O filme fala da vida do fundador da rede mundial de hambúrguer conhecida como McDonald, que era um oportunista inescrupuloso e mau-caráter, que acabou se apropriando das idéias de dois irmãos, que eram muitos honestos, mas também muitos inocentes, para com elas construir um império do setor de alimentos.
Então, aqui temos um filme que retrata bem a realidade de que o sucesso financeiro meteórico sempre vem associado com fracasso moral catastrófico. Daí, começo a refletir: se o objetivo primeiro de um empreendimento comercial (como é o caso típico da rede McDonald) é acima de tudo a riqueza econômica (a qualquer preço, diga-se de passagem), então fico a pensar se tais empreendimentos estão realmente interessados na saúde do homem, saúde essa que está intrinsecamente relacionada com os alimentos que ele ingere.
Há um outro filme, intitulado Nação Fast-Food (https://filmow.com/nacao-fast-food-uma-rede-de-corrupcao-t5453/), denunciando que tais grupos alimentícios, movidos pela ganância do enriquecimento rápido e fácil, sacrificam a qualidade dos alimentos que produzem, bem como exploram seus trabalhadores de forma absurdamente injusta.
Filme excelente, baseado em um livro histórico com o mesmo título do filme, mas de autoria controvertida. Fala de dois amores, um de natureza romântica e outro de caráter nacionalista. Ele (Ali) é um muçulmano Xiita e ela (Nino) é uma princesa cristã da Geórgia, mas, cada um ao seu modo, ama o Azerbaijão onde vivem, pelo que irão lutar por sua independência da Rússia.
Ela tinha uma vida de princesa, porém, por causa de seus dois amores, irá ter uma vida simples e dura nas montanhas. Ela se arrisca a perder os seus dois amores, porque sabe que não pode ficar somente com um deles, pelo que não deixará de lutar até o fim por eles.
A jovem atriz Maria Valverde interpreta Nino maravilhosamente!
Geralmente se fala de conflitos raciais e de genocídio de forma tão impessoal e indiferente, que até parece que não sejam fatos grotescamente desumanos. Porém, esse filme tem o poder de nos transportar para dentro desses acontecimentos, e ele faz isso com um realismo tal, que até parece que estamos na pele do protagonista, sentindo tudo o que ele sente.
É chocante ao extremo, mas ainda assim tremendamente válido para resgatar nossa humanidade da fria insensibilidade, por não nos identificarmos com aqueles que estão sofrendo horrores neste mundo ao serem alvos da ignorância e da violência dos seus semelhantes.
Eis aqui um filme tratando sobre o problema das minas terrestres, que foram enterradas durante conflitos bélicos, mas que continuam matando mesmo depois desses conflitos terem terminado. O ponto alto desse filme, e que é um diferencial dele na tratativa dessa temática, está no aspecto da sensibilidade emocional dos seus personagens, que nos deixam com uma lição de vida no seu final. Por isso, recomendo enfaticamente este filme.
O regime nazista é conhecido pela atrocidade que cometeu na segunda guerra mundial, especialmente nos campos de concentração de prisioneiros, porém poucos sabem que tal regime criou um velado programa de eutanásia. Este filme revela justamente como funcionava esse monstruoso programa, onde pessoas com deficiência física ou com problemas psicológicos, geralmente crianças ou idosos, eram eliminadas de forma sutil nos hospitais psiquiátricos integrantes do programa, para que não se causasse alarde público.
Inicialmente, tal programa eliminava os pacientes através de substâncias tóxicas (difíceis de serem identificadas), que eram misturadas ao alimento delas. Mas depois, considerando que essas substâncias tóxicas causavam a morte muito rápida de pessoas saudáveis, e que isso poderia levantar algumas suspeitas sobre o programa, é que este chegou ao clímax da crueldade, quando se descobriu uma maneira dessas mortes serem mais lentas e sem deixar vestígios algum da causa da morte.
Se você quiser saber como isso aconteceu, então veja este filme, que é obrigatório para quem deseja compreender melhor o absurdo do nazismo.
Que belo encontro, entre um músico de rua e um gato de rua, sendo este um animal livre e aquele um dependente de drogas. Mas, ambos necessitando um do outro, para ter uma nova chance na vida. E é maravilhoso saber que o filme é baseado em um caso real!
Ultimamente, nenhum filme causou-me maior revolta do que este, mas mesmo assim desejo recomendá-lo a todos. E a finalidade dessa recomendação é reavivar em nós a memória de tudo quanto devemos repudir com veemência nos relacionamentos sentimentais entre as pessoas.
É necessário entender, que jamais pessoas de mau-caráter vão amar bem, e pensar diferente disso, é se expor a um mundo de fantasia que jamais acrescentará algo positivo em nossas vidas, antes roubará uma parte de nós que com dificuldade recuperaremos depois. É muito alto o preço que pagamos por sermos inocentes ou infantis nesta questão.
As pessoas e seus sentimentos são coisas sérias, e só pessoas que são mau-caráter brincam com isso. Pode parecer piegas, mas quero recordar aqui, por oportuno, um pensamento de Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro "O Pequeno Príncipe", que diz: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". E não me digam que esse livro é para crianças, porquanto há muita gente adulta que continua sendo irresponsável para com os afetos que cativa.
Para se ter uma ideia desse filme, devo dizer que seu enredo relata o caso de homem, jovem e escritor, que irá se casar, mas antes resolve se encontrar com algumas mulheres que passaram por sua vida, que vão desde uma mulher mais velha e casada até uma adolescente de onze anos de idade que era irmã do melhor amigo dele (!), mulheres essas que ele, de forma mau-intencionada, seduziu e enganou com promessas mentirosas, cujas vidas foram terrivelmente afetadas por causa disso.
E, se isso não bastasse, ele ainda acabou registrando isso nos seus escritos. Assim, ao procurar essas mulheres novamente, ele passa a versão de que esteja redimindo-se dos seus erros passados, mas seria isso mesmo verdade? Só mesmo vendo o filme para saber o desenvolvimento dessa trama.
EMOCIONANTE AO EXTREMO! A comovente história contada nesse filme é tão incrível, que até parece ser uma bela ficção, mas de fato é pura realidade, porquanto ela foi baseada num caso realmente acontecido. E, tendo sido contada com grande sensibilidade, acabou afastando qualquer possibilidade de se conter um "surto" de lágrimas kkkkk. Jamais vou esquecer este filme!
Que filme doce e encantador, verdadeira pérola cinematográfica!
O filme é ambientado na cidade de Paterson, que se tornou emblemática pelos artistas de expressão que nasceram ou viveram lá (Lou Costelo, Patrick Warburton, Bruce Vilanch, etc), especialmente escritores (Allen Ginsberg, William Carlos Williams, J. Michael Straczynski, Simon Perchik, Edna Buchanan, etc).
O protagonista, que também se chama Paterson, vive nessa cidade, onde é motorista de ônibus. Porém, ele é apaixonado por ler poesias, pelo que até começa a escrever as suas próprias poesias em um simples caderno, sem pretensão alguma de virar escritor ou publicar o que escreve.
O filme irá mostrar uma semana da vida de Paterson, desde quando ele se levanta para ir ao trabalho até quando ele se deita na cama ao lado de sua amada. A vida dele parece rotineira, pois faticamente ele faz as mesmas coisas todos os dias, contudo ela está longe de ser enfadonha ou tediosa. Muito pelo contrário, parece que ele vive uma vida ideal, onde nada é comum, quer seja nos momentos em que observa as pessoas enquanto está dirigindo seu ônibus, quer seja nos diálogos carinhosos com a esposa, quer seja nos passeios que faz com seu cachorro, quer seja nas conversas divertidas com amigos em um bar.
E assim, o modo como Paterson vive sua vida, onde tudo é especial, revela sua sensibilidade artística, seu caráter reflexivo e seu espírito observador, características essenciais de todo bom escritor, pelo que, mesmo nos momentos triviais do dia-a-dia, a poesia vai brotando dele de uma forma maravilhosa.
E o final do filme é extraordinário, quando então Paterson irá entender que ele não nasceu para ser um peixe rsss
O ator Ryan O'Neal (protagonista em Love Story, 1978) e sua filha Tatum O'Neal estrelaram juntos nesse filme, sendo este o primeiro dela, quando tinha apenas dez anos. A interpretação de Ryan foi excelente, mas quem acabou ganhando o Oscar foi sua filha Tatum, como melhor atriz coadjuvante (1973), sendo ela a atriz mais jovem a ganhar esse prêmio nessa categoria. De fato, apesar da pouca idade, a menina era carismática e altamente expressiva, pelo que acabou cativando a todos quantos viram o filme. Galera, não deixem de vê-lo, pois é um clássico que merece ser visto e reprisado muitas vezes.
Que história maravilhosa que nos conta esse filme! Fala de um sonho que nasceu no coração de uma menina na África, um sonho que era impossível... impossível até se tornar realidade, contra todas as expectativas em contrário.
SE VOCÊ AINDA NÃO VIU O FILME, NÃO SIGA ADIANTE COM ESTE COMENTÁRIO!
Essa menina chamava-se Phiona Mutese, órfã de pai, pobre moradora da vila/favela de Katwe/Uganda, que não pode ir para escola porque tinha que ajudar a mãe no sustento da família, vendendo milho pelas ruas. Mas um dia, expiando num barração, viu meninos jogando um jogo que parecia com a vida, e se apaixonou por esse jogo, que chamavam de xadrez.
Sua paixão por esse jogo colocou-a em contato com Robert Katende, que, no seu trabalho social (denominado "Pioneiros"), ensinava xadrez para as crianças interessadas naquele barração. Katende, mais do que um professor de xadrez, torna-se como um pai para Phiona, e mais do que xadrez, ensina-lhe sobre o sentido da vida.
Mas como poderia uma criança, sob o peso da sua pobreza e da responsabilidade de ajudar no sustento da família, ter tempo para um jogo, que quando muito poderia ser considerado como uma diversão irresponsável e perigosa para a dura realidade de sua vida? O primeiro grande desafio que Phiona teve que vencer foi o da leitura, que ela aprendeu para que pudesse ler os livros dos grandes mestres do xadrez, leitura essa que ela fazia de noite, sob a luz de lamparina, cuja chama era alimentada por parafina, que sua mãe comprava sacrificando-se ao máximo.
E foi assim que Phiona Mutese, sem jamais ter sido intruida pessoamente por nenhum grande mestre desse jogo, tornou-se, aos 14 anos, campeã nacional de xadrez de Uganda e a primeira a representar esse país num campeonato de xadrez internacional, tornado-se logo em seguida mestre internacional de xadrez.
Por outro lado, Robert Katende ainda continua ensinando xadrez em Katwe, sendo que os três últimos vencedores do campeonato internacional de xadrez de Uganda saíram dos "Pioneiros".
Por fim, deve ser ressaltado, que os atores desse filme, a grande maioria constituída por eméritos desconhecidos, foram tão convincentes em sua interpretação, que acabam cativando nosso coração, pois a mesma paixão que tinha Phiona pelo seu xadrez, esses atores também tinham pelas suas artes dramáticas.
Putz! Como eu não vi este filme antes? É de 2009, mas ainda assim muito atual! No começo, o filme não promete muito, e a gente tem vontade de parar. Mas, um pouco depois, o filme começa ficar interessante até que se torna delicioso, tanto pela comédia como pela sensibilidade com que trata a sua temática.
Na verdade, este filme é uma crítica profunda e divertida sobre os sistemas de educação opressivos, quando aprender não é um meio para realização pessoal e para contribuir com o bem da sociedade, mas um meio egoísta de sucesso pessoal, quando a vaidade e a ganância valem mais do que a realidade da sabedoria. O sistema de educação retratado no filme é o da Índia, que é um paradigma para todos os outros sistemas educacionais, face a semelhança de todos eles.
Na Índia, como acontece especialmente no Japão, as estatísticas de jovens estudantes que se suicidam é alarmante, o que demonstra a opressividade dos seus sistemas educacionais, em grande parte causada por uma inversão de valores humanitários e de um ensino retrógrado, que em nada contribui para a realização profissional e para felicidade pessoal do ser humano, mas sim o mergulha em um processo de frustração e angústia, que acaba muitas vezes ceifando a vida de milhares de jovens, que vêem no suicídio uma maneira desesperada de fugir do sofrimento que esse sistema trouxe para suas vidas.
Por essa razão, o filme afirma contundentemente que não é caso de suicídio de jovens estudantes, mas sim de homicídio deste sistema educacional, que vitima seus jovens estudantes.
Maravilhosa história de superação diante de um terrível acontecimento, que acaba sendo um exemplo de vida. O protagonista foi diagnosticado como sendo portador de esclerose múltipla, uma enfermidade que afeta a mobilidade do corpo entre outras coisas. As pessoas, sejam médicos ou sejam vítimas da mesma enfermidade, dizem que o grande desafio é poder andar 100 metros. Mas ele, não desejando ser visto como um inválido pela família, contraria todas as expectativas e se propõe a terminar uma competição de Iron Man, onde se tem que fazer 3.8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida, mas tudo isso num limite de tempo que não pode ser ultrapassado.
Mas, o ponto alto do filme, é que o seu sogro (um esportista renomado, mas frustrado com a carreira dele por causa de uma lesão), será o seu treinador para essa competição, mas ambos se detestam e vivem brigando. Assim, o filme não trata somente de superação física e emocional, tanto do protagonista como do seu sogro, mas também de crescimento no conhecimento e na vivência do sentido maior da existência, onde inimigos são transformados em amigos e onde as pessoas mais importantes para o nossa vida são justamente aquelas com que menos contávamos.
Puxa, que filme legal! Fala de dois adolescentes (14 anos), sendo que um é excêntrico e divertido, e o outro é tímido e sensível. Na escola, eles são considerados esquisitos e são socialmente marginalizados. Por isso, cada um deles poderia viver isolado, mergulhado no sofrimento e com medo da vida.
Mas não, eles acabam ficando amigos nas férias e partem juntos em uma louca viagem de carro, carro que um deles roubou, e saem da Alemanha rumo a Rússia. Durante a viagem, irão passar por muitos coisas difíceis e também divertidas, que os fará crescer como pessoas e lhes dará uma nova perspectiva da vida, onde não há espaço para o medo de não ser feliz.
Este filme faz-nos refletir sobre algumas questões muito interessantes: 1) É mais importante procurar fazer justiça contra um agressor ou procurar sarar as feridas da sua vítima? 2) Em casos de agressão, o que nos move a agir contra o agressor é o sofrimento da vítima propriamente dito ou é o nosso próprio sofrimento por termos sido afetados pelo sofrimento da vítima?
Filme muito atual, especialmente porque estamos diante de uma tentativa de reforma da Previdência Social e da Legislação do Trabalho em nosso país, na qual o Presidente Temer procura restringir benefícios previdenciários e direitos trabalhistas dos Brasileiros.
Assim, o filme fala de burocracia, onde os direitos sociais das pessoas são inviabilizados na prática pela dificuldade que se cria para o seu exercício. Fala da exigência de se ter um certo domínio de recursos da internet para se ter acesso a direitos sociais, também dificultando o seu gozo, porquanto grande parte da população mais carente não tem acesso a internet nem sabe fazer uso dela.
Considerando que os direitos sociais são maneira de reconhecer legalmente a dignidade das pessoas, especialmente das mais necessitadas, então dificultar ou inviabilizar o exercício de tais direitos é tripudiar sobre a dignidade do ser humano. É isso o que acontece com Daniel Blake, protagonista desse filme, que se não bastasse já estar sofrendo com sua enfermidade, ainda se lhe aumenta o sofrimento pela dificuldade que se lhe impõe para ter acesso à assistência médica e ao benefício previdenciário próprio do seu caso.
Apesar disso, Daniel Blake não é uma pessoa amargurada por focar exclusivamente o seu sofrimento, antes mostra sensibilidade para com o sofrimento alheio, quando ajuda uma mãe com seus dois filhos a superarem um momento difícil da vida, pelo que sua história, ainda que seja muito triste de um lado, é de uma beleza singular de outro.
Muitíssimo interessante esse filme, especialmente porque é baseado em fatos reais, no qual um agente secreto se infiltrou nos quarteis colombianos da droga, procurando levar a juízo os seus chefões.
O ponto alto do filme consiste na maneira como esse agente secreto tem que se passar por um empresário através do qual o dinheiro da droga pudesse ser lavado. Para que não fosse descoberto, esse agente teve que simular a vida desse empresário em todos os sentidos (empresarial e familiar), para conquistar a confiança dos chefões dos quarteis e participar intimamente da vida deles.
Então, dezenas de agentes, homens e mulheres, são envolvidos nessa operação, e todos eles tem que representar convincentemente um personagem específico relacionado com a vida dessa empresário fictício, pelo que suas atuações tem que ser comparadas com artistas hábeis em sua arte dramática.
Excelente trabalho do diretor Vinterberger (o mesmo que dirigiu o filme "A Caça"), mas pouco compreendido, pelo fato dele ter sido produzido com a intenção deliberada de nos levar a indignação diante de sua temática principal, que é a vida comunitária.
Assim acontece porque esse diretor, ao mesmo tempo que faz uma crítica sutil ao sentido da vida comunitária, também incuti em nós uma profunda repulsa pela comunidade apresentada no filme, que é uma antítese de uma comunidade autêntica e verdadeira.
O filme, no curso do seu enredo e do seu roteiro, aborda muitos pontos interessantes da vida comunitária, mas abaixo ressalto somente alguns que julgo serem os mais importantes, porquanto uma comunidade ideológica particular, em muitos aspectos, é uma figura abreviada da sociedade política nacional da qual fazemos parte.
1) Qual a razão que nos leva a viver em comunidade? Às vezes, o tédio de nossa vida pessoal leva-nos a desejar uma vida comunitária, pois achamos que as relações interpessoais em uma comunidade nos ajudaria a lidar com isso. Contudo, o filme ira demonstrar que o tédio pessoal é resolvido de forma pessoal, pelo que procurar resolvê-lo comunitariamente pode ser um grande erro, pois o tédio pessoal (um mal menor) pode ser transformado em solidão dentro de uma comunidade (um mal maior).
2) Será que uma comunidade sempre promove o bem na vida daquelas pessoas que dela fazem parte? Ora, a finalidade da vida comunitária, que justifica sua existência, é o bem comum, pois uma comunidade deve promover o bem a todos os que dela fazem parte. Porém, a comunidade apresentada no filme vai, pouco a pouco, sendo um fim em si mesmo, pelo que ela vai se distinguindo da vida e dos anseios dos seus membros, de maneira que o bem comunitário já não é o bem de todos os que dela participam.
3) Será que, na prática, uma comunidade se caracteriza por relações igualitárias de seus membros ou por relações de domínio? O filme irá nos apresentar o fato de que a relação de igualdade tão idealizada no início de uma vida comunitária irá se transformar rapidamente em relação de domínio assim que o interesse de um (ou alguns) pretender prevalecer sobre o interesse de todos, quando então surgirão dois grupos distintos dentro de uma comunidade, onde dominados ficarão dependentes e sujeitos aos dominadores.
4) Considerando que uma comunidade deve ser caracterizada por liberdade de expressão e por tomada de decisão que envolvam todos os seus membros, então como uma comunidade deve resolver casos de dissidência? O filme irá revelar que os mais poderosos em uma comunidade facilmente impõem seus pensamentos e interesses pessoais sobre os mais fracos, inclusive usando poder coercitivo ou força bruta para isso. E tais pensamentos e interesses dos poderosos constituirão a ideologia dessa comunidade, que será imposta aos dissidentes.
5) Considerando que a família é uma comunidade afetiva semelhante a uma comunidade ideológica, então como ambas se relacionam, já que ambas coexistem? O filme irá mostrar que uma comunidade, com uma ideologia imposta por dominadores, irá suprimir a relação de afetos familiares que são incompatíveis que os interesses ideológicos da comunidade.
Gostei muito desse filme (especialmente da atuação de Jessica Chastain), que trata de tráfico de influência no Congresso Americano, onde lobistas procuram realizar os interesses de seus clientes, geralmente pessoas e grupos inescrupulosos, através da atuação de congressistas corruptos que se vendem pelo melhor preço.
O sistema é podre, pois lobistas usam de meios ilegais para promover fins detestáveis. Elizabeth Sloane (interpretada por Jessica Chastain) faz parte desse sistema como uma lobista, mas ela, diferentemente dos outros lobistas, usa de meios ilegais para atingir fins que ele julga bons para a sociedade.
Sloane, cansada do sistema, procurará revelar a podridão dele, defendendo no congresso uma causa que ela acha justa, mas como fazer isso se ela mesmo faz parte dessa podridão? Assistam o filme, porque ela, de uma forma genial, ira conseguir o que se propôs, mas que lhe custará um alto preço, que será revelado somente no final do filme.
Muito se tem falado sobre racismo, mas geralmente apresentam negros como se fossem o único alvo desse preconceito. Mas, nesse filme, temos um racismo muito mais profundo, cujo alvo são orientais (no caso desse filme, um japonês), mas ninguém fala muito disso e tal não aparece muito em filmes, quando comparado com filmes com protagonistas negros vítimas de preconceito racial. Assim, logo se vê que, algumas vezes, a bandeira contra o racismo é seletiva e tendenciosa, pois não é só uma espécie de racismo que é mal, mas sim todo o gênero de racismo.
Daí, a importância do presente filme, que fala de racismo através de romance entre um oriental (japonês) e uma americana, em pleno contexto de Segunda Guerra Mundial, e tal importância torna-se mais relevante porquanto, ao que parece, geralmente se considera, ainda que não se confesse isso explicitamente, que negros (mulheres e homens) são etnicamente mais belos (de face e de corpo) do que orientais (eu discordo disso com veemência!), pelo que um romance que envolva essa etnia seria mais plausível e atrairia mais público para um filme do que um que envolve orientais.
Diante disso, podemos concluir como o racismo é insidioso, pois até mesmo, algumas vezes, a militância anti-racismo tem aspectos racistas, pelo modo parcial e seletivo como tratam a questão.
Ultimamente, a crítica de cinema tem sido decepcionante, como acontece com esse filme, que é o primeiro sob direção da atriz Katie Holmes. Aqui no filmow, a avaliação média do filme é 3.5, mas geralmente a crítica especializada o avalia entre 2.0 e 3.0, o que, ao meu juízo, é muito baixa.
Geralmente, a baixa avaliação desse filme é justificada pelo fato dele não trazer nada de inédito, surpreendente ou impactante. Mas, quem disse que um filme para ser bom tem que ter essas qualidades? Só mesmo quem vê no cinema um simples entretenimento, e não uma forma de arte que contribui para nossa formação humanitária, é que pode pensar dessa maneira.
O filme retrata o relacionamento de uma mãe com sua filha, sob circunstâncias de vulnerabilidade social, pois a mãe não está bem resolvida com sua vida, tendo dificuldade de subsistência básica num contexto de dependência química de bebidas alcoólica, pelo que fica exposta a risco de abuso por parte de pessoas inescrupulosas.
Assim, o filme não fala de situações inéditas, e sim de circunstâncias muitos comuns na atualidade, mas que precisam ser retratadas para avivar nossa consciência social e para nos sensibilizar com o sofrimento das pessoas que na vida estão fragilizadas emocionalmente, pelo que é surpreendente que pessoas não se surpreendam mais com o sofrimento alheio simplesmente porque isso tem se tornado comum.
Diante disso, posso confessar, sem constrangimento, que me emocionei (sem necessidade de nenhum artifício dramático-emocional que me induzisse a isso), quando a mãe começa a lutar contra o seu vício, procurando superar sua fragilidade, num processo de aprofundamento de amizade com sua filha, enquanto coisas boas passam a lhes acontecer.
SE VOCÊ AINDA NÃO VIU O FILME, NÃO SIGA ADIANTE COM ESSE COMENTÁRIO, MAS ISSO É SOMENTE UM CONSELHO.
Filme baseado em livro de John Steinbeck, intitulado Luta Incerta ("In Dubious Battle"), com vários atores de expressão, como Robert Duvall, James Franco e Nat Wolff. Concordo que o filme poderia ter mais dramaticidade, se ele focasse mais nos seus personagens do que na sua mensagem propriamente dita. Mas, ao que parece, a enfase dele estava mais no aspecto da validade de sua mensagem do que na forma como essa mensagem era passada dramaticamente, o que levou o ator James Franco a dizer que "esse é meu filme mais importante", ainda que não seja o melhor, dramaticamente dizendo.
Assim acontece porque a mensagem que nos deixa um filme, tal como esse que ora comentamos, é que seu conteúdo cinematográfico é mais importante que sua forma dramática, que, inclusive, pode desvirtuar sua mensagem, pelo que não se pode dizer que tanto mais válida é a mensagem de um filme quanto mais convincente ela seja capaz de afetar nossas emoções. Se isso não fosse correto, poderíamos chegar a conclusão que uma causa é tanto mais justa quanto mais possa afetar nossas emoções, o que abriria espaço para a manipulação do emocionalismo, através do qual até uma realidade injusta poderia facilmente se passar por justa se o artifício emocional dramático fosse "idôneo" para tal. Ora, o que é justo é justo, e é sua essência de justiça, e não a sua forma dramática, que vai nos revelar isso.
O filme é rico de aspectos. Primeiro, ele irá denunciar como poderosos, pela sua soberba e ganância, costumeiramente abusam dos mais fracos através de injustiças clamorosas, e esse abuso pode ser tão humilhante que pode chegar mesmo a tripudiar sobre a miséria alheia, zombando do sofrimento humano. Depois, o filme irá mostrar a realidade da passividade inicial dos trabalhadores diante da injustiça que sofrem, para logo em seguida mostrar a exorbitância dos meios de defesa dos diretos desses trabalhadores quando se exacerbou a opressão por parte dos patrões. Por fim, o filme, tal qual o livro, deixa-nos diante da incerteza do fim dessa luta, porquanto somente com uma tomada de posição da sociedade contra a injustiça, é que essa luta incerta poderá ter um bom futuro, onde a justiça social acaba prevalecendo, para que a miséria não seja imposta à vida dos oprimidos por parte de opressores que a carregam no coração.
Que todos saibam disso: a miséria da vida é gerada pela miséria do coração!!!
Fome de Poder
3.6 830 Assista AgoraO filme fala da vida do fundador da rede mundial de hambúrguer conhecida como McDonald, que era um oportunista inescrupuloso e mau-caráter, que acabou se apropriando das idéias de dois irmãos, que eram muitos honestos, mas também muitos inocentes, para com elas construir um império do setor de alimentos.
Então, aqui temos um filme que retrata bem a realidade de que o sucesso financeiro meteórico sempre vem associado com fracasso moral catastrófico. Daí, começo a refletir: se o objetivo primeiro de um empreendimento comercial (como é o caso típico da rede McDonald) é acima de tudo a riqueza econômica (a qualquer preço, diga-se de passagem), então fico a pensar se tais empreendimentos estão realmente interessados na saúde do homem, saúde essa que está intrinsecamente relacionada com os alimentos que ele ingere.
Há um outro filme, intitulado Nação Fast-Food (https://filmow.com/nacao-fast-food-uma-rede-de-corrupcao-t5453/), denunciando que tais grupos alimentícios, movidos pela ganância do enriquecimento rápido e fácil, sacrificam a qualidade dos alimentos que produzem, bem como exploram seus trabalhadores de forma absurdamente injusta.
Ali & Nino
3.6 8Filme excelente, baseado em um livro histórico com o mesmo título do filme, mas de autoria controvertida. Fala de dois amores, um de natureza romântica e outro de caráter nacionalista. Ele (Ali) é um muçulmano Xiita e ela (Nino) é uma princesa cristã da Geórgia, mas, cada um ao seu modo, ama o Azerbaijão onde vivem, pelo que irão lutar por sua independência da Rússia.
Ela tinha uma vida de princesa, porém, por causa de seus dois amores, irá ter uma vida simples e dura nas montanhas. Ela se arrisca a perder os seus dois amores, porque sabe que não pode ficar somente com um deles, pelo que não deixará de lutar até o fim por eles.
A jovem atriz Maria Valverde interpreta Nino maravilhosamente!
Guerra e Ódio
3.8 20 Assista AgoraGeralmente se fala de conflitos raciais e de genocídio de forma tão impessoal e indiferente, que até parece que não sejam fatos grotescamente desumanos. Porém, esse filme tem o poder de nos transportar para dentro desses acontecimentos, e ele faz isso com um realismo tal, que até parece que estamos na pele do protagonista, sentindo tudo o que ele sente.
É chocante ao extremo, mas ainda assim tremendamente válido para resgatar nossa humanidade da fria insensibilidade, por não nos identificarmos com aqueles que estão sofrendo horrores neste mundo ao serem alvos da ignorância e da violência dos seus semelhantes.
Crimes na Madrugada
3.0 159 Assista AgoraEsperava mais desse filme... foi meio decepcionante!
Campo Minado
3.2 114 Assista AgoraEis aqui um filme tratando sobre o problema das minas terrestres, que foram enterradas durante conflitos bélicos, mas que continuam matando mesmo depois desses conflitos terem terminado. O ponto alto desse filme, e que é um diferencial dele na tratativa dessa temática, está no aspecto da sensibilidade emocional dos seus personagens, que nos deixam com uma lição de vida no seu final. Por isso, recomendo enfaticamente este filme.
Névoa em Agosto
3.8 24O regime nazista é conhecido pela atrocidade que cometeu na segunda guerra mundial, especialmente nos campos de concentração de prisioneiros, porém poucos sabem que tal regime criou um velado programa de eutanásia. Este filme revela justamente como funcionava esse monstruoso programa, onde pessoas com deficiência física ou com problemas psicológicos, geralmente crianças ou idosos, eram eliminadas de forma sutil nos hospitais psiquiátricos integrantes do programa, para que não se causasse alarde público.
Inicialmente, tal programa eliminava os pacientes através de substâncias tóxicas (difíceis de serem identificadas), que eram misturadas ao alimento delas. Mas depois, considerando que essas substâncias tóxicas causavam a morte muito rápida de pessoas saudáveis, e que isso poderia levantar algumas suspeitas sobre o programa, é que este chegou ao clímax da crueldade, quando se descobriu uma maneira dessas mortes serem mais lentas e sem deixar vestígios algum da causa da morte.
Se você quiser saber como isso aconteceu, então veja este filme, que é obrigatório para quem deseja compreender melhor o absurdo do nazismo.
Um Gato de Rua Chamado Bob
4.1 130 Assista AgoraQue belo encontro, entre um músico de rua e um gato de rua, sendo este um animal livre e aquele um dependente de drogas. Mas, ambos necessitando um do outro, para ter uma nova chance na vida. E é maravilhoso saber que o filme é baseado em um caso real!
Algumas Garotas
2.0 138 Assista AgoraUltimamente, nenhum filme causou-me maior revolta do que este, mas mesmo assim desejo recomendá-lo a todos. E a finalidade dessa recomendação é reavivar em nós a memória de tudo quanto devemos repudir com veemência nos relacionamentos sentimentais entre as pessoas.
É necessário entender, que jamais pessoas de mau-caráter vão amar bem, e pensar diferente disso, é se expor a um mundo de fantasia que jamais acrescentará algo positivo em nossas vidas, antes roubará uma parte de nós que com dificuldade recuperaremos depois. É muito alto o preço que pagamos por sermos inocentes ou infantis nesta questão.
As pessoas e seus sentimentos são coisas sérias, e só pessoas que são mau-caráter brincam com isso. Pode parecer piegas, mas quero recordar aqui, por oportuno, um pensamento de Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro "O Pequeno Príncipe", que diz: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". E não me digam que esse livro é para crianças, porquanto há muita gente adulta que continua sendo irresponsável para com os afetos que cativa.
Para se ter uma ideia desse filme, devo dizer que seu enredo relata o caso de homem, jovem e escritor, que irá se casar, mas antes resolve se encontrar com algumas mulheres que passaram por sua vida, que vão desde uma mulher mais velha e casada até uma adolescente de onze anos de idade que era irmã do melhor amigo dele (!), mulheres essas que ele, de forma mau-intencionada, seduziu e enganou com promessas mentirosas, cujas vidas foram terrivelmente afetadas por causa disso.
E, se isso não bastasse, ele ainda acabou registrando isso nos seus escritos. Assim, ao procurar essas mulheres novamente, ele passa a versão de que esteja redimindo-se dos seus erros passados, mas seria isso mesmo verdade? Só mesmo vendo o filme para saber o desenvolvimento dessa trama.
Mucize
4.1 51EMOCIONANTE AO EXTREMO!
A comovente história contada nesse filme é tão incrível, que até parece ser uma bela ficção, mas de fato é pura realidade, porquanto ela foi baseada num caso realmente acontecido. E, tendo sido contada com grande sensibilidade, acabou afastando qualquer possibilidade de se conter um "surto" de lágrimas kkkkk. Jamais vou esquecer este filme!
Paterson
3.9 353 Assista AgoraQue filme doce e encantador, verdadeira pérola cinematográfica!
O filme é ambientado na cidade de Paterson, que se tornou emblemática pelos artistas de expressão que nasceram ou viveram lá (Lou Costelo, Patrick Warburton, Bruce Vilanch, etc), especialmente escritores (Allen Ginsberg, William Carlos Williams, J. Michael Straczynski, Simon Perchik, Edna Buchanan, etc).
O protagonista, que também se chama Paterson, vive nessa cidade, onde é motorista de ônibus. Porém, ele é apaixonado por ler poesias, pelo que até começa a escrever as suas próprias poesias em um simples caderno, sem pretensão alguma de virar escritor ou publicar o que escreve.
O filme irá mostrar uma semana da vida de Paterson, desde quando ele se levanta para ir ao trabalho até quando ele se deita na cama ao lado de sua amada. A vida dele parece rotineira, pois faticamente ele faz as mesmas coisas todos os dias, contudo ela está longe de ser enfadonha ou tediosa. Muito pelo contrário, parece que ele vive uma vida ideal, onde nada é comum, quer seja nos momentos em que observa as pessoas enquanto está dirigindo seu ônibus, quer seja nos diálogos carinhosos com a esposa, quer seja nos passeios que faz com seu cachorro, quer seja nas conversas divertidas com amigos em um bar.
E assim, o modo como Paterson vive sua vida, onde tudo é especial, revela sua sensibilidade artística, seu caráter reflexivo e seu espírito observador, características essenciais de todo bom escritor, pelo que, mesmo nos momentos triviais do dia-a-dia, a poesia vai brotando dele de uma forma maravilhosa.
E o final do filme é extraordinário, quando então Paterson irá entender que ele não nasceu para ser um peixe rsss
Lua de Papel
4.3 156 Assista AgoraO ator Ryan O'Neal (protagonista em Love Story, 1978) e sua filha Tatum O'Neal estrelaram juntos nesse filme, sendo este o primeiro dela, quando tinha apenas dez anos. A interpretação de Ryan foi excelente, mas quem acabou ganhando o Oscar foi sua filha Tatum, como melhor atriz coadjuvante (1973), sendo ela a atriz mais jovem a ganhar esse prêmio nessa categoria. De fato, apesar da pouca idade, a menina era carismática e altamente expressiva, pelo que acabou cativando a todos quantos viram o filme. Galera, não deixem de vê-lo, pois é um clássico que merece ser visto e reprisado muitas vezes.
A Lenda do Pianista do Mar
4.3 174SIMPLESMENTE...
BELO, FABULOSO, COMOVENTE... AGRADÁVEL
TERNO, ESPANTOSO, EMPOLGANTE... ADORÁVEL
MAGNÍFICO, GRANDIOSO, IMPRESSIONANTE... ADMIRÁVEL
ESPLÊNDIDO, MARAVILHOSO, BRILHANTE... MEMORÁVEL
Rainha de Katwe
4.2 207 Assista AgoraQue história maravilhosa que nos conta esse filme! Fala de um sonho que nasceu no coração de uma menina na África, um sonho que era impossível... impossível até se tornar realidade, contra todas as expectativas em contrário.
SE VOCÊ AINDA NÃO VIU O FILME, NÃO SIGA ADIANTE COM ESTE COMENTÁRIO!
Essa menina chamava-se Phiona Mutese, órfã de pai, pobre moradora da vila/favela de Katwe/Uganda, que não pode ir para escola porque tinha que ajudar a mãe no sustento da família, vendendo milho pelas ruas. Mas um dia, expiando num barração, viu meninos jogando um jogo que parecia com a vida, e se apaixonou por esse jogo, que chamavam de xadrez.
Sua paixão por esse jogo colocou-a em contato com Robert Katende, que, no seu trabalho social (denominado "Pioneiros"), ensinava xadrez para as crianças interessadas naquele barração. Katende, mais do que um professor de xadrez, torna-se como um pai para Phiona, e mais do que xadrez, ensina-lhe sobre o sentido da vida.
Mas como poderia uma criança, sob o peso da sua pobreza e da responsabilidade de ajudar no sustento da família, ter tempo para um jogo, que quando muito poderia ser considerado como uma diversão irresponsável e perigosa para a dura realidade de sua vida? O primeiro grande desafio que Phiona teve que vencer foi o da leitura, que ela aprendeu para que pudesse ler os livros dos grandes mestres do xadrez, leitura essa que ela fazia de noite, sob a luz de lamparina, cuja chama era alimentada por parafina, que sua mãe comprava sacrificando-se ao máximo.
E foi assim que Phiona Mutese, sem jamais ter sido intruida pessoamente por nenhum grande mestre desse jogo, tornou-se, aos 14 anos, campeã nacional de xadrez de Uganda e a primeira a representar esse país num campeonato de xadrez internacional, tornado-se logo em seguida mestre internacional de xadrez.
Por outro lado, Robert Katende ainda continua ensinando xadrez em Katwe, sendo que os três últimos vencedores do campeonato internacional de xadrez de Uganda saíram dos "Pioneiros".
Por fim, deve ser ressaltado, que os atores desse filme, a grande maioria constituída por eméritos desconhecidos, foram tão convincentes em sua interpretação, que acabam cativando nosso coração, pois a mesma paixão que tinha Phiona pelo seu xadrez, esses atores também tinham pelas suas artes dramáticas.
3 Idiotas
4.3 382Putz! Como eu não vi este filme antes? É de 2009, mas ainda assim muito atual! No começo, o filme não promete muito, e a gente tem vontade de parar. Mas, um pouco depois, o filme começa ficar interessante até que se torna delicioso, tanto pela comédia como pela sensibilidade com que trata a sua temática.
Na verdade, este filme é uma crítica profunda e divertida sobre os sistemas de educação opressivos, quando aprender não é um meio para realização pessoal e para contribuir com o bem da sociedade, mas um meio egoísta de sucesso pessoal, quando a vaidade e a ganância valem mais do que a realidade da sabedoria. O sistema de educação retratado no filme é o da Índia, que é um paradigma para todos os outros sistemas educacionais, face a semelhança de todos eles.
Na Índia, como acontece especialmente no Japão, as estatísticas de jovens estudantes que se suicidam é alarmante, o que demonstra a opressividade dos seus sistemas educacionais, em grande parte causada por uma inversão de valores humanitários e de um ensino retrógrado, que em nada contribui para a realização profissional e para felicidade pessoal do ser humano, mas sim o mergulha em um processo de frustração e angústia, que acaba muitas vezes ceifando a vida de milhares de jovens, que vêem no suicídio uma maneira desesperada de fugir do sofrimento que esse sistema trouxe para suas vidas.
Por essa razão, o filme afirma contundentemente que não é caso de suicídio de jovens estudantes, mas sim de homicídio deste sistema educacional, que vitima seus jovens estudantes.
100 metros
4.2 106 Assista AgoraMaravilhosa história de superação diante de um terrível acontecimento, que acaba sendo um exemplo de vida. O protagonista foi diagnosticado como sendo portador de esclerose múltipla, uma enfermidade que afeta a mobilidade do corpo entre outras coisas. As pessoas, sejam médicos ou sejam vítimas da mesma enfermidade, dizem que o grande desafio é poder andar 100 metros. Mas ele, não desejando ser visto como um inválido pela família, contraria todas as expectativas e se propõe a terminar uma competição de Iron Man, onde se tem que fazer 3.8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida, mas tudo isso num limite de tempo que não pode ser ultrapassado.
Mas, o ponto alto do filme, é que o seu sogro (um esportista renomado, mas frustrado com a carreira dele por causa de uma lesão), será o seu treinador para essa competição, mas ambos se detestam e vivem brigando. Assim, o filme não trata somente de superação física e emocional, tanto do protagonista como do seu sogro, mas também de crescimento no conhecimento e na vivência do sentido maior da existência, onde inimigos são transformados em amigos e onde as pessoas mais importantes para o nossa vida são justamente aquelas com que menos contávamos.
Goodbye Berlin
3.8 25Puxa, que filme legal! Fala de dois adolescentes (14 anos), sendo que um é excêntrico e divertido, e o outro é tímido e sensível. Na escola, eles são considerados esquisitos e são socialmente marginalizados. Por isso, cada um deles poderia viver isolado, mergulhado no sofrimento e com medo da vida.
Mas não, eles acabam ficando amigos nas férias e partem juntos em uma louca viagem de carro, carro que um deles roubou, e saem da Alemanha rumo a Rússia. Durante a viagem, irão passar por muitos coisas difíceis e também divertidas, que os fará crescer como pessoas e lhes dará uma nova perspectiva da vida, onde não há espaço para o medo de não ser feliz.
O Apartamento
3.9 257 Assista AgoraEste filme faz-nos refletir sobre algumas questões muito interessantes: 1) É mais importante procurar fazer justiça contra um agressor ou procurar sarar as feridas da sua vítima? 2) Em casos de agressão, o que nos move a agir contra o agressor é o sofrimento da vítima propriamente dito ou é o nosso próprio sofrimento por termos sido afetados pelo sofrimento da vítima?
Eu, Daniel Blake
4.3 532 Assista AgoraFilme muito atual, especialmente porque estamos diante de uma tentativa de reforma da Previdência Social e da Legislação do Trabalho em nosso país, na qual o Presidente Temer procura restringir benefícios previdenciários e direitos trabalhistas dos Brasileiros.
Assim, o filme fala de burocracia, onde os direitos sociais das pessoas são inviabilizados na prática pela dificuldade que se cria para o seu exercício. Fala da exigência de se ter um certo domínio de recursos da internet para se ter acesso a direitos sociais, também dificultando o seu gozo, porquanto grande parte da população mais carente não tem acesso a internet nem sabe fazer uso dela.
Considerando que os direitos sociais são maneira de reconhecer legalmente a dignidade das pessoas, especialmente das mais necessitadas, então dificultar ou inviabilizar o exercício de tais direitos é tripudiar sobre a dignidade do ser humano. É isso o que acontece com Daniel Blake, protagonista desse filme, que se não bastasse já estar sofrendo com sua enfermidade, ainda se lhe aumenta o sofrimento pela dificuldade que se lhe impõe para ter acesso à assistência médica e ao benefício previdenciário próprio do seu caso.
Apesar disso, Daniel Blake não é uma pessoa amargurada por focar exclusivamente o seu sofrimento, antes mostra sensibilidade para com o sofrimento alheio, quando ajuda uma mãe com seus dois filhos a superarem um momento difícil da vida, pelo que sua história, ainda que seja muito triste de um lado, é de uma beleza singular de outro.
Conexão Escobar
3.5 115 Assista AgoraMuitíssimo interessante esse filme, especialmente porque é baseado em fatos reais, no qual um agente secreto se infiltrou nos quarteis colombianos da droga, procurando levar a juízo os seus chefões.
O ponto alto do filme consiste na maneira como esse agente secreto tem que se passar por um empresário através do qual o dinheiro da droga pudesse ser lavado. Para que não fosse descoberto, esse agente teve que simular a vida desse empresário em todos os sentidos (empresarial e familiar), para conquistar a confiança dos chefões dos quarteis e participar intimamente da vida deles.
Então, dezenas de agentes, homens e mulheres, são envolvidos nessa operação, e todos eles tem que representar convincentemente um personagem específico relacionado com a vida dessa empresário fictício, pelo que suas atuações tem que ser comparadas com artistas hábeis em sua arte dramática.
A Comunidade
3.4 77 Assista AgoraExcelente trabalho do diretor Vinterberger (o mesmo que dirigiu o filme "A Caça"), mas pouco compreendido, pelo fato dele ter sido produzido com a intenção deliberada de nos levar a indignação diante de sua temática principal, que é a vida comunitária.
Assim acontece porque esse diretor, ao mesmo tempo que faz uma crítica sutil ao sentido da vida comunitária, também incuti em nós uma profunda repulsa pela comunidade apresentada no filme, que é uma antítese de uma comunidade autêntica e verdadeira.
O filme, no curso do seu enredo e do seu roteiro, aborda muitos pontos interessantes da vida comunitária, mas abaixo ressalto somente alguns que julgo serem os mais importantes, porquanto uma comunidade ideológica particular, em muitos aspectos, é uma figura abreviada da sociedade política nacional da qual fazemos parte.
1) Qual a razão que nos leva a viver em comunidade? Às vezes, o tédio de nossa vida pessoal leva-nos a desejar uma vida comunitária, pois achamos que as relações interpessoais em uma comunidade nos ajudaria a lidar com isso. Contudo, o filme ira demonstrar que o tédio pessoal é resolvido de forma pessoal, pelo que procurar resolvê-lo comunitariamente pode ser um grande erro, pois o tédio pessoal (um mal menor) pode ser transformado em solidão dentro de uma comunidade (um mal maior).
2) Será que uma comunidade sempre promove o bem na vida daquelas pessoas que dela fazem parte? Ora, a finalidade da vida comunitária, que justifica sua existência, é o bem comum, pois uma comunidade deve promover o bem a todos os que dela fazem parte. Porém, a comunidade apresentada no filme vai, pouco a pouco, sendo um fim em si mesmo, pelo que ela vai se distinguindo da vida e dos anseios dos seus membros, de maneira que o bem comunitário já não é o bem de todos os que dela participam.
3) Será que, na prática, uma comunidade se caracteriza por relações igualitárias de seus membros ou por relações de domínio? O filme irá nos apresentar o fato de que a relação de igualdade tão idealizada no início de uma vida comunitária irá se transformar rapidamente em relação de domínio assim que o interesse de um (ou alguns) pretender prevalecer sobre o interesse de todos, quando então surgirão dois grupos distintos dentro de uma comunidade, onde dominados ficarão dependentes e sujeitos aos dominadores.
4) Considerando que uma comunidade deve ser caracterizada por liberdade de expressão e por tomada de decisão que envolvam todos os seus membros, então como uma comunidade deve resolver casos de dissidência? O filme irá revelar que os mais poderosos em uma comunidade facilmente impõem seus pensamentos e interesses pessoais sobre os mais fracos, inclusive usando poder coercitivo ou força bruta para isso. E tais pensamentos e interesses dos poderosos constituirão a ideologia dessa comunidade, que será imposta aos dissidentes.
5) Considerando que a família é uma comunidade afetiva semelhante a uma comunidade ideológica, então como ambas se relacionam, já que ambas coexistem? O filme irá mostrar que uma comunidade, com uma ideologia imposta por dominadores, irá suprimir a relação de afetos familiares que são incompatíveis que os interesses ideológicos da comunidade.
Armas na Mesa
4.0 221 Assista AgoraGostei muito desse filme (especialmente da atuação de Jessica Chastain), que trata de tráfico de influência no Congresso Americano, onde lobistas procuram realizar os interesses de seus clientes, geralmente pessoas e grupos inescrupulosos, através da atuação de congressistas corruptos que se vendem pelo melhor preço.
O sistema é podre, pois lobistas usam de meios ilegais para promover fins detestáveis. Elizabeth Sloane (interpretada por Jessica Chastain) faz parte desse sistema como uma lobista, mas ela, diferentemente dos outros lobistas, usa de meios ilegais para atingir fins que ele julga bons para a sociedade.
Sloane, cansada do sistema, procurará revelar a podridão dele, defendendo no congresso uma causa que ela acha justa, mas como fazer isso se ela mesmo faz parte dessa podridão? Assistam o filme, porque ela, de uma forma genial, ira conseguir o que se propôs, mas que lhe custará um alto preço, que será revelado somente no final do filme.
Sophie e o Sol Nascente
3.5 7Muito se tem falado sobre racismo, mas geralmente apresentam negros como se fossem o único alvo desse preconceito. Mas, nesse filme, temos um racismo muito mais profundo, cujo alvo são orientais (no caso desse filme, um japonês), mas ninguém fala muito disso e tal não aparece muito em filmes, quando comparado com filmes com protagonistas negros vítimas de preconceito racial. Assim, logo se vê que, algumas vezes, a bandeira contra o racismo é seletiva e tendenciosa, pois não é só uma espécie de racismo que é mal, mas sim todo o gênero de racismo.
Daí, a importância do presente filme, que fala de racismo através de romance entre um oriental (japonês) e uma americana, em pleno contexto de Segunda Guerra Mundial, e tal importância torna-se mais relevante porquanto, ao que parece, geralmente se considera, ainda que não se confesse isso explicitamente, que negros (mulheres e homens) são etnicamente mais belos (de face e de corpo) do que orientais (eu discordo disso com veemência!), pelo que um romance que envolva essa etnia seria mais plausível e atrairia mais público para um filme do que um que envolve orientais.
Diante disso, podemos concluir como o racismo é insidioso, pois até mesmo, algumas vezes, a militância anti-racismo tem aspectos racistas, pelo modo parcial e seletivo como tratam a questão.
All We Had
3.4 29 Assista AgoraUltimamente, a crítica de cinema tem sido decepcionante, como acontece com esse filme, que é o primeiro sob direção da atriz Katie Holmes. Aqui no filmow, a avaliação média do filme é 3.5, mas geralmente a crítica especializada o avalia entre 2.0 e 3.0, o que, ao meu juízo, é muito baixa.
Geralmente, a baixa avaliação desse filme é justificada pelo fato dele não trazer nada de inédito, surpreendente ou impactante. Mas, quem disse que um filme para ser bom tem que ter essas qualidades? Só mesmo quem vê no cinema um simples entretenimento, e não uma forma de arte que contribui para nossa formação humanitária, é que pode pensar dessa maneira.
O filme retrata o relacionamento de uma mãe com sua filha, sob circunstâncias de vulnerabilidade social, pois a mãe não está bem resolvida com sua vida, tendo dificuldade de subsistência básica num contexto de dependência química de bebidas alcoólica, pelo que fica exposta a risco de abuso por parte de pessoas inescrupulosas.
Assim, o filme não fala de situações inéditas, e sim de circunstâncias muitos comuns na atualidade, mas que precisam ser retratadas para avivar nossa consciência social e para nos sensibilizar com o sofrimento das pessoas que na vida estão fragilizadas emocionalmente, pelo que é surpreendente que pessoas não se surpreendam mais com o sofrimento alheio simplesmente porque isso tem se tornado comum.
Diante disso, posso confessar, sem constrangimento, que me emocionei (sem necessidade de nenhum artifício dramático-emocional que me induzisse a isso), quando a mãe começa a lutar contra o seu vício, procurando superar sua fragilidade, num processo de aprofundamento de amizade com sua filha, enquanto coisas boas passam a lhes acontecer.
Batalha Incerta
3.3 40 Assista AgoraSE VOCÊ AINDA NÃO VIU O FILME, NÃO SIGA ADIANTE COM ESSE COMENTÁRIO, MAS ISSO É SOMENTE UM CONSELHO.
Filme baseado em livro de John Steinbeck, intitulado Luta Incerta ("In Dubious Battle"), com vários atores de expressão, como Robert Duvall, James Franco e Nat Wolff. Concordo que o filme poderia ter mais dramaticidade, se ele focasse mais nos seus personagens do que na sua mensagem propriamente dita. Mas, ao que parece, a enfase dele estava mais no aspecto da validade de sua mensagem do que na forma como essa mensagem era passada dramaticamente, o que levou o ator James Franco a dizer que "esse é meu filme mais importante", ainda que não seja o melhor, dramaticamente dizendo.
Assim acontece porque a mensagem que nos deixa um filme, tal como esse que ora comentamos, é que seu conteúdo cinematográfico é mais importante que sua forma dramática, que, inclusive, pode desvirtuar sua mensagem, pelo que não se pode dizer que tanto mais válida é a mensagem de um filme quanto mais convincente ela seja capaz de afetar nossas emoções. Se isso não fosse correto, poderíamos chegar a conclusão que uma causa é tanto mais justa quanto mais possa afetar nossas emoções, o que abriria espaço para a manipulação do emocionalismo, através do qual até uma realidade injusta poderia facilmente se passar por justa se o artifício emocional dramático fosse "idôneo" para tal. Ora, o que é justo é justo, e é sua essência de justiça, e não a sua forma dramática, que vai nos revelar isso.
O filme é rico de aspectos. Primeiro, ele irá denunciar como poderosos, pela sua soberba e ganância, costumeiramente abusam dos mais fracos através de injustiças clamorosas, e esse abuso pode ser tão humilhante que pode chegar mesmo a tripudiar sobre a miséria alheia, zombando do sofrimento humano. Depois, o filme irá mostrar a realidade da passividade inicial dos trabalhadores diante da injustiça que sofrem, para logo em seguida mostrar a exorbitância dos meios de defesa dos diretos desses trabalhadores quando se exacerbou a opressão por parte dos patrões. Por fim, o filme, tal qual o livro, deixa-nos diante da incerteza do fim dessa luta, porquanto somente com uma tomada de posição da sociedade contra a injustiça, é que essa luta incerta poderá ter um bom futuro, onde a justiça social acaba prevalecendo, para que a miséria não seja imposta à vida dos oprimidos por parte de opressores que a carregam no coração.
Que todos saibam disso: a miséria da vida é gerada pela miséria do coração!!!