Em seu segundo filme como diretor, Joel Edgerton resolve trabalhar sobre temas como religião, homossexualidade e, um assunto que é pauta para aqueles mais conservadores, a "cura gay".
No longa, acompanhamos Jared Eamons (Lucas Hedges) de apenas 19 anos. Morador de uma pequena cidade conservadora do Arkansas. Ele é gay e filho de Marshall Eamons (Russell Crowe), um pastor da Igreja Batista. Confrontado pela família por ser homossexual, ele entra em um programa de terapia que busca a "cura" da homossexualidade.
O diretor Joel Edgerton trabalha o tema com bastante realidade. Esse é um dos pontos altos do seu filme. Ele consegue abominar a ideia de "cura gay" com elegância, sem nunca atacar. O elenco poderoso ajuda a dar força ao filme. Lucas Hedges, Nicole Kidman e Russell Crowe, estão muito bem em seus papéis.
A montagem do filme é um pouco problemática, recheada de idas e vindas na história que parecem desnecessárias. Uma narrativa linear faria mais bem a história. O filme é poderoso e vai aos poucos evoluindo e nos envolvendo. Existem cenas fortes, que realmente marcam o longa e é impossível não ficar com um nó na garganta quando o filme vai se aproximando do fim.
Bem impactante, "Boy Erased: Uma Verdade Anulada" trabalha com temas espinhosos, mas necessários nos dias de hoje. Muito bem retratado, é um filme obrigatório para a nossa sociedade.
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Dirigido por Tomomi Mochizuki, "Eu Posso Ouvir o Oceano" é o primeiro filme do Studio Ghibli que não é dirigido nem por Hayao Miyazaki, nem por Isao Takahata. O longa feito direto para a TV, apresenta uma história bem simples, focada no amadurecimento dos personagens.
O filme acompanha a vida de Taku Morisaki, agora um jovem adulto, se dirigindo a uma reunião com sua antiga classe. Na estação de trem, ele vê de longe uma antiga colega, Rikako Muto, e começa a recordar o momento em que a viu pela primeira vez, seis anos antes, quando ela se transferiu para a sua escola. Recordando o passado, ele vai perceber que a estudante é algo muito importante em sua vida.
Sem metáforas e fantasias, podemos dizer que estamos diante de um filme "menor" do Studio Ghibli. A montagem do filme incorpora flashbacks que aos poucos vão nos mostrando a grande amizade entre Taku e Yutaka Matsuno, enquanto introduz uma misteriosa e triste Rikako. Não é preciso ser nenhum Sherlock Holmes, para saber que isso pode se transformar em um triângulo amoroso.
O filme acerta ao mostrar muito da vida escolar. Isso pode fazer você se identificar com a história. Os problemas e dilemas que os adolescentes passam, são bem retratados. Com certeza alguns personagens podem ser julgados, mas a adolescência é uma fase bem complicada, não é mesmo?
Simples e direto, "Eu Posso Ouvir o Oceano" talvez faça você embarcar de volta a sua época de colégio, vivendo seus dilemas e amizades e nos fazendo relembrar um tempo que não volta mais.
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A história não é original. "As Trapaceiras" é uma refilmagem de "Os Safados" de 1988, que, por sua vez, é uma refilmagem de "Dois Farristas Irresistíveis" de 1964. Nas duas versões anteriores, homens eram os protagonistas, inclusive em "Os Safados" - Steve Martin e Michael Caine estrelaram o longa. Agora as mulheres entram em cena e Anne Hathaway e Rebel Wilson dão vida às golpistas.
Josephine Chesterfield (Anne Hathaway) e Penny Rust (Rebel Wilson) são duas manipuladoras, conhecidas pela arte de extorquir milionários. Josephine é sofisticada, já Penny tem métodos menos elegantes. De início, Josephine aceita Penny como sua pupila, mas logo percebe-se que na verdade a intenção era usá-la para um golpe específico e, logo em seguida, descartá-la. Surge então uma disputa entre elas sobre quem conseguirá dar um golpe em um jovem ricaço.
Apesar de não apresentar nada de novo, o filme trás um ponto interessante. As protagonistas são opostas em tudo, mas em nenhum momento o diretor Chris Addison usa isso para diminuir alguma personagem. Elas são diferentes, e Chris evidencia a qualidade de cada uma.
O longa diverte graças à ótima química entre Anne Hathaway e Rebel Wilson. Difícil imaginar esse longa com outras atrizes. A primeira com um timing perfeito para comédia, já a segunda (Rebel) possui um humor físico mais aflorado, que é certeza de boa diversão.
Sem apelar para um humor rasteiro, "As Trapaceiras" diverte sabendo utilizar o potencial e o melhor de cada uma de suas protagonistas, gerando boas risadas e cumprindo ao que se propõe.
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Jason está de volta e, dessa vez, com uma novidade: visitará Nova York. Já com a criatividade escassa, os envolvidos tiveram a ideia de mandar o assassino mascarado para uma das maiores cidades do mundo, saindo um pouco da toca e dando um descanso para Crystal Lake.
Na trama, Jason está no fundo do lago e é ressuscitado por uma descarga elétrica, após um jovem jogar uma âncora de uma lancha e esta romper cabos de energia. Jason surge, mata o casal de pombinhos na lancha e no dia seguinte, reaparece subindo em um navio. Estaria ele cansado de matar em Crystal Lake? Desde quando Crystal Lake recebe navios? O motivo real de Jason subir no navio não será explicado, é apenas uma desculpa para levar o assassino a outras terras, que no caso é Nova York, (mais precisamente em Manhattan), devido ao orçamento limitado do filme.
Considero esse uma das continuações mais fracas da franquia, até mesmo o quinto filme chega a ser melhor.
Sem divertir, o filme tem um ritmo cansativo. A ideia de levar Jason para Nova York até que não é das piores, se ele chegasse lá matando todos que estivessem a sua frente, porém, o foco dele é inexplicavelmente apenas nas cinco pessoas que conseguiram sobreviver e desceram do navio.
O visual de Jason continua interessante. Dessa vez o vilão está molhado e apodrecido, dando um visual nojento ao seu corpo. Podemos até dizer que suas ações estão até um pouco estranhas, visto que em determinado momento ele salva a mocinha.
Por falar na final girl, Jensen Daggett é a mais fraca que já passou pela franquia. Suas reações ao que está acontecendo, em determinados momentos chegam a ser idiotas, e é incrível como Jason não chega a matá-la.
Por fim, "Sexta-Feira 13, Parte 8: Jason Ataca Nova York" fracassa num todo. Não empolga em momento algum, não conseguindo nem impactar nas mortes, visto que algumas ficam apenas subjetivas. Uma pena.
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"O Voo" é um daqueles filmes que te prende a atenção do início ao fim. Um acidente de avião incrível, além de vícios e mentiras vão te manter atento durante as mais de duas horas de projeção.
Denzel Washington vive Whip Whitaker, um piloto de avião que não se dá bem com a ex-mulher e com o filho. Entre um voo e outro, suas noitadas são regadas a sexo e bebidas. A droga entra para deixá-lo acordado para o próximo voo. Um problema em um dos vôos faz com que ele utilize uma manobra arriscada para tentar pousar o avião. Bem sucedido, ele consegue pousar, salvando 102 pessoas, porém, infelizmente com 6 mortos. Ele vai de herói a vilão em segundos, pois bebida e droga foram encontrados no seu exame de sangue, após o acidente. Como todo acidente precisa de um culpado, o dolo começa a recair sobre ele.
Dirigido por Robert Zemeckis, o longa é mais que um filme sobre um acidente puro e simples de avião. O roteiro aborda vícios (principalmente da bebida) e de tudo o que você perde, por não conseguir se livrar do que te vicia. Dessa forma, assim como um voo, a vida de Whip Whitaker é recheada de turbulência.
A cena final do filme entre Whip e seu filho é uma facada no personagem, e você percebe exatamente o quê ele sentiu, devido a excelente atuação de Denzel Washington que, competente como sempre, convence muito na pele de um piloto de avião alcoólatra.
O longa surpreende em seu final, quando há uma reviravolta, fazendo o caráter do personagem começar a falar mais alto. "O Voo" é uma história que você pode embarcar sem medo e vai te surpreender do início ao fim.
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Essa geração talvez não saiba quem foi Tim Maia. Um dos grandes talentos que a música brasileira já viu, Tim Maia não tinha papas na língua, era desbocado e gênio ao mesmo tempo.
O filme percorre cinquenta anos na vida do artista, desde a sua infância no Rio de Janeiro até a sua morte, aos 55 anos de idade, incluindo a passagem pelos Estados Unidos, onde o cantor descobre novos estilos musicais e é preso por roubo e posse de drogas.
Baseado no livro "Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia", escrito por Nelson Motta, o diretor Mauro Lima utiliza alguns outros elementos, para compor todo o longa. O personagem Fábio, interpretado por Cauã Reymond, que narra a história, não existiu na vida real, e a personagem Janaína, vivida por Alinne Moraes é na verdade uma junção das duas mulheres que Tim teve na vida. A montagem nos prende a atenção, principalmente em seu início onde alguns flashbacks acontecem.
Os intérpretes de Tim Maia fizeram um trabalho excelente. O jovem Robson Nunes cumpre muito bem o papel, mas o filme se transforma quando Babu Santana assume o posto. Debochado ao extremo, o ator parece ter o músico incorporado em seu corpo.
O roteiro é cheio de palavrões, dando ao filme uma enorme personalidade. "Tim Maia" é um longa a altura do biografado, trazendo a genialidade por trás de grandes sucessos em contraponto a um homem que viveu tudo ao extremo.
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Sempre cultuado, o cinema de Alfred Hitchcock transcende décadas e seus filmes continuam clássicos. Cheio de metáforas, "Os Pássaros" mostra o talento do diretor em criar o clima de suspense, de maneira simples e objetiva.
No início acompanhamos Melanie Daniels (Tippi Hedren) uma rica socialite que sempre vai atrás do que quer. Um dia ela conhece o advogado Mitch Brenner (Rod Taylor) em um pet shop e fica interessada nele. Após o encontro ela decide procurá-lo em sua cidade. Ela só não sabia que iria vivenciar algo assustador: milhares de pássaros se instalaram na localidade e começam a atacar as pessoas.
A trama é simples, e Hitchcock aproveita a primeira metade do filme para apresentar os personagens, nos dando tempo para nos simpatizar com eles. O clímax chega na sua metade final, onde o perigo fica iminente. Hitchcock evita aqui a trilha sonora, o suspense é criado apenas com as ameaças dos pássaros, e lógico os seus grunhidos. Nesse ponto, a de se destacar o trabalho de som, sempre elevando o barulho dos pássaros, para nos causar desconforto.
É possível retirar muitas metáforas da história. Alguns dizem que os pássaros seriam uma alegoria para o ciúme da mãe de Mitch, com Melanie. Mas a maior delas é sem dúvida, digamos que uma "vingança" dos pássaros que sempre são engaiolados pelos humanos. Na parte final do filme, é possível ver Mitch colocando madeiras nas janelas da casa, para ficar trancado (engaiolado) dentro da residência. O diretor trabalha essa atmosfera de prisão/liberdade muito bem.
Alguns efeitos estão datados, outros seguram bem as pontas. A verdade é que olhando a época em que foi feito e o sentimento que deve ter gerado no público, além de deixar o final do filme em aberto, mostra porque "Os Pássaros" é um dos grandes longas do diretor.
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Muito vista em comédias, Jennifer Aniston finalmente teve a chance de ter um drama para chamar de seu. "Cake: Uma Razão Para Viver" mostra que Jennifer Aniston é capaz de mandar muito bem no drama e, também, que ela merecia um filme melhor.
No longa, acompanhamos Claire Bennett (Jennifer Aniston), uma mulher traumatizada e depressiva, que busca ajuda em um grupo para pessoas com dores crônicas. Lá, ela descobre o suicídio de Nina Collins (Anna Kendrick), um dos membros do grupo. Claire fica obcecada pela história desta mulher e começa a investigar a sua vida. Aos poucos, começa a desenvolver uma relação inesperada com o ex-marido de Nina, Roy Collins (Sam Worthington).
Aniston mostra ser muito boa no drama, porém aqui, ela não consegue emocionar. Ao meu ver, isso se deve muito a linha narrativa do filme, que faz a montagem demorar a nos dar respostas sobre o que de fato faz a sua personagem sofrer.
O filme se preocupa mais em dar pistas sobre o que aconteceu com Claire, do que nos fazer sentir a dor da personagem. Automaticamente não emociona, pois demora muito para sabermos o que aconteceu com ela, quem ela perdeu, entre outras coisas. Ao não termos esse background da personagem, é como se o filme quisesse que nós acompanhássemos de longe a sua história. Uma pena.
De bom mesmo fica a atuação de Jennifer Aniston. Já o filme parece que teve medo de ser grande, sempre optando por não arriscar demais na história.
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A década de 70 foi gloriosa para Woody Allen. O diretor venceu o seu único Oscar com "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", em 1978, e todos seus outros filmes foram bem aceitos pela crítica, inclusive ganhando prêmios, como é o caso de "Manhattan".
Acompanhamos a história de Isaac (Woody Allen), um escritor de meia-idade divorciado que se sente em uma situação constrangedora quando sua ex-mulher decide viver com uma amiga e publicar um livro, no qual revela assuntos muito particulares do relacionamento deles. Neste período ele está apaixonado pela jovem Tracy (Mariel Hemingway), que corresponde a este amor. No entanto, ele sente-se atraído por uma pessoa mais madura, a amante do seu melhor amigo, que é casado.
O longa possui elementos técnicos muito bons, como a sua fotografia em preto e branco, na qual Allen explora ao máximo a cidade e transmite o ar romântico do lugar e os dramas do seu personagem. Sua montagem deixa a narrativa linear, sem complicar a história, já que estamos lidando com uma miscelânea de relacionamentos e muitos personagens.
Os personagens são bem construídos e complexos, algo que Woody Allen sempre soube criar. O destaque da obra vai para ele, que talvez aqui seja o seu personagem mais responsável, se interessando pelos outros indivíduos. A jovem Mariel Hemingway também merece destaque ao construir uma jovem doce, com ar de ingênua, mas que se mostra muito madura para a idade que tem.
Para os fãs do diretor, "Manhattan" é uma grande história. Diálogos rápidos, relações entre homens e mulheres, repletos de desejos e sonhos, fazem deste filme um dos melhores da carreira do cineasta.
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A carreira de Marilyn Monroe foi curta, mas uma das maiores estrelas de Hollywood, conseguiu trabalhar com alguns dos grandes diretores da época, como é o caso de Billy Wilder, com quem trabalhou em "Quanto Mais Quente Melhor" e em "O Pecado Mora ao Lado".
Nesta simpática comédia, acompanhamos Richard Sherman (Tom Ewell), um editor de livros que sente-se "solteiro" quando a sua esposa Helen Sherman (Evelyn Keyes) e o filho (Burch Bernard) viajam em férias. Ele começa então a ficar cheio de idéias quando uma bela e sensual jovem (Marilyn Monroe), que é modelo e sonha em ser atriz, torna-se a sua vizinha.
O longa brinca muito com o imaginário do público. Sem mostrar nada demais, Billy Wilder trabalha muito bem a sensualidade de Marilyn Monroe. Se nos colocarmos no contexto da época, é interessante imaginar como foi a reação de uma sociedade da década de 50, ao assistir o filme.
Tom Ewell carismático ao extremo, utiliza muito bem a comédia corporal para compor sua atuação. Seu personagem utiliza muito a imaginação, dando ao longa uma montagem dinâmica e deixando a narrativa rica. Marilyn Monroe compõe uma personagem graciosa, que se faz de inocente. Mesmo em um papel um pouco menor, Marilyn consegue mostrar todo o seu talento.
Antigo, mas que cumpre muito bem o seu papel. "O Pecado Mora ao Lado" é simples, divertido e engraçado. É uma ótima oportunidade para vermos uma das atrizes mais importantes de Hollywood, totalmente a vontade, em um papel leve e cômico.
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Visualmente belo, "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" aborda o amor de maneira doce, com uma protagonista cativante e mostra como existe prazer nas pequenas coisas que acontecem ao nosso redor.
Nossa heroína é Amélie Poulain (Audrey Tautou), que um belo dia encontra atrás da parede de seu banheiro uma caixinha cheia de relíquias. Decidida a encontrar o verdadeiro dono, ela o encontra e fica emocionada ao vê-lo reencontrar os objetos. Assim, Amélie decide ajudar várias pessoas a conquistarem pequenos prazeres, fazendo o mundo um lugar um pouco melhor.
O roteiro de Guillaume Laurant e Jean-Pierre Jeunet, que também dirige o filme, é inteligente ao conseguir criar subtramas tão interessantes quanto a da nossa protagonista. Trabalhando vários tipos de amor, como o amor ao próximo e o amor próprio, entre outros, o diretor encanta com uma narrativa ágil, que se deixa levar por uma fotografia estonteante. A montagem do filme também se destaca, sempre gerando uma surpresa quando um take diferente acontece.
Audrey Tautou interpretou muito bem Amélie. Sorrisos contidos, fala suave e olhares que dizem muito mais do que palavras. Amélie é doce, mas também tem seus medos. Ao utilizar muitos close-ups em Amélie, Jean-Pierre Jeunet trás a mocinha para mais perto do público, fazendo com que o espectador compre a sua fantabulosa história.
Impecável e sempre otimista, "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" marcou época e continua marcando, contando uma história sobre amor, de maneira diferente e envolvente. Mostrando sempre que com amor, podemos alcançar tudo.
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"Quando os mortos não caberem mais no inferno, eles tomarão a terra". Essa frase dita em determinado momento em "Madrugada dos Mortos", torna-se muito poderosa, tamanho é o apelo visual do filme dirigido pelo estreante Zack Snyder, lá em 2004.
A trama é muito simples: acompanhamos a enfermeira Ana (Sarah Polley), que após voltar para casa depois de um turno no trabalho, depara-se com uma garotinha sem os lábios, cheia de sangue e enfurecida, dentro da casa da enfermeira. A garota morde ferozmente o seu marido, que logo se transforma em um ser semelhante. Ana foge e, ao sair de casa, depara-se com o caos que se tornou a sua vizinhança.
O roteiro de James Gunn é simples e a narrativa é bem fácil de se acompanhar. Zack Snyder não perde tempo explicando nada e muitas de suas cenas são visualmente bem feitas. Logo no início, quando Ana sai de casa, Snyder mostra um plano geral muito bem dirigido, dando ao espectador o real sentido de urgência da situação. A mesma situação continua quando Ana está fugindo daquilo tudo.
A maquiagem impressiona e tom gore do filme vai deixar os fãs do gênero muito orgulhosos. Snyder passeia entre estilos e seu filme bebe muito na fonte daqueles longas de terror trash, (os chamados filmes b), mas tem um visual que eleva os filmes que possuem esse estilo.
Concluindo, "Madrugada dos Mortos" deu uma cara nova aos filmes do gênero zumbi, e meio que alavancou e acordou um gênero que andava "adormecido", com o perdão do trocadilho.
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Ted Narracot (Peter Mullan) batalha junto com a esposa Rose (Emily Watson) e o filho Albert (Jeremy Irvine) para sobreviver em uma fazenda alugada. Cansado da arrogância do senhorio, decide enfrentá-lo em um leilão e acaba comprando um cavalo inadequado para os serviços de aragem nas suas terras. Batizado de Joey por Albert, o cavalo e o garoto começam seus treinamentos e desenvolvem várias aptidões. Contudo, a 1ª Guerra Mundial chega e a cavalaria britânica leva o cavalo embora. Já nos campos de batalha, Joey mostra toda a sua força e determinação, passando por diversas situações de perigo e donos diferentes, mas o destino reservava para ele um final surpreendente.
Em "Cavalo de Guerra", Steven Spielberg cria lindas cenas, mesclando o relacionamento entre rapaz e animal e, ainda por cima, nos apresentando a cores de uma natureza incrível… a fotografia agradece. Em uma determinada cena durante a guerra, os dois lados param para salvar o Cavalo. O diálogo entre os dois personagens que salvaram o animal é tão simples e lindo e termina com um aperto de mão. Essa cena faz a gente pensar e refletir que existem tantas coisas mais importantes do que a guerra e que, se fossemos unidos, os problemas seriam resolvidos mais facilmente.
Acredito que o pecado do filme seja o fato de não nos afeiçoarmos tanto ao animal como deveríamos. Nem todos nós temos a oportunidade de ter um animal desse porte, isso faz com que fiquemos um pouco distante do relacionamento mostrado na tela, por mais bem feito que seja.
Spielberg chamou o seu parceiro de longa data, John Williams, para compor a trilha sonora. A musicalidade de John Williams consegue passar para o público esperança, coragem e muitos outros sentimentos. É impossível não se emocionar com o casamento entre trilha e cenas do filme.
Um filme que causa reflexão. "Cavalo de Guerra" faz a gente refletir sobre um momento importante do mundo que foi a 1ª Guerra Mundial, por mais que o seu grande foco não seja esse.
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"O Discurso do Rei" é um daqueles filmes para quem é fã de cinema. O filme traz um roteiro inteligente, atuações brilhantes e uma ótima trilha sonora. Na trama, George (Colin Firth) é forçado a se tornar Rei da Inglaterra, porém, ele sofre de gagueira. Sabendo que como Rei terá que discursar em público, sua esposa Elizabeth (Helena Bonham Carter) contrata o médico Lionel Logue (Geoffrey Rush) para ajudá-lo.
Parecia um roteiro simples, mas é aí que o filme cresce. Porque o roteiro é genial. Em nenhum momento o filme se torna chato, muito pelo contrário, o roteiro tem grandes sacadas e vai do cômico ao drama com uma naturalidade assombrosa. O relacionamento entre George e Logue é simples e singelo ao mostrar o crescimento de uma amizade improvável.
Colin Firth, que faz o papel do Rei George VI, está perfeito, parece até que o ator já foi gago de verdade. Vencedor do Oscar de Melhor Ator pelo papel, é uma daquelas atuações em que o ator incorpora o personagem. Geoffrey Rush no papel de Lionel Logue também dá conta do recado e entrega uma grande atuação. Helena Bonham Carter faz uma atuação contida, mas que cresce em determinadas cenas.
O diretor Tom Hooper dirige com uma sutileza enorme e deixa a trilha sonora levar o filme. Inclusive a trilha, que é composta por Alexandre Desplat, vai subindo de nível conforme o protagonista vai passando por seus dramas e anseios e, quando chega no momento decisivo do filme, torna-se épica.
Com cenas marcantes, "O Discurso do Rei" é um daqueles filmes que mexem com a gente. Simples, o filme nos arrebata com uma história poderosa e enriquecedora.
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Após seis filmes, Jason está de volta em "Sexta-Feira 13, Parte 7: A Matança Continua", inova (ou não) ao entregar uma final girl com poderes telecinéticos, capaz de deter um dos maiores assassinos da história do cinema.
Na história somos apresentados a jovem Tina Shepard (Lar Park-Lincoln), que quando era mais nova viu seu pai agredindo sua mãe, e isso a fez expor seus poderes, causando a morte do pai. Desde então ela sofre com isso. Assim, seu médico decide tratar do caso no mesmo local onde esse trauma aconteceu, em Crystal Lake. Lá, ela tenta usar seus poderes para trazer o pai morto de volta, mas acaba ressuscitando Jason.
É preciso deixar claro, que se esse filme for assistido sem se levar a sério, acaba sendo bem divertido. Digo isso porquê, o filme possui erros de continuidade incríveis e falhas no roteiro, como o lago se chamar Crystal Lake, já que no último filme ele tinha mudado de nome para Forest Green. Inclusive o acampamento aparentemente foi desfeito e construíram algumas casas no local, pelo menos é o que imaginamos, já que não há explicação para tantas habitações que vemos em cena.
Temos aqui a estreia de Kane Hodder como Jason, que para muitos é o melhor intérprete do vilão. O ator adiciona aqui a famosa respiração, além de uma postura assustadora. A caracterização do personagem também é incrível, com ossos a mostra, Jason está acabado, mas mais forte do que nunca. Utilizando armas bem diferentes como motosserra, machados e até foice, ele continua esmagando cabeças e atravessando o peito dos jovens e arrancando os seus corações. Porém, a morte mais interessante, é a da jovem no saco de dormir. Aqui também é o filme que Jason mais sofre, devido a força telecinética de Tina. Ele é eletrocutado, queimado, enforcado, além de outras coisas atravessarem o seu caminho durante o filme.
Por fim, "Sexta-Feira 13, Parte 7: A Matança Continua" acaba sendo uma boa continuação se levarmos em conta alguns elementos e ignorarmos outros. Mesmo lucrando seis vezes mais o orçamento de US$ 2,800 milhões, as bilheterias já começavam a mostrar que Jason estava ficando desgastado, mas ele ainda voltaria para mais algumas outras continuações.
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Se mostrando cada vez mais como um dos grandes nomes do cinema nacional, Kleber Mendonça Filho se junta a Juliano Dornelles, para entregar "Bacurau", um dos filmes mais importantes do cenário nacional nos últimos anos.
No longa, os moradores de um pequeno povoado do sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, os habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
O roteiro é muito intrigante, e a direção entrega um suspense que nos prende a atenção para saber como vai terminar a história. O filme possui imagens marcantes, poderosas. O uso de simbologias é muito bem empregado aqui.
O estilo do filme é lindo e claramente possui referências aos faroestes antigos, principalmente ao cinema de Quentin Tarantino. A única crítica fica para a parte final. O final possui metáforas que são incríveis, porém, o embate final poderia ser mais poderoso. Pois tudo se resolve de maneira muito fácil. Para o que filme apresentou, o final poderia ser mais arrebatador.
Por fim, "Bacurau" se torna um filme poderoso para os dias de hoje. Poderoso ao mostrar a resistência de um povo sofrido, o longa dialoga incrivelmente com a atualidade, com tudo o que acontece no nosso país.
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O que você faria se com um simples aperto de mão pudesse ver o passado, presente ou o futuro de uma pessoa? Evitaria tragédias? Avisaria sobre algo? Ou se calaria? Esse é o plote principal de "Na Hora da Zona Morta", filme baseado em uma obra do mestre do terror e suspense, Stephen King.
O longa conta a história de Johnny Smith (Christopher Walken), um professor de literatura que depois de um acidente que lhe deixa em coma, acorda depois de cinco anos, e acaba desenvolvendo poderes psíquicos. Não muito explicado, ele pode ver o passado, o presente ou o futuro de quem ele aperta a mão.
O diretor David Cronenberg (em começo de carreira), tenta ao máximo dar uma vida ao filme, cujo o roteiro truncado não consegue. Cronenberg humaniza Johnny Smith ao focar mais em sua reconstrução como pessoa, ao invés de deixar seu filme repleto de "visões". Por parte do público, a conexão com o personagem é estabelecida pelo drama de cinco anos da vida perdido e o grande amor de Johnny, que agora está casada. Em contrapartida, essa conexão perde um pouco de força, por termos pouco background do personagem. Você se importa, mas não tanto.
O roteiro peca por parecer episódios de uma série. É como se o filme fosse dividido em três capítulos: a reconstrução da vida de Johnny, a ajuda dele para resolver casos aleatórios e a parte final (bem mais interessante, mas pouco aproveitada), no qual ele tenta evitar um político de chegar ao poder.
Por fim, "Na Hora da Zona Morta" não tem poder de figurar entre as melhores adaptações de obras de Stephen King. É interessante ver, mas o filme perde muito se comparados a outros filmes inspirados na obra do autor. Talvez se feito por um David Cronenberg mais experiente, o filme tivesse muito mais importância hoje em dia.
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"Roda Gigante" talvez seja o trabalho mais bem feito de Woody Allen na última década. Apresentando características que permeiam sua filmografia, o cineasta ainda conta com uma fotografia deslumbrante e uma grande atuação de Kate Winslet.
Acompanhamos a atriz Ginny (Kate Winslet), casada com Humpty (Jim Belushi), que acaba se apaixonando pelo salva-vidas Mickey (Justin Timberlake). Mas quando sua enteada, Carolina (Juno Temple), também cai de amores pelo jovem, as duas começam uma forte concorrência.
A narrativa é ágil e bem característica dos filmes de Allen. O roteiro não apresenta nada de novo, mas é na fotografia que o filme se transforma. O fotógrafo Vittorio Storaro, parceiro de Allen em "Café Society", elabora uma fotografia elegante, que varia as cores em várias tonalidades, inclusive quando existe cores sobre o rosto dos atores, para passar o sentimento que cada uma das personagens estão sentindo no momento.
Kate Winslet da um show como a fracassada atriz que trabalha como garçonete. O roteiro de Allen explora o lado neurótico da personagem e Kate se debruça de um jeito magnífico. Ela é a dona do filme. Justin Timberlake está muito bem como o cafajeste que sonha em ser escritor e Jim Belushi em um papel dramático surpreende.
Transitando entre o otimismo e o pessimismo, Woody Allen entrega um longa recheado de personagens interessantes, que juntos engrandecem a trama.
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A primeira vista, "Assunto de Família" parece um filme simples, sem muitos acontecimentos. Simples ele é, e trás em seus personagens toda uma carga para questionarmos diversos assuntos.
No longa, Osamu Shibata (Lily Franky) e seu filho se deparam com uma garotinha depois de um furto realizado por eles. A princípio eles relutam em abrigar a menina, mas a esposa de Osamu concorda em cuidar dela depois de saber das dificuldades que ela enfrenta. Embora a família seja pobre e mal ganham dinheiro dos pequenos crimes que cometem, eles parecem viver felizes juntos, até que um incidente revela segredos escondidos, testando os laços que os unem.
O filme do diretor Hirokazu Koreeda, questiona o tema família, trabalha com a criação de laços e também com as pessoas que cruzam os nossos caminhos. Logo em seu início, colocar pai e filho executando um furto, para em seguida eles acharem uma garotinha que sofria maus tratos, e darem abrigo, já nos questiona: eles são ladrões, mas também são pessoas boas?
O diretor aplica em seu filme uma narrativa cadenciada. Tudo é mostrado com muito carinho. Os diálogos banais da família, as refeições, um passeio na praia, que rende uma linda cena. E acima de tudo, o diretor conseguiu empregar um realismo muito bom em seu filme.
A reviravolta final, importa para o desfecho dos personagens. Mas a grande lição que o diretor nos deixa, é esse laço que podemos criar com as pessoas, sejam eles, parentes de sangue ou não. O sentimento de empatia também perdura em todo o longa, ao nos colocarmos no lugar daquelas pessoas. Questionador, tocante e verdadeiro. Assim é "Assunto de Família".
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Apostando em um visual bem chamativo, já que o diretor Robert Rodriguez deixou a personagem principal com os olhos iguais ao do mangá do qual o filme é inspirado, "Alita: Anjo de Combate" é um longa que diverte sem correr grandes riscos.
Na história acompanhamos uma ciborgue, Alita (Rosa Salazar), que é descoberta pelo cientista Dyson Ido (Christoph Waltz). Ela não tem memórias de sua criação, mas possui grande conhecimento de artes marciais. Enquanto busca informações sobre seu passado, trabalha como caçadora de recompensas e descobre um interesse amoroso.
O roteiro nos mostra que existe uma divisão de classes, apesar de Zaem ser a única cidade flutuante ainda existente. Alguns que vivem embaixo, têm o sonho de chegar a cidade de cima. Alita descobre no decorrer do filme que chegou a pertencer a Zaem. Contexto interessante, mas que o filme não se preocupa em explorar. Como vivem as pessoas lá de cima? Desconhecemos. O filme apenas segue um caminho tranquilo, envolvendo muitas cenas de ação, porém sem se aprofundar em uma questão mais complexa.
Cabem aos efeitos visuais ser o grande chamariz do longa. Alguns efeitos estão realmente muito bons, outros estão fracos e estranhos. Até mesmo a mobilidade do rosto de Alita nos causa estranheza no início.
No fim, "Alita: Anjo de Combate" é simpático, divertido, mas poderia ser muito mais, caso tentasse ir um pouco mais fundo em uma história que mostra que tem um potencial muito maior.
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Não iria demorar muito para o garotinho Jackson Robert Scott, descoberto em "It: A Coisa", protagonizasse algum filme de terror. O longa em questão é "Maligno".
Preocupada com o repentino comportamento estranho e violento de seu filho Miles Blume (Jackson Robert Scott), Sarah Blume (Taylor Schilling) inicia uma investigação para entender o que está acontecendo. Ela descobre que alguma espécie de força sobrenatural está agindo sobre ele, influenciando suas ações.
Com um roteiro mediano, o longa não consegue criar um clima de tensão necessário para nos assustar. A trama é interessante em apostar no tema reencarnação ao invés da possessão. Mesmo assim, é uma história é rasa. Não temos background algum dos pais do garoto. Até mesmo na montagem inicial, o filme anda rápido demais para já nos apresentar os problemas de Miles.
O longa utiliza muita simbologia ao longo da projeção, como os olhos de cor diferentes de Miles. Estes é uma representação clara do lado da luz e o lado das trevas vivendo dentro dele. Ou na cena em que ele está com metade de um caveira pintada na cara.
Além disso, Jackson Robert Scott tem uma atuação muito boa, e de longe é a melhor coisa do filme. Ele convence ao interpretar mais de uma personalidade, inclusive sendo muito elucidativo ao mudar de fisionomia.
Por fim, "Maligno" é bom apenas para passar o tempo. Não é imperdível, mas vale a assistida. Só em não apelar para jumperscars já é uma vantagem. Mas, um maior capricho no roteiro teria feito um bem danado ao filme.
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Um dos grandes filmes do cinema alemão, "Metrópolis" é tido como um dos primeiros filmes futuristas. Ainda mudo, o longa é um marco em narrativa e efeitos especiais.
O ano é 2026 e a cidade chamada Metrópolis é dividida entre a classe trabalhadora e os planejadores da cidade. Um dia, Freder Fredersen (Gustav Frohlich), filho do mestre da cidade, se apaixona por Maria (Brigitte Helm), uma profeta da classe trabalhadora que prevê a vinda de um salvador para mediar a diferença entre as classes.
Apesar de não ser falado, o filme do diretor Fritz Lang tem muito a dizer. O diretor, desde o início, mostra como as classes são diferentes. Os trabalhadores cabisbaixos trabalham e vivem bem no fundo. As classes mais poderosas ficam no topo de torres vivendo do bom e do melhor. Não existe um encontro entre eles. Até que Freder Fredersen se encontra com Maria e passa a descer para a parte dos trabalhadores, e aí o filme se transforma.
A direção de arte constrói cenários imensos e muito bem feitos. O expressionismo alemão pode ser visto em cada canto do cenário. A maquiagem dos atores ajuda a dar um tom sombrio nas expressões faciais, principalmente porque o filme ainda é em preto e branco. Todavia, a contestar apenas a duração do filme, trinta minutos a menos faria bem ao longa.
Apesar de tudo, Fritz Lang é otimista. Ao crer que o coração tem o poder de mudar tudo, o diretor enxerga uma beleza que poucos vêem. Apesar de pouca coisa ter mudado nesses quase cem anos.
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O incansável Woody Allen, volta a trabalhar com um tema já abordado em sua filmografia, a magia. "Magia ao Luar" apresenta todas as características de um filme de Woody Allen, mas não figura entre os melhores de sua carreira.
No longa, Stanley (Colin Firth), um falso mágico com talento para desmascarar charlatões, é contratado para acabar com a suposta farsa de Sophie (Emma Stone), simpática jovem que afirma ser médium. Inicialmente cético, ele aos poucos começa a duvidar de suas certezas e se vê cada vez mais encantado pela moça.
O roteiro é simples, algo não muito comum na filmografia do diretor. Sem muitas reviravoltas marcantes, o filme chega até ser previsível. É um Woody Allen parecendo estar no piloto automático. A fotografia, trilha, personagens interessantes, tudo do jeito que o diretor gosta, porém, o roteiro não é marcante.
Colin Firth e Emma Stone seguram o longa. Simpáticos e entregando personagens cheios de charme, é muito bom vê-los em cena.
Por fim, "Magia ao Luar" continua sendo um filme com o selo Woody Allen de qualidade, porém, um filme menor em sua imensa lista de grandes filmes.
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Os filmes de Wes Anderson não tem efeitos especiais de última geração, coisas que alguns cineastas usam hoje em dia para tampar o buraco de um roteiro ruim. Muito pelo contrário, Wes Anderson tem um trato especial com o roteiro, no qual o faz leve e interessante, tornando a narrativa de seus filmes diferenciada de tão bem feita que é.
O longa aposta em uma montagem ágil para a história. Temos um velho escritor que vai narrando à história do tempo que ele viveu no hotel e conheceu o dono. O dono conta a história de como virou o proprietário do lugar. E é aí que entra a melhor parte do filme, quando nos deparamos com M. Gustave (Ralph Fiennes), concierge do hotel e Zero (Tony Revolori), um empregado novato. Wes foca bastante na amizade dos dois, desde o nascimento até se tornar verdadeira depois de todas as aventuras que os dois passam, principalmente depois que Gustave recebe uma herança misteriosa de uma senhora rica, onde os familiares dela farão todo o possível para que ele não receba.
O elenco do filme é incrível. Ralph Fiennes está soberbo em cena, entregando um personagem misterioso e interessante. Uma das melhores atuações daquele ano. Tony Revolori nos encanta com sua simplicidade e a química com Ralph faz com que a sua atuação seja ótima. Willem Dafoe interpreta o vilão assustador Jopling, que lembra muito os vilões de filmes das décadas passadas. Incrível no papel, é nítido como o ator se divertiu fazendo o personagem.
Aqui temos uma direção de arte impressionante, tamanha a beleza de figurinos, o uso de cores e ambientações da época que a história se passa. A trilha sonora de Alexandre Desplat é fantástica. Desplat transita perfeitamente do delicado ao terror, em sua trilha. Enfim, o cuidado de Wes Anderson em todos os pontos do filme é notório.
Wes Anderson entrega um filme sobre personagens interessantíssimos, que se desenvolvem de maneira tão natural, quanto as linhas do roteiro de Wes ou as melodias de Desplat. Um dos melhores da década.
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Boy Erased: Uma Verdade Anulada
3.6 404 Assista AgoraEm seu segundo filme como diretor, Joel Edgerton resolve trabalhar sobre temas como religião, homossexualidade e, um assunto que é pauta para aqueles mais conservadores, a "cura gay".
No longa, acompanhamos Jared Eamons (Lucas Hedges) de apenas 19 anos. Morador de uma pequena cidade conservadora do Arkansas. Ele é gay e filho de Marshall Eamons (Russell Crowe), um pastor da Igreja Batista. Confrontado pela família por ser homossexual, ele entra em um programa de terapia que busca a "cura" da homossexualidade.
O diretor Joel Edgerton trabalha o tema com bastante realidade. Esse é um dos pontos altos do seu filme. Ele consegue abominar a ideia de "cura gay" com elegância, sem nunca atacar. O elenco poderoso ajuda a dar força ao filme. Lucas Hedges, Nicole Kidman e Russell Crowe, estão muito bem em seus papéis.
A montagem do filme é um pouco problemática, recheada de idas e vindas na história que parecem desnecessárias. Uma narrativa linear faria mais bem a história. O filme é poderoso e vai aos poucos evoluindo e nos envolvendo. Existem cenas fortes, que realmente marcam o longa e é impossível não ficar com um nó na garganta quando o filme vai se aproximando do fim.
Bem impactante, "Boy Erased: Uma Verdade Anulada" trabalha com temas espinhosos, mas necessários nos dias de hoje. Muito bem retratado, é um filme obrigatório para a nossa sociedade.
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Eu Posso Ouvir o Oceano
3.2 218 Assista AgoraDirigido por Tomomi Mochizuki, "Eu Posso Ouvir o Oceano" é o primeiro filme do Studio Ghibli que não é dirigido nem por Hayao Miyazaki, nem por Isao Takahata. O longa feito direto para a TV, apresenta uma história bem simples, focada no amadurecimento dos personagens.
O filme acompanha a vida de Taku Morisaki, agora um jovem adulto, se dirigindo a uma reunião com sua antiga classe. Na estação de trem, ele vê de longe uma antiga colega, Rikako Muto, e começa a recordar o momento em que a viu pela primeira vez, seis anos antes, quando ela se transferiu para a sua escola. Recordando o passado, ele vai perceber que a estudante é algo muito importante em sua vida.
Sem metáforas e fantasias, podemos dizer que estamos diante de um filme "menor" do Studio Ghibli. A montagem do filme incorpora flashbacks que aos poucos vão nos mostrando a grande amizade entre Taku e Yutaka Matsuno, enquanto introduz uma misteriosa e triste Rikako. Não é preciso ser nenhum Sherlock Holmes, para saber que isso pode se transformar em um triângulo amoroso.
O filme acerta ao mostrar muito da vida escolar. Isso pode fazer você se identificar com a história. Os problemas e dilemas que os adolescentes passam, são bem retratados. Com certeza alguns personagens podem ser julgados, mas a adolescência é uma fase bem complicada, não é mesmo?
Simples e direto, "Eu Posso Ouvir o Oceano" talvez faça você embarcar de volta a sua época de colégio, vivendo seus dilemas e amizades e nos fazendo relembrar um tempo que não volta mais.
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As Trapaceiras
2.7 313 Assista AgoraA história não é original. "As Trapaceiras" é uma refilmagem de "Os Safados" de 1988, que, por sua vez, é uma refilmagem de "Dois Farristas Irresistíveis" de 1964. Nas duas versões anteriores, homens eram os protagonistas, inclusive em "Os Safados" - Steve Martin e Michael Caine estrelaram o longa. Agora as mulheres entram em cena e Anne Hathaway e Rebel Wilson dão vida às golpistas.
Josephine Chesterfield (Anne Hathaway) e Penny Rust (Rebel Wilson) são duas manipuladoras, conhecidas pela arte de extorquir milionários. Josephine é sofisticada, já Penny tem métodos menos elegantes. De início, Josephine aceita Penny como sua pupila, mas logo percebe-se que na verdade a intenção era usá-la para um golpe específico e, logo em seguida, descartá-la. Surge então uma disputa entre elas sobre quem conseguirá dar um golpe em um jovem ricaço.
Apesar de não apresentar nada de novo, o filme trás um ponto interessante. As protagonistas são opostas em tudo, mas em nenhum momento o diretor Chris Addison usa isso para diminuir alguma personagem. Elas são diferentes, e Chris evidencia a qualidade de cada uma.
O longa diverte graças à ótima química entre Anne Hathaway e Rebel Wilson. Difícil imaginar esse longa com outras atrizes. A primeira com um timing perfeito para comédia, já a segunda (Rebel) possui um humor físico mais aflorado, que é certeza de boa diversão.
Sem apelar para um humor rasteiro, "As Trapaceiras" diverte sabendo utilizar o potencial e o melhor de cada uma de suas protagonistas, gerando boas risadas e cumprindo ao que se propõe.
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Sexta-Feira 13, Parte 8: Jason Ataca Nova York
2.6 354 Assista AgoraJason está de volta e, dessa vez, com uma novidade: visitará Nova York. Já com a criatividade escassa, os envolvidos tiveram a ideia de mandar o assassino mascarado para uma das maiores cidades do mundo, saindo um pouco da toca e dando um descanso para Crystal Lake.
Na trama, Jason está no fundo do lago e é ressuscitado por uma descarga elétrica, após um jovem jogar uma âncora de uma lancha e esta romper cabos de energia. Jason surge, mata o casal de pombinhos na lancha e no dia seguinte, reaparece subindo em um navio. Estaria ele cansado de matar em Crystal Lake? Desde quando Crystal Lake recebe navios? O motivo real de Jason subir no navio não será explicado, é apenas uma desculpa para levar o assassino a outras terras, que no caso é Nova York, (mais precisamente em Manhattan), devido ao orçamento limitado do filme.
Considero esse uma das continuações mais fracas da franquia, até mesmo o quinto filme chega a ser melhor.
Sem divertir, o filme tem um ritmo cansativo. A ideia de levar Jason para Nova York até que não é das piores, se ele chegasse lá matando todos que estivessem a sua frente, porém, o foco dele é inexplicavelmente apenas nas cinco pessoas que conseguiram sobreviver e desceram do navio.
O visual de Jason continua interessante. Dessa vez o vilão está molhado e apodrecido, dando um visual nojento ao seu corpo. Podemos até dizer que suas ações estão até um pouco estranhas, visto que em determinado momento ele salva a mocinha.
Por falar na final girl, Jensen Daggett é a mais fraca que já passou pela franquia. Suas reações ao que está acontecendo, em determinados momentos chegam a ser idiotas, e é incrível como Jason não chega a matá-la.
Por fim, "Sexta-Feira 13, Parte 8: Jason Ataca Nova York" fracassa num todo. Não empolga em momento algum, não conseguindo nem impactar nas mortes, visto que algumas ficam apenas subjetivas. Uma pena.
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O Voo
3.6 1,4K Assista Agora"O Voo" é um daqueles filmes que te prende a atenção do início ao fim. Um acidente de avião incrível, além de vícios e mentiras vão te manter atento durante as mais de duas horas de projeção.
Denzel Washington vive Whip Whitaker, um piloto de avião que não se dá bem com a ex-mulher e com o filho. Entre um voo e outro, suas noitadas são regadas a sexo e bebidas. A droga entra para deixá-lo acordado para o próximo voo. Um problema em um dos vôos faz com que ele utilize uma manobra arriscada para tentar pousar o avião. Bem sucedido, ele consegue pousar, salvando 102 pessoas, porém, infelizmente com 6 mortos. Ele vai de herói a vilão em segundos, pois bebida e droga foram encontrados no seu exame de sangue, após o acidente. Como todo acidente precisa de um culpado, o dolo começa a recair sobre ele.
Dirigido por Robert Zemeckis, o longa é mais que um filme sobre um acidente puro e simples de avião. O roteiro aborda vícios (principalmente da bebida) e de tudo o que você perde, por não conseguir se livrar do que te vicia. Dessa forma, assim como um voo, a vida de Whip Whitaker é recheada de turbulência.
A cena final do filme entre Whip e seu filho é uma facada no personagem, e você percebe exatamente o quê ele sentiu, devido a excelente atuação de Denzel Washington que, competente como sempre, convence muito na pele de um piloto de avião alcoólatra.
O longa surpreende em seu final, quando há uma reviravolta, fazendo o caráter do personagem começar a falar mais alto. "O Voo" é uma história que você pode embarcar sem medo e vai te surpreender do início ao fim.
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Tim Maia - Não Há Nada Igual
3.6 593 Assista AgoraEssa geração talvez não saiba quem foi Tim Maia. Um dos grandes talentos que a música brasileira já viu, Tim Maia não tinha papas na língua, era desbocado e gênio ao mesmo tempo.
O filme percorre cinquenta anos na vida do artista, desde a sua infância no Rio de Janeiro até a sua morte, aos 55 anos de idade, incluindo a passagem pelos Estados Unidos, onde o cantor descobre novos estilos musicais e é preso por roubo e posse de drogas.
Baseado no livro "Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia", escrito por Nelson Motta, o diretor Mauro Lima utiliza alguns outros elementos, para compor todo o longa. O personagem Fábio, interpretado por Cauã Reymond, que narra a história, não existiu na vida real, e a personagem Janaína, vivida por Alinne Moraes é na verdade uma junção das duas mulheres que Tim teve na vida. A montagem nos prende a atenção, principalmente em seu início onde alguns flashbacks acontecem.
Os intérpretes de Tim Maia fizeram um trabalho excelente. O jovem Robson Nunes cumpre muito bem o papel, mas o filme se transforma quando Babu Santana assume o posto. Debochado ao extremo, o ator parece ter o músico incorporado em seu corpo.
O roteiro é cheio de palavrões, dando ao filme uma enorme personalidade. "Tim Maia" é um longa a altura do biografado, trazendo a genialidade por trás de grandes sucessos em contraponto a um homem que viveu tudo ao extremo.
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Os Pássaros
3.9 1,1KSempre cultuado, o cinema de Alfred Hitchcock transcende décadas e seus filmes continuam clássicos. Cheio de metáforas, "Os Pássaros" mostra o talento do diretor em criar o clima de suspense, de maneira simples e objetiva.
No início acompanhamos Melanie Daniels (Tippi Hedren) uma rica socialite que sempre vai atrás do que quer. Um dia ela conhece o advogado Mitch Brenner (Rod Taylor) em um pet shop e fica interessada nele. Após o encontro ela decide procurá-lo em sua cidade. Ela só não sabia que iria vivenciar algo assustador: milhares de pássaros se instalaram na localidade e começam a atacar as pessoas.
A trama é simples, e Hitchcock aproveita a primeira metade do filme para apresentar os personagens, nos dando tempo para nos simpatizar com eles. O clímax chega na sua metade final, onde o perigo fica iminente. Hitchcock evita aqui a trilha sonora, o suspense é criado apenas com as ameaças dos pássaros, e lógico os seus grunhidos. Nesse ponto, a de se destacar o trabalho de som, sempre elevando o barulho dos pássaros, para nos causar desconforto.
É possível retirar muitas metáforas da história. Alguns dizem que os pássaros seriam uma alegoria para o ciúme da mãe de Mitch, com Melanie. Mas a maior delas é sem dúvida, digamos que uma "vingança" dos pássaros que sempre são engaiolados pelos humanos. Na parte final do filme, é possível ver Mitch colocando madeiras nas janelas da casa, para ficar trancado (engaiolado) dentro da residência. O diretor trabalha essa atmosfera de prisão/liberdade muito bem.
Alguns efeitos estão datados, outros seguram bem as pontas. A verdade é que olhando a época em que foi feito e o sentimento que deve ter gerado no público, além de deixar o final do filme em aberto, mostra porque "Os Pássaros" é um dos grandes longas do diretor.
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Cake - Uma Razão Para Viver
3.4 698 Assista AgoraMuito vista em comédias, Jennifer Aniston finalmente teve a chance de ter um drama para chamar de seu. "Cake: Uma Razão Para Viver" mostra que Jennifer Aniston é capaz de mandar muito bem no drama e, também, que ela merecia um filme melhor.
No longa, acompanhamos Claire Bennett (Jennifer Aniston), uma mulher traumatizada e depressiva, que busca ajuda em um grupo para pessoas com dores crônicas. Lá, ela descobre o suicídio de Nina Collins (Anna Kendrick), um dos membros do grupo. Claire fica obcecada pela história desta mulher e começa a investigar a sua vida. Aos poucos, começa a desenvolver uma relação inesperada com o ex-marido de Nina, Roy Collins (Sam Worthington).
Aniston mostra ser muito boa no drama, porém aqui, ela não consegue emocionar. Ao meu ver, isso se deve muito a linha narrativa do filme, que faz a montagem demorar a nos dar respostas sobre o que de fato faz a sua personagem sofrer.
O filme se preocupa mais em dar pistas sobre o que aconteceu com Claire, do que nos fazer sentir a dor da personagem. Automaticamente não emociona, pois demora muito para sabermos o que aconteceu com ela, quem ela perdeu, entre outras coisas. Ao não termos esse background da personagem, é como se o filme quisesse que nós acompanhássemos de longe a sua história. Uma pena.
De bom mesmo fica a atuação de Jennifer Aniston. Já o filme parece que teve medo de ser grande, sempre optando por não arriscar demais na história.
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Manhattan
4.1 595 Assista AgoraA década de 70 foi gloriosa para Woody Allen. O diretor venceu o seu único Oscar com "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", em 1978, e todos seus outros filmes foram bem aceitos pela crítica, inclusive ganhando prêmios, como é o caso de "Manhattan".
Acompanhamos a história de Isaac (Woody Allen), um escritor de meia-idade divorciado que se sente em uma situação constrangedora quando sua ex-mulher decide viver com uma amiga e publicar um livro, no qual revela assuntos muito particulares do relacionamento deles. Neste período ele está apaixonado pela jovem Tracy (Mariel Hemingway), que corresponde a este amor. No entanto, ele sente-se atraído por uma pessoa mais madura, a amante do seu melhor amigo, que é casado.
O longa possui elementos técnicos muito bons, como a sua fotografia em preto e branco, na qual Allen explora ao máximo a cidade e transmite o ar romântico do lugar e os dramas do seu personagem. Sua montagem deixa a narrativa linear, sem complicar a história, já que estamos lidando com uma miscelânea de relacionamentos e muitos personagens.
Os personagens são bem construídos e complexos, algo que Woody Allen sempre soube criar. O destaque da obra vai para ele, que talvez aqui seja o seu personagem mais responsável, se interessando pelos outros indivíduos. A jovem Mariel Hemingway também merece destaque ao construir uma jovem doce, com ar de ingênua, mas que se mostra muito madura para a idade que tem.
Para os fãs do diretor, "Manhattan" é uma grande história. Diálogos rápidos, relações entre homens e mulheres, repletos de desejos e sonhos, fazem deste filme um dos melhores da carreira do cineasta.
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O Pecado Mora ao Lado
3.7 422 Assista AgoraA carreira de Marilyn Monroe foi curta, mas uma das maiores estrelas de Hollywood, conseguiu trabalhar com alguns dos grandes diretores da época, como é o caso de Billy Wilder, com quem trabalhou em "Quanto Mais Quente Melhor" e em "O Pecado Mora ao Lado".
Nesta simpática comédia, acompanhamos Richard Sherman (Tom Ewell), um editor de livros que sente-se "solteiro" quando a sua esposa Helen Sherman (Evelyn Keyes) e o filho (Burch Bernard) viajam em férias. Ele começa então a ficar cheio de idéias quando uma bela e sensual jovem (Marilyn Monroe), que é modelo e sonha em ser atriz, torna-se a sua vizinha.
O longa brinca muito com o imaginário do público. Sem mostrar nada demais, Billy Wilder trabalha muito bem a sensualidade de Marilyn Monroe. Se nos colocarmos no contexto da época, é interessante imaginar como foi a reação de uma sociedade da década de 50, ao assistir o filme.
Tom Ewell carismático ao extremo, utiliza muito bem a comédia corporal para compor sua atuação. Seu personagem utiliza muito a imaginação, dando ao longa uma montagem dinâmica e deixando a narrativa rica. Marilyn Monroe compõe uma personagem graciosa, que se faz de inocente. Mesmo em um papel um pouco menor, Marilyn consegue mostrar todo o seu talento.
Antigo, mas que cumpre muito bem o seu papel. "O Pecado Mora ao Lado" é simples, divertido e engraçado. É uma ótima oportunidade para vermos uma das atrizes mais importantes de Hollywood, totalmente a vontade, em um papel leve e cômico.
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O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
4.3 5,0K Assista AgoraVisualmente belo, "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" aborda o amor de maneira doce, com uma protagonista cativante e mostra como existe prazer nas pequenas coisas que acontecem ao nosso redor.
Nossa heroína é Amélie Poulain (Audrey Tautou), que um belo dia encontra atrás da parede de seu banheiro uma caixinha cheia de relíquias. Decidida a encontrar o verdadeiro dono, ela o encontra e fica emocionada ao vê-lo reencontrar os objetos. Assim, Amélie decide ajudar várias pessoas a conquistarem pequenos prazeres, fazendo o mundo um lugar um pouco melhor.
O roteiro de Guillaume Laurant e Jean-Pierre Jeunet, que também dirige o filme, é inteligente ao conseguir criar subtramas tão interessantes quanto a da nossa protagonista. Trabalhando vários tipos de amor, como o amor ao próximo e o amor próprio, entre outros, o diretor encanta com uma narrativa ágil, que se deixa levar por uma fotografia estonteante. A montagem do filme também se destaca, sempre gerando uma surpresa quando um take diferente acontece.
Audrey Tautou interpretou muito bem Amélie. Sorrisos contidos, fala suave e olhares que dizem muito mais do que palavras. Amélie é doce, mas também tem seus medos. Ao utilizar muitos close-ups em Amélie, Jean-Pierre Jeunet trás a mocinha para mais perto do público, fazendo com que o espectador compre a sua fantabulosa história.
Impecável e sempre otimista, "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" marcou época e continua marcando, contando uma história sobre amor, de maneira diferente e envolvente. Mostrando sempre que com amor, podemos alcançar tudo.
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Madrugada dos Mortos
3.5 1,4K Assista Agora"Quando os mortos não caberem mais no inferno, eles tomarão a terra". Essa frase dita em determinado momento em "Madrugada dos Mortos", torna-se muito poderosa, tamanho é o apelo visual do filme dirigido pelo estreante Zack Snyder, lá em 2004.
A trama é muito simples: acompanhamos a enfermeira Ana (Sarah Polley), que após voltar para casa depois de um turno no trabalho, depara-se com uma garotinha sem os lábios, cheia de sangue e enfurecida, dentro da casa da enfermeira. A garota morde ferozmente o seu marido, que logo se transforma em um ser semelhante. Ana foge e, ao sair de casa, depara-se com o caos que se tornou a sua vizinhança.
O roteiro de James Gunn é simples e a narrativa é bem fácil de se acompanhar. Zack Snyder não perde tempo explicando nada e muitas de suas cenas são visualmente bem feitas. Logo no início, quando Ana sai de casa, Snyder mostra um plano geral muito bem dirigido, dando ao espectador o real sentido de urgência da situação. A mesma situação continua quando Ana está fugindo daquilo tudo.
A maquiagem impressiona e tom gore do filme vai deixar os fãs do gênero muito orgulhosos. Snyder passeia entre estilos e seu filme bebe muito na fonte daqueles longas de terror trash, (os chamados filmes b), mas tem um visual que eleva os filmes que possuem esse estilo.
Concluindo, "Madrugada dos Mortos" deu uma cara nova aos filmes do gênero zumbi, e meio que alavancou e acordou um gênero que andava "adormecido", com o perdão do trocadilho.
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Cavalo de Guerra
4.0 1,9KTed Narracot (Peter Mullan) batalha junto com a esposa Rose (Emily Watson) e o filho Albert (Jeremy Irvine) para sobreviver em uma fazenda alugada. Cansado da arrogância do senhorio, decide enfrentá-lo em um leilão e acaba comprando um cavalo inadequado para os serviços de aragem nas suas terras. Batizado de Joey por Albert, o cavalo e o garoto começam seus treinamentos e desenvolvem várias aptidões. Contudo, a 1ª Guerra Mundial chega e a cavalaria britânica leva o cavalo embora. Já nos campos de batalha, Joey mostra toda a sua força e determinação, passando por diversas situações de perigo e donos diferentes, mas o destino reservava para ele um final surpreendente.
Em "Cavalo de Guerra", Steven Spielberg cria lindas cenas, mesclando o relacionamento entre rapaz e animal e, ainda por cima, nos apresentando a cores de uma natureza incrível… a fotografia agradece. Em uma determinada cena durante a guerra, os dois lados param para salvar o Cavalo. O diálogo entre os dois personagens que salvaram o animal é tão simples e lindo e termina com um aperto de mão. Essa cena faz a gente pensar e refletir que existem tantas coisas mais importantes do que a guerra e que, se fossemos unidos, os problemas seriam resolvidos mais facilmente.
Acredito que o pecado do filme seja o fato de não nos afeiçoarmos tanto ao animal como deveríamos. Nem todos nós temos a oportunidade de ter um animal desse porte, isso faz com que fiquemos um pouco distante do relacionamento mostrado na tela, por mais bem feito que seja.
Spielberg chamou o seu parceiro de longa data, John Williams, para compor a trilha sonora. A musicalidade de John Williams consegue passar para o público esperança, coragem e muitos outros sentimentos. É impossível não se emocionar com o casamento entre trilha e cenas do filme.
Um filme que causa reflexão. "Cavalo de Guerra" faz a gente refletir sobre um momento importante do mundo que foi a 1ª Guerra Mundial, por mais que o seu grande foco não seja esse.
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O Discurso do Rei
4.0 2,6K Assista Agora"O Discurso do Rei" é um daqueles filmes para quem é fã de cinema. O filme traz um roteiro inteligente, atuações brilhantes e uma ótima trilha sonora. Na trama, George (Colin Firth) é forçado a se tornar Rei da Inglaterra, porém, ele sofre de gagueira. Sabendo que como Rei terá que discursar em público, sua esposa Elizabeth (Helena Bonham Carter) contrata o médico Lionel Logue (Geoffrey Rush) para ajudá-lo.
Parecia um roteiro simples, mas é aí que o filme cresce. Porque o roteiro é genial. Em nenhum momento o filme se torna chato, muito pelo contrário, o roteiro tem grandes sacadas e vai do cômico ao drama com uma naturalidade assombrosa. O relacionamento entre George e Logue é simples e singelo ao mostrar o crescimento de uma amizade improvável.
Colin Firth, que faz o papel do Rei George VI, está perfeito, parece até que o ator já foi gago de verdade. Vencedor do Oscar de Melhor Ator pelo papel, é uma daquelas atuações em que o ator incorpora o personagem. Geoffrey Rush no papel de Lionel Logue também dá conta do recado e entrega uma grande atuação. Helena Bonham Carter faz uma atuação contida, mas que cresce em determinadas cenas.
O diretor Tom Hooper dirige com uma sutileza enorme e deixa a trilha sonora levar o filme. Inclusive a trilha, que é composta por Alexandre Desplat, vai subindo de nível conforme o protagonista vai passando por seus dramas e anseios e, quando chega no momento decisivo do filme, torna-se épica.
Com cenas marcantes, "O Discurso do Rei" é um daqueles filmes que mexem com a gente. Simples, o filme nos arrebata com uma história poderosa e enriquecedora.
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Sexta-Feira 13, Parte 7: A Matança Continua
2.9 309 Assista AgoraApós seis filmes, Jason está de volta em "Sexta-Feira 13, Parte 7: A Matança Continua", inova (ou não) ao entregar uma final girl com poderes telecinéticos, capaz de deter um dos maiores assassinos da história do cinema.
Na história somos apresentados a jovem Tina Shepard (Lar Park-Lincoln), que quando era mais nova viu seu pai agredindo sua mãe, e isso a fez expor seus poderes, causando a morte do pai. Desde então ela sofre com isso. Assim, seu médico decide tratar do caso no mesmo local onde esse trauma aconteceu, em Crystal Lake. Lá, ela tenta usar seus poderes para trazer o pai morto de volta, mas acaba ressuscitando Jason.
É preciso deixar claro, que se esse filme for assistido sem se levar a sério, acaba sendo bem divertido. Digo isso porquê, o filme possui erros de continuidade incríveis e falhas no roteiro, como o lago se chamar Crystal Lake, já que no último filme ele tinha mudado de nome para Forest Green. Inclusive o acampamento aparentemente foi desfeito e construíram algumas casas no local, pelo menos é o que imaginamos, já que não há explicação para tantas habitações que vemos em cena.
Temos aqui a estreia de Kane Hodder como Jason, que para muitos é o melhor intérprete do vilão. O ator adiciona aqui a famosa respiração, além de uma postura assustadora. A caracterização do personagem também é incrível, com ossos a mostra, Jason está acabado, mas mais forte do que nunca. Utilizando armas bem diferentes como motosserra, machados e até foice, ele continua esmagando cabeças e atravessando o peito dos jovens e arrancando os seus corações. Porém, a morte mais interessante, é a da jovem no saco de dormir. Aqui também é o filme que Jason mais sofre, devido a força telecinética de Tina. Ele é eletrocutado, queimado, enforcado, além de outras coisas atravessarem o seu caminho durante o filme.
Por fim, "Sexta-Feira 13, Parte 7: A Matança Continua" acaba sendo uma boa continuação se levarmos em conta alguns elementos e ignorarmos outros. Mesmo lucrando seis vezes mais o orçamento de US$ 2,800 milhões, as bilheterias já começavam a mostrar que Jason estava ficando desgastado, mas ele ainda voltaria para mais algumas outras continuações.
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Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraSe mostrando cada vez mais como um dos grandes nomes do cinema nacional, Kleber Mendonça Filho se junta a Juliano Dornelles, para entregar "Bacurau", um dos filmes mais importantes do cenário nacional nos últimos anos.
No longa, os moradores de um pequeno povoado do sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, os habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
O roteiro é muito intrigante, e a direção entrega um suspense que nos prende a atenção para saber como vai terminar a história. O filme possui imagens marcantes, poderosas. O uso de simbologias é muito bem empregado aqui.
O estilo do filme é lindo e claramente possui referências aos faroestes antigos, principalmente ao cinema de Quentin Tarantino. A única crítica fica para a parte final. O final possui metáforas que são incríveis, porém, o embate final poderia ser mais poderoso. Pois tudo se resolve de maneira muito fácil. Para o que filme apresentou, o final poderia ser mais arrebatador.
Por fim, "Bacurau" se torna um filme poderoso para os dias de hoje. Poderoso ao mostrar a resistência de um povo sofrido, o longa dialoga incrivelmente com a atualidade, com tudo o que acontece no nosso país.
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Na Hora da Zona Morta
3.6 323 Assista AgoraO que você faria se com um simples aperto de mão pudesse ver o passado, presente ou o futuro de uma pessoa? Evitaria tragédias? Avisaria sobre algo? Ou se calaria? Esse é o plote principal de "Na Hora da Zona Morta", filme baseado em uma obra do mestre do terror e suspense, Stephen King.
O longa conta a história de Johnny Smith (Christopher Walken), um professor de literatura que depois de um acidente que lhe deixa em coma, acorda depois de cinco anos, e acaba desenvolvendo poderes psíquicos. Não muito explicado, ele pode ver o passado, o presente ou o futuro de quem ele aperta a mão.
O diretor David Cronenberg (em começo de carreira), tenta ao máximo dar uma vida ao filme, cujo o roteiro truncado não consegue. Cronenberg humaniza Johnny Smith ao focar mais em sua reconstrução como pessoa, ao invés de deixar seu filme repleto de "visões". Por parte do público, a conexão com o personagem é estabelecida pelo drama de cinco anos da vida perdido e o grande amor de Johnny, que agora está casada. Em contrapartida, essa conexão perde um pouco de força, por termos pouco background do personagem. Você se importa, mas não tanto.
O roteiro peca por parecer episódios de uma série. É como se o filme fosse dividido em três capítulos: a reconstrução da vida de Johnny, a ajuda dele para resolver casos aleatórios e a parte final (bem mais interessante, mas pouco aproveitada), no qual ele tenta evitar um político de chegar ao poder.
Por fim, "Na Hora da Zona Morta" não tem poder de figurar entre as melhores adaptações de obras de Stephen King. É interessante ver, mas o filme perde muito se comparados a outros filmes inspirados na obra do autor. Talvez se feito por um David Cronenberg mais experiente, o filme tivesse muito mais importância hoje em dia.
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Roda Gigante
3.3 309"Roda Gigante" talvez seja o trabalho mais bem feito de Woody Allen na última década. Apresentando características que permeiam sua filmografia, o cineasta ainda conta com uma fotografia deslumbrante e uma grande atuação de Kate Winslet.
Acompanhamos a atriz Ginny (Kate Winslet), casada com Humpty (Jim Belushi), que acaba se apaixonando pelo salva-vidas Mickey (Justin Timberlake). Mas quando sua enteada, Carolina (Juno Temple), também cai de amores pelo jovem, as duas começam uma forte concorrência.
A narrativa é ágil e bem característica dos filmes de Allen. O roteiro não apresenta nada de novo, mas é na fotografia que o filme se transforma. O fotógrafo Vittorio Storaro, parceiro de Allen em "Café Society", elabora uma fotografia elegante, que varia as cores em várias tonalidades, inclusive quando existe cores sobre o rosto dos atores, para passar o sentimento que cada uma das personagens estão sentindo no momento.
Kate Winslet da um show como a fracassada atriz que trabalha como garçonete. O roteiro de Allen explora o lado neurótico da personagem e Kate se debruça de um jeito magnífico. Ela é a dona do filme. Justin Timberlake está muito bem como o cafajeste que sonha em ser escritor e Jim Belushi em um papel dramático surpreende.
Transitando entre o otimismo e o pessimismo, Woody Allen entrega um longa recheado de personagens interessantes, que juntos engrandecem a trama.
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Assunto de Família
4.2 400 Assista AgoraA primeira vista, "Assunto de Família" parece um filme simples, sem muitos acontecimentos. Simples ele é, e trás em seus personagens toda uma carga para questionarmos diversos assuntos.
No longa, Osamu Shibata (Lily Franky) e seu filho se deparam com uma garotinha depois de um furto realizado por eles. A princípio eles relutam em abrigar a menina, mas a esposa de Osamu concorda em cuidar dela depois de saber das dificuldades que ela enfrenta. Embora a família seja pobre e mal ganham dinheiro dos pequenos crimes que cometem, eles parecem viver felizes juntos, até que um incidente revela segredos escondidos, testando os laços que os unem.
O filme do diretor Hirokazu Koreeda, questiona o tema família, trabalha com a criação de laços e também com as pessoas que cruzam os nossos caminhos. Logo em seu início, colocar pai e filho executando um furto, para em seguida eles acharem uma garotinha que sofria maus tratos, e darem abrigo, já nos questiona: eles são ladrões, mas também são pessoas boas?
O diretor aplica em seu filme uma narrativa cadenciada. Tudo é mostrado com muito carinho. Os diálogos banais da família, as refeições, um passeio na praia, que rende uma linda cena. E acima de tudo, o diretor conseguiu empregar um realismo muito bom em seu filme.
A reviravolta final, importa para o desfecho dos personagens. Mas a grande lição que o diretor nos deixa, é esse laço que podemos criar com as pessoas, sejam eles, parentes de sangue ou não. O sentimento de empatia também perdura em todo o longa, ao nos colocarmos no lugar daquelas pessoas. Questionador, tocante e verdadeiro. Assim é "Assunto de Família".
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Alita: Anjo de Combate
3.6 813 Assista AgoraApostando em um visual bem chamativo, já que o diretor Robert Rodriguez deixou a personagem principal com os olhos iguais ao do mangá do qual o filme é inspirado, "Alita: Anjo de Combate" é um longa que diverte sem correr grandes riscos.
Na história acompanhamos uma ciborgue, Alita (Rosa Salazar), que é descoberta pelo cientista Dyson Ido (Christoph Waltz). Ela não tem memórias de sua criação, mas possui grande conhecimento de artes marciais. Enquanto busca informações sobre seu passado, trabalha como caçadora de recompensas e descobre um interesse amoroso.
O roteiro nos mostra que existe uma divisão de classes, apesar de Zaem ser a única cidade flutuante ainda existente. Alguns que vivem embaixo, têm o sonho de chegar a cidade de cima. Alita descobre no decorrer do filme que chegou a pertencer a Zaem. Contexto interessante, mas que o filme não se preocupa em explorar. Como vivem as pessoas lá de cima? Desconhecemos. O filme apenas segue um caminho tranquilo, envolvendo muitas cenas de ação, porém sem se aprofundar em uma questão mais complexa.
Cabem aos efeitos visuais ser o grande chamariz do longa. Alguns efeitos estão realmente muito bons, outros estão fracos e estranhos. Até mesmo a mobilidade do rosto de Alita nos causa estranheza no início.
No fim, "Alita: Anjo de Combate" é simpático, divertido, mas poderia ser muito mais, caso tentasse ir um pouco mais fundo em uma história que mostra que tem um potencial muito maior.
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Maligno
2.8 352 Assista AgoraNão iria demorar muito para o garotinho Jackson Robert Scott, descoberto em "It: A Coisa", protagonizasse algum filme de terror. O longa em questão é "Maligno".
Preocupada com o repentino comportamento estranho e violento de seu filho Miles Blume (Jackson Robert Scott), Sarah Blume (Taylor Schilling) inicia uma investigação para entender o que está acontecendo. Ela descobre que alguma espécie de força sobrenatural está agindo sobre ele, influenciando suas ações.
Com um roteiro mediano, o longa não consegue criar um clima de tensão necessário para nos assustar. A trama é interessante em apostar no tema reencarnação ao invés da possessão. Mesmo assim, é uma história é rasa. Não temos background algum dos pais do garoto. Até mesmo na montagem inicial, o filme anda rápido demais para já nos apresentar os problemas de Miles.
O longa utiliza muita simbologia ao longo da projeção, como os olhos de cor diferentes de Miles. Estes é uma representação clara do lado da luz e o lado das trevas vivendo dentro dele. Ou na cena em que ele está com metade de um caveira pintada na cara.
Além disso, Jackson Robert Scott tem uma atuação muito boa, e de longe é a melhor coisa do filme. Ele convence ao interpretar mais de uma personalidade, inclusive sendo muito elucidativo ao mudar de fisionomia.
Por fim, "Maligno" é bom apenas para passar o tempo. Não é imperdível, mas vale a assistida. Só em não apelar para jumperscars já é uma vantagem. Mas, um maior capricho no roteiro teria feito um bem danado ao filme.
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Metrópolis
4.4 630 Assista AgoraUm dos grandes filmes do cinema alemão, "Metrópolis" é tido como um dos primeiros filmes futuristas. Ainda mudo, o longa é um marco em narrativa e efeitos especiais.
O ano é 2026 e a cidade chamada Metrópolis é dividida entre a classe trabalhadora e os planejadores da cidade. Um dia, Freder Fredersen (Gustav Frohlich), filho do mestre da cidade, se apaixona por Maria (Brigitte Helm), uma profeta da classe trabalhadora que prevê a vinda de um salvador para mediar a diferença entre as classes.
Apesar de não ser falado, o filme do diretor Fritz Lang tem muito a dizer. O diretor, desde o início, mostra como as classes são diferentes. Os trabalhadores cabisbaixos trabalham e vivem bem no fundo. As classes mais poderosas ficam no topo de torres vivendo do bom e do melhor. Não existe um encontro entre eles. Até que Freder Fredersen se encontra com Maria e passa a descer para a parte dos trabalhadores, e aí o filme se transforma.
A direção de arte constrói cenários imensos e muito bem feitos. O expressionismo alemão pode ser visto em cada canto do cenário. A maquiagem dos atores ajuda a dar um tom sombrio nas expressões faciais, principalmente porque o filme ainda é em preto e branco. Todavia, a contestar apenas a duração do filme, trinta minutos a menos faria bem ao longa.
Apesar de tudo, Fritz Lang é otimista. Ao crer que o coração tem o poder de mudar tudo, o diretor enxerga uma beleza que poucos vêem. Apesar de pouca coisa ter mudado nesses quase cem anos.
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Magia ao Luar
3.4 569 Assista AgoraO incansável Woody Allen, volta a trabalhar com um tema já abordado em sua filmografia, a magia. "Magia ao Luar" apresenta todas as características de um filme de Woody Allen, mas não figura entre os melhores de sua carreira.
No longa, Stanley (Colin Firth), um falso mágico com talento para desmascarar charlatões, é contratado para acabar com a suposta farsa de Sophie (Emma Stone), simpática jovem que afirma ser médium. Inicialmente cético, ele aos poucos começa a duvidar de suas certezas e se vê cada vez mais encantado pela moça.
O roteiro é simples, algo não muito comum na filmografia do diretor. Sem muitas reviravoltas marcantes, o filme chega até ser previsível. É um Woody Allen parecendo estar no piloto automático. A fotografia, trilha, personagens interessantes, tudo do jeito que o diretor gosta, porém, o roteiro não é marcante.
Colin Firth e Emma Stone seguram o longa. Simpáticos e entregando personagens cheios de charme, é muito bom vê-los em cena.
Por fim, "Magia ao Luar" continua sendo um filme com o selo Woody Allen de qualidade, porém, um filme menor em sua imensa lista de grandes filmes.
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O Grande Hotel Budapeste
4.2 3,0KOs filmes de Wes Anderson não tem efeitos especiais de última geração, coisas que alguns cineastas usam hoje em dia para tampar o buraco de um roteiro ruim. Muito pelo contrário, Wes Anderson tem um trato especial com o roteiro, no qual o faz leve e interessante, tornando a narrativa de seus filmes diferenciada de tão bem feita que é.
O longa aposta em uma montagem ágil para a história. Temos um velho escritor que vai narrando à história do tempo que ele viveu no hotel e conheceu o dono. O dono conta a história de como virou o proprietário do lugar. E é aí que entra a melhor parte do filme, quando nos deparamos com M. Gustave (Ralph Fiennes), concierge do hotel e Zero (Tony Revolori), um empregado novato. Wes foca bastante na amizade dos dois, desde o nascimento até se tornar verdadeira depois de todas as aventuras que os dois passam, principalmente depois que Gustave recebe uma herança misteriosa de uma senhora rica, onde os familiares dela farão todo o possível para que ele não receba.
O elenco do filme é incrível. Ralph Fiennes está soberbo em cena, entregando um personagem misterioso e interessante. Uma das melhores atuações daquele ano. Tony Revolori nos encanta com sua simplicidade e a química com Ralph faz com que a sua atuação seja ótima. Willem Dafoe interpreta o vilão assustador Jopling, que lembra muito os vilões de filmes das décadas passadas. Incrível no papel, é nítido como o ator se divertiu fazendo o personagem.
Aqui temos uma direção de arte impressionante, tamanha a beleza de figurinos, o uso de cores e ambientações da época que a história se passa. A trilha sonora de Alexandre Desplat é fantástica. Desplat transita perfeitamente do delicado ao terror, em sua trilha. Enfim, o cuidado de Wes Anderson em todos os pontos do filme é notório.
Wes Anderson entrega um filme sobre personagens interessantíssimos, que se desenvolvem de maneira tão natural, quanto as linhas do roteiro de Wes ou as melodias de Desplat. Um dos melhores da década.
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