O diretor Bennett Miller gosta de levar às telas histórias baseadas em fatos reais envolvendo o meio esportivo. Em "O Homem Que Mudou o Jogo", acompanhamos os bastidores do basebol, e aqui em "Foxcatcher: Uma História Que Chocou o Mundo" temos a luta greco-romana como o arco da trama.
No filme, somos apresentados aos irmãos Mark Schultz (Channing Tatum) e David Schultz (Mark Ruffalo), ganhadores do Ouro Olímpico nas Olimpíadas de 1984. Mark é convidado por John du Pont (Steve Carell) a entrar e treinar na sua equipe, com um salário inacreditável e usufruindo do melhor que um atleta poderia ter. Nasce uma amizade entre eles, que enfraquece com um tempo devido aos transtornos e problemas psicológicos que du Pont demonstra ter. Enquanto essa história se desenrola, du Pont também consegue convencer Dave a treinar a equipe e sua obsessão pelo esporte e pelas vitórias só vai agravando cada vez mais seu lado psicológico.
O longa tem pontos interessantíssimos. O principal deles é Steve Carell. O ator entrega um personagem misterioso e com características que chega a dar medo, tamanha é a incógnita que seu intérprete aflora. A maquiagem utilizada no ator também está de parabéns, e ajuda a aumentar a figura aterrorizante que ele é. Mark Ruffalo também está ótimo e entrega uma atuação simples, mas que fala muito com seus olhares.
A narrativa é longa e boa parte dela é trabalhada com esse clima de mistério até chegar a um clímax meio assustador no final. A trilha sonora tensa e com uma aura de mistério, que combina principalmente com o personagem de Steve Carell, está espetacular. Lembra filmes como o clássico "O Iluminado", ou o mais recente "Ilha do Medo", tamanha é a carga de tensão que ela carrega.
Bennett Miller acerta mais uma vez ao trazer os bastidores do esporte às telas. Com personagens interessantes e uma história recheada de mistério, Foxcatcher mostra porque chocou o mundo.
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O cinema sempre que pode, utiliza elementos voltados para a fantasia para entregar uma história de amor. No caso aqui, a distância temporal é utilizada em "A Casa do Lago", filme que marca a estreia do diretor argentino, Alejandro Agresti, em Hollywood.
O longa mostra a médica Kate Forster (Sandra Bullock), solitária e sem muitas emoções em sua vida. Já o arquiteto Alex Wyler (Keanu Reeves), tem problemas com o pai e assim como Kate, é solitário. A casa do lago do título, exerce o papel de elemento mágico, que separa e junta ao mesmo tempo o nosso casal apaixonado. Ela está vivendo em 2006 e ele em 2004.
Para comprar o filme, é preciso adentrar e se deixar levar por uma narrativa mágica e elegante. A troca de cartas entre o casal deixa o filme interessante, e nos faz pensar a todo momento, como essa confusão temporal será resolvida. Nesse quesito, ponto para Alejandro Agresti, que nos consegue deixar atento durante todo o longa.
Para que essa história desse certo, era importante que o casal principal tivesse química e muita simpatia. Alejandro buscou em Sandra Bullock e Keanu Reeves o casal perfeito, e juntos eles reprisam a parceria de "Velocidade Máxima". Os dois construíram personagens enigmáticos e simples. O final do filme surpreende e o embarque nesse mágico roteiro, faz valer a recompensa no fim.
"A Casa do Lago" é esteticamente muito bonito e seguro graças a uma ótima direção de Alejandro Agresti e pelas ótimas interpretações de Sandra Bullock e Keanu Reeves. Sensível, é o cinema mostrando mais uma vez, que o amor é capaz de vencer tudo.
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A maldade mostrada de forma influenciada e que faz despertar é o tema central de "O Aprendiz", longa dirigido por Brian Synger, adaptado do conto "Aluno Inteligente", contido no livro "Quatro Estações" do mestre do terror, Stephen King.
Na trama, o jovem Todd Bowden (Brad Renfro) fica mais curioso sobre o Holocausto, depois de assistir a uma aula de história. Em suas pesquisas ele conhece um idoso, Artur Denker (Ian McKellen). Todd o confronta e diz que ele fez parte do Nazismo. O idoso nega a princípio, mas cede a pressão do garoto e logo confirma o fato. Todd então pede para Artur (que vive com uma identidade falsa) lhe contar as histórias da época dos campos de concentração.
A narrativa do filme é bastante importante. Em princípio, Todd tem domínio sobre Artur, pois se descobrirem que ele fez parte do Nazismo, o mesmo será julgado. Mas em determinado ponto, algo acontece e esse domínio é invertido, e ambos serão prejudicados, caso essa informação venha à tona. Nesse ponto, Brian Synger conduz de forma eficaz esse suspense, em que deixa o seu público utilizar a imaginação nas cenas na qual Artur fala do que acontecia nos campos de concentração.
Apesar da boa atuação de Brad Renfro, o fato do seu personagem já ter uma cara meio de mal, talvez atrapalhe um pouco. A construção dele é evidente. Mas alguém mais inocente a princípio talvez ficasse melhor. Já Ian McKellen está perfeito. O poder de atuação dele pode ser visto na cena em que ele marcha com uma farda nazista. O ator consegue ir de um constrangimento inicial a um prazer por estar recordando o seu passado.
Adaptado de uma obra de Stephen King, a história mostra toda a versatilidade do escritor. Acostumados a nos entregar obras cheias de monstros, dessa vez ele entrega o monstro como sendo nós, o próprio homem. E acaba fazendo uma reflexão, em que a maldade pode ser um sentimento já predisposto, na qual ela pode ser estimulada e despertando dentro de nós.
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Kayako (Aiko Horiuchi) e Toshio (Shimba Tsuchiya) estão de volta. Desta vez, sob a batuta de Toby Wilkins. Finalmente Takashi Shimizu larga o osso da direção, e dá espaço para outro diretor.
Porém, a troca de diretor pouco serviu. O filme tem um início bom, com a morte do personagem Jake (Matthew Knight), único sobrevivente do filme anterior. Porém, após isso, o filme só se arrasta mostrando personagens que são apresentados para apenas um fim: morrerem.
O roteiro tem decisões equivocadas. A maior dela é apresentar uma irmã para Kayako, que nem nas versões japonesas foi mencionada. Porém, ela surge com a promessa de finalmente por fim a maldição. Mas como aqui todas as regras já foram deixadas de lado, é fácil imaginar o destino de sua personagem.
É difícil criar alguma afeição por algum personagem nessa franquia "O Grito". Sobrevivente do primeiro, Sarah Michelle Gellar sai de cena logo no começo do segundo. A mesma coisa acontece com Matthew Knight sobrevivente no segundo. E neste terceiro temos atuações bem fracas, e não nos importamos com nenhum personagem.
Mesmo com tantos defeitos, "O Grito 3" é o que tem a melhor montagem de todos. A edição fragmentada de Takashi Shimizu da lugar a um filme com uma história bem linear.
No mais, "O Grito 3" é totalmente esquecível. E as cenas de Kayako e Toshio não são nada elaboradas. Parece mais um derivado de "Todo Mundo em Pânico" do que com os próprios filmes da franquia.
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Aos desavisados, "Mary e Max: Uma Amizade Diferente" pode chocar devido aos temas pesados que são abordados. Essa animação australiana feita em stop-motion faz uma reflexão sobre a vida, tendo na amizade o seu principal pilar.
O longa conta a história de Mary Daisy Dinkle, uma garotinha australiana de oito anos. Ela sofre bullying na escola, não tem amigos e não recebe carinho dos pais. O seu pai vive para o trabalho e sua mãe é uma alcoólatra. Max Horovitz é um judeu que vive em Nova York, obeso, solitário e sem família, ele ainda sofre com a síndrome de Asperger, um tipo de autismo. Por obra do destino, Mary acaba escrevendo uma carta para ele e, mesmo com a distância, eles começam uma amizade que atravessa décadas.
O filme do diretor Adam Elliot aborda assuntos pesados, como: depressão, alcoolismo, solidão, ansiedade, obesidade e até suicídio. Forte em seu roteiro, a criação dos personagens acabam mostrando uma perfeição no que parece imperfeito. A trilha sonora é tocante e a fotografia brilha ao distinguir o mundo de Mary com uma cor mais voltada para o marrom, daquele cinza pesado, que é a Nova York de Max, na qual retrata todos os seus problemas. A vida dos dois não tem muitas cores e é na inocência dos mesmos que eles se agarram, e vão se incentivando a seguirem nesse mundo tão injusto.
O final do filme é lindo e triste ao mesmo tempo. É um reflexo de como os relacionamentos são importantes. No meio das dificuldades da vida, uma improvável amizade foi o combustível para ambos continuarem vivendo. E você já encontrou o seu combustível?
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Baseado em um conto de mesmo nome, do autor Craig Davidson, "Ferrugem e Osso" apresenta uma história sofrida de seus protagonistas que é acompanhada de dores e de transformações, as quais os fazem ver um sentido para a vida.
No longa, acompanhamos Alain (Matthias Schoenaerts), desempregado, pai solteiro de um filho de cinco anos no qual aquele pede abrigo à irmã. Após conseguir um emprego de segurança, em uma noite de trabalho ele conhece Stéphanie (Marion Cotillard), no qual os dois começam a ter uma relação mais próxima, após um grave acidente sofrido por ela.
O diretor Jacques Audiard aposta na dor de seus personagens para fazer seu filme ganhar corpo. Aqui temos um cinema mais real. Alain e Stéphanie não ficam chorando pelo rumo que suas vidas tomaram. Nessa história, os personagens estão acostumados a sangrar, a cair, mas não ficarem se lamentando. Aceitam seu caminho e vão vivendo um dia de cada vez, transformados pela dor que já passaram.
O diretor captura a essência de Stéphanie e mostra como a sua condição a transformou, e como ela passou a ver a vida melhor quando ela se conformou com o que aconteceu. Alain, que levou tanta porrada da vida, precisou quase perder seu bem mais precioso para (literalmente) quase quebrar a mão esmurrando um lago de gelo, em uma das cenas mais intensas desse filme. Os dois protagonistas se ajudam, se gostam, sem ficar aquela coisa piegas. No fim das contas, Alain foi um osso para Stéphanie, e ela, ajudou a desenferrujar um homem bruto.
"Ferrugem e Osso" é um filme que emociona em alguns momentos ao apresentar duas pessoas em busca de salvação, capturadas por um diretor que apresentou um cinema bruto, mas real.
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O retrato de um rei em construção é o tema abordado pelo diretor David Michôd, no caso aqui, é o rei Henrique V (Timothée Chalamet), um dos reis ingleses que viveu no período da conhecida "batalha dos 100 anos". Uma Guerra entre Inglaterra e França, sobre a sucessão do trono francês, que durou de 1337 a 1453.
O recorte histórico do filme se passa entre a coroação de Henrique V e a batalha de Auzikorv. Ao escolher esse recorte, David Michôd explora mais a figura de Henrique V, desde não querer ser rei, até ter que assumir esse fardo. Vale destacar que o diretor utiliza muita licença poética em seu filme para fazer certos acontecimentos darem certo.
O filme não é recheado de batalhas, baseia-se mais nos diálogos, que são muito bons. Timothée Chalamet brilha em mais uma grande atuação. Se mostrando bem versátil em sua filmografia, o ator impõe uma autoridade impressionante em seu papel. Outro destaque também vai para Robert Pattinson, que entrega a loucura do rei Carlos de forma a não ficar caricata.
A fotografia do filme é excelente, sempre apostando em cores escuras para demonstrar o fardo que é ser rei para Henrique V. O trabalho de reconstrução da Idade Média também merece destaque pela riqueza de detalhes.
Por fim, "O Rei" é um ótimo filme que mantém o espectador atento, graças a um roteiro bem escrito, além da grande atuação de Timothée Chalamet, que vai se mostrando cada vez mais um excelente ator.
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Um dos filmes mais clássicos do cinema, "O Mágico de Oz" é baseado no livro de L. Frank Baum e conta a história de Dorothy (Judy Garland), uma jovem moradora do Kansas que, após um tornado, é levada para um mundo mágico chamado Oz.
O filme possui um roteiro simples, voltado principalmente para o público infantil, no entanto, lida com assuntos importantes e na busca de sonhos. Dorothy conhece muitos amigos em Oz, como o Espantalho (Ray Bolger), o Homem de Lata (Jack Haley) e o Leão (Bert Lahr). Eles se sentem incompletos e buscam algo que não têm. Mas juntos ajudam Dorothy na sua jornada. O longa pode até ter uma conclusão simples, mas não tira o encanto que é estarmos em Oz.
O filme tecnicamente é incrível. A fotografia é excelente, alterna entre o Kansas em tons de sépia com o colorido do mundo encantado de Oz. Até os cenários são incrivelmente diferentes. Os designs, diferentes de tudo que encontramos, ajudam a dar o tom de magia necessário a Oz. Tudo isso só foi possível graças ao processo technocolor, que adicionava cores ao filme. Essa tecnologia foi um marco na época e "O Mágico de Oz" foi um dos primeiros a utilizá-lo.
Os efeitos especiais também merecem destaque e, mesmo perdendo o Oscar da categoria, os efeitos do filme são incríveis. Assistindo hoje, mais de oitenta anos após o seu lançamento, os efeitos não parecem estranhos para a atual geração. "O Mágico de Oz" envelheceu muito bem.
Para coroar o filme, a canção 'Somewhere Over The Rainbow' se tornou uma das mais lindas do cinema. Apresentou Judy Garland ao mundo. A lamentar mesmo, é que esse marco do cinema, também seria o início de uma vida sofrida para a excelente atriz.
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Com um talento descoberto desde cedo, a atriz e cantora Judy Garland se destacou no cinema com o clássico "O Mágico de Oz", em 1939. Contudo, a exploração sofrida por parte da indústria a levou a uma morte precoce, aos 47 anos.
O longa se passa alguns meses antes de sua morte. Com a carreira em baixa e com problemas financeiros, Judy (Renée Zellweger) aceita estrelar uma turnê em Londres, por mais que tal trabalho a mantenha afastada dos filhos menores. Logo no início da turnê, ela enfrenta a solidão e os conhecidos problemas com álcool e remédios, compensando o que deu errado em sua vida pessoal com a dedicação no palco.
O roteiro é simples e, para se ter uma apreciação melhor do filme, é recomendado se inteirar um pouco sobre a vida da atriz. A narrativa utiliza flashbacks, que explora o período em que a atriz gravava "O Mágico de Oz". Os flashbacks podem desconectar um pouco quem não conhece a fundo a vida da atriz, mas são importantes para mostrar como ela era pressionada a tomar remédios que a deixavam sem dormir para aguentar o ritmo de trabalho, além também das pessoas por trás do filme que regulavam até o seu peso. Junte-se a tudo isso a insegurança da atriz. Nesse ponto a atuação de Renée Zellweger é ótima, pois capta características e maneirismos de Judy. Até na voz, Renée conseguiu se aproximar.
O filme consegue recriar muito bem a década de 60, na qual o filme se passa. Renée gravou algumas músicas, mas algumas dublagens não ficam boas, ficando nítido em alguns momentos tratar-se de apenas um movimento de voz. Porém, ela emociona no ato final com a música "Somewhere over the Rainbow", de "O Mágico de Oz".
"Judy" retrata um pouco a conturbada vida de uma das atrizes mais clássicas de Hollywood. O filme mostra um outro lado da fama, aquele mais obscuro, e aposta no talento de Renée Zellweger para segurar essa história pesada e triste.
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O período da escravidão é um dos temas mais abordados pelo cinema. Em "Harriet" acompanhamos a história real de Harriet Tubman (Cynthia Erivo), ativista política que ajudou centenas de escravos a fugirem do sul dos Estados Unidos, logo depois que ela conseguiu escapar da escravidão, no ano de 1849.
"Harriet" não é um filme ousado. Quase sem violência, a diretora Kasi Lemmons tem problemas para fazer o público ter algum tipo de emoção pelos personagens. A violência aqui é mais subjetiva, pouco é mostrado. E o roteiro soa pobre, quando o filme chega a sua metade e toda a sinopse já foi realizada. Cabe ao filme repetir feitos que já vimos acontecer e que por conveniências narrativas, sabemos que nada acontecerá com nossa heroína. Falta criatividade na escrita para deixar a trama mais elaborada.
De bom mesmo, temos uma direção de arte que recria muito bem a época em que o filme se passa, além das canções que movimentam o filme, algumas, inclusive, interpretadas pela própria Cynthia Erivo.
O filme não possui nenhuma atuação marcante. Apesar da indicação ao Oscar, Cynthia Erivo tem uma atuação burocrática, em que não passa a emoção necessária. É fácil imaginar outras atrizes no papel e que poderiam entregar muito mais, como Lupita Nyong'o e Taraji P. Henson.
Concluindo, Harriet Tubman merecia um filme muito mais caprichado, pela importância que tem na história americana. "Harriet" é pouco para apresentar ao mundo a importância desta mulher.
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Não demorou muito para Jason voltar. Um ano após "Sexta-Feira 13, Parte 2", o insano assassino aparecia novamente para tocar o terror e deixar mais uma pilha de corpos mortos, de preferência, jovens. Nessa "Sexta-Feira 13, Parte 3", a estrutura segue a mesma, um grupo de jovens que se desloca para passar um tempo no lago, passa a ser perseguido pelo cruel assassino.
Iniciando com um flashback do filme anterior, o diretor Steve Miner decide alterar um pouco o final do filme anterior. Isso deu liberdade para a equipe deste novo filme para alterar o aspecto visual de Jason. Não que isso signifique que ele terá o mesmo rosto daqui para frente, em outros filmes será possível ver novas mudanças.
Apresentando pouquíssimas coisas novas, "Sexta-Feira 13, Parte 3" se torna interessante apenas para ver o surgimento da lendária máscara de hóquei. No momento em que Jason surge a primeira vez com a máscara no rosto, é impossível não perceber que ali nascia uma lenda.
O grupo de adolescentes, que serão as vítimas da vez, são desinteressantes. Nenhum é aprofundado, servindo apenas para a contagem no número final de vítimas. A maquiagem e os efeitos são bons, mas não chegam aos pés dos filmes anteriores. O longa ainda aproveita para homenagear o original, com uma das mortes que é bem semelhante à morte do personagem de Kevin Bacon, no primeiro filme. E também no susto final, em que a Sra. Voohrees dá as caras.
Fazendo vista grossa para algumas falhas do roteiro em termos de linha temporal, "Sexta-Feira 13, Parte 3", é divertido apenas para ver as mortes criativas e o surgimento da lendária máscara, mesmo assim o longa foi sucesso nas bilheterias. Com um orçamento de pouco mais de $ 2 milhões de dólares, o filme arrecadou quase $ 37 milhões. É claro que Jason voltaria.
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"Um Lindo Dia na Vizinhança" já fisga o espectador nos seus primeiros minutos. Vemos Fred Rogers (Tom Hanks), falar didaticamente para as crianças sobre perdão. Dito isso, a diretora Marielle Heller já deixa a mostra que seu filme tocará em feridas e provocará discussões sobre o tema.
O longa acompanha Lloyd Vogel (Matthew Rhys), um jornalista investigativo que recebe a tarefa de fazer o perfil de Fred Rogers, criador de "Mister Rogers' Neighborhood", um programa infantil de TV muito popular na década de 1960 nos Estados Unidos. A direção de Marielle Heller merece muito destaque aqui. Corajosamente ela deixa seu filme bem didático, dando tempo suficiente para apreciarmos Fred Rogers ensinando as crianças sobre temas bastante pesados.
O roteiro eleva a figura de Rogers quase a um ser divino, e é aí que o contraponto acontece quando conhecemos Lloyd Vogel. A diretora brinca conosco por meio do personagem do jornalista, a querer desvendar tudo por trás da figura enigmática de Fred. Como alguém consegue ser tão feliz e demonstrar isso o tempo todo? A resposta nós temos e vemos como Fred precisou trabalhar muita coisa em sua vida, para ser como ele é hoje.
No meio disso tudo, o filme acompanha uma situação delicada que Lloyd está vivendo. Em uma cena fantástica, Fred pede para que Lloyd tire um minuto para lembrar das pessoas que foram importantes para ele na sua formação. O minuto literalmente tirado, ainda conta com uma suave quebra da quarta parede feita por Fred Rogers. E só Tom Hanks para entregar um olhar penetrante e ao mesmo tempo acolhedor. Um momento sensível e tocante da direção.
Por mais que Lloyd seja o protagonista, é Tom Hanks que brilha. Seu personagem tem algo mágico, algo que lembra o personagem de Mary Poppins. Fantasticamente humano, "Um Lindo Dia na Vizinhança" fala sobre perdão, rancor e mágoa, com uma sutileza impressionante. É um filme obrigatório, reflexivo e forte o bastante para nos ajudar a ser um ser humano melhor.
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Jorge Furtado apresenta em "Meu Tio Matou um Cara", um filme que explora diversos gêneros, indo desde a comédia até o policial, visto a carga noir que o longa carrega. Ainda com espaço para o romance, é um filme simples que mostra um pouco das agruras dos dilemas adolescentes.
Duca (Darlan Cunha) é um jovem negro que estuda em um colégio de brancos. Esperto, ele é vidrado em jogos de mistério policial, artifício que ele usará para ajudar o tio Éder (Lázaro Ramos) que está sendo acusado de assassinato. No meio disso tudo, ele está apaixonado pela melhor amiga, Isa (Sophia Reis), que namora Kid (Renan Augusto).
O fato do filme ter dois assuntos importantes ao mesmo tempo, atrapalha um pouco a narrativa. A acusação de assassinato de Éder e o amor juvenil fazem um assunto tirar o foco do outro, na minha opinião. O equilíbrio entre os dois passa do ponto, deixando o longa não ter a eficiência de um "O Homem Que Copiava", por exemplo.
Focado nos jovens, Jorge Furtado apresenta os adolescentes como eles são: repleto de informações a todo momento. Interessante que o arsenal de pensamentos de Duca impressiona os pais do garoto. Nesse ponto, Jorge Furtado acerta em cheio. Em contra partida, faz falta um pouco mais de Lázaro Ramos e Dira Paes, que estão muito bem em seus papéis.
Por fim, "Meu Tio Matou um Cara" poderia ser muito mais, se fosse um pouco mais ousado e aprofundado em alguns temas em que se propôs tratar. É um filme agradável de se ver, mas nada além disso.
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Envolvente em seu início, "A Autópsia" deixa vários mistérios no ar em sua primeira metade. O filme de André Ovredal vai muito bem na parte da investigação médico criminal, porém, desanda no ato final e descamba para os exagerados clichês do gênero terror que já conhecemos.
O roteiro do filme é instigante até pouco mais da metade da projeção. Temos dois legistas, Tommy (Brian Cox) e seu filho Austin (Emilie Hirsch) em um necrotério com um cadáver de uma mulher, que eles chamam de Jane Doe (nome que eles dão para cadáveres que ainda não tem identificação).
O mistério sobre a morte da moça só aumenta conforme eles dão andamento à autópsia. Como ela ainda sangra? Como ela está tão ferida por dentro, se seu corpo não apresenta nenhuma ferida? Junte-se a isso o fato de uma flor ser encontrada dentro dela, e também um pedaço de pano com algum tipo de símbolo ritualístico e um dente dela, envolto ao mesmo pano.
O terror é bem conduzido até aí e realmente cria uma atmosfera muito boa. O diretor até utiliza bem alguns clichês até esse momento. Porém, em sua parte final, André Ovredal joga tudo o que foi feito até ali, pelo ralo. Explicações bizarras, sem sentido, e possessão são as respostas que aparecem. Os clichês são mal aproveitados na parte final, estragando a resolução da história. É como se ele não confiasse na própria história que estava criando e acaba finalizando seu filme, como a maioria dos longas do gênero que vemos hoje em dia, tornando-se totalmente esquecível.
Resumindo, "A Autópsia" tem um início promissor que se acreditasse mais no seu potencial, poderia ser um dos melhores filmes da década. Porém, acaba indo por um caminho totalmente diferente, deixando o seu final sem força, impedindo o filme de ser marcante.
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Clint Eastwood volta à direção no alto de seus 90 anos para entregar um trabalho baseado em fatos reais, que toca em pontos interessantes, como a divulgação de falsas notícias e até mesmo a uma crítica ao porte de arma dos americanos.
Em 1996, durante as Olimpíadas de Atlanta, o vigia Richard Jewell (Paul Walter Hauser) avistou uma mochila com explosivos sob um banco no lotado Centennial Park. Ele reporta o caso e evita a detonação. Jewell se torna herói nacional, mas logo sua situação muda quando jornais locais começam a divulgar a informação precipitada de que ele seria o principal suspeito, segundo o FBI.
O roteiro de Billy Ray é interessante ao colocar em paralelo a nossa visão de Richard Newell ser inocente, com o FBI tentando incriminá-lo a qualquer custo. Para dar resposta a população, o agente Tom Shaw (Jon Hamm) tenta, inclusive, induzir Jewell ao erro. A sensação de injustiça permeia todo o longa e chega a ser difícil crer que Richard conseguirá sair daquela situação.
A propagação da "fake news" muda totalmente a rotina de Richard. A direção de Eastwood acerta ao mostrar todo esse peso do acontecido na visão da mãe do rapaz, Bobi Jewell, interpretada brilhantemente por Kathy Bates. Uma crítica bem ácida que Clint Eastwood faz em seu filme é na cena em que o FBI revista a casa de Jewell e encontra vários fuzis e outros tipos de arma. Isso aumenta ainda mais a suspeita sobre ele para os agentes. Fica o questionamento: o mesmo país que defende que você possa se armar, é o primeiro a lhe acusar em uma situação assim.
"O Caso Richard Jewell" surpreende em muitos aspectos. A honestidade na defesa de um homem sendo acusado injustamente, trabalhando paralelamente essas duas linhas, mostram muita visão de Clint. Pode até soar clichê em alguns momentos, mas ainda é muito bom ver o diretor trabalhando com tanto vigor.
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O diretor Rian Johnson se inspira em Agatha Christie para realizar seu novo filme, "Entre Facas e Segredos". Um suspense repleto de mistério e algumas reviravoltas em torno da história.
A trama acompanha Harlan Thrombey (Christopher Plummer) que, após comemorar 85 anos, é encontrado morto dentro de sua propriedade. Logo, o detetive Benoit Blanc (Daniel Craig) é contratado para investigar o caso e descobre que, entre os funcionários misteriosos e a família conflituosa de Harlan, todos podem ser considerados suspeitos do crime.
O roteiro, também escrito pelo diretor, tem um texto muito rico em informações, combinando perfeitamente com as personalidades dos personagens. O elenco composto por grandes nomes, como Jamie Lee Curtis, Toni Collette, e Chris Evans que entrega uma atuação divertida e debochada em muitos momentos, dando um certo charme ao seu personagem. Daniel Craig entrega um detetive com um ar de boçal, intimidando os membros da família quando os interrogam. Ele capricha no sotaque, e da um show na tela. Ana de Armas também vai muito bem, entregando uma personagem com um olhar doce e ingênuo.
Uma coisa interessante é que Rian Johnson tem tanta confiança na sua história que, na metade do filme, ele já faz a principal revelação, para então conduzir o mistério para uma outra reviravolta final. Nesse ponto, a montagem se destaca. Apesar de simples, é muito eficiente, dando um ritmo ágil à história. O filme também tem um capricho muito grande na direção de arte. Tudo dentro da casa auxilia na história para fazer da mansão uma personagem também.
Por fim, "Entre Facas e Segredos" é um filme divertido que prende sua atenção por toda a sua história de mistério. Não é memorável como outros do gênero, mas, ainda, muito divertido.
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Bem difundidas no Japão e em todo o mundo, as assombrações de "O Grito" ganharam uma continuação americana em 2006 pelas mãos do mesmo diretor, Takashi Shimizu. Utilizando novamente um estilo de montagem que ele parece gostar muito, aquela montagem bem fragmentada, ele embaralha as tramas (como faz nos seus filmes japoneses), mas dessa vez, nem tudo fica tão claro.
O longa retoma do mesmo ponto em que "O Grito" de 2004 terminou. Karen (Sarah Michelle Gellar) está no hospital e sendo acusada de matar o namorado no incêndio, ocorrido no final do primeiro filme. Sua irmã Aubrey (Amber Tamblyn), vai ao Japão para trazer a irmã de volta. Nessa trama, o primeiro equívoco de Shimizu, e desculpem o spoiler: é a morte de Karen! E o pior é que nem vemos como. Simplesmente do nada, sua irmã Aubrey fala que ela morreu. Junte-se a isso, uma família de Chicago que sofre com a assombração, só pelo fato de alguém que teve contato com a casa se mudar para a cidade. Isso invalida o que os próprios filmes anteriores propagam: a pessoa precisa ter ido a casa, para sofrer com as assombrações Kayako e Toshio.
O diretor tem alguns acertos. Algumas cenas são bem tensas, como uma em uma sala para revelar fotos. Porém, ele não opta por criar tantas cenas com Kayako e Toshio. Ele se preocupa mais no desenvolvimento das tramas, esquecendo um pouco o terror.
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"Dor e Glória" é um presente que Pedro Almodóvar (A Pele Que Habito) dá ao cinema e aos seus fãs, mostrando um pouco de sua vida. Com o personagem Salvador Mallo (Antonio Banderas), o diretor nos conta sobre sua infância e lembranças, boas ou ruins, que o transformaram na pessoa que ele é hoje.
No longa Salvador Mallo é um triste cineasta em declínio que pensa nas escolhas que fez na vida, quando algo do seu passado retorna. Ele reflete sobre sua infância, amor e sua relação com a escrita e o cinema.
Além da direção segura de Almodóvar, o longa se apoia muito na ótima atuação de Antonio Banderas. Seu personagem é interessante e, mesmo não sendo um filme tão fácil de se assistir, mantém-nos curiosos para sabermos mais sobre ele. É um estudo de personagem fascinante acompanhar seu passado e suas ações.
A fotografia do filme é perfeita. O diretor mostra muitas cores ao longo do filme. A todo momento, Salvador Mallo está rodeado de cores vibrantes, que vão totalmente na contramão do que é a sua vida naquele momento. O filme mostra uma vida que não há mais em Salvador. . "Dor e Glória" é um trabalho bem minimalista de Pedro Almodóvar, pode ser um filme dificil para um público que não está acostumado com o trabalho do diretor, mas vale conferir para você dar o seu veredito.
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Não demorou muito para o escândalo de assédios sexuais dentro da Fox News, ganhar um longa. Abordando a figura do magnata da empresa Roger Ailes (John Lithgow), "O Escândalo" nos causa indignação em alguns momentos, mas poderia ser um filme muito maior.
Dirigido por Jay Roach, "O Escândalo" comete algumas falhas. O primeiro erro ao meu ver, é o seu início focado na figura de Donald Trump, durante sua campanha eleitoral. Parece um filme muito mais de política, quando de repente o filme muda de tom e passa a tratar a questão dos assédios. É uma mudança muito brusca, que é impossível não ser sentida.
A narrativa também pode incomodar algumas pessoas. A personagem Megyn Kelly (Charlize Theron, excelente), em diversos momentos quebra a quarta parede, em uma narrativa que lembra os filmes de Adam McKay. Para muitos, pode soar como tratando o filme com leveza, quando o assunto é sério demais. A narrativa é atraente, mas talvez, não a melhor de todas para ser abordada.
Dizer que se o filme estivesse em mãos femininas faria bem ao filme, acredito que sim. Poderíamos ver mais a dor das personagens, ao invés da reputação, que foi o que Jay Roach optou por mostrar. A dor é mostrada apenas em um momento, quando Kayla Pospisil (Margot Robbie), chora ao telefone com a amiga.
Diferente de algumas falhas, as atuações do filme são excelentes. Charlize Theron tem a postura e uma voz que impõe respeito a sua personagem. Nicole Kidman move a trama e está bem em seu papel. Já Margot Robbie emociona em alguns momentos, como na cena do telefone que citei acima. A atriz também da um show de atuação na cena em que sofre assédio. Uma das cenas que realmente ficará por muito tempo na nossa memória. . "O Escândalo" é um filme com um assunto importante, que precisa vir à tona. Em outras mãos, poderia ser um filme divisor de águas. O diretor não arrisca muito, e por isso entrega um filme que poderia ser muito maior, fazendo jus as suas três grandes atrizes principais.
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No dia 5 de novembro de 1605, o católico Guy Fawkes tentou explodir o parlamento inglês. O caso ficou conhecido como a “Conspiração da Pólvora”. Seu objetivo era tirar do trono o Rei James I, porém, o plano não deu certo e Fawkes acabou executado. Pulamos para o ano de 2020 e somos apresentados ao icônico V (Hugo Weaving), que convida o povo inglês a se levantar diante de um governo facista e promete terminar o que Guy Fawkes começou.
Comandada pelo chanceler Adam Sutler (John Hurt), a Inglaterra vive uma época onde a população é vigiada ao extremo. O chanceler tem controle total da mídia, inclusive ele aparece constantemente na televisão dando instruções ao povo. É nesse cenário que surge V, que logo no início ocasiona uma explosão e avisa que dentro de um ano, o dia 5 de novembro, terminará o trabalho de Fawkes. Receoso, o governo inicia uma busca incessante contra o anti-heroi mascarado.
Com personagens fortes e movidos por seus ideais, o longa mostra um John Hurt perfeito como o conservador chanceler. Lembrando Hitler em seus discursos, o ator emprega toda a loucura de seu personagem. Hugo Weaving entrega um V repleto de propósito em dar ao povo a esperança da mudança. E Natalie Portman como Eve mostra a evolução de sua personagem que, depois de ter um passado muito difícil, passa a ver o futuro de uma outra forma.
O modo como a história se desenrola é fantástica e nos faz ter um apreço pelo personagem V, mesmo ele sendo tão violento como o próprio governo. O filme produz muitas imagens fortes e a trilha sonora, comandada pela "Abertura 1812" de Tchaikovsky, deixa o filme ainda mais grandioso.
Com um olhar interessante para o lado humano dos personagens, "V de Vingança" mostra um viés político que podemos claramente aplicar nos dias de hoje. Com atuações impecáveis e imagens fortes, o longa é poderoso e reflexivo.
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Sucesso de bilheteria, Jason estava pronto para fazer sua estreia no cinema. Vale lembrar que sua mãe, Pamela Voorhees, era a assassina do primeiro filme. "Sexta-Feira 13, Parte 2", não foi muito bem de crítica, apesar de apresentar alguns elementos bem melhores que o primeiro filme.
A trama apresenta jovens monitores prontos para reabrir o acampamento Crystal Lake. Porém, eles não esperavam que Jason estivesse de volta, não se sabe como, fazendo eles de vítimas.
Esse segundo longa apresenta um ritmo melhor, mais ágil do que o primeiro filme. O roteiro até que é interessante, principalmente se colocarmos lado a lado com os de outros filmes da franquia. O suspense é bem trabalhado, criando tensão, como na cena em que uma garota está embaixo da cama, enquanto Jason está no quarto a sua procura. Os assassinatos são criativos e violentos, mesmo sem o talento de Tom Savine na maquiagem, que não trabalhou nesse filme.
Jason estreou sua carreira de matança com chave de ouro, levando a morte a algoz de sua mãe. Interessante o modo como Jason é mostrado aqui, durante praticamente todo o filme, nós vemos os seus pés, ou somos colocados diretamente na sua visão. Apenas perto do final, vemos ele por completo e percebemos que ele usa um saco branco na cabeça, a clássica máscara de hóquei surgiria na próxima parte. Há, e vale lembrar que não temos explicação para o surgimento de Jason, ele simplesmente surge do nada.
Por fim, "Sexta-Feira 13, Parte 2"é eficiente ao trazer um personagem que era só uma lembrança e não apresentava nada de sobrenatural. Na época não sabíamos ainda, mas aqui começava a ser criado um dos assassinos em série mais famosos da história do cinema.
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O longa "Marty" acompanha a história de Marty Piletti (Ernest Borgnine), um italiano solitário que vive com a mãe e que não tem sorte em conseguir um relacionamento com as mulheres. Um dia ele conhece uma professora, que assim como ele, também se sente rejeitada. E é só isso que você precisa saber sobre esse simpático filme.
O roteiro do filme mostra uma história que sabemos que existia e que ainda existe, que é a pressão do matrimônio em nossa sociedade, mas que o cinema não explora tanto que é o lado do homem. Nas décadas passadas, o homem também se sentia pressionado pela sociedade para conseguir um relacionamento. Marty chega aos 34 anos e já está um pouco conformado de que não conseguirá ninguém. Porém, a todo instante, vemos a pressão que ele sofre. Uma pressão, que se pararmos para pensar, só cabe a ele. Afinal de contas, como escolher por quem se apaixonar?
O filme tem uma excelente direção de Delbert Mann, que foi premiado com o Oscar de Melhor Direção por esse longa. Existem momentos em que o diretor explora como um todo os locais em que Marty está, com o uso de espelhos. E a sensibilidade dele em captar dos atores situações em que eles sofrem, como na cena em que Clara Snyder (Betsy Blair) chora, enquanto assiste um programa de comédia. Lindo.
O longa é contemplado com excelentes atuações. Ernest Borgnine que foi premiado com o Oscar de melhor Ator, por esta atuação, é uma simpatia em pessoa. Betsy Blair também está excelente e emociona nos momentos certos. Além do Oscar de Ator e Diretor, o longa também foi vencedor nas categorias Melhor Filme e Melhor Roteiro.
No fim do filme, Marty é um homem mudado. Ciente de suas decisões e do que ele precisa fazer. E para completar, o diretor ainda deixa para que nós façamos o nosso final e fiquemos a imaginar o que aconteceu nesta deliciosa história.
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As agruras da Segunda Guerra Mundial é sentida pela escritora Juliet Ashton (Lily James), quando decide visitar Guernsey, uma das ilhas invadidas pela Alemanha, após o término da 2ª Guerra Mundial. Nesta visita ela constrói amizades com alguns habitantes e escreve sobre os terrores da Guerra.
O filme é dirigido por Mike Newell (Harry Potter e o Cálice de Fogo) e apesar do tema Guerra, "A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata" é um filme simpático, que reflete e nos faz sorrir em certos momentos, graças a um sentimento de otimismo verdadeiro que o filme exala.
Tecnicamente o filme é lindo. A fotografia do longa é exuberante e sua paleta de cores muda com alguns acontecimentos. Direção de arte e figurinos são impecáveis. Certamente seria um filme lembrado em premiações nesses quesitos, se tivesse sido lançado nos cinemas mais próximo do final de ano, que é quando as principais obras que focam na premiação chegam às telonas.
Lily James, como sempre muito simpática, está perfeita em seu papel. A atriz tem bastante química com o restante do elenco e atua brilhantemente em cenas com os atores Tom Courtenay, que interpreta Eben Ramsey, e Penelope Wilton, que interpreta Amelia Maugery.
O roteiro peca apenas em não aprofundar muito no fato de Julliet ser uma escritora tentando ser reconhecida nos anos 40. O filme solta esse desejo logo no início, mas deixa isso um pouco de lado. Contudo temos que reconhecer o trabalho de Mike Newell ao conseguir equilibrar uma trama com tantos personagens e dando espaço a cada um deles, para que saibamos seus dramas e sonhos.
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Em 2013 o mundo ficou surpreso quando o papa Bento XVI (Anthony Hopkins) renunciou ao papado. Como o maior líder da Igreja Católica renuncia ao cargo que representa o Cristo crucificado? Seis anos depois, o diretor brasileiro Fernando Meirelles (Cidade de Deus) mostra o assunto de maneira leve, com um roteiro que aborda o respeito entre o atual e o futuro Papa. . "Dois Papas" merece muito destaque graças a sua direção e a atuação de seus protagonistas. A direção de Meirelles é ousada, alterna câmeras nervosas e fora de ângulo para mostrar um incomodado Bento XVI, enquanto usa a câmera tranquila e centrada em um calmo Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce). O diretor observa os dois em muitos momentos como se estivesse escondido, afinal de contas, vemos Bento XVI revelar muitas coisas que o atormentam.
Anthony Hopkins dá vida ao centrado e autoritário Bento XVI. É incrível ver o ator que já passa dos 80 anos entregue em um papel que exige tanto dele, seja na postura, ou em alguns trejeitos de Bento XVI. Jonathan Pryce vive o amigável e simpático futuro Papa Francisco, gente como a gente, ele é popular, gosta de futebol, de pizza. Impossível não ter simpatia por ele.
Fernando Meirelles ousa também na trilha sonora. Esqueça as músicas de Igrejas. Aqui ele vai de "Blackbird" (The Beatles), até "Dancing Queen" (Abba), dando ao filme um tom bem leve. Meirelles está muito a vontade na direção para nos brindar com um excelente filme, que tem um roteiro forte, interpretado por dois monstros sagrados do cinema. . "Dois Papas" tem um duelo de diálogos incrível, o que torna o filme muito humano. Acompanhar o respeito que Bento e Francisco tem um pelo outro, é de nos sentirmos sortudos por estarmos diante de uma obra dessas. É sem dúvidas um dos melhores filmes do ano passado.
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Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
3.3 809 Assista AgoraO diretor Bennett Miller gosta de levar às telas histórias baseadas em fatos reais envolvendo o meio esportivo. Em "O Homem Que Mudou o Jogo", acompanhamos os bastidores do basebol, e aqui em "Foxcatcher: Uma História Que Chocou o Mundo" temos a luta greco-romana como o arco da trama.
No filme, somos apresentados aos irmãos Mark Schultz (Channing Tatum) e David Schultz (Mark Ruffalo), ganhadores do Ouro Olímpico nas Olimpíadas de 1984. Mark é convidado por John du Pont (Steve Carell) a entrar e treinar na sua equipe, com um salário inacreditável e usufruindo do melhor que um atleta poderia ter. Nasce uma amizade entre eles, que enfraquece com um tempo devido aos transtornos e problemas psicológicos que du Pont demonstra ter. Enquanto essa história se desenrola, du Pont também consegue convencer Dave a treinar a equipe e sua obsessão pelo esporte e pelas vitórias só vai agravando cada vez mais seu lado psicológico.
O longa tem pontos interessantíssimos. O principal deles é Steve Carell. O ator entrega um personagem misterioso e com características que chega a dar medo, tamanha é a incógnita que seu intérprete aflora. A maquiagem utilizada no ator também está de parabéns, e ajuda a aumentar a figura aterrorizante que ele é. Mark Ruffalo também está ótimo e entrega uma atuação simples, mas que fala muito com seus olhares.
A narrativa é longa e boa parte dela é trabalhada com esse clima de mistério até chegar a um clímax meio assustador no final. A trilha sonora tensa e com uma aura de mistério, que combina principalmente com o personagem de Steve Carell, está espetacular. Lembra filmes como o clássico "O Iluminado", ou o mais recente "Ilha do Medo", tamanha é a carga de tensão que ela carrega.
Bennett Miller acerta mais uma vez ao trazer os bastidores do esporte às telas. Com personagens interessantes e uma história recheada de mistério, Foxcatcher mostra porque chocou o mundo.
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A Casa do Lago
3.6 1,6K Assista AgoraO cinema sempre que pode, utiliza elementos voltados para a fantasia para entregar uma história de amor. No caso aqui, a distância temporal é utilizada em "A Casa do Lago", filme que marca a estreia do diretor argentino, Alejandro Agresti, em Hollywood.
O longa mostra a médica Kate Forster (Sandra Bullock), solitária e sem muitas emoções em sua vida. Já o arquiteto Alex Wyler (Keanu Reeves), tem problemas com o pai e assim como Kate, é solitário. A casa do lago do título, exerce o papel de elemento mágico, que separa e junta ao mesmo tempo o nosso casal apaixonado. Ela está vivendo em 2006 e ele em 2004.
Para comprar o filme, é preciso adentrar e se deixar levar por uma narrativa mágica e elegante. A troca de cartas entre o casal deixa o filme interessante, e nos faz pensar a todo momento, como essa confusão temporal será resolvida. Nesse quesito, ponto para Alejandro Agresti, que nos consegue deixar atento durante todo o longa.
Para que essa história desse certo, era importante que o casal principal tivesse química e muita simpatia. Alejandro buscou em Sandra Bullock e Keanu Reeves o casal perfeito, e juntos eles reprisam a parceria de "Velocidade Máxima". Os dois construíram personagens enigmáticos e simples. O final do filme surpreende e o embarque nesse mágico roteiro, faz valer a recompensa no fim.
"A Casa do Lago" é esteticamente muito bonito e seguro graças a uma ótima direção de Alejandro Agresti e pelas ótimas interpretações de Sandra Bullock e Keanu Reeves. Sensível, é o cinema mostrando mais uma vez, que o amor é capaz de vencer tudo.
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O Aprendiz
3.7 219 Assista AgoraA maldade mostrada de forma influenciada e que faz despertar é o tema central de "O Aprendiz", longa dirigido por Brian Synger, adaptado do conto "Aluno Inteligente", contido no livro "Quatro Estações" do mestre do terror, Stephen King.
Na trama, o jovem Todd Bowden (Brad Renfro) fica mais curioso sobre o Holocausto, depois de assistir a uma aula de história. Em suas pesquisas ele conhece um idoso, Artur Denker (Ian McKellen). Todd o confronta e diz que ele fez parte do Nazismo. O idoso nega a princípio, mas cede a pressão do garoto e logo confirma o fato. Todd então pede para Artur (que vive com uma identidade falsa) lhe contar as histórias da época dos campos de concentração.
A narrativa do filme é bastante importante. Em princípio, Todd tem domínio sobre Artur, pois se descobrirem que ele fez parte do Nazismo, o mesmo será julgado. Mas em determinado ponto, algo acontece e esse domínio é invertido, e ambos serão prejudicados, caso essa informação venha à tona. Nesse ponto, Brian Synger conduz de forma eficaz esse suspense, em que deixa o seu público utilizar a imaginação nas cenas na qual Artur fala do que acontecia nos campos de concentração.
Apesar da boa atuação de Brad Renfro, o fato do seu personagem já ter uma cara meio de mal, talvez atrapalhe um pouco. A construção dele é evidente. Mas alguém mais inocente a princípio talvez ficasse melhor. Já Ian McKellen está perfeito. O poder de atuação dele pode ser visto na cena em que ele marcha com uma farda nazista. O ator consegue ir de um constrangimento inicial a um prazer por estar recordando o seu passado.
Adaptado de uma obra de Stephen King, a história mostra toda a versatilidade do escritor. Acostumados a nos entregar obras cheias de monstros, dessa vez ele entrega o monstro como sendo nós, o próprio homem. E acaba fazendo uma reflexão, em que a maldade pode ser um sentimento já predisposto, na qual ela pode ser estimulada e despertando dentro de nós.
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O Grito 3
2.2 412 Assista AgoraKayako (Aiko Horiuchi) e Toshio (Shimba Tsuchiya) estão de volta. Desta vez, sob a batuta de Toby Wilkins. Finalmente Takashi Shimizu larga o osso da direção, e dá espaço para outro diretor.
Porém, a troca de diretor pouco serviu. O filme tem um início bom, com a morte do personagem Jake (Matthew Knight), único sobrevivente do filme anterior. Porém, após isso, o filme só se arrasta mostrando personagens que são apresentados para apenas um fim: morrerem.
O roteiro tem decisões equivocadas. A maior dela é apresentar uma irmã para Kayako, que nem nas versões japonesas foi mencionada. Porém, ela surge com a promessa de finalmente por fim a maldição. Mas como aqui todas as regras já foram deixadas de lado, é fácil imaginar o destino de sua personagem.
É difícil criar alguma afeição por algum personagem nessa franquia "O Grito". Sobrevivente do primeiro, Sarah Michelle Gellar sai de cena logo no começo do segundo. A mesma coisa acontece com Matthew Knight sobrevivente no segundo. E neste terceiro temos atuações bem fracas, e não nos importamos com nenhum personagem.
Mesmo com tantos defeitos, "O Grito 3" é o que tem a melhor montagem de todos. A edição fragmentada de Takashi Shimizu da lugar a um filme com uma história bem linear.
No mais, "O Grito 3" é totalmente esquecível. E as cenas de Kayako e Toshio não são nada elaboradas. Parece mais um derivado de "Todo Mundo em Pânico" do que com os próprios filmes da franquia.
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Mary e Max: Uma Amizade Diferente
4.5 2,4KAos desavisados, "Mary e Max: Uma Amizade Diferente" pode chocar devido aos temas pesados que são abordados. Essa animação australiana feita em stop-motion faz uma reflexão sobre a vida, tendo na amizade o seu principal pilar.
O longa conta a história de Mary Daisy Dinkle, uma garotinha australiana de oito anos. Ela sofre bullying na escola, não tem amigos e não recebe carinho dos pais. O seu pai vive para o trabalho e sua mãe é uma alcoólatra. Max Horovitz é um judeu que vive em Nova York, obeso, solitário e sem família, ele ainda sofre com a síndrome de Asperger, um tipo de autismo. Por obra do destino, Mary acaba escrevendo uma carta para ele e, mesmo com a distância, eles começam uma amizade que atravessa décadas.
O filme do diretor Adam Elliot aborda assuntos pesados, como: depressão, alcoolismo, solidão, ansiedade, obesidade e até suicídio. Forte em seu roteiro, a criação dos personagens acabam mostrando uma perfeição no que parece imperfeito. A trilha sonora é tocante e a fotografia brilha ao distinguir o mundo de Mary com uma cor mais voltada para o marrom, daquele cinza pesado, que é a Nova York de Max, na qual retrata todos os seus problemas. A vida dos dois não tem muitas cores e é na inocência dos mesmos que eles se agarram, e vão se incentivando a seguirem nesse mundo tão injusto.
O final do filme é lindo e triste ao mesmo tempo. É um reflexo de como os relacionamentos são importantes. No meio das dificuldades da vida, uma improvável amizade foi o combustível para ambos continuarem vivendo. E você já encontrou o seu combustível?
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Ferrugem e Osso
3.9 821 Assista AgoraBaseado em um conto de mesmo nome, do autor Craig Davidson, "Ferrugem e Osso" apresenta uma história sofrida de seus protagonistas que é acompanhada de dores e de transformações, as quais os fazem ver um sentido para a vida.
No longa, acompanhamos Alain (Matthias Schoenaerts), desempregado, pai solteiro de um filho de cinco anos no qual aquele pede abrigo à irmã. Após conseguir um emprego de segurança, em uma noite de trabalho ele conhece Stéphanie (Marion Cotillard), no qual os dois começam a ter uma relação mais próxima, após um grave acidente sofrido por ela.
O diretor Jacques Audiard aposta na dor de seus personagens para fazer seu filme ganhar corpo. Aqui temos um cinema mais real. Alain e Stéphanie não ficam chorando pelo rumo que suas vidas tomaram. Nessa história, os personagens estão acostumados a sangrar, a cair, mas não ficarem se lamentando. Aceitam seu caminho e vão vivendo um dia de cada vez, transformados pela dor que já passaram.
O diretor captura a essência de Stéphanie e mostra como a sua condição a transformou, e como ela passou a ver a vida melhor quando ela se conformou com o que aconteceu. Alain, que levou tanta porrada da vida, precisou quase perder seu bem mais precioso para (literalmente) quase quebrar a mão esmurrando um lago de gelo, em uma das cenas mais intensas desse filme. Os dois protagonistas se ajudam, se gostam, sem ficar aquela coisa piegas. No fim das contas, Alain foi um osso para Stéphanie, e ela, ajudou a desenferrujar um homem bruto.
"Ferrugem e Osso" é um filme que emociona em alguns momentos ao apresentar duas pessoas em busca de salvação, capturadas por um diretor que apresentou um cinema bruto, mas real.
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O Rei
3.6 404O retrato de um rei em construção é o tema abordado pelo diretor David Michôd, no caso aqui, é o rei Henrique V (Timothée Chalamet), um dos reis ingleses que viveu no período da conhecida "batalha dos 100 anos". Uma Guerra entre Inglaterra e França, sobre a sucessão do trono francês, que durou de 1337 a 1453.
O recorte histórico do filme se passa entre a coroação de Henrique V e a batalha de Auzikorv. Ao escolher esse recorte, David Michôd explora mais a figura de Henrique V, desde não querer ser rei, até ter que assumir esse fardo. Vale destacar que o diretor utiliza muita licença poética em seu filme para fazer certos acontecimentos darem certo.
O filme não é recheado de batalhas, baseia-se mais nos diálogos, que são muito bons. Timothée Chalamet brilha em mais uma grande atuação. Se mostrando bem versátil em sua filmografia, o ator impõe uma autoridade impressionante em seu papel. Outro destaque também vai para Robert Pattinson, que entrega a loucura do rei Carlos de forma a não ficar caricata.
A fotografia do filme é excelente, sempre apostando em cores escuras para demonstrar o fardo que é ser rei para Henrique V. O trabalho de reconstrução da Idade Média também merece destaque pela riqueza de detalhes.
Por fim, "O Rei" é um ótimo filme que mantém o espectador atento, graças a um roteiro bem escrito, além da grande atuação de Timothée Chalamet, que vai se mostrando cada vez mais um excelente ator.
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O Mágico de Oz
4.2 1,3K Assista AgoraUm dos filmes mais clássicos do cinema, "O Mágico de Oz" é baseado no livro de L. Frank Baum e conta a história de Dorothy (Judy Garland), uma jovem moradora do Kansas que, após um tornado, é levada para um mundo mágico chamado Oz.
O filme possui um roteiro simples, voltado principalmente para o público infantil, no entanto, lida com assuntos importantes e na busca de sonhos. Dorothy conhece muitos amigos em Oz, como o Espantalho (Ray Bolger), o Homem de Lata (Jack Haley) e o Leão (Bert Lahr). Eles se sentem incompletos e buscam algo que não têm. Mas juntos ajudam Dorothy na sua jornada. O longa pode até ter uma conclusão simples, mas não tira o encanto que é estarmos em Oz.
O filme tecnicamente é incrível. A fotografia é excelente, alterna entre o Kansas em tons de sépia com o colorido do mundo encantado de Oz. Até os cenários são incrivelmente diferentes. Os designs, diferentes de tudo que encontramos, ajudam a dar o tom de magia necessário a Oz. Tudo isso só foi possível graças ao processo technocolor, que adicionava cores ao filme. Essa tecnologia foi um marco na época e "O Mágico de Oz" foi um dos primeiros a utilizá-lo.
Os efeitos especiais também merecem destaque e, mesmo perdendo o Oscar da categoria, os efeitos do filme são incríveis. Assistindo hoje, mais de oitenta anos após o seu lançamento, os efeitos não parecem estranhos para a atual geração. "O Mágico de Oz" envelheceu muito bem.
Para coroar o filme, a canção 'Somewhere Over The Rainbow' se tornou uma das mais lindas do cinema. Apresentou Judy Garland ao mundo. A lamentar mesmo, é que esse marco do cinema, também seria o início de uma vida sofrida para a excelente atriz.
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Judy: Muito Além do Arco-Íris
3.4 356Com um talento descoberto desde cedo, a atriz e cantora Judy Garland se destacou no cinema com o clássico "O Mágico de Oz", em 1939. Contudo, a exploração sofrida por parte da indústria a levou a uma morte precoce, aos 47 anos.
O longa se passa alguns meses antes de sua morte. Com a carreira em baixa e com problemas financeiros, Judy (Renée Zellweger) aceita estrelar uma turnê em Londres, por mais que tal trabalho a mantenha afastada dos filhos menores. Logo no início da turnê, ela enfrenta a solidão e os conhecidos problemas com álcool e remédios, compensando o que deu errado em sua vida pessoal com a dedicação no palco.
O roteiro é simples e, para se ter uma apreciação melhor do filme, é recomendado se inteirar um pouco sobre a vida da atriz. A narrativa utiliza flashbacks, que explora o período em que a atriz gravava "O Mágico de Oz". Os flashbacks podem desconectar um pouco quem não conhece a fundo a vida da atriz, mas são importantes para mostrar como ela era pressionada a tomar remédios que a deixavam sem dormir para aguentar o ritmo de trabalho, além também das pessoas por trás do filme que regulavam até o seu peso. Junte-se a tudo isso a insegurança da atriz. Nesse ponto a atuação de Renée Zellweger é ótima, pois capta características e maneirismos de Judy. Até na voz, Renée conseguiu se aproximar.
O filme consegue recriar muito bem a década de 60, na qual o filme se passa. Renée gravou algumas músicas, mas algumas dublagens não ficam boas, ficando nítido em alguns momentos tratar-se de apenas um movimento de voz. Porém, ela emociona no ato final com a música "Somewhere over the Rainbow", de "O Mágico de Oz".
"Judy" retrata um pouco a conturbada vida de uma das atrizes mais clássicas de Hollywood. O filme mostra um outro lado da fama, aquele mais obscuro, e aposta no talento de Renée Zellweger para segurar essa história pesada e triste.
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Harriet: O Caminho Para a Liberdade
3.7 217 Assista AgoraO período da escravidão é um dos temas mais abordados pelo cinema. Em "Harriet" acompanhamos a história real de Harriet Tubman (Cynthia Erivo), ativista política que ajudou centenas de escravos a fugirem do sul dos Estados Unidos, logo depois que ela conseguiu escapar da escravidão, no ano de 1849.
"Harriet" não é um filme ousado. Quase sem violência, a diretora Kasi Lemmons tem problemas para fazer o público ter algum tipo de emoção pelos personagens. A violência aqui é mais subjetiva, pouco é mostrado. E o roteiro soa pobre, quando o filme chega a sua metade e toda a sinopse já foi realizada. Cabe ao filme repetir feitos que já vimos acontecer e que por conveniências narrativas, sabemos que nada acontecerá com nossa heroína. Falta criatividade na escrita para deixar a trama mais elaborada.
De bom mesmo, temos uma direção de arte que recria muito bem a época em que o filme se passa, além das canções que movimentam o filme, algumas, inclusive, interpretadas pela própria Cynthia Erivo.
O filme não possui nenhuma atuação marcante. Apesar da indicação ao Oscar, Cynthia Erivo tem uma atuação burocrática, em que não passa a emoção necessária. É fácil imaginar outras atrizes no papel e que poderiam entregar muito mais, como Lupita Nyong'o e Taraji P. Henson.
Concluindo, Harriet Tubman merecia um filme muito mais caprichado, pela importância que tem na história americana. "Harriet" é pouco para apresentar ao mundo a importância desta mulher.
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Sexta-Feira 13: Parte 3
3.2 379 Assista AgoraNão demorou muito para Jason voltar. Um ano após "Sexta-Feira 13, Parte 2", o insano assassino aparecia novamente para tocar o terror e deixar mais uma pilha de corpos mortos, de preferência, jovens. Nessa "Sexta-Feira 13, Parte 3", a estrutura segue a mesma, um grupo de jovens que se desloca para passar um tempo no lago, passa a ser perseguido pelo cruel assassino.
Iniciando com um flashback do filme anterior, o diretor Steve Miner decide alterar um pouco o final do filme anterior. Isso deu liberdade para a equipe deste novo filme para alterar o aspecto visual de Jason. Não que isso signifique que ele terá o mesmo rosto daqui para frente, em outros filmes será possível ver novas mudanças.
Apresentando pouquíssimas coisas novas, "Sexta-Feira 13, Parte 3" se torna interessante apenas para ver o surgimento da lendária máscara de hóquei. No momento em que Jason surge a primeira vez com a máscara no rosto, é impossível não perceber que ali nascia uma lenda.
O grupo de adolescentes, que serão as vítimas da vez, são desinteressantes. Nenhum é aprofundado, servindo apenas para a contagem no número final de vítimas. A maquiagem e os efeitos são bons, mas não chegam aos pés dos filmes anteriores. O longa ainda aproveita para homenagear o original, com uma das mortes que é bem semelhante à morte do personagem de Kevin Bacon, no primeiro filme. E também no susto final, em que a Sra. Voohrees dá as caras.
Fazendo vista grossa para algumas falhas do roteiro em termos de linha temporal, "Sexta-Feira 13, Parte 3", é divertido apenas para ver as mortes criativas e o surgimento da lendária máscara, mesmo assim o longa foi sucesso nas bilheterias. Com um orçamento de pouco mais de $ 2 milhões de dólares, o filme arrecadou quase $ 37 milhões. É claro que Jason voltaria.
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Um Lindo Dia Na Vizinhança
3.5 273 Assista Agora"Um Lindo Dia na Vizinhança" já fisga o espectador nos seus primeiros minutos. Vemos Fred Rogers (Tom Hanks), falar didaticamente para as crianças sobre perdão. Dito isso, a diretora Marielle Heller já deixa a mostra que seu filme tocará em feridas e provocará discussões sobre o tema.
O longa acompanha Lloyd Vogel (Matthew Rhys), um jornalista investigativo que recebe a tarefa de fazer o perfil de Fred Rogers, criador de "Mister Rogers' Neighborhood", um programa infantil de TV muito popular na década de 1960 nos Estados Unidos. A direção de Marielle Heller merece muito destaque aqui. Corajosamente ela deixa seu filme bem didático, dando tempo suficiente para apreciarmos Fred Rogers ensinando as crianças sobre temas bastante pesados.
O roteiro eleva a figura de Rogers quase a um ser divino, e é aí que o contraponto acontece quando conhecemos Lloyd Vogel. A diretora brinca conosco por meio do personagem do jornalista, a querer desvendar tudo por trás da figura enigmática de Fred. Como alguém consegue ser tão feliz e demonstrar isso o tempo todo? A resposta nós temos e vemos como Fred precisou trabalhar muita coisa em sua vida, para ser como ele é hoje.
No meio disso tudo, o filme acompanha uma situação delicada que Lloyd está vivendo. Em uma cena fantástica, Fred pede para que Lloyd tire um minuto para lembrar das pessoas que foram importantes para ele na sua formação. O minuto literalmente tirado, ainda conta com uma suave quebra da quarta parede feita por Fred Rogers. E só Tom Hanks para entregar um olhar penetrante e ao mesmo tempo acolhedor. Um momento sensível e tocante da direção.
Por mais que Lloyd seja o protagonista, é Tom Hanks que brilha. Seu personagem tem algo mágico, algo que lembra o personagem de Mary Poppins. Fantasticamente humano, "Um Lindo Dia na Vizinhança" fala sobre perdão, rancor e mágoa, com uma sutileza impressionante. É um filme obrigatório, reflexivo e forte o bastante para nos ajudar a ser um ser humano melhor.
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Meu Tio Matou um Cara
2.9 384 Assista AgoraJorge Furtado apresenta em "Meu Tio Matou um Cara", um filme que explora diversos gêneros, indo desde a comédia até o policial, visto a carga noir que o longa carrega. Ainda com espaço para o romance, é um filme simples que mostra um pouco das agruras dos dilemas adolescentes.
Duca (Darlan Cunha) é um jovem negro que estuda em um colégio de brancos. Esperto, ele é vidrado em jogos de mistério policial, artifício que ele usará para ajudar o tio Éder (Lázaro Ramos) que está sendo acusado de assassinato. No meio disso tudo, ele está apaixonado pela melhor amiga, Isa (Sophia Reis), que namora Kid (Renan Augusto).
O fato do filme ter dois assuntos importantes ao mesmo tempo, atrapalha um pouco a narrativa. A acusação de assassinato de Éder e o amor juvenil fazem um assunto tirar o foco do outro, na minha opinião. O equilíbrio entre os dois passa do ponto, deixando o longa não ter a eficiência de um "O Homem Que Copiava", por exemplo.
Focado nos jovens, Jorge Furtado apresenta os adolescentes como eles são: repleto de informações a todo momento. Interessante que o arsenal de pensamentos de Duca impressiona os pais do garoto. Nesse ponto, Jorge Furtado acerta em cheio. Em contra partida, faz falta um pouco mais de Lázaro Ramos e Dira Paes, que estão muito bem em seus papéis.
Por fim, "Meu Tio Matou um Cara" poderia ser muito mais, se fosse um pouco mais ousado e aprofundado em alguns temas em que se propôs tratar. É um filme agradável de se ver, mas nada além disso.
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A Autópsia
3.3 1,0K Assista AgoraEnvolvente em seu início, "A Autópsia" deixa vários mistérios no ar em sua primeira metade. O filme de André Ovredal vai muito bem na parte da investigação médico criminal, porém, desanda no ato final e descamba para os exagerados clichês do gênero terror que já conhecemos.
O roteiro do filme é instigante até pouco mais da metade da projeção. Temos dois legistas, Tommy (Brian Cox) e seu filho Austin (Emilie Hirsch) em um necrotério com um cadáver de uma mulher, que eles chamam de Jane Doe (nome que eles dão para cadáveres que ainda não tem identificação).
O mistério sobre a morte da moça só aumenta conforme eles dão andamento à autópsia. Como ela ainda sangra? Como ela está tão ferida por dentro, se seu corpo não apresenta nenhuma ferida? Junte-se a isso o fato de uma flor ser encontrada dentro dela, e também um pedaço de pano com algum tipo de símbolo ritualístico e um dente dela, envolto ao mesmo pano.
O terror é bem conduzido até aí e realmente cria uma atmosfera muito boa. O diretor até utiliza bem alguns clichês até esse momento. Porém, em sua parte final, André Ovredal joga tudo o que foi feito até ali, pelo ralo. Explicações bizarras, sem sentido, e possessão são as respostas que aparecem. Os clichês são mal aproveitados na parte final, estragando a resolução da história. É como se ele não confiasse na própria história que estava criando e acaba finalizando seu filme, como a maioria dos longas do gênero que vemos hoje em dia, tornando-se totalmente esquecível.
Resumindo, "A Autópsia" tem um início promissor que se acreditasse mais no seu potencial, poderia ser um dos melhores filmes da década. Porém, acaba indo por um caminho totalmente diferente, deixando o seu final sem força, impedindo o filme de ser marcante.
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O Caso Richard Jewell
3.7 244 Assista AgoraClint Eastwood volta à direção no alto de seus 90 anos para entregar um trabalho baseado em fatos reais, que toca em pontos interessantes, como a divulgação de falsas notícias e até mesmo a uma crítica ao porte de arma dos americanos.
Em 1996, durante as Olimpíadas de Atlanta, o vigia Richard Jewell (Paul Walter Hauser) avistou uma mochila com explosivos sob um banco no lotado Centennial Park. Ele reporta o caso e evita a detonação. Jewell se torna herói nacional, mas logo sua situação muda quando jornais locais começam a divulgar a informação precipitada de que ele seria o principal suspeito, segundo o FBI.
O roteiro de Billy Ray é interessante ao colocar em paralelo a nossa visão de Richard Newell ser inocente, com o FBI tentando incriminá-lo a qualquer custo. Para dar resposta a população, o agente Tom Shaw (Jon Hamm) tenta, inclusive, induzir Jewell ao erro. A sensação de injustiça permeia todo o longa e chega a ser difícil crer que Richard conseguirá sair daquela situação.
A propagação da "fake news" muda totalmente a rotina de Richard. A direção de Eastwood acerta ao mostrar todo esse peso do acontecido na visão da mãe do rapaz, Bobi Jewell, interpretada brilhantemente por Kathy Bates. Uma crítica bem ácida que Clint Eastwood faz em seu filme é na cena em que o FBI revista a casa de Jewell e encontra vários fuzis e outros tipos de arma. Isso aumenta ainda mais a suspeita sobre ele para os agentes. Fica o questionamento: o mesmo país que defende que você possa se armar, é o primeiro a lhe acusar em uma situação assim.
"O Caso Richard Jewell" surpreende em muitos aspectos. A honestidade na defesa de um homem sendo acusado injustamente, trabalhando paralelamente essas duas linhas, mostram muita visão de Clint. Pode até soar clichê em alguns momentos, mas ainda é muito bom ver o diretor trabalhando com tanto vigor.
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Entre Facas e Segredos
4.0 1,5K Assista AgoraO diretor Rian Johnson se inspira em Agatha Christie para realizar seu novo filme, "Entre Facas e Segredos". Um suspense repleto de mistério e algumas reviravoltas em torno da história.
A trama acompanha Harlan Thrombey (Christopher Plummer) que, após comemorar 85 anos, é encontrado morto dentro de sua propriedade. Logo, o detetive Benoit Blanc (Daniel Craig) é contratado para investigar o caso e descobre que, entre os funcionários misteriosos e a família conflituosa de Harlan, todos podem ser considerados suspeitos do crime.
O roteiro, também escrito pelo diretor, tem um texto muito rico em informações, combinando perfeitamente com as personalidades dos personagens. O elenco composto por grandes nomes, como Jamie Lee Curtis, Toni Collette, e Chris Evans que entrega uma atuação divertida e debochada em muitos momentos, dando um certo charme ao seu personagem. Daniel Craig entrega um detetive com um ar de boçal, intimidando os membros da família quando os interrogam. Ele capricha no sotaque, e da um show na tela. Ana de Armas também vai muito bem, entregando uma personagem com um olhar doce e ingênuo.
Uma coisa interessante é que Rian Johnson tem tanta confiança na sua história que, na metade do filme, ele já faz a principal revelação, para então conduzir o mistério para uma outra reviravolta final. Nesse ponto, a montagem se destaca. Apesar de simples, é muito eficiente, dando um ritmo ágil à história. O filme também tem um capricho muito grande na direção de arte. Tudo dentro da casa auxilia na história para fazer da mansão uma personagem também.
Por fim, "Entre Facas e Segredos" é um filme divertido que prende sua atenção por toda a sua história de mistério. Não é memorável como outros do gênero, mas, ainda, muito divertido.
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O Grito 2
2.5 412 Assista AgoraBem difundidas no Japão e em todo o mundo, as assombrações de "O Grito" ganharam uma continuação americana em 2006 pelas mãos do mesmo diretor, Takashi Shimizu. Utilizando novamente um estilo de montagem que ele parece gostar muito, aquela montagem bem fragmentada, ele embaralha as tramas (como faz nos seus filmes japoneses), mas dessa vez, nem tudo fica tão claro.
O longa retoma do mesmo ponto em que "O Grito" de 2004 terminou. Karen (Sarah Michelle Gellar) está no hospital e sendo acusada de matar o namorado no incêndio, ocorrido no final do primeiro filme. Sua irmã Aubrey (Amber Tamblyn), vai ao Japão para trazer a irmã de volta. Nessa trama, o primeiro equívoco de Shimizu, e desculpem o spoiler: é a morte de Karen! E o pior é que nem vemos como. Simplesmente do nada, sua irmã Aubrey fala que ela morreu. Junte-se a isso, uma família de Chicago que sofre com a assombração, só pelo fato de alguém que teve contato com a casa se mudar para a cidade. Isso invalida o que os próprios filmes anteriores propagam: a pessoa precisa ter ido a casa, para sofrer com as assombrações Kayako e Toshio.
O diretor tem alguns acertos. Algumas cenas são bem tensas, como uma em uma sala para revelar fotos. Porém, ele não opta por criar tantas cenas com Kayako e Toshio. Ele se preocupa mais no desenvolvimento das tramas, esquecendo um pouco o terror.
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Dor e Glória
4.2 619 Assista Agora"Dor e Glória" é um presente que Pedro Almodóvar (A Pele Que Habito) dá ao cinema e aos seus fãs, mostrando um pouco de sua vida. Com o personagem Salvador Mallo (Antonio Banderas), o diretor nos conta sobre sua infância e lembranças, boas ou ruins, que o transformaram na pessoa que ele é hoje.
No longa Salvador Mallo é um triste cineasta em declínio que pensa nas escolhas que fez na vida, quando algo do seu passado retorna. Ele reflete sobre sua infância, amor e sua relação com a escrita e o cinema.
Além da direção segura de Almodóvar, o longa se apoia muito na ótima atuação de Antonio Banderas. Seu personagem é interessante e, mesmo não sendo um filme tão fácil de se assistir, mantém-nos curiosos para sabermos mais sobre ele. É um estudo de personagem fascinante acompanhar seu passado e suas ações.
A fotografia do filme é perfeita. O diretor mostra muitas cores ao longo do filme. A todo momento, Salvador Mallo está rodeado de cores vibrantes, que vão totalmente na contramão do que é a sua vida naquele momento. O filme mostra uma vida que não há mais em Salvador.
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"Dor e Glória" é um trabalho bem minimalista de Pedro Almodóvar, pode ser um filme dificil para um público que não está acostumado com o trabalho do diretor, mas vale conferir para você dar o seu veredito.
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O Escândalo
3.6 459 Assista AgoraNão demorou muito para o escândalo de assédios sexuais dentro da Fox News, ganhar um longa. Abordando a figura do magnata da empresa Roger Ailes (John Lithgow), "O Escândalo" nos causa indignação em alguns momentos, mas poderia ser um filme muito maior.
Dirigido por Jay Roach, "O Escândalo" comete algumas falhas. O primeiro erro ao meu ver, é o seu início focado na figura de Donald Trump, durante sua campanha eleitoral. Parece um filme muito mais de política, quando de repente o filme muda de tom e passa a tratar a questão dos assédios. É uma mudança muito brusca, que é impossível não ser sentida.
A narrativa também pode incomodar algumas pessoas. A personagem Megyn Kelly (Charlize Theron, excelente), em diversos momentos quebra a quarta parede, em uma narrativa que lembra os filmes de Adam McKay. Para muitos, pode soar como tratando o filme com leveza, quando o assunto é sério demais. A narrativa é atraente, mas talvez, não a melhor de todas para ser abordada.
Dizer que se o filme estivesse em mãos femininas faria bem ao filme, acredito que sim. Poderíamos ver mais a dor das personagens, ao invés da reputação, que foi o que Jay Roach optou por mostrar. A dor é mostrada apenas em um momento, quando Kayla Pospisil (Margot Robbie), chora ao telefone com a amiga.
Diferente de algumas falhas, as atuações do filme são excelentes. Charlize Theron tem a postura e uma voz que impõe respeito a sua personagem. Nicole Kidman move a trama e está bem em seu papel. Já Margot Robbie emociona em alguns momentos, como na cena do telefone que citei acima. A atriz também da um show de atuação na cena em que sofre assédio. Uma das cenas que realmente ficará por muito tempo na nossa memória.
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"O Escândalo" é um filme com um assunto importante, que precisa vir à tona. Em outras mãos, poderia ser um filme divisor de águas. O diretor não arrisca muito, e por isso entrega um filme que poderia ser muito maior, fazendo jus as suas três grandes atrizes principais.
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V de Vingança
4.3 3,0K Assista AgoraNo dia 5 de novembro de 1605, o católico Guy Fawkes tentou explodir o parlamento inglês. O caso ficou conhecido como a “Conspiração da Pólvora”. Seu objetivo era tirar do trono o Rei James I, porém, o plano não deu certo e Fawkes acabou executado. Pulamos para o ano de 2020 e somos apresentados ao icônico V (Hugo Weaving), que convida o povo inglês a se levantar diante de um governo facista e promete terminar o que Guy Fawkes começou.
Comandada pelo chanceler Adam Sutler (John Hurt), a Inglaterra vive uma época onde a população é vigiada ao extremo. O chanceler tem controle total da mídia, inclusive ele aparece constantemente na televisão dando instruções ao povo. É nesse cenário que surge V, que logo no início ocasiona uma explosão e avisa que dentro de um ano, o dia 5 de novembro, terminará o trabalho de Fawkes. Receoso, o governo inicia uma busca incessante contra o anti-heroi mascarado.
Com personagens fortes e movidos por seus ideais, o longa mostra um John Hurt perfeito como o conservador chanceler. Lembrando Hitler em seus discursos, o ator emprega toda a loucura de seu personagem. Hugo Weaving entrega um V repleto de propósito em dar ao povo a esperança da mudança. E Natalie Portman como Eve mostra a evolução de sua personagem que, depois de ter um passado muito difícil, passa a ver o futuro de uma outra forma.
O modo como a história se desenrola é fantástica e nos faz ter um apreço pelo personagem V, mesmo ele sendo tão violento como o próprio governo. O filme produz muitas imagens fortes e a trilha sonora, comandada pela "Abertura 1812" de Tchaikovsky, deixa o filme ainda mais grandioso.
Com um olhar interessante para o lado humano dos personagens, "V de Vingança" mostra um viés político que podemos claramente aplicar nos dias de hoje. Com atuações impecáveis e imagens fortes, o longa é poderoso e reflexivo.
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Sexta-Feira 13: Parte 2
3.4 406 Assista AgoraSucesso de bilheteria, Jason estava pronto para fazer sua estreia no cinema. Vale lembrar que sua mãe, Pamela Voorhees, era a assassina do primeiro filme. "Sexta-Feira 13, Parte 2", não foi muito bem de crítica, apesar de apresentar alguns elementos bem melhores que o primeiro filme.
A trama apresenta jovens monitores prontos para reabrir o acampamento Crystal Lake. Porém, eles não esperavam que Jason estivesse de volta, não se sabe como, fazendo eles de vítimas.
Esse segundo longa apresenta um ritmo melhor, mais ágil do que o primeiro filme. O roteiro até que é interessante, principalmente se colocarmos lado a lado com os de outros filmes da franquia. O suspense é bem trabalhado, criando tensão, como na cena em que uma garota está embaixo da cama, enquanto Jason está no quarto a sua procura. Os assassinatos são criativos e violentos, mesmo sem o talento de Tom Savine na maquiagem, que não trabalhou nesse filme.
Jason estreou sua carreira de matança com chave de ouro, levando a morte a algoz de sua mãe. Interessante o modo como Jason é mostrado aqui, durante praticamente todo o filme, nós vemos os seus pés, ou somos colocados diretamente na sua visão. Apenas perto do final, vemos ele por completo e percebemos que ele usa um saco branco na cabeça, a clássica máscara de hóquei surgiria na próxima parte. Há, e vale lembrar que não temos explicação para o surgimento de Jason, ele simplesmente surge do nada.
Por fim, "Sexta-Feira 13, Parte 2"é eficiente ao trazer um personagem que era só uma lembrança e não apresentava nada de sobrenatural. Na época não sabíamos ainda, mas aqui começava a ser criado um dos assassinos em série mais famosos da história do cinema.
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Marty
3.9 66 Assista AgoraO longa "Marty" acompanha a história de Marty Piletti (Ernest Borgnine), um italiano solitário que vive com a mãe e que não tem sorte em conseguir um relacionamento com as mulheres. Um dia ele conhece uma professora, que assim como ele, também se sente rejeitada. E é só isso que você precisa saber sobre esse simpático filme.
O roteiro do filme mostra uma história que sabemos que existia e que ainda existe, que é a pressão do matrimônio em nossa sociedade, mas que o cinema não explora tanto que é o lado do homem. Nas décadas passadas, o homem também se sentia pressionado pela sociedade para conseguir um relacionamento. Marty chega aos 34 anos e já está um pouco conformado de que não conseguirá ninguém. Porém, a todo instante, vemos a pressão que ele sofre. Uma pressão, que se pararmos para pensar, só cabe a ele. Afinal de contas, como escolher por quem se apaixonar?
O filme tem uma excelente direção de Delbert Mann, que foi premiado com o Oscar de Melhor Direção por esse longa. Existem momentos em que o diretor explora como um todo os locais em que Marty está, com o uso de espelhos. E a sensibilidade dele em captar dos atores situações em que eles sofrem, como na cena em que Clara Snyder (Betsy Blair) chora, enquanto assiste um programa de comédia. Lindo.
O longa é contemplado com excelentes atuações. Ernest Borgnine que foi premiado com o Oscar de melhor Ator, por esta atuação, é uma simpatia em pessoa. Betsy Blair também está excelente e emociona nos momentos certos. Além do Oscar de Ator e Diretor, o longa também foi vencedor nas categorias Melhor Filme e Melhor Roteiro.
No fim do filme, Marty é um homem mudado. Ciente de suas decisões e do que ele precisa fazer. E para completar, o diretor ainda deixa para que nós façamos o nosso final e fiquemos a imaginar o que aconteceu nesta deliciosa história.
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A Sociedade Literária e A Torta de Casca de Batata
4.0 486 Assista AgoraAs agruras da Segunda Guerra Mundial é sentida pela escritora Juliet Ashton (Lily James), quando decide visitar Guernsey, uma das ilhas invadidas pela Alemanha, após o término da 2ª Guerra Mundial. Nesta visita ela constrói amizades com alguns habitantes e escreve sobre os terrores da Guerra.
O filme é dirigido por Mike Newell (Harry Potter e o Cálice de Fogo) e apesar do tema Guerra, "A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata" é um filme simpático, que reflete e nos faz sorrir em certos momentos, graças a um sentimento de otimismo verdadeiro que o filme exala.
Tecnicamente o filme é lindo. A fotografia do longa é exuberante e sua paleta de cores muda com alguns acontecimentos. Direção de arte e figurinos são impecáveis. Certamente seria um filme lembrado em premiações nesses quesitos, se tivesse sido lançado nos cinemas mais próximo do final de ano, que é quando as principais obras que focam na premiação chegam às telonas.
Lily James, como sempre muito simpática, está perfeita em seu papel. A atriz tem bastante química com o restante do elenco e atua brilhantemente em cenas com os atores Tom Courtenay, que interpreta Eben Ramsey, e Penelope Wilton, que interpreta Amelia Maugery.
O roteiro peca apenas em não aprofundar muito no fato de Julliet ser uma escritora tentando ser reconhecida nos anos 40. O filme solta esse desejo logo no início, mas deixa isso um pouco de lado. Contudo temos que reconhecer o trabalho de Mike Newell ao conseguir equilibrar uma trama com tantos personagens e dando espaço a cada um deles, para que saibamos seus dramas e sonhos.
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Dois Papas
4.1 962 Assista AgoraEm 2013 o mundo ficou surpreso quando o papa Bento XVI (Anthony Hopkins) renunciou ao papado. Como o maior líder da Igreja Católica renuncia ao cargo que representa o Cristo crucificado? Seis anos depois, o diretor brasileiro Fernando Meirelles (Cidade de Deus) mostra o assunto de maneira leve, com um roteiro que aborda o respeito entre o atual e o futuro Papa.
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"Dois Papas" merece muito destaque graças a sua direção e a atuação de seus protagonistas. A direção de Meirelles é ousada, alterna câmeras nervosas e fora de ângulo para mostrar um incomodado Bento XVI, enquanto usa a câmera tranquila e centrada em um calmo Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce). O diretor observa os dois em muitos momentos como se estivesse escondido, afinal de contas, vemos Bento XVI revelar muitas coisas que o atormentam.
Anthony Hopkins dá vida ao centrado e autoritário Bento XVI. É incrível ver o ator que já passa dos 80 anos entregue em um papel que exige tanto dele, seja na postura, ou em alguns trejeitos de Bento XVI. Jonathan Pryce vive o amigável e simpático futuro Papa Francisco, gente como a gente, ele é popular, gosta de futebol, de pizza. Impossível não ter simpatia por ele.
Fernando Meirelles ousa também na trilha sonora. Esqueça as músicas de Igrejas. Aqui ele vai de "Blackbird" (The Beatles), até "Dancing Queen" (Abba), dando ao filme um tom bem leve. Meirelles está muito a vontade na direção para nos brindar com um excelente filme, que tem um roteiro forte, interpretado por dois monstros sagrados do cinema.
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"Dois Papas" tem um duelo de diálogos incrível, o que torna o filme muito humano. Acompanhar o respeito que Bento e Francisco tem um pelo outro, é de nos sentirmos sortudos por estarmos diante de uma obra dessas. É sem dúvidas um dos melhores filmes do ano passado.
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