Muito interessante o filme da Moldávia, que aborda o início dos anos 90 na região sob conflitos separatistas (Transnístria). É tão peculiar o idioma romeno, ou moldavo, que às vezes a gente entende perfeitamente alguns diálogos breves. Gostei da forma como é conduzido, parece um tanto descompromissado, mas justamente por isso me cativou. 7,80
Mesmo contendo alguns exageros sobrenaturais, a abordagem das relações familiares, antes e durante o luto, é algo feito com sensibilidade e beleza, de forma muito convincente. Atuações interessantes dos protagonistas adultos, mas o que falar das crianças, senão que foram perfeitas? Quando diretores conseguem obter atuações infantis assim eu valorizo sobremaneira. Demorei um bocado para entender a relação do título com o roteiro, mas agora está superado: trata-se de alguns efeitos causados pelos mergulhos em grandes profundidades, ou, no caso do filme, a dificuldade em emergir de uma situação angustiante, sufocante mesmo. Quando se volta a respirar, no último segundo, quem fica sem fôlego é o espectador. 8,60
Assisti e fui dormir achando que o final tinha sido ruim e acordei achando que era outra coisa, desta vez boa. Road movie da Lituânia, da capital até o litoral, ocasião em que alguém resolve voltar a falar, obrigando os demais viajantes à reflexão, e a algumas conclusões. 8,93
Quando a personagem Itália começou a citar as árvores do lugar de onde vinha, percebi que já conhecia aquela moça. Aliás, foi muito bem no filme, Carol Duarte (descendente de italianos será? parla molto benne...) Isabela Rosselini também no filme, muito bom. Parece uma reprodução do início dos anos 80, mas como os filmes da diretora mesclam fantasia e realidade, não sei dizer ao certo. Mas tudo bem, não dá para afirmar nada aqui, é um filme poético, permite muita reflexão sobre o que está na superfície e sobre o que está enterrado. Principalmente, se deveria ou não ficar assim. 8,97
"Birds flying high you know how I feel", então começa aquele cena de desempate em competição de melhor ator... baixo meus olhos e percebo que estou usando minha camiseta da Chico Rei com a Nina Simone e a letra de Felling Good... é isso mesmo? Fiquei meio que sem saber se ria ou se chorava... É muito difícil observar. O próprio Hira se desconserta todo quando o colega pede demissão, passando a ter sua rotina afetada. É necessária muita disciplina para ser um observador atento e poder extrair a perfeição e usufruir dela. Por isso penso que os dias perfeitos de Hira não são plenos. Ele não conseguiu a plenitude nas suas relações pessoais, e aconteceu um afastamento. Pode ter sido sim a melhor forma encontrada para viver, mas não seria muito melhor ter atenção plena independentemente dos problemas a serem enfrentados? Isso seria um nível muito elevado de concentração. Por isso o misto de lágrima e riso. Lindo filme, atuação impecável do protagonista, em alto nível as demais também. 9,47
Gosto muito, gosto de tudo, pode "levar as fichas". As piores cenas dos filmes, que mais me trazem constrangimento, podem ser aquelas em que pessoas aleatórias perdem dinheiro e a moral em jogatinas. Mas aqui é diferente, porque o filme é todo sobre jogatina, sorte e azar, muito azar. Ou muita sorte. Parece uma fantasia, não tem sentido algum, mas quando a coisa vai bem, tudo vai bem, e vice-versa. É bem montado, trilha sonora ótima, atuações interessantes, muitas variações. É cool, e pra mim é cult também. 9,09
Ri-fi-fi é um dos melhores filmes a que já assisti, e aqui temos em Sombras do Mal um aquecimento de Jules Dassin. É de 1950, e no ano seguinte o diretor seria incluído na lista dos "comunistas", que o obrigou a voltar para Europa - para então entregar, na minha opinião, o melhor da carreira. Voltando a Night and the City, que noites, e que cidade! Esses clubes, de alto padrão ou espelunca, são ótimos. 8,61
Não tinha gostado do filme, de um modo geral, achei os diálogos exagerados, até mesmo para a década. Mas depois, lendo as curiosidades, sabendo que a cena final foi filmada em 05/07/40, e que o bombardeio a Londres começou poucos dias depois, e mais, que as cenas da Holanda foram feitas na Holanda mesmo, com o diabo batendo na porta, aí fui obrigado a dar mais valor. 7,40
Albert Dupontel, que fez a personagem que detinha a história em Eterno Amor de Jean-Pierre Jeunet, atua e dirige esse filme que se passa no mesmo pós-guerra da carnificina (WWI). E aqui ele também é elo, e mais uma vez funciona muito bem. Mas, embora eu tenha achado o filme ótimo, aconteceu comigo aquele efeito raro, quando um elemento material do filme se destaca: as máscaras. O figurino é lindo, mas as máscaras vão além. Originalidade. Aquela cena dos champanhes é uma desforra. Concluindo: que grande artista é o ator argentino Nahuel Pérez, a quem eu só havia assistido uma vez, nos 120 bpm. 8,55
As cenas inicial e final fizeram-me imaginar o que um diretor como William Wyler seria capaz de fazer com recursos tecnológicos modernos. O movimento está contando uma história, é perfeito. Destaque, além da fotografia, é a dupla advogado-cliente, Stephenson e Bette Davis, diálogos trabalhados de altíssimo nível, tornando quase irrelevante o desenvolvimento das demais personagens. 8,52
Um pequeno filme, tanto na duração quanto no argumento, seja na abordagem do casal, seja nos papéis de apoio. Isso não tira a beleza do filme, que conta com uma fotografia clara, natural, e principalmente, com uma trilha sonora de se fazer "playlist". A sacada de um rádio que sempre sintoniza a melhor música para cada momento é extraordinária - até quando não captou frequência alguma. Mas o título no Brasil dá dó, funcionando quase como um spoiler. 8,17
Se tivesse assistido ao filme distraído já o consideraria ótimo. Mas contextualizado, as cenas da Cidade Aberta são impressionantes. Filmado enquanto ainda havia guerra no pacífico, há apenas 6 meses da desocupação alemã, conclui-se que o talento dos realizadores era algo muito superior. A saber, porque foi meu primeiro Rossellini, e também curioso para outras atuações de Anna Magnani, cuja saída de cena aqui é inesquecível. 9,32
Passou rapidamente sem percalços, serviu como entretenimento. Mas terminado o filme, ficava lembrando dos clichês do tipo 'irmã gêmea que ninguém conhece' e me encabulava. 613
É de se perder em pensamentos. Até o preço da gasolina vem à mente com o Saab vermelhinho prá lá e prá cá. Não consegui encaixar o roteiro e os ensaios de Tio Vânia no contexto do protagonista - se sobrou alguma coisa no filme acho que foi aí. Quando sai da peça e vem prá vida fica muito bom, apreciei muito a interpretação de Nishijima. 7,25
Um país com uma população equivalente a uma cidade média brasileira, já considerado o "mais amigável do mundo para estrangeiros", não me surpreendeu apenas pela inusitada participação em uma copa do mundo de futebol - tenho assistido a ótimos filmes de lá, como "A Ovelha Negra", "Mulher em Guerra" e "Desajustados" (o Fúsi tem uma pontinha aqui...). Incluo naturalmente "Inspire" nesse time, embora pense que as abordagens foram de certa forma suaves, e que sua relevância merecesse um pouco mais de pegada. Mas em geral vai bem, é um filme bonito, com aquele carrinho vermelho prá la e prá cá, fazendo-nos torcer para que dê certo, que dê tempo... Ainda tem mais uma interpretação infantil especial, desse querido que faz o papel do Eldar (e seu inseparável Musi). 7,78
Dos atores, só conhecia o versátil John Carrol Lynch, diretor de Lucky (2017). Então tinha tudo para dar errado, e a falta de entrosamento dos convidados indicava esse caminho. Mas, apesar de previsível, tinha uma surpresa em movimento, com boa dose de originalidade, salvando a fita. 6,97
O Tony Manero chileno é um dos melhores psicopatas do cinema. Ai de quem contrariá-lo. De quebra uma passagem pela ditadura de Pinochet, numa reconstrução muito bem feita do final dos 70, tanto estética como social. 9,14
Resentment
1 Assista AgoraMuito interessante o filme da Moldávia, que aborda o início dos anos 90 na região sob conflitos separatistas (Transnístria). É tão peculiar o idioma romeno, ou moldavo, que às vezes a gente entende perfeitamente alguns diálogos breves. Gostei da forma como é conduzido, parece um tanto descompromissado, mas justamente por isso me cativou. 7,80
Narcosis
3.8 1 Assista AgoraMesmo contendo alguns exageros sobrenaturais, a abordagem das relações familiares, antes e durante o luto, é algo feito com sensibilidade e beleza, de forma muito convincente. Atuações interessantes dos protagonistas adultos, mas o que falar das crianças, senão que foram perfeitas? Quando diretores conseguem obter atuações infantis assim eu valorizo sobremaneira. Demorei um bocado para entender a relação do título com o roteiro, mas agora está superado: trata-se de alguns efeitos causados pelos mergulhos em grandes profundidades, ou, no caso do filme, a dificuldade em emergir de uma situação angustiante, sufocante mesmo. Quando se volta a respirar, no último segundo, quem fica sem fôlego é o espectador. 8,60
Summer Survivors
3.7 2Assisti e fui dormir achando que o final tinha sido ruim e acordei achando que era outra coisa, desta vez boa. Road movie da Lituânia, da capital até o litoral, ocasião em que alguém resolve voltar a falar, obrigando os demais viajantes à reflexão, e a algumas conclusões. 8,93
La chimera
3.8 15Quando a personagem Itália começou a citar as árvores do lugar de onde vinha, percebi que já conhecia aquela moça. Aliás, foi muito bem no filme, Carol Duarte (descendente de italianos será? parla molto benne...) Isabela Rosselini também no filme, muito bom. Parece uma reprodução do início dos anos 80, mas como os filmes da diretora mesclam fantasia e realidade, não sei dizer ao certo. Mas tudo bem, não dá para afirmar nada aqui, é um filme poético, permite muita reflexão sobre o que está na superfície e sobre o que está enterrado. Principalmente, se deveria ou não ficar assim. 8,97
In July - O Outro Lado das Férias
3.8 22Começavam os anos 2000 e esse tipo de filme se tornaria raro. A inconsequência que dá certo, mas com criatividade, com diversão que funciona. 8,52
Dias Perfeitos
4.2 280 Assista Agora"Birds flying high you know how I feel", então começa aquele cena de desempate em competição de melhor ator... baixo meus olhos e percebo que estou usando minha camiseta da Chico Rei com a Nina Simone e a letra de Felling Good... é isso mesmo? Fiquei meio que sem saber se ria ou se chorava...
É muito difícil observar. O próprio Hira se desconserta todo quando o colega pede demissão, passando a ter sua rotina afetada. É necessária muita disciplina para ser um observador atento e poder extrair a perfeição e usufruir dela.
Por isso penso que os dias perfeitos de Hira não são plenos. Ele não conseguiu a plenitude nas suas relações pessoais, e aconteceu um afastamento. Pode ter sido sim a melhor forma encontrada para viver, mas não seria muito melhor ter atenção plena independentemente dos problemas a serem enfrentados? Isso seria um nível muito elevado de concentração. Por isso o misto de lágrima e riso. Lindo filme, atuação impecável do protagonista, em alto nível as demais também. 9,47
The Cooler: Quebrando a Banca
3.3 14 Assista AgoraGosto muito, gosto de tudo, pode "levar as fichas". As piores cenas dos filmes, que mais me trazem constrangimento, podem ser aquelas em que pessoas aleatórias perdem dinheiro e a moral em jogatinas. Mas aqui é diferente, porque o filme é todo sobre jogatina, sorte e azar, muito azar. Ou muita sorte. Parece uma fantasia, não tem sentido algum, mas quando a coisa vai bem, tudo vai bem, e vice-versa. É bem montado, trilha sonora ótima, atuações interessantes, muitas variações. É cool, e pra mim é cult também. 9,09
Sombras do Mal
4.2 37Ri-fi-fi é um dos melhores filmes a que já assisti, e aqui temos em Sombras do Mal um aquecimento de Jules Dassin. É de 1950, e no ano seguinte o diretor seria incluído na lista dos "comunistas", que o obrigou a voltar para Europa - para então entregar, na minha opinião, o melhor da carreira. Voltando a Night and the City, que noites, e que cidade! Esses clubes, de alto padrão ou espelunca, são ótimos. 8,61
Correspondente Estrangeiro
3.7 54 Assista AgoraNão tinha gostado do filme, de um modo geral, achei os diálogos exagerados, até mesmo para a década. Mas depois, lendo as curiosidades, sabendo que a cena final foi filmada em 05/07/40, e que o bombardeio a Londres começou poucos dias depois, e mais, que as cenas da Holanda foram feitas na Holanda mesmo, com o diabo batendo na porta, aí fui obrigado a dar mais valor. 7,40
Nos Vemos no Paraíso
4.0 52 Assista AgoraAlbert Dupontel, que fez a personagem que detinha a história em Eterno Amor de Jean-Pierre Jeunet, atua e dirige esse filme que se passa no mesmo pós-guerra da carnificina (WWI). E aqui ele também é elo, e mais uma vez funciona muito bem. Mas, embora eu tenha achado o filme ótimo, aconteceu comigo aquele efeito raro, quando um elemento material do filme se destaca: as máscaras. O figurino é lindo, mas as máscaras vão além. Originalidade. Aquela cena dos champanhes é uma desforra. Concluindo: que grande artista é o ator argentino Nahuel Pérez, a quem eu só havia assistido uma vez, nos 120 bpm. 8,55
A Carta
3.9 70As cenas inicial e final fizeram-me imaginar o que um diretor como William Wyler seria capaz de fazer com recursos tecnológicos modernos. O movimento está contando uma história, é perfeito. Destaque, além da fotografia, é a dupla advogado-cliente, Stephenson e Bette Davis, diálogos trabalhados de altíssimo nível, tornando quase irrelevante o desenvolvimento das demais personagens. 8,52
Uma Noite no Lago
3.7 9 Assista AgoraUm pequeno filme, tanto na duração quanto no argumento, seja na abordagem do casal, seja nos papéis de apoio. Isso não tira a beleza do filme, que conta com uma fotografia clara, natural, e principalmente, com uma trilha sonora de se fazer "playlist". A sacada de um rádio que sempre sintoniza a melhor música para cada momento é extraordinária - até quando não captou frequência alguma. Mas o título no Brasil dá dó, funcionando quase como um spoiler. 8,17
Roma, Cidade Aberta
4.3 119 Assista AgoraSe tivesse assistido ao filme distraído já o consideraria ótimo. Mas contextualizado, as cenas da Cidade Aberta são impressionantes. Filmado enquanto ainda havia guerra no pacífico, há apenas 6 meses da desocupação alemã, conclui-se que o talento dos realizadores era algo muito superior. A saber, porque foi meu primeiro Rossellini, e também curioso para outras atuações de Anna Magnani, cuja saída de cena aqui é inesquecível. 9,32
Argentina, 1985
4.3 334917
O Amante de Lady Chatterley
3.4 156 Assista Agora648
Decisão de Partir
3.6 143717
Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades
3.3 83793
Nada de Novo no Front
4.0 611 Assista Agora802
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
3.5 651 Assista AgoraPassou rapidamente sem percalços, serviu como entretenimento. Mas terminado o filme, ficava lembrando dos clichês do tipo 'irmã gêmea que ninguém conhece' e me encabulava. 613
O Milagre
3.5 219580
Drive My Car
3.8 383 Assista AgoraÉ de se perder em pensamentos. Até o preço da gasolina vem à mente com o Saab vermelhinho prá lá e prá cá. Não consegui encaixar o roteiro e os ensaios de Tio Vânia no contexto do protagonista - se sobrou alguma coisa no filme acho que foi aí. Quando sai da peça e vem prá vida fica muito bom, apreciei muito a interpretação de Nishijima. 7,25
Inspire, Expire
3.6 70Um país com uma população equivalente a uma cidade média brasileira, já considerado o "mais amigável do mundo para estrangeiros", não me surpreendeu apenas pela inusitada participação em uma copa do mundo de futebol - tenho assistido a ótimos filmes de lá, como "A Ovelha Negra", "Mulher em Guerra" e "Desajustados" (o Fúsi tem uma pontinha aqui...). Incluo naturalmente "Inspire" nesse time, embora pense que as abordagens foram de certa forma suaves, e que sua relevância merecesse um pouco mais de pegada. Mas em geral vai bem, é um filme bonito, com aquele carrinho vermelho prá la e prá cá, fazendo-nos torcer para que dê certo, que dê tempo... Ainda tem mais uma interpretação infantil especial, desse querido que faz o papel do Eldar (e seu inseparável Musi). 7,78
O Convite
3.3 1,1KDos atores, só conhecia o versátil John Carrol Lynch, diretor de Lucky (2017). Então tinha tudo para dar errado, e a falta de entrosamento dos convidados indicava esse caminho. Mas, apesar de previsível, tinha uma surpresa em movimento, com boa dose de originalidade, salvando a fita. 6,97
Tony Manero
3.4 86 Assista AgoraO Tony Manero chileno é um dos melhores psicopatas do cinema. Ai de quem contrariá-lo. De quebra uma passagem pela ditadura de Pinochet, numa reconstrução muito bem feita do final dos 70, tanto estética como social. 9,14