nem classificaria como terror, mas muito mais como um suspense, pois o que prende o espectador não é o medo, mas sim a vontade de entender o que de fato vai acontecer no fim. Achei o filme lindíssimo, quase um quadro em movimento. É um filme que de fato encanta a visão, tanto pelos cenários quanto pela forma como o feminino é mostrado. Apesar de ser erótico em determinados momentos, percebe-se muito mais uma admiração do que um contexto de sexualização do corpo (minha opinião, mas de repente uma mulher que assista possa ter uma visão distinta da minha). Acho que o filme peca somente em sua lentidão, ok que o ritmo do cinema europeu é mais contemplativo, mas fica-se numa ansiedade pelo desfecho e o clímax dura, se muito, uns dez minutos. Gostei bastante da explicação dada ao vampirismo e também amei o clima de seita que se instala na produção quando a noite cai.
Filme a ser revisto, classudo demais.
Faca na Garganta
3.7 26Essa produção mostra como um filme pode variar durante seu tempo de exibição. Switchblade Sisters começa mediano, tem um miolo muito fraco, porém seu clímax e final são excepcionais. Estava quase desistindo ali pela primeira hora, de fato tem um momento em que fica parecendo uma versão setentista de Malhação, com tudo girando em torno de disputa por um valentão metido a brabo.
Porém
quando o líder da gangue é assassinado
O filme cresce absurdamente, vira um exploitation feminista em que as mulheres (que geralmente tem somente seu corpo explorados em produções do tipo) tomam as rédeas da situação e tornam as Jezebels a gangue mais foda de todas. Como se não bastasse isso, ainda introduz uma outra gangue feminina composta por minas pretas maoístas (!!!), isso na época em que o comunismo oriental era o inimigo número um da América (cabe ressaltar a influência de Mao e também do islamismo nos movimentos por direitos civis negros, algo que vem sendo apagado com o passar dos anos).
Gostei muito dessa produção, um exploitation pouco falado e que até agora é um dos melhores filmes de delinquência juvenil/gangues que já assisti (inclusive achei muito melhor que o muito mais famoso Warriors).
Ilsa, a Guardiã Perversa da SS
3.1 89Exploitation no sentido mais direto do gênero, no sentido que de fato não se preocupa em passar mensagens ou críticas disfarçadas. O objetivo aqui de fato é explorar ao máximo o gore, o sadismo, a nudez e o pior do ser humano, de um modo que poucos filmes da época conseguiram. Apesar de ter um aviso no início de que visa mostrar as atrocidades do nazismo visando que nunca se repitam, claramente o filme foi feito para chocar e ser assunto, ainda mais imaginando a época em que foi feito (se fosse feito atualmente já causaria barulho, imagina nos anos 1970). De certo modo, o objetivo de ter ojeriza a nazistas (não que se precise de um filme para isso, ser minimamente humano já deveria ser o suficiente para odiar todos eles) é cumprido, pois eles são retratados como bestas que desprezam o ser humano, os vendo apenas como pedaços de carne.
Achei o gore surpreendemente eficiente, tendo em vista que foi uma produção feita a toque de caixa, em nove dias e ainda contando somente com efeitos práticos. Temos todo tipo de torturas e na maior parte do tempo conseguem causar repulsa.
A trama em si não existe, o objetivo aqui é mesmo só explorar a voluptuosidade de Ilsa, a nudez feminina e o gore. E nisso é bem sucedido.
The Fresh Prince of Bel-Air Reunion
4.2 50Essa reunião me conquistou muito pela nostalgia. Will Smith é um cara extremamente carismático e talentoso, porém sem o Fresh Prince talvez nunca soubéssemos disso (e nem ele talvez). Quem cresceu assistindo é quase impossível não deixar o senso crítico de lado e embarcar com tudo nos bastidores e histórias contadas. Fora que na pandemia revi a série e ela envelheceu bem em seus discursos e humor, e contando que já fazem trinta anos de seu lançamento isso é um fenômeno.
Linda a homenagem a James Avery e bom rever a Tia Vivian original (a mulher tá com a mesma cara, de fato black don't crack rsrs) foi muito bom, até hoje uma mulher preta retinta ser representada de forma tão elegante e respeitosa é raridade no audiovisual (para ver o pioneirismo da série).
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 800 Assista AgoraFilme bem peculiar, saindo do senso comum moralista do cinema norte-americano. Alcoolismo é algo extremamente grave, e nessa produção temos uma demonstração de como a bebida pode nos tornar mais sociáveis, mas também as sequelas que ela causa no momento em que deixa de ser algo para momentos específicos e se torna parte do cotidiano das pessoas, e como isso afeta pessoal e profissionalmente.
A intenção do diretor aqui parece ser demonstrar que o álcool age de formas diferentes de acordo com a pessoa, não entendi como uma romantização do alcoolismo. O filme simplesmente não quer passar uma mensagem edificante, mas sim contar uma história. Não é um vídeo da Proerd, então não acho que caiba críticas ao fato de ter uma certa dubiedade de discurso ao longo da película.
Para mim a nota só não é maior porque em alguns momentos parece haver uma quebra de ritmo. Por fim, gostei das atuações, especialmente de Mads e do fato da produção não se forçar a um discurso moralista desnecessário.
Escola da Besta Sagrada
3.6 23Nunsploitation nipônico que é um dos melhores exploitations que já assisti. E digo isso baseado no fato de que essa produção entrega tudo que se espera de uma produção apelativa e vai muito além. Se hoje o filme já é pesado, imagino o choque na época de seu lançamento.
Apenas como resumo, entre as polêmicas apresentadas temos:
incesto entre pai e filha (que para piorar são padre e freira), imagem de Cristo sendo urinada/sangrada, castigos e torturas como forma de punição religiosa, freiras lésbicas, aborto forçado, espancamento de grávidas por parte de freiras sádicas... olha, e ainda tem coisas muito piores e de mal gosto como estupro
Entretanto, sabendo como a sociedade japonesa é regrada e como o próprio cristianismo é cheio de dogmas, de um jeito torto, a película pode ser encarada como uma crítica ultra apelativa a hipocrisia que envolve esses dois mundos. Definitivamente, essa produção não é para todos os públicos, recomendada somente para quem curte produções desse tipo.
Devorado Vivo
3.1 65 Assista AgoraTerror setentista bem peculiar, Tobe Hooper entrega um misto de slasher e animal assassino que é inegavelmente original em sua proposta. O gore ainda funciona, e as atuações exageradas são o padrão dos filmes B feitos na época, e achei melhor que a de outros exploitations tipos "Last House on The Left". É uma produção estranha, mas que acaba funcionando para quem curte filmes desse estilo. Vale conhecer!
Califórnia
3.5 302 Assista AgoraGrata surpresa! Não esperava nada, mas esse filme é muito legal. Um coming to age simples e eficiente, inclusive é bem melhor que outras produções nacionais muito mais elogiadas que essa. Merece ser mais conhecido, achei a ambientação nos anos 1980 bem escolhida e bem feita. Se tivesse um porém, seria o fato de ser mais uma produção teen que usa o prisma de classe média, como quase todos os filmes sobre jovens feitos no Brasil. Um símbolo de como nosso cinema é feito ainda por pessoas oriundas da elite, que reproduzem na tela suas memórias e lembranças.
Posta essa vírgula, reitero os elogios. Gostei do elenco principal e da trilha sonora também. Merece ser mais conhecido!