Smells like propaganda sionista que engata romance, inviavelmente, pacifista para justificar manipulação e sequestro (na visão masculina e dominante) do papel ''mulher-atriz-dissimulada'' (o clichê de gênero da capitu oscilante, fêmea emocional que abandona convicções pró-palestina em nome da postura ongueira só o amor salva) e mostrar como os árabes são monstrengos desumanos que estouram bombas sobre criancinhas israelenses (embora o personagem do affair da moça, ostente toda a narrativa da desgraça da ocupação israelense por trás dos tanques, mas ninguém questiona o direito do sionismo colonizar um território palestino já ocupado sob o pretexto do holocausto rsrs). A rede goebbels poderia exibir tranquilamente na tela quente...
Vale apenas pelo registro histórico das imagens, mas que sofrimento acompanhar essa linguagem estadunidense do cinemão espetáculo ''expedição a revelar a aventura exótica na selva subdesenvolvida e primitiva '' e o clichê ridículo do ''mim gringo qué safari'' . E nada a ver com anacronismo histórico exigir uma consciência histórica crítica do papel tosco que está representado pelo diretor, naquele momento vivido, quando a mesma disposição neocolonial de pilhagem indiana jones com alegria civilizatória persiste como programas cinematográfico e político, globais, ainda hoje.
Do calvário romântico ao Éden banhado pela maleita: Flashbacks narrativos da decadência burguesa individualista versus o background indígena para encontro cosmológico consigo mesmo no Xingu: a carga dramática das atuações, a lição ao etnocentrismo da 'turista/amante' valem todo o desencontro que a adaptação cinematográfica da obra (subestimada) suscita ao Jesus/modelo/gigolo/gênio incompreendido (Tarcísio Meira) que foge da civilização.
Interessante. Trata-se de uma narrativa a respeito do processo de composição de um romance homônimo do filme, onde o escritor Pedro se vale de um isolamento criativo e imersivo com bonecos/espantalhos que representam os personagens do livro, na companhia de sua musa, Marcela e, esporadicamente, dos caseiros crentes que espiam e perturbam o refúgio psicodélico dos dois sujeitos. A pose de obra independente anunciada logo no início e da fala de Pedro sobre a obra ser um romance pretensioso para poucos, nada interfere na fruição do filme, e pode assustar os incautos, mas o conteúdo narrativo se revela coerente e menos experimental, ou bressaniano, do que se espera.
Uma obra sombria do mestre Jean Garrett carregada de ironia contrastiva sobre a auto ajuda e o gótico com o Antonio Fagundes exalando sensualidade bruta e Selma Egrei maravilhosamente impassível.
É um filme mediano, leve, feito sob encomenda para homenagear o heroísmo individual de alguém, mas contém atrativos irresistíveis para o público (os fãs e o resto) e a cultura pop dos anos 90: a história do funk carioca e os hits de Claudinho e Buchecha, que apelam para a nostalgia de uma geração, o que faz o filme ser imperdível. No entanto, por ser um filme quase sob uma perspectiva ''caseira'' superproduzida, isto é, de homenagem para familiares mas alargada para algo de relevância social (a história da cultura pop 90s e o funk), traz os velhos clichês ideológicos da globofilmes (heroísmo individual, história de superação, o sonho do empreendedorismo e do selfmademan), mas conseguiu transmitir o carisma da dupla e a febre do momento para quem viveu. Poderia ter trazido mais arquivos Vhs e deixou um gosto de quero mais. Funk também é cultura, adjudicamos.
É como se mirasse no Pedro Costa e atingisse no folhetim mexicano: um monte de situações melodramáticas que abordam o vazio existencial, a angústia, mas com diálogos manjados e interpretações caricatas do que supõem ser o homem comum atribulado
Pérola absoluta do trash boca do lixo e da tosqueira policial nacional, fica melhor a cada minuto. A composição da sequência do Sacolão é irretocável, a ruindade nonchalant das atuações só abrilhanta o material e tudo no filme é picareta mas espirituoso, genuíno e espontâneo, o que vai além da boa vontade e dos clichês maçantes do gênero: de fato existe situações (in)voluntariamente cômicas geniais (como a morte do crente e a apreensão de coca em SBC). Com tantos defeitos especiais, é uma delícia de assistir.
Nota: ...∞ (-) 0. Como a autorepresentação da classe média consegue ser tão insuportavelmente constrangedora com suas espirais ensaísticas de ruminação para tratamento de culpa, de declamações de desabafos sucessivos e intimistas no seu hálito piegas de chão de taco, e em dancinhas de tiktok bugado da Pina Bausch, sob uma costura narrativa que visa, aparentemente, sugerir uma pretensão sentimentalista de ''sintonia corporal'' com o espectador, só faltou a trilha de ukulele ou da Tiê para coroar essa tortura audiovisual de quase duas horas...
Uma amostra da decadência da cultura estadunidense entranhada e responsável pela guerra híbrida cultural entre o identitarismo woke liberal e o identitarismo masculinista incel nerd cristão, onde a política está reduzida à mudança/permanência de costume e presunção de superioridade moral. O filme, realizado por uma pessoa imersa no universo nerd, embarca na narrativa punitivista moralista estadunidense, do macarthismo à lição de moral de Frank Capra, que estimula o ethos de gênero maniqueísta da multidão cujas tripas clamam para a queima da bruxa em praça pública ou pela execução do bandido dos espectadores de programa policial. A culpa pela escrotice nerd encontra a sinalização de virtude woke, mas com diálogos e situações nonsense interessantes, dignas do diretor, mas quis chamar atenção ou tirar sarro desse lugar estadunidense maniqueísta e de fato o que salva o filme é a insanidade do personagem de Michael Parks, onde o resto todo é caricatura (o nerd incel bonzinho ''normie'/ blue pill', o nerd incel malvadão redpill, a mocinha fofinha de origem latina sofredora pelos machos tóxicos e o surto coletivo pra popularidade digital)
Um caracol retrospectivo das obras do próprio KMF e um ensaio muito personalista de como o cinema reflete as mudanças da cidade que não faz a conexão sugerida entre Boa Viagem/Setubal e o Centro, senão pelo vínculo que os nativos locais entendem e um afeto descompromissado com uma lógica de encadeamento. ''O dinheiro foi pra BOA VIAGEM, a especulação tá matando o bairro'', Tá querido, mas como/ quando aconteceu, isso ocorre em toda cidade brasileira, mas o público não é obrigado a entender os motivos e sua obra não contribui para isso, como se isso fosse óbvio para as novas gerações; contribui senão para nostalgia e autocelebração. (É como se fosse uma lógica de série: assista Aquarius e entenda rsrs, ''eu não preciso evocar as incorporadoras, a especulação, já o fiz em Aquarius e Recife Frio ou criticar os multiplexes que vão exibir meus filmes''). A mesma lamentação pessoal da gramática Petra Costa para fazer documentário. Autocelebração e tapa buraco confessional para vazio de inspiração para falar da pesquisa que ele empreende desde o Tcc. Tem valor afetivo para a megalomania recifense e como documento da época e só. Reproduz a mesma tônica ufanista e endogâmica da geração pósretomada/pós-árido-movie ''falar da classe média recifense e dos problemas da cidade'' e a retórica ululante da brodagem audiovisual (ver a tese de Amanda Mansur Nogueira ''A brodagem no cinema pernambucano'' (2014). Os fãs vão se esbaldar e os nostálgicos da geração dele: filme feito sob medida para agradar ''suspeitos''. A fala dele sobre o centro ''goste ou foda-se'' reflete a fruição de culto petulante e pode usar o mesmo artifício acusatório para quem desgostar ''é porque quer ar-condicionado no centro''. Enfim , é uma fórmula fácil da espiral da brodagem. De fato, é muita história interessante, o Recife é lindo, muito arquivo, muitas emoções, mas a narrativa hiperpessoal só joga isso conforme um album de fotos ou slides exibidos na sala de estar.
Esquete do Porta do Fundos [2]: a pandemia é um pretexto para promover uma narrativa woke militante "sutil" disfarçada de imersão cotidiana no gueto gay, bem ao gosto da leva de filmes de Gustavo Vinagre, do coletivo de surto & deslumbramento e o longa corpo elétrico, onde se problematizam (ou tentam dissolver) as preferências sexuais homonormativas e as endogamias tribais (bear-bear, barbie-barbie, twink-twink, garanhão (hunk)-garanhão, a posição dos gordos, dos afeminados e homens trans nos aplicativos etc.).
Ou seja: isto vai além de uma simples constatação de uma crítica que levante questões entre a verossimilhança da obra com a realidade vivida e a licença poética da obra. Existe um apelo para esse tipo de questão 'justiceira social' , que dá a impressão ou sugestão de resolver conflitos pessoais e/ ou os sentidos na própria comunidade, o que sustenta uma regularidade desse tema/interesse. E torna a obra mais um panfleto do óbvio ululante e uma caricatura do que uma imersão sensível em subjetividades/paisagens/personagens reais ou não. Não se trata de representatividade do real, nem de licença poética, mas de repetição do mais do mesmo. Até porque pode haver mistura e desejo entre padrãozinho e bear ou bear e cafuçu ou bear e negro (na ficção e no real). O problema está é nesse apelo mal resolvido onde se reconhece o lugar social do supostamente 'inferior'/rejeitado (o bear) e endossa o 'valorizado' viril padrão, reforçando este último como ideal privilegiado do desejo, dentro do ideal da militância (a mistura dos corpos forçada além das caricaturas de tipos combinados) como se o problema social do rejeitado fosse produto exclusivo de sua baixa auto estima e que num passe de mágica ideal, puf!, com o reconhecimento pelo padrãozinho da beleza do corpo gordo, todo o problema acaba, como se o padrãozinho fosse o responsável pela seleção social dos corpos e o 'gosto padrão' e, principalmente, quem vai dar a licença mental pro rejeitado se sentir empoderado, a cura da sua insegurança. É muito fácil a militância cobrar do padrãozinho que deseje o rejeitado como critério de promoção da diversidade e repúdio ao uniforme endogâmico, mas ela própria continuar desejando e reforçando o padrão como alvo do desejo...
Como uma utopia da ''suruba universal onde ninguém é rejeitado'' ''cota sexual de padrãozinho e homem viril pros excluídos'' ou uma terapia que ignora a diversidade e a contradição do mundo real. Bem ao gosto do identitarismo estadunidense psicológico e puritano (blábláblá, o pessoal privado é político) que sequestrou a pauta das sexualidades dissidentes e acha que vai mudar o mundo com distribuição de culpa individual (rsrs).
O filme faz uma crítica ao identitarismo e ao discurso militante sobre hipersexualização do homem negro, colorismo ou heteroidentificação (o personagem de Marcus Curvelo e a amiga negra), mas faz o mesmo tipo de militância ''sutil'' da ''cultura da responsabilidade/cancelamento'' hiperpreocupada com o emocional dos oprimidos e as formas como as pessoas devem se sentir em relação a eles (o que é maternalismo/paternalismo autoritário, obviamente: eu sei como as pessoas devem se sentir, vou tomar as dores de todos para falar em nome deles, dizerem que sou empático e ainda ganhar mil seguidores por segundo).
Em suma: as pessoas militantes do identitarismo não querem mudanças econômicas e políticas ou da mentalidade cultural na sociedade em geral, mas atenção personalizada para suas pautas específicas como se todo mundo tivesse obrigação de falar nos termos do diretório dos estudantes e não escondem a competição de quem sofre mais sobre a polifonia e discordância de pautas entre si (identidade negra versus identidade gay bear classe média), nada mais típico que a disputa por atenção nas redes sociais e mercado ou cativar os seus em seu quadrado (no fim tudo vira a endogamia que eles criticam rsrs). E usar o filme como espaço de promoção/exposição de uma terapia ou de uma situação delicada/vulnerável não vai fazer ninguém se identificar automaticamente por medo de ser cancelado, por não ter empatia (risos), do mesmo jeito que apontar o dedo na cara por rejeitar tal pessoa no aplicativo não vai intimidar a atração de ninguém, nem fazer sentir culpa por isso...
A velha receitinha manjada do filme ''descolado cool controverso pra caralho'' da escola cinema extremo feito sob encomenda para agradar aos fãs entediados de Gaspar Noé, o filmão adrenalina violento/de ação para cultzzzz com malabarismos de câmera para provocar vertigem e você perceber o naturalismo da situação suja dos personagens. Ecos da ironia Michel Houellebecq do macho decadente em crise na 'Europa invadida por imigrantes' e lamentação anti-identitária da masculinidade hegemônica.
Sem, obviamente, fazer a mesma crítica inteligente aos chavões do liberalismo progressista estadunidense que se vê como 'A alternativa à esquerda tradicional' ou sem as provocações sarcásticas que fazem bem a qualquer tribunal de internet viciado pela superioridade moral da guerrinha cultural conservadoresxprogresssistas ou da "emergência de pauta que cala toda crítica ou desserviço que ouse discordar da agenda do movimento porque um membro de minoria tal morrer a cada segundo na esquina da sua casa" (risos).
O filme resvala para a simples posição apelativa sensorial adrenérgica que afunda qualquer pretensão de pose de ''filme inteligente que apresenta uma ambiguidade entre o endosso, estetização ou a representação do infame" , apelando para piadinhas prontas autodepreciativas com quem as comete, cuja apresentação pode, de fato, soar como carapuça e "representatividade'' ao clichê do homem hetero branco ameaçado pelo wokeísmo e pela falta de estímulos aventureiros/violentos da civilização ocidental decadente - sendo tanto uma exposição ao ridículo, quanto uma catarse deliberada por restituir esse lugar do macho no papel principal, maestro e condutor das minorias subalternas. E ''funciona'' também como ''filme gatilho forte sob medida para mexer com as estruturas emocionais das sensibilidades do mainstream pop afirmativo das minorias'', virando do avesso e de forma previsível toda representação do gay, do imigrante, da pessoa com defiência e da mulher das ciências sociais, feito para chocar, mas com os clichês que combatem clichês e que se afundam na ladainha dos clichês (o imaginário do homem hetero que coloca o big dick no centro do mundo e seu incômodo com o wokeismo).
Convocando um especialista no ataque a todo senso de politicamente correto para ofender o moralista defensor dos fracos, apresenta um antiherói machão escritor pronto a vingar a masculinidade oprimida do pai (haja psicanálise rsrs) ou do heterossexualismo masculino vilipendiado pelo beijo gay ou qualquer desconfiança da superioridade e senso de merecimento da criatura viril como a protagonista da moralidade (como a desconfiança sobre a decência do rei). Filme-catarse para o macho decadente, um rambo cult que resgata o macho falido (como um bolsonarismo feito para o roqueiro europeu cult ). Mas, como toda representação de situação delicada conquista mais pela posição ou conteúdo do representado, do que pela forma como é feito o filme (exemplo: o oportunismo das fórmulas fáceis de filmes que expõem criancinhas do terceiro mundo empreendedoras como melodrama ou catarse). A despeito do filme, possivelmente em alguma realidade paralela ou comentário do autor que não procurei conferir, pretender ser uma ironia inteligente, crítica social, denúncia pela exposição ao ridículo do estereótipo: a violência, o excesso da degradação que visa forçar os limites digestivos da realidade para testar o espectador e fazê-lo intuir que o mundo prosaico é pior, as piadas ridículas e a afirmação moral do macho, de fato tornam patéticos qualquer sarcasmo, acidez, ambiguidade ou naturalismo bem intencionado que visa expor a verdade que o politicamente correto condena e não quer ver: o macho arrotando sua zona de conforto perturbada e dando xilique.
Em suma: uma ironia repleta de violência gratuita, piada pronta, clichê, malabarismo da câmera previsível do cinema extremo ''mamãe sou intragável e quero chocar'' que coloca o clichê da reação do identitarismo masculinista contra os clichês do identititarismo minoritário.
Uma versão mais crua, antiquada e nórdica do seriado global "Malhação", com alguma imersão narrativa para a personagem de Elin, vítima do tribalismo infame permitido e exaltado para afirmação identitária dos adolescentes e que encontra eco na reprodução irrefletida e preparatória do mundo adulto (vide o papel manipulador da mãe de Elin que joga a filha na desgraça teen). No mais, é um testemunho descritivo das asneiras juvenis em toda sua insegurança e autoafirmação inútil.
Um roadie musical para os fãs de Gaby Amarantos com várias excelentes referências camp (por exemplo, Pink Flamingos? Guto Parente/Inferninho? Derek Jarman?) e um potencial narrativo genial de situações psicodélicas subutilizadas (a Assembleia da Jurema, uma Canudos travesti, o bordel de Faísca), mas é melhor pecar por excesso do que por falta. Vale a experiência, um filme promissor, mas deixa um gosto por mais em vários aspectos, por ter demasiada informação e núcleos narrativos deixados de lado para destacar a estrela principal (que, obviamente, tem todos os méritos). Vale também para observar, com distância e deboche, a crise de consciência/problematização do público identitário que, aparentemente, tende a apreciar o trabalho, mas não sabe assimilar contradições ficcionais da realidade, sem ter culpa ou apontar dedos e lição moral, como uma velha carola (uma delegada feminista com autocobrança por sororidade, um pequeno macaco preso numa gaiola, a exaltação do eu lírico da mulher submissa na letra de "Me Usa" pela banda Magnifícos em contraste com o empoderamento das mulheres representadas, desilusão amorosa pela palmitagem) *risos*
obra-prima não é, mas, imagino, deve ter tido um impacto na época, pelo arrojo da linguagem experimental da narrativa empregada para digressões sobre a metalinguagem do exercício cinematográfico, a evocação do êxtase ou arrebatamento como mote para imersão pessoal na carreira de realizador audiovisual ou escolha de temas pra filmes, comparando-se tal inspiração com a toxicomania das drogas pesadas, a ponto de confundir-se delírios provocados com a emergência da justaposição de tempos passados na relação homoerótica e de referência criativa entre Pedro e José. O aceno punk da caracterização marginal de Pedro, além da fusão homem-câmera/ecrã/visor/tela remetem a temas atemporais em evidência na época (vide Dziga Vertov, Derek Jarman e Cronenberg). Vale pela viagem e a trilha sonora imersiva psicodélica que tem uma sonoridade que deve ter inspirado o Cocorosie. De fato tem imagens muito impactantes, mas o transe narrativo não é suficiente para sustentar a trama, mas recompensam a experiência da fruição do filme.
PS.: atualização: a musiquinha cocorosie é essa aqui:Steve Harley & Cockney Rebel - Innocence And Guilt
cenas/esquetes incoerentes em si mesmas e desarticuladas pelo desbunde autocelebrativo proporcionado pelo experimentalismo caseiro ou pagação de tributo interior de figuras chave para uma ponte direta do bicho grilo festivo com a lacração do DCE, visando um pretexto para a peça de Gorki
A Garota do Tambor
3.4 6Smells like propaganda sionista que engata romance, inviavelmente, pacifista para justificar manipulação e sequestro (na visão masculina e dominante) do papel ''mulher-atriz-dissimulada'' (o clichê de gênero da capitu oscilante, fêmea emocional que abandona convicções pró-palestina em nome da postura ongueira só o amor salva) e mostrar como os árabes são monstrengos desumanos que estouram bombas sobre criancinhas israelenses (embora o personagem do affair da moça, ostente toda a narrativa da desgraça da ocupação israelense por trás dos tanques, mas ninguém questiona o direito do sionismo colonizar um território palestino já ocupado sob o pretexto do holocausto rsrs). A rede goebbels poderia exibir tranquilamente na tela quente...
Feitiço do Amazonas
2.5 2Vale apenas pelo registro histórico das imagens, mas que sofrimento acompanhar essa linguagem estadunidense do cinemão espetáculo ''expedição a revelar a aventura exótica na selva subdesenvolvida e primitiva '' e o clichê ridículo do ''mim gringo qué safari'' . E nada a ver com anacronismo histórico exigir uma consciência histórica crítica do papel tosco que está representado pelo diretor, naquele momento vivido, quando a mesma disposição neocolonial de pilhagem indiana jones com alegria civilizatória persiste como programas cinematográfico e político, globais, ainda hoje.
Os Órfãos de Canudos
4.1 2Ludgero Prestes, presente!
Dias Perfeitos
4.2 250 Assista AgoraUma ode às sutilezas do analógico: do despertar c/o som das vassouras às fitas cassetes, provando uma pluralidade de mundos.
As Confissões de Frei Abóbora
2.7 3Do calvário romântico ao Éden banhado pela maleita: Flashbacks narrativos da decadência burguesa individualista versus o background indígena para encontro cosmológico consigo mesmo no Xingu: a carga dramática das atuações, a lição ao etnocentrismo da 'turista/amante' valem todo o desencontro que a adaptação cinematográfica da obra (subestimada) suscita ao Jesus/modelo/gigolo/gênio incompreendido (Tarcísio Meira) que foge da civilização.
Strovengah - Amor Torto
2.8 6Interessante. Trata-se de uma narrativa a respeito do processo de composição de um romance homônimo do filme, onde o escritor Pedro se vale de um isolamento criativo e imersivo com bonecos/espantalhos que representam os personagens do livro, na companhia de sua musa, Marcela e, esporadicamente, dos caseiros crentes que espiam e perturbam o refúgio psicodélico dos dois sujeitos. A pose de obra independente anunciada logo no início e da fala de Pedro sobre a obra ser um romance pretensioso para poucos, nada interfere na fruição do filme, e pode assustar os incautos, mas o conteúdo narrativo se revela coerente e menos experimental, ou bressaniano, do que se espera.
Tchau, Amor
3.4 10Uma obra sombria do mestre Jean Garrett carregada de ironia contrastiva sobre a auto ajuda e o gótico com o Antonio Fagundes exalando sensualidade bruta e Selma Egrei maravilhosamente impassível.
Doente de Mim Mesma
3.9 95 Assista Agoraofende mais a lacração influencer attwhore das redes que tá pouco <3
Nosso Sonho
3.8 178É um filme mediano, leve, feito sob encomenda para homenagear o heroísmo individual de alguém, mas contém atrativos irresistíveis para o público (os fãs e o resto) e a cultura pop dos anos 90: a história do funk carioca e os hits de Claudinho e Buchecha, que apelam para a nostalgia de uma geração, o que faz o filme ser imperdível. No entanto, por ser um filme quase sob uma perspectiva ''caseira'' superproduzida, isto é, de homenagem para familiares mas alargada para algo de relevância social (a história da cultura pop 90s e o funk), traz os velhos clichês ideológicos da globofilmes (heroísmo individual, história de superação, o sonho do empreendedorismo e do selfmademan), mas conseguiu transmitir o carisma da dupla e a febre do momento para quem viveu. Poderia ter trazido mais arquivos Vhs e deixou um gosto de quero mais. Funk também é cultura, adjudicamos.
Cães Famintos
3.2 2É como se mirasse no Pedro Costa e atingisse no folhetim mexicano: um monte de situações melodramáticas que abordam o vazio existencial, a angústia, mas com diálogos manjados e interpretações caricatas do que supõem ser o homem comum atribulado
Coca: O Preço de uma Vida
2.9 9Pérola absoluta do trash boca do lixo e da tosqueira policial nacional, fica melhor a cada minuto. A composição da sequência do Sacolão é irretocável, a ruindade nonchalant das atuações só abrilhanta o material e tudo no filme é picareta mas espirituoso, genuíno e espontâneo, o que vai além da boa vontade e dos clichês maçantes do gênero: de fato existe situações (in)voluntariamente cômicas geniais (como a morte do crente e a apreensão de coca em SBC). Com tantos defeitos especiais, é uma delícia de assistir.
Seus Ossos e Seus Olhos
2.5 6Nota: ...∞ (-) 0.
Como a autorepresentação da classe média consegue ser tão insuportavelmente constrangedora com suas espirais ensaísticas de ruminação para tratamento de culpa, de declamações de desabafos sucessivos e intimistas no seu hálito piegas de chão de taco, e em dancinhas de tiktok bugado da Pina Bausch, sob uma costura narrativa que visa, aparentemente, sugerir uma pretensão sentimentalista de ''sintonia corporal'' com o espectador, só faltou a trilha de ukulele ou da Tiê para coroar essa tortura audiovisual de quase duas horas...
Megalomaniac
2.7 32 Assista AgoraParece um vídeoclipe expandido e tosco do slipknot
Tusk, A Transformação
2.5 387 Assista AgoraUma amostra da decadência da cultura estadunidense entranhada e responsável pela guerra híbrida cultural entre o identitarismo woke liberal e o identitarismo masculinista incel nerd cristão, onde a política está reduzida à mudança/permanência de costume e presunção de superioridade moral. O filme, realizado por uma pessoa imersa no universo nerd, embarca na narrativa punitivista moralista estadunidense, do macarthismo à lição de moral de Frank Capra, que estimula o ethos de gênero maniqueísta da multidão cujas tripas clamam para a queima da bruxa em praça pública ou pela execução do bandido dos espectadores de programa policial. A culpa pela escrotice nerd encontra a sinalização de virtude woke, mas com diálogos e situações nonsense interessantes, dignas do diretor, mas quis chamar atenção ou tirar sarro desse lugar estadunidense maniqueísta e de fato o que salva o filme é a insanidade do personagem de Michael Parks, onde o resto todo é caricatura (o nerd incel bonzinho ''normie'/ blue pill', o nerd incel malvadão redpill, a mocinha fofinha de origem latina sofredora pelos machos tóxicos e o surto coletivo pra popularidade digital)
Retratos Fantasmas
4.2 226 Assista AgoraUm caracol retrospectivo das obras do próprio KMF e um ensaio muito personalista de como o cinema reflete as mudanças da cidade que não faz a conexão sugerida entre Boa Viagem/Setubal e o Centro, senão pelo vínculo que os nativos locais entendem e um afeto descompromissado com uma lógica de encadeamento. ''O dinheiro foi pra BOA VIAGEM, a especulação tá matando o bairro'', Tá querido, mas como/ quando aconteceu, isso ocorre em toda cidade brasileira, mas o público não é obrigado a entender os motivos e sua obra não contribui para isso, como se isso fosse óbvio para as novas gerações; contribui senão para nostalgia e autocelebração. (É como se fosse uma lógica de série: assista Aquarius e entenda rsrs, ''eu não preciso evocar as incorporadoras, a especulação, já o fiz em Aquarius e Recife Frio ou criticar os multiplexes que vão exibir meus filmes''). A mesma lamentação pessoal da gramática Petra Costa para fazer documentário. Autocelebração e tapa buraco confessional para vazio de inspiração para falar da pesquisa que ele empreende desde o Tcc. Tem valor afetivo para a megalomania recifense e como documento da época e só. Reproduz a mesma tônica ufanista e endogâmica da geração pósretomada/pós-árido-movie ''falar da classe média recifense e dos problemas da cidade'' e a retórica ululante da brodagem audiovisual (ver a tese de Amanda Mansur Nogueira ''A brodagem no cinema pernambucano'' (2014). Os fãs vão se esbaldar e os nostálgicos da geração dele: filme feito sob medida para agradar ''suspeitos''. A fala dele sobre o centro ''goste ou foda-se'' reflete a fruição de culto petulante e pode usar o mesmo artifício acusatório para quem desgostar ''é porque quer ar-condicionado no centro''. Enfim , é uma fórmula fácil da espiral da brodagem. De fato, é muita história interessante, o Recife é lindo, muito arquivo, muitas emoções, mas a narrativa hiperpessoal só joga isso conforme um album de fotos ou slides exibidos na sala de estar.
Seguindo Todos os Protocolos
3.3 14 Assista AgoraEsquete do Porta do Fundos [2]: a pandemia é um pretexto para promover uma narrativa woke militante "sutil" disfarçada de imersão cotidiana no gueto gay, bem ao gosto da leva de filmes de Gustavo Vinagre, do coletivo de surto & deslumbramento e o longa corpo elétrico, onde se problematizam (ou tentam dissolver) as preferências sexuais homonormativas e as endogamias tribais (bear-bear, barbie-barbie, twink-twink, garanhão (hunk)-garanhão, a posição dos gordos, dos afeminados e homens trans nos aplicativos etc.).
Ou seja: isto vai além de uma simples constatação de uma crítica que levante questões entre a verossimilhança da obra com a realidade vivida e a licença poética da obra. Existe um apelo para esse tipo de questão 'justiceira social' , que dá a impressão ou sugestão de resolver conflitos pessoais e/ ou os sentidos na própria comunidade, o que sustenta uma regularidade desse tema/interesse. E torna a obra mais um panfleto do óbvio ululante e uma caricatura do que uma imersão sensível em subjetividades/paisagens/personagens reais ou não. Não se trata de representatividade do real, nem de licença poética, mas de repetição do mais do mesmo. Até porque pode haver mistura e desejo entre padrãozinho e bear ou bear e cafuçu ou bear e negro (na ficção e no real). O problema está é nesse apelo mal resolvido onde se reconhece o lugar social do supostamente 'inferior'/rejeitado (o bear) e endossa o 'valorizado' viril padrão, reforçando este último como ideal privilegiado do desejo, dentro do ideal da militância (a mistura dos corpos forçada além das caricaturas de tipos combinados) como se o problema social do rejeitado fosse produto exclusivo de sua baixa auto estima e que num passe de mágica ideal, puf!, com o reconhecimento pelo padrãozinho da beleza do corpo gordo, todo o problema acaba, como se o padrãozinho fosse o responsável pela seleção social dos corpos e o 'gosto padrão' e, principalmente, quem vai dar a licença mental pro rejeitado se sentir empoderado, a cura da sua insegurança. É muito fácil a militância cobrar do padrãozinho que deseje o rejeitado como critério de promoção da diversidade e repúdio ao uniforme endogâmico, mas ela própria continuar desejando e reforçando o padrão como alvo do desejo...
Como uma utopia da ''suruba universal onde ninguém é rejeitado'' ''cota sexual de padrãozinho e homem viril pros excluídos'' ou uma terapia que ignora a diversidade e a contradição do mundo real. Bem ao gosto do identitarismo estadunidense psicológico e puritano (blábláblá, o pessoal privado é político) que sequestrou a pauta das sexualidades dissidentes e acha que vai mudar o mundo com distribuição de culpa individual (rsrs).
O filme faz uma crítica ao identitarismo e ao discurso militante sobre hipersexualização do homem negro, colorismo ou heteroidentificação (o personagem de Marcus Curvelo e a amiga negra), mas faz o mesmo tipo de militância ''sutil'' da ''cultura da responsabilidade/cancelamento'' hiperpreocupada com o emocional dos oprimidos e as formas como as pessoas devem se sentir em relação a eles (o que é maternalismo/paternalismo autoritário, obviamente: eu sei como as pessoas devem se sentir, vou tomar as dores de todos para falar em nome deles, dizerem que sou empático e ainda ganhar mil seguidores por segundo).
Em suma: as pessoas militantes do identitarismo não querem mudanças econômicas e políticas ou da mentalidade cultural na sociedade em geral, mas atenção personalizada para suas pautas específicas como se todo mundo tivesse obrigação de falar nos termos do diretório dos estudantes e não escondem a competição de quem sofre mais sobre a polifonia e discordância de pautas entre si (identidade negra versus identidade gay bear classe média), nada mais típico que a disputa por atenção nas redes sociais e mercado ou cativar os seus em seu quadrado (no fim tudo vira a endogamia que eles criticam rsrs). E usar o filme como espaço de promoção/exposição de uma terapia ou de uma situação delicada/vulnerável não vai fazer ninguém se identificar automaticamente por medo de ser cancelado, por não ter empatia (risos), do mesmo jeito que apontar o dedo na cara por rejeitar tal pessoa no aplicativo não vai intimidar a atração de ninguém, nem fazer sentir culpa por isso...
Ex Baterista
3.8 314A velha receitinha manjada do filme ''descolado cool controverso pra caralho'' da escola cinema extremo feito sob encomenda para agradar aos fãs entediados de Gaspar Noé, o filmão adrenalina violento/de ação para cultzzzz com malabarismos de câmera para provocar vertigem e você perceber o naturalismo da situação suja dos personagens. Ecos da ironia Michel Houellebecq do macho decadente em crise na 'Europa invadida por imigrantes' e lamentação anti-identitária da masculinidade hegemônica.
Sem, obviamente, fazer a mesma crítica inteligente aos chavões do liberalismo progressista estadunidense que se vê como 'A alternativa à esquerda tradicional' ou sem as provocações sarcásticas que fazem bem a qualquer tribunal de internet viciado pela superioridade moral da guerrinha cultural conservadoresxprogresssistas ou da "emergência de pauta que cala toda crítica ou desserviço que ouse discordar da agenda do movimento porque um membro de minoria tal morrer a cada segundo na esquina da sua casa" (risos).
O filme resvala para a simples posição apelativa sensorial adrenérgica que afunda qualquer pretensão de pose de ''filme inteligente que apresenta uma ambiguidade entre o endosso, estetização ou a representação do infame" , apelando para piadinhas prontas autodepreciativas com quem as comete, cuja apresentação pode, de fato, soar como carapuça e "representatividade'' ao clichê do homem hetero branco ameaçado pelo wokeísmo e pela falta de estímulos aventureiros/violentos da civilização ocidental decadente - sendo tanto uma exposição ao ridículo, quanto uma catarse deliberada por restituir esse lugar do macho no papel principal, maestro e condutor das minorias subalternas. E ''funciona'' também como ''filme gatilho forte sob medida para mexer com as estruturas emocionais das sensibilidades do mainstream pop afirmativo das minorias'', virando do avesso e de forma previsível toda representação do gay, do imigrante, da pessoa com defiência e da mulher das ciências sociais, feito para chocar, mas com os clichês que combatem clichês e que se afundam na ladainha dos clichês (o imaginário do homem hetero que coloca o big dick no centro do mundo e seu incômodo com o wokeismo).
Convocando um especialista no ataque a todo senso de politicamente correto para ofender o moralista defensor dos fracos, apresenta um antiherói machão escritor pronto a vingar a masculinidade oprimida do pai (haja psicanálise rsrs) ou do heterossexualismo masculino vilipendiado pelo beijo gay ou qualquer desconfiança da superioridade e senso de merecimento da criatura viril como a protagonista da moralidade (como a desconfiança sobre a decência do rei). Filme-catarse para o macho decadente, um rambo cult que resgata o macho falido (como um bolsonarismo feito para o roqueiro europeu cult ). Mas, como toda representação de situação delicada conquista mais pela posição ou conteúdo do representado, do que pela forma como é feito o filme (exemplo: o oportunismo das fórmulas fáceis de filmes que expõem criancinhas do terceiro mundo empreendedoras como melodrama ou catarse). A despeito do filme, possivelmente em alguma realidade paralela ou comentário do autor que não procurei conferir, pretender ser uma ironia inteligente, crítica social, denúncia pela exposição ao ridículo do estereótipo: a violência, o excesso da degradação que visa forçar os limites digestivos da realidade para testar o espectador e fazê-lo intuir que o mundo prosaico é pior, as piadas ridículas e a afirmação moral do macho, de fato tornam patéticos qualquer sarcasmo, acidez, ambiguidade ou naturalismo bem intencionado que visa expor a verdade que o politicamente correto condena e não quer ver: o macho arrotando sua zona de conforto perturbada e dando xilique.
Em suma: uma ironia repleta de violência gratuita, piada pronta, clichê, malabarismo da câmera previsível do cinema extremo ''mamãe sou intragável e quero chocar'' que coloca o clichê da reação do identitarismo masculinista contra os clichês do identititarismo minoritário.
Árvore do Conhecimento
3.5 6Uma versão mais crua, antiquada e nórdica do seriado global "Malhação", com alguma imersão narrativa para a personagem de Elin, vítima do tribalismo infame permitido e exaltado para afirmação identitária dos adolescentes e que encontra eco na reprodução irrefletida e preparatória do mundo adulto (vide o papel manipulador da mãe de Elin que joga a filha na desgraça teen). No mais, é um testemunho descritivo das asneiras juvenis em toda sua insegurança e autoafirmação inútil.
Serial Kelly
2.8 52Um roadie musical para os fãs de Gaby Amarantos com várias excelentes referências camp (por exemplo, Pink Flamingos? Guto Parente/Inferninho? Derek Jarman?) e um potencial narrativo genial de situações psicodélicas subutilizadas (a Assembleia da Jurema, uma Canudos travesti, o bordel de Faísca), mas é melhor pecar por excesso do que por falta. Vale a experiência, um filme promissor, mas deixa um gosto por mais em vários aspectos, por ter demasiada informação e núcleos narrativos deixados de lado para destacar a estrela principal (que, obviamente, tem todos os méritos). Vale também para observar, com distância e deboche, a crise de consciência/problematização do público identitário que, aparentemente, tende a apreciar o trabalho, mas não sabe assimilar contradições ficcionais da realidade, sem ter culpa ou apontar dedos e lição moral, como uma velha carola (uma delegada feminista com autocobrança por sororidade, um pequeno macaco preso numa gaiola, a exaltação do eu lírico da mulher submissa na letra de "Me Usa" pela banda Magnifícos em contraste com o empoderamento das mulheres representadas, desilusão amorosa pela palmitagem) *risos*
Gregório de Mattos
3.1 10 Assista AgoraUm encontro das vozes de Virgínia Rodrigues, Waly Salomão, Marília Gabriela e Elisa Lucinda nunca poderia dar errado.
O Verão
3.6 6“A lucidez é a ferida mais próxima do sol”, René Char
Arrebato
3.6 11obra-prima não é, mas, imagino, deve ter tido um impacto na época, pelo arrojo da linguagem experimental da narrativa empregada para digressões sobre a metalinguagem do exercício cinematográfico, a evocação do êxtase ou arrebatamento como mote para imersão pessoal na carreira de realizador audiovisual ou escolha de temas pra filmes, comparando-se tal inspiração com a toxicomania das drogas pesadas, a ponto de confundir-se delírios provocados com a emergência da justaposição de tempos passados na relação homoerótica e de referência criativa entre Pedro e José. O aceno punk da caracterização marginal de Pedro, além da fusão homem-câmera/ecrã/visor/tela remetem a temas atemporais em evidência na época (vide Dziga Vertov, Derek Jarman e Cronenberg). Vale pela viagem e a trilha sonora imersiva psicodélica que tem uma sonoridade que deve ter inspirado o Cocorosie. De fato tem imagens muito impactantes, mas o transe narrativo não é suficiente para sustentar a trama, mas recompensam a experiência da fruição do filme.
PS.: atualização: a musiquinha cocorosie é essa aqui:Steve Harley & Cockney Rebel - Innocence And Guilt
A Viagem de Pedro
3.2 23 Assista Agora"a única mulher que você merece é a culpa"
Ralé
3.0 12cenas/esquetes incoerentes em si mesmas e desarticuladas pelo desbunde autocelebrativo proporcionado pelo experimentalismo caseiro ou pagação de tributo interior de figuras chave para uma ponte direta do bicho grilo festivo com a lacração do DCE, visando um pretexto para a peça de Gorki