Este filme serve para quem vê o cinema com olhos críticos, pode não ser extraordinário, mas passa uma mensagem das mais necessárias, mostrando que aqueles que colecionam filmes na memória como quem coleciona álbum de figurinhas, cheio de informações técnicas, na verdade não está aproveitando nada, porque o cinema tem que ser sentido, tem que haver participação, tem que ter sensibilidade para sentir, não é algo didático, deixemos o didatismo para quem produz, mas para quem é amante, admirador ou até mesmo critico, tente tirar do filme uma experiência maravilhosa, esse filme incomoda porque mexe exatamente na ferida dos críticos ou cri-críticos, quando o personagem principal faz seu discurso sobre a mentira, é aí que pensei sobre críticos esconderem seus desejos por filmes, e falarem ou admirarem apenas filmes com conteúdo técnico, eles mentem para si falando que gostaram de coisas só porque são "cabeça", quando abriram mão de um momento grandioso ao não se deleitarem com um filme.
Gosto das histórias do Dr Seuss, embora este não seja o meu predileto, também é um grande filme, pior de tudo é ver que o vilão secundário nem é um vilão, é um rapaz comum que teve o azar de querer vencer na vida, a meu ver a fator enriquecer veio depois do fator mostrar aos conhecidos que ele era capaz, vejo este tipo de pensamento em muita gente que almeja muitas coisas, até em mim, mas numa dessas a natureza sai perdendo, e na vida real não temos a sorte (ou azar) de trocar os meios naturais por artificialidades, uma hora perdemos em alguma coisa e nosso meio de viver se torna precário. Um ótimo filme, irônico, sinistramente colorido e com uma mensagem que é sempre bem vinda. De quebra ainda tirei a curiosidade sobre "Mas que porcaria é uma Trúfula?". Gostei bastante.
Daniel de Oliveira está incrível, fiquei mais pasmo quando descobri nos "extras" que em alguns momentos começaram a música com ele cantando e misturaram com a gravação de Cazuza, aí terminaram com Cazuza, ou seja, fiquei assustado por não notar a mudança, esse ator realmente fez a lição de casa, e sua caracterização assim que o poeta da música começa a adoecer é uma das caracterizações mais perfeitas do cinema, até seus trejeitos são iguais. Gostei do drama familiar que quiseram focar, deu nó na garganta em algumas cenas, e não acho que cortaram cenas para deixar o filme leve, se fosse feito hoje com essa onde de politicamente correto, talvez este filme enfrentasse resistências, é um filme corajoso. Sei que faltou muita coisa da vida dele, mas nesta pequena parte da vida que mostraram, acho que fizeram muito bem, fora que tem o inquietamento de Cazuza sobre não se limitar ao rock, pra ele não tem estilo bom, mas música que é não é boa em todos os estilos. Ótimo. Poderia ser mais longo, ter mais coisas da vida dele, mas fazer o que né...
A critica social do filme é engraçada, mas eu que já não curtia Alceu e Dentinho acabei achando este filme um tanto chato. Vi por causa de Robert De Niro, ele está tão caricato quanto Al Pacino estava em Dick Tracy, mas diferente de Al Pacino que se salva no péssimo filme Dick Tracy, De Niro não brilha em nenhum momento; por outro lado achei Jason Alexander e Rene Russo fantásticos como vilões. O filme não me conquistou, mas tem muita coisa boa, como a brincadeira de transformarem a vida real em algo absurdo e cheio de coincidências que existem nas animações. Penso que perdi meu tempo assistindo, mas assim é a vida. Obs: O narrador é ótimo, sua participação e como interage com a trama são fantásticos, vai além daquilo que o narrador de "As Meninas Superpoderosas" vai.
Esse filme é de uma ambiguidade incrível, por isso é fantástico, agrada tanto gregos quanto troianos, traz uma mensagem de humildade que somente através de nossa aceitação pelo espaço no universo que ocupamos, não somos nada, estamos num ponto insignificante e abandonados de tudo e qualquer "pode maior", como agrada quem queira defender o direito a fé, como na convicção que Horton tinha em acreditar na poeira, afinal, se não fosse sua dedicação todos os Quem teriam morrido. Estas duas mensagens casam bem e sem parecer conciliação entre fé e ciência. Eu fico emocionado com este filme, simplesmente um animal tão grande ter a responsabilidade de salvar um universo tão pequeno, e no meio disso surgir uma amizade, é lindo, é respeito a vida, se todos aprendessem com Horton a ajudar e salvar os menos favorecidos, estaríamos melhor; fora que aquela sociedade dos Quem é facilmente manipulável pela alegria, podem morrer, mas não perdem a diversão, e vê-los gritando para provar sua existência é um dos melhores momentos. Acredito que Horton conseguiu ir adiante numa ideia pequena que tinha sido lançada nos finais dos dois primeiros "Homens de Preto", mesmo sabendo que o livro de Dr. Seuss veio bem antes. Uma das animação para ver e fervilhar o cérebro e o coração.
Bambi é o filme que virou termo pejorativo por alguns idiotas. O filme traz muitas qualidades, incrivelmente muitos dos elementos nele serão usados mais corajosamente em O Rei Leão, ambos são herdeiros do trono, ambos perdem um ente querido de forma trágica, ambos fogem de manadas, mas cada um com suas peculiaridades, em Bambi o filme tem um dos melhores vilões da história: O Homem. Nada de animais querendo surrupiar o trono, aqui é a humanidade e sua descivilização agindo contra a paz da floresta. Não vejo um filme sobre um cervo, mas sobre uma floresta ou sobre a natureza que por acaso traz um Cervo em sua composição. E estou com o pessoal de South Park, antes de xingar qualquer um de Bambi (embora opção sexual não seja xingamento, mostrando apenas o preconceito de quem xinga ao achar que é), este termo pejorativo deve ser usado apenas para insultar motoqueiros que se acham o máximo fazendo barulho com o motor, não sendo sinal de masculinidade, mas de viadagem. Brincadeiras à parte, Bambi é um desenho leve, que incrivelmente traz a imagem que está no inconsciente de todos que amam a animação, de Bambi ao lado do corpo da mãe morta, que nunca foi mostrado, fiquei atônito quando vi que eu lembrava de uma cena que não acontece no filme. Talvez esta cena esteja nos corações de quem assiste, um belo filme.
Adoro Fantasia por um motivo: Quando se fala em Disney, aparecem vários defensores de animações que se dizem transgressoras e que vão contra o modelo clássico de fazer animação que conhecemos na Disney, porém, Fantasia quebra com tudo isso, mostra que Disney pode ser clássica e transgressora; quando assistimos Fantasia ficamos com a sensação de que qualquer "anti-Disney" que aparece não conseguiria quebrar os tabus Disneylianos como a própria Disney quebrou; simplesmente temos o clássico e o experimental fundidos numa obra só, tudo tem tom épico, e Fantasia não tem medo de ser cruel, dando ao público um de seus filmes mais sombrios e inovadores, a música é o ponto principal, mas seus elementos de morte, sagrado, profano, e até mesmo uma poética visão da criação do mundo constatado pela ciência é de emocionar numa obra que traz até a beleza do sagrado em Ave Maria. Antes de qualquer um bater de frente com a Disney, saiba que Disney já é sua maior rival, porque para batê-la, só ela mesma. Para ficar de pé e gritar" Bravo".
Aladdin é uma das animações que mais gosto, principalmente porque não me acostumei e nem sou fã de animação por computação gráfica (embora tenha bons), gosto mais dessa coisa clássica, e as músicas da Disney realmente eram maravilhosas. Pra mim esse gênio da lâmpada é um dos melhores personagens da Disney, ele é louco, mas não só isso, é maleável e multiuso, ele me lembra "O Máskara do filme (que também amo), o tapete é uma graça (tem o mesmo encanto dos objetos de "A Bela e a Fera") e o macaco quando se transforma é hilário. Aladdin é meu desenho de infância, eu cantava as músicas e ficava querendo ter uma lâmpada, mas o melhor de tudo é ver como Aladdin consegue o que quer sem precisar pedir, só manipulando conscientemente e inconscientemente o gênio para fazer o que deseja... Rs. Muito bom. Saudades das animações convencionais da Disney.
Putzgrila, não entendo porque chamam Mazzaropi de brega ou homem de filmes B, o homem é quase um Chaplin Brasileiro, não só engraçado para divertir a audiência, mas genial para divertir o cérebro. Não pensei que encontraria uma das melhores críticas do cinema nacional, se em alguns lugares o problema era ditadura ou monarquia, mostra que após entrarmos neste sistema que deveria ser justo, nosso país é tão cruel, que até algo livre como a democracia encontra quem corrompa tudo (Políticos e Bandidos, que genialmente Mazzaropi coloca no mesmo patamar), como é mesmo: "A democracia é como uma melancia, verde de esperança por fora, mas vermelha por dentro", não poderia ter descrito melhor. Tudo genial, desde a bondade de Arlindo, até seu lado mulherengo, marido e pai de muitos filhos, ou seja, Brasileiro mesmo. O filme tem tantos detalhes, e Mazzaropi zomba com praticamente todos os conceitos estabelecidos, principalmente sobre políticos, mostrando ainda como se formaram nossos líderes. Participação de D. Pedro I e II e a conclusão da única coisa boa que tem no Brasil é impagável. Deu vontade de gritar para Mazzaropi: "Isso mesmo, bota ordem nessa porcaria, e se agora eles querem ser refinados, quebre com isso também".
Só vi um defeito no filme, em alguns momentos o protagonista dramatiza demais sua dor, não que isso não aconteça na vida real, mas dramatiza de um jeito novela Mexicana, e ele me pareceu bem lúcido em vários momentos que deveria estar debilitado pela bebida; agora, tirando isso, o filme é incrível, o que mais gostei foi a capacidade que Billy Wilder teve para desglamourizar a porraloquice criativa, todo mundo acha que é cool beber, que artista tem que meter as caras e ir contra a sociedade, curti este modelo mais real da dependência e do alcoolismo, porque isso é doença e não tem nada de cult em ser dependente; comparo este ganhador do Oscar apenas com Despedida em Las Vegas de Nicolas Cage, mas há uma diferença, enquanto Nicolas deseja morrer de tanto beber, aqui Don deseja morrer para não beber, porque sabe que a bebida o transformou em um nada. Filme corajoso talvez não para a época, mas para os dias de hoje onde a dependência é vista com bons olhos, e os jovens não pensam nas consequências de seus vícios.
Juro que quando eu estava vendo este filme, achava a coisa mais chata de todos os tempos, e a frase que vinha à minha cabeça era, "Porque gostam de Godard"?, cheguei aqui porque "Mônica preferia ver um filme do Godard" e se ela queria então Renato Russo estava indicando, caí no filme, estava chato, depois fui assistindo e quando chegou no meio comecei a mudar de ideia e ver que era um filme maravilhoso, incrivelmente muitas músicas de Legião vieram á cabeça, Godard influenciou o gênio da Musica Brasileira como nenhum outro influenciou, o sagrado e aquela provocação ao santo estão aqui, vi como uma ode ao amor, em tempos onde tudo é toque e pele, usar a imagem de José e Maria da bíblia para mostrar ambos em um relacionamento de verdadeiro amor sem ligação com o sexo foi incrível, deu até certa raiva de Deus porque parecia que Maria era usada como simplesmente barriga de aluguel. Questões metafísicas de montão, não sei como pude achar este filme chato no começo, depois re-assisti e fiquei boquiaberto com o que Godard fez, maravilhoso. E se Renato Russo perguntou "E hoje em dia como é que se diz eu te amo?", depois deste filme eu sei a resposta.
Sério, voltemos a Chaplin, não sei qual filme dele é o melhor, O Garoto é aquele filme que pouca gente viu, mas todo mundo conhece a foto de Chaplin sentado na escada com o garoto. O Garoto é o filme onde Chaplin encontra um ator a altura de seu talento, o garoto. Emocionante ver como conseguem dizer tanto sem falar nada, a cena quando vão buscar o garoto é incrível, nó na garganta. A segunda parte, embora pareça não ter nada a ver com a trama, sobre os anjos, acho que fala mais sobre como Chaplin vê as crianças e dá uma pitada de fogo nas relações amorosas, acho que Chaplin falava de pureza, tanto fora quanto no sonho, um filme corajoso do começo ao fim, tanto pela metáfora do pecado de "ser mãe", quanto pelo abandono e depois pelos guardiões do orfanato, e todo resto. Filme encantador, e eu nem tinha percebido que a câmera não se movimenta, incrível como mesmo assim a ação não para. Quem tiver o DVD com os extras vale à pena ver cenas inéditas do ator mirim e imagens lindas de Chaplin colorido e já velho fazendo graça, e claro, cenas deletadas que valorizam a mãe do filme.
Estou redescobrindo Chaplin este ano, eu só conhecia dois filmes dele, mas toda obra dele é perfeita, O Grande Ditador tem o melhor discurso do cinema, melhor que qualquer "Discurso do Rei"; pra mim o filme faz parte de uma Trilogia da Ridicularização do Nazismo, completo com "A Vida é Bela" e "Bastardos Inglórios", filmes que trazem o tema abordado de forma leve e divertida, mas com um intuito, ridicularizar aquele tipo de pensamento e seus envolvidos. Chaplin usa da semelhança de Carlitos com o Ditador para interpretar um Ditador Narcisista, cheio de trejeitos, frescuras e sua metáfora brincando com o mundo e depois vendo ele explodir, ficando igual um menino mimado e não sensibilizado, é incrível. A Cena do barbeiro abriu portas para várias paródias em animações futuras, e o discurso final é uma paulada, de dar lágrimas aos olhos, Chaplin pega nossa "evolução" e mostra que não evoluímos humanamente, fico arrepiado, acho que é o filme mais importante de Chaplin, saudade dos tempos quando diretores eram engajados em causas.
Pois é, a Trilogia é mesmo maravilhosa, achei que não tinha como superar a segunda parte, mas a terceira superou; a batalha foi a maior batalha que vi no cinema desde o filme 2, tudo bem que é tudo um filme só, mas fazer o que! Este filme definitivamente me fez ver Frodo como o grande problema do filme, pra mim o herói é o Sam, não dá outra, nada teria se salvado se não fosse por ele, Frodo até mesmo atrapalha tudo, difícil ver um filme corajoso assim onde o herói não é lá essas coisas. O final é emocionante, sempre fico embasbacado quando vejo a multidão se curvando aos baixinhos (sou baixinho), pra ver que grandeza não significa ser alto. Os 3 filmes mostram que esta é a adaptação mais fiel de livro para cinema, faltam poucas coisas, mas o que falta não faz diferença. Peter Jackson realmente fez o impossível.
Tanta expectativa por este filme, foi um ano realmente difícil no Oscar, agora, ganhar de Bastardos Inglórios, Um Homem Sério, Distrito 9, Preciosa, Up, e até mesmo de Avatar já achei um pouco demais. Confesso que assisti pela vitória dele e não veria se não fosse por isso; difícil, não é um filme ruim, tem bons momentos, e gostei dessa coisa de uma guerra urbana, mas mesmo assim, mesmo que a Guerra no Iraque mereça ser retratada e mesmo que Os Estados Unidos amem se retratar como heróis, o filme ainda é fraco, tem bons momentos, alguns poucos ótimos, mas o filme como um todo é mediano, eu queria ter gostado, até gosto de filmes de guerra, mas eu sinceramente achei que foi injustiça contra os outros candidatos, é mais marketing do que filme. Mesmo que minha torcida pendesse para Bastardos Inglórios e Um Homem Sério, eu entenderia se Up tivesse levado, mas Guerra ao Terror... Sei lá... Há quem goste, né!?!
Somente a citação "Não quero fazer parte de nenhum clube que me aceite como sócio" que Allen emprestou de Groucho Marx já rende boas reflexões, e acredito que exatamente esta filosofia de vida seja o que rodeia Alvy, concordo e compartilho da ideia. Sou suspeito para falar de Allen, quando criança fiquei fascinado por A Rosa Púrpura do Cairo, e depois de mais 5 filmes dele (confesso que vi poucos), já é o suficiente para ficar fascinado por Allen, que considero como "Literatura no cinema". Annie Hall tristemente traduzida como "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" traz um dos elementos que mais gosto em Allen, ser um filme refinado que destrói o refinamento e glamour da arte. Parece sempre ter arte no meio, a Woody sempre zomba disso jogando observações do cotidiano e certa sexualidade ridícula. Também não glamouriza o sexo, mas eleva os instintos acima da intelectualidade sem que o protagonista precise ser nada menos que um intelectual. Gosto da ironia tanto quanto gosto da maneira que Allen faz cinema, e suas invenções neste filme, principalmente quando zomba do crí-critico de arte que dava pitacos numa obra cinematográfica, falando asneiras atrás de asneiras, é incrível... Cenas de cama, diálogos longos, passeios pela rua, coisas tão banais que nas mãos de Allen viram obra prima. Realmente mereceu o Oscar de Melhor Filme.
Documentário necessário para qualquer fã de Raul Seixas como eu. Ainda quero ver Raul retratado em um filme que não seja documentário, tanto porque tudo que tinha que ser falado já foi, mas mesmo assim é uma bela obra; achei uma obra que não tentou transformar o ídolo em santo e nem demônio, ele simplesmente tem seus defeitos jogados na tela, mas fica claro que as qualidades e o que representou para a musica Brasileira são maiores, eu não fazia ideia que ele foi o primeiro no Brasil a colocar uma grande quantidade de letra em um pequeno espaço de tempo na melodia, realmente, existem letras que temos que cantar correndo para caber. Estou tentando ser técnico, mas sou tão fã de Raul Seixas que isso é quase impossível. Gostei e bastante da participação de Paulo Coelho, principalmente porque o autointitulado "mago" deixou claro que Raul era tão gênio quanto ele nas letras de música e por vezes ainda se coloca como aprendiz do Raul, gostei mesmo desta humildade do escritor. Não fazia ideia sobre a polêmica do Marcelo Nova, embora eu seja da opinião favorável ao Marceleza. É emocionante, Raul nu e cru, com toda magia e beleza que ele merece. Sem palavras, eu devia ter visto no cinema, mas foram poucas as salas perto de onde moro que exibiam, aposto que se fosse sobre qualquer bandinha ruim da atualidade, tinha ganhado todas as salas, mas é isso, um documentário necessário.
Assisti exatamente porque segundo a revista "Sight & Sound" foi considerado melhor que Cidadão Kane, já pretendia ver por causa de Hitchcock e comparando com seu rival direto "Cidadão Kane" que também é muito bom, acho que seu primeiro lugar foi justo, o filme é mais complexo, tem alguns pontos que ficaríamos tentados a solucionar até depois de assistido, mesmo que soe como apenas um episódio mirabolante da série Monk, mas fiquei intrigado com certas coisas, e nem foi sobre o mistério, foi mais pelo relacionamento do detetive com a loira, aquela coisa de transformá-la em outra é um tanto perturbador, fora que ele já era perturbado pela fobia. Não é meu filme predileto do "mundo de todos os tempos", mas acho sim que tenha merecido o posto de "Cidadão Kane", pelo menos quando analiso Cidadão eu fico um tempo bem menor do que quando analiso cada detalhe de Um Corpo que Cai.
Definitivamente o Oscar de 2012 estava incrível, lembro que fiquei em dúvida entre Meia-Noite em Paris, O Artista e A Árvore da Vida, qualquer um que ganhasse eu entenderia, mesmo assim os outros também tinham qualidades. Sempre que vejo este filme fico com a crise do passado, achei que o final foi bem pra agradar o público, uma liçãozinha de vida, mesmo assim isso não tira os méritos do filme, viver com nossos ídolos e na época deles, não há nada mais mágico, por vezes ainda paro pra pensar se realmente a arte está viva, pelo menos no passado estava. Um dos melhores filmes de Owen Wilson, e Woody Allem provando que não perdeu a mão, Woody Allen é artista, não é só um diretor, é escritor, ele entende bem como funciona esse saudosismo e conseguiu retratar muito bem. Woody Allen tem classe, sempre me sinto elevado quando vejo um filme dele, e além de elevado, deslocado de meu tempo, saudosista dos tempos que não vivi... Fazer o que, o jeito é se conformar.
Sou o cara mais tolerante com história furada que eu conheço, sei bem separar o que é filme pra divertir sem pensar e filme que faz pensar e ainda diverte, mas sinceramente, a única coisa boa do filme foram os efeitos especiais, que para eles tiro o chapéu, mas mesmo assim, tem cenas que acontecem sem nem pretexto para acontecer, é o caso de uma batalha de cavalaria que eles simplesmente se teletransportam para lá, não sei como chegaram ali. Gostei da caracterização do presidente e nunca tinha reparado como sua figura é mesmo de um caçador de vampiros, aquela cartola e sua capa é o visual perfeito. Herói comum: Criança perde os pais, é treinada e vira herói, não tem segredos. Não posso pensar tanto sobre o filme porque começarei a odiá-lo, penso nos efeitos especiais e na adrenalina da batalha final para esquecer que gastei dinheiro por nada. Obs.: Foi bacana como fundiram os vampiros aos eventos históricos reais, isso caiu bem e não pareceu forçado. Gosto de chamar este filme de Uma Bela Presepada.
Eu sabia que conhecia o capitão de algum lugar, ele está em Senhor dos Anéis, agora, voltando ao filme, revi, juntamente com os 50 minutos de cenas inéditas e não pude deixar de não derramar lágrimas, mas somente porque este filme, além de falar do desastre, James Cameron fez uma verdadeira homenagem à arte, tanto na imagem do pintor Jack quanto na enrustida Rose que certamente seria uma bailarina se tivesse coragem de se desligar do marido, e naqueles fabulosos músicos do Titanic (lágrimas novamente). Jack salvou Rose de três maneiras, pelo amor, literalmente e ainda das convenções sociais. Os efeitos especiais são ótimos, e mesmo esperando por eles (inevitável), o que me deixava deslumbrado mesmo era a história de amor de Jack e Rose, e algo extraordinário, a interpretação de Gloria Stuart que é de quebrar o coração como Rose mais velha, que justamente lhe rendeu a indicação ao Oscar, não posso esquecer também da interpretação e da personagem de Kathy Bates que é incrível e traduz bem o que significa aquela alta sociedade. Licença para chorar mais um pouquinho, embora o tempo tenha ridicularizado a música principal, ela ainda emociona quando escutada junto com o filme. 11 Oscar merecidos, empatado com dois grandiosos filmes, é um filme obrigatório para qualquer amante do cinema.
Que filme mais complexo para se definir, vi porque é o primeiro filme do criador de Uma Família da Pesada; vai na mesma linha de Toy Story 3, mas com a diferença de não servir para crianças; em certos momentos vira uma comédia romântica convencional, mas também não se aprofunda nisso; a meu ver a grande qualidade do filme, que entra nessa onda de "filmes infantis para adultos" como Toy Story 3 e UP, é o sentimento de saudosismo que só quem já cresceu entende, o que fica claro com a participação especial de Sam J. Jones (Flash Gordon) fazendo ele mesmo, confesso que neste momento fiquei emocionado, mais por relembrar a época do que pelo filme de Flash, e acho que é isso que o protagonista sente, esta ligação com os fabulosos anos 80. Tem piadas clichês, mas é o inusitado do urso que fala que é a graça do filme, tentei fazer a comparação com Toy Story 3, mas não cola porque uma coisa é jogar um brinquedo que não sabemos ter vida fora, outra coisa é um brinquedo que realmente tem vida e todo mundo sabe (pra provar que não é loucura de nossa cabeça). Não sei o que achar, rendeu bons momentos e talvez seja o tipo e filme para ver apenas em um determinado ponto específico da vida.
Sinceramente, o filme é maravilhoso e mereceu a porrada de prêmios que levou, eu já amo romances dramáticos à la Romeu e Julieta, porém, o musical em certos momentos era tão animado que quando surgia os protagonistas eu ficava triste porque seus números eram tão belamente sonolentos que eu sentia falta dos coadjuvantes. Mas quando o casal surgia, embora a música não me animasse, eu ficava deslumbrado com as tonalidades coloridas por trás dos dois, tudo sumia e um arco-íris surgia na tela. De resto é fantástico, Jets são incríveis, com toda ironia do distúrbio social e com suas terapias de acalmamento, já os Sharks eram bem animados e mesclavam bem o que era sofrer preconceito por serem imigrantes com a felicidade das conveniências do novo país. O início é fantástico, diferente dos musicais, onde não é a música, mas o balé que nos leva ao restante da trama, gostei do balé e de terem teatralizado até mesmo as disputas. Novamente, filme fabuloso, onde o único defeito está nos protagonistas.
Complicado falar de um clássico, vi pela primeira vez quando criança, achei legal, mas não tinha entendido, agora revi adulto e é fabuloso, merece todas as homenagem e encabeçar todas as listas de melhores filmes existentes pelo mundo. O filme é muito fiel ao livro, acho que junto com Senhor dos Anéis, é a melhor adaptação de livro para o cinema. Como fã do livro fiquei emocionado ao ver o filme, também, Puzo roteirizando, não podia ser melhor. Não sei o que foi melhor, a interpretação caricata de Marlon Brando ou a transformação do civil Michael Corleone em chefão, se antes eu achava que Michael não tinha nada a ver com a máfia, depois vi que ele era o que mais se parecia com o pai, pelo jeito doce e quieto, mas com coragem para segurar os negócios da família. Sobre máfia, italianada toda reunida, e como fazer as pessoas fazerem aquilo que você quer apenas porque usa argumentos convincentes (ironia). O que mais amo em Corleone é que ele só quer nossa amizade, em troca é claro, de algum serviço no futuro, mas a amizade e a família em primeiro lugar, bons tempos quando o povo do crime tinha dignidade. Aula de dignidade para mafiosos.
A Vida Útil - Um Conto de Cinema
3.2 38Este filme serve para quem vê o cinema com olhos críticos, pode não ser extraordinário, mas passa uma mensagem das mais necessárias, mostrando que aqueles que colecionam filmes na memória como quem coleciona álbum de figurinhas, cheio de informações técnicas, na verdade não está aproveitando nada, porque o cinema tem que ser sentido, tem que haver participação, tem que ter sensibilidade para sentir, não é algo didático, deixemos o didatismo para quem produz, mas para quem é amante, admirador ou até mesmo critico, tente tirar do filme uma experiência maravilhosa, esse filme incomoda porque mexe exatamente na ferida dos críticos ou cri-críticos, quando o personagem principal faz seu discurso sobre a mentira, é aí que pensei sobre críticos esconderem seus desejos por filmes, e falarem ou admirarem apenas filmes com conteúdo técnico, eles mentem para si falando que gostaram de coisas só porque são "cabeça", quando abriram mão de um momento grandioso ao não se deleitarem com um filme.
O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida
3.5 762 Assista AgoraGosto das histórias do Dr Seuss, embora este não seja o meu predileto, também é um grande filme, pior de tudo é ver que o vilão secundário nem é um vilão, é um rapaz comum que teve o azar de querer vencer na vida, a meu ver a fator enriquecer veio depois do fator mostrar aos conhecidos que ele era capaz, vejo este tipo de pensamento em muita gente que almeja muitas coisas, até em mim, mas numa dessas a natureza sai perdendo, e na vida real não temos a sorte (ou azar) de trocar os meios naturais por artificialidades, uma hora perdemos em alguma coisa e nosso meio de viver se torna precário. Um ótimo filme, irônico, sinistramente colorido e com uma mensagem que é sempre bem vinda. De quebra ainda tirei a curiosidade sobre "Mas que porcaria é uma Trúfula?". Gostei bastante.
Cazuza: O Tempo Não Pára
3.6 977 Assista AgoraDaniel de Oliveira está incrível, fiquei mais pasmo quando descobri nos "extras" que em alguns momentos começaram a música com ele cantando e misturaram com a gravação de Cazuza, aí terminaram com Cazuza, ou seja, fiquei assustado por não notar a mudança, esse ator realmente fez a lição de casa, e sua caracterização assim que o poeta da música começa a adoecer é uma das caracterizações mais perfeitas do cinema, até seus trejeitos são iguais. Gostei do drama familiar que quiseram focar, deu nó na garganta em algumas cenas, e não acho que cortaram cenas para deixar o filme leve, se fosse feito hoje com essa onde de politicamente correto, talvez este filme enfrentasse resistências, é um filme corajoso. Sei que faltou muita coisa da vida dele, mas nesta pequena parte da vida que mostraram, acho que fizeram muito bem, fora que tem o inquietamento de Cazuza sobre não se limitar ao rock, pra ele não tem estilo bom, mas música que é não é boa em todos os estilos. Ótimo. Poderia ser mais longo, ter mais coisas da vida dele, mas fazer o que né...
As Aventuras de Alceu e Dentinho
2.3 117 Assista AgoraA critica social do filme é engraçada, mas eu que já não curtia Alceu e Dentinho acabei achando este filme um tanto chato. Vi por causa de Robert De Niro, ele está tão caricato quanto Al Pacino estava em Dick Tracy, mas diferente de Al Pacino que se salva no péssimo filme Dick Tracy, De Niro não brilha em nenhum momento; por outro lado achei Jason Alexander e Rene Russo fantásticos como vilões. O filme não me conquistou, mas tem muita coisa boa, como a brincadeira de transformarem a vida real em algo absurdo e cheio de coincidências que existem nas animações. Penso que perdi meu tempo assistindo, mas assim é a vida. Obs: O narrador é ótimo, sua participação e como interage com a trama são fantásticos, vai além daquilo que o narrador de "As Meninas Superpoderosas" vai.
Horton e o Mundo dos Quem!
3.4 329 Assista AgoraEsse filme é de uma ambiguidade incrível, por isso é fantástico, agrada tanto gregos quanto troianos, traz uma mensagem de humildade que somente através de nossa aceitação pelo espaço no universo que ocupamos, não somos nada, estamos num ponto insignificante e abandonados de tudo e qualquer "pode maior", como agrada quem queira defender o direito a fé, como na convicção que Horton tinha em acreditar na poeira, afinal, se não fosse sua dedicação todos os Quem teriam morrido. Estas duas mensagens casam bem e sem parecer conciliação entre fé e ciência. Eu fico emocionado com este filme, simplesmente um animal tão grande ter a responsabilidade de salvar um universo tão pequeno, e no meio disso surgir uma amizade, é lindo, é respeito a vida, se todos aprendessem com Horton a ajudar e salvar os menos favorecidos, estaríamos melhor; fora que aquela sociedade dos Quem é facilmente manipulável pela alegria, podem morrer, mas não perdem a diversão, e vê-los gritando para provar sua existência é um dos melhores momentos. Acredito que Horton conseguiu ir adiante numa ideia pequena que tinha sido lançada nos finais dos dois primeiros "Homens de Preto", mesmo sabendo que o livro de Dr. Seuss veio bem antes. Uma das animação para ver e fervilhar o cérebro e o coração.
Bambi
3.5 440 Assista AgoraBambi é o filme que virou termo pejorativo por alguns idiotas. O filme traz muitas qualidades, incrivelmente muitos dos elementos nele serão usados mais corajosamente em O Rei Leão, ambos são herdeiros do trono, ambos perdem um ente querido de forma trágica, ambos fogem de manadas, mas cada um com suas peculiaridades, em Bambi o filme tem um dos melhores vilões da história: O Homem. Nada de animais querendo surrupiar o trono, aqui é a humanidade e sua descivilização agindo contra a paz da floresta. Não vejo um filme sobre um cervo, mas sobre uma floresta ou sobre a natureza que por acaso traz um Cervo em sua composição. E estou com o pessoal de South Park, antes de xingar qualquer um de Bambi (embora opção sexual não seja xingamento, mostrando apenas o preconceito de quem xinga ao achar que é), este termo pejorativo deve ser usado apenas para insultar motoqueiros que se acham o máximo fazendo barulho com o motor, não sendo sinal de masculinidade, mas de viadagem. Brincadeiras à parte, Bambi é um desenho leve, que incrivelmente traz a imagem que está no inconsciente de todos que amam a animação, de Bambi ao lado do corpo da mãe morta, que nunca foi mostrado, fiquei atônito quando vi que eu lembrava de uma cena que não acontece no filme. Talvez esta cena esteja nos corações de quem assiste, um belo filme.
Fantasia
4.1 299 Assista AgoraAdoro Fantasia por um motivo: Quando se fala em Disney, aparecem vários defensores de animações que se dizem transgressoras e que vão contra o modelo clássico de fazer animação que conhecemos na Disney, porém, Fantasia quebra com tudo isso, mostra que Disney pode ser clássica e transgressora; quando assistimos Fantasia ficamos com a sensação de que qualquer "anti-Disney" que aparece não conseguiria quebrar os tabus Disneylianos como a própria Disney quebrou; simplesmente temos o clássico e o experimental fundidos numa obra só, tudo tem tom épico, e Fantasia não tem medo de ser cruel, dando ao público um de seus filmes mais sombrios e inovadores, a música é o ponto principal, mas seus elementos de morte, sagrado, profano, e até mesmo uma poética visão da criação do mundo constatado pela ciência é de emocionar numa obra que traz até a beleza do sagrado em Ave Maria. Antes de qualquer um bater de frente com a Disney, saiba que Disney já é sua maior rival, porque para batê-la, só ela mesma. Para ficar de pé e gritar" Bravo".
Aladdin
4.0 726 Assista AgoraAladdin é uma das animações que mais gosto, principalmente porque não me acostumei e nem sou fã de animação por computação gráfica (embora tenha bons), gosto mais dessa coisa clássica, e as músicas da Disney realmente eram maravilhosas. Pra mim esse gênio da lâmpada é um dos melhores personagens da Disney, ele é louco, mas não só isso, é maleável e multiuso, ele me lembra "O Máskara do filme (que também amo), o tapete é uma graça (tem o mesmo encanto dos objetos de "A Bela e a Fera") e o macaco quando se transforma é hilário. Aladdin é meu desenho de infância, eu cantava as músicas e ficava querendo ter uma lâmpada, mas o melhor de tudo é ver como Aladdin consegue o que quer sem precisar pedir, só manipulando conscientemente e inconscientemente o gênio para fazer o que deseja... Rs. Muito bom. Saudades das animações convencionais da Disney.
O Gato de Madame
3.6 17Putzgrila, não entendo porque chamam Mazzaropi de brega ou homem de filmes B, o homem é quase um Chaplin Brasileiro, não só engraçado para divertir a audiência, mas genial para divertir o cérebro. Não pensei que encontraria uma das melhores críticas do cinema nacional, se em alguns lugares o problema era ditadura ou monarquia, mostra que após entrarmos neste sistema que deveria ser justo, nosso país é tão cruel, que até algo livre como a democracia encontra quem corrompa tudo (Políticos e Bandidos, que genialmente Mazzaropi coloca no mesmo patamar), como é mesmo: "A democracia é como uma melancia, verde de esperança por fora, mas vermelha por dentro", não poderia ter descrito melhor. Tudo genial, desde a bondade de Arlindo, até seu lado mulherengo, marido e pai de muitos filhos, ou seja, Brasileiro mesmo. O filme tem tantos detalhes, e Mazzaropi zomba com praticamente todos os conceitos estabelecidos, principalmente sobre políticos, mostrando ainda como se formaram nossos líderes. Participação de D. Pedro I e II e a conclusão da única coisa boa que tem no Brasil é impagável. Deu vontade de gritar para Mazzaropi: "Isso mesmo, bota ordem nessa porcaria, e se agora eles querem ser refinados, quebre com isso também".
Farrapo Humano
4.2 225 Assista AgoraSó vi um defeito no filme, em alguns momentos o protagonista dramatiza demais sua dor, não que isso não aconteça na vida real, mas dramatiza de um jeito novela Mexicana, e ele me pareceu bem lúcido em vários momentos que deveria estar debilitado pela bebida; agora, tirando isso, o filme é incrível, o que mais gostei foi a capacidade que Billy Wilder teve para desglamourizar a porraloquice criativa, todo mundo acha que é cool beber, que artista tem que meter as caras e ir contra a sociedade, curti este modelo mais real da dependência e do alcoolismo, porque isso é doença e não tem nada de cult em ser dependente; comparo este ganhador do Oscar apenas com Despedida em Las Vegas de Nicolas Cage, mas há uma diferença, enquanto Nicolas deseja morrer de tanto beber, aqui Don deseja morrer para não beber, porque sabe que a bebida o transformou em um nada. Filme corajoso talvez não para a época, mas para os dias de hoje onde a dependência é vista com bons olhos, e os jovens não pensam nas consequências de seus vícios.
Eu Vos Saúdo, Maria
3.5 105Juro que quando eu estava vendo este filme, achava a coisa mais chata de todos os tempos, e a frase que vinha à minha cabeça era, "Porque gostam de Godard"?, cheguei aqui porque "Mônica preferia ver um filme do Godard" e se ela queria então Renato Russo estava indicando, caí no filme, estava chato, depois fui assistindo e quando chegou no meio comecei a mudar de ideia e ver que era um filme maravilhoso, incrivelmente muitas músicas de Legião vieram á cabeça, Godard influenciou o gênio da Musica Brasileira como nenhum outro influenciou, o sagrado e aquela provocação ao santo estão aqui, vi como uma ode ao amor, em tempos onde tudo é toque e pele, usar a imagem de José e Maria da bíblia para mostrar ambos em um relacionamento de verdadeiro amor sem ligação com o sexo foi incrível, deu até certa raiva de Deus porque parecia que Maria era usada como simplesmente barriga de aluguel. Questões metafísicas de montão, não sei como pude achar este filme chato no começo, depois re-assisti e fiquei boquiaberto com o que Godard fez, maravilhoso. E se Renato Russo perguntou "E hoje em dia como é que se diz eu te amo?", depois deste filme eu sei a resposta.
O Garoto
4.5 584 Assista AgoraSério, voltemos a Chaplin, não sei qual filme dele é o melhor, O Garoto é aquele filme que pouca gente viu, mas todo mundo conhece a foto de Chaplin sentado na escada com o garoto. O Garoto é o filme onde Chaplin encontra um ator a altura de seu talento, o garoto. Emocionante ver como conseguem dizer tanto sem falar nada, a cena quando vão buscar o garoto é incrível, nó na garganta. A segunda parte, embora pareça não ter nada a ver com a trama, sobre os anjos, acho que fala mais sobre como Chaplin vê as crianças e dá uma pitada de fogo nas relações amorosas, acho que Chaplin falava de pureza, tanto fora quanto no sonho, um filme corajoso do começo ao fim, tanto pela metáfora do pecado de "ser mãe", quanto pelo abandono e depois pelos guardiões do orfanato, e todo resto. Filme encantador, e eu nem tinha percebido que a câmera não se movimenta, incrível como mesmo assim a ação não para. Quem tiver o DVD com os extras vale à pena ver cenas inéditas do ator mirim e imagens lindas de Chaplin colorido e já velho fazendo graça, e claro, cenas deletadas que valorizam a mãe do filme.
O Grande Ditador
4.6 804 Assista AgoraEstou redescobrindo Chaplin este ano, eu só conhecia dois filmes dele, mas toda obra dele é perfeita, O Grande Ditador tem o melhor discurso do cinema, melhor que qualquer "Discurso do Rei"; pra mim o filme faz parte de uma Trilogia da Ridicularização do Nazismo, completo com "A Vida é Bela" e "Bastardos Inglórios", filmes que trazem o tema abordado de forma leve e divertida, mas com um intuito, ridicularizar aquele tipo de pensamento e seus envolvidos. Chaplin usa da semelhança de Carlitos com o Ditador para interpretar um Ditador Narcisista, cheio de trejeitos, frescuras e sua metáfora brincando com o mundo e depois vendo ele explodir, ficando igual um menino mimado e não sensibilizado, é incrível. A Cena do barbeiro abriu portas para várias paródias em animações futuras, e o discurso final é uma paulada, de dar lágrimas aos olhos, Chaplin pega nossa "evolução" e mostra que não evoluímos humanamente, fico arrepiado, acho que é o filme mais importante de Chaplin, saudade dos tempos quando diretores eram engajados em causas.
O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei
4.5 1,8K Assista AgoraPois é, a Trilogia é mesmo maravilhosa, achei que não tinha como superar a segunda parte, mas a terceira superou; a batalha foi a maior batalha que vi no cinema desde o filme 2, tudo bem que é tudo um filme só, mas fazer o que! Este filme definitivamente me fez ver Frodo como o grande problema do filme, pra mim o herói é o Sam, não dá outra, nada teria se salvado se não fosse por ele, Frodo até mesmo atrapalha tudo, difícil ver um filme corajoso assim onde o herói não é lá essas coisas. O final é emocionante, sempre fico embasbacado quando vejo a multidão se curvando aos baixinhos (sou baixinho), pra ver que grandeza não significa ser alto. Os 3 filmes mostram que esta é a adaptação mais fiel de livro para cinema, faltam poucas coisas, mas o que falta não faz diferença. Peter Jackson realmente fez o impossível.
Guerra ao Terror
3.5 1,4K Assista AgoraTanta expectativa por este filme, foi um ano realmente difícil no Oscar, agora, ganhar de Bastardos Inglórios, Um Homem Sério, Distrito 9, Preciosa, Up, e até mesmo de Avatar já achei um pouco demais. Confesso que assisti pela vitória dele e não veria se não fosse por isso; difícil, não é um filme ruim, tem bons momentos, e gostei dessa coisa de uma guerra urbana, mas mesmo assim, mesmo que a Guerra no Iraque mereça ser retratada e mesmo que Os Estados Unidos amem se retratar como heróis, o filme ainda é fraco, tem bons momentos, alguns poucos ótimos, mas o filme como um todo é mediano, eu queria ter gostado, até gosto de filmes de guerra, mas eu sinceramente achei que foi injustiça contra os outros candidatos, é mais marketing do que filme. Mesmo que minha torcida pendesse para Bastardos Inglórios e Um Homem Sério, eu entenderia se Up tivesse levado, mas Guerra ao Terror... Sei lá... Há quem goste, né!?!
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
4.1 1,1K Assista AgoraSomente a citação "Não quero fazer parte de nenhum clube que me aceite como sócio" que Allen emprestou de Groucho Marx já rende boas reflexões, e acredito que exatamente esta filosofia de vida seja o que rodeia Alvy, concordo e compartilho da ideia. Sou suspeito para falar de Allen, quando criança fiquei fascinado por A Rosa Púrpura do Cairo, e depois de mais 5 filmes dele (confesso que vi poucos), já é o suficiente para ficar fascinado por Allen, que considero como "Literatura no cinema". Annie Hall tristemente traduzida como "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" traz um dos elementos que mais gosto em Allen, ser um filme refinado que destrói o refinamento e glamour da arte. Parece sempre ter arte no meio, a Woody sempre zomba disso jogando observações do cotidiano e certa sexualidade ridícula. Também não glamouriza o sexo, mas eleva os instintos acima da intelectualidade sem que o protagonista precise ser nada menos que um intelectual. Gosto da ironia tanto quanto gosto da maneira que Allen faz cinema, e suas invenções neste filme, principalmente quando zomba do crí-critico de arte que dava pitacos numa obra cinematográfica, falando asneiras atrás de asneiras, é incrível... Cenas de cama, diálogos longos, passeios pela rua, coisas tão banais que nas mãos de Allen viram obra prima. Realmente mereceu o Oscar de Melhor Filme.
Raul - O Início, o Fim e o Meio
4.1 707Documentário necessário para qualquer fã de Raul Seixas como eu. Ainda quero ver Raul retratado em um filme que não seja documentário, tanto porque tudo que tinha que ser falado já foi, mas mesmo assim é uma bela obra; achei uma obra que não tentou transformar o ídolo em santo e nem demônio, ele simplesmente tem seus defeitos jogados na tela, mas fica claro que as qualidades e o que representou para a musica Brasileira são maiores, eu não fazia ideia que ele foi o primeiro no Brasil a colocar uma grande quantidade de letra em um pequeno espaço de tempo na melodia, realmente, existem letras que temos que cantar correndo para caber. Estou tentando ser técnico, mas sou tão fã de Raul Seixas que isso é quase impossível. Gostei e bastante da participação de Paulo Coelho, principalmente porque o autointitulado "mago" deixou claro que Raul era tão gênio quanto ele nas letras de música e por vezes ainda se coloca como aprendiz do Raul, gostei mesmo desta humildade do escritor. Não fazia ideia sobre a polêmica do Marcelo Nova, embora eu seja da opinião favorável ao Marceleza. É emocionante, Raul nu e cru, com toda magia e beleza que ele merece. Sem palavras, eu devia ter visto no cinema, mas foram poucas as salas perto de onde moro que exibiam, aposto que se fosse sobre qualquer bandinha ruim da atualidade, tinha ganhado todas as salas, mas é isso, um documentário necessário.
Um Corpo que Cai
4.2 1,3K Assista AgoraAssisti exatamente porque segundo a revista "Sight & Sound" foi considerado melhor que Cidadão Kane, já pretendia ver por causa de Hitchcock e comparando com seu rival direto "Cidadão Kane" que também é muito bom, acho que seu primeiro lugar foi justo, o filme é mais complexo, tem alguns pontos que ficaríamos tentados a solucionar até depois de assistido, mesmo que soe como apenas um episódio mirabolante da série Monk, mas fiquei intrigado com certas coisas, e nem foi sobre o mistério, foi mais pelo relacionamento do detetive com a loira, aquela coisa de transformá-la em outra é um tanto perturbador, fora que ele já era perturbado pela fobia. Não é meu filme predileto do "mundo de todos os tempos", mas acho sim que tenha merecido o posto de "Cidadão Kane", pelo menos quando analiso Cidadão eu fico um tempo bem menor do que quando analiso cada detalhe de Um Corpo que Cai.
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraDefinitivamente o Oscar de 2012 estava incrível, lembro que fiquei em dúvida entre Meia-Noite em Paris, O Artista e A Árvore da Vida, qualquer um que ganhasse eu entenderia, mesmo assim os outros também tinham qualidades. Sempre que vejo este filme fico com a crise do passado, achei que o final foi bem pra agradar o público, uma liçãozinha de vida, mesmo assim isso não tira os méritos do filme, viver com nossos ídolos e na época deles, não há nada mais mágico, por vezes ainda paro pra pensar se realmente a arte está viva, pelo menos no passado estava. Um dos melhores filmes de Owen Wilson, e Woody Allem provando que não perdeu a mão, Woody Allen é artista, não é só um diretor, é escritor, ele entende bem como funciona esse saudosismo e conseguiu retratar muito bem. Woody Allen tem classe, sempre me sinto elevado quando vejo um filme dele, e além de elevado, deslocado de meu tempo, saudosista dos tempos que não vivi... Fazer o que, o jeito é se conformar.
Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros
3.0 2,2K Assista AgoraSou o cara mais tolerante com história furada que eu conheço, sei bem separar o que é filme pra divertir sem pensar e filme que faz pensar e ainda diverte, mas sinceramente, a única coisa boa do filme foram os efeitos especiais, que para eles tiro o chapéu, mas mesmo assim, tem cenas que acontecem sem nem pretexto para acontecer, é o caso de uma batalha de cavalaria que eles simplesmente se teletransportam para lá, não sei como chegaram ali. Gostei da caracterização do presidente e nunca tinha reparado como sua figura é mesmo de um caçador de vampiros, aquela cartola e sua capa é o visual perfeito. Herói comum: Criança perde os pais, é treinada e vira herói, não tem segredos. Não posso pensar tanto sobre o filme porque começarei a odiá-lo, penso nos efeitos especiais e na adrenalina da batalha final para esquecer que gastei dinheiro por nada. Obs.: Foi bacana como fundiram os vampiros aos eventos históricos reais, isso caiu bem e não pareceu forçado. Gosto de chamar este filme de Uma Bela Presepada.
Titanic
4.0 4,6K Assista AgoraEu sabia que conhecia o capitão de algum lugar, ele está em Senhor dos Anéis, agora, voltando ao filme, revi, juntamente com os 50 minutos de cenas inéditas e não pude deixar de não derramar lágrimas, mas somente porque este filme, além de falar do desastre, James Cameron fez uma verdadeira homenagem à arte, tanto na imagem do pintor Jack quanto na enrustida Rose que certamente seria uma bailarina se tivesse coragem de se desligar do marido, e naqueles fabulosos músicos do Titanic (lágrimas novamente). Jack salvou Rose de três maneiras, pelo amor, literalmente e ainda das convenções sociais. Os efeitos especiais são ótimos, e mesmo esperando por eles (inevitável), o que me deixava deslumbrado mesmo era a história de amor de Jack e Rose, e algo extraordinário, a interpretação de Gloria Stuart que é de quebrar o coração como Rose mais velha, que justamente lhe rendeu a indicação ao Oscar, não posso esquecer também da interpretação e da personagem de Kathy Bates que é incrível e traduz bem o que significa aquela alta sociedade. Licença para chorar mais um pouquinho, embora o tempo tenha ridicularizado a música principal, ela ainda emociona quando escutada junto com o filme. 11 Oscar merecidos, empatado com dois grandiosos filmes, é um filme obrigatório para qualquer amante do cinema.
Ted
3.1 3,4K Assista AgoraQue filme mais complexo para se definir, vi porque é o primeiro filme do criador de Uma Família da Pesada; vai na mesma linha de Toy Story 3, mas com a diferença de não servir para crianças; em certos momentos vira uma comédia romântica convencional, mas também não se aprofunda nisso; a meu ver a grande qualidade do filme, que entra nessa onda de "filmes infantis para adultos" como Toy Story 3 e UP, é o sentimento de saudosismo que só quem já cresceu entende, o que fica claro com a participação especial de Sam J. Jones (Flash Gordon) fazendo ele mesmo, confesso que neste momento fiquei emocionado, mais por relembrar a época do que pelo filme de Flash, e acho que é isso que o protagonista sente, esta ligação com os fabulosos anos 80. Tem piadas clichês, mas é o inusitado do urso que fala que é a graça do filme, tentei fazer a comparação com Toy Story 3, mas não cola porque uma coisa é jogar um brinquedo que não sabemos ter vida fora, outra coisa é um brinquedo que realmente tem vida e todo mundo sabe (pra provar que não é loucura de nossa cabeça). Não sei o que achar, rendeu bons momentos e talvez seja o tipo e filme para ver apenas em um determinado ponto específico da vida.
Amor, Sublime Amor
3.8 372 Assista AgoraSinceramente, o filme é maravilhoso e mereceu a porrada de prêmios que levou, eu já amo romances dramáticos à la Romeu e Julieta, porém, o musical em certos momentos era tão animado que quando surgia os protagonistas eu ficava triste porque seus números eram tão belamente sonolentos que eu sentia falta dos coadjuvantes. Mas quando o casal surgia, embora a música não me animasse, eu ficava deslumbrado com as tonalidades coloridas por trás dos dois, tudo sumia e um arco-íris surgia na tela. De resto é fantástico, Jets são incríveis, com toda ironia do distúrbio social e com suas terapias de acalmamento, já os Sharks eram bem animados e mesclavam bem o que era sofrer preconceito por serem imigrantes com a felicidade das conveniências do novo país. O início é fantástico, diferente dos musicais, onde não é a música, mas o balé que nos leva ao restante da trama, gostei do balé e de terem teatralizado até mesmo as disputas. Novamente, filme fabuloso, onde o único defeito está nos protagonistas.
O Poderoso Chefão
4.7 2,9K Assista AgoraComplicado falar de um clássico, vi pela primeira vez quando criança, achei legal, mas não tinha entendido, agora revi adulto e é fabuloso, merece todas as homenagem e encabeçar todas as listas de melhores filmes existentes pelo mundo. O filme é muito fiel ao livro, acho que junto com Senhor dos Anéis, é a melhor adaptação de livro para o cinema. Como fã do livro fiquei emocionado ao ver o filme, também, Puzo roteirizando, não podia ser melhor. Não sei o que foi melhor, a interpretação caricata de Marlon Brando ou a transformação do civil Michael Corleone em chefão, se antes eu achava que Michael não tinha nada a ver com a máfia, depois vi que ele era o que mais se parecia com o pai, pelo jeito doce e quieto, mas com coragem para segurar os negócios da família. Sobre máfia, italianada toda reunida, e como fazer as pessoas fazerem aquilo que você quer apenas porque usa argumentos convincentes (ironia). O que mais amo em Corleone é que ele só quer nossa amizade, em troca é claro, de algum serviço no futuro, mas a amizade e a família em primeiro lugar, bons tempos quando o povo do crime tinha dignidade. Aula de dignidade para mafiosos.