Beorn, o adentrar na Floresta das Trevas, a fuga nos barris, a chegada na Montanha Solitária, a batalha contra o Smaug. Chato, chato, chato. Muito chato. O que salva o filme é o romance entre o Kili e a Tauriel.
O pleno controle visual de Jodorowsky aqui dá a luz à uma narrativa mística e metafórica, cheia de alegorias, não muito diferente dos outros sucessos do mesmo ("El Topo" e "La Montagna Sacra"), no entanto, esse filme marca pra mim um ponto de virada em relação ao diretor: não consigo mais ignorar sua obsessão por estupro e mutilação feminina. Não tem como.
Santa Sangre poderia figurar entre meus filmes favoritos, vejo isso claramente. A ambição na estética e na narrativa me chamam muita atenção, são os ingredientes aos quais eu sucumbo quando bem misturados; no entanto, a insistência em trazer personagens femininas totalmente objetificadas psicologicamente e fisicamente e estuprá-las, matá-las, mutilá-las cruamente na tela, me desliga do filme. E isso acontece várias vezes. Me faz lembrar de Gaspar Noé.
Me leva ao velho conflito: separar artista e obra? Não acho que seja possível fazê-lo totalmente, mesmo achando que seria o indicado (pois a arte é parida pelo artista e após isso vive livre e não deve ser minimizada às atitudes de um ser humano falho), mas, os momentos em que o filme reflete a provável misoginia espiritualmente justificada de Jodorowsky são difíceis de "separar" e fazem com que Santa Sangre nunca consiga atingir o potencial que possui, ser um filme 3.5 quando poderia - e deveria - ser um filme nota 5.
Essa crítica é dividida em 9 capítulos e um prólogo (o qual apresenta o crítico e suas motivações). Brincadeira.
Dogville não te deixa esquecer quem é o diretor do filme, pois tudo está lá: a câmera desnecessariamente tremida, as narrações invasivas, as cenas impiedosas e a personagem feminina frágil que sofre o tempo inteiro. Cada um desses elementos é questionável e fala a respeito da personalidade do Lars Von Trier (que, como pessoa, não é questionável, pois não deixa dúvidas quanto à sua arrogância e misoginia); no entanto, é necessário admitir que aqui esses elementos controversos foram misturados de uma maneira (extremamente) improvável que resultou em uma boa obra.
O filme se fortalece muito com o seu conceito: as casas invisíveis são o ponto alto de Dogville, despertando um interesse visual e servindo à história (mais do que aquela narração incessante, inclusive). O aspecto vigilante da vizinhança e a falsa empatia exercida pelos moradores escancaram a forte crítica do Lars ao modo de vida norte-americano, como se o diretor estivesse tentando filmar o seu próprio "American Beauty" - só que sem visar o Oscar. A personagem da Nicole Kidman, em uma boa atuação, representa a doçura e inocência de alguém que busca aceitação em uma terra hostil (estou falando da cidade fictícia, não do set de filmagem, ok?); enquanto o filósofo vivido pelo Paul Bettany tem seu comportamento posto à prova diversas vezes pelo roteiro, apresentando um personagem com camadas bem trabalhadas.
O roteiro se arrasta um pouco e quase tropeça no próprio pé no terceiro ato, onde parece que toda a história vai se render a um único comentário incisivo do diretor a respeito do "politicamente correto", no entanto, o clímax consegue abrir uma discussão ao invés de apenas fechá-la, e o telespectador tem o direito de, em casa, tomar sua própria decisão a respeito do que viu.
Ao fim do filme, botando tudo na balança, não irei esquecer da direção irritante e característica do Lars Von Trier, mas, a mesma não fará tanta presença na memória quanto o conceito, a história e a crítica que o filme se propõe a fazer. O saldo é positivo dessa vez.
"Sir, nobody's been through Dogville. Moses would have barked. He's very suspicious of strangers."
Me parece inconcebível dar vida a uma obra dessas pela complexidade que o projeto se propõe a ter - tanto no seu roteiro quanto na sua montagem - e conseguir executar isso de maneira formidável torna os louros de "Sr. Ninguém" ainda mais fartos. Aqui, a história passeia por variados momentos utilizando sempre de uma rica direção de arte, uma trilha sonora assertiva e uma edição afiada para tornar as 2h30 leves de assistir. Além disso, vale destacar que Jared Leto também está ótimo no papel, conduzindo as cenas com firmeza e inteligência.
Em suma, "Sr. Ninguém" é um filme espetacular! É uma mistura de "Cidade dos Sonhos", "Efeito Borboleta" e "A Origem" dirigido pela fusão do David Cronenberg com as Irmãs Wachowski. É presunçoso e dramático na medida certa, confundindo e explicando de maneira dosada, e nunca seguindo por um único caminho em detrimento da unidade do longa (que é composta, como no próprio enredo, por diversos caminhos narrativos diferentes, cada um com seu tom e sua direção adequados).
Vou parar de escrever antes que rasgue elogios numerosos demais (se vale de justificativa, pouco mais de 10 minutos se passaram pra mim desde os créditos finais e a sensação de êxtase ainda não foi embora), no entanto, se me é possível fazer mais um comentário, queria dizer que vendo os demais relatos a respeito desta película aqui no site, não sei quem aproveitou menos o filme: os que estão choramingado que não entenderam, ou os que estão tentando provar que entenderam.
"No Xadrez, é chamado Zugzwang quando o único movimento viável... é não se mover."
"Todo caminho é o caminho certo. Tudo poderia ter sido qualquer outra coisa e teria sido igualmente importante."
Love talvez seja o filme mais conhecido e, com o perdão da palavra, relevante do cineasta Gaspar Noé. O cômico desta situação é que o filme expõe quase todos os maneirismos desajeitados desse diretor em meio a um roteiro extremamente debilitado que não recebe ajuda nem dos personagens (pois os mesmos possuem zero carisma e/ou motivação), nem da montagem (que faz parecer que o filme não foi revisado após a primeira edição).
Logo na primeira cena do filme somos expostos a uma cena explícita de sexo entre duas pessoas, sem aviso prévio nenhum - ora, é o Gaspar Noé tentando mostrar por meio do choque o quanto não estamos preparados pro seu estilo de cinema. Passada esta cena, o primeiro ato decorre com extrema pobreza, sem saber apresentar seus personagens a não ser que uma voz em suas cabeças diga ao telespectador exatamente o que ele está sentindo durante as ações que executa. Entendo que este recurso já tenha sido explorado em filmes anteriores do diretor, no entanto, aqui o mesmo não é condizente com a narrativa, mostrando apenas a dificuldade que o diretor tem de trabalhar seu elenco e respectivos diálogos - dificuldade essa que não deveria existir já que Noé é tão revolucionário em seus filmes a ponto de começá-los com cenas de sexo viscerais, me entendem?
Após esta etapa do filme, aproximando-se dos 30/40 minutos, minha crítica já perde o sentido de existir porque o próprio filme deixa de existir, tanto narrativa quando artisticamente falando. O longa se perde em demoradas cenas de sexo, pequenos diálogos extremamente bobos a respeito de cinema e poesia, tentando criar uma metalinguagem sacana a partir de seus protagonistas totalmente inverossímeis. Nada mais funciona e o filme se arrasta por uma hora e meia de uma montagem confusa e de uma fotografia ridiculamente saturada de cores quentes para reforçar seu erotismo - gênio - sem sentimentos.
Filmes não se tornam interessantes apenas por fugir do molde narrativo do mainstream, e Love, ao tentar mostrar sua inteligência pela sua ausência de regras e (várias) provocativas cenas de coito, acaba por tropeçar no próprio pé por não saber conduzi-las de forma eficiente, entregando uma obra pretensiosa e burra ao mesmo tempo.
"I want to make movies out of blood, sperm and tears"
"Rocketman" me ensinou o poder de uma biografia cinematográfica.
Na primeira metade, o filme é o que se espera de uma biografia de um astro do rock: uma edição rápida para fazer passar 20 anos em uma hora, mostrando os momentos mais importantes do crescimento do protagonista em uma ou duas cenas - com direito a microfonia no primeiro show ao vivo para demonstrar a timidez e aos letreiros voando na tela pra demonstrar que está acontecendo uma turnê. A direção ajuda a conduzir esses momentos de maneira extravagante, dando um charme de musical ao longa que o torna diferente dos demais, no entanto, o mesmo ainda é pouco mais que "operante" até aí.
No entanto, quanto mais o filme aposta nos insights de Elton John, entrando mais a fundo na loucura das turnês, das drogas, do sentimentalismo e da solidão do pianista, mais o filme mostra o seu poder. A queda (da estrutura "ascensão - queda - redenção") não é uma queda nas vendas, falta de dinheiro ou esquecimento da mídia, é uma queda psicológica. Elton John aparece cada vez mais humano, dominado por sentimentos ruins que o puxam pra baixo, fazendo-o ser apenas uma caricatura do que houvera sido em seus dias de glória - vale destacar que nada disso seria possível sem a atuação majestosa de Taron Egerton (esnobado!).
É nesse estudo de personalidade do protagonista que "Rocketman" me conquistou, sendo um filme carregado de emoção e humanidade, mesmo se tratando de um dos astros mais extravagantes da música. No fim das contas, sucesso é se sentir bem consigo mesmo. Nota: 4.1/5
Jojo Rabbit é um filme extremamente engraçado, onde o timing cômico de Taika Waititi se soma com o pesar do tema trabalhado para trazer uma experiência um tanto escrachada e peculiar. Praticamente todas as piadas do filme funcionam, no entanto, é preciso um roteiro para amarrar os momentos cômicos uns nos outros, e o roteiro aqui... não foge muito à obviedade. À meu ver, o roteiro simples não chega a incomodar, até porque o design de produção segura as pontas na hora de contar a história visualmente, e no fim o saldo de tudo fica positivo.
Depois de Thor: Ragnarok, mais um acerto improvável pra conta do Taika.
"Deve ter ouvido um rumor de que Hitler só tem uma bola. Isso é um absurdo. Ele tem quatro." Nota: 3.4/5
Melancolia seria melhor se a Parte I tivesse uns 10 minutos a menos, se a Parte II tivesse uns 20 minutos a menos e se o idiota do Lars Von Trier tivesse menos pretensão na cabeça.
Felizmente (?), a proposta angustiante e melancólica do longa é fortalecida pela maneira irritante com que a câmera atua nos projetos deste diretor, fazendo com que o filme tenha uma ótima ambientação e não saia no saldo negativo. No fim, é válido pelas atuações, pelo clima e pela proposta narrativa. Nota: 3.2/5
Não assisti a este filme acreditando que as filmagens eram reais devido a um trabalho de marketing eficaz, nem me sentindo angustiado com as gravações que utilizam câmera na mão e dão à projeção um caráter documentativo; infelizmente, assisti-o 20 anos atrasado, numa época em que os filmes de terror found-footage são as piores pragas do cinema.
É instigante pensar no impacto que "A Bruxa de Blair" teve em 1999, porém, nos tempos atuais, percebe-se que o filme envelheceu mal - o que é uma pena. Nota: 3/5
Fui ao cinema conferir "Toy Story 4" e saí de lá com a impressão de que a grande animação do momento não era o filme da Pixar, e sim "Pets 2". Ora, nunca tinha notado um alvoroço deste tipo em relação ao primeiro "Pets", de 2016, então por que o segundo estava a ser tão comentado? Pensei, então, que haviam duas respostas possíveis: ou o primeiro filme é realmente bom, ou o segundo filme tem um marketing eficiente pra me fazer pensar isso. Foi então que eu assisti o primeiro Pets e descobri que a resposta certa era a segunda alternativa.
Eu vejo um esforço na película em trazer cenários coloridos e uma ambientação criativa, sendo que aparecem diversos animais diferentes aqui e todos eles são bem pensados no sentido estético e cômico. Acontece que tirando a estética do filme não há nada para se comentar. Tanto o enredo quanto os personagens são fracos, a aventura é extremamente derivada e não há momentos marcantes para lembrar. Aliás, um dia depois de ver eu já nem lembro direito tudo que aconteceu. Nota: 2.8/5
Metáforas absurdas culminando em body horror de qualidade, pinceladas de gore e um clima de bizarrice iminente são os elementos que eu tenho certeza que vou encontrar em todo filme do Cronenberg; isso faz com que todos me chamem atenção e, consequentemente, que todos me agradem. Nota: 3.7/5
Eu, do fundo do coração, não entendo a paciência que as pessoas tem com os filmes da DC. É como se a DC, nos cinemas, fosse uma espécie de criança em estágio de descobrimento, que deixa os pais maravilhados só por balbuciar algumas sílabas ou tropeçar nos próprios pés. É sinônimo de euforia e comemoração quando a DC consegue trazer pros cinemas um filme que seja despretensioso e mediano, como é o caso de Shazam e do recente Aquaman, como se tivesse alguma força superior que impedisse a DC de fazer filmes realmente bons, então tudo fora do desastroso é bem-vindo.
Acontece que não há motivos para que os julgamentos sejam menos severos nesse caso. Não vejo por que agradecer por Shazam, um filme completamente mediano, longo demais, que não sabe bem sobre o que trata e que se esforça pra cumprir os mínimos requisitos de um block-buster. Nota: 2.1/5
Quem nunca sentiu aquela vontade de ser "do contra"? De ter uma opinião oposta à que todo mundo está tendo, buscar defeitos em filmes primorosos e coisas aproveitáveis em filmes horríveis? Bom, tem vezes que fica difícil de ser assim.
Homem-Aranha no Aranhaverso parecia ter uma missão difícil de cumprir: fazer uma animação de um super-heroi, contando, ao mesmo tempo, sua história de origem e uma aventura envolvendo realidades paralelas (o tal do Aranhaverso) e diversos personagens secundários. Aparentemente, não tem como. Vai ficar pesado demais, ou talvez grande demais, algumas coisas vão ser desperdiçadas, melhor apostar em um filme de origem apenas... ou talvez não. Esse filme mostra que nada é impossível quando a equipe envolvida é competente e, principalmente, quando o roteiro é bem feito.
O novo filme do amigo da vizinhança é tudo. É divertido, emocionante, esteticamente lindo, tem um personagem principal ótimo com um arco de amadurecimento crível, personagens secundários bem-desenvolvidos e com papeis importantes no filme, tem uma trilha sonora excelente, referências bem dosadas e um estilo de animação que foge do padrão e impressiona o tempo todo. Tudo foi feito de maneira primorosa, sem deixar nenhuma ponta solta, nenhum segmento arrastado e nenhuma cena gratuita. Sério, praticamente não tem defeito algum.
Esse filme é o que podemos chamar de um milagre. Se, em contraponto, temos filmes de heroi que beiram as 3 horas e ainda fazem tudo errado (cof cof Batman vs Superman), o filme em questão, em pouco menos de duas horas, conta uma aventura incrível, apresenta personagens cativantes e diverte, diverte muito!
Tragam já o Oscar de Melhor Animação pra Homem Aranha no Aranhaverso, não há discussão quanto a isso, não há espaço para criar discordância, apenas tragam!
Difícil falar sobre "Rambo IV" sem dar uma revisitada nos demais filmes da franquia, que data dos anos 80 e foi ressuscitada mais de 20 anos depois da estreia de "Rambo - Programado para Matar".
O primeiro Rambo, de 1982, é, sem sombra de dúvidas, o melhor. Ele não é apenas um filme de ação, ele tem uma mensagem a passar. Quando Sylvester Stallone chega na cidade procurando por seu amigo, ele se depara com o horror que o urbanismo pode representar para um veterano de guerra, e a paranoia crescente dos acontecimentos faz com que ele crie sua própria guerra em meio às autoridades locais, mostrando que aquilo o segue onde quer que ele esteja. O diálogo final do filme é memorável, e diz muito a respeito dos horrores que uma experiência como o Vietnã pode causar numa pessoa.
O "Rambo II", de 1985, parte por um caminho diferente, apostando na ação (que foi um elemento muito positivo no primeiro filme) e deixando um pouco de lado o enredo. O filme também tem algo a falar sobre os traumas que a guerra traz, mas aqui há muito mais preocupação em preencher a tela com cenas delirantemente violentas - que funcionam muito bem! Rambo II é um clichê que funciona, um surreal que diverte, e acaba por trazer ao personagem de John Rambo um status de divindade, de figura imbatível.
Mas, é no "Rambo III" que as coisas começam a desandar... o filme de 1988 coloca o personagem principal no Afeganistão, e, ao presenciar uma tragédia, o personagem se põe a lutar pela justiça do povo que foi massacrado. Acontece que o filme é só isso. A metade final do filme é repleta de ação cansativa e injustificável, e não há muitos motivos para se envolver nela (ora, sabemos que Rambo é invencível, não há o que temer). As cenas violentas e explosivas que funcionaram em Rambo II se tornam extremamente repetitivas aqui, e entregam um filme que não tem praticamente nada de muito interessante a dizer ou a mostrar.
Chegamos, finalmente, em "Rambo IV". 20 anos depois da última aparição de John Rambo nos cinemas, Sylvester Stallone decide trazê-lo a tona novamente e a pergunta que pode ser feita é "por quê? " Claro que não vou ser insensível dizendo que não haveria um motivo plausível para fazer isso, pois temos um ótimo exemplo no filme "Rocky Balboa", de 2006, onde Stallone reviveu a franquia do lutador de boxe que parecia ter desandado completamente após o fraquíssimo "Rocky V", de 1990. O filme em questão é incrível em questões de roteiro e direção, apresenta um personagem deturpado pelo tempo e pelos acontecimentos dos filmes anteriores, que lida com seus traumas e com a velhice iminente. O filme foi um sucesso de crítica e, dois anos depois, Stallone decidiu reviver outra de suas franquias, o que parece coerente ao se analisar a situação. Mas, dessa vez, ele seguiu por um caminho completamente diferente.
"Rambo IV" não tem história, para começo de conversa. É alguma coisa sobre guerra no Oriente Médio, povos massacrados em uma região específica, tudo que já foi visto antes. Ok, mas e a abordagem em cima disso? É a mesma. John Rambo está no seu canto, sem querer briga com ninguém, mas quando a guerra chega até seus olhos ele se vê na obrigação de fazer aquilo que acha certo, se aceitando como a máquina de batalha que é e partindo pra ação. 30 minutos de tiros e explosões. Acabou. Juro, é só isso. Não há qualquer novidade aqui, nada que já não tivesse sido feito nos anos 80. Tudo foi reaproveitado, incluindo as coisas que não funcionaram.
Em primeiro lugar, 30 minutos de ação sem parar, num filme que tem 80 minutos de duração, é MUITA coisa. A direção não faz mágica aqui, as cenas são boas, porém se tornam obviamente cansativas e perto do final a câmera tremida gera náuseas. Em segundo lugar, não há qualquer senso de continuidade com os filmes anteriores, não há uma homenagem ou sequer uma visita aos traumas passados pelo protagonista. Tudo bem, não vou mentir, há uma cena ridícula de uns 2 minutos com várias vozes na cabeça de Rambo enquanto algumas cenas dos filmes de 80 passam na sua cabeça, mas aquilo é horrível, parece um fan trailer, não conta. Em terceiro lugar, não há um personagem para se importar, o elenco de apoio não faz nada, o Rambo segue imbatível, não tem qualquer senso de ameaça (mesmo estando velho, é óbvio que não vão matar o John).
Ao final do filme fiquei triste em constatar que o único motivo da existência de Rambo IV é gerar dinheiro usando o nome de uma franquia outrora famosa. Havia uma baita oportunidade de aprofundar-se dentro da cabeça do sanguinolento veterano de guerra, mas foi tudo desperdiçado para que se tivesse mais tempo para usar e abusar de novas tecnologias para criar mais cenas com mortes e explosões. De um filme potencialmente memorável, o resultado foi uma aventura esquecível e sem inovações, com um entretenimento mediano e uma nostalgia que não basta. Nota: 2.1/5
Tim Burton é um nome conhecido dentro do contexto cinematográfico, seja de maneira boa ou ruim, e, dessa vez, ele traz um filme a lá Sessão da Tarde style (de novo). "Sombras da Noite", filme de 2012, fica transitando entre altos e baixos, com os baixos ficando cada vez mais frequentes conforme o filme se aproxima do fim.
A história começa clichê, porém, interessante e divertida (é um mais do mesmo que entretêm). No entanto, todos os personagens são desperdiçados num roteiro que não desenvolve nenhuma das suas várias subtramas. Aliás, nem sei se posso chamar de subtrama algo que é revelado em uma fala, esquecido por meia hora e retomado numa fala mais a frente apenas para ser "concluído". O elenco, coitado, é o que mais se prejudica com essa situação, deixando ótimos nomes como Helena Bonham Carter e Chloe Grace Moretz apenas andarem de um lado para o outro, soltando deixas para o Johnny Depp.
Falando em Johnny Depp... bom, não tem o que falar. Ele está Johnny Depp, e isso não é bom. O começo é bom, as piadas funcionam e o visual é interessante (mesmo que a maquiagem carregada já tenha sido visto em todos os outros filmes dele), mas, o personagem continua a fazer as mesmas piadas ao longo do filme todo e isso cansa.
O filme claramente não quer ser levado a sério, utilizando piadas e situações "pastelonas"; bom, não há problema nisso, desde que se saiba conduzir a trama para que a mesma não pare de proporcionar humor ao passar do tempo. Aqui, Tim Burton não consegue fazer isso, e os pontos positivos do filme são sumindo ao longo do mesmo, dando espaço pros pontos negativos aparecem fortemente. Às vezes a direção de arte impressiona, outrora o figurino chama atenção, mas, no geral, "Sombras da Noite" é tudo que estava prescrito para ser: um filme mediano de um diretor mediano, com um ator principal mediano.
O subtítulo brasileiro de Fargo é algo que descreve muito bem a cara do filme: uma comédia de erros. Ora, isso é exatamente o que a vida real é. O filme dos irmãos Coen tem os dois pés no realismo, e mostra personagens nada fantasiosos passando por situações nada surreais. Tudo ali é palpável, os personagens são simples e fazem as coisas baseados em suas motivações pessoais, passando por complicações que aconteceriam certamente - e é essa familiaridade que dá a graça da película.
A trama se constroi por meio de inconvenientes, sendo ela a principal personagem do filme, levando pessoas de lá pra cá, construindo conexões e, acima de tudo, contando uma história. Os personagens são meros coadjuvantes da grande teia-de-aranha que se cria na cidade de Fargo, e os finais que eles vem a levar mostram que o universo não tem favoritos.
Mais de 20 anos depois dá, claramente, para afirmar: Fargo é sim um clássico! O que os irmãos Coen fizeram aqui em questões de roteiro, fotografia e trilha sonora é excepcional e não deve ser ignorado. Nota: 4.2/5
"Bird Box" é um filme divertido com uma proposta instigante e uma montagem dinâmica que faz com que o ritmo se mantenha sempre no alto. Entretanto, já fizeram diversos filmes como esse; as situações são previsíveis, os personagens são formulaicos e o final é clichê. Destaque para as atuações de Sandra Bullock e John Malkovich.
Bom pra passar o tempo, porém, nada de novo. Nota: 3.3/5
Coragem é algo incrível. Fazer um filme dentro do universo cinematográfico de "Invocação do Mal" é certeza de bilheteria, mas, isso parece ter deixado os responsáveis por "A Freira" tranquilos para trabalharem o menos possível. Entregar um filme sem estrutura, sem coerência narrativa, sem ambientação, e aparentemente sem um roteiro, me parece, no mínimo, muita coragem. Nota: 0.5/5
O filme seria melhor se boa parte das quase duas horas e meia não fosse dedicada a dizer que os russos são malvados, os americanos são bonzinhos e a Jennifer Lawrence é bonita. Nota: 3.1/5
"Você vê aquela casa? Foi aí que nasci. Minha mãe me disse: "Gaston, o mundo é um lugar bonito, e você deve espalhar alegria e satisfação em todos os lugares que você vai." E então eu me tornei um garçom... Bem, eu sei que não é uma ótima filosofia, mas... Ah, foda-se. Eu posso viver minha vida desse jeito, se eu quiser. Vai se foder. Não venha atrás de mim!"
O Hobbit: A Desolação de Smaug
4.0 2,5K Assista AgoraBeorn, o adentrar na Floresta das Trevas, a fuga nos barris, a chegada na Montanha Solitária, a batalha contra o Smaug. Chato, chato, chato. Muito chato. O que salva o filme é o romance entre o Kili e a Tauriel.
Santa Sangre
4.2 150O pleno controle visual de Jodorowsky aqui dá a luz à uma narrativa mística e metafórica, cheia de alegorias, não muito diferente dos outros sucessos do mesmo ("El Topo" e "La Montagna Sacra"), no entanto, esse filme marca pra mim um ponto de virada em relação ao diretor: não consigo mais ignorar sua obsessão por estupro e mutilação feminina. Não tem como.
Santa Sangre poderia figurar entre meus filmes favoritos, vejo isso claramente. A ambição na estética e na narrativa me chamam muita atenção, são os ingredientes aos quais eu sucumbo quando bem misturados; no entanto, a insistência em trazer personagens femininas totalmente objetificadas psicologicamente e fisicamente e estuprá-las, matá-las, mutilá-las cruamente na tela, me desliga do filme. E isso acontece várias vezes. Me faz lembrar de Gaspar Noé.
Me leva ao velho conflito: separar artista e obra? Não acho que seja possível fazê-lo totalmente, mesmo achando que seria o indicado (pois a arte é parida pelo artista e após isso vive livre e não deve ser minimizada às atitudes de um ser humano falho), mas, os momentos em que o filme reflete a provável misoginia espiritualmente justificada de Jodorowsky são difíceis de "separar" e fazem com que Santa Sangre nunca consiga atingir o potencial que possui, ser um filme 3.5 quando poderia - e deveria - ser um filme nota 5.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraEssa crítica é dividida em 9 capítulos e um prólogo (o qual apresenta o crítico e suas motivações). Brincadeira.
Dogville não te deixa esquecer quem é o diretor do filme, pois tudo está lá: a câmera desnecessariamente tremida, as narrações invasivas, as cenas impiedosas e a personagem feminina frágil que sofre o tempo inteiro. Cada um desses elementos é questionável e fala a respeito da personalidade do Lars Von Trier (que, como pessoa, não é questionável, pois não deixa dúvidas quanto à sua arrogância e misoginia); no entanto, é necessário admitir que aqui esses elementos controversos foram misturados de uma maneira (extremamente) improvável que resultou em uma boa obra.
O filme se fortalece muito com o seu conceito: as casas invisíveis são o ponto alto de Dogville, despertando um interesse visual e servindo à história (mais do que aquela narração incessante, inclusive). O aspecto vigilante da vizinhança e a falsa empatia exercida pelos moradores escancaram a forte crítica do Lars ao modo de vida norte-americano, como se o diretor estivesse tentando filmar o seu próprio "American Beauty" - só que sem visar o Oscar. A personagem da Nicole Kidman, em uma boa atuação, representa a doçura e inocência de alguém que busca aceitação em uma terra hostil (estou falando da cidade fictícia, não do set de filmagem, ok?); enquanto o filósofo vivido pelo Paul Bettany tem seu comportamento posto à prova diversas vezes pelo roteiro, apresentando um personagem com camadas bem trabalhadas.
O roteiro se arrasta um pouco e quase tropeça no próprio pé no terceiro ato, onde parece que toda a história vai se render a um único comentário incisivo do diretor a respeito do "politicamente correto", no entanto, o clímax consegue abrir uma discussão ao invés de apenas fechá-la, e o telespectador tem o direito de, em casa, tomar sua própria decisão a respeito do que viu.
Ao fim do filme, botando tudo na balança, não irei esquecer da direção irritante e característica do Lars Von Trier, mas, a mesma não fará tanta presença na memória quanto o conceito, a história e a crítica que o filme se propõe a fazer. O saldo é positivo dessa vez.
"Sir, nobody's been through Dogville. Moses would have barked. He's very suspicious of strangers."
O Bandido da Luz Vermelha
3.9 264 Assista Agora"Com 26 anos e 26 mortes, ele foi condenado a 167 anos, 8 meses e 2 dias de prisão - fora a multa de 10 cruzeiros novos"
"Tenho 26 anos, vivo de roubo e empréstimo dos amigos. Posso dizer de boca cheia: eu sou um boçal."
Sganzerla, genial.
Irreversível
4.0 1,8K Assista AgoraVai se foder, Gaspar Noé
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Sr. Ninguém
4.3 2,7KMe parece inconcebível dar vida a uma obra dessas pela complexidade que o projeto se propõe a ter - tanto no seu roteiro quanto na sua montagem - e conseguir executar isso de maneira formidável torna os louros de "Sr. Ninguém" ainda mais fartos. Aqui, a história passeia por variados momentos utilizando sempre de uma rica direção de arte, uma trilha sonora assertiva e uma edição afiada para tornar as 2h30 leves de assistir. Além disso, vale destacar que Jared Leto também está ótimo no papel, conduzindo as cenas com firmeza e inteligência.
Em suma, "Sr. Ninguém" é um filme espetacular! É uma mistura de "Cidade dos Sonhos", "Efeito Borboleta" e "A Origem" dirigido pela fusão do David Cronenberg com as Irmãs Wachowski. É presunçoso e dramático na medida certa, confundindo e explicando de maneira dosada, e nunca seguindo por um único caminho em detrimento da unidade do longa (que é composta, como no próprio enredo, por diversos caminhos narrativos diferentes, cada um com seu tom e sua direção adequados).
Vou parar de escrever antes que rasgue elogios numerosos demais (se vale de justificativa, pouco mais de 10 minutos se passaram pra mim desde os créditos finais e a sensação de êxtase ainda não foi embora), no entanto, se me é possível fazer mais um comentário, queria dizer que vendo os demais relatos a respeito desta película aqui no site, não sei quem aproveitou menos o filme: os que estão choramingado que não entenderam, ou os que estão tentando provar que entenderam.
"No Xadrez, é chamado Zugzwang quando o único movimento viável... é não se mover."
"Todo caminho é o caminho certo. Tudo poderia ter sido qualquer outra coisa e teria sido igualmente importante."
Love
3.5 883Love talvez seja o filme mais conhecido e, com o perdão da palavra, relevante do cineasta Gaspar Noé. O cômico desta situação é que o filme expõe quase todos os maneirismos desajeitados desse diretor em meio a um roteiro extremamente debilitado que não recebe ajuda nem dos personagens (pois os mesmos possuem zero carisma e/ou motivação), nem da montagem (que faz parecer que o filme não foi revisado após a primeira edição).
Logo na primeira cena do filme somos expostos a uma cena explícita de sexo entre duas pessoas, sem aviso prévio nenhum - ora, é o Gaspar Noé tentando mostrar por meio do choque o quanto não estamos preparados pro seu estilo de cinema. Passada esta cena, o primeiro ato decorre com extrema pobreza, sem saber apresentar seus personagens a não ser que uma voz em suas cabeças diga ao telespectador exatamente o que ele está sentindo durante as ações que executa. Entendo que este recurso já tenha sido explorado em filmes anteriores do diretor, no entanto, aqui o mesmo não é condizente com a narrativa, mostrando apenas a dificuldade que o diretor tem de trabalhar seu elenco e respectivos diálogos - dificuldade essa que não deveria existir já que Noé é tão revolucionário em seus filmes a ponto de começá-los com cenas de sexo viscerais, me entendem?
Após esta etapa do filme, aproximando-se dos 30/40 minutos, minha crítica já perde o sentido de existir porque o próprio filme deixa de existir, tanto narrativa quando artisticamente falando. O longa se perde em demoradas cenas de sexo, pequenos diálogos extremamente bobos a respeito de cinema e poesia, tentando criar uma metalinguagem sacana a partir de seus protagonistas totalmente inverossímeis. Nada mais funciona e o filme se arrasta por uma hora e meia de uma montagem confusa e de uma fotografia ridiculamente saturada de cores quentes para reforçar seu erotismo - gênio - sem sentimentos.
Filmes não se tornam interessantes apenas por fugir do molde narrativo do mainstream, e Love, ao tentar mostrar sua inteligência pela sua ausência de regras e (várias) provocativas cenas de coito, acaba por tropeçar no próprio pé por não saber conduzi-las de forma eficiente, entregando uma obra pretensiosa e burra ao mesmo tempo.
"I want to make movies out of blood, sperm and tears"
O Primeiro Homem
3.6 649 Assista AgoraNão entendi, é um remake do filme do Kubrick?
Rocketman
4.0 922 Assista Agora"Rocketman" me ensinou o poder de uma biografia cinematográfica.
Na primeira metade, o filme é o que se espera de uma biografia de um astro do rock: uma edição rápida para fazer passar 20 anos em uma hora, mostrando os momentos mais importantes do crescimento do protagonista em uma ou duas cenas - com direito a microfonia no primeiro show ao vivo para demonstrar a timidez e aos letreiros voando na tela pra demonstrar que está acontecendo uma turnê. A direção ajuda a conduzir esses momentos de maneira extravagante, dando um charme de musical ao longa que o torna diferente dos demais, no entanto, o mesmo ainda é pouco mais que "operante" até aí.
No entanto, quanto mais o filme aposta nos insights de Elton John, entrando mais a fundo na loucura das turnês, das drogas, do sentimentalismo e da solidão do pianista, mais o filme mostra o seu poder. A queda (da estrutura "ascensão - queda - redenção") não é uma queda nas vendas, falta de dinheiro ou esquecimento da mídia, é uma queda psicológica. Elton John aparece cada vez mais humano, dominado por sentimentos ruins que o puxam pra baixo, fazendo-o ser apenas uma caricatura do que houvera sido em seus dias de glória - vale destacar que nada disso seria possível sem a atuação majestosa de Taron Egerton (esnobado!).
É nesse estudo de personalidade do protagonista que "Rocketman" me conquistou, sendo um filme carregado de emoção e humanidade, mesmo se tratando de um dos astros mais extravagantes da música. No fim das contas, sucesso é se sentir bem consigo mesmo. Nota: 4.1/5
Jojo Rabbit
4.2 1,6K Assista AgoraJojo Rabbit é um filme extremamente engraçado, onde o timing cômico de Taika Waititi se soma com o pesar do tema trabalhado para trazer uma experiência um tanto escrachada e peculiar. Praticamente todas as piadas do filme funcionam, no entanto, é preciso um roteiro para amarrar os momentos cômicos uns nos outros, e o roteiro aqui... não foge muito à obviedade. À meu ver, o roteiro simples não chega a incomodar, até porque o design de produção segura as pontas na hora de contar a história visualmente, e no fim o saldo de tudo fica positivo.
Depois de Thor: Ragnarok, mais um acerto improvável pra conta do Taika.
"Deve ter ouvido um rumor de que Hitler só tem uma bola. Isso é um absurdo. Ele tem quatro." Nota: 3.4/5
Melancolia
3.8 3,1K Assista AgoraMelancolia seria melhor se a Parte I tivesse uns 10 minutos a menos, se a Parte II tivesse uns 20 minutos a menos e se o idiota do Lars Von Trier tivesse menos pretensão na cabeça.
Felizmente (?), a proposta angustiante e melancólica do longa é fortalecida pela maneira irritante com que a câmera atua nos projetos deste diretor, fazendo com que o filme tenha uma ótima ambientação e não saia no saldo negativo. No fim, é válido pelas atuações, pelo clima e pela proposta narrativa. Nota: 3.2/5
Why Beauty Matters
3.9 40O que a arte menos necessita é de alguém que tente lhe dar significado a partir de um ponto de vista conservador.
Obs: Minha meia estrela é apenas para que a ausência de nota não fosse interpretada como uma abstenção.
A Bruxa de Blair
3.1 1,6KNão assisti a este filme acreditando que as filmagens eram reais devido a um trabalho de marketing eficaz, nem me sentindo angustiado com as gravações que utilizam câmera na mão e dão à projeção um caráter documentativo; infelizmente, assisti-o 20 anos atrasado, numa época em que os filmes de terror found-footage são as piores pragas do cinema.
É instigante pensar no impacto que "A Bruxa de Blair" teve em 1999, porém, nos tempos atuais, percebe-se que o filme envelheceu mal - o que é uma pena. Nota: 3/5
Pets: A Vida Secreta dos Bichos
3.5 936 Assista AgoraFui ao cinema conferir "Toy Story 4" e saí de lá com a impressão de que a grande animação do momento não era o filme da Pixar, e sim "Pets 2". Ora, nunca tinha notado um alvoroço deste tipo em relação ao primeiro "Pets", de 2016, então por que o segundo estava a ser tão comentado? Pensei, então, que haviam duas respostas possíveis: ou o primeiro filme é realmente bom, ou o segundo filme tem um marketing eficiente pra me fazer pensar isso. Foi então que eu assisti o primeiro Pets e descobri que a resposta certa era a segunda alternativa.
Eu vejo um esforço na película em trazer cenários coloridos e uma ambientação criativa, sendo que aparecem diversos animais diferentes aqui e todos eles são bem pensados no sentido estético e cômico. Acontece que tirando a estética do filme não há nada para se comentar. Tanto o enredo quanto os personagens são fracos, a aventura é extremamente derivada e não há momentos marcantes para lembrar. Aliás, um dia depois de ver eu já nem lembro direito tudo que aconteceu. Nota: 2.8/5
Os Filhos do Medo
3.7 152Metáforas absurdas culminando em body horror de qualidade, pinceladas de gore e um clima de bizarrice iminente são os elementos que eu tenho certeza que vou encontrar em todo filme do Cronenberg; isso faz com que todos me chamem atenção e, consequentemente, que todos me agradem. Nota: 3.7/5
Shazam!
3.5 1,2K Assista AgoraEu, do fundo do coração, não entendo a paciência que as pessoas tem com os filmes da DC. É como se a DC, nos cinemas, fosse uma espécie de criança em estágio de descobrimento, que deixa os pais maravilhados só por balbuciar algumas sílabas ou tropeçar nos próprios pés. É sinônimo de euforia e comemoração quando a DC consegue trazer pros cinemas um filme que seja despretensioso e mediano, como é o caso de Shazam e do recente Aquaman, como se tivesse alguma força superior que impedisse a DC de fazer filmes realmente bons, então tudo fora do desastroso é bem-vindo.
Acontece que não há motivos para que os julgamentos sejam menos severos nesse caso. Não vejo por que agradecer por Shazam, um filme completamente mediano, longo demais, que não sabe bem sobre o que trata e que se esforça pra cumprir os mínimos requisitos de um block-buster. Nota: 2.1/5
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraQuem nunca sentiu aquela vontade de ser "do contra"? De ter uma opinião oposta à que todo mundo está tendo, buscar defeitos em filmes primorosos e coisas aproveitáveis em filmes horríveis? Bom, tem vezes que fica difícil de ser assim.
Homem-Aranha no Aranhaverso parecia ter uma missão difícil de cumprir: fazer uma animação de um super-heroi, contando, ao mesmo tempo, sua história de origem e uma aventura envolvendo realidades paralelas (o tal do Aranhaverso) e diversos personagens secundários. Aparentemente, não tem como. Vai ficar pesado demais, ou talvez grande demais, algumas coisas vão ser desperdiçadas, melhor apostar em um filme de origem apenas... ou talvez não. Esse filme mostra que nada é impossível quando a equipe envolvida é competente e, principalmente, quando o roteiro é bem feito.
O novo filme do amigo da vizinhança é tudo. É divertido, emocionante, esteticamente lindo, tem um personagem principal ótimo com um arco de amadurecimento crível, personagens secundários bem-desenvolvidos e com papeis importantes no filme, tem uma trilha sonora excelente, referências bem dosadas e um estilo de animação que foge do padrão e impressiona o tempo todo. Tudo foi feito de maneira primorosa, sem deixar nenhuma ponta solta, nenhum segmento arrastado e nenhuma cena gratuita. Sério, praticamente não tem defeito algum.
Esse filme é o que podemos chamar de um milagre. Se, em contraponto, temos filmes de heroi que beiram as 3 horas e ainda fazem tudo errado (cof cof Batman vs Superman), o filme em questão, em pouco menos de duas horas, conta uma aventura incrível, apresenta personagens cativantes e diverte, diverte muito!
Tragam já o Oscar de Melhor Animação pra Homem Aranha no Aranhaverso, não há discussão quanto a isso, não há espaço para criar discordância, apenas tragam!
Rambo IV
3.3 455 Assista AgoraDifícil falar sobre "Rambo IV" sem dar uma revisitada nos demais filmes da franquia, que data dos anos 80 e foi ressuscitada mais de 20 anos depois da estreia de "Rambo - Programado para Matar".
O primeiro Rambo, de 1982, é, sem sombra de dúvidas, o melhor. Ele não é apenas um filme de ação, ele tem uma mensagem a passar. Quando Sylvester Stallone chega na cidade procurando por seu amigo, ele se depara com o horror que o urbanismo pode representar para um veterano de guerra, e a paranoia crescente dos acontecimentos faz com que ele crie sua própria guerra em meio às autoridades locais, mostrando que aquilo o segue onde quer que ele esteja. O diálogo final do filme é memorável, e diz muito a respeito dos horrores que uma experiência como o Vietnã pode causar numa pessoa.
O "Rambo II", de 1985, parte por um caminho diferente, apostando na ação (que foi um elemento muito positivo no primeiro filme) e deixando um pouco de lado o enredo. O filme também tem algo a falar sobre os traumas que a guerra traz, mas aqui há muito mais preocupação em preencher a tela com cenas delirantemente violentas - que funcionam muito bem! Rambo II é um clichê que funciona, um surreal que diverte, e acaba por trazer ao personagem de John Rambo um status de divindade, de figura imbatível.
Mas, é no "Rambo III" que as coisas começam a desandar... o filme de 1988 coloca o personagem principal no Afeganistão, e, ao presenciar uma tragédia, o personagem se põe a lutar pela justiça do povo que foi massacrado. Acontece que o filme é só isso. A metade final do filme é repleta de ação cansativa e injustificável, e não há muitos motivos para se envolver nela (ora, sabemos que Rambo é invencível, não há o que temer). As cenas violentas e explosivas que funcionaram em Rambo II se tornam extremamente repetitivas aqui, e entregam um filme que não tem praticamente nada de muito interessante a dizer ou a mostrar.
Chegamos, finalmente, em "Rambo IV". 20 anos depois da última aparição de John Rambo nos cinemas, Sylvester Stallone decide trazê-lo a tona novamente e a pergunta que pode ser feita é "por quê? "
Claro que não vou ser insensível dizendo que não haveria um motivo plausível para fazer isso, pois temos um ótimo exemplo no filme "Rocky Balboa", de 2006, onde Stallone reviveu a franquia do lutador de boxe que parecia ter desandado completamente após o fraquíssimo "Rocky V", de 1990. O filme em questão é incrível em questões de roteiro e direção, apresenta um personagem deturpado pelo tempo e pelos acontecimentos dos filmes anteriores, que lida com seus traumas e com a velhice iminente. O filme foi um sucesso de crítica e, dois anos depois, Stallone decidiu reviver outra de suas franquias, o que parece coerente ao se analisar a situação. Mas, dessa vez, ele seguiu por um caminho completamente diferente.
"Rambo IV" não tem história, para começo de conversa. É alguma coisa sobre guerra no Oriente Médio, povos massacrados em uma região específica, tudo que já foi visto antes. Ok, mas e a abordagem em cima disso? É a mesma. John Rambo está no seu canto, sem querer briga com ninguém, mas quando a guerra chega até seus olhos ele se vê na obrigação de fazer aquilo que acha certo, se aceitando como a máquina de batalha que é e partindo pra ação. 30 minutos de tiros e explosões. Acabou.
Juro, é só isso. Não há qualquer novidade aqui, nada que já não tivesse sido feito nos anos 80. Tudo foi reaproveitado, incluindo as coisas que não funcionaram.
Em primeiro lugar, 30 minutos de ação sem parar, num filme que tem 80 minutos de duração, é MUITA coisa. A direção não faz mágica aqui, as cenas são boas, porém se tornam obviamente cansativas e perto do final a câmera tremida gera náuseas. Em segundo lugar, não há qualquer senso de continuidade com os filmes anteriores, não há uma homenagem ou sequer uma visita aos traumas passados pelo protagonista. Tudo bem, não vou mentir, há uma cena ridícula de uns 2 minutos com várias vozes na cabeça de Rambo enquanto algumas cenas dos filmes de 80 passam na sua cabeça, mas aquilo é horrível, parece um fan trailer, não conta. Em terceiro lugar, não há um personagem para se importar, o elenco de apoio não faz nada, o Rambo segue imbatível, não tem qualquer senso de ameaça (mesmo estando velho, é óbvio que não vão matar o John).
Ao final do filme fiquei triste em constatar que o único motivo da existência de Rambo IV é gerar dinheiro usando o nome de uma franquia outrora famosa. Havia uma baita oportunidade de aprofundar-se dentro da cabeça do sanguinolento veterano de guerra, mas foi tudo desperdiçado para que se tivesse mais tempo para usar e abusar de novas tecnologias para criar mais cenas com mortes e explosões. De um filme potencialmente memorável, o resultado foi uma aventura esquecível e sem inovações, com um entretenimento mediano e uma nostalgia que não basta. Nota: 2.1/5
Sombras da Noite
3.1 4,0K Assista AgoraTim Burton é um nome conhecido dentro do contexto cinematográfico, seja de maneira boa ou ruim, e, dessa vez, ele traz um filme a lá Sessão da Tarde style (de novo). "Sombras da Noite", filme de 2012, fica transitando entre altos e baixos, com os baixos ficando cada vez mais frequentes conforme o filme se aproxima do fim.
A história começa clichê, porém, interessante e divertida (é um mais do mesmo que entretêm). No entanto, todos os personagens são desperdiçados num roteiro que não desenvolve nenhuma das suas várias subtramas. Aliás, nem sei se posso chamar de subtrama algo que é revelado em uma fala, esquecido por meia hora e retomado numa fala mais a frente apenas para ser "concluído". O elenco, coitado, é o que mais se prejudica com essa situação, deixando ótimos nomes como Helena Bonham Carter e Chloe Grace Moretz apenas andarem de um lado para o outro, soltando deixas para o Johnny Depp.
Falando em Johnny Depp... bom, não tem o que falar. Ele está Johnny Depp, e isso não é bom. O começo é bom, as piadas funcionam e o visual é interessante (mesmo que a maquiagem carregada já tenha sido visto em todos os outros filmes dele), mas, o personagem continua a fazer as mesmas piadas ao longo do filme todo e isso cansa.
O filme claramente não quer ser levado a sério, utilizando piadas e situações "pastelonas"; bom, não há problema nisso, desde que se saiba conduzir a trama para que a mesma não pare de proporcionar humor ao passar do tempo. Aqui, Tim Burton não consegue fazer isso, e os pontos positivos do filme são sumindo ao longo do mesmo, dando espaço pros pontos negativos aparecem fortemente. Às vezes a direção de arte impressiona, outrora o figurino chama atenção, mas, no geral, "Sombras da Noite" é tudo que estava prescrito para ser: um filme mediano de um diretor mediano, com um ator principal mediano.
Nota: 2.65/5
Fargo: Uma Comédia de Erros
3.9 920 Assista AgoraO subtítulo brasileiro de Fargo é algo que descreve muito bem a cara do filme: uma comédia de erros. Ora, isso é exatamente o que a vida real é. O filme dos irmãos Coen tem os dois pés no realismo, e mostra personagens nada fantasiosos passando por situações nada surreais. Tudo ali é palpável, os personagens são simples e fazem as coisas baseados em suas motivações pessoais, passando por complicações que aconteceriam certamente - e é essa familiaridade que dá a graça da película.
A trama se constroi por meio de inconvenientes, sendo ela a principal personagem do filme, levando pessoas de lá pra cá, construindo conexões e, acima de tudo, contando uma história. Os personagens são meros coadjuvantes da grande teia-de-aranha que se cria na cidade de Fargo, e os finais que eles vem a levar mostram que o universo não tem favoritos.
Mais de 20 anos depois dá, claramente, para afirmar: Fargo é sim um clássico! O que os irmãos Coen fizeram aqui em questões de roteiro, fotografia e trilha sonora é excepcional e não deve ser ignorado. Nota: 4.2/5
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista Agora"Bird Box" é um filme divertido com uma proposta instigante e uma montagem dinâmica que faz com que o ritmo se mantenha sempre no alto. Entretanto, já fizeram diversos filmes como esse; as situações são previsíveis, os personagens são formulaicos e o final é clichê. Destaque para as atuações de Sandra Bullock e John Malkovich.
Bom pra passar o tempo, porém, nada de novo. Nota: 3.3/5
A Freira
2.5 1,5K Assista AgoraCoragem é algo incrível. Fazer um filme dentro do universo cinematográfico de "Invocação do Mal" é certeza de bilheteria, mas, isso parece ter deixado os responsáveis por "A Freira" tranquilos para trabalharem o menos possível. Entregar um filme sem estrutura, sem coerência narrativa, sem ambientação, e aparentemente sem um roteiro, me parece, no mínimo, muita coragem. Nota: 0.5/5
Operação Red Sparrow
3.3 599 Assista AgoraO filme seria melhor se boa parte das quase duas horas e meia não fosse dedicada a dizer que os russos são malvados, os americanos são bonzinhos e a Jennifer Lawrence é bonita. Nota: 3.1/5
O Sentido da Vida
4.0 327 Assista Agora"Você vê aquela casa? Foi aí que nasci. Minha mãe me disse: "Gaston, o mundo é um lugar bonito, e você deve espalhar alegria e satisfação em todos os lugares que você vai." E então eu me tornei um garçom... Bem, eu sei que não é uma ótima filosofia, mas... Ah, foda-se. Eu posso viver minha vida desse jeito, se eu quiser. Vai se foder. Não venha atrás de mim!"
Insano como sempre! Nota: 3.9/5