Esse "Batman" é sombrio e dark como poucos. Gotham nunca foi retratada como uma cidade solar e feliz, mas aqui deve ser uma das representações mais soturnas dentre as aparições cinematográficas do Homem Morcego. Eu particularmente gostei, especialmente vendo na tela grande. O filme no geral, eu também achei muito bom, ainda que tenha uma duração totalmente incompatível com as necessidades da trama. Na última hora o espectador já está cansado. Mas esse Batman mais investigativo, confesso que a trama me pegou, a cada revelação ou pista falsa a história parecia que se renovava. As cenas de ação, apesar de poucas, quando ocorrem são empolgantes. Gostei que a trama também dialoga muito com a realidade, Gotham poderia ser qualquer metrópole assolada pela corrupção, a criminalidade e dominada pelos interesses escusos dos ricos e poderosos. Por fim, Charada aqui é mostrado como um vilão doentio e sombrio, em determinados momentos lembrando até vilões de filme de terror. Essa representação ajuda a manter o clima realista imprimido pelo diretor. Recomendo, mas que seja visto em um dia que a pessoa esteja de fato disposta a ceder três horas de sua vida para focar em um filme.
Documentário que destrincha um intrigante caso. O fim é inconclusivo, e achei legal porque abre espaço para que cada espectador crie suas teorias. Mais uma prova de quem promete enriquecimento rápido e fácil quase sempre se aproveita das ilusões e desespero alheios, um alerta até mesmo para a atualidade, infestada de coachs e especialistas em nada que prometem soluções milagrosas para quase tudo.
Animação pouco comentada, mas que serve como passatempo para uma tarde de preguiça. Visualmente bonita, traz uma trama simples e funcional. Os protagonistas são fofos e inocentes, tornando "Abominável" uma animação focada realmente no entretenimento infantil, sem muito espaço para os questionamentos que outras animações mais "adultas" trazem (tipo "Coco" e "Divertidamente").
Ainda que seja apressado em algumas partes, achei bem interessante essa biografia de alguém tão controverso. Não sabia que Larry Flynt tinha se ferrado tanto na vida, e a produção acerta em não ser chapa branca e mostrar o contraditório por trás da vida e da personalidade do protagonista. Achei o elenco bem, especialmente Courtney Love e Woody Harrelson. Um daqueles filmes que quem cresceu vendo Intercine e Corujão provavelmente já cruzou em alguma sessão pela madrugada, mas que atualmente é uma produção quase esquecida.
Difícil sequenciar um filme tão cult quanto "Blade Runner", mas Villeneuve é bem sucedido na maior parte do tempo. Ainda que 2049 seja uma produção mais longa que o necessário, não achei essa ficção cansativa. Tem silêncio e contemplação na maior parte do tempo, mas as cenas de ação quando acontecem são bem orquestradas e empolgantes. Além disso, visualmente é um belo filme. Peca um pouco só em tentar ser sempre complexo, criando subtramas que não acrescentam tanto ao todo.
Assistir e comentar filmes clássicos sempre é um campo minado. Se você acha maravilhoso está tudo ok. O problema é se você não acha a obra prima citada por 90% das pessoas. Então, "Crepúsculo dos Deuses" pra mim é sim um grande filme, no seu retrato do etarismo e das dificuldades de transição dos atores e atrizes do cinema mudo para o falado, tudo isso culminando no maravilhoso ato final (pra mim a melhor parte do filme). Um show de atuação de Swanson, em uma personagem melancólica e cheia de nuances, que não consegue aceitar e lidar com o fato de não conseguir os grandes papéis de quando era uma estrela. A questão pra mim é que até chegar nesse epílogo não me senti tão envolvido por toda a trama (excetuando momentos pontuais, como a visita ao set). Tecnicamente o filme é ótimo e como todo clássico, merece pelo menos ser visto uma vez por todo cinéfilo.
"King Richard" é um bom filme, isso é inegável. Will Smith está ótimo e o elenco também. Mas tem algo de esquemático que faz essa produção não conseguir atingir o patamar de acima da média. A história te prende e as mais de duas horas passam sem você sentir. Mas imagino que isso deriva da própria força da história, que é de fato espetacular. Sem grana, morando no gueto e cercado de violência, já seria difícil ter uma tenista melhor do mundo, mas ter duas e ainda por cima irmãs, é como achar uma agulha num palheiro. Nisso de fato, a história de Venus e Serena é maravilhosa e inspiradora e só demonstra que se houvesse o incentivo certo, muito mais potências poderiam surgir e crescer pelas periferias do mundo. Agora, o filme em si é uma mostra de como de um tempo pra cá Will Smith se arrisca pouco na escolha de personagens e de filmes que estrela. Acho que dos mais recentes, excetuando "Golpe Duplo", seus personagens ou são sofredores que no fim tem uma história de redenção/redescoberta ou então homens que se superam para realizar seus sonhos ou os alheios. São filmes edificantes e que ajudam a forjar uma imagem positiva e global do ator (algo bem parecido com o que faz Tom Hanks). Não tem demérito nisso e ruins os seus filmes não são, mas parece que falta um pouco de ousadia em sua condução de carreira. Talvez agora que tem o seu sonhado e merecido Oscar, Smith se permita projetos menos engessados. Bom, de volta ao filme, como dito acima ele é eficiente e cria conexão quase imediata com o espectador, que se vê soltando aquele sorriso de canto de rosto involuntário a cada conquista das irmãs Williams. Tecnicamente é ótimo também e as partidas de tênis são mostradas de forma inteligível ao público que não sabe nada do esporte (eu incluso). A caracterização dos personagens e primorosa também. É uma biografia muito válida e de uma história que merece ser contada, mas não deixa de ser pouco ousada em narrativa e condução da trama.
Interessante atualização da série "Brinquedo Assassino". É criativo e corajoso ao mexer na origem do assassino Chucky, trocando possessão por A.I. O gore é bem feito e achei o elenco bem também. Ainda mantém o pano de fundo de mãe e filho com relação problemática, mas ao contrário do original não pesa tanto a mão no drama. Dialoga bem com questões contemporâneas como exaustão na jornada de trabalho e subemprego. Além disso, tem uma vibe Black Mirror e Love, Death and Robots ao utilizar a tecnologia como uma forma dos personagens ficarem reféns e se tornarem alvos mais fáceis do boneco assassino reboot.
Trash classe C e que só poderia ser feito nos loucos anos 1980. Infelizmente é bem fraco, parece um filme amador tanto em atuações quanto em cenários. Óbvio que o orçamento deve ter sido de duas paçoquitas, mas o que pega também é que a maioria das cenas é só encheção de linguiça e demora muito pra algo de fato acontecer. A nota sobe um pouco pelas nojeiras apresentadas, ainda que os defeitos fiquem evidentes, o efeito de repulsa é bem sucedido com tanta gosma e gore. Vale mais para quem é fã de cinema de gênero e quer conhecer de tudo que foi realizado (mesmo que seja péssimo).
Quase desisti de assistir esse filme devido as opiniões ruins. É um filme de horror teen, na tradição dos feitos nos anos 1980, mas tem uma pitada do terror contemporâneo ao usar as convenções do gênero em prol de críticas sociais. Aqui temos abordados gentrificação e invisibilidade de pessoas pobres e pretas. Além disso, gostei bastante de como a produção faz críticas ao colorismo e demonstra que pretos mais retintos acabam sendo de fato mais discriminados que os de pele clara. Até por isso, o próprio de título do filme, que é uma forma de zombar de pessoas de pele mais escura acaba sendo ressignificado conforme a mitologia dos vampiros é mostrada durante a exibição. Tem uns momentos meio repetitivos, mas eu curti o filme, achei uma boa aventura de terror.
Filme criativo e que busca ironizar e criticar os subempregos, a meritocracia e a exploração do trabalhador. Em tempos de cargos com nome floreados e exaltação do esgotamento da mente e do corpo pelo trabalho, é ótimo ver uma produção que coloca o dedo na ferida nessa década dos coachs. Ainda que seja experimental e surrealista demais em alguns momentos, tem ótimas sacadas (a voz de branco é sensacional), um humor ácido que quando funciona é de verdade e um elenco interessante, cheio de nomes com potencial. Novas narrativas sempre são bem vindas, acho que o maior destaque a diretores e roteiristas negros, mulheres, indígenas e LGBTQIA+ tem como maior efeito essa revitalização e possibilidade de novas perspectivas ao se contar uma história.
Grotesco, nojento, apelativo e bizarro. Esses adjetivos com certeza vem a cabeça do espectador enquanto assiste os 94 insanos minutos dessa pérola dirigida por Joe D'Amato. O filme em si, em questão de diálogos e explicações é bem simplista, me parecendo ser muito mais uma experiência sensorial e que pretende incomodar quem está assistindo. Nesse quesito, "Buio Omega" é extremamente bem sucedido. O gore é um dos melhores já feitos, mostrando que bons efeitos práticos ainda conseguem provocar repulsa até hoje. As cenas da autópsia e do desmembramento são extremamente incômodas e doentias, ressaltadas pela frieza dos envolvidos nas atrocidades. Não é definitivamente um filme para todo mundo, é necessário estar de fato acostumado com o cinema exploitation setentista, aonde parecia que tudo era válido pelo choque.
Filme fraco, não funciona como horror, como thriller e nem como drama. A monotonia reina, trazendo um argumento interessante porém pessimamente transposto durante os chatos 101 minutos. Além disso, os personagens em sua maioria são mal construídos, tornando difícil um mínimo de empatia e interesse por suas motivações e dramas.
Filme trash que começa bem com gosmas e tripas, além de conseguir criar um bom clima de mistério. Porém, daí pra frente nada acontece, a não ser tentativas de fazer a trama parecer mais complexa que o necessário. Praticamente somente nos quinze minutos finais volta a acontecer algo digno de nota, com mais algumas nojeiras e sanguinolência. Não recomendo, nesse ciclo italiano de produções classe B e C tem coisa muito mais divertida e enxuta pra assistir.
Mais um filme fraco estrelado por Jason Momoa. Até tem um arco dramático ok, mas na maior parte do tempo achei monótono e repetitivo. Tem algo inesperado na parte final, mas pra chegar lá é tudo tão enfadonho que o impacto até é diminuído.
Achei uma boa ficção com ação, impressionante o rejuvenescimento digital aplicado em Will Smith. A trama não traz nada original, mas achei que é um filme que prende a atenção e como um blockbuster não tenta parecer mais complexo do que o necessário.
Filme visualmente belo e que eu gostaria muito de ter apreciado mais. A relação do protagonista e da cidade de Nápoles com Maradona e o clube Napoli é pra mim, como fã de futebol, o ponto mais legal dessa produção. Quem tem um conhecimento sobre a Itália sabe que o sul do pais (aonde fica Nápoles) é discriminado pelos italianos do norte e da capital, de modo que torcer pelo clube está além de ser somente futebol, mas sim uma forma simbólica de demonstrar força e orgulho em relação a quem tanto os inferioriza. Porém, achei essa película um tanto confusa, parece na verdade uma colcha de retalhos das memórias de Sorrentino, ainda que tenha uma cronologia dos fatos, em determinados momentos as coisas parecem acontecer "do nada". Não é ruim, mas para um filme tão elogiado achei pouco coeso na forma de contar uma história.
Singelo feel good movie, me surpreendeu porque não imaginei que fosse gostar tanto. É clichê sim, mas isso não é demérito quando temos uma boa história para contar e um elenco tão entrosado como vemos aqui. Apesar do tema delicado, o filme não é piegas em momento nenhum, tendo inclusive momentos de humor genuínos. Não tem nenhum antagonista fdp e podemos entender claramente os motivos que levam alguns personagens a terem atitudes individualistas. Destaco também a escolha das canções, todas sendo executadas no momento exato e encaixadas perfeitamente na trama. Elas potencializam a emoção em diversas cenas. Recomendo fortemente para quem quer simplesmente ver um filme honesto, muito bem feito e que te deixa com um sorriso e um sentimento positivo ao fim da sessão.
Bom filme de ação e com cenas de luta extremamente bem coreografadas. A trama é um pouco confusa, sem contar que os momentos românticos quebram legal o ritmo. Vale mesmo é pela porradaria, lembrando os bons tempos das sessões noventistas que passavam na Band.
Fraco filme de ação, que peca por tentar parece mais complexo do que realmente é. Tem uns momentos dramáticos que parecem querer dar profundidade a produção, mas as cenas saem deslocadas e até certo modo piegas. Além disso, diversas situações apresentadas optam por imaginar que o espectador do cinema de ação é burro, pois só assim para explicar algumas decisões tolas e absurdas dos personagens. De positivo, vale ressaltar o bom uso do cenário natural e algumas boas mortes (inclusive envolvendo arco e flecha).
Me surpreendi muito positivamente com esse filme, que brinca a todo momento com as expectativas de quem está assistindo. É muito difícil fazer algo original no gênero de horror atualmente, mas esse "Casamento Sangrento" chega perto disso. A trama se sugere um slasher, ou mesmo algo do tipo torture porn, mas conforme a produção avança esses pensamentos (sugestionados pelos clichês de gênero que cansamos de ver) são demolidos. Apesar do final extremamente surrealista (e que eu achei genial), a heroína tem reações realistas , o que torna o filme extremamente tenso na maior parte do tempo e te faz ter empatia quase imediata por ela. O filme quase se perde um pouco antes do final, mas, conforme disse acima, todo o epílogo acaba jogando esse longa para a primeira prateleira do subgênero "terrir".
O filme de Argento é um clássico do cinema de horror, e só por isso, fazer um remake dele já se torna uma experiência complexa. Gosto do original, mas não estaria no meu top 10 de filmes de terror/mistério favoritos. Então, posso dizer que assisti essa reimaginação de peito aberto. Na média, fico com o original, mas não por devoção. Guadagnino cria um filme visualmente bonito, e sóbrio, sem o uso intenso das cores, característica do cinema de Argento. A trama, entretanto, é excessivamente longa e se torna cansativa em diversos momentos. Algumas cenas são francamente desnecessárias e incham o resultado final sem grande necssidade. As cenas de dança são espetaculares e macabras e Tilda rouba a cena, dando mais uma prova da grande atriz que é. Em minha opinião, faltou horror aqui, tirando a parte final. É um bom filme, mas que parece tentar ser mais grandioso que o necessário.
Filme bizarro japonês, que em determinados momentos parece um delírio. A trama é meio onírica, então não adianta nem buscar algo que se possa explicar de modo cronológico e definido. O gore é bem feito e os cenários escolhidos são ótimos, passando um tom de desespero e urgência, enquanto os personagens perambulam pelos corredores escuros e abandonados. Uma coisa que me intrigou, é que percebo algumas semelhanças entre essa produção e o recente "Maligno", dirigido por James Wan. Sabendo que o diretor se inspirou em diversas produções de horror, me bateu uma dúvida sincera se não tem um pouco de "Evil Dead Trap" na salada que é o recente sucesso de Wan.
Título altamente mentiroso, o que pode fazer com que incautos assistam e achem ruim por criarem expectativas falsas. "Rabid" é uma ficção que na verdade pode parecer extremamente realista para nós que passamos pela pandemia de Covid 19. Uma pandemia de raiva que demanda isolamento e pode ser passada por contato físico é a raiz da trama. Para um filme de orçamento limitado, as nojeiras e o gore são bem feitos e o ritmo é bom, de modo que não achei repetitivo. Acho que vale conhecer esse trabalho da fase setentista de Cronenberg, mesmo pra quem não é fã de carteirinha dele.
Batman
4.0 1,9K Assista AgoraEsse "Batman" é sombrio e dark como poucos. Gotham nunca foi retratada como uma cidade solar e feliz, mas aqui deve ser uma das representações mais soturnas dentre as aparições cinematográficas do Homem Morcego.
Eu particularmente gostei, especialmente vendo na tela grande.
O filme no geral, eu também achei muito bom, ainda que tenha uma duração totalmente incompatível com as necessidades da trama. Na última hora o espectador já está cansado.
Mas esse Batman mais investigativo, confesso que a trama me pegou, a cada revelação ou pista falsa a história parecia que se renovava.
As cenas de ação, apesar de poucas, quando ocorrem são empolgantes.
Gostei que a trama também dialoga muito com a realidade, Gotham poderia ser qualquer metrópole assolada pela corrupção, a criminalidade e dominada pelos interesses escusos dos ricos e poderosos.
Por fim, Charada aqui é mostrado como um vilão doentio e sombrio, em determinados momentos lembrando até vilões de filme de terror. Essa representação ajuda a manter o clima realista imprimido pelo diretor.
Recomendo, mas que seja visto em um dia que a pessoa esteja de fato disposta a ceder três horas de sua vida para focar em um filme.
Não Confie em Ninguém: A Caça ao Rei da Criptomoeda
3.2 17Documentário que destrincha um intrigante caso. O fim é inconclusivo, e achei legal porque abre espaço para que cada espectador crie suas teorias. Mais uma prova de quem promete enriquecimento rápido e fácil quase sempre se aproveita das ilusões e desespero alheios, um alerta até mesmo para a atualidade, infestada de coachs e especialistas em nada que prometem soluções milagrosas para quase tudo.
Abominável
3.8 219 Assista AgoraAnimação pouco comentada, mas que serve como passatempo para uma tarde de preguiça. Visualmente bonita, traz uma trama simples e funcional. Os protagonistas são fofos e inocentes, tornando "Abominável" uma animação focada realmente no entretenimento infantil, sem muito espaço para os questionamentos que outras animações mais "adultas" trazem (tipo "Coco" e "Divertidamente").
O Povo Contra Larry Flynt
3.9 251 Assista AgoraAinda que seja apressado em algumas partes, achei bem interessante essa biografia de alguém tão controverso. Não sabia que Larry Flynt tinha se ferrado tanto na vida, e a produção acerta em não ser chapa branca e mostrar o contraditório por trás da vida e da personalidade do protagonista.
Achei o elenco bem, especialmente Courtney Love e Woody Harrelson. Um daqueles filmes que quem cresceu vendo Intercine e Corujão provavelmente já cruzou em alguma sessão pela madrugada, mas que atualmente é uma produção quase esquecida.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraDifícil sequenciar um filme tão cult quanto "Blade Runner", mas Villeneuve é bem sucedido na maior parte do tempo. Ainda que 2049 seja uma produção mais longa que o necessário, não achei essa ficção cansativa.
Tem silêncio e contemplação na maior parte do tempo, mas as cenas de ação quando acontecem são bem orquestradas e empolgantes.
Além disso, visualmente é um belo filme.
Peca um pouco só em tentar ser sempre complexo, criando subtramas que não acrescentam tanto ao todo.
Crepúsculo dos Deuses
4.5 794 Assista AgoraAssistir e comentar filmes clássicos sempre é um campo minado. Se você acha maravilhoso está tudo ok. O problema é se você não acha a obra prima citada por 90% das pessoas. Então, "Crepúsculo dos Deuses" pra mim é sim um grande filme, no seu retrato do etarismo e das dificuldades de transição dos atores e atrizes do cinema mudo para o falado, tudo isso culminando no maravilhoso ato final (pra mim a melhor parte do filme). Um show de atuação de Swanson, em uma personagem melancólica e cheia de nuances, que não consegue aceitar e lidar com o fato de não conseguir os grandes papéis de quando era uma estrela.
A questão pra mim é que até chegar nesse epílogo não me senti tão envolvido por toda a trama (excetuando momentos pontuais, como a visita ao set). Tecnicamente o filme é ótimo e como todo clássico, merece pelo menos ser visto uma vez por todo cinéfilo.
King Richard: Criando Campeãs
3.8 409"King Richard" é um bom filme, isso é inegável. Will Smith está ótimo e o elenco também. Mas tem algo de esquemático que faz essa produção não conseguir atingir o patamar de acima da média. A história te prende e as mais de duas horas passam sem você sentir.
Mas imagino que isso deriva da própria força da história, que é de fato espetacular. Sem grana, morando no gueto e cercado de violência, já seria difícil ter uma tenista melhor do mundo, mas ter duas e ainda por cima irmãs, é como achar uma agulha num palheiro.
Nisso de fato, a história de Venus e Serena é maravilhosa e inspiradora e só demonstra que se houvesse o incentivo certo, muito mais potências poderiam surgir e crescer pelas periferias do mundo.
Agora, o filme em si é uma mostra de como de um tempo pra cá Will Smith se arrisca pouco na escolha de personagens e de filmes que estrela. Acho que dos mais recentes, excetuando "Golpe Duplo", seus personagens ou são sofredores que no fim tem uma história de redenção/redescoberta ou então homens que se superam para realizar seus sonhos ou os alheios. São filmes edificantes e que ajudam a forjar uma imagem positiva e global do ator (algo bem parecido com o que faz Tom Hanks). Não tem demérito nisso e ruins os seus filmes não são, mas parece que falta um pouco de ousadia em sua condução de carreira. Talvez agora que tem o seu sonhado e merecido Oscar, Smith se permita projetos menos engessados.
Bom, de volta ao filme, como dito acima ele é eficiente e cria conexão quase imediata com o espectador, que se vê soltando aquele sorriso de canto de rosto involuntário a cada conquista das irmãs Williams. Tecnicamente é ótimo também e as partidas de tênis são mostradas de forma inteligível ao público que não sabe nada do esporte (eu incluso). A caracterização dos personagens e primorosa também. É uma biografia muito válida e de uma história que merece ser contada, mas não deixa de ser pouco ousada em narrativa e condução da trama.
Brinquedo Assassino
2.7 612 Assista AgoraInteressante atualização da série "Brinquedo Assassino". É criativo e corajoso ao mexer na origem do assassino Chucky, trocando possessão por A.I. O gore é bem feito e achei o elenco bem também. Ainda mantém o pano de fundo de mãe e filho com relação problemática, mas ao contrário do original não pesa tanto a mão no drama.
Dialoga bem com questões contemporâneas como exaustão na jornada de trabalho e subemprego. Além disso, tem uma vibe Black Mirror e Love, Death and Robots ao utilizar a tecnologia como uma forma dos personagens ficarem reféns e se tornarem alvos mais fáceis do boneco assassino reboot.
A Maldição de Zachary
2.9 17 Assista AgoraTrash classe C e que só poderia ser feito nos loucos anos 1980. Infelizmente é bem fraco, parece um filme amador tanto em atuações quanto em cenários. Óbvio que o orçamento deve ter sido de duas paçoquitas, mas o que pega também é que a maioria das cenas é só encheção de linguiça e demora muito pra algo de fato acontecer.
A nota sobe um pouco pelas nojeiras apresentadas, ainda que os defeitos fiquem evidentes, o efeito de repulsa é bem sucedido com tanta gosma e gore.
Vale mais para quem é fã de cinema de gênero e quer conhecer de tudo que foi realizado (mesmo que seja péssimo).
Negra Como a Noite
2.4 34Quase desisti de assistir esse filme devido as opiniões ruins. É um filme de horror teen, na tradição dos feitos nos anos 1980, mas tem uma pitada do terror contemporâneo ao usar as convenções do gênero em prol de críticas sociais. Aqui temos abordados gentrificação e invisibilidade de pessoas pobres e pretas.
Além disso, gostei bastante de como a produção faz críticas ao colorismo e demonstra que pretos mais retintos acabam sendo de fato mais discriminados que os de pele clara. Até por isso, o próprio de título do filme, que é uma forma de zombar de pessoas de pele mais escura acaba sendo ressignificado conforme a mitologia dos vampiros é mostrada durante a exibição.
Tem uns momentos meio repetitivos, mas eu curti o filme, achei uma boa aventura de terror.
Desculpe Te Incomodar
3.8 275Filme criativo e que busca ironizar e criticar os subempregos, a meritocracia e a exploração do trabalhador. Em tempos de cargos com nome floreados e exaltação do esgotamento da mente e do corpo pelo trabalho, é ótimo ver uma produção que coloca o dedo na ferida nessa década dos coachs.
Ainda que seja experimental e surrealista demais em alguns momentos, tem ótimas sacadas (a voz de branco é sensacional), um humor ácido que quando funciona é de verdade e um elenco interessante, cheio de nomes com potencial.
Novas narrativas sempre são bem vindas, acho que o maior destaque a diretores e roteiristas negros, mulheres, indígenas e LGBTQIA+ tem como maior efeito essa revitalização e possibilidade de novas perspectivas ao se contar uma história.
Buio Omega
3.6 60Grotesco, nojento, apelativo e bizarro. Esses adjetivos com certeza vem a cabeça do espectador enquanto assiste os 94 insanos minutos dessa pérola dirigida por Joe D'Amato. O filme em si, em questão de diálogos e explicações é bem simplista, me parecendo ser muito mais uma experiência sensorial e que pretende incomodar quem está assistindo. Nesse quesito, "Buio Omega" é extremamente bem sucedido.
O gore é um dos melhores já feitos, mostrando que bons efeitos práticos ainda conseguem provocar repulsa até hoje.
As cenas da autópsia e do desmembramento são extremamente incômodas e doentias, ressaltadas pela frieza dos envolvidos nas atrocidades.
Não é definitivamente um filme para todo mundo, é necessário estar de fato acostumado com o cinema exploitation setentista, aonde parecia que tudo era válido pelo choque.
A Nuvem
2.7 233 Assista AgoraFilme fraco, não funciona como horror, como thriller e nem como drama. A monotonia reina, trazendo um argumento interessante porém pessimamente transposto durante os chatos 101 minutos. Além disso, os personagens em sua maioria são mal construídos, tornando difícil um mínimo de empatia e interesse por suas motivações e dramas.
Alien, O Monstro Assassino
2.6 24Filme trash que começa bem com gosmas e tripas, além de conseguir criar um bom clima de mistério. Porém, daí pra frente nada acontece, a não ser tentativas de fazer a trama parecer mais complexa que o necessário. Praticamente somente nos quinze minutos finais volta a acontecer algo digno de nota, com mais algumas nojeiras e sanguinolência.
Não recomendo, nesse ciclo italiano de produções classe B e C tem coisa muito mais divertida e enxuta pra assistir.
Justiça em Família
2.7 169 Assista AgoraMais um filme fraco estrelado por Jason Momoa. Até tem um arco dramático ok, mas na maior parte do tempo achei monótono e repetitivo. Tem algo inesperado na parte final, mas pra chegar lá é tudo tão enfadonho que o impacto até é diminuído.
Projeto Gemini
2.8 460 Assista AgoraAchei uma boa ficção com ação, impressionante o rejuvenescimento digital aplicado em Will Smith. A trama não traz nada original, mas achei que é um filme que prende a atenção e como um blockbuster não tenta parecer mais complexo do que o necessário.
A Mão de Deus
3.6 189Filme visualmente belo e que eu gostaria muito de ter apreciado mais. A relação do protagonista e da cidade de Nápoles com Maradona e o clube Napoli é pra mim, como fã de futebol, o ponto mais legal dessa produção. Quem tem um conhecimento sobre a Itália sabe que o sul do pais (aonde fica Nápoles) é discriminado pelos italianos do norte e da capital, de modo que torcer pelo clube está além de ser somente futebol, mas sim uma forma simbólica de demonstrar força e orgulho em relação a quem tanto os inferioriza.
Porém, achei essa película um tanto confusa, parece na verdade uma colcha de retalhos das memórias de Sorrentino, ainda que tenha uma cronologia dos fatos, em determinados momentos as coisas parecem acontecer "do nada".
Não é ruim, mas para um filme tão elogiado achei pouco coeso na forma de contar uma história.
No Ritmo do Coração
4.1 754 Assista AgoraSingelo feel good movie, me surpreendeu porque não imaginei que fosse gostar tanto. É clichê sim, mas isso não é demérito quando temos uma boa história para contar e um elenco tão entrosado como vemos aqui. Apesar do tema delicado, o filme não é piegas em momento nenhum, tendo inclusive momentos de humor genuínos.
Não tem nenhum antagonista fdp e podemos entender claramente os motivos que levam alguns personagens a terem atitudes individualistas.
Destaco também a escolha das canções, todas sendo executadas no momento exato e encaixadas perfeitamente na trama. Elas potencializam a emoção em diversas cenas.
Recomendo fortemente para quem quer simplesmente ver um filme honesto, muito bem feito e que te deixa com um sorriso e um sentimento positivo ao fim da sessão.
Dragões para Sempre
3.7 63 Assista AgoraBom filme de ação e com cenas de luta extremamente bem coreografadas. A trama é um pouco confusa, sem contar que os momentos românticos quebram legal o ritmo.
Vale mesmo é pela porradaria, lembrando os bons tempos das sessões noventistas que passavam na Band.
Perigo na Montanha
2.6 121 Assista AgoraFraco filme de ação, que peca por tentar parece mais complexo do que realmente é. Tem uns momentos dramáticos que parecem querer dar profundidade a produção, mas as cenas saem deslocadas e até certo modo piegas. Além disso, diversas situações apresentadas optam por imaginar que o espectador do cinema de ação é burro, pois só assim para explicar algumas decisões tolas e absurdas dos personagens.
De positivo, vale ressaltar o bom uso do cenário natural e algumas boas mortes (inclusive envolvendo arco e flecha).
Casamento Sangrento
3.5 947 Assista AgoraMe surpreendi muito positivamente com esse filme, que brinca a todo momento com as expectativas de quem está assistindo. É muito difícil fazer algo original no gênero de horror atualmente, mas esse "Casamento Sangrento" chega perto disso.
A trama se sugere um slasher, ou mesmo algo do tipo torture porn, mas conforme a produção avança esses pensamentos (sugestionados pelos clichês de gênero que cansamos de ver) são demolidos.
Apesar do final extremamente surrealista (e que eu achei genial), a heroína tem reações realistas , o que torna o filme extremamente tenso na maior parte do tempo e te faz ter empatia quase imediata por ela.
O filme quase se perde um pouco antes do final, mas, conforme disse acima, todo o epílogo acaba jogando esse longa para a primeira prateleira do subgênero "terrir".
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraO filme de Argento é um clássico do cinema de horror, e só por isso, fazer um remake dele já se torna uma experiência complexa. Gosto do original, mas não estaria no meu top 10 de filmes de terror/mistério favoritos.
Então, posso dizer que assisti essa reimaginação de peito aberto. Na média, fico com o original, mas não por devoção.
Guadagnino cria um filme visualmente bonito, e sóbrio, sem o uso intenso das cores, característica do cinema de Argento. A trama, entretanto, é excessivamente longa e se torna cansativa em diversos momentos. Algumas cenas são francamente desnecessárias e incham o resultado final sem grande necssidade.
As cenas de dança são espetaculares e macabras e Tilda rouba a cena, dando mais uma prova da grande atriz que é.
Em minha opinião, faltou horror aqui, tirando a parte final. É um bom filme, mas que parece tentar ser mais grandioso que o necessário.
Armadilha Maligna
3.3 24Filme bizarro japonês, que em determinados momentos parece um delírio. A trama é meio onírica, então não adianta nem buscar algo que se possa explicar de modo cronológico e definido. O gore é bem feito e os cenários escolhidos são ótimos, passando um tom de desespero e urgência, enquanto os personagens perambulam pelos corredores escuros e abandonados.
Uma coisa que me intrigou, é que percebo algumas semelhanças entre essa produção e o recente "Maligno", dirigido por James Wan. Sabendo que o diretor se inspirou em diversas produções de horror, me bateu uma dúvida sincera se não tem um pouco de "Evil Dead Trap" na salada que é o recente sucesso de Wan.
Enraivecida na Fúria do Sexo
3.2 95Título altamente mentiroso, o que pode fazer com que incautos assistam e achem ruim por criarem expectativas falsas. "Rabid" é uma ficção que na verdade pode parecer extremamente realista para nós que passamos pela pandemia de Covid 19. Uma pandemia de raiva que demanda isolamento e pode ser passada por contato físico é a raiz da trama.
Para um filme de orçamento limitado, as nojeiras e o gore são bem feitos e o ritmo é bom, de modo que não achei repetitivo. Acho que vale conhecer esse trabalho da fase setentista de Cronenberg, mesmo pra quem não é fã de carteirinha dele.