Loucura frenética que consegue divertir e prender a atenção. Radcliffe está bem como o nerd apagado que do nada cai no meio de uma trama envolvendo mortes, tiroteios e caçadas. Tem bons momentos de ação, mas acho que o filme poderia colocar mais caos ainda. No fim, fica uma perseguição no estilo gato e rato que lá pra depois da metade fica meio repetitiva. A sequência final ainda consegue dar um fôlego, mostrando um pouco do potencial desperdiçado, de criar uma pequena pérola B tresloucada. Mas, ainda assim, é um bom filme e que vale pra relaxar a mente.
A série Pânico chega a seu quinto filme e ainda entregando um material de alto nível. Normalmente franquias de horror já chegam em seus quintos episódios ou com a fórmula desgastada ou então com uma trama alternativa e sem ligação com os filmes anteriores. Aqui, a mitologia consegue ser um pouco expandida (o que é incrível) e ainda mantém a característica da série de ser um terror com elementos marcantes de sátira (aqui, no caso, passa de brincar com o gênero para brincar dentro da própria mitologia de Pânico). Tem umas conveniências do roteiro, até para fazer o filme render por duas horas, mas nada que diminua a qualidade da produção. Nem o uso abusivo de jump scares incomoda, pois, conforme dito acima, a proposta do filme é justamente essa de usar e abusar dos clichês do gênero (especialmente falando do terror norte-americano). Surpreende também o grau de gore apresentado, já que Pânico nunca se destacou por sua violência. A revelação do assassino é meio óbvia, tão óbvia que surpreende, do tipo "ah, se estão deixando tão na cara assim é pra parecer e enganar o público". Enfim, gostei. Consegue respeitar os anteriores e introduzir novos elementos sem perder sua essência de ser, se assim podemos dizer, um terror disfarçado de sátira.
A estreia de Rebecca Hall na direção surpreende por ser um filme tão intimista e ao mesmo tempo tão grandiosamente bom. "Passing" tem um ritmo lento, uma fotografia deslumbrante em preto e branco e é quase todo calcado nos diálogos, olhares e toques. Porém, nunca fica chato. É aquele caso de produção que parece que tudo foi minimamente pensado para contar uma trama repleta de nuances. Porém, seria injusto dar os méritos todos a Hall: o filme cresce muito também pelas atuações precisas de Tessa Thompson e Ruth Negga. Apesar de Negga ser mais cotada para premiações, para mim Tessa é o grande destaque do filme. Desde a primeira cena, ela consegue transmitir o grande desconforto em relação ao redor e a sociedade que a cerca. E com o desenrolar da trama, você vai entendendo o porque. Para completar com chave de ouro, achei o final muito bem pensado, um pelas múltiplas interpretações que provoca e dois pelo modo repentino que acontece. É inesperado, impactante e pega o espectador totalmente de surpresa. A única coisa do filme que não consegui criar uma teoria foi em relação a tensão sexual entre Irene e Clare, se pra alguém ficou mais claro aceito opiniões.
em relação ao final, na minha cabeça ficou bem claro que Irene empurrou Clare. Pelos comentários a maioria entende como inconclusivo, mas se apegando aos detalhes não consigo ser convencido de nenhuma outra teoria. Vejamos: de certo modo Irene parecia nutrir uma certa raiva de Clare desde o encontro com o marido racista no hotel; Irene estava incomodada com a relação do marido e dos filhos com Clare há um bom tempo; o magnetismo e carisma de Clare também parecia incomodar Irene; no momento em que Clare cai da janela, Irene não só é a única que não sai correndo para ajudar, como a câmera foca o close em sua mão e ela passa de uma posição que você usaria para dar um empurrão sutil para a posição normal da mão de uma pessoa em pé. Resumidamente, para mim Irene sempre teve um incômodo na presença de Clare e ela parecia estar no seu grau máximo especificamente na noite da festa, de modo que o movimento do empurrão pareceu até ter sido feito involuntariamente, quase um desejo subconsciente e que somente depois de feito ela volta a si e percebe o ocorrido
Tirando as letras L, G e B da sigla LGBTQIA+, os demais gêneros são muito mal representados pelo audiovisual (não que os citados não sejam, porém é mais fácil lembrar de filmes que mostrem suas narrativas com respeito). "Tangerine" já é digno de atenção só por isso, por colocar pessoas invisíveis aos olhos do cinema (a menos que seja para ser usada como escada para humor depreciativo) como protagonistas de uma trama que mostra o lado C da América. Cafetões, imigrantes, transexuais e travestis, todos são envolvidos nessa colcha de retalhos filmada quase em tempo real, que acompanha a jornada de Sin-Dee em busca da nova namorada do seu cafetão e companheiro. Pode causar estranhamento o ritmo semi documental em determinados momentos, mas como o filme é curto, acaba não dando espaço para o tédio. Em determinados momentos é caótico e barulhento, mas entendo que foi uma escolha do diretor para representar o lado sem glamour de uma Los Angeles que Hollywood não mostra.
Filme com uma energia caótica que prende o espectador. Gostei que não enrola pra apresentar as situações, até por ser uma produção de duração curta, não gasta com enrolação. Em quinze minutos todas as situações chave já foram apresentadas e dali pra frente só fica a tensão de quando as coisas serão descobertas (ou se serão descobertas). Por mais que tenha particularidades da cultura judia, boa parte dos diálogos e passagens são familiares para quem tem família grande: as comparações, as perguntas inconvenientes (e por vezes maldosas), os ataques passivo agressivos.
Não sou o maior admirador dos faroestes, então esse é um gênero em que tenho várias lacunas. Esse clássico era uma delas, mas confesso que não curti tanto como esperava. Assisti a versão do diretor e ela é bem longa, e achei especialmente grande porque tem várias cenas que, para mim, poderiam ter sido descartadas e ter deixado tudo mais enxuto. As cenas de cantoria, por exemplo. Tanta enrolação deixa o filme cansativo e repetitivo em alguns momentos. De positivo mesmo, gostei bastante da cena final, um caos muito bem orquestrado e sanguinolento, e de toda a sequência envolvendo o roubo ao trem. Interessante também o uso do efeito slow motion para dramatizar ainda mais algumas mortes, achei boa a escolha e o fato de do recurso não ter sido utilizado de qualquer jeito.
Grata surpresa, já tinha passado por ele na Amzaon e não tinha me chamado atenção, mas felizmente sigo boas páginas de cinema no Instagram que me alertaram para esse pequeno grande filme. Na maior parte do tempo é sobre o nada, mas é tão bem filmado e nostálgico, que você acaba se afeiçoando aos personagens, mesmo os mais disfuncionais. Não é moralista e nem julgador, Hill aqui simplesmente queria contar uma história simples e conseguiu criar algo agridoce e que prende o espectador. Destaque para a trilha sonora e amei o filminho no fim, me lembrou totalmente a vibe noventista e MTV.
Difícil classificar esse horror em alguma caixa, James Wan acabou fazendo uma colcha de retalhos e a partir dela criou algo bem original e que só alguém com moral no cinema de gênero conseguiria tirar do papel. Difícil explicar a trama sem dar spoiler, mas pra mim Wan tinha plena noção do que estava fazendo ao direcionar a trama por um caminho e logo em seguida demolir tudo, criando diversas pegadinhas durante a exibição do longa. Bater num liquidificador casa assombrada, slasher, splatter e monster movie, e no fim ainda sair algo inteligível e com nexo, somente alguém com muita referência e talento para fazer. Com certeza tem muita gente que vai odiar, vai classificar como somente mais um trash, mas pra mim Wan aqui brinca e homenageia o cinema de gênero ao mesmo tempo.
Divertida atualização do Jumanji, passando de um jogo de tabuleiro para um cartucho de Nintendinho. Um de seus méritos é conseguir reunir três dos mais carismáticos atores do momento (The Rock, Kevin Hart e Jack Black), e todos embarcam bem na aventura, fazendo com que nos importemos com os personagens (o que é fundamental em um produto como esse). Tem emoção, tem cenas grandiosas e tem bastante humor, e, pelo menos para mim, a combinação funcionou muito bem!
Revisto depois de muito tempo! É engraçado ver esses filmes de herói pré domínio do Universo MCU, porque eles parecem menos esquemáticos e mais livres (pro bem e pro mal). Os jogos de câmera, as piadinhas, tudo parece menos padronizado. Aqui, temos um filme muito criticado na época de seu lançamento. De fato, o longa tem seus defeitos (destaco especialmente o péssimo uso do Venom), porém não é uma porcaria como pintam. O Homem Areia é um bom vilão e bem denso (se não gastassem tempo de tela com o Eddie Brcok/Venom ele poderia até ser mais bem construído), fora que gostei de como o Duende Jr. foi mostrado em tela. Porém, de fato, para um filme de mais de duas horas, ocorre muito desperdício de tempo e muita coisa que poderia agregar mais a trama é passada com pressa. O erro aqui foi querer abraçar o mundo e acabou que um filme que poderia ser nota dez fica com um sete e meio.
Baseado em um excelente livro, o filme dá conta do recado. Algumas situações são simplificadas aqui, mas nada que comprometa o todo e a mensagem passada. O elenco está bem em cena e facilmente identificados com os personagens do livro, mostrando que a seleção dos atores e atrizes foi feita com esmero. O ritmo é fluido e a densidade do discurso antirracista é bem sucedida, resultando em mais uma produção que dialoga muito com a realidade atual e com as discussões contemporâneas.
Suspense lento e sem sal. Aposta numa fotografia escura e sem vida, provavelmente pra retratar o incômodo da protagonista ao ter que voltar a sua cidade natal, aonde parece ser odiada pela maioria dos moradores e por sua própria família. Entretanto, a lentidão da trama, somada a essa fotografia fria e ao fato da investigação não despertar aquele interesse no espectador, tornam esse thriller espanhol um ótimo sonífero. Não recomendo.
Dos filmes do Studio Ghibli que assisti até hoje, surpreendentemente , achei esse “Porco Rosso” o mais “pé no chão”. Ainda que o protagonista seja um antropomorfo, o que abriria portas para o surrealismo nas situações do longa, a trama apresentada aqui versa sobre combates aéreos, pirataria e guerra. Obviamente que tem momentos poéticos, porém na maior parte do tempo parece que estamos assistindo a uma produção que tem como meta ser realista. Não pelo exposto acima, mas achei o filme não muito encantador e mesmo curto, carecendo de ritmo em algumas passagens. O próprio protagonista não é lá muito carismático, e o filme cresce muito quando ele passa a dividir a cena com Flo, ela sim a melhor personagem do filme “Porco Rosso” tem suas qualidades sim e momentos em que prende o espectador, porém parece um filme menor e não tão inspirado do Studio Ghibli.
Mais uma das inúmeras cópias oitentistas de Mad Max, aqui temos um divertido exemplar de filme B. Tem bastante ação e coisa acontecendo na tela, de modo que a monotonia não tem espaço. Obviamente que por ser uma produção de orçamento paupérrimo, tem diversos defeitos de continuidade, montagem e efeitos, mas no fator diversão o filme cumpre seu papel. Quem gosta dessas produções B, pode dar uma chance para "Wheels of Fire" sem medo.
Primeiro filme de 2022. Resolvi começar pelo novo queridinho da Netflix e achei um hype exagerado. Entendo que seja um filme com significados talvez mais profundos para quem é mulher e mãe, e é ousado em mostrar uma reversão do que entendemos como o papel materno, que ainda hoje é visto pela sociedade como algo inerente a todas as mulheres. Isso é perverso e determinista, uma das principais desumanizações que as mulheres sofrem. Dito isso, gostei da mensagem, mas não da execução. A opção pela lentidão, em minha opinião, não foi o artifício mais legal para contar a história. Talvez a intenção seja criar uma tensão e expectativa no espectador, que espera a todo momento um suspense, mas na realidade se depara com um drama. Repito, tem qualidades e relevância de tema aqui, mas pra mim não funcionou.
Terror meio gótico mas com um atmosfera de filme B. Mais uma produção noventista que ficou popular por aqui graças a exibições no Cine Trash, pedra fundamental da iniciação cinéfila de boa parte dos 90's (eu incluso). A produção flerta mais com o terror sério, ainda que tenha suas características B, não achei que descamba pra galhofa como outros filmes da Full Moon. Consegue prender a atenção e o cenário do castelo é bem utilizado.
Tem bons momentos, capitaneado por um grande elenco. Porém, na maior parte do tempo é meio monótono. O foco sai do terror, e vai mais por um caminho do drama (reforçado pela teatralidade das atuações). Não é ruim, longe disso, dá pra ver o esmero na reprodução da época (figurino, cenários). Mas pelo time de peso envolvido, era de se esperar algo melhor.
Suspense esquisitão, tem um ritmo próprio mas tem uma estranheza que até prende o espectador. É mais uma experiência, foge do convencional porém sem ser maçante.
G movie versão trap, confesso que como curto esse sub gênero, achei um passatempo bom. Tem cenas de ação interessantes e uma trama que até consegue se sustentar. Ainda que algumas situações pareçam jogadas na tela, o andamento da produção é bom e os atores não comprometem o resultado. Ainda toca em temas mais sérios como corrupção policial e racismo institucional, algo inesperado para produções do tipo. Recomendo para quem curte esse tipo de filme.
Pensem em uma tradução mentirosa... "Blue Valentine" na verdade trata de início e fim de um relacionamento, mas o destaque aqui é como isso é mostrado. Não vemos aqui uma sequência cronológica, do tipo "casal se conhece, vai ao pico do amor e termina mal". Na verdade, o filme parece muito que tem interesse de emular como nossa mente funciona em uma situação de relacionamento falido. Exemplo, quando o filme está no presente ele mostra uma situação merda do casal, e logo depois mostra algo semelhante do mesmo casal, mas no início quando tudo são flores. Se você pensar bem, quando você está em uma situação ruim em uma relação, é quase natural que a sua mente busque uma situação semelhante, mas positiva, talvez pra justificar o porque de você ainda estar aceitando sofrer no presente. É a idealização do passado do casal. O filme é melancólico e a fotografia deixa tudo ainda mais deprê, além do ritmo lento e pautado mais nos diálogos, que faz com que o espectador não se sinta confortável em momento algum. Recomendo muito, mas não pra quem está em processo de fim de relacionamento.
Filme que mescla guerra e terror, trazendo a premissa de super soldados meio zumbis (ou zumbis, mas não do jeito clássico rsrs). A escolha de ambientar a trama na Segunda Guerra Mundial se mostra acertada, pois são notórios os experimentos realizados pelos nazistas, especialmente em quem eles consideravam sub humanos. Tem um gore bem feito e a história é simples e eficiente, sem perder muito tempo com excesso de explicações. O longa entrega ação e miolos, que é o mínimo que se espera de uma produção assim.
Trama interessante, e achei o filme visualmente muito bonito. O clima de estranheza e incomodo consegue ser passado muito bem pelos ângulos de câmera e pela escolha da paleta de cores. Inicialmente o clima de delírio é permanente e o espectador fica sem saber o quanto de realidade está sendo mostrada ali. Entretanto, a partir do momento que a trama vai sendo desenrolada, o filme perde um pouco da força e a história vai se mostrado desinteressante e arrastada. Tinha potencial para mais, porém parece nunca conseguir cumprir as expectativas iniciais.
História que beira o surrealismo e mostra como a vida real pode ser tão rica em personagens quanto os criados por roteiristas hollywoodianos. Uma cidade pequena se torna epicentro de uma trama envolvendo máfia, crime e um time de hockey marcante e que se orgulhava de ser malvadão (relevando taambém que o hockey é um dos poucos esportes em que a violência é de fato incentivada e considerada normal. Um time desse em outros esportes provavelmente seria considerado um péssimo exemplo). O filme assim, consegue traçar um paralelo entre o time dos Trashers, as ligações criminosas do pai do dono do time e as investigações do FBI, e como tudo isso se interligava. A arte aqui está no contar da história, deixando o espectador sempre a espera do próximo passo. Não é fácil fazer um documentário render assim, tanto que já na parte final o filme perde um pouco do ritmo e por isso não o classifico melhor.
Bom documentário, consegue dar um panorama geral e amplo sobre o gênero musical tão presente na cultura brasileira dos anos 1980 até hoje. Traz entrevistas com nomes seminais e importantes, resgatando inclusive quem estava nos primórdios e ficou de fora do bolo quando o sucesso chegou. Só não considero melhor porque apenas resvalou em assuntos polêmicos, mas faltou engatar pra ser um documento ainda mais histórico. O apagamento do negro baiano a partir do momento que o gênero se expandiu pelo resto do Brasil merecia ser melhor explorado. Mas, de todo modo, é agradável e nostálgico na medida certa. Obs. Ivete Sangalo sempre saindo pela tangente rs
Armas em Jogo
3.1 202 Assista AgoraLoucura frenética que consegue divertir e prender a atenção. Radcliffe está bem como o nerd apagado que do nada cai no meio de uma trama envolvendo mortes, tiroteios e caçadas.
Tem bons momentos de ação, mas acho que o filme poderia colocar mais caos ainda. No fim, fica uma perseguição no estilo gato e rato que lá pra depois da metade fica meio repetitiva.
A sequência final ainda consegue dar um fôlego, mostrando um pouco do potencial desperdiçado, de criar uma pequena pérola B tresloucada.
Mas, ainda assim, é um bom filme e que vale pra relaxar a mente.
Pânico
3.4 1,1K Assista AgoraA série Pânico chega a seu quinto filme e ainda entregando um material de alto nível. Normalmente franquias de horror já chegam em seus quintos episódios ou com a fórmula desgastada ou então com uma trama alternativa e sem ligação com os filmes anteriores.
Aqui, a mitologia consegue ser um pouco expandida (o que é incrível) e ainda mantém a característica da série de ser um terror com elementos marcantes de sátira (aqui, no caso, passa de brincar com o gênero para brincar dentro da própria mitologia de Pânico).
Tem umas conveniências do roteiro, até para fazer o filme render por duas horas, mas nada que diminua a qualidade da produção.
Nem o uso abusivo de jump scares incomoda, pois, conforme dito acima, a proposta do filme é justamente essa de usar e abusar dos clichês do gênero (especialmente falando do terror norte-americano).
Surpreende também o grau de gore apresentado, já que Pânico nunca se destacou por sua violência. A revelação do assassino é meio óbvia, tão óbvia que surpreende, do tipo "ah, se estão deixando tão na cara assim é pra parecer e enganar o público".
Enfim, gostei. Consegue respeitar os anteriores e introduzir novos elementos sem perder sua essência de ser, se assim podemos dizer, um terror disfarçado de sátira.
Identidade
3.4 102 Assista AgoraA estreia de Rebecca Hall na direção surpreende por ser um filme tão intimista e ao mesmo tempo tão grandiosamente bom. "Passing" tem um ritmo lento, uma fotografia deslumbrante em preto e branco e é quase todo calcado nos diálogos, olhares e toques. Porém, nunca fica chato. É aquele caso de produção que parece que tudo foi minimamente pensado para contar uma trama repleta de nuances.
Porém, seria injusto dar os méritos todos a Hall: o filme cresce muito também pelas atuações precisas de Tessa Thompson e Ruth Negga. Apesar de Negga ser mais cotada para premiações, para mim Tessa é o grande destaque do filme. Desde a primeira cena, ela consegue transmitir o grande desconforto em relação ao redor e a sociedade que a cerca. E com o desenrolar da trama, você vai entendendo o porque.
Para completar com chave de ouro, achei o final muito bem pensado, um pelas múltiplas interpretações que provoca e dois pelo modo repentino que acontece. É inesperado, impactante e pega o espectador totalmente de surpresa.
A única coisa do filme que não consegui criar uma teoria foi em relação a tensão sexual entre Irene e Clare, se pra alguém ficou mais claro aceito opiniões.
em relação ao final, na minha cabeça ficou bem claro que Irene empurrou Clare. Pelos comentários a maioria entende como inconclusivo, mas se apegando aos detalhes não consigo ser convencido de nenhuma outra teoria. Vejamos: de certo modo Irene parecia nutrir uma certa raiva de Clare desde o encontro com o marido racista no hotel; Irene estava incomodada com a relação do marido e dos filhos com Clare há um bom tempo; o magnetismo e carisma de Clare também parecia incomodar Irene; no momento em que Clare cai da janela, Irene não só é a única que não sai correndo para ajudar, como a câmera foca o close em sua mão e ela passa de uma posição que você usaria para dar um empurrão sutil para a posição normal da mão de uma pessoa em pé. Resumidamente, para mim Irene sempre teve um incômodo na presença de Clare e ela parecia estar no seu grau máximo especificamente na noite da festa, de modo que o movimento do empurrão pareceu até ter sido feito involuntariamente, quase um desejo subconsciente e que somente depois de feito ela volta a si e percebe o ocorrido
Tangerina
4.0 278 Assista AgoraTirando as letras L, G e B da sigla LGBTQIA+, os demais gêneros são muito mal representados pelo audiovisual (não que os citados não sejam, porém é mais fácil lembrar de filmes que mostrem suas narrativas com respeito). "Tangerine" já é digno de atenção só por isso, por colocar pessoas invisíveis aos olhos do cinema (a menos que seja para ser usada como escada para humor depreciativo) como protagonistas de uma trama que mostra o lado C da América. Cafetões, imigrantes, transexuais e travestis, todos são envolvidos nessa colcha de retalhos filmada quase em tempo real, que acompanha a jornada de Sin-Dee em busca da nova namorada do seu cafetão e companheiro.
Pode causar estranhamento o ritmo semi documental em determinados momentos, mas como o filme é curto, acaba não dando espaço para o tédio.
Em determinados momentos é caótico e barulhento, mas entendo que foi uma escolha do diretor para representar o lado sem glamour de uma Los Angeles que Hollywood não mostra.
Shiva Baby
3.8 259 Assista AgoraFilme com uma energia caótica que prende o espectador. Gostei que não enrola pra apresentar as situações, até por ser uma produção de duração curta, não gasta com enrolação. Em quinze minutos todas as situações chave já foram apresentadas e dali pra frente só fica a tensão de quando as coisas serão descobertas (ou se serão descobertas).
Por mais que tenha particularidades da cultura judia, boa parte dos diálogos e passagens são familiares para quem tem família grande: as comparações, as perguntas inconvenientes (e por vezes maldosas), os ataques passivo agressivos.
Meu Ódio Será Sua Herança
4.2 204 Assista AgoraNão sou o maior admirador dos faroestes, então esse é um gênero em que tenho várias lacunas. Esse clássico era uma delas, mas confesso que não curti tanto como esperava.
Assisti a versão do diretor e ela é bem longa, e achei especialmente grande porque tem várias cenas que, para mim, poderiam ter sido descartadas e ter deixado tudo mais enxuto. As cenas de cantoria, por exemplo. Tanta enrolação deixa o filme cansativo e repetitivo em alguns momentos.
De positivo mesmo, gostei bastante da cena final, um caos muito bem orquestrado e sanguinolento, e de toda a sequência envolvendo o roubo ao trem. Interessante também o uso do efeito slow motion para dramatizar ainda mais algumas mortes, achei boa a escolha e o fato de do recurso não ter sido utilizado de qualquer jeito.
Anos 90
3.9 502Grata surpresa, já tinha passado por ele na Amzaon e não tinha me chamado atenção, mas felizmente sigo boas páginas de cinema no Instagram que me alertaram para esse pequeno grande filme.
Na maior parte do tempo é sobre o nada, mas é tão bem filmado e nostálgico, que você acaba se afeiçoando aos personagens, mesmo os mais disfuncionais.
Não é moralista e nem julgador, Hill aqui simplesmente queria contar uma história simples e conseguiu criar algo agridoce e que prende o espectador.
Destaque para a trilha sonora e amei o filminho no fim, me lembrou totalmente a vibe noventista e MTV.
Maligno
3.3 1,2KDifícil classificar esse horror em alguma caixa, James Wan acabou fazendo uma colcha de retalhos e a partir dela criou algo bem original e que só alguém com moral no cinema de gênero conseguiria tirar do papel.
Difícil explicar a trama sem dar spoiler, mas pra mim Wan tinha plena noção do que estava fazendo ao direcionar a trama por um caminho e logo em seguida demolir tudo, criando diversas pegadinhas durante a exibição do longa.
Bater num liquidificador casa assombrada, slasher, splatter e monster movie, e no fim ainda sair algo inteligível e com nexo, somente alguém com muita referência e talento para fazer.
Com certeza tem muita gente que vai odiar, vai classificar como somente mais um trash, mas pra mim Wan aqui brinca e homenageia o cinema de gênero ao mesmo tempo.
Jumanji: Bem-Vindo à Selva
3.4 1,2K Assista AgoraDivertida atualização do Jumanji, passando de um jogo de tabuleiro para um cartucho de Nintendinho. Um de seus méritos é conseguir reunir três dos mais carismáticos atores do momento (The Rock, Kevin Hart e Jack Black), e todos embarcam bem na aventura, fazendo com que nos importemos com os personagens (o que é fundamental em um produto como esse). Tem emoção, tem cenas grandiosas e tem bastante humor, e, pelo menos para mim, a combinação funcionou muito bem!
Homem-Aranha 3
3.1 1,5K Assista AgoraRevisto depois de muito tempo! É engraçado ver esses filmes de herói pré domínio do Universo MCU, porque eles parecem menos esquemáticos e mais livres (pro bem e pro mal). Os jogos de câmera, as piadinhas, tudo parece menos padronizado. Aqui, temos um filme muito criticado na época de seu lançamento. De fato, o longa tem seus defeitos (destaco especialmente o péssimo uso do Venom), porém não é uma porcaria como pintam. O Homem Areia é um bom vilão e bem denso (se não gastassem tempo de tela com o Eddie Brcok/Venom ele poderia até ser mais bem construído), fora que gostei de como o Duende Jr. foi mostrado em tela. Porém, de fato, para um filme de mais de duas horas, ocorre muito desperdício de tempo e muita coisa que poderia agregar mais a trama é passada com pressa. O erro aqui foi querer abraçar o mundo e acabou que um filme que poderia ser nota dez fica com um sete e meio.
O Ódio que Você Semeia
4.3 457Baseado em um excelente livro, o filme dá conta do recado. Algumas situações são simplificadas aqui, mas nada que comprometa o todo e a mensagem passada. O elenco está bem em cena e facilmente identificados com os personagens do livro, mostrando que a seleção dos atores e atrizes foi feita com esmero.
O ritmo é fluido e a densidade do discurso antirracista é bem sucedida, resultando em mais uma produção que dialoga muito com a realidade atual e com as discussões contemporâneas.
O Guardião Invisível
3.3 229 Assista AgoraSuspense lento e sem sal. Aposta numa fotografia escura e sem vida, provavelmente pra retratar o incômodo da protagonista ao ter que voltar a sua cidade natal, aonde parece ser odiada pela maioria dos moradores e por sua própria família.
Entretanto, a lentidão da trama, somada a essa fotografia fria e ao fato da investigação não despertar aquele interesse no espectador, tornam esse thriller espanhol um ótimo sonífero.
Não recomendo.
Porco Rosso: O Último Herói Romântico
3.9 285 Assista AgoraDos filmes do Studio Ghibli que assisti até hoje, surpreendentemente , achei esse “Porco Rosso” o mais “pé no chão”. Ainda que o protagonista seja um antropomorfo, o que abriria portas para o surrealismo nas situações do longa, a trama apresentada aqui versa sobre combates aéreos, pirataria e guerra. Obviamente que tem momentos poéticos, porém na maior parte do tempo parece que estamos assistindo a uma produção que tem como meta ser realista.
Não pelo exposto acima, mas achei o filme não muito encantador e mesmo curto, carecendo de ritmo em algumas passagens. O próprio protagonista não é lá muito carismático, e o filme cresce muito quando ele passa a dividir a cena com Flo, ela sim a melhor personagem do filme
“Porco Rosso” tem suas qualidades sim e momentos em que prende o espectador, porém parece um filme menor e não tão inspirado do Studio Ghibli.
Fogo Sobre Rodas
2.8 8 Assista AgoraMais uma das inúmeras cópias oitentistas de Mad Max, aqui temos um divertido exemplar de filme B. Tem bastante ação e coisa acontecendo na tela, de modo que a monotonia não tem espaço.
Obviamente que por ser uma produção de orçamento paupérrimo, tem diversos defeitos de continuidade, montagem e efeitos, mas no fator diversão o filme cumpre seu papel.
Quem gosta dessas produções B, pode dar uma chance para "Wheels of Fire" sem medo.
A Filha Perdida
3.6 573Primeiro filme de 2022. Resolvi começar pelo novo queridinho da Netflix e achei um hype exagerado. Entendo que seja um filme com significados talvez mais profundos para quem é mulher e mãe, e é ousado em mostrar uma reversão do que entendemos como o papel materno, que ainda hoje é visto pela sociedade como algo inerente a todas as mulheres. Isso é perverso e determinista, uma das principais desumanizações que as mulheres sofrem.
Dito isso, gostei da mensagem, mas não da execução. A opção pela lentidão, em minha opinião, não foi o artifício mais legal para contar a história. Talvez a intenção seja criar uma tensão e expectativa no espectador, que espera a todo momento um suspense, mas na realidade se depara com um drama.
Repito, tem qualidades e relevância de tema aqui, mas pra mim não funcionou.
Herança Maldita
3.3 95 Assista AgoraTerror meio gótico mas com um atmosfera de filme B. Mais uma produção noventista que ficou popular por aqui graças a exibições no Cine Trash, pedra fundamental da iniciação cinéfila de boa parte dos 90's (eu incluso). A produção flerta mais com o terror sério, ainda que tenha suas características B, não achei que descamba pra galhofa como outros filmes da Full Moon.
Consegue prender a atenção e o cenário do castelo é bem utilizado.
Frankenstein de Mary Shelley
3.7 257 Assista AgoraTem bons momentos, capitaneado por um grande elenco. Porém, na maior parte do tempo é meio monótono. O foco sai do terror, e vai mais por um caminho do drama (reforçado pela teatralidade das atuações).
Não é ruim, longe disso, dá pra ver o esmero na reprodução da época (figurino, cenários). Mas pelo time de peso envolvido, era de se esperar algo melhor.
Já Não Me Sinto em Casa Nesse Mundo
3.3 382 Assista AgoraSuspense esquisitão, tem um ritmo próprio mas tem uma estranheza que até prende o espectador. É mais uma experiência, foge do convencional porém sem ser maçante.
Superfly: Crime e Poder
2.7 15 Assista AgoraG movie versão trap, confesso que como curto esse sub gênero, achei um passatempo bom. Tem cenas de ação interessantes e uma trama que até consegue se sustentar. Ainda que algumas situações pareçam jogadas na tela, o andamento da produção é bom e os atores não comprometem o resultado.
Ainda toca em temas mais sérios como corrupção policial e racismo institucional, algo inesperado para produções do tipo.
Recomendo para quem curte esse tipo de filme.
Namorados para Sempre
3.6 2,5K Assista AgoraPensem em uma tradução mentirosa... "Blue Valentine" na verdade trata de início e fim de um relacionamento, mas o destaque aqui é como isso é mostrado. Não vemos aqui uma sequência cronológica, do tipo "casal se conhece, vai ao pico do amor e termina mal".
Na verdade, o filme parece muito que tem interesse de emular como nossa mente funciona em uma situação de relacionamento falido.
Exemplo, quando o filme está no presente ele mostra uma situação merda do casal, e logo depois mostra algo semelhante do mesmo casal, mas no início quando tudo são flores.
Se você pensar bem, quando você está em uma situação ruim em uma relação, é quase natural que a sua mente busque uma situação semelhante, mas positiva, talvez pra justificar o porque de você ainda estar aceitando sofrer no presente. É a idealização do passado do casal.
O filme é melancólico e a fotografia deixa tudo ainda mais deprê, além do ritmo lento e pautado mais nos diálogos, que faz com que o espectador não se sinta confortável em momento algum.
Recomendo muito, mas não pra quem está em processo de fim de relacionamento.
Operação Overlord
3.3 502 Assista AgoraFilme que mescla guerra e terror, trazendo a premissa de super soldados meio zumbis (ou zumbis, mas não do jeito clássico rsrs). A escolha de ambientar a trama na Segunda Guerra Mundial se mostra acertada, pois são notórios os experimentos realizados pelos nazistas, especialmente em quem eles consideravam sub humanos.
Tem um gore bem feito e a história é simples e eficiente, sem perder muito tempo com excesso de explicações. O longa entrega ação e miolos, que é o mínimo que se espera de uma produção assim.
O Quarto Secreto
2.5 60 Assista AgoraTrama interessante, e achei o filme visualmente muito bonito. O clima de estranheza e incomodo consegue ser passado muito bem pelos ângulos de câmera e pela escolha da paleta de cores. Inicialmente o clima de delírio é permanente e o espectador fica sem saber o quanto de realidade está sendo mostrada ali.
Entretanto, a partir do momento que a trama vai sendo desenrolada, o filme perde um pouco da força e a história vai se mostrado desinteressante e arrastada.
Tinha potencial para mais, porém parece nunca conseguir cumprir as expectativas iniciais.
Untold: Crimes e Infrações
3.5 9 Assista AgoraHistória que beira o surrealismo e mostra como a vida real pode ser tão rica em personagens quanto os criados por roteiristas hollywoodianos. Uma cidade pequena se torna epicentro de uma trama envolvendo máfia, crime e um time de hockey marcante e que se orgulhava de ser malvadão (relevando taambém que o hockey é um dos poucos esportes em que a violência é de fato incentivada e considerada normal. Um time desse em outros esportes provavelmente seria considerado um péssimo exemplo).
O filme assim, consegue traçar um paralelo entre o time dos Trashers, as ligações criminosas do pai do dono do time e as investigações do FBI, e como tudo isso se interligava.
A arte aqui está no contar da história, deixando o espectador sempre a espera do próximo passo. Não é fácil fazer um documentário render assim, tanto que já na parte final o filme perde um pouco do ritmo e por isso não o classifico melhor.
Axé: Canto do Povo de Um Lugar
4.3 106 Assista AgoraBom documentário, consegue dar um panorama geral e amplo sobre o gênero musical tão presente na cultura brasileira dos anos 1980 até hoje. Traz entrevistas com nomes seminais e importantes, resgatando inclusive quem estava nos primórdios e ficou de fora do bolo quando o sucesso chegou.
Só não considero melhor porque apenas resvalou em assuntos polêmicos, mas faltou engatar pra ser um documento ainda mais histórico. O apagamento do negro baiano a partir do momento que o gênero se expandiu pelo resto do Brasil merecia ser melhor explorado.
Mas, de todo modo, é agradável e nostálgico na medida certa.
Obs. Ivete Sangalo sempre saindo pela tangente rs