Débora Chaves

Apesar de todos os pesares... A delicadeza da personalidade de Yves fica explicita no filme. Na genialidade, criatividade, na inconstância e no pânico de ver todo seu trabalho ser limitado pela guerra.
É engraçado como em algumas cenas isso foi colocado de forma tão leve quando é óbvio o quanto isso afetava o próprio Yves.
As transições de estilo são fantásticas e realmente inspiradoras pra qualquer estudante de Moda!

No mais, a relação dele com o Pierre dá uma dorzinha no coração de tão frágil que era. Passei boa parte do filme com o coração na mão e morri na última cena, haha.

É incrível ver que Saramago transcrevia o que via da vida e fazia da sua própria um livro que ele escreveria. O carinho dele por Pilar é encantador e eu sinceramente não poderia esperar menos de alguém tem genial e sensível como ele foi.

E os diálogos? Puxa.

"Um dia escrevi que tudo é autobiografia; que a vida de cada um de nós estamos contando enquanto fazemos e dizemos; nos gestos, na maneira como andamos e olhamos, como viramos a cabeça ou apanhamos um objeto no chão. Queria eu dizer, então, que vivendo rodeado de sinais, nós próprios somos um sistema de sinais. Seja como for, que os leitores se tranquilizem: este Narciso que hoje se contempla na água, desfará, amanhã, com sua própria mão, a imagem que o contempla".

Visceral.
A cena final com Verlaine foi muito linda, me pegou totalmente despreparada.