Não entendi porque "a gloriosa saga do Japão" necessita de personagens ocidentais para ser contada.
Especialmente quando o "ocidente" é representado por um personagem chatíssimo como esse tal "Anjin". O ator é fraquíssimo e não dá conta do papel que tem em mãos. Enquanto os atores japoneses entregam tudo o que podem, o ator americano, que pasmem, é o "herói" da história, parece mais perdido que cego em tiroteio.
Sei que a história é baseada num livro escrito por um ocidental. Mas o que custava centrar a história toda em torno de personagens japoneses? Ou, se é para incluir pessoas ocidentais, por que não personagens carismáticos?
Não se trata de uma série ruim, a produção é nível HBO, mas fiquei sentindo falta da "saga do Japão" prometida. Xoguns, samurais, código de honra, harakiri, seppuku, lutas e batalhas memoráveis, etc. No final, parece que tudo isso é mero pano de fundo de um romance interracial que ninguém pediu para ver. Já vimos "Pocahontas" antes, aqui o prometido (e não cumprido) é a "gloriosa saga do Japão".
Por isso é desonesto dar nota máxima para esta série, mesmo com a produção de alto nível e os ótimos atores japoneses.
Só a escalação equivocada de Cosmo Jarvis já tira ponto da história. O ritmo arrastado também ajuda a baixar a nota.
A única coisa que se salva é o Jake Gyllenhaal, que, como sempre, se esforça para dar um mínimo de coerência ao personagem. Mas ele não pode salvar um retalho de história desses.
As situações e personagens são totalmente aleatórias e nada daquilo parece ter nenhuma necessidade de ocorrer. Os caras brigam e trocam socos como se estivessem brincando, o que tira qualquer tensão que se poderia criar. E o próprio "matador" do título age o tempo todo com aquele ar de quem está protegido pelas conveniências do roteiro.
Claro que o prometido é clichê. Mas existe clichê bem trabalhado e clichê pessimamente desenvolvido. Assim como entretenimento BOM e entretenimento RUIM.
Não precisei assistir o original pra saber que deve ser muito melhor que isto aqui.
Existem filmes de ação BONS e filmes de ação RUINS, independente dos clichês onipresentes no gênero.
Este aqui é dos RUINS. Parece um videogame, você pula de cenário em cenário, mas não tem um fio condutor decente, a história tem a profundidade de um pires (sim, ação pode ter um mínimo de roteiro sim).
Assisti finalmente, apenas para endossar o julgamento geral: este de fato é um dos MAIORES FILMES DA HISTÓRIA, um neoclássico absoluto e um dos dois únicos filmes de ficção científica do século XXI (ao lado de Blade Runner 2049, dirigido também por Villeneuve) a merecer um lugar no panteão dos grandes clássicos do cinema como um todo (uma seletissima lista que inclui Metrópolis, 2001 e outras referências).
O filme não é apenas GRANDIOSO. É milimetricamente pensado, arquitetado e executado, atuado da exata maneira que o gênero exige (nem um segundo que seja de humor fora de hora ou forçação de barra) e inteiramente comprometido em te imergir na história e sentir na pele aqueles personagens e aquele mundo como coisas reais. É obra de um GÊNIO. Claro que esse termo é jogado as traças hoje em dia e, presume-se, é fácil adaptar um material já pronto.
Ledo engano.
É tão difícil que Duna demorou três décadas para ganhar uma adaptação decente. Não, a genialidade de Villeneuve se manifesta quando ele transforma a obra de Frank Herbert NUMA OBRA DELE. Não se trata de simplemente filmar uma história fantasiosa da maneira mais espalhafatosa possível (George Lucas e David Lynch que o digam), mas em filmá-la de modo crível. Villeneuve é o diretor que mais tenta imprimir veracidade à ficção científica. Blade Runner 2049 e A Chegada são ótimos exemplos disso. A fantasia está ali, mas você se sente como que compelido a entrar na "pele" dos personagens. Por isso alguns dizem que o filme é "chato" (adjetivo muito mal aplicado no caso). Querem ação ininterrupta e descerebrada à la Star Wars. Felizmente aqui é outro território.
A comparação com Guerra nas Estrelas é inevitável, mas é pena que poucos percebam que isto aqui é TUDO QUE STAR WARS QUERIA SER, mas não é, entrega tudo que Star Wars só promete entregar. Comparado com Duna, Star Wars é um videogame. Belas imagens, zero profundidade.
Aqui não, temos uma história, temos personagens, temos algo para acompanhar e seguir o desenvolvimento. Não são cenas de luta coreografadas com final óbvio. Claro que a ação está presente, mas que diferença para Star Wars e filmes de ação correlatos. Tudo é pensado para chegar num objetivo certo e definido. Não é nada jogado na tela gratuitamente. ISSO é o que eu espero do cinema propriamente dito. Nada contra a ação genérica, até porque sou fã da Marvel. Mas Duna é outra categoria de filme.
Também falam de Chalamet e Zendaya como atores aquém de seus papéis. Aí mais uma vez temos que entender que Villeneuve sabía o que estava fazendo escalando esses dois. Os atores entregam exatamente o que se exige deles. Chalamet está ótimo, não consigo pensar em outro ator se sua geração para esse papel. E Austin Butler também foi uma adição acertada ao elenco. Dois atores com muito potencial entregando tudo nas mãos de um diretor competente. O que mais queremos?
Os personagens deste filme são otimamente construídos. Os "vilões" são excelentes e anos-luz do maniqueísmo ingênuo de um Darth Vader. Rebecca Ferguson também entrega tudo num papel que parece ter sido escrito para ela. Ela sabe ser ingênua e maliciosa com a mesma facilidade.
São tantas coisas para elogiar neste filme, a trilha sonora encaixada na hora exata, nunca exagerada, nunca grandiloquente, a ambientação perfeita, a linguagem própria respeitada, as cenas de ação milimetricamente pensadas para acontecer na hora certa que eu poderia passar um dia inteiro comentando sobre. Em termos simples: o filme é uma OBRA-PRIMA. Simplesmente isso.
Muito possivelmente teremos em 2025 a quebra de um "tabu" e a vitória, afinal, de uma ficção científica como melhor filme do ano. Mas ainda que isso não aconteça, Duna Parte 2 já fez história. Uma sequência ainda melhor que a primeira parte, que deixa uma grande ansiedade para a parte seguinte e que já é, sem dúvidas, UM DOS MAIORES FILMES DA HISTÓRIA. Eu procuro conhecer todos os clássicos do cinema e afirmo sem pestanejar que estamos aqui no mesmo patamar de O Poderoso Chefão, Ben Hur, E O Vento Levou, Cidadão Kane e 2001. Um daqueles filmes que é feito uma vez a cada década.
E pensar que eu já cheguei a criticar muito todos esses repetitivos filmes de possessão na linha "Exorcista", por achar que são todos mais do mesmo, gritos, sustos, móveis se mexendo e no final um demônio que insiste em se enfiar em outro corpo, só pra começar tudo de novo.
Pelo menos nestes filmecos genéricos existe um arremedo de história. Claro que há um pano de fundo religioso, mas acima de tudo há um trabalho profissional cujo objetivo é entreter.
Aqui o objetivo óbvio é te converter e doutrinar, insistindo na veracidade de duas coisas que JAMAIS foram comprovadas científicamente: a existência de "demônios" e a ocorrência de possessões demoníacas.
O sujeito pode derramar em cima de você TONELADAS de escritos de origem bíblica ou profana sobre o malfadado tema. Tudo o que você tem que pedir é um FIAPO de evidência. Ele não tem esse fiapo pra te dar. Procure ver se você tem paciência para discutir com evangélicos ou católicos sobre o assunto. Mas vá na jugular. Peça EVIDÊNCIAS. Eles não têm para oferecer. Têm, no entanto, uma "missão": te converter. Então vão apelar para o argumento de autoridade (a Bíblia diz, a Igreja demonstrou), sem nunca te apontar as benditas evidências.
Sabe quando você vai encontrar uma pessoa possuída por um demônio em plena luz do dia, no Parque do Ibirapuera? NUNCA. Sabe quando terá a chance de experimentar isso na tua própria família? NUNCA. Se estivéssemos assim no terreno do REAL, de coisas que de fato acontecem, ok, mas com conteúdo de pregação nunca estamos. É pura e simplesmente passar o bastão da propaganda religiosa, "vender o peixe", que no caso atinge uma conotação interessante, não se trata de educar ninguém, de alertar ninguém, de edificar ninguém, trata-se pura e simplesmente da necessidade de colocar mais e mais gente com o rabo sentado dentro de uma igreja ouvindo sermão de padre (credo) ou pastor (pior ainda) e, claro, pagando o dízimo (o principal) infalivelmente.
Enfim, se ainda tivesse um conteúdo educacional seria aceitável. Não tem. É pregação religiosa do tipo que um infame como Edir Macedo tem a cara de pau de fazer toda semana. É a mais pura e simples cegueira religiosa traduzida em algo que supostamente ocorre na vida real exceto que nem eu nem ninguém minimamente racional NUNCA vai ver.
Pelo bem do teu raciocínio, da tua sanidade e do teu BOLSO, fique longe.
É um filme de sobrevivência legítimo e com certeza muitíssimo bem produzido.
Dadas as notórias circunstâncias envolvidas, tiveram o bom senso de reduzir a um mínimo as alusões ao canibalismo. Acredito que todos ali ficaram traumatizados pro resto da vida com tal situação, então não precisava traumatizar o público também.
Não dou nota máxima só porque o final se alonga demais. 30 minutos antes do filme terminar, a história já tinha acabado. Mas fizeram uma bela homenagem as vítimas reais nos momentos finais do filme.
Fiquei com a impressão que se eu fosse da academia, premiaria este filme no lugar de Oppenheimer. É uma história muito mais interessante do ponto de vista humano. No Oppenheimer temos a celebração de um engenho de destruição feito para aniquilar e chantagear a humanidade. Aqui temos uma história real de tragédia e superação, sem excesso de pieguismo. Mas é óbvio que Oppenheimer venceria a parada. Os americanos gostam de dar tapinhas nas próprias costas, mesmo que o vencedor nem de longe seja realmente o melhor filme do ano.
Filme sem pé nem cabeça, depois de assistir fiquei uns três minutos tentando entender do que tratava a história, até perceber que ele nem merece esse esforço.
Isabelle Fuhrman comprova como adulta o talento que já demonstrou como criança em A Órfã. Uma pena que ela é mais uma dessas revelações infantis que, quando adultos, ou desaparecem ou vão para o lado D do cinema.
A nota desse filme aqui é uma piada de mau gosto. Basicamente, ele consegue fazer o que dezenas de outros tentam e não conseguem: criar uma atmosfera de horror convincente.
Nesse sentido é um primo de "A Bruxa", podendo ser assistido em sequência àquele, até por certa semelhança temática. Os atores, em especial as protagonistas, estão tão imersos nos papéis que assusta. E a história em si, embora já explorada em tantas outras histórias, é tão visceralmente triste que merece ser revisitada de vez em quando para lembrarmos do tempo onde as pessoas não podiam se desviar minimamente dos padrões sociais aceitos para não serem transformadas automaticamente em bodes expiatórios.
O que não ficou lá muito bem explicado no filme é o elemento sobrenatural. Acho que deve ser visto mais de uma vez para se entender bem a história. Por isso não mereceria nota máxima, mas dou nota 5 só para contrastar um pouco com as notas baixas aqui, que com certeza não fazem jus ao filme.
Que a MBB é uma boa atriz a gente já sabe desde a primeira cena dela em "Stranger Things".
O que a gente também sabe é que a preparação dela para esse papelzinho aqui não deve ter durado uma semana. Pois esse aqui é o clichê básico dos filmes"disneyanos" do século XXI. Saem as princesas perfeitas, inúteis e choronas, entram as heroínas badass capazes de matar Tarzan, Batman, Indiana Jones, James Bond, Wolverine, Flash Gordon, Sherlock Holmes, etc , etc, de inveja em menos de 90 minutos de existência. É claro que a "damsel in distress" já saiu de moda há muito tempo, é claro que era uma coisa irreal e representava a visão machista do "patriarcado" sobre a condição feminina. Mas isso aqui é menos fantasioso e absurdo?
Pegue qualquer filme de "princesa" que vc tenha visto nos últimos vinte anos e coloque a MBB no lugar. É o mesmo filme. Isso não é uma reclamação contra a "lacração " do filme. É apenas pra deixar claro que não há NADA de minimamente interessante aqui. MBB tem potencial e provavelmente concorrerá a muitos prêmios no futuro. Mas um filmeco desses só serve para ela fazer patrimônio com o mínimo de esforço. Espero que ela saiba selecionar melhor seus papéis no futuro.
Pela primeira vez na história do cinema uma perua (mulher) é "assada" e "servida" num feriado de ação de graças.
Essas e outras situações bizarras são um prato cheio pra quem gosta do jeito Eli Roth de fazer cinema. O gore é exagerado? MUITO. Mas é o que se espera, né?
Surpreendeu-me a presença de Patrick Dempsey nesse filme "B", mas daí lembrei que muitos astros renomados já fizeram filmes de terror. E não é que
Dempsey não apenas participa mas o fizeram o vilão do filme? Acho que ele deve ter imposto essa condição para participar. Queria interpretar um psicopata serial killer de fazer inveja a Michael Myers. E conseguiu. O único problema que eu vi é que o assassino, durante boa parte do filme, não tinha o físico de Dempsey. Ele era visivelmente um cara mais magro. Mas num filme onde mortes impossíveis ocorrem a todo momento, como esperar 100% de coerência?
O filme, apesar dos exageros "rothianos", diverte. A ideia de um vilão ligado ao feriado de ação de graças, me parece, é nova? Curioso já que este É o feriado mais importante nos EUA, mais até que o Natal.
Como um filme slasher NÃO PODE deixar de ter defeitos, o que mais me incomodou neste aqui é que
além da motivação do vilão ser tosca, ele usa de uma violência com as vítimas que não se justifica pelo próprio roteiro. Ok ele querer se vingar, mas suas ações dão a entender que ele SEMPRE foi um psicopata perfeito, só esperando uma desculpa para se "soltar".
Além do mais, como ele, sendo xerife, teve tempo e ocasião de preparar todas aquelas mortes e toda aquela cena final? Teria feito mais sentido se o assassino fosse um dos jovens, o que o roteiro tenta dar a entender a todo custo.
Mesmo com esses detalhes, se vc curte slashers não tem porque não gostar desse filme. É muito, MUITO melhor que Pânico. Só fica o aviso que o gore é PESADO, não é uma boa assistir durante uma refeição.
Não se costuma (e nem se deve) esperar muito dos filmes slasher dos anos 80, década em que o gênero pululava nos cinemas.
Mas não é que este aqui consegue a proeza de ser melhor que os "clássicos" Sexta-feira 13 e A Hora do Pesadelo? Ok, talvez proeza seja um termo forte, afinal os mencionados "clássicos" só fazem jus a esse título em seu sentido mais genérico.
Ao contrário desses dois, aqui temos uma história que faz um mínimo de sentido. Se aproxima de Halloween no sentido de o vilão ser 100% crível (embora, claro, tropecemos nos velhos clichês da invisibilidade e da imverossimilhsnça de várias situações. A história do filme é minimamente interessante e seu desenvolvimento é interessante de acompanhar.
A cena da perseguição na mina é o melhor do filme. O pior, para variar, é o final. Muito tosco e praticamente gritando "Continua".
Um ponto positivo deste filme é que os personagens são adultos, e não os típicos adolescentes insuportáveis de slasher. E como eles têm uma relação entre eles (trabalham numa mina), a história ganha um tom quase dramático.
Eu fico feliz que não tenham transformado esse filme numa franquia tipo Sexta-feira 13, com a repetição do mesmo roteiro 300 vezes.
Desde Carlos Gardel, a sina dos grandes ícones da música é morrer jovem e de forma trágica. Como se os sujeitos tivessem que pagar um preço alto por seu talento.
Bob é um mito absoluto e certamente nenhum filme jamais fará jus a ele.
Cara, antes do holocausto os judeus eram o bode expiatório da humanidade, depois dele eles viraram o alvo favorito de uma pretensa comiseração universal.
Como se por um breve momento, assistindo um filme sobre as famosíssimas atrocidades nazistas, todos pudessem se dar ao luxo de serem humanos, ou seja, de SE IMPORTAR.
É como se as pessoas não soubessem o mundo em que elas vivem. Elas não enxergam o mundo a sua volta. Tudo isso que aconteceu na Alemanha e na Europa na década de 1940 acontece desde sempre e ESTÁ ACONTECENDO AGORA. Em algum ou em vários lugares do mundo. Onde está nossa comiseração? Pior, PARA QUE SERVE nossa comiseração? Se há holocaustos e genocídios acontecendo AGORA e isso não impede a gente de postar videozinhos no TikTok ou comer no McDonald's, PARA QUE SERVE nossa comiseração?
Eu lembro que meu primeiro contato com o holocausto foi através da leitura do famoso livro "Exodus" de Leon Uris. Ótimo livro. Ali eu me comovi e até chorei de verdade. Depois, claro, vi "A Lista de Schindler" e mais trocentos filmes, docs e matérias sobre o infame evento. Hoje não sinto mais NADA. O assunto foi explorado de tal forma, se tornou tão banalizado, que me surpreende que algum diretor ou escritor ainda tente tirar algo dali. Não tem mais o que dizer. Foi atriz? Foi. E o resto das nossas atrocidades? E o NOSSO genocídio? E as NOSSAS vítimas? Não comovem ninguém? Se, SE o holocausto tivesse sido um episódio único e a partir dele, a humanidade tivesse "melhorado", seria compreensível olharmos o passado e dizer: "Veja como evoluímos!" Mas a humanidade continua A MESMA. Tudo continua IGUAL. Campos de concentração devem existir em inúmeros lugares do mundo. Onde está nossa indignação a respeito deles? Se não existe indignação quanto à miséria do presente, é porque a própria indignação não existe. A própria indignação e a própria comiseração quanto ao genocídio judeu é uma farsa. Mas uma farsa que conforta. E dá prêmios.
Não importa o quanto o diretor seja consagrado e quanto o filme seja elogiado, não consigo mais assistir NADA que diga respeito ao holocausto.
Por trás de todo grande homem existe uma grande mulher.
Ou melhor seria dizer: por trás de todo grande homem existe um MITO. Uma lenda. Uma criação da imaginação humana.
Napoleão é tido, desde sempre, como um dos maiores homens da história. Mas uma mulher o colocava de joelhos. Essa aparente discrepância só existe para quem analisa a vida através de um prisma simplista e superficial. É óbvio que Napoleão, o homem, tinha motivações e paixões próprias em sua vida, coisas muito distantes do que heroicamente se imagina (a glória da França, a salvação da Europa). Se quiser enxergar alguma grandeza nele, você tem que se dispor a primeiro enxergar a pequenez, a mediocridade, o homem que se desespera por não receber notícias de quem realmente lhe importa na vida.
Nesse sentido este filme conversa com uma opinião pessoal que tenho de Bonaparte há muito tempo, e que se cristalizou com a leitura do épico "Guerra e Paz", de Leo Tolstoy. Nessa obra, Napoleão é impiedosamente analisado como um déspota frio, mesquinho, um sujeito que se via no centro do mundo e não se importava com quantos morriam para cristalizar sua glória, um homem sem nenhuma qualidade que justificasse toda a admiração que ele recebia por toda a Europa. Essa visão peculiar de Tolstoy talvez tenha a ver com o fato de Bonaparte ter encontrado na Rússia o grande desafio, e a grande derrota, de sua carreira.
Porque, no auge de seu egocentrismo, o sujeito não entendia que TUDO está fadado a terminar, a sucumbir, mais cedo ou mais tarde. Napoleão se julgava o novo César, o novo Alexandre, e, como esses dois, foi derrotado por um inimigo o qual sequer imaginava. César foi apunhalado por alguém a quem amava, Alexandre sucumbiu a uma doença na flor da idade. E Bonaparte caiu diante da imensidão do inverno russo.
Recomendo, a quem nunca leu, a leitura do ensaio de Tolstoy sobre Napoleão como complemento a este filme. Tolstoy me ensinou a não admirar pseudo gigantes como Napoleão.
Ridley Scott difícilmente decepciona quando está dentro de seu elemento típico (o GRANDE cinema, o cinema no sentido clássico, o cinema propriamente dito). É um contador de historias classe A e as conta sumamente bem. Faz parte de um reduzido grupo de cineastas que se esforça ao máximo para dar ao público uma história palatável, assistível por qualquer um (até o sexo é sempre reduzido a um mínimo estritamente necessário), com começo, meio e fim, sem grandes estardalhaços, exageros ou personagens histéricos.
Seus filmes são, assim, SEMPRE, 100% assistíveis. É um cineasta de alto padrão, um dos genuinamente grandes da história.
Com Napoleão não seria diferente.
Ao saber da existência deste filme, imaginei que seria de cara um concorrente óbvio a muitos Oscars. Joaquin Phoenix já era para mim o vencedor antes mesmo do filme ser lançado. Depois de uma performance fenomenal como Coringa, interpretar uma figura histórica pouquíssimo frequente no cinema como Napoleão parecia o passaporte para a glória definitiva.
Mas o filme só concorre a prêmios técnicos no Oscar, o que indica que a produção tem seus problemas.
Um problema que eu percebi é que há algo de OFF na caracterização de Phoenix como Napoleão. Não é um trabalho impecável, que nos deixe de boca aberta, como Coringa. Para começar, a produção errou na maquiagem do personagem. Logo no início do filme, quando da decapitação de Maria Antonieta, o personagem já aparece bem mais velho do que seria sua idade na época. Com todos os recursos de hoje, não custaria nada rejuvenescer Phoenix de forma convincente. Quando Napoleão já está mais velho, a sua aparência não condiz com a imagem que temos do mesmo. Assim como Austin Butler em Elvis, aparentemente Phoenix não quis engordar para viver Napoleão.
Fora esses detalhes, às vezes a atuação parece um ou dois tons abaixo do esperado. Para dizer de modo simples: às vezes Phoenix parece PERDIDO no papel. Ele não parece um sujeito em meio a momentos CRUCIAIS da história européia. Só em poucas cenas vemos uma entrega real e transparece a figura real de Napoleão Bonaparte na interpretação. No geral, eu daria nota 7,5 para Joaquin Phoenix e nota 9 para Vanessa Kirby. A nenhum dos dois eu daria um Oscar, sem dúvidas.
Os aspectos técnicos do filme não merecem reparos. Como eu disse, é Ridley Scott, é o GRANDE cinema. As cenas de batalha são suficientemente convincentes. Esse tipo de cena é trabalhosa para ambos, diretor E público. No calor da batalha, dos corpos sendo empilhados, a gente perde noção de quem está lutando contra quem. Por isso acho que Scott acertou em dosar as cenas de batalha, focando-se em as entrelaçar com momentos históricos essenciais da vida de Napoleão.
Resta saber se a prometida versão completa do filme, com 4 horas de duração, vai apresentar uma versão das grandes batalhas de Napoleão que satisfaça mais os "anseios" do grande público.
Um outro problema bem perceptível no filme é que ele "pula" de um momento histórico a outro sem muito sentido de continuidade. Não entendemos sequer quantos anos Napoleão tem em uma cena ou outra, pois a maquiagem, como eu já disse, falhou nesse quesito (Phoenix está com a mesma aparência da primeira à última cena). Personagens históricos vão desfilando na história sem que nos apercebamos mesmo quem são. Talvez esse problema seja resolvido na versão estendida. Se não for, talvez fosse melhor se concentrar em um momento específico da vida do biografado.
Tirando a maquiagem, os outros aspectos técnicos do filme não têm defeitos. Figurino, trilha sonora, montagem, edição, tudo impecável.
Last but not least: boa sacada de Scott colocar os números de VÍTIMAS das guerras napoleônicas no final do filme. Mostrando que por trás do suposto "herói" havia um tirano que pouco se importava com quanto sangue derramava.
Vou ficar no aguardo da prometida edição completa para ver se mudo minha nota para cima.
meio vago, poderia deixar claro se a intenção dos personagens "deu certo" ou não
A "máquina do tempo" em si é uma coisa extremamente confusa de entender. Na verdade eu nunca achei que esse conceito de viagem no tempo fizesse algum sentido e o texto deste filme não torna as coisas mais claras. Tipo
voltaram no tempo e "mataram" o cara que atropelou o Mal. Certo. Como fizeram isso? Quem matou ele? Em que momento ele morreu? Ou não mataram, ele "morreu" numa espécie de realidade alternativa? Como acertaram em ir exatamente para essa realidade?
Não faz muito sentido ao meu ver, mas já que relevamos o absurdo em "Ultimato", por que não aqui?
Xógum: A Gloriosa Saga do Japão (1ª Temporada)
4.1 118 Assista AgoraNão entendi porque "a gloriosa saga do Japão" necessita de personagens ocidentais para ser contada.
Especialmente quando o "ocidente" é representado por um personagem chatíssimo como esse tal "Anjin". O ator é fraquíssimo e não dá conta do papel que tem em mãos. Enquanto os atores japoneses entregam tudo o que podem, o ator americano, que pasmem, é o "herói" da história, parece mais perdido que cego em tiroteio.
Sei que a história é baseada num livro escrito por um ocidental. Mas o que custava centrar a história toda em torno de personagens japoneses? Ou, se é para incluir pessoas ocidentais, por que não personagens carismáticos?
Não se trata de uma série ruim, a produção é nível HBO, mas fiquei sentindo falta da "saga do Japão" prometida. Xoguns, samurais, código de honra, harakiri, seppuku, lutas e batalhas memoráveis, etc. No final, parece que tudo isso é mero pano de fundo de um romance interracial que ninguém pediu para ver. Já vimos "Pocahontas" antes, aqui o prometido (e não cumprido) é a "gloriosa saga do Japão".
Por isso é desonesto dar nota máxima para esta série, mesmo com a produção de alto nível e os ótimos atores japoneses.
Só a escalação equivocada de Cosmo Jarvis já tira ponto da história. O ritmo arrastado também ajuda a baixar a nota.
Matador de Aluguel
3.1 272 Assista AgoraFilme muito, mas MUITO fraco.
A única coisa que se salva é o Jake Gyllenhaal, que, como sempre, se esforça para dar um mínimo de coerência ao personagem. Mas ele não pode salvar um retalho de história desses.
As situações e personagens são totalmente aleatórias e nada daquilo parece ter nenhuma necessidade de ocorrer. Os caras brigam e trocam socos como se estivessem brincando, o que tira qualquer tensão que se poderia criar. E o próprio "matador" do título age o tempo todo com aquele ar de quem está protegido pelas conveniências do roteiro.
Claro que o prometido é clichê. Mas existe clichê bem trabalhado e clichê pessimamente desenvolvido. Assim como entretenimento BOM e entretenimento RUIM.
Não precisei assistir o original pra saber que deve ser muito melhor que isto aqui.
Zona de Risco
3.2 39 Assista AgoraExistem filmes de ação BONS e filmes de ação RUINS, independente dos clichês onipresentes no gênero.
Este aqui é dos RUINS. Parece um videogame, você pula de cenário em cenário, mas não tem um fio condutor decente, a história tem a profundidade de um pires (sim, ação pode ter um mínimo de roteiro sim).
Duna: Parte 2
4.4 629Assisti finalmente, apenas para endossar o julgamento geral: este de fato é um dos MAIORES FILMES DA HISTÓRIA, um neoclássico absoluto e um dos dois únicos filmes de ficção científica do século XXI (ao lado de Blade Runner 2049, dirigido também por Villeneuve) a merecer um lugar no panteão dos grandes clássicos do cinema como um todo (uma seletissima lista que inclui Metrópolis, 2001 e outras referências).
O filme não é apenas GRANDIOSO. É milimetricamente pensado, arquitetado e executado, atuado da exata maneira que o gênero exige (nem um segundo que seja de humor fora de hora ou forçação de barra) e inteiramente comprometido em te imergir na história e sentir na pele aqueles personagens e aquele mundo como coisas reais. É obra de um GÊNIO. Claro que esse termo é jogado as traças hoje em dia e, presume-se, é fácil adaptar um material já pronto.
Ledo engano.
É tão difícil que Duna demorou três décadas para ganhar uma adaptação decente. Não, a genialidade de Villeneuve se manifesta quando ele transforma a obra de Frank Herbert NUMA OBRA DELE. Não se trata de simplemente filmar uma história fantasiosa da maneira mais espalhafatosa possível (George Lucas e David Lynch que o digam), mas em filmá-la de modo crível. Villeneuve é o diretor que mais tenta imprimir veracidade à ficção científica. Blade Runner 2049 e A Chegada são ótimos exemplos disso. A fantasia está ali, mas você se sente como que compelido a entrar na "pele" dos personagens. Por isso alguns dizem que o filme é "chato" (adjetivo muito mal aplicado no caso). Querem ação ininterrupta e descerebrada à la Star Wars. Felizmente aqui é outro território.
A comparação com Guerra nas Estrelas é inevitável, mas é pena que poucos percebam que isto aqui é TUDO QUE STAR WARS QUERIA SER, mas não é, entrega tudo que Star Wars só promete entregar. Comparado com Duna, Star Wars é um videogame. Belas imagens, zero profundidade.
Aqui não, temos uma história, temos personagens, temos algo para acompanhar e seguir o desenvolvimento. Não são cenas de luta coreografadas com final óbvio. Claro que a ação está presente, mas que diferença para Star Wars e filmes de ação correlatos. Tudo é pensado para chegar num objetivo certo e definido. Não é nada jogado na tela gratuitamente. ISSO é o que eu espero do cinema propriamente dito. Nada contra a ação genérica, até porque sou fã da Marvel. Mas Duna é outra categoria de filme.
Também falam de Chalamet e Zendaya como atores aquém de seus papéis. Aí mais uma vez temos que entender que Villeneuve sabía o que estava fazendo escalando esses dois. Os atores entregam exatamente o que se exige deles. Chalamet está ótimo, não consigo pensar em outro ator se sua geração para esse papel. E Austin Butler também foi uma adição acertada ao elenco. Dois atores com muito potencial entregando tudo nas mãos de um diretor competente. O que mais queremos?
Os personagens deste filme são otimamente construídos. Os "vilões" são excelentes e anos-luz do maniqueísmo ingênuo de um Darth Vader. Rebecca Ferguson também entrega tudo num papel que parece ter sido escrito para ela. Ela sabe ser ingênua e maliciosa com a mesma facilidade.
São tantas coisas para elogiar neste filme, a trilha sonora encaixada na hora exata, nunca exagerada, nunca grandiloquente, a ambientação perfeita, a linguagem própria respeitada, as cenas de ação milimetricamente pensadas para acontecer na hora certa que eu poderia passar um dia inteiro comentando sobre. Em termos simples: o filme é uma OBRA-PRIMA. Simplesmente isso.
Muito possivelmente teremos em 2025 a quebra de um "tabu" e a vitória, afinal, de uma ficção científica como melhor filme do ano. Mas ainda que isso não aconteça, Duna Parte 2 já fez história. Uma sequência ainda melhor que a primeira parte, que deixa uma grande ansiedade para a parte seguinte e que já é, sem dúvidas, UM DOS MAIORES FILMES DA HISTÓRIA. Eu procuro conhecer todos os clássicos do cinema e afirmo sem pestanejar que estamos aqui no mesmo patamar de O Poderoso Chefão, Ben Hur, E O Vento Levou, Cidadão Kane e 2001. Um daqueles filmes que é feito uma vez a cada década.
Absolutamente brilhante.
A Maldição de Raven's Hollow
2.3 9 Assista AgoraPerfeitamente assistível e com uma vibe "Sleepy Hollow". Não é uma adaptação de "O Corvo", mas sim o "caso" que inspirou sua escrita.
Edgar Poe era tão interessante como escritor quanto como figura humana en si, pena que o filme explora pouco o lado biográfico dele.
Nefasto
3.4 202 Assista AgoraE pensar que eu já cheguei a criticar muito todos esses repetitivos filmes de possessão na linha "Exorcista", por achar que são todos mais do mesmo, gritos, sustos, móveis se mexendo e no final um demônio que insiste em se enfiar em outro corpo, só pra começar tudo de novo.
Pelo menos nestes filmecos genéricos existe um arremedo de história. Claro que há um pano de fundo religioso, mas acima de tudo há um trabalho profissional cujo objetivo é entreter.
Aqui o objetivo óbvio é te converter e doutrinar, insistindo na veracidade de duas coisas que JAMAIS foram comprovadas científicamente: a existência de "demônios" e a ocorrência de possessões demoníacas.
O sujeito pode derramar em cima de você TONELADAS de escritos de origem bíblica ou profana sobre o malfadado tema. Tudo o que você tem que pedir é um FIAPO de evidência. Ele não tem esse fiapo pra te dar. Procure ver se você tem paciência para discutir com evangélicos ou católicos sobre o assunto. Mas vá na jugular. Peça EVIDÊNCIAS. Eles não têm para oferecer. Têm, no entanto, uma "missão": te converter. Então vão apelar para o argumento de autoridade (a Bíblia diz, a Igreja demonstrou), sem nunca te apontar as benditas evidências.
Sabe quando você vai encontrar uma pessoa possuída por um demônio em plena luz do dia, no Parque do Ibirapuera? NUNCA. Sabe quando terá a chance de experimentar isso na tua própria família? NUNCA. Se estivéssemos assim no terreno do REAL, de coisas que de fato acontecem, ok, mas com conteúdo de pregação nunca estamos. É pura e simplesmente passar o bastão da propaganda religiosa, "vender o peixe", que no caso atinge uma conotação interessante, não se trata de educar ninguém, de alertar ninguém, de edificar ninguém, trata-se pura e simplesmente da necessidade de colocar mais e mais gente com o rabo sentado dentro de uma igreja ouvindo sermão de padre (credo) ou pastor (pior ainda) e, claro, pagando o dízimo (o principal) infalivelmente.
Enfim, se ainda tivesse um conteúdo educacional seria aceitável. Não tem. É pregação religiosa do tipo que um infame como Edir Macedo tem a cara de pau de fazer toda semana. É a mais pura e simples cegueira religiosa traduzida em algo que supostamente ocorre na vida real exceto que nem eu nem ninguém minimamente racional NUNCA vai ver.
Pelo bem do teu raciocínio, da tua sanidade e do teu BOLSO, fique longe.
Nota zero.
Megalomaniac
2.7 32 Assista AgoraMeu estômago me fez desistir com vinte minutos de filme.
Quem sabe um dia, com o estômago mais forte, eu consiga chegar até a metade.
A Rainha Guerreira
2.1 6 Assista AgoraNão é um épico de Ridley Scott.
Mas é assistível.
Não senti vontade de desligar a televisão em nenhum momento. Isso é um bom sinal.
Só algumas coisas dão "aquela" forçada de barra, mas aí é só lembrar que estamos no mundo da fantasia, não dos documentários.
A Primeira Profecia
3.5 87Duvido muito que se equipare ao clássico de 1976, mas com certeza deve ser melhor que aquela série "Damien" de alguns anos atrás.
A Sociedade da Neve
4.2 720 Assista AgoraÉ um filme de sobrevivência legítimo e com certeza muitíssimo bem produzido.
Dadas as notórias circunstâncias envolvidas, tiveram o bom senso de reduzir a um mínimo as alusões ao canibalismo. Acredito que todos ali ficaram traumatizados pro resto da vida com tal situação, então não precisava traumatizar o público também.
Não dou nota máxima só porque o final se alonga demais. 30 minutos antes do filme terminar, a história já tinha acabado. Mas fizeram uma bela homenagem as vítimas reais nos momentos finais do filme.
Fiquei com a impressão que se eu fosse da academia, premiaria este filme no lugar de Oppenheimer. É uma história muito mais interessante do ponto de vista humano. No Oppenheimer temos a celebração de um engenho de destruição feito para aniquilar e chantagear a humanidade. Aqui temos uma história real de tragédia e superação, sem excesso de pieguismo. Mas é óbvio que Oppenheimer venceria a parada. Os americanos gostam de dar tapinhas nas próprias costas, mesmo que o vencedor nem de longe seja realmente o melhor filme do ano.
Os Fantasmas da Segunda-Feira
0.8 13 Assista AgoraFilme sem pé nem cabeça, depois de assistir fiquei uns três minutos tentando entender do que tratava a história, até perceber que ele nem merece esse esforço.
A Última Coisa Que Mary Viu
2.3 11 Assista AgoraIsabelle Fuhrman comprova como adulta o talento que já demonstrou como criança em A Órfã. Uma pena que ela é mais uma dessas revelações infantis que, quando adultos, ou desaparecem ou vão para o lado D do cinema.
A nota desse filme aqui é uma piada de mau gosto. Basicamente, ele consegue fazer o que dezenas de outros tentam e não conseguem: criar uma atmosfera de horror convincente.
Nesse sentido é um primo de "A Bruxa", podendo ser assistido em sequência àquele, até por certa semelhança temática. Os atores, em especial as protagonistas, estão tão imersos nos papéis que assusta. E a história em si, embora já explorada em tantas outras histórias, é tão visceralmente triste que merece ser revisitada de vez em quando para lembrarmos do tempo onde as pessoas não podiam se desviar minimamente dos padrões sociais aceitos para não serem transformadas automaticamente em bodes expiatórios.
O que não ficou lá muito bem explicado no filme é o elemento sobrenatural. Acho que deve ser visto mais de uma vez para se entender bem a história. Por isso não mereceria nota máxima, mas dou nota 5 só para contrastar um pouco com as notas baixas aqui, que com certeza não fazem jus ao filme.
Donzela
3.1 292 Assista AgoraQue a MBB é uma boa atriz a gente já sabe desde a primeira cena dela em "Stranger Things".
O que a gente também sabe é que a preparação dela para esse papelzinho aqui não deve ter durado uma semana. Pois esse aqui é o clichê básico dos filmes"disneyanos" do século XXI. Saem as princesas perfeitas, inúteis e choronas, entram as heroínas badass capazes de matar Tarzan, Batman, Indiana Jones, James Bond, Wolverine, Flash Gordon, Sherlock Holmes, etc , etc, de inveja em menos de 90 minutos de existência. É claro que a "damsel in distress" já saiu de moda há muito tempo, é claro que era uma coisa irreal e representava a visão machista do "patriarcado" sobre a condição feminina. Mas isso aqui é menos fantasioso e absurdo?
Pegue qualquer filme de "princesa" que vc tenha visto nos últimos vinte anos e coloque a MBB no lugar. É o mesmo filme. Isso não é uma reclamação contra a "lacração " do filme. É apenas pra deixar claro que não há NADA de minimamente interessante aqui. MBB tem potencial e provavelmente concorrerá a muitos prêmios no futuro. Mas um filmeco desses só serve para ela fazer patrimônio com o mínimo de esforço. Espero que ela saiba selecionar melhor seus papéis no futuro.
Sequestrando Chaplin
1.4 3 Assista AgoraDigamos assim, está longe, LONGE de ser um grande filme. Mas que tu vai dar umas risadas das situações insólitas mostradas, isso vai dar.
A relação entre os dois irmãos é o melhor que a película tem a oferecer.
Duna: Parte 2
4.4 62998% de aprovação na Rotten Tomatoes.
A Marvel vai convocar o Villeneuve.
Matador de Aluguel
3.1 272 Assista AgoraJake dificilmente decepciona.
O Predador
2.5 649O protagonista deste filme é um personagem de comédia num filme de terror. Ele sozinho já estraga o filme. Para piorar, à comédia juntam a PIEGUICE.
Dizem que os filmes "Alien x Predador" são bombas. Pois eles são ótimos diantes "disso" aqui.
Feriado Sangrento
3.1 402Pela primeira vez na história do cinema uma perua (mulher) é "assada" e "servida" num feriado de ação de graças.
Essas e outras situações bizarras são um prato cheio pra quem gosta do jeito Eli Roth de fazer cinema. O gore é exagerado? MUITO. Mas é o que se espera, né?
Surpreendeu-me a presença de Patrick Dempsey nesse filme "B", mas daí lembrei que muitos astros renomados já fizeram filmes de terror. E não é que
Dempsey não apenas participa mas o fizeram o vilão do filme? Acho que ele deve ter imposto essa condição para participar. Queria interpretar um psicopata serial killer de fazer inveja a Michael Myers. E conseguiu. O único problema que eu vi é que o assassino, durante boa parte do filme, não tinha o físico de Dempsey. Ele era visivelmente um cara mais magro. Mas num filme onde mortes impossíveis ocorrem a todo momento, como esperar 100% de coerência?
O filme, apesar dos exageros "rothianos", diverte. A ideia de um vilão ligado ao feriado de ação de graças, me parece, é nova? Curioso já que este É o feriado mais importante nos EUA, mais até que o Natal.
Como um filme slasher NÃO PODE deixar de ter defeitos, o que mais me incomodou neste aqui é que
além da motivação do vilão ser tosca, ele usa de uma violência com as vítimas que não se justifica pelo próprio roteiro. Ok ele querer se vingar, mas suas ações dão a entender que ele SEMPRE foi um psicopata perfeito, só esperando uma desculpa para se "soltar".
Além do mais, como ele, sendo xerife, teve tempo e ocasião de preparar todas aquelas mortes e toda aquela cena final? Teria feito mais sentido se o assassino fosse um dos jovens, o que o roteiro tenta dar a entender a todo custo.
Mesmo com esses detalhes, se vc curte slashers não tem porque não gostar desse filme. É muito, MUITO melhor que Pânico. Só fica o aviso que o gore é PESADO, não é uma boa assistir durante uma refeição.
O Dia dos Namorados Macabro
3.0 228Não se costuma (e nem se deve) esperar muito dos filmes slasher dos anos 80, década em que o gênero pululava nos cinemas.
Mas não é que este aqui consegue a proeza de ser melhor que os "clássicos" Sexta-feira 13 e A Hora do Pesadelo? Ok, talvez proeza seja um termo forte, afinal os mencionados "clássicos" só fazem jus a esse título em seu sentido mais genérico.
Ao contrário desses dois, aqui temos uma história que faz um mínimo de sentido. Se aproxima de Halloween no sentido de o vilão ser 100% crível (embora, claro, tropecemos nos velhos clichês da invisibilidade e da imverossimilhsnça de várias situações. A história do filme é minimamente interessante e seu desenvolvimento é interessante de acompanhar.
A cena da perseguição na mina é o melhor do filme. O pior, para variar, é o final. Muito tosco e praticamente gritando "Continua".
Um ponto positivo deste filme é que os personagens são adultos, e não os típicos adolescentes insuportáveis de slasher. E como eles têm uma relação entre eles (trabalham numa mina), a história ganha um tom quase dramático.
Eu fico feliz que não tenham transformado esse filme numa franquia tipo Sexta-feira 13, com a repetição do mesmo roteiro 300 vezes.
Nota 8.
Bob Marley: One Love
3.2 133Desde Carlos Gardel, a sina dos grandes ícones da música é morrer jovem e de forma trágica. Como se os sujeitos tivessem que pagar um preço alto por seu talento.
Bob é um mito absoluto e certamente nenhum filme jamais fará jus a ele.
Zona de Interesse
3.6 594 Assista AgoraCara, antes do holocausto os judeus eram o bode expiatório da humanidade, depois dele eles viraram o alvo favorito de uma pretensa comiseração universal.
Como se por um breve momento, assistindo um filme sobre as famosíssimas atrocidades nazistas, todos pudessem se dar ao luxo de serem humanos, ou seja, de SE IMPORTAR.
É como se as pessoas não soubessem o mundo em que elas vivem. Elas não enxergam o mundo a sua volta. Tudo isso que aconteceu na Alemanha e na Europa na década de 1940 acontece desde sempre e ESTÁ ACONTECENDO AGORA. Em algum ou em vários lugares do mundo. Onde está nossa comiseração? Pior, PARA QUE SERVE nossa comiseração? Se há holocaustos e genocídios acontecendo AGORA e isso não impede a gente de postar videozinhos no TikTok ou comer no McDonald's, PARA QUE SERVE nossa comiseração?
Eu lembro que meu primeiro contato com o holocausto foi através da leitura do famoso livro "Exodus" de Leon Uris. Ótimo livro. Ali eu me comovi e até chorei de verdade. Depois, claro, vi "A Lista de Schindler" e mais trocentos filmes, docs e matérias sobre o infame evento. Hoje não sinto mais NADA. O assunto foi explorado de tal forma, se tornou tão banalizado, que me surpreende que algum diretor ou escritor ainda tente tirar algo dali. Não tem mais o que dizer. Foi atriz? Foi. E o resto das nossas atrocidades? E o NOSSO genocídio? E as NOSSAS vítimas? Não comovem ninguém? Se, SE o holocausto tivesse sido um episódio único e a partir dele, a humanidade tivesse "melhorado", seria compreensível olharmos o passado e dizer: "Veja como evoluímos!" Mas a humanidade continua A MESMA. Tudo continua IGUAL. Campos de concentração devem existir em inúmeros lugares do mundo. Onde está nossa indignação a respeito deles? Se não existe indignação quanto à miséria do presente, é porque a própria indignação não existe. A própria indignação e a própria comiseração quanto ao genocídio judeu é uma farsa. Mas uma farsa que conforta. E dá prêmios.
Não importa o quanto o diretor seja consagrado e quanto o filme seja elogiado, não consigo mais assistir NADA que diga respeito ao holocausto.
Napoleão
3.1 323 Assista AgoraPor trás de todo grande homem existe uma grande mulher.
Ou melhor seria dizer: por trás de todo grande homem existe um MITO. Uma lenda. Uma criação da imaginação humana.
Napoleão é tido, desde sempre, como um dos maiores homens da história. Mas uma mulher o colocava de joelhos. Essa aparente discrepância só existe para quem analisa a vida através de um prisma simplista e superficial. É óbvio que Napoleão, o homem, tinha motivações e paixões próprias em sua vida, coisas muito distantes do que heroicamente se imagina (a glória da França, a salvação da Europa). Se quiser enxergar alguma grandeza nele, você tem que se dispor a primeiro enxergar a pequenez, a mediocridade, o homem que se desespera por não receber notícias de quem realmente lhe importa na vida.
Nesse sentido este filme conversa com uma opinião pessoal que tenho de Bonaparte há muito tempo, e que se cristalizou com a leitura do épico "Guerra e Paz", de Leo Tolstoy. Nessa obra, Napoleão é impiedosamente analisado como um déspota frio, mesquinho, um sujeito que se via no centro do mundo e não se importava com quantos morriam para cristalizar sua glória, um homem sem nenhuma qualidade que justificasse toda a admiração que ele recebia por toda a Europa. Essa visão peculiar de Tolstoy talvez tenha a ver com o fato de Bonaparte ter encontrado na Rússia o grande desafio, e a grande derrota, de sua carreira.
Porque, no auge de seu egocentrismo, o sujeito não entendia que TUDO está fadado a terminar, a sucumbir, mais cedo ou mais tarde. Napoleão se julgava o novo César, o novo Alexandre, e, como esses dois, foi derrotado por um inimigo o qual sequer imaginava. César foi apunhalado por alguém a quem amava, Alexandre sucumbiu a uma doença na flor da idade. E Bonaparte caiu diante da imensidão do inverno russo.
Recomendo, a quem nunca leu, a leitura do ensaio de Tolstoy sobre Napoleão como complemento a este filme. Tolstoy me ensinou a não admirar pseudo gigantes como Napoleão.
Ridley Scott difícilmente decepciona quando está dentro de seu elemento típico (o GRANDE cinema, o cinema no sentido clássico, o cinema propriamente dito). É um contador de historias classe A e as conta sumamente bem. Faz parte de um reduzido grupo de cineastas que se esforça ao máximo para dar ao público uma história palatável, assistível por qualquer um (até o sexo é sempre reduzido a um mínimo estritamente necessário), com começo, meio e fim, sem grandes estardalhaços, exageros ou personagens histéricos.
Seus filmes são, assim, SEMPRE, 100% assistíveis. É um cineasta de alto padrão, um dos genuinamente grandes da história.
Com Napoleão não seria diferente.
Ao saber da existência deste filme, imaginei que seria de cara um concorrente óbvio a muitos Oscars. Joaquin Phoenix já era para mim o vencedor antes mesmo do filme ser lançado. Depois de uma performance fenomenal como Coringa, interpretar uma figura histórica pouquíssimo frequente no cinema como Napoleão parecia o passaporte para a glória definitiva.
Mas o filme só concorre a prêmios técnicos no Oscar, o que indica que a produção tem seus problemas.
Um problema que eu percebi é que há algo de OFF na caracterização de Phoenix como Napoleão. Não é um trabalho impecável, que nos deixe de boca aberta, como Coringa. Para começar, a produção errou na maquiagem do personagem. Logo no início do filme, quando da decapitação de Maria Antonieta, o personagem já aparece bem mais velho do que seria sua idade na época. Com todos os recursos de hoje, não custaria nada rejuvenescer Phoenix de forma convincente. Quando Napoleão já está mais velho, a sua aparência não condiz com a imagem que temos do mesmo. Assim como Austin Butler em Elvis, aparentemente Phoenix não quis engordar para viver Napoleão.
Fora esses detalhes, às vezes a atuação parece um ou dois tons abaixo do esperado. Para dizer de modo simples: às vezes Phoenix parece PERDIDO no papel. Ele não parece um sujeito em meio a momentos CRUCIAIS da história européia. Só em poucas cenas vemos uma entrega real e transparece a figura real de Napoleão Bonaparte na interpretação. No geral, eu daria nota 7,5 para Joaquin Phoenix e nota 9 para Vanessa Kirby. A nenhum dos dois eu daria um Oscar, sem dúvidas.
Os aspectos técnicos do filme não merecem reparos. Como eu disse, é Ridley Scott, é o GRANDE cinema. As cenas de batalha são suficientemente convincentes. Esse tipo de cena é trabalhosa para ambos, diretor E público. No calor da batalha, dos corpos sendo empilhados, a gente perde noção de quem está lutando contra quem. Por isso acho que Scott acertou em dosar as cenas de batalha, focando-se em as entrelaçar com momentos históricos essenciais da vida de Napoleão.
Resta saber se a prometida versão completa do filme, com 4 horas de duração, vai apresentar uma versão das grandes batalhas de Napoleão que satisfaça mais os "anseios" do grande público.
Um outro problema bem perceptível no filme é que ele "pula" de um momento histórico a outro sem muito sentido de continuidade. Não entendemos sequer quantos anos Napoleão tem em uma cena ou outra, pois a maquiagem, como eu já disse, falhou nesse quesito (Phoenix está com a mesma aparência da primeira à última cena). Personagens históricos vão desfilando na história sem que nos apercebamos mesmo quem são. Talvez esse problema seja resolvido na versão estendida. Se não for, talvez fosse melhor se concentrar em um momento específico da vida do biografado.
Tirando a maquiagem, os outros aspectos técnicos do filme não têm defeitos. Figurino, trilha sonora, montagem, edição, tudo impecável.
Last but not least: boa sacada de Scott colocar os números de VÍTIMAS das guerras napoleônicas no final do filme. Mostrando que por trás do suposto "herói" havia um tirano que pouco se importava com quanto sangue derramava.
Vou ficar no aguardo da prometida edição completa para ver se mudo minha nota para cima.
As Marvels
2.7 405 Assista AgoraVamos simplesmente esquecer que este filme foi feito, fingir que não estamos vendo Deadpool 3 nas telas e aguardar Quarteto Fantástico e X-Men.
O MCU ainda não morreu.
Aporia
2.8 13 Assista AgoraViagem no tempo + efeito borboleta. Ideia explorada à exaustão em outros filmes.
Esse aqui não é de fato mau. Só não gostei do final
meio vago, poderia deixar claro se a intenção dos personagens "deu certo" ou não
A "máquina do tempo" em si é uma coisa extremamente confusa de entender. Na verdade eu nunca achei que esse conceito de viagem no tempo fizesse algum sentido e o texto deste filme não torna as coisas mais claras. Tipo
voltaram no tempo e "mataram" o cara que atropelou o Mal. Certo. Como fizeram isso? Quem matou ele? Em que momento ele morreu? Ou não mataram, ele "morreu" numa espécie de realidade alternativa? Como acertaram em ir exatamente para essa realidade?
Não faz muito sentido ao meu ver, mas já que relevamos o absurdo em "Ultimato", por que não aqui?
Nota 6.