Muiiito interessante esse filme, baseado no conto "Story of your Life" (História da sua Vida), de Ted Chiang, já lançado do Brasil como parte de uma coletânea de contos do autor ("História da Sua Vida e Outros Contos", pela Editora Intrínseca).
O roteiro do filme esforçou-se muito para seguir o enredo do conto, porém, se o enredo do conto já era uma ficção científica difícil de entender, imagina então colocar isso numa forma cinematográfica. E essa dificuldade deve-se a utilização de conceitos científicos (principalmente de linguística e de física) e de divagações pseudo-científicas. Apesar disso, o filme é fantástico, especialmente para quem gosta de ficção científica.
O roteiro do filme trata da chegada de alienígenas na Terra. Estabelecido o contato com eles, procura-se entender a razão deles terem vinda para cá. Mas como se comunicar com eles se a língua deles é muito difícil, onde nem o som que eles emitem correspondem a forma de escrita circular que eles usam para se comunicar graficamente, nem a noção de tempo deles é linear, ou seja, o tempo presente deles contém tanto o passado como o futuro.
Porém, as dificuldades de comunicação são vencidas com a decifração fantástica do idioma dos alienígenas, quando então ficam sabendo que a razão da vinda deles é nos trazer um presente, presente esse que visar conquistar um objetivo em favor da humanidade. Que presente é esse? Que objetivo é esse? Bom, assistam o filme e tentem descobrir isso.
Gostei muito deste documentário! Ele nos faz pensar até que ponto nossa racionalidade (especialmente afetada pela distração do entretenimento) tem sido colocada a serviço de um modo de vida criado por um sistema econômico-social que não está interessado na felicidade das pessoas, mas sim em usá-las para perpetuar sua ideologia materialista. Nesse processo de manipulação para se perpetuar, esse sistema desumaniza o ser humano porque afeta o seu natural modo de conhecer as coisas (intuição) e sua natural sociabilização (empatia).
Esse sistema patrocina a mera racionalidade do homem porque ela é mais facilmente pseudo-educada dos que as outras faculdades humanas, sistema esse que só tem interesse no homem enquanto este for útil para a continuidade incontestada de sua ideologia gananciosa e egoísta. E tudo isso mergulha a humanidade numa solidão ignorante, manipulável e, acima de tudo, infeliz.
Diante disso, é necessário uma interiorização do homem, para resgatar um novo e natural modo de pensar na existência (intuição) e um novo e natural modo de sentir as realidades dessa existência (empatia), que possam nos dar um vislumbre de uma sabedoria e de uma sociabilização que realmente possam promover a desejada felicidade do ser humano. Esse processo inicial de interiorização, que depois é seguido de movimento de dentro para fora (do interior do homem para o mundo exterior), é que o documentário chama de INNSAEI, termo islandês que bem retrata esse fato.
Mas, é importante dizer que a promoção dessa felicidade é um processo que nos fará pensar e sentir as coisas fora de nossa zona de conforto, "fora da caixinha" infeliz, mas supostamente segura, que esse sistema nos atribuiu. Portanto, é indispensável que estejamos abertos a novas experiências e ao risco de cometermos erros, porquanto os erros são comuns no curso de um processo de aprendizagem, contudo serão erros dos quais tiraremos lições de vida que nos possibilitarão chegar no nosso destino final de uma existência plena e, portanto, feliz.
Uma amizade linda entre duas meninas, que vivem as realidades e os conflitos da sua adolescência em um cortiço de periferia, onde a pobreza, a violência e o tráfico de drogas destroem tudo, e as misérias humanas se destacam num cenário caótico. Como sobreviver a tudo isso e amadurecer como ser humano, quando nem as famílias ajudam?
Este é o melhor musical que eu vi em toda minha vida, e olha que eu vi muitos musicais maravilhosos, mas este é de 1995, que não deve ser confundido com o de 2012 com o mesmo título. Tudo é bom nesse musical de 1995, que foi realizado para comemorar dez anos de apresentação do musical. Excelentes cantores (inclusive os cantores mirins), excelentes canções, excelentes músicas instrumentais e até excelentes interpretações dos cantores, inclusive dos vilões! E, acima de tudo, o musical nos deixa grandes lições de vida com sua mensagem temática. Se não for um musical perfeito, quase chegou lá.
Para melhor avaliação e degustação lírica desse musical, veja este link do filmow: https://filmow.com/grupos/indicacoes-de-filmes/les-miserables-1995-os-miseraveis-1995-comemorativa-decimo-aniversario/
Gostei do filme, que prossegue na mesma linha dos anteriores. Engraçado, divertido e também instrutivo. Mas, se o filme é muito bom, as músicas das trilhas sonoras são melhores ainda: Still Falling for You (Ellie Goulding), Stay (Rihanna), Thinking Out Loud (Ed Sheeran, que inclusive aparece no filme), Hold my Hand (Jess Glynne), Just my Imagination (The Temptations), etc.. Já inclui essas músicas na minha lista de filmes com as mais belas canções de trilhas sonoras, inclusive com links da internet para serem ouvidas: https://filmow.com/listas/belas-cancoes-do-cinema-com-links-para-videos-da-internet-l90942/
Nenhuma história de animal causou tanto impacto na minha vida do que a de Seabiscuit, um cavalo de corridas, que é retratado nesse filme. Antes de assisti-lo, eu já tinha visto o documentário The Story of Seabiscuit, dirigido pelo diretor Stephen Ives, através do National Geographic Channel, e devo dizer que me emocionei com Seabiscuit e sua história, como vou resumir abaixo.
Seabiscuit era um cavalo puro-sangue na sua linhagem, mas mais lembrava um pangaré. Era pesado e pequeno, tinha uma aparência vulgar que não lembrava o porte nobre de um puro-sangue, além de ter joelhos largos e assimétricos, com uma das pernas puxando para o lado quando corria, que lhe rendeu o apelido jocoso de “cavalo helicóptero”.
Ele também era temperamental e genioso, não gostava de celas e investia contra todos aqueles que desejam por uma sobre ele. Por outro lado, ele comia em excesso, qualquer coisa, e era preguiçoso, dormindo completamente deitado, enquanto cavalos normais não costumam deitar para isso e, quando o fazem, não passam de cinco minutos, mas Seabiscuit fazia isso por horas.
Nas pistas de corrida era um fracasso total, com baixíssimo índice de boas colocações, daí os especialistas comentarem que ele (o cavalo) achava que o objetivo da corrida era só completá-la e não ganhá-la. E, assim a juventude de Seabiscuit ia passando, até que, por fim, machucou-se, pelo que riam dele, chamando-o de “catástrofe equina” e “obra-prima de má formação”.
Mas um dia, um velho treinado de cavalos já esquecido por todos, viu Seabiscuit passando e acenou-lhe com a cabeça, e viu que o cavalo correspondeu o seu cumprimento com um balançar de cabeça semelhante, e esse treinador afeiçoou-se ao cavalo, pois ele sentiu como se o cavalo, com o gesto de sua cabeça, tinha homenageado os seus muitos anos de dedicação ao treino de cavalos. Daí, esse treinado, chamado Tom Smith, puxou Seabiscuit para junto de si e disse: “ainda voltaremos a nos ver”.
Então, Smith, sabendo que ninguém tinha interesse por Seabiscuit, procurou estimular Charles S. Howard, um empresário automobilístico, que gostava de corridas de cavalos, a entrar no negócio de corridas e comprar Seabiscuit, o que acabou acontecendo por $ 8.000, um preço de compra baixíssimo para um puro-sangue, mas que revela como esse cavalo estava desacreditado.
Porém, quando se procurava um jóquei para montar Seabiscuit, muitos não tiveram interesse nisso, e, os que tiveram, foram colocados em fuga pelo cavalo, até que surgiu, Red Pollard, um jóquei de carreira fracassada, porque ele era muito alto para um jóquei e também muito teimoso, e que sobrevivia fazendo “bicos” de pugilista, entretanto ele era sensível a ponto de ler Shakespeare e compor poesia.
Pollard se aproximou de Seabiscuit e começou a lhe falar mansamente, dizendo que sabia do que se passava com ele (o cavalo), porquanto ele (o jóquei) também era um fracassado diante dos outros, e Seabiscuit, por assim dizer, respondeu-lhe relinchando calmamente. Em seguida, Pollard deu um cubo de açúcar para Seabiscuit, e este lhe tocou suavemente com o focinho. Vendo isso, Howard e Smith sentiram que Red Pollard, apesar de suas falhas, era o jóquei ideal para Seabiscuit, e o contrataram.
Assim, essas três pessoas totalmente inadequadas, sendo um proprietário inexperiente no ramo de corridas de cavalo, outro um velho treinador esquecido e outro um jóquei fracassado, irão preparar um cavalo desacreditado para ser um campeão. A primeira medida que tomaram foi deixar o cavalo mais calmo e sociável, pelo que lhe arranjaram a companhia de um pequeno vira-lata e de um pônei amarelo chamado abóbora. Depois, fizeram uma dieta para o cavalo, onde a quantidade foi substituída pela qualidade daquilo que ele comia, que incluía até maças. A seguir, cuidaram da saúde dele, especialmente dos seus joelhos, e o deixaram fazer livremente caminhadas e corridas a céu aberto, fora dos estábulos.
E os três, nessa manifestação de amor e respeito por Seabiscuit, entenderam duas coisas que o caracterizava. Primeiramente, ele gostava muito de correr, e correndo muito, cansava-se rapidamente. Além disso, ele tinha personalidade forte, e quando emparelhado com outro cavalo por certo tempo, ele tinha uma disposição extra de superar o rival na corrida. Assim, usando essas duas características de Seabiscuit, o Jóquei Pollard continha o ímpeto inicial do cavalo, fazendo-o economizar força, depois ele o emparelhava com outros cavalos do primeiro grupo e, por fim, só via a arrancada final de Seabiscuit para a vitória.
Dessa maniera, Seabiscuit começou a ganhar a maioria de suas corridas, e perdendo algumas por causa de Pollard, porquanto este tinha uma deficiência não revelada em um dos olhos, pelo que ele não percebia a aproximação lateral de outros cavalos e assim deixava de posicionar e dar um melhor rendimento para Seabiscuit.
Um ponto alto da carreira de Seabiscuit foi quando, em 1938, enfrentou o seu maior rival, o impressionante puro-sangue chamado War Admiral, eleito o cavalo do ano anterior (1937), porquanto ganhou a tríplice coroa americana. Programaram uma corrida somente para os dois cavalos, para verificarem qual era o melhor cavalos de todos os tempos. A bolsa de aposta, formada por gente rica e especialistas em cavalos, dava o favoritismo para War Admiral de 4 para 1.
Assim, a disputa dos dois aconteceu em 1º de novembro de 1938, e um fato inusitado ocorreu, porquanto desde o início da corrida, quando os dois cavalos ficaram emparelhados, Seabiscuit tomou logo a dianteira e foi aumentando sua vantagem a cada metro, até que depois o jóquei aliviou um pouco seu galope desenfreado, permitindo War Admiral aproximar-se a ponto de Seabiscuit vê-lo novamente, e, quando isso aconteceu, Seabiscuit acelerou mais ainda para ultrapassar a linha de chegada com vantagem de mais de quatro comprimentos, numa corrida que War Admiral foi mais rápido do que em todas as corridas que já tinha corrido até aquele momento.
Apesar de que antes a bolsa de aposta dava um largo favoritismo para War Admiral, o fato é que o público em geral torcia para Seabiscuit, pois este cavalo personificava a luta de superação de todos homens simples daquela época, que tinham perdido tudo ou estavam desempregados naquele período de recessão causada pela quebra da Bolsa de Valores Americana, que se julgavam fracassados como fora outrora Seabiscuit, mas que desejam agora a ter a mesma vitória que ele tinha. Tanto isso era verdade que, numa pesquisa feita nesse ano de 1938, sobre as maiores personalidades do mundo, Seabiscuit, um cavalo(!), figurou em décimo lugar, ao lado de pessoas como o presidente americano Roosevelt.
Para finalizar aqui, deixo dois links com a disputa entre Seabiscuit e War Admiral, sendo o primeiro o link com a corrida original e o segundo com a corrida apresentada no filme Seabiscuit – Alma de Herói:
Um excelente filme, mas mal compreendido! Boa direção a cargo de Clint Eastwood, e boa interpretação de Tom Hanks, que souberam entender - e passaram isso para o filme - que são simples personalidades humanas que fazem o melhor da história, e não super-heróis míticos com capacidades sobre-humanas, que existem só na fantasia, e não na realidade. E por elas serem simples seres humanos, é que suas pessoas e seus atos devem ser valorizados, porquanto são exemplares, a despeito de serem falíveis e sujeitos a erros que levam ao fracasso irremediável.
Se o filme fosse cheio de efeitos especiais e de frases de impacto, que valorizassem a pessoa e a proeza do protagonista, um homem simples, certamente o filme seria melhor avaliado pela crítica. Ao que parece, o público em geral tem sido viciado por filmes de super-heróis que negam nossa humanidade, de maneira que só se admira ou se emociona se os seus sentidos forem profundamente afetados por uma injeção avassaladora de apelos emocionais, que seriam capazes, por assim dizer, até de despertar sentimentos nas pedras e convencê-las a fazer proezas. Assim, não me causaria surpresa se alguém, por falta de uma droga estimuladora como essa, tivesse dificuldade de ficar desperto durante esse filme.
Pois é! Quando as pessoas se tornam tão insensíveis à sua íntima natureza, e, por consequência, acabam ficando tão negativamente afetadas pelo mundo ao seu redor, que elas já não mais conseguem perceber as coisas sutis, que dependem do exercício continuado de sua humanidade para serem reconhecidas, daí a necessidade de um estímulo externo intenso para lhes dar, só por um breve instante, aquilo que elas deveriam, mas não conseguiram, acumular interiormente no seu dia-a-dia, que é o sentido de uma vida digna que honra a humanidade com atos exemplares, que não é coisa para super-homens com poderes sobre-humanos, e sim para seres humanos tão simples como nós.
Algumas vezes, deparamo-nos com pessoas que são tão vazias de valores, que se batêssemos em seu peito e disséssemos: tem alguém aí? Não teríamos resposta alguma, exceto um barulho de coisa oca.
Temos aqui um belo filme, com três horas e meia de duração, que tem sido incluído entre romances épicos ou históricos. Porém, o filme é uma obra de ficção e nele o romance é apenas um contexto no qual se expressa claramente duas ideologias. A primeira dessas ideologias, que chamo de ideologia fim ou imediata, é a pretensão de unificação atual dos povos que formavam originariamente a Índia, hoje dividida em República da Índia, Paquistão e Bangladesh. E a segunda ideologia, que chamo de ideologia meio ou mediata, é o Sufismo, uma vertente do Islamismo. Assim, esse filme não é daqueles raros da arte pela arte, mas sim da arte como instrumento ideológico, porquanto através da arte do romance, procura-se atingir um fim político (unidade dos "povos indianos"), através de um meio religioso (estabelecimento do sufismo).
Note que, essas pretensões ideológicas atuais guardavam semelhança com aquelas existentes no período histórico do Imperador Akbar (século XVI), pois ele, além de ser um adepto do sufismo, também procurou unificar a Índia. Desse modo, esse período histórico foi escolhido para o filme por causa dessas semelhanças, que facilitavam expressar a ideologia dos seus idealizadores (produtores e diretores). Contudo, do romance retratado no filme, somente o Imperador Akbar (o amado) é uma personalidade histórica, pois Jodhaa (a amada) é pura ficção, pois seu nome e seu romance com Akbar de fato nunca existiram. Apesar disso, historicamente é comprovado que Akbar, um muçulmano na vertente sufi, casou-se com princesas hindus, não por amor, mas por mera aliança política para facilitar o processo de unificação da Índia, inclusive permitindo que essas esposas continuarem professando sua religião Hinduísta, que era semelhante a sua religião Sufi.
É necessário lembrar ainda que as divisões políticas nessa região acontecem por causa de conflitos religiosos, porque uma parte de sua população é adepta do Hinduísmo (são Hindus) e a outra é adepta do Islamismo (são muçulmanos). Contudo, ainda que o Sufismo seja uma vertente do Islamismo, pode se dizer que suas características são mais próximas do Hinduísmo do que do Islamismo Ortodoxo do qual faz parte, especialmente o seu misticismo que se assemelha ao do Hinduísmo. Além disso, o Sufismo prega tolerância religiosa, contrariamente do que faz o Islamismo Ortodoxo. Diante disso, acredita-se que o Sufismo seria uma expressão religiosa ideal para implementar a unificação e a unidade dos povos da região da Índia.
Excelente drama, baseado em uma história real. O protagonista, que tem uma vida exemplar, acaba sendo vítima de uma fatalidade. Apesar disso, torna-se um caso edificante de dedicação ao esporte, ao mesmo tempo que é um modelo de determinação na conquista de um objetivo de vida. Por isso, é um filme inspirador, ainda que dramático.
Eis aqui outro filme, fundado em caso real, tratando de forma interessante a questão do racismo. Porém, já estou até ouvindo muita gente dizendo que é clichê, sem se darem conta de que não existe outra coisa mais clichê do que dizer que um filme é clichê, pelo que se generalizou a prática de se dizer que um filme é clichê por parte daqueles que nada mais podem dizer dos filmes do que isso, seja por falta de sensibilidade, seja por falta de imaginação.
Contudo, há algo não tão comum assim no modo como o filme trata a questão do racismo, que jamais vai ser notado por aqueles que não sabem dizer nada de filmes que não seja afirmar que são clichês.
Primeiramente, o filme trata da questão do racismo não enfatizando o lado do drama, mas sim o lado da comédia... e olha que há muitos argumentos para se dar risadas da ignorância dos racistas, pelo que a ironia e o sarcasmo são bem-vindos nessa temática, como bem entendeu o filme.
Além disso, o médico alvo de racismo ignorante nesse pequeno vilarejo, onde ele foi exercer sua medicina, poderia reagir de muitas maneira diante disso. Por exemplo, ele poderia ficar revoltado, brigar com todo mundo pela injustiça recebida, e acabar indo embora desse lugar. Ele poderia também ficar magoado, evitar falar do assunto, e ir embora ressentido. Todavia, demonstrando "uma nobreza de alma e uma grandeza de coração", ele optou permanecer no lugar sofrendo o racismo, para que todos no vilarejo tivesse a oportunidade de reconhecer seu caráter e sua capacidade profissional, que nada tinham a ver com a cor da sua pele. E, assim, ele não somente acabou sendo útil para essa comunidade, mas também muito amado, porquanto, mais do que clientes fidelizados, ele ganhou amigos para toda vida. E mais do que isso ainda, pessoas mais humanas surgiram pelo contato com esse médico negro.
Será que o filme procurou inspirar em nós uma óbvia indignação? A primeira impressão que o filme me deixou foi de tristeza, pois o personagem central do filme, que de início é apresentado como um revolucionário inconformado com o "status quo" de sua família e da sociedade, acaba finalmente sendo covarde e se rende à tirania e a crueldade de tradições hipócritas, quer sejam de sua família, quer seja da sociedade em que vive.
É que ele acaba cedendo diante do argumento e da proposta da mãe, no sentido dela ficar com o pai dele na condição de que ele (o filho) desista da mulher a quem ama, e com isso ele inviabiliza a redenção da sua amada, que assim fica sem chance alguma de enfrentar e vencer um mundo que lhe é hostil, e lhe é hostil porque não compreende a razão dela ser como ela é, e, não a compreendendo, também não a aceita.
É triste ver a covardia, a hipocrisia, a tirania, a ignorância e a injustiça "vencendo" o amor!!! Aconselho todos a verem esse filme, com A ÚNICA FINALIDADE de odiar e repudiar, profunda e intensamente, essa "derrota" do amor, porque o amante é um perfeito idiota, e, por isso, o amor não tem êxito em lançar luz sobre sua pobre existência!
Parece que identificar um filme como clichê dá ares de superioridade cultural para aqueles que assim se expressam, o que é uma vaidade digna de compaixão. É necessário entender que coisas simples podem e devem ser expressadas de forma simples, e desejar coisa diferente disso é procurar converter uma bela simplicidade em uma feia complexidade, só para lhe dar uma face de enganosa erudição, para inchar o ego de gente vazia.
Esse filme fala de um bad boy mulherengo, irresponsável e infeliz, mas que acaba tendo uma experiência de pura ternura, tão estranha para o seu mundo de paixões descontroladas e egoístas, que ira mudar toda a perspectiva fútil de sua vida.
Ternura essa que fará ele se importar com pessoas e coisas que antes ele não dava a mínima importância, ternura essa que irá se expressar também para com uma jovem mulher tida como esquizofrênica e paranoica, ternura essa que acabará fazendo com que ele ame essa mulher, com um amor que se traduz em preocupações e cuidados com bem estar dela, que o fará romper com seu egocentrismo narcisista.
Foi uma agradável surpresa ver Eddie Murphy, tão conhecido por papéis cômicos e agora meio sumido das telas, reaparecer neste filme num papel intensamente dramático, baseado em um caso real.
O enredo fala de um homem, que antes de morrer, contratou um talentoso cozinheiro (Eddie Murphy) e deixou uma conta bancária, para que este ajudasse e sustentasse sua amante e a filha dela, pelo prazo de seis meses após sua morte, porque essa amante tem um câncer terminal, cujos médicos lhe dão seis meses de vida no máximo. Ele morre, e o cozinheiro vai para a casa dessas duas mulheres, daí uma uma sucessão de afetos sublimes surge entre eles, que enchendo nossos corações de ternura, acabam transbordando dos nossos olhos em lágrimas.
Filme maravilhoso, baseado em fatos reais, relatando a vida de dois comediantes que irão formar uma dupla que revolucionará a comédia. Um mais velho e em declínio profissional, mas com experiência de vida, e outro mais jovem e iniciando a carreira, mas pessoalmente carismático. Contudo, esse último é um imigrante negro ilegal, que irá enfrentar preconceitos da sociedade, que o fará passar por uma crise existencial para afirmar sua identidade, que não pode ser condicionada pelos conceitos da sociedade nem pelo modo como os outros o vêem.
Atualmente, questiona-se o sistema de educação pública gratuita, especialmente o universitário, sendo crescente o número de especialistas nacionais que, absurdamente, sustentam que o ensino universitário tem que ser de iniciativa privada ou de iniciativa pública mediante pagamento de anuidade, a semelhança do sistema universitário dos Estados Unidos.
Daí a relevância do presente documentário, que avalia o sistema universitário Norte-Americano, demonstrando sua falência institucional e financeira, onde grandes universidades se desviam do seu objetivo educacional para se tornarem centros de entretenimento, e cuja dívida já é mais de um trilhão de dólares, na qual se inclui o endividamento das instituições de ensino com empréstimos astronômicos e endividamento dos estudantes com crédito educacional de difícil pagamento.
Esse documentário chega a questionar não somente a adequação do sistema de ensino universitário com as necessidades da sociedade moderna, mas também a validade da sua própria existência, que possa justificar sua continuidade. Nesse sentido, por exemplo, o documentário chega a analisar formas alternativas de educação, como a do ensino através da internet, seja de uma forma exclusiva ou complementar do ensino presencial regular, como uma forma de democratizar a educação fazendo-a mais acessível para aqueles que não podem pagar por ela. Mas, logo se vê, que o ensino pela internet pode ser até muito mais perverso que aquele acontece de forma presencial.
Eu recomendo este documentário, para todos aqueles que se importam com educação e ensino.
Documentário mais do que interessante, chega a ser chocante! Partindo de um caso específico, envolvendo trabalhadores da agricultura de tomates da Flórida/USA, constata-se uma realidade clamorosa de exploração do ser humano na agricultura norte-americana, cuja força de trabalho é composta majoritariamente por imigrantes hispânicos. Além do trabalho mau remunerado, há também trabalho escravo, sem falar de assédio sexual endêmico de mulheres.
Geralmente, vemos a imigração hispânica ser combatida nos Estados Unidos sob o argumento de que os imigrantes tiram o trabalho dos americanos locais. Mas esse documentário demonstra que nesse país, que é o mais rico do mundo, não se procura acabar com o trabalho ilegal de imigrantes, porque é mão de obra barata e sem meios de lutar contra injustiças de abuso do poder econômico, vez que todo trabalhador que quiser lutar por melhores condições de trabalho, acabam sendo deportados para o seu país de origem.
Assim, enquanto o poder político procura vergonhosamente evitar a entrada de mais imigrantes nos Estados Unidos, já o poder econômico procura explorar com vileza os imigrantes ilegais que se encontram em solo americano, e assim a agricultura e, por consequência, a indústria alimentícia americana, crescem vertiginosamente tripudiando sobre os pobres desse mundo.
Esse é um documentário para ser visto por todos!!!
Eis aqui um filme que demonstra, através do caso do julgamento de Amanda Knox, como a mídia e a imprensa pode manipular a opinião pública, de maneira que uma mentira pode se passar facilmente pela verdade, desde que o resultado econômico das reportagens justifiquem isso.
Só mesmo os inocentes e os simplórios não conseguem entender que a imprensa é formadora de opinião pública e não mera agência imparcial de notícias, pois sempre há uma ideologia que torna tudo tendencioso, e dentre essas ideologias se destacam aquelas que falam das supostas prerrogativas da imprensa, no qual esta teria um poder absoluto e incontrastável que a colocaria acima da ordem legal, poder esse que justificaria quaisquer de suas atividades, ainda que estas estivessem atropelando a verdade somente para que um "furo de reportagem" resultasse em alta audiência, e alta audiência gerasse quantias vultuosas.
No caso desse filme, Amanda Knox foi acusada de ter assassinado uma amiga. Inicialmente, ela foi condenada por causa da influência da imprensa, até que finalmente a sua inocência foi reconhecida judicialmente. Apesar disso, sua vida quase foi destruída emocional e financeiramente, pois ela teve sua vida privada, supostamente promíscua, trazida a público e interpretada no sentido de fazê-la condenável, além de ela ter dispendido muito dinheiro para poder comprovar sua inocência, enquanto a imprensa ganhou milhões de dólares com reportagens sensacionalistas e tendenciosas contra ela.
Assim, esse filme nos intima a refletirmos no papel da imprensa, tanto no aspecto idealizado dos princípios que devem regular sua atuação, como no aspecto da prática real desta atuação.
Esse filme foi uma agradável surpresa! Que bom, um filme inspirador, que nos faz pensar nas tradições vigentes na sociedade moderna e que nos faz desejar realidades que estão além delas. O universo é muito grande e muito belo para que o estejamos reduzindo a uma mísera "caixinha" de pobres convenções sociais, que foram aceitas sem um mínimo de reflexão sobre sua validade ou autenticidade, nas quais um homem vale mais por aquilo que tem ou pode realizar, do que por aquilo que é ou pelos ideais que professa.
É melhor ser um sobrevivente nesse mundo, do que ceder ao conformismo de uma multidão que caminha de olhos vendados. É lamentável constatar que atrás da palavra utopia esconde-se uma multidão de covardes e hipócritas, que jamais tiveram qualquer vislumbre de conhecimento de si próprios e do mundo que os cerca, que são capazes de viver eternamente numa zona de conforto, apesar de, no fundo, saberem que são profundamente infelizes.
Felizes, sim, são aqueles que têm a ousadia de desejar e de buscar um mundo melhor para si e para os outros, e que jamais seriam capazes de abrir mão desse ideal, pelo qual não medem sacrifícios para o tornar real. É desse tipo de gente diferente que o mundo precisa com urgência!
Eis aqui um filme emocionante! É um romance, porém não marcado pela obviedade ou pela previsibilidade, que geralmente estigmatizam filmes desse gênero. É um daqueles filmes despretensiosos que, quando começamos a vê-lo, não podemos deixar de ir adiante até o seu final. Ele, o filme, é como certos romances da vida real, que a gente não se impressiona com alguém logo de cara, mas nós prosseguimos no papo e começamos a descobrir algo interessante nesse alguém, que chega a ser mesmo surpreendente, até que a gente, de repente, sem perceber, já está apaixonado. Assim é esse filme!
Assisti esse filme ontem, pela netflix. Ainda que não tenha um elenco expressivo, pode se dizer que as atuações foram ótimas, com bom roteiro. O assunto tratado no filme é que o faz recomendado. Trata-se de um erro clamoroso da ONU e do governo da Irlanda, que é capaz de causar indignação em qualquer um, quando enviaram uma tropa militar para manter a paz em certa região do Congo/África, tropa essa que depois foi abandonada no campo de batalha. A referida tropa, que contava com pouco mais de duzentos soldados, foi abandonada pela ONU e teve que defender sozinha, por alguns dias, uma base da ONU atacada por milhares de rebeldes melhores armados do que ela, que assim se destacou pelo heroísmo dos seus soldados e pela nobreza de seus oficiais. Recomendo o filme pelo seu conteúdo histórico.
Ainda que esse filme não chegue a constar na minha lista de favoritos, não posso negar que gostei dele. O filme tem falhas? E daí? Só gosto de algo quando não tem falhas? Certamente que não!
O filme mostra o relacionamento de uma família, composta de um homem, uma mulher e os dois filhos deles. A mãe, que era uma famosa fotógrafa das misérias da humanidade, acaba morrendo em um desastre automobilístico, e isso traz sofrimento para os outros, porém nem todos eles sabem que de fato ela cometeu suicídio.
O filme revela o relacionamento dessa família sob o ponto de vista de cada um deles. Assim, um mesmo fato é relatado de modos diferentes, de acordo com a impressão de cada um deles. Se houvesse diálogo real e efetivo entre eles, imaginamos que eles pudessem chegar a uma compreensão dos dilemas que cada um vivenciava, e quem sabe evitar o fato desesperado e traumático do suicídio.
Há um certo nível de diálogo entre eles, mas é superficial e defeituoso, pois o filme mostra que inicialmente esse diálogo nunca foi franco e aberto, porquanto cada um reservava para si próprio certas realidades importantes que deveriam ter sido partilhadas com os outros, o que efetivamente só começou a acontecer depois, quando o fato do suicídio da mãe está para ser revelado em uma publicação na imprensa que irá homenageá-la.
Diante disso, o filme fala da necessidade de diálogo entre as pessoas, mas não simplesmente para ser conhecido o modo de pensar de cada um, mas sim para ser conhecido que há outros modos de ver as coisas diferentes do nosso. Daí, podemos compreender que o filme nos leva a questionar sobre o porquê, em certos momentos, vemos as coisas de um modo inconsistente com a realidade, nos convidando assim a uma reflexão de autoconhecimento pessoal, para entendermos que os nossos dilemas internos não resolvidos nos faz agir de forma inadequada e, muitas vezes, até mesmo desesperada.
Gostei demais desse filme, que retrata a vida do editor de livros Max Perkins e seu relacionamento editorial com os grandes escritores que descobriu e ajudou, como Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald e Thomas Wolfe, com enfase para este último que foi especialmente destacado no filme. Max Perkins não é retratado somente como sendo um mestre destes escritores lendários, mas também como um ser humano especial, pelos seus valores de vida. O time de atores (Colin Firth, Jude Law, Nicole Kidman, entre outros) já faria o filme ser bem recebido, mas seu enredo e sua mensagem por si só já faria o filme ser recomendado sem reserva, como eu faço agora. Não deixem de ver o filme!
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraMuiiito interessante esse filme, baseado no conto "Story of your Life" (História da sua Vida), de Ted Chiang, já lançado do Brasil como parte de uma coletânea de contos do autor ("História da Sua Vida e Outros Contos", pela Editora Intrínseca).
O roteiro do filme esforçou-se muito para seguir o enredo do conto, porém, se o enredo do conto já era uma ficção científica difícil de entender, imagina então colocar isso numa forma cinematográfica. E essa dificuldade deve-se a utilização de conceitos científicos (principalmente de linguística e de física) e de divagações pseudo-científicas. Apesar disso, o filme é fantástico, especialmente para quem gosta de ficção científica.
O roteiro do filme trata da chegada de alienígenas na Terra. Estabelecido o contato com eles, procura-se entender a razão deles terem vinda para cá. Mas como se comunicar com eles se a língua deles é muito difícil, onde nem o som que eles emitem correspondem a forma de escrita circular que eles usam para se comunicar graficamente, nem a noção de tempo deles é linear, ou seja, o tempo presente deles contém tanto o passado como o futuro.
Porém, as dificuldades de comunicação são vencidas com a decifração fantástica do idioma dos alienígenas, quando então ficam sabendo que a razão da vinda deles é nos trazer um presente, presente esse que visar conquistar um objetivo em favor da humanidade. Que presente é esse? Que objetivo é esse? Bom, assistam o filme e tentem descobrir isso.
InnSæi
4.2 36Gostei muito deste documentário! Ele nos faz pensar até que ponto nossa racionalidade (especialmente afetada pela distração do entretenimento) tem sido colocada a serviço de um modo de vida criado por um sistema econômico-social que não está interessado na felicidade das pessoas, mas sim em usá-las para perpetuar sua ideologia materialista. Nesse processo de manipulação para se perpetuar, esse sistema desumaniza o ser humano porque afeta o seu natural modo de conhecer as coisas (intuição) e sua natural sociabilização (empatia).
Esse sistema patrocina a mera racionalidade do homem porque ela é mais facilmente pseudo-educada dos que as outras faculdades humanas, sistema esse que só tem interesse no homem enquanto este for útil para a continuidade incontestada de sua ideologia gananciosa e egoísta. E tudo isso mergulha a humanidade numa solidão ignorante, manipulável e, acima de tudo, infeliz.
Diante disso, é necessário uma interiorização do homem, para resgatar um novo e natural modo de pensar na existência (intuição) e um novo e natural modo de sentir as realidades dessa existência (empatia), que possam nos dar um vislumbre de uma sabedoria e de uma sociabilização que realmente possam promover a desejada felicidade do ser humano. Esse processo inicial de interiorização, que depois é seguido de movimento de dentro para fora (do interior do homem para o mundo exterior), é que o documentário chama de INNSAEI, termo islandês que bem retrata esse fato.
Mas, é importante dizer que a promoção dessa felicidade é um processo que nos fará pensar e sentir as coisas fora de nossa zona de conforto, "fora da caixinha" infeliz, mas supostamente segura, que esse sistema nos atribuiu. Portanto, é indispensável que estejamos abertos a novas experiências e ao risco de cometermos erros, porquanto os erros são comuns no curso de um processo de aprendizagem, contudo serão erros dos quais tiraremos lições de vida que nos possibilitarão chegar no nosso destino final de uma existência plena e, portanto, feliz.
Divinas
4.2 219 Assista AgoraUma amizade linda entre duas meninas, que vivem as realidades e os conflitos da sua adolescência em um cortiço de periferia, onde a pobreza, a violência e o tráfico de drogas destroem tudo, e as misérias humanas se destacam num cenário caótico. Como sobreviver a tudo isso e amadurecer como ser humano, quando nem as famílias ajudam?
Mercy
2.0 118 Assista AgoraParece que a "moral" do filme é mais ou menos esta: não merecem misericórdia, os que não são misericordiosos.
Os Miseráveis - O Musical
4.6 11 Assista AgoraEste é o melhor musical que eu vi em toda minha vida, e olha que eu vi muitos musicais maravilhosos, mas este é de 1995, que não deve ser confundido com o de 2012 com o mesmo título. Tudo é bom nesse musical de 1995, que foi realizado para comemorar dez anos de apresentação do musical. Excelentes cantores (inclusive os cantores mirins), excelentes canções, excelentes músicas instrumentais e até excelentes interpretações dos cantores, inclusive dos vilões! E, acima de tudo, o musical nos deixa grandes lições de vida com sua mensagem temática. Se não for um musical perfeito, quase chegou lá.
Para melhor avaliação e degustação lírica desse musical, veja este link do filmow: https://filmow.com/grupos/indicacoes-de-filmes/les-miserables-1995-os-miseraveis-1995-comemorativa-decimo-aniversario/
O Bebê de Bridget Jones
3.5 552 Assista AgoraGostei do filme, que prossegue na mesma linha dos anteriores. Engraçado, divertido e também instrutivo. Mas, se o filme é muito bom, as músicas das trilhas sonoras são melhores ainda: Still Falling for You (Ellie Goulding), Stay (Rihanna), Thinking Out Loud (Ed Sheeran, que inclusive aparece no filme), Hold my Hand (Jess Glynne), Just my Imagination (The Temptations), etc.. Já inclui essas músicas na minha lista de filmes com as mais belas canções de trilhas sonoras, inclusive com links da internet para serem ouvidas: https://filmow.com/listas/belas-cancoes-do-cinema-com-links-para-videos-da-internet-l90942/
Seabiscuit: Alma de Herói
3.7 122SEABISCUIT – ALMA DE HERÓI
Nenhuma história de animal causou tanto impacto na minha vida do que a de Seabiscuit, um cavalo de corridas, que é retratado nesse filme. Antes de assisti-lo, eu já tinha visto o documentário The Story of Seabiscuit, dirigido pelo diretor Stephen Ives, através do National Geographic Channel, e devo dizer que me emocionei com Seabiscuit e sua história, como vou resumir abaixo.
Seabiscuit era um cavalo puro-sangue na sua linhagem, mas mais lembrava um pangaré. Era pesado e pequeno, tinha uma aparência vulgar que não lembrava o porte nobre de um puro-sangue, além de ter joelhos largos e assimétricos, com uma das pernas puxando para o lado quando corria, que lhe rendeu o apelido jocoso de “cavalo helicóptero”.
Ele também era temperamental e genioso, não gostava de celas e investia contra todos aqueles que desejam por uma sobre ele. Por outro lado, ele comia em excesso, qualquer coisa, e era preguiçoso, dormindo completamente deitado, enquanto cavalos normais não costumam deitar para isso e, quando o fazem, não passam de cinco minutos, mas Seabiscuit fazia isso por horas.
Nas pistas de corrida era um fracasso total, com baixíssimo índice de boas colocações, daí os especialistas comentarem que ele (o cavalo) achava que o objetivo da corrida era só completá-la e não ganhá-la. E, assim a juventude de Seabiscuit ia passando, até que, por fim, machucou-se, pelo que riam dele, chamando-o de “catástrofe equina” e “obra-prima de má formação”.
Mas um dia, um velho treinado de cavalos já esquecido por todos, viu Seabiscuit passando e acenou-lhe com a cabeça, e viu que o cavalo correspondeu o seu cumprimento com um balançar de cabeça semelhante, e esse treinador afeiçoou-se ao cavalo, pois ele sentiu como se o cavalo, com o gesto de sua cabeça, tinha homenageado os seus muitos anos de dedicação ao treino de cavalos. Daí, esse treinado, chamado Tom Smith, puxou Seabiscuit para junto de si e disse: “ainda voltaremos a nos ver”.
Então, Smith, sabendo que ninguém tinha interesse por Seabiscuit, procurou estimular Charles S. Howard, um empresário automobilístico, que gostava de corridas de cavalos, a entrar no negócio de corridas e comprar Seabiscuit, o que acabou acontecendo por $ 8.000, um preço de compra baixíssimo para um puro-sangue, mas que revela como esse cavalo estava desacreditado.
Porém, quando se procurava um jóquei para montar Seabiscuit, muitos não tiveram interesse nisso, e, os que tiveram, foram colocados em fuga pelo cavalo, até que surgiu, Red Pollard, um jóquei de carreira fracassada, porque ele era muito alto para um jóquei e também muito teimoso, e que sobrevivia fazendo “bicos” de pugilista, entretanto ele era sensível a ponto de ler Shakespeare e compor poesia.
Pollard se aproximou de Seabiscuit e começou a lhe falar mansamente, dizendo que sabia do que se passava com ele (o cavalo), porquanto ele (o jóquei) também era um fracassado diante dos outros, e Seabiscuit, por assim dizer, respondeu-lhe relinchando calmamente. Em seguida, Pollard deu um cubo de açúcar para Seabiscuit, e este lhe tocou suavemente com o focinho. Vendo isso, Howard e Smith sentiram que Red Pollard, apesar de suas falhas, era o jóquei ideal para Seabiscuit, e o contrataram.
Assim, essas três pessoas totalmente inadequadas, sendo um proprietário inexperiente no ramo de corridas de cavalo, outro um velho treinador esquecido e outro um jóquei fracassado, irão preparar um cavalo desacreditado para ser um campeão. A primeira medida que tomaram foi deixar o cavalo mais calmo e sociável, pelo que lhe arranjaram a companhia de um pequeno vira-lata e de um pônei amarelo chamado abóbora. Depois, fizeram uma dieta para o cavalo, onde a quantidade foi substituída pela qualidade daquilo que ele comia, que incluía até maças. A seguir, cuidaram da saúde dele, especialmente dos seus joelhos, e o deixaram fazer livremente caminhadas e corridas a céu aberto, fora dos estábulos.
E os três, nessa manifestação de amor e respeito por Seabiscuit, entenderam duas coisas que o caracterizava. Primeiramente, ele gostava muito de correr, e correndo muito, cansava-se rapidamente. Além disso, ele tinha personalidade forte, e quando emparelhado com outro cavalo por certo tempo, ele tinha uma disposição extra de superar o rival na corrida. Assim, usando essas duas características de Seabiscuit, o Jóquei Pollard continha o ímpeto inicial do cavalo, fazendo-o economizar força, depois ele o emparelhava com outros cavalos do primeiro grupo e, por fim, só via a arrancada final de Seabiscuit para a vitória.
Dessa maniera, Seabiscuit começou a ganhar a maioria de suas corridas, e perdendo algumas por causa de Pollard, porquanto este tinha uma deficiência não revelada em um dos olhos, pelo que ele não percebia a aproximação lateral de outros cavalos e assim deixava de posicionar e dar um melhor rendimento para Seabiscuit.
Um ponto alto da carreira de Seabiscuit foi quando, em 1938, enfrentou o seu maior rival, o impressionante puro-sangue chamado War Admiral, eleito o cavalo do ano anterior (1937), porquanto ganhou a tríplice coroa americana. Programaram uma corrida somente para os dois cavalos, para verificarem qual era o melhor cavalos de todos os tempos. A bolsa de aposta, formada por gente rica e especialistas em cavalos, dava o favoritismo para War Admiral de 4 para 1.
Assim, a disputa dos dois aconteceu em 1º de novembro de 1938, e um fato inusitado ocorreu, porquanto desde o início da corrida, quando os dois cavalos ficaram emparelhados, Seabiscuit tomou logo a dianteira e foi aumentando sua vantagem a cada metro, até que depois o jóquei aliviou um pouco seu galope desenfreado, permitindo War Admiral aproximar-se a ponto de Seabiscuit vê-lo novamente, e, quando isso aconteceu, Seabiscuit acelerou mais ainda para ultrapassar a linha de chegada com vantagem de mais de quatro comprimentos, numa corrida que War Admiral foi mais rápido do que em todas as corridas que já tinha corrido até aquele momento.
Apesar de que antes a bolsa de aposta dava um largo favoritismo para War Admiral, o fato é que o público em geral torcia para Seabiscuit, pois este cavalo personificava a luta de superação de todos homens simples daquela época, que tinham perdido tudo ou estavam desempregados naquele período de recessão causada pela quebra da Bolsa de Valores Americana, que se julgavam fracassados como fora outrora Seabiscuit, mas que desejam agora a ter a mesma vitória que ele tinha. Tanto isso era verdade que, numa pesquisa feita nesse ano de 1938, sobre as maiores personalidades do mundo, Seabiscuit, um cavalo(!), figurou em décimo lugar, ao lado de pessoas como o presidente americano Roosevelt.
Para finalizar aqui, deixo dois links com a disputa entre Seabiscuit e War Admiral, sendo o primeiro o link com a corrida original e o segundo com a corrida apresentada no filme Seabiscuit – Alma de Herói:
1º link: https://www.youtube.com/watch?v=WVT2MPNCqgM
2º link: https://www.youtube.com/watch?v=qAoqUrdYYio
Corações Perdidos
3.6 565Sem palavras, exceto para dizer: simplesmente emocionante, perdas afetivas sendo superadas de maneira construtiva.
Sully: O Herói do Rio Hudson
3.6 577 Assista AgoraUm excelente filme, mas mal compreendido! Boa direção a cargo de Clint Eastwood, e boa interpretação de Tom Hanks, que souberam entender - e passaram isso para o filme - que são simples personalidades humanas que fazem o melhor da história, e não super-heróis míticos com capacidades sobre-humanas, que existem só na fantasia, e não na realidade. E por elas serem simples seres humanos, é que suas pessoas e seus atos devem ser valorizados, porquanto são exemplares, a despeito de serem falíveis e sujeitos a erros que levam ao fracasso irremediável.
Se o filme fosse cheio de efeitos especiais e de frases de impacto, que valorizassem a pessoa e a proeza do protagonista, um homem simples, certamente o filme seria melhor avaliado pela crítica. Ao que parece, o público em geral tem sido viciado por filmes de super-heróis que negam nossa humanidade, de maneira que só se admira ou se emociona se os seus sentidos forem profundamente afetados por uma injeção avassaladora de apelos emocionais, que seriam capazes, por assim dizer, até de despertar sentimentos nas pedras e convencê-las a fazer proezas. Assim, não me causaria surpresa se alguém, por falta de uma droga estimuladora como essa, tivesse dificuldade de ficar desperto durante esse filme.
Pois é! Quando as pessoas se tornam tão insensíveis à sua íntima natureza, e, por consequência, acabam ficando tão negativamente afetadas pelo mundo ao seu redor, que elas já não mais conseguem perceber as coisas sutis, que dependem do exercício continuado de sua humanidade para serem reconhecidas, daí a necessidade de um estímulo externo intenso para lhes dar, só por um breve instante, aquilo que elas deveriam, mas não conseguiram, acumular interiormente no seu dia-a-dia, que é o sentido de uma vida digna que honra a humanidade com atos exemplares, que não é coisa para super-homens com poderes sobre-humanos, e sim para seres humanos tão simples como nós.
Algumas vezes, deparamo-nos com pessoas que são tão vazias de valores, que se batêssemos em seu peito e disséssemos: tem alguém aí? Não teríamos resposta alguma, exceto um barulho de coisa oca.
Jodhaa Akbar
4.3 71 Assista AgoraTemos aqui um belo filme, com três horas e meia de duração, que tem sido incluído entre romances épicos ou históricos. Porém, o filme é uma obra de ficção e nele o romance é apenas um contexto no qual se expressa claramente duas ideologias. A primeira dessas ideologias, que chamo de ideologia fim ou imediata, é a pretensão de unificação atual dos povos que formavam originariamente a Índia, hoje dividida em República da Índia, Paquistão e Bangladesh. E a segunda ideologia, que chamo de ideologia meio ou mediata, é o Sufismo, uma vertente do Islamismo. Assim, esse filme não é daqueles raros da arte pela arte, mas sim da arte como instrumento ideológico, porquanto através da arte do romance, procura-se atingir um fim político (unidade dos "povos indianos"), através de um meio religioso (estabelecimento do sufismo).
Note que, essas pretensões ideológicas atuais guardavam semelhança com aquelas existentes no período histórico do Imperador Akbar (século XVI), pois ele, além de ser um adepto do sufismo, também procurou unificar a Índia. Desse modo, esse período histórico foi escolhido para o filme por causa dessas semelhanças, que facilitavam expressar a ideologia dos seus idealizadores (produtores e diretores). Contudo, do romance retratado no filme, somente o Imperador Akbar (o amado) é uma personalidade histórica, pois Jodhaa (a amada) é pura ficção, pois seu nome e seu romance com Akbar de fato nunca existiram. Apesar disso, historicamente é comprovado que Akbar, um muçulmano na vertente sufi, casou-se com princesas hindus, não por amor, mas por mera aliança política para facilitar o processo de unificação da Índia, inclusive permitindo que essas esposas continuarem professando sua religião Hinduísta, que era semelhante a sua religião Sufi.
É necessário lembrar ainda que as divisões políticas nessa região acontecem por causa de conflitos religiosos, porque uma parte de sua população é adepta do Hinduísmo (são Hindus) e a outra é adepta do Islamismo (são muçulmanos). Contudo, ainda que o Sufismo seja uma vertente do Islamismo, pode se dizer que suas características são mais próximas do Hinduísmo do que do Islamismo Ortodoxo do qual faz parte, especialmente o seu misticismo que se assemelha ao do Hinduísmo. Além disso, o Sufismo prega tolerância religiosa, contrariamente do que faz o Islamismo Ortodoxo. Diante disso, acredita-se que o Sufismo seria uma expressão religiosa ideal para implementar a unificação e a unidade dos povos da região da Índia.
Coragem Em Campo
3.6 18Excelente drama, baseado em uma história real. O protagonista, que tem uma vida exemplar, acaba sendo vítima de uma fatalidade. Apesar disso, torna-se um caso edificante de dedicação ao esporte, ao mesmo tempo que é um modelo de determinação na conquista de um objetivo de vida. Por isso, é um filme inspirador, ainda que dramático.
Bem-Vindo, Doutor
4.1 276Eis aqui outro filme, fundado em caso real, tratando de forma interessante a questão do racismo. Porém, já estou até ouvindo muita gente dizendo que é clichê, sem se darem conta de que não existe outra coisa mais clichê do que dizer que um filme é clichê, pelo que se generalizou a prática de se dizer que um filme é clichê por parte daqueles que nada mais podem dizer dos filmes do que isso, seja por falta de sensibilidade, seja por falta de imaginação.
Contudo, há algo não tão comum assim no modo como o filme trata a questão do racismo, que jamais vai ser notado por aqueles que não sabem dizer nada de filmes que não seja afirmar que são clichês.
Primeiramente, o filme trata da questão do racismo não enfatizando o lado do drama, mas sim o lado da comédia... e olha que há muitos argumentos para se dar risadas da ignorância dos racistas, pelo que a ironia e o sarcasmo são bem-vindos nessa temática, como bem entendeu o filme.
Além disso, o médico alvo de racismo ignorante nesse pequeno vilarejo, onde ele foi exercer sua medicina, poderia reagir de muitas maneira diante disso. Por exemplo, ele poderia ficar revoltado, brigar com todo mundo pela injustiça recebida, e acabar indo embora desse lugar. Ele poderia também ficar magoado, evitar falar do assunto, e ir embora ressentido. Todavia, demonstrando "uma nobreza de alma e uma grandeza de coração", ele optou permanecer no lugar sofrendo o racismo, para que todos no vilarejo tivesse a oportunidade de reconhecer seu caráter e sua capacidade profissional, que nada tinham a ver com a cor da sua pele. E, assim, ele não somente acabou sendo útil para essa comunidade, mas também muito amado, porquanto, mais do que clientes fidelizados, ele ganhou amigos para toda vida. E mais do que isso ainda, pessoas mais humanas surgiram pelo contato com esse médico negro.
Então, isso é clichê?!
Indignação
3.3 88 Assista AgoraSerá que o filme procurou inspirar em nós uma óbvia indignação? A primeira impressão que o filme me deixou foi de tristeza, pois o personagem central do filme, que de início é apresentado como um revolucionário inconformado com o "status quo" de sua família e da sociedade, acaba finalmente sendo covarde e se rende à tirania e a crueldade de tradições hipócritas, quer sejam de sua família, quer seja da sociedade em que vive.
É que ele acaba cedendo diante do argumento e da proposta da mãe, no sentido dela ficar com o pai dele na condição de que ele (o filho) desista da mulher a quem ama, e com isso ele inviabiliza a redenção da sua amada, que assim fica sem chance alguma de enfrentar e vencer um mundo que lhe é hostil, e lhe é hostil porque não compreende a razão dela ser como ela é, e, não a compreendendo, também não a aceita.
É triste ver a covardia, a hipocrisia, a tirania, a ignorância e a injustiça "vencendo" o amor!!! Aconselho todos a verem esse filme, com A ÚNICA FINALIDADE de odiar e repudiar, profunda e intensamente, essa "derrota" do amor, porque o amante é um perfeito idiota, e, por isso, o amor não tem êxito em lançar luz sobre sua pobre existência!
O Seu Jeito de Andar
3.4 340 Assista AgoraParece que identificar um filme como clichê dá ares de superioridade cultural para aqueles que assim se expressam, o que é uma vaidade digna de compaixão. É necessário entender que coisas simples podem e devem ser expressadas de forma simples, e desejar coisa diferente disso é procurar converter uma bela simplicidade em uma feia complexidade, só para lhe dar uma face de enganosa erudição, para inchar o ego de gente vazia.
Esse filme fala de um bad boy mulherengo, irresponsável e infeliz, mas que acaba tendo uma experiência de pura ternura, tão estranha para o seu mundo de paixões descontroladas e egoístas, que ira mudar toda a perspectiva fútil de sua vida.
Ternura essa que fará ele se importar com pessoas e coisas que antes ele não dava a mínima importância, ternura essa que irá se expressar também para com uma jovem mulher tida como esquizofrênica e paranoica, ternura essa que acabará fazendo com que ele ame essa mulher, com um amor que se traduz em preocupações e cuidados com bem estar dela, que o fará romper com seu egocentrismo narcisista.
Se isso for cliclê, então VIVA O CLICLÊ!!!
Mr. Church
4.0 62Foi uma agradável surpresa ver Eddie Murphy, tão conhecido por papéis cômicos e agora meio sumido das telas, reaparecer neste filme num papel intensamente dramático, baseado em um caso real.
O enredo fala de um homem, que antes de morrer, contratou um talentoso cozinheiro (Eddie Murphy) e deixou uma conta bancária, para que este ajudasse e sustentasse sua amante e a filha dela, pelo prazo de seis meses após sua morte, porque essa amante tem um câncer terminal, cujos médicos lhe dão seis meses de vida no máximo. Ele morre, e o cozinheiro vai para a casa dessas duas mulheres, daí uma uma sucessão de afetos sublimes surge entre eles, que enchendo nossos corações de ternura, acabam transbordando dos nossos olhos em lágrimas.
Chocolate
4.0 126 Assista AgoraFilme maravilhoso, baseado em fatos reais, relatando a vida de dois comediantes que irão formar uma dupla que revolucionará a comédia. Um mais velho e em declínio profissional, mas com experiência de vida, e outro mais jovem e iniciando a carreira, mas pessoalmente carismático. Contudo, esse último é um imigrante negro ilegal, que irá enfrentar preconceitos da sociedade, que o fará passar por uma crise existencial para afirmar sua identidade, que não pode ser condicionada pelos conceitos da sociedade nem pelo modo como os outros o vêem.
Torre de Marfim: A Crise Universitária Norte-Americana
3.9 14 Assista AgoraAtualmente, questiona-se o sistema de educação pública gratuita, especialmente o universitário, sendo crescente o número de especialistas nacionais que, absurdamente, sustentam que o ensino universitário tem que ser de iniciativa privada ou de iniciativa pública mediante pagamento de anuidade, a semelhança do sistema universitário dos Estados Unidos.
Daí a relevância do presente documentário, que avalia o sistema universitário Norte-Americano, demonstrando sua falência institucional e financeira, onde grandes universidades se desviam do seu objetivo educacional para se tornarem centros de entretenimento, e cuja dívida já é mais de um trilhão de dólares, na qual se inclui o endividamento das instituições de ensino com empréstimos astronômicos e endividamento dos estudantes com crédito educacional de difícil pagamento.
Esse documentário chega a questionar não somente a adequação do sistema de ensino universitário com as necessidades da sociedade moderna, mas também a validade da sua própria existência, que possa justificar sua continuidade. Nesse sentido, por exemplo, o documentário chega a analisar formas alternativas de educação, como a do ensino através da internet, seja de uma forma exclusiva ou complementar do ensino presencial regular, como uma forma de democratizar a educação fazendo-a mais acessível para aqueles que não podem pagar por ela. Mas, logo se vê, que o ensino pela internet pode ser até muito mais perverso que aquele acontece de forma presencial.
Eu recomendo este documentário, para todos aqueles que se importam com educação e ensino.
Food Chains
4.1 3Documentário mais do que interessante, chega a ser chocante! Partindo de um caso específico, envolvendo trabalhadores da agricultura de tomates da Flórida/USA, constata-se uma realidade clamorosa de exploração do ser humano na agricultura norte-americana, cuja força de trabalho é composta majoritariamente por imigrantes hispânicos. Além do trabalho mau remunerado, há também trabalho escravo, sem falar de assédio sexual endêmico de mulheres.
Geralmente, vemos a imigração hispânica ser combatida nos Estados Unidos sob o argumento de que os imigrantes tiram o trabalho dos americanos locais. Mas esse documentário demonstra que nesse país, que é o mais rico do mundo, não se procura acabar com o trabalho ilegal de imigrantes, porque é mão de obra barata e sem meios de lutar contra injustiças de abuso do poder econômico, vez que todo trabalhador que quiser lutar por melhores condições de trabalho, acabam sendo deportados para o seu país de origem.
Assim, enquanto o poder político procura vergonhosamente evitar a entrada de mais imigrantes nos Estados Unidos, já o poder econômico procura explorar com vileza os imigrantes ilegais que se encontram em solo americano, e assim a agricultura e, por consequência, a indústria alimentícia americana, crescem vertiginosamente tripudiando sobre os pobres desse mundo.
Esse é um documentário para ser visto por todos!!!
Amanda Knox
3.6 229 Assista AgoraEis aqui um filme que demonstra, através do caso do julgamento de Amanda Knox, como a mídia e a imprensa pode manipular a opinião pública, de maneira que uma mentira pode se passar facilmente pela verdade, desde que o resultado econômico das reportagens justifiquem isso.
Só mesmo os inocentes e os simplórios não conseguem entender que a imprensa é formadora de opinião pública e não mera agência imparcial de notícias, pois sempre há uma ideologia que torna tudo tendencioso, e dentre essas ideologias se destacam aquelas que falam das supostas prerrogativas da imprensa, no qual esta teria um poder absoluto e incontrastável que a colocaria acima da ordem legal, poder esse que justificaria quaisquer de suas atividades, ainda que estas estivessem atropelando a verdade somente para que um "furo de reportagem" resultasse em alta audiência, e alta audiência gerasse quantias vultuosas.
No caso desse filme, Amanda Knox foi acusada de ter assassinado uma amiga. Inicialmente, ela foi condenada por causa da influência da imprensa, até que finalmente a sua inocência foi reconhecida judicialmente. Apesar disso, sua vida quase foi destruída emocional e financeiramente, pois ela teve sua vida privada, supostamente promíscua, trazida a público e interpretada no sentido de fazê-la condenável, além de ela ter dispendido muito dinheiro para poder comprovar sua inocência, enquanto a imprensa ganhou milhões de dólares com reportagens sensacionalistas e tendenciosas contra ela.
Assim, esse filme nos intima a refletirmos no papel da imprensa, tanto no aspecto idealizado dos princípios que devem regular sua atuação, como no aspecto da prática real desta atuação.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraEsse filme foi uma agradável surpresa! Que bom, um filme inspirador, que nos faz pensar nas tradições vigentes na sociedade moderna e que nos faz desejar realidades que estão além delas. O universo é muito grande e muito belo para que o estejamos reduzindo a uma mísera "caixinha" de pobres convenções sociais, que foram aceitas sem um mínimo de reflexão sobre sua validade ou autenticidade, nas quais um homem vale mais por aquilo que tem ou pode realizar, do que por aquilo que é ou pelos ideais que professa.
É melhor ser um sobrevivente nesse mundo, do que ceder ao conformismo de uma multidão que caminha de olhos vendados. É lamentável constatar que atrás da palavra utopia esconde-se uma multidão de covardes e hipócritas, que jamais tiveram qualquer vislumbre de conhecimento de si próprios e do mundo que os cerca, que são capazes de viver eternamente numa zona de conforto, apesar de, no fundo, saberem que são profundamente infelizes.
Felizes, sim, são aqueles que têm a ousadia de desejar e de buscar um mundo melhor para si e para os outros, e que jamais seriam capazes de abrir mão desse ideal, pelo qual não medem sacrifícios para o tornar real. É desse tipo de gente diferente que o mundo precisa com urgência!
Lembranças de um Amor Eterno
3.2 49 Assista AgoraEis aqui um filme emocionante! É um romance, porém não marcado pela obviedade ou pela previsibilidade, que geralmente estigmatizam filmes desse gênero. É um daqueles filmes despretensiosos que, quando começamos a vê-lo, não podemos deixar de ir adiante até o seu final. Ele, o filme, é como certos romances da vida real, que a gente não se impressiona com alguém logo de cara, mas nós prosseguimos no papo e começamos a descobrir algo interessante nesse alguém, que chega a ser mesmo surpreendente, até que a gente, de repente, sem perceber, já está apaixonado. Assim é esse filme!
O Cerco de Jadotville
3.8 158 Assista AgoraAssisti esse filme ontem, pela netflix. Ainda que não tenha um elenco expressivo, pode se dizer que as atuações foram ótimas, com bom roteiro. O assunto tratado no filme é que o faz recomendado. Trata-se de um erro clamoroso da ONU e do governo da Irlanda, que é capaz de causar indignação em qualquer um, quando enviaram uma tropa militar para manter a paz em certa região do Congo/África, tropa essa que depois foi abandonada no campo de batalha. A referida tropa, que contava com pouco mais de duzentos soldados, foi abandonada pela ONU e teve que defender sozinha, por alguns dias, uma base da ONU atacada por milhares de rebeldes melhores armados do que ela, que assim se destacou pelo heroísmo dos seus soldados e pela nobreza de seus oficiais. Recomendo o filme pelo seu conteúdo histórico.
Mais Forte que Bombas
3.5 133 Assista AgoraAinda que esse filme não chegue a constar na minha lista de favoritos, não posso negar que gostei dele. O filme tem falhas? E daí? Só gosto de algo quando não tem falhas? Certamente que não!
O filme mostra o relacionamento de uma família, composta de um homem, uma mulher e os dois filhos deles. A mãe, que era uma famosa fotógrafa das misérias da humanidade, acaba morrendo em um desastre automobilístico, e isso traz sofrimento para os outros, porém nem todos eles sabem que de fato ela cometeu suicídio.
O filme revela o relacionamento dessa família sob o ponto de vista de cada um deles. Assim, um mesmo fato é relatado de modos diferentes, de acordo com a impressão de cada um deles. Se houvesse diálogo real e efetivo entre eles, imaginamos que eles pudessem chegar a uma compreensão dos dilemas que cada um vivenciava, e quem sabe evitar o fato desesperado e traumático do suicídio.
Há um certo nível de diálogo entre eles, mas é superficial e defeituoso, pois o filme mostra que inicialmente esse diálogo nunca foi franco e aberto, porquanto cada um reservava para si próprio certas realidades importantes que deveriam ter sido partilhadas com os outros, o que efetivamente só começou a acontecer depois, quando o fato do suicídio da mãe está para ser revelado em uma publicação na imprensa que irá homenageá-la.
Diante disso, o filme fala da necessidade de diálogo entre as pessoas, mas não simplesmente para ser conhecido o modo de pensar de cada um, mas sim para ser conhecido que há outros modos de ver as coisas diferentes do nosso. Daí, podemos compreender que o filme nos leva a questionar sobre o porquê, em certos momentos, vemos as coisas de um modo inconsistente com a realidade, nos convidando assim a uma reflexão de autoconhecimento pessoal, para entendermos que os nossos dilemas internos não resolvidos nos faz agir de forma inadequada e, muitas vezes, até mesmo desesperada.
O Mestre dos Gênios
3.5 95 Assista AgoraGostei demais desse filme, que retrata a vida do editor de livros Max Perkins e seu relacionamento editorial com os grandes escritores que descobriu e ajudou, como Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald e Thomas Wolfe, com enfase para este último que foi especialmente destacado no filme. Max Perkins não é retratado somente como sendo um mestre destes escritores lendários, mas também como um ser humano especial, pelos seus valores de vida. O time de atores (Colin Firth, Jude Law, Nicole Kidman, entre outros) já faria o filme ser bem recebido, mas seu enredo e sua mensagem por si só já faria o filme ser recomendado sem reserva, como eu faço agora. Não deixem de ver o filme!