Um mosaico de personagens na cidade grande. Todos meios perdidos, solitários, deprimidos e tentando achar seu espaço. Tem a clara intenção de fazer um retrato da sociedade paulista. É apenas parcialmente bem-sucedido, porque nem todos os personagens rendem tanto e, ocasionalmente, o filme esbarra na artificialidade na tentativa de provar seu conceito. O elenco, no geral, é bom, com destaque para Marat Descartes e, principalmente, Marieta Severa, que encara alterando garra e ternura a personagem mais conflituosa de todo o filme. O final é delicado e sensível, ainda que um tanto abrupto.
Começa extremamente interessante e autêntico num nível que consegue de forma muito orgânica mesclar suspense e terror com conflitos e questões sociais puramente brasileiras. Os mortos falantes inicialmente soam no limite do caricato, mas o diretor é hábil em construir um clima de angustia e tensão de forma tensa o suficiente para isso ser rapidamente esquecido. Entretanto, do meio para o final o longa cai em clichês de soluções fáceis e nem sempre convincentes. De repente tudo está basicamente centrado em corpos sendo tomado por espíritos, objetos amaldiçoados e aquela matança de tudo e todos como é comum no gênero. Ainda assim, deve ser considerado como uma investida de personalidade no terror brasileiro sobretudo pela intensa atuação de Daniel de Oliveira, que carrega o filme transmitindo todo o sofrimento e confusão mental do personagem do inicio ao fim.
Uma delícia. Bem aos moldes de Tenesse Wiliams e demais dramaturgos ácidos de dramas familiares que foram bastante adaptados para o cinema no passado. Sofisticado, sórdido e amargo, o filme é um belo retrato do lado podre da elite. Nove atores, todos tem seu momento de brilho, mas vale destacar o show de Drica Moraes, Mariana Lima e Gustavo Machado. Só não é impecável, porque poderia ter sido um pouco mais enxuto no seu final, mas o conjunto da obra é forte e Daniela é hábil em transformar em puro cinema algo que seria mais facilmente associado ao teatro
É refrescante e revigorante ver uma comédia que foge da linguagem televisiva banal. Aqui temos uma linguagem de cinema com C maiúsculo, com planos-sequências elegantes, bonitos e fluidos que contribuem com o estilo acelerado e vigoroso do filme, assim como sua caprichada direção de arte, iluminação e trilha sonora. Vale destacar também o elenco inspirado, sobretudo, Deborah Secco e Alessandra Negrini que jogam com força no estilo “cartunesco” do filme, que é baseado em uma premiada HQ. Também é louvável o trato as personagens femininas que não se resumem em mulheres desesperadas para casar. O romantismo e os dilemas dos relacionamentos estão presentes, mas os personagens não se resumem só a isso.
Meio Rubem Fonseca, meio Agatha Christie. Meio Fonseca pelo olhar para o Rio marginal, noturno e boêmio e pelo teor investigativo policial, meio Agatha pelo teor do assassino misterioso e pelo quebra-cabeça de relações entre os personagens ir se revelando aos poucos. A trama é desenvolvida com ritmo ao apresentar a cada cena algum elemento novo, vale destacar as ótimas atuações sobretudo Cláudia Abreu, muito hábil em desenvolver as facetas variadas de sua personagem e a bela relação com o filho, e Eduardo Moscovis, ótimo como o marido preconceituoso. O longa ainda faz um uso forte da música “Amor Marginal”, de Johnny Hooker, que faz uma ponta no filme. Há, sim, algumas leves soluções facilitadas para trama andar rápido, mas são desvios menores para um filme bem estruturado e solucionado de forma contundente.
Biscoito fino e produto raro no cinema brasileiro. Não é uma chanchada ou um filme careta assim como também não se trata de uma obra hermética. Trata daquele raro caso de filme B que tem potencial para dialogar com um público amplo e ainda assim preserva uma forte veia artística em todos os seus elementos. Elenco impecável, visual digno de virar referência cult, personagens bem construídos e tramas muito bem amaradas, além de, claro, uma trilha sonora que contribui intensamente para o clima do filme. Espero que Monique Gardenberg não demore novamente mais de 10 anos para lançar seu longa-metragem seguinte!
Um incrível tour de force de Charlize Theron, em sua melhor atuação desde “Monster – Desejo Assassino”. E isso não é nada pouco visto o quão ela é boa em filmes como “Mad Max”, “Terra Fria” e “Jovens Adultos”. Também o roteiro mais maduro da Diablo Cody, assim como a direção mais bem amarrada do Jason Reitman desde “Amor Sem Escalas”. Em suma, o trio em estado de graça.
A fusão entre o extremo naturalismo e um ar simbólico-metafórico é até interessante, assim como a forma como a narrativa vai se mostrando como um quebra-cabeça, se encaixando aos poucos através dos diálogos, mas o desenvolvimento acaba sendo limitado quando o roteiro parece parar de evoluir se limitando a troca de diálogos que pouco dizem e, por fim, simplesmente encerra os arcos dos personagens sem levar a lugar nenhum.
Comédia romântica que se segura pela beleza, carisma e talento dos protagonistas e as belas paisagens de Lisboa. Ocasionalmente alguma boa sacada no roteiro, mas a interessante proposta de “jogo de gêneros” acaba sendo usada de maneira bem morna, não chegando nem perto de realmente provocar alguma discursão ou provocação sobre o assunto. Sem falar no final pouco inspirado que se é até maduro por um lado, carece de convencimento por outro.
Claramente é um comentário social, mas cheio de humor e ironia. É tão incomum ver um filme que trabalha temas como racismo, diferenças de classes e sexualidade com um humor ácido, inteligente e consciente que não se perca num politicamente incorreto inconseqüente ou bobo. E o elenco está em estado de graça. Nunca vi Will Smith interpretando um papel tão complexo e lida com ele tão naturalmente, Donald Sutherland está ótimo e faz uma dupla mordaz com Stockard Chaning, que por formentar uma relação mais ambígua com o personagem de Smith a permite mais arestas e possibilidades. É verdade que alguns momentos destoam por serem teatrais demais e algumas opções de direção envelheceram, porém vale destacar como o diretor conseguiu usar diversas possibilidades cinematográficas que tiram o filme do chamado “teatro filmado”. Há muito de cinema "puro" aqui e, por vezes, dos mais interessantes.
Novamente a dupla de diretores pegam uma trama de tom social e dão um desenvolvimento surpreendente de tom fantasioso usando elementos do terror e do suspense. Interessante construção de clima a partir de uma direção ousada, um roteiro criativo e um elenco empenhado, com destaque para Marjorie Estiano e Isabel Zuaa. Dificilmente sairá sem prêmios do festival do Rio.
Conceitualmente, ele é muito interessante (abordar o declínio e a falta de comunicação de um casal a partir de uma obra visual, muito pautada pelo trabalho artístico dos protagonistas), a abordagem naturalista (as cenas de sexo, por exemplo, são tão palpáveis que parecem reais) e visualmente marcante (a fotografia do galpão e dos detalhes é notória), mas me pareceu falho o desenvolvimento do roteiro que mais insinua conflitos do que realmente os desenvolve e os vivencia. Como um curta, talvez, funciona-se melhor. Da forma que está, falta, por vezes, fôlego narrativo arrastando a trama, mas não falta momentos belos, além de ser notória a ótima ideia-conceito muito bem estruturada.
Nick Nolte e principalmente Julie Christie estão ótimos e fazem tudo que podem, mas infelizmente a direção, por vezes, fora do tom e o texto irregular com seus personagens mudando repentinamente e diálogos vira e mexe artificiais impedem o filme de fluir. Acaba sendo uma tentativa de drama romântico com pitadas de humor e erotismo que só ocasionalmente mostra o que realmente deveria ser.
Que elenco maravilhoso! Diane Keaton está luminosa e com certeza mereceu sua indicação ao Oscar, DiCaprio novinho e já demonstrando talento e Streep ótima como sempre, sem falar que até os papéis pequenos aqui são feitas por atores de renome, como as boas participações de Robert De Niro, Margo Martindale e Cyntia Nixon.
Uma bela história, sem dúvidas, mas peca na construção de roteiro, tanto no desenvolvimento raso das tramas quanto na construção limitada de todos os personagens. Algumas cenas são técnicamente refinadas e se destacam, assim como do elenco irregular Julia Lemmertz é a que se sobressai. Ela faz tudo que pode transmitindo sua habitual naturalidade, mesmo quando o texto não a ajuda.
A jornada até a tal Free Zone do título é intensa, mas depois dela vários novos elementos passam a ser salpicados disperçando a trama e diluindo seu impacto. Quanto ao elenco, não há ressalvas, Hannah Laslo tem uma interpretação impecável beneficiada por ter a personagem mais desenvolvida, porém a delicadeza de Portman e a presença forte de Abbas não ficam muito atrás.
Caprichada produção de época beneficiada por um retrato simpático da malandragem brasileira e boas atuações, em especial, a charmosa de Vladmir Brichta, que cai como uma luva no papel.
Delicado, super simpático e (quase) despretensioso retrato de um brasileiro comum que imigra para Portugal. O protagonista, Paulo Azevedo, dá um show de simplicidade e construção minuciosa de personagem
Uma comédia divertida, ainda que irregular, sobre os bastidores da política num Brasil dominado por mulheres. Funciona melhor quando investe em sua trama inteligente do que quando tenta fazer graça com piadas, por vezes, forçadas. Destaque absoluto para Dira Paes, deliciosamente canalha no papel.
O filme gira em torno de alguns personagens habitantes de uma mesma cidade mostrados em vários curtas-metragens. Alguns personagens reaparecem, mas personagens que surgiram em histórias diferentes podem estar próximos, mas não costumam interagir entre si. Basicamente, cada um tem seu “universo”, embora possam estar próximas fisicamente. O diretor faz um retratro de uma sociedade em crise, a maioria das pessoas são insensíveis a dor alheia, boa parte estão tristes e todos estão com uma maquiagem de uma ópera-bufa – ou seja com a cara toda de pó branco. Tudo para criar um retrato de uma sociedade pálida. Infelizmente, o longa me pareceu melhor na teoria do que na prática.
Embora de início seja promissor com rápidas esquetes que mostram intitulados “encontros com a morte”, onde exibem pessoas morrendo de forma inesperada e com o resto do mundo ignorando ou reagindo ao fato de forma absolutamente tranquila, o filme não vai ganhando corpo e, sim, se perdendo em momentos desnecessários, simbolismos óbvios, certas situações que se repetem a exaustão e os "atos finais" revelam grande irregularidade no tom.
Então, temos o velho mal da irregularidade dos filmes episódicos elevados em um grau forte. O ritmo se perde, o conceito se esgota e o humor some. Apesar de original e de alguns momentos notáveis, o filme não se sustenta como um todo. Ele vive de momentos, mas esses momentos estão em quantidade menor do que deveriam. A seleção de Veneza 2014 podia não estar das melhores, mas haviam melhores candidatos para levar o prêmio máximo.
Uma competente adaptação da obra de Tenesse Wiliams, ainda que em menor intensidade que o habitual. Destaque absoluto para Una Merkel, que tem aparições fortes, e Geraldine Page, em precisa composição ao passar pela delicada transformação da personagem. No ano seguinte, Page estrelaria mais uma adaptação de Williams (Doce Pássaro da Juventude), onde dá show em papel completamente diferente.
Basicamente, uma saga de uma mulher que vive um momento de caos interno. O filme vai abordando aos poucos como são suas relações com as pessoas, quais são seus traumas pessoais e como ela chegou ao ponto que estar formando uma sequência instigante de pistas. Um drama forte com ocasionais tons mórbidos assim como doses de humor ácido. O filme conta com vários bons atores, há, por exemplo, destacada participação da ótima Adriana Barraza, mas o filme é praticamente todo da Jennifer Aniston, que surpreende ao encarrar o papel com garra.
A Voz do Silêncio
3.2 26Um mosaico de personagens na cidade grande. Todos meios perdidos, solitários, deprimidos e tentando achar seu espaço. Tem a clara intenção de fazer um retrato da sociedade paulista. É apenas parcialmente bem-sucedido, porque nem todos os personagens rendem tanto e, ocasionalmente, o filme esbarra na artificialidade na tentativa de provar seu conceito. O elenco, no geral, é bom, com destaque para Marat Descartes e, principalmente, Marieta Severa, que encara alterando garra e ternura a personagem mais conflituosa de todo o filme. O final é delicado e sensível, ainda que um tanto abrupto.
Morto Não Fala
3.4 384 Assista AgoraComeça extremamente interessante e autêntico num nível que consegue de forma muito orgânica mesclar suspense e terror com conflitos e questões sociais puramente brasileiras. Os mortos falantes inicialmente soam no limite do caricato, mas o diretor é hábil em construir um clima de angustia e tensão de forma tensa o suficiente para isso ser rapidamente esquecido. Entretanto, do meio para o final o longa cai em clichês de soluções fáceis e nem sempre convincentes. De repente tudo está basicamente centrado em corpos sendo tomado por espíritos, objetos amaldiçoados e aquela matança de tudo e todos como é comum no gênero. Ainda assim, deve ser considerado como uma investida de personalidade no terror brasileiro sobretudo pela intensa atuação de Daniel de Oliveira, que carrega o filme transmitindo todo o sofrimento e confusão mental do personagem do inicio ao fim.
O Banquete
3.2 79Uma delícia. Bem aos moldes de Tenesse Wiliams e demais dramaturgos ácidos de dramas familiares que foram bastante adaptados para o cinema no passado. Sofisticado, sórdido e amargo, o filme é um belo retrato do lado podre da elite. Nove atores, todos tem seu momento de brilho, mas vale destacar o show de Drica Moraes, Mariana Lima e Gustavo Machado. Só não é impecável, porque poderia ter sido um pouco mais enxuto no seu final, mas o conjunto da obra é forte e Daniela é hábil em transformar em puro cinema algo que seria mais facilmente associado ao teatro
Mulheres Alteradas
2.6 67É refrescante e revigorante ver uma comédia que foge da linguagem televisiva banal. Aqui temos uma linguagem de cinema com C maiúsculo, com planos-sequências elegantes, bonitos e fluidos que contribuem com o estilo acelerado e vigoroso do filme, assim como sua caprichada direção de arte, iluminação e trilha sonora. Vale destacar também o elenco inspirado, sobretudo, Deborah Secco e Alessandra Negrini que jogam com força no estilo “cartunesco” do filme, que é baseado em uma premiada HQ. Também é louvável o trato as personagens femininas que não se resumem em mulheres desesperadas para casar. O romantismo e os dilemas dos relacionamentos estão presentes, mas os personagens não se resumem só a isso.
Berenice Procura
3.2 43Meio Rubem Fonseca, meio Agatha Christie. Meio Fonseca pelo olhar para o Rio marginal, noturno e boêmio e pelo teor investigativo policial, meio Agatha pelo teor do assassino misterioso e pelo quebra-cabeça de relações entre os personagens ir se revelando aos poucos. A trama é desenvolvida com ritmo ao apresentar a cada cena algum elemento novo, vale destacar as ótimas atuações sobretudo Cláudia Abreu, muito hábil em desenvolver as facetas variadas de sua personagem e a bela relação com o filho, e Eduardo Moscovis, ótimo como o marido preconceituoso. O longa ainda faz um uso forte da música “Amor Marginal”, de Johnny Hooker, que faz uma ponta no filme.
Há, sim, algumas leves soluções facilitadas para trama andar rápido, mas são desvios menores para um filme bem estruturado e solucionado de forma contundente.
Paraíso Perdido
3.8 266Biscoito fino e produto raro no cinema brasileiro. Não é uma chanchada ou um filme careta assim como também não se trata de uma obra hermética. Trata daquele raro caso de filme B que tem potencial para dialogar com um público amplo e ainda assim preserva uma forte veia artística em todos os seus elementos. Elenco impecável, visual digno de virar referência cult, personagens bem construídos e tramas muito bem amaradas, além de, claro, uma trilha sonora que contribui intensamente para o clima do filme. Espero que Monique Gardenberg não demore novamente mais de 10 anos para lançar seu longa-metragem seguinte!
Tully
3.9 562 Assista AgoraUm incrível tour de force de Charlize Theron, em sua melhor atuação desde “Monster – Desejo Assassino”. E isso não é nada pouco visto o quão ela é boa em filmes como “Mad Max”, “Terra Fria” e “Jovens Adultos”. Também o roteiro mais maduro da Diablo Cody, assim como a direção mais bem amarrada do Jason Reitman desde “Amor Sem Escalas”. Em suma, o trio em estado de graça.
A Câmera de Claire
3.4 73 Assista AgoraA fusão entre o extremo naturalismo e um ar simbólico-metafórico é até interessante, assim como a forma como a narrativa vai se mostrando como um quebra-cabeça, se encaixando aos poucos através dos diálogos, mas o desenvolvimento acaba sendo limitado quando o roteiro parece parar de evoluir se limitando a troca de diálogos que pouco dizem e, por fim, simplesmente encerra os arcos dos personagens sem levar a lugar nenhum.
Alguém Como Eu
2.4 47Comédia romântica que se segura pela beleza, carisma e talento dos protagonistas e as belas paisagens de Lisboa. Ocasionalmente alguma boa sacada no roteiro, mas a interessante proposta de “jogo de gêneros” acaba sendo usada de maneira bem morna, não chegando nem perto de realmente provocar alguma discursão ou provocação sobre o assunto. Sem falar no final pouco inspirado que se é até maduro por um lado, carece de convencimento por outro.
Seis Graus de Separação
3.5 56 Assista AgoraClaramente é um comentário social, mas cheio de humor e ironia. É tão incomum ver um filme que trabalha temas como racismo, diferenças de classes e sexualidade com um humor ácido, inteligente e consciente que não se perca num politicamente incorreto inconseqüente ou bobo. E o elenco está em estado de graça. Nunca vi Will Smith interpretando um papel tão complexo e lida com ele tão naturalmente, Donald Sutherland está ótimo e faz uma dupla mordaz com Stockard Chaning, que por formentar uma relação mais ambígua com o personagem de Smith a permite mais arestas e possibilidades. É verdade que alguns momentos destoam por serem teatrais demais e algumas opções de direção envelheceram, porém vale destacar como o diretor conseguiu usar diversas possibilidades cinematográficas que tiram o filme do chamado “teatro filmado”. Há muito de cinema "puro" aqui e, por vezes, dos mais interessantes.
As Boas Maneiras
3.5 647 Assista AgoraNovamente a dupla de diretores pegam uma trama de tom social e dão um desenvolvimento surpreendente de tom fantasioso usando elementos do terror e do suspense. Interessante construção de clima a partir de uma direção ousada, um roteiro criativo e um elenco empenhado, com destaque para Marjorie Estiano e Isabel Zuaa. Dificilmente sairá sem prêmios do festival do Rio.
Pendular
3.6 54Conceitualmente, ele é muito interessante (abordar o declínio e a falta de comunicação de um casal a partir de uma obra visual, muito pautada pelo trabalho artístico dos protagonistas), a abordagem naturalista (as cenas de sexo, por exemplo, são tão palpáveis que parecem reais) e visualmente marcante (a fotografia do galpão e dos detalhes é notória), mas me pareceu falho o desenvolvimento do roteiro que mais insinua conflitos do que realmente os desenvolve e os vivencia. Como um curta, talvez, funciona-se melhor. Da forma que está, falta, por vezes, fôlego narrativo arrastando a trama, mas não falta momentos belos, além de ser notória a ótima ideia-conceito muito bem estruturada.
O Despertar do Desejo
2.7 9Nick Nolte e principalmente Julie Christie estão ótimos e fazem tudo que podem, mas infelizmente a direção, por vezes, fora do tom e o texto irregular com seus personagens mudando repentinamente e diálogos vira e mexe artificiais impedem o filme de fluir. Acaba sendo uma tentativa de drama romântico com pitadas de humor e erotismo que só ocasionalmente mostra o que realmente deveria ser.
As Filhas de Marvin
3.5 126 Assista AgoraQue elenco maravilhoso! Diane Keaton está luminosa e com certeza mereceu sua indicação ao Oscar, DiCaprio novinho e já demonstrando talento e Streep ótima como sempre, sem falar que até os papéis pequenos aqui são feitas por atores de renome, como as boas participações de Robert De Niro, Margo Martindale e Cyntia Nixon.
Pequeno Segredo
3.3 118 Assista AgoraUma bela história, sem dúvidas, mas peca na construção de roteiro, tanto no desenvolvimento raso das tramas quanto na construção limitada de todos os personagens. Algumas cenas são técnicamente refinadas e se destacam, assim como do elenco irregular Julia Lemmertz é a que se sobressai. Ela faz tudo que pode transmitindo sua habitual naturalidade, mesmo quando o texto não a ajuda.
Free Zone
3.2 36A jornada até a tal Free Zone do título é intensa, mas depois dela vários novos elementos passam a ser salpicados disperçando a trama e diluindo seu impacto. Quanto ao elenco, não há ressalvas, Hannah Laslo tem uma interpretação impecável beneficiada por ter a personagem mais desenvolvida, porém a delicadeza de Portman e a presença forte de Abbas não ficam muito atrás.
Coração Iluminado
3.3 29Maria Luísa Mendonça estreando no cinema e já se mostrando uma verdadeira força da natureza em cena!
Muitos Homens Num Só
3.2 33Caprichada produção de época beneficiada por um retrato simpático da malandragem brasileira e boas atuações, em especial, a charmosa de Vladmir Brichta, que cai como uma luva no papel.
Possessão
3.9 584Tenho problemas psicológicos causados por Possession e a atuação assombrosa de Isabelle Adjani.
Estive em Lisboa e Lembrei de Você
3.1 22 Assista AgoraDelicado, super simpático e (quase) despretensioso retrato de um brasileiro comum que imigra para Portugal. O protagonista, Paulo Azevedo, dá um show de simplicidade e construção minuciosa de personagem
Mulheres no Poder
2.6 11Uma comédia divertida, ainda que irregular, sobre os bastidores da política num Brasil dominado por mulheres. Funciona melhor quando investe em sua trama inteligente do que quando tenta fazer graça com piadas, por vezes, forçadas. Destaque absoluto para Dira Paes, deliciosamente canalha no papel.
Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência
3.6 265 Assista AgoraO filme gira em torno de alguns personagens habitantes de uma mesma cidade mostrados em vários curtas-metragens. Alguns personagens reaparecem, mas personagens que surgiram em histórias diferentes podem estar próximos, mas não costumam interagir entre si. Basicamente, cada um tem seu “universo”, embora possam estar próximas fisicamente. O diretor faz um retratro de uma sociedade em crise, a maioria das pessoas são insensíveis a dor alheia, boa parte estão tristes e todos estão com uma maquiagem de uma ópera-bufa – ou seja com a cara toda de pó branco. Tudo para criar um retrato de uma sociedade pálida. Infelizmente, o longa me pareceu melhor na teoria do que na prática.
Embora de início seja promissor com rápidas esquetes que mostram intitulados “encontros com a morte”, onde exibem pessoas morrendo de forma inesperada e com o resto do mundo ignorando ou reagindo ao fato de forma absolutamente tranquila, o filme não vai ganhando corpo e, sim, se perdendo em momentos desnecessários, simbolismos óbvios, certas situações que se repetem a exaustão e os "atos finais" revelam grande irregularidade no tom.
Então, temos o velho mal da irregularidade dos filmes episódicos elevados em um grau forte. O ritmo se perde, o conceito se esgota e o humor some. Apesar de original e de alguns momentos notáveis, o filme não se sustenta como um todo. Ele vive de momentos, mas esses momentos estão em quantidade menor do que deveriam. A seleção de Veneza 2014 podia não estar das melhores, mas haviam melhores candidatos para levar o prêmio máximo.
O Anjo de Pedra
3.2 5Uma competente adaptação da obra de Tenesse Wiliams, ainda que em menor intensidade que o habitual. Destaque absoluto para Una Merkel, que tem aparições fortes, e Geraldine Page, em precisa composição ao passar pela delicada transformação da personagem. No ano seguinte, Page estrelaria mais uma adaptação de Williams (Doce Pássaro da Juventude), onde dá show em papel completamente diferente.
Cake - Uma Razão Para Viver
3.4 698 Assista AgoraBasicamente, uma saga de uma mulher que vive um momento de caos interno. O filme vai abordando aos poucos como são suas relações com as pessoas, quais são seus traumas pessoais e como ela chegou ao ponto que estar formando uma sequência instigante de pistas. Um drama forte com ocasionais tons mórbidos assim como doses de humor ácido. O filme conta com vários bons atores, há, por exemplo, destacada participação da ótima Adriana Barraza, mas o filme é praticamente todo da Jennifer Aniston, que surpreende ao encarrar o papel com garra.