em tempo: se o filme fosse uma SEQUÊNCIA do original, mostrando que Esther já não consegue disfarçar muito bem a real idade dela, funcionaria muito melhor.
Este filme é tão importante, historicamente, como Pantera Negra.
Pena que não vai bater a bilheteria.
Porque este é o lado forte e empoderado do homem negro, ou melhor da MULHER negra que até hoje nunca foi devidamente mostrado no cinema.
A forma como a luta contra a escravidão poderia ter sido mais bem sucedida se a maioria preferisse A MORTE a correntes pega fundo quem tem alguma sensibilidade REAL. Os europeus nunca foram moralmente, intelectualmente ou fisicamente superiores aos africanos. Os donos da civilização foram apenas mais ESPERTOS.
É ficcional? É exagerado? Claro, bem-vindo à Hollywood. Mas se tu assistir como uma metáfora "blockbuster" da luta africana pela sobrevivência (luta muito mais aguerrida devido às condições peculiares da África), vai assistir com outros olhos.
Viola Davis, claro, TINHA que ser a protagonista, já que ela é A atriz negra da atualidade.
Independente dos argumentos de quem crítica, para mim isto aqui é a lacração QUE FUNCIONA.
O filme tem uma pegada "tarantinesca" discreta (bom para quem não gosta dos exageros de Tarantino) e também parece ter sido feito nos anos 70 às vezes, com uma trilha sonora que remete a décadas passadas e um roteiro que não entrega "lições de moral", como se espera da Hollywood politicamente correta de hoje.
Na primeira vez que vi, achei fraco, confuso e arrastado. Na segunda percebi melhor que história o Lumet quis vender. Continua sendo arrastado em algumas partes, mas é uma história ORIGINAL, com alguns lances de roteiro que eu nunca tinha visto, tipo
filhos causando a morte da própria mãe por engano e o pai matando o próprio filho no final
Destaques para Seymour-Hoffman e Ethan Hawke, embora o personagem deste seja chorão demais. Michael Shannon também aparece numa participação muito pequena e Marisa Tomei é uma figurante quase, sem importância na história.
Se chegar na metade e enjoar recomendo pular algumas cenas e ASSISTIR ATÉ O FINAL. É a parte mais impactante do longa.
Isabelle Fuhrman parecia uma jovem atriz muito promissora no primeiro filme. Não apenas convencia atuando, mas fazia com que você realmente sentisse medo da personagem.
Mas como acontece com muitos talentos mirins, parece que o talento dela não tem sido valorizado (só vi outros dois filmes com ela). Então ela se submete a voltar "às raízes" e encarar uma versão MAIS JOVEM de um personagem que fez... há 13 anos atrás.
O que prova para os pobres mortais que atores também se submetem às circunstâncias para sobreviver.
Não vou dar nota ao filme porque NÃO CONSEGUI TERMINAR. Isso é raro comigo, porque eu vou assistir filmes sabendo o que me espera, não vou assistir "bombas" voluntariamente. Não consegui terminar porque o filme me deixou DEPRIMIDO. Além do filtro e da montagem bizarra para a moça parecer criança, a história que você já sabe onde vai dar, me veio aquela sensação de como a indústria do entretenimento pode ser ridícula ao tentar repetir um sucesso de anos atrás literalmente chamando o público de IDIOTA.
Não, ela não convence em NENHUM momento, e por simpatizar com ela eu me recuso a terminar de ver isso. Parece uma tentativa desesperada de permanecer relevante, quando o talento dela lhe deveria angariar papéis muito melhores que esse.
Entre este, Metropolis e 2001: Uma Odisseia no Espaço, fica difícil escolher qual a MAIOR obra-prima da ficção científica no cinema.
Assistindo os três em sequência, você fica com a sensação que metade desse gênero está contido nesses três filmes. E todo o "resto" (com o devido respeito a Ridley Scott, Denis Villeneuve et alia) empalidece em comparação.
De fato "Solaris" não fica devendo nada às grandes obras da literatura russa em beleza e profundidade. E algumas partes acho que nem a mente privilegiada de um Tolstoy poderia conceber com igual intensidade. O filme assim prova que o cinema pode funcionar como uma ARTE com seus próprios méritos.
Para assistir num lugar calmo, tranquilo, para que o filme possa realmente ser apreciado como a obra-prima rara, única, que é.
Algumas séries e filmes parecem querer provar que cada meio (mídia) tem seu valor, e às vezes algo que é sublime em um deles se torna entediante, enfadonho, até ridículo, em outro.
Assistindo a "Sandman" me veio a cabeça o QUANTO Neil Gaiman é genial, e o quanto seu meio de expressão (HQs) era o mais propício a contar a história que ele queria apresentar.
Para quem não sabe, Gaiman é um dos maiores gênios da HQ, disputa pau a pau com Frank Miller, Carl Barks, Moebius, Jack Kirby, Alan Moore e alguns (poucos) outros espaço no pódio dos maiores nomes do gênero.
E, assim como Moore em "Watchmen", Gaiman introduziu no gênero uma profundidade insuspeita. Se o primeiro trabalha com metáforas políticas, o segundo vai mais fundo e entra no cerne da grande discussão filosófica do ser humano. Questões como "quem somos" e "o que fazemos aqui" são trabalhadas de modo imensamente lúdico e criativo, jamais visto antes e nem depois.
De fato Gaiman é uma das poucas leituras absolutamente ESSENCIAIS do meio.
Mas, se Moore teve ao menos uma adaptação brilhante e impecável no "Watchmen" de Zack Snyder (2009) -sendo a série derivada mediana-, não creio que possamos dizer o mesmo de Gaiman.
Porque esta série COMEÇA bem, e promissora, com um primeiro capítulo que emula Snyder ao recriar o original quase quadro a quadro. Conforme vão avançando os episódios, porém, vai se tornando mais e mais difícil QUERER ver o próximo capítulo.
Não são os elementos aleatórios e absurdos que incomodam. O material original É viajado.
Para além da diversidade forçada, à qual temos que nos acostumar sob pena de não assistir mais nada feito no mundo do entretenimento hoje em dia (mas, não, Constantine mulher não dá pra perdoar), sobram momentos na série em que você não sabe AONDE o diretor quer chegar. Tudo é lindo, e os atores, a maioria, ENTREGA (Sandman mesmo está perfeito), mas personagens vem e vão, ameaças despontam e desaparecem ou são resolvidas em segundos, sem que você entenda porque eram ameaças em primeiro lugar, e para piorar alguns episódios são arrastados DEMAIS da conta. Como numa novela.
A série é um lixo? Não, dá pra assistir tranquilamente (embora algumas cenas você VAI pular!), mas falta "algo" que te prenda na cadeira de fato.
Pode ser culpa do gênio de Gaiman mesmo. O foco de seu material não é "ação", é REFLEXÃO. Por isso meu conselho sobre esta série é: caso comece a assistir e se aborreça, desliga a TV e vai ler "Sandman". De preferência o texto original.
Vai aprimorar seu inglês, entender as limitações da televisão e da nossa época e, acima de tudo, entender porque as HQs merecem o título de ARTE também. E como podem ser infinitamente melhores que as mídias "concorrentes".
Mal comecei a ver esta série, mas lendo os comentários aqui me veio a cabeça algo que eu acho necessário "pontificar".
É público e notório o fascínio que um... "ser" como este causa. O sentimento de empatia que uma tentativa de se aprofundar na história dele gera, porém, parece nos levar a uma conclusão equivocada, e que parece alimentar exatamente a doença de quem pensa como ele, ou seja, que a vida humana não tem absolutamente nenhum valor.
Chegar ao nível de INSANIDADE desse sujeito é para poucos. Para POUQUÍSSIMOS. Sim, todos temos nossas manias, nossas neuroses e nossos fetiches (e cada um sente prazer de forma própria, única). Isso não significa que muitos de nós tenha vontade de dopar a pessoa amada, cortar seu corpo em pedaços e guardar na geladeira. Na verdade tu pode ter quase certeza ABSOLUTA de que se tu conhecer na tua vida inteira duas pessoas com vontade de fazer isso é muito.
Assim como você pode dormir tranquilo (pelo menos em relação a isso), com 99% de certeza que ninguém da tua família é canibal. Ao tentar humanizar uma tal figura de certa forma fazemos o jogo dele (=Viu, no fundo são todos como eu) e esquecemos da grandíssima maioria das pessoas que passa por traumas muito maiores na vida ... e são incapazes de fazer mal a uma mosca.
Não, eu não acho que "no fundo" Dahmer seja um ser humano. Acredito que ele FOI um ser humano em algum momento da vida dele, mas de um ponto em diante tornou-se, como Hitler, exemplo típico de um ser ANTI-humano.
O filme parece um spin-off de Stranger Things, da primeira à última cena. Inclusive o protagonista lembra muito a "Onze" (Millie Bobby Brown).
Assim como, assistindo a Stranger Things, o nome de Stephen King deveria PELO MENOS ser creditado como o óbvio inspirador do roteiro, já que a história parece em tudo escrita por ele, em "O Telefone Preto" temos praticamente uma história kinguiana que King nunca escreveu. Descobri que o roteiro se baseia num conto dum FILHO de King. Aparentemente, o filho bebe da fonte do pai e não se preocupa em desenvolver um estilo próprio.
A coisa mais fácil do mundo vai ser você associar o psicopata deste filme ao palhaço do It, já que os "alvos" são os mesmos. Mas este aqui nem de longe chega perto daquele filme em termos de consistência e TER uma história para contar. Na verdade é uma daquelas películas que você se esquece de ter visto uns dias depois. E como se baseia num CONTO, não há muita história, efetivamente.
psicopata parece ser do tipo que faz qualquer coisa sem nenhuma dificuldade, enfia um machado na cabeça do irmão sem sentir nenhum remorso e, no fim, acaba levando uma SURRA daquelas de um garoto! Todo o impacto que o "vilão" poderia causar se perde aí!
Falam do Ethan Hawke mas a verdade é que, de máscara, qualquer um poderia tranquilamente estar no lugar dele e você nem notaria.
Reassistindo este filme numa enorme tela de 50 polegadas, confirmei o que escrevi anteriormente: o filme é um ESPETÁCULO VISUAL IMPECÁVEL, mas peca por nos apresentar um retrato de Elvis, no mínimo, parcial.
Vou aproveitar para repostar aqui o comentário que eu fiz anteriormente onde expus em detalhes minha opinião sobre este filme, e apaguei por causa de IMBECIS que frequentam este site e não entendem que qualquer é livre aqui para escrever O QUE e QUANTO quiser. Tens preguiça de ler comentários longos? Então faz o grande favor de passar pro próximo E NÃO ENCHER O SACO!
“A tua reação diante deste filme vai variar conforme sejas ou não fã de Elvis Presley.
Caso sejas fã, vais (provavelmente) ficar tão extasiado pela possibilidade de ver teu ídolo finalmente encarnado numa película decente que já terás, de antemão, “aprovado” o filme e dado um Oscar para Austin Butler, outro para Tom Hanks, dois para Baz Luhrmann e um pra trilha sonora do filme.
Caso não sejas, e, como eu, conheças apenas o MITO Elvis, entrevisto apenas através da persona inimitável e dos muitos hits que se tornaram parte do repertório universal da música pop, como “It’s Now or Never”, “All Shook Up”, “Sylvia” (músicas ausentes no filme, diga-se), “Jailhouse Rock”, “Hounddog”, “Unchained Melody”, etc, etc, então, nessa segunda hipótese, tu terás mais discernimento para julgar os méritos e deméritos do filme, julgá-lo “comme il faut”, enfim: como apenas mais um filme.
Baz Luhrmann é um diretor facilmente reconhecível por seu estilo propositalmente exagerado e maior que a vida. Desde Romeu + Julieta (1996) passando por Moulin Rouge (2001) e O Grande Gatsby (2014), o diretor se comprometeu a entregar ESPETÁCULOS VISUAIS que podem ou não vir acompanhados de uma grande história, mas que, mesmo somente pelo apuro técnico na produção, já não pode ser tratado como um filmezinho qualquer de início. Esse espetáculo visual pode ou não satisfazer os mais criteriosos (eu confesso que até hoje “peno” pra entender Romeu + Julieta), que podem, ao invés de se inebriar pela variegada oferta de luzes e cores, reclamar da absoluta vacuidade do roteiro, que às vezes nada mais faz que oferecer “migalhas “ de uma história que parece estar sendo contada em outro lugar.
O Filmow já nos alerta de cara que a película em questão é sobre o DONO de Elvis Presley, o “coroner” Parker (nosso querido Tom Hanks) e não sobre o “Rei do Rock” em si, embora ele seja, obviamente, o que a absoluta maioria quer ver aqui. Eu não sei se contar a história do ponto de vista do “coroner” prejudica ou não a experiência audiovisual de quem assiste. Evidentemente, o sujeito tinha na cabeça que ele FEZ Elvis, que Elvis NÃO EXISTIRIA sem ele. E a história vai tentar nos convencer mais ou menos disso. Já, se fosse Elvis o narrador aqui, NÃO TERÍAMOS UMA HISTÓRIA MENOS ENVIESADA. Porque mais do que o talento de Elvis, o seu EGO era descomunal. Ele realmente se julgava “O Rei do Rock”, embora o gênero tenha se saído muito bem sem ele. Já que é assim, e que dificilmente teremos essa outra versão para compararmos, fiquemos com o que nos foi oferecido, a história do maior mito da cultura pop no século XX pela ótica de seu “dono”.
Essa história entretém? Tem qualidade? É oscarizável (sic) como o superestimado “Bohemian Rhapsody”?
Que entretém isso não há dúvida. Sobre a qualidade técnica, acabei de falar que o diretor costuma oferecer ESPETÁCULOS VISUAIS. Quanto ao Oscar, acho que só Tom Hanks aqui é um candidato óbvio e certo.
Austin Butler, um novato de quem nunca tinha ouvido falar, não se parece, a princípio, com Presley. Mas até aí, não há um problema grande, porque Val Kilmer também não se parecia com Jim Morrinson, nem Joaquin Phoenix com Johnny Cash ou Rami Malek com Freddy Mercury. E o que dizer de Kurt Russell (?) como Elvis? Enfim, Butler parece ter visto neste papel a sua chance de estourar e se esforçou o máximo que podia para incorporar os trejeitos do cantor. Conseguiu? Eu diria que ele merece nota DEZ pelo esforço e nota OITO pelo desempenho. Não, em NENHUM momento do filme podemos dizer “este É Elvis Presley “. No máximo podemos dizer “eis um cara que lembra muito Elvis Presley“. O cara evidentemente começou a pouco tempo e recebeu a incumbência de encarnar um mito do século passado. Nesse contexto, se saiu bem. Mas no geral, na interpretação, na real encarnação do ser humano Elvis? Sem chance.
Talvez seja culpa do estilo Luhrmann ou da perspectiva que se conta a história, mas ESTE Elvis não te faz entrar na história dele, não cria contato contigo em nenhum momento. A falta de experiência dramática de Butler fica evidente quando se percebe o esforço que ele faz para parecer emocionado em algumas cenas e o quanto, simplesmente, não convence quando o personagem está passando por momentos vitais (a morte da mãe, seu retorno aos palcos, a separação de Priscila). Em uma das últimas cenas do filme é mencionado o quanto Elvis estava receoso de aparecer em público devido ao seu ganho de peso. Porém, isso não se nota no físico de Butler, que continua com a mesmíssima aparência, aos 40, de quando o personagem tinha 20 e estava no auge da carreira e fisicamente.
Como eu disse, a atuação do ator é boa considerando as circunstâncias e o peso do personagem, mas ele DIFICILMENTE ganhará o Oscar por este filme. Tom Hanks é uma aposta muito mais certeira. Se o filme fosse narrado pelo próprio Elvis, o resultado tampouco seria outro. Falta a um ator novato experiência para compor um personagem passando por diferentes fases da vida. Pois, na sua cabeça, imitar os trejeitos de Elvis no palco já é 90% do trabalho. NÃO É. Elvis, o Elvis do palco, o “The Pelvis”, era ELE MESMO UM PERSONAGEM! Um personagem, conforme se conta neste filme, criado pelo “coroner” Parker. Então, Butler é UM ATOR IMITANDO OUTRO ATOR. Sua performance não vai além da superfície. Boa sorte para quem, usando este filme, queira criar uma imagem verossímil do ser humano Elvis Aaron Presley. Não consegue.
Por exemplo, o filme dá a entender que havia duas mulheres fundamentais na vida de Elvis, sua mãe e sua esposa Priscila. Da mãe conseguimos até ter uma ideia mais ou menos clara de quem era e de como amava o filho. De Priscila não conseguimos saber ou entender quase nada. Seja porque Parker não gostava dela, seja porque não a entendia (ciúmes? inveja?), o fato é que mal vemos Priscila neste filme, não entendemos como Elvis pôde ter se apaixonado tão perdidamente por ela e tampouco entendemos o real motivo da separação dos dois. A atuação da atriz que interpreta Priscila também não ajuda muito. Os dois mal interagem, mas o pouco em que aparecem juntos não há química. Sabemos que Priscila Presley, a exemplo de Yoko Ono e Courtney Love, é uma das grandes "viúvas negras" do rock, até hoje odiada por muitos fãs por supostamente ser responsável pela decadência do astro e por se aproveitar, no post mortem, de seu legado. Porém, por ESTE filme não conseguiríamos jamais ter uma ideia sobre isso. Ainda será necessário um novo longa pra trabalhar com essa complexa história de amor Elvis e Priscila.
Luhrmann poderia ter aproveitado para incluir no filme números musicais completos. O filme não pode ser efetivamente classificado como musical por isso. Inúmeras músicas de Elvis tocam durante o filme, mas sempre de modo quebrado, desritmado, e às vezes parece que sequer se deram ao trabalho de escolher a melhor gravação daquela música (por exemplo: "Jailhouse Rock"). Evidentemente, a voz que aparece no filme é a de Elvis, não de Butler, e temos que nos perguntar porque cargas d'água, com um cantor de repertório tão famoso e vasto (quem não é fã se surpreende no filme com quantas músicas de Elvis estava familiarizado sem saber), eles escolhem colocar músicas DE OUTROS CANTORES na trilha sonora!!! Doja Cat???? Por que não trabalhar só com o repertório de Elvis, ou, no máximo, com o de cantores que o influenciaram? Eles perderam a oportunidade de fazer uma versão atualizada daquele clipe absolutamente ICÔNICO de "Jailhouse Rock" onde Elvis, de uniforme de presidiário, aparece dançando numa prisão. Aquela é seguramente uma das imagens mais emblemáticas, não apenas da carreira do cantor, mas da cultura pop como um todo. Fora isso músicas como "Hounddog" e "Can't Help Falling in Love" que, se apresentadas na íntegra, poderiam representar bem facetas do cantor (o rebelde, o apaixonado) são apresentadas cortadas e fora de contexto.
Contexto é algo aliás que não temos aqui para nada que Elvis tenha feito na vida. Todas as músicas que ele gravou, todos os discos que lançou e até sua carreira cinematográfica (feita inteiramente de filmes "água com açúcar" e sem profundidade, como ele mesmo comenta no filme), tudo é apresentado de relance, sem que possamos entender, sequer, o que uma determinada canção significava pra ele, o que um disco representava em sua carreira (em termos de evolução musical), o que a "invasão" de Hollywood mudou em sua vida.
Ao contrário, num momento Elvis está na crista da onda, "requebrando" geral (e atiçando a ira da "tradicional família norte-americana" com sua indecência- que tempos, meu Deus! que tempos!), no outro está sendo arrastado, a contra gosto, para o exército, num momento está no auge, no outro, sabe-se lá por que, está por baixo, num momento faz um show homericamente histórico, para 1,5 bilhão de pessoas no mundo, no outro está a um passo da falência. Tudo quase sem contexto, e, como eu disse, falta densidade à interpretação de Butler para que possamos saber como o astro lidava, internamente, com tais (e tantas) mudanças.
Podemos nos perguntar, temos o direito como telespectadores, se o diretor não poderia ter optado por uma abordagem levemente diferente que, mesmo levando em consideração a perspectiva "parker-ana", lograsse mostrar o "outro lado", a perspectiva do "homem por trás do mito", o impacto que Elvis realmente teve na cultura norte-americana e mundial, o que a popularização que ele deu à música negra ajudou na lutra contra a segregação racial, como ele ajudou a quebrar estereótipos artistíticos e sexuais (as garotas começam na história sem entender o que aquele sujeito pensa estar fazendo em cima de um palco e terminam, como sabemos, quase tendo um orgasmo coletivo em público). Qual seu real LEGADO CULTURAL E ARTÍSTICO, enfim.
Porque, pensemos, Elvis é um dos maiores, não, é O MAIOR mito da cultura pop de todos os tempos. Comparemos o sujeito com outros mitos, tipo, com Marilyn Monroe. Qual a diferença? Exceto para os fãs apaixonados da loura mais famosa da história, a diferença salta aos olhos. Fora sua beleza acachapante, Marilyn tinha muito pouco a oferecer. Mas muito pouco MESMO. Qualquer um de seus papéis poderia ser feito, tranquilamente, por qualquer outra atriz. Ela se tornou um mito sexual, ok, mas por trás do mito, por trás da "fachada" e da saia esvoaçante, não havia muita coisa. Uma atriz mediana, no máximo. Já Elvis é OUTRO tipo de mito, porque o TALENTO estava ali, desde o início, sua voz e seu carisma não eram coisas que alguém como Parker poderia inventar (ele inventou o PERSONAGEM Elvis, como eu disse), ele nasceu com eles, o sujeito simplesmente poderia cantar QUALQUER coisa, a música mais besta do mundo, e fazê-la soar bem! A diferença entre um Elvis e uma Marilyn ou um James Dean consiste nisso, o de haver ALGO por trás do ídolo.
No filme esse ALGO é mais esboçado, é mais INTUÍDO por nós do que efetivamente mostrado. De novo, é um terceiro "falando" sobre Elvis. Lidamos aqui, novamente, com um problema já verificado em outras biopics, como por exemplo, Closer (sobre o Ian Curtis do Joy Division): um grande artista aparecendo sobre uma luz insuficiente para que possamos discernir seus reais contornos.
No geral, este é um filme MUITO BOM, um espetáculo visual como poucos e um filme que se pode assistir diversas vezes porque não há nada, minimamente, que o torne chato ou cansativo de assistir. Como cinebiografia de Elvis é uma negação, e como biografia de Parker também parece muito enviesada. Digamos, e julgo esse um jeito decente de avaliar esse filme, as DUAS histórias poderiam ser contadas de forma melhor, de outra forma, talvez um pouco mais de HISTÓRIA e menos cores e luzes e sons. A diferença é que esta é a ÚNICA forma de tornar a história do "coroner" assistível, já Elvis, evidentemente, parece ser capaz de render histórias muito mais densas e completas.
No meu comentário sobre o filme Batman (2022), eu disse que aquele é um bom filme, mas como o personagem Batman é o MAIOR e o MELHOR das histórias em quadrinhos, ele não merece apenas um "bom filme", mas o MELHOR filme, com o melhor elenco e o melhor diretor possíveis. Raciocío semelhante pode ser usado em relação a Elvis. Mesmo eu que não sou fã reconheço o quão emblemática é a figura, que influenciou todos os artistas de rock que vieram depois deles, desde os Beatles até Elton John, passando pelo nosso Raul Seixas. Para além da mera influência musical, Elvis representa, como ninguém, um símbolo da CULTURA DA IMAGEM. O sujeito era, no palco, como eu disse, um personagem. Nada "daquilo" tinha substância, nada era real. Exceto, claro, seu talento vocal inquestionável e seu carisma. Mas com sua imagem, seus figurinos, seu corte de cabelo, e seus "requebros", é claro, Elvis inaugurou todo um "tipo" de artista que nunca mais sairia do imaginário popular, o artista "bigger than life", para usar uma expressão que ele mesmo usaria. Elton John, David Bowie, Freddy Mercury et alia tinham que sair de algum lugar, né? Até que um sujeito conseguisse enfrentar os tabus da "tradicional família norte-americana" e subir num palco exalando sexualidade, demorou muito, mas ALGUÉM tinha que fazê-lo, certo? Evidentemente (e o filme trata disso) ele não veio "do nada", e os próprios requebrados já estavam nos cantores negros que o inspiraram. MAS ele espalhou a imagem do showman que é, em si mesmo, um evento de tal forma que todos os que vieram antes dele JUNTOS não poderiam se comparar.
Assistindo este filme, o telespectador comum (não o fã, que, claro, conhece a história do cara de cabo a rabo e saberá dizer cada detalhe do filme que corresponda ou não com a realidade) terá a chance de se perguntar, até que ponto o insuportável "coroner" Parker é responsável por ter grudado essa imagem na nossa cabeça por toda a eternidade. E, o sendo, será convidado a dizer se ele merece mesmo ser julgado tão rispidamente quanto o filme dá a entender (um tirano que se julgava, literalmente, DONO de Elvis). A atuação impecável do grande Tom Hanks faz com que lá no fundo simpatizemos com ele. E (de novo) a atuação limitada de Austin Butler nos faz questionar se Elvis era mais do que o boneco manipulável que Parker imaginava. Daí minhas reservas quanto à atuação dele. Com certeza, para um iniciante, está ótimo, mas temos que nos perguntar se o MITO foi adequadamente representado pelo aprendiz de ator ou se ele, meramente, nos deixou entrever uma grandeza que seria mais adequadamente retratada por um ator mais experiente e capaz de maior densidade.
No geral, o saldo é positivo, o filme é um espetáculo visual que certamente ganhará vários Oscars nas categorias técnicas, muito merecidamente um para Tom Hanks e dificilmente um para Butler (a não ser que tenhamos uma safra particularmente medíocre de filmes e atuações em 2022), mas só se o cara for INDICADO para ele já será uma vitória.
Resta saber se uma versão ESTENDIDA deste filme conterá números músicais completos e algum background melhor para a criação das músicas mais emblemáticas de Elvis.
Eu acabei de rasgar elogios para o "Psicose" por causa, entre outras coisas, do psicopata plácido Norman Bates, e eis aqui um Norman Bates tupiniquim, um moleque com pinta de nerd que, como o título entrega, esconde uma personalidade sombria.
O elenco não muito "global" entrega de cara que o filme TENTA se desprender da fórmula porno-comédia do cinema nacional. Apesar do Prates ser o típico ator de novelas, ele se esforça para convencer no papel. Mas particularmente eu acho que Bruno Gagliasso se sairia melhor (apesar da idade).
Não dá para dizer que o filme seja um lixo completo porque o roteiro segue direções não óbvias. É óbvio que o diretor quis trabalhar com o tema da psicopatia numa ótica própria, embora algumas atitudes do protagonista te deixem com aquela cara de "Como?" algumas vezes.
Vale uma conferida sem grandes expectativas de encontrar o "Psicose" brasileiro.
Lázaro Ramos num papel diferente do habitual, mostrando o bom ator que é, e a lindíssima Bianca Bin num papel que lhe cai como uma luva fazem com que este aqui valha uma conferida.
O nosso nível de cinema é tão baixo que qualquer coisa que não tenha piadas e palavrões aleatórios a cada minuto já faz a diferença.
Assisti só três episódios por enquanto e já confirmei o óbvio: a excelência de Wagner Moura, nosso melhor ator em atividade. Simplesmente perfeito no papel, sem nada a tirar ou acrescentar.
Mas vou terminar de assistir para opinar sobre a série em si.
Jamie Lee Curtis, a musa-mor do gênero slasher, era só uma criança de 02 anos quando sua mãe, Janet Leigh, inaugurou o reino das “scream queens” no cinema. Embora grite muito menos (felizmente) que suas sucessoras, Janet conseguiu o que nenhuma delas conseguiu: imortalizou-se na história do cinema graças a uma única e icônica cena.
Porque Marion (Leigh) não é uma “final girl” aqui, o filme é todo de Anthony Perkins (Norman Bates). Não é o primeiro psicopata da história do cinema, mas é certamente um personagem icônico, inaugurando uma série de vilões de terror que se tornariam mais amados que os heróis que os combateriam (inutilmente). De certa forma, embora essa dificilmente fosse a intenção de Hitchcock, o fato de Bates sobreviver e terminar o filme sorrindo antevê a sina do gênero “slasher”: o mal, personificado na figura do antagonista, nunca morre. Sempre volta a aterrorizar porque intimamente suas razões não são as nossas, e em seu cérebro confuso o que faz obedece a uma lógica que o senso comum não logra compreender.
Tal como foi repetido posteriormente (sem intenção?) em certa franquia de terror, o assassino tem uma obsessão com a figura materna que o leva a demonstrar o comportamento mais anti-maternal possível em relação a todos os outros. Longe de mim querer comparar Rob Zombie com o grande Hitchcock, mas em Halloween 02 (2009), Michael Myers tem visões de sua mãe que, de certa forma, emulam Norman Bates, embora as motivações de ambos sejam diferentes. A mãe aparece como uma figura intocada pela corrupção que permeia todo o resto, como o único ser digno de permanecer vivo, e Zombie faz questão de deixar claro que ela era a única criatura viva que Michael Myers jamais mataria. Dentro da narrativa esquizofrênica que estabeleceu para a franquia “Halloween”, a própria perseguição implacável à irmã Laurie Strode, a qual foi “adotada” por outra família após o suicídio da mãe, ganharia uma nova perspectiva. E o suicídio da mãe seria o estopim para Myers liberar as poucas restrições mentais que ainda tinha.
Mas deixemos de lado essa comparação, que envergonharia Hitchcock, já que o “Halloween” de Zombie não merece sequer ser citado conjuntamente com Psicose.
O fato é que temos aqui uma inauguração muito digna para um subgênero do terror que se tornaria incrivelmente repetitivo e enfadonho nas décadas seguintes. Imaginem se tivéssemos mais Hitchcocks e menos Wes Andersons nesse estilo de filmes. Teríamos muito mais filmes interessantes ao invés da parte 1 até 20 da mesma história. E de fato, a história de Norman Bates aparece como um bom estopim para serem exploradas no cinema todas as possibilidades dessa confusa engrenagem chamada psicopatia. O sujeito é obcecado com a mãe de tal forma que se recusa a existir sem ser dominado pela figura dela. Chega ao ponto de imitar sua voz perfeitamente, e a “dialogar” consigo mesmo as conversas que teria com a genitora. Não é difícil imaginar que não foi apenas a cena do chuveiro que “chocou” o público 60 anos atrás. A figura absolutamente frágil e anódina de Bates contrasta com um assassino cruel “guardado” dentro dele. Ninguém, absolutamente, esperaria ser assassinado por ele. Antes E hoje. Daí termos essa desconcertante revelação destruindo o paradigma do vilão naturalmente repulsivo. Bates te desconcerta e te desarma à primeira vista. Ele é o perfeito psicopata. Já na “evolução” do slasher tivemos o que? Assassinos que só faltam carregar uma placa com os dizeres “eu sou um assassino”.
Olha, eu gostaria de imaginar a sensação de assistir a esse filme em 1960, num mundo muito, digamos, despreparado para lidar com a implacável constatação da selvageria que todo homem teima em esconder (ainda bem). Mas o filme causa impacto ainda hoje, e muito. As cenas no “Bates Motel” são, todas, impecáveis (à exceção da desajeitada “revelação” final) e a vista noturna do lugar é ainda genuinamente assustadora. Mas o realmente assustador é o quanto de Norman Bates existem por aí, o que, na era da informação instantânea, se torna cada dia mais patente. Sujeitos plácidos à toda prova que, “um belo dia”, aparecem com uma faca nas tuas costas- ou com uma metralhadora na escola do teu filho.
Como entretenimento, como ARTE, o filme merece toda a reputação que tem. Como retrato de uma parte da realidade humana da qual gostaríamos de fugir, é ainda mais impactante.
Sem dúvida o maior dos clássicos do terror e um dos maiores do grande mestre Hitchcock.
Existe aqui uma atmosfera que me remeteu a Poe, pois eu acho que apenas o grande escritor norte-americano conseguia criar, com a necessária sutileza que sua época exigia, esses cenários de “horror” onde o mais inusitado acontece sem que o sujeito saiba o que está acontecendo plenamente, tendo somente que deixar-se dominar pela certeza de sua impotência.
Para emular um gênio (Poe), precisamos de outro (Hitchcock), e de fato o velho Hitch foi um dos poucos que realmente aprenderam e dominaram à perfeição a arte de contar histórias interessantes numa tela. Se Poe dispunha de todo o enorme vocabulário da língua inglesa para prender e assustar seus leitores, Hitchcock dispõe de um meio igualmente poderoso: a IMAGEM. Sua câmera passeia pelo cenário e te imerge de tal forma dentro dele que você prescinde de um grande vocabulário para sentir as mesmas coisas que alguém lendo Poe numa sombria noite gelada lá dos idos de 1850 sentiria, e com muito mais intensidade. Pois a literatura te permite o jogo da imaginação de forma mais ampla, enquanto o cinema já te oferece um quadro muito mais amplo e bem delineado do “horror”.
Eis aqui o primeiro (e único?) momento da história do cinema em que pássaros são os vilões da vez. Como ninguém pensou nisso antes? Essas criaturas PODEM ser assustadoras. Especialmente quando se juntam em grandes revoadas. E o fato de não esperarmos normalmente um comportamento agressivo por parte de pássaros, já que eles usualmente são vistos como símbolo da harmonia da natureza, torna a possibilidade de uma história de ataque de aves mais perturbadora.
E de fato o velho Hitch consegue nos perturbar sem esforço aqui. A história começa num tom tipicamente hitchcockiano, dando a entender que se trata de uma simples comédia romântica ou algo do tipo, e vai num crescendo de tensão que os mais afoitos por “sustos” imediatos vão chamar de convite ao tédio. Quando chegamos ao “ataque final”, já estamos tão enojados dos nossos amigos penudos que quase esquecemos que é só uma história, tal o poder que o grande diretor tem de nos “vender” sua ideia. A cena final, especialmente o corte final, é uma coisa tão brilhantemente concebida e preparada que parece um quadro adaptado ao cinema. Como se uma história de Poe fosse resumida em um quadro por algum pintor expressionista.
Assistido em 2022, 60 anos depois do lançamento, o filme não perde quase nada de seu impacto. Exceto pelas cenas que denunciam as limitações da época (o sangue falso, etc), nada pode ser tirado sem que se perca um lance importante da história. Como uma legítima obra-prima, o filme é irretocável, e de se lamentar que mais diretores do gênero terror não aproveitem para emular o exemplo hitchcockiano, preocupando-se, antes de mais nada, em CONTAR UMA HISTÓRIA, e, depois, se necessário, em “chocar” o telespectador com sustos, berros e o sangue de sempre. Mais ou menos a mesma coisa com a literatura de horror que, no século XIX, tinha que se ater a limites que a tornavam tão esteticamente apreciável quanto genuinamente perturbadora.
De certa forma temos que nos dar por felizes que os dois gênios (Poe e Hitchcock) viveram em suas respectivas épocas.
O filme tem uma premissa já explorada em outras produções, e realmente não inova o conceito nem traz nenhum momento acachapante.
Apesar de ser ficção científica, às vezes tem-se a impressão de se estar assistindo a uma comédia romântica, especialmente quando o Chris Pine aparece.
Margot Robbie é linda e carismática (alguém ainda não sabia disso?), e sua atuação é de longe a melhor coisa aqui. O filme mais parece um episódio ou spin-off de alguma série. O final te deixa frustrado por uma história que sequer começou
Essa é uma série de grande potencial que pode ou não se realizar plenamente na tela, de acordo com a perspectiva de quem assiste.
Por um lado tem um visual muito escuro e uma estética pós-apocalíptica muito pobre (realmente parece que tiveram que economizar no figurino). Às vezes quase não dá para ver/entender o que está acontecendo, o que é proposital (daí o Sol ser objeto de adoração por parte dos personagens).
Por outro lado, a série realmente trabalha com conceitos pouco usuais/explorados na ficção científica, como a divisão entre crentes e ateus num mundo onde restem pouquíssimos seres humanos (quem teria mais vantagem do ponto de vista evolutivo?). Claro que, em todas as épocas e lugares, o ser humano sempre se aproveitará da fragilidade de seus semelhantes em proveito próprio. Mas a questão é a necessidade INTERNA de se apegar a algo.
Aqui se trabalha um pouco mais profundamente a ideia de como o ser-humano afetaria máquinas criadas para NÃO emularem as fraquezas humanas. Claro que, como em TODA a ficção científica, temos a repetição do velho clichê da máquina-que-pensa-que-é-gente, que gera os conflitos (e resoluções) de sempre.
Dito isso, a série realmente TENTA oferecer algo novo dentro de suas limitações. O destaque absoluto vai para a personagem Mãe, e a atriz Amanda Collin, que absolutamente domina todo o seriado. Ela realmente se empolgou com a personagem e dá tudo de si.
Esta segunda temporada é melhor, mais ágil que a primeira. Embora esbarre no mesmo problema de coisas inacreditáveis acontecendo sem maiores explicações, tenta desenvolver uma mitologia própria que pouco a pouco vai te envolvendo. Ao contrário de OUTRAS séries, que depois da primeira temporada é só mais do mesmo, esta aqui tem potencial para ser melhor a cada temporada.
Por incrível que pareça é melhor que a primeira temporada. O personagem de Henry Cavill, que antes era chatíssimo e quase me fez desistir de terminar a primeira parte, aqui até está mais tolerável.
A série tem um tom “Senhor dos Anéis encontra Game of Thrones” que cresce a cada episódio, e o final genuinamente cria uma expectativa pela terceira temporada (a última?). Os fãs do videogame, claro, devem saber o que bate e o que não bate com a história original, mas quem não é fã (=eu) não liga pra esses detalhes. Porém, é recomendável a leitura de um “guia básico” para quem quer se envolver mais na história, pois aparecem diversos personagens e locais que se você não prestar atenção nem entende o que está assistindo.
Personagem mais irritante da vez: o “bardo” , que nem de alívio cômico serve!
Nada absolutamente digno de uma longa dissertação sobre, exceto talvez o ator principal (também em “A Tempestade do Século”) que realmente é carismático e se esforça.
O final te dá “aquela” sensação de perda de tempo.
É um “filme-catástrofe” onde, pelo menos, somos poupados daquele dramalhão e chororô típicos de Michael Bay, Roland Emmerich, etc. Tem uma premissa pouco explorada e dois bons atores como protagonistas (Aaron Eckhart e Hilary Swank).
Algumas coisas forçam a barra demais, mas vale pelo “entertainment value“.
Filme russo bom é um autêntico “achado” e este não foge à regra. É um filme que retrata um lado “heróico” da Rússia em um contexto de guerra (no caso, a segunda), o que deve dar ao público russo um certo orgulho nacionalista, mas nós, do outro lado, sabemos o quanto a própria Rússia, encapsulada na extinta União Soviética, era também responsável por atrocidades capazes de chocar meio mundo.
Não é de todo ruim, tem uma fotografia interessante e alguns atores até se ESFORÇAM para atuar bem.
Órfã 2: A Origem
2.7 772 Assista Agoraem tempo: se o filme fosse uma SEQUÊNCIA do original, mostrando que Esther já não consegue disfarçar muito bem a real idade dela, funcionaria muito melhor.
A Mulher Rei
4.1 491 Assista AgoraEste filme é tão importante, historicamente, como Pantera Negra.
Pena que não vai bater a bilheteria.
Porque este é o lado forte e empoderado do homem negro, ou melhor da MULHER negra que até hoje nunca foi devidamente mostrado no cinema.
A forma como a luta contra a escravidão poderia ter sido mais bem sucedida se a maioria preferisse A MORTE a correntes pega fundo quem tem alguma sensibilidade REAL. Os europeus nunca foram moralmente, intelectualmente ou fisicamente superiores aos africanos. Os donos da civilização foram apenas mais ESPERTOS.
É ficcional? É exagerado? Claro, bem-vindo à Hollywood. Mas se tu assistir como uma metáfora "blockbuster" da luta africana pela sobrevivência (luta muito mais aguerrida devido às condições peculiares da África), vai assistir com outros olhos.
Viola Davis, claro, TINHA que ser a protagonista, já que ela é A atriz negra da atualidade.
Independente dos argumentos de quem crítica, para mim isto aqui é a lacração QUE FUNCIONA.
Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto
3.7 332O filme tem uma pegada "tarantinesca" discreta (bom para quem não gosta dos exageros de Tarantino) e também parece ter sido feito nos anos 70 às vezes, com uma trilha sonora que remete a décadas passadas e um roteiro que não entrega "lições de moral", como se espera da Hollywood politicamente correta de hoje.
Na primeira vez que vi, achei fraco, confuso e arrastado. Na segunda percebi melhor que história o Lumet quis vender. Continua sendo arrastado em algumas partes, mas é uma história ORIGINAL, com alguns lances de roteiro que eu nunca tinha visto, tipo
filhos causando a morte da própria mãe por engano e o pai matando o próprio filho no final
Destaques para Seymour-Hoffman e Ethan Hawke, embora o personagem deste seja chorão demais. Michael Shannon também aparece numa participação muito pequena e Marisa Tomei é uma figurante quase, sem importância na história.
Se chegar na metade e enjoar recomendo pular algumas cenas e ASSISTIR ATÉ O FINAL. É a parte mais impactante do longa.
Órfã 2: A Origem
2.7 772 Assista AgoraIsabelle Fuhrman parecia uma jovem atriz muito promissora no primeiro filme. Não apenas convencia atuando, mas fazia com que você realmente sentisse medo da personagem.
Mas como acontece com muitos talentos mirins, parece que o talento dela não tem sido valorizado (só vi outros dois filmes com ela). Então ela se submete a voltar "às raízes" e encarar uma versão MAIS JOVEM de um personagem que fez... há 13 anos atrás.
O que prova para os pobres mortais que atores também se submetem às circunstâncias para sobreviver.
Não vou dar nota ao filme porque NÃO CONSEGUI TERMINAR. Isso é raro comigo, porque eu vou assistir filmes sabendo o que me espera, não vou assistir "bombas" voluntariamente. Não consegui terminar porque o filme me deixou DEPRIMIDO. Além do filtro e da montagem bizarra para a moça parecer criança, a história que você já sabe onde vai dar, me veio aquela sensação de como a indústria do entretenimento pode ser ridícula ao tentar repetir um sucesso de anos atrás literalmente chamando o público de IDIOTA.
Não, ela não convence em NENHUM momento, e por simpatizar com ela eu me recuso a terminar de ver isso. Parece uma tentativa desesperada de permanecer relevante, quando o talento dela lhe deveria angariar papéis muito melhores que esse.
Solaris
4.2 368 Assista AgoraEntre este, Metropolis e 2001: Uma Odisseia no Espaço, fica difícil escolher qual a MAIOR obra-prima da ficção científica no cinema.
Assistindo os três em sequência, você fica com a sensação que metade desse gênero está contido nesses três filmes. E todo o "resto" (com o devido respeito a Ridley Scott, Denis Villeneuve et alia) empalidece em comparação.
De fato "Solaris" não fica devendo nada às grandes obras da literatura russa em beleza e profundidade. E algumas partes acho que nem a mente privilegiada de um Tolstoy poderia conceber com igual intensidade. O filme assim prova que o cinema pode funcionar como uma ARTE com seus próprios méritos.
Para assistir num lugar calmo, tranquilo, para que o filme possa realmente ser apreciado como a obra-prima rara, única, que é.
Sandman (1ª Temporada)
4.1 589 Assista AgoraAlgumas séries e filmes parecem querer provar que cada meio (mídia) tem seu valor, e às vezes algo que é sublime em um deles se torna entediante, enfadonho, até ridículo, em outro.
Assistindo a "Sandman" me veio a cabeça o QUANTO Neil Gaiman é genial, e o quanto seu meio de expressão (HQs) era o mais propício a contar a história que ele queria apresentar.
Para quem não sabe, Gaiman é um dos maiores gênios da HQ, disputa pau a pau com Frank Miller, Carl Barks, Moebius, Jack Kirby, Alan Moore e alguns (poucos) outros espaço no pódio dos maiores nomes do gênero.
E, assim como Moore em "Watchmen", Gaiman introduziu no gênero uma profundidade insuspeita. Se o primeiro trabalha com metáforas políticas, o segundo vai mais fundo e entra no cerne da grande discussão filosófica do ser humano. Questões como "quem somos" e "o que fazemos aqui" são trabalhadas de modo imensamente lúdico e criativo, jamais visto antes e nem depois.
De fato Gaiman é uma das poucas leituras absolutamente ESSENCIAIS do meio.
Mas, se Moore teve ao menos uma adaptação brilhante e impecável no "Watchmen" de Zack Snyder (2009) -sendo a série derivada mediana-, não creio que possamos dizer o mesmo de Gaiman.
Porque esta série COMEÇA bem, e promissora, com um primeiro capítulo que emula Snyder ao recriar o original quase quadro a quadro. Conforme vão avançando os episódios, porém, vai se tornando mais e mais difícil QUERER ver o próximo capítulo.
Não são os elementos aleatórios e absurdos que incomodam. O material original É viajado.
Para além da diversidade forçada, à qual temos que nos acostumar sob pena de não assistir mais nada feito no mundo do entretenimento hoje em dia (mas, não, Constantine mulher não dá pra perdoar), sobram momentos na série em que você não sabe AONDE o diretor quer chegar. Tudo é lindo, e os atores, a maioria, ENTREGA (Sandman mesmo está perfeito), mas personagens vem e vão, ameaças despontam e desaparecem ou são resolvidas em segundos, sem que você entenda porque eram ameaças em primeiro lugar, e para piorar alguns episódios são arrastados DEMAIS da conta. Como numa novela.
A série é um lixo? Não, dá pra assistir tranquilamente (embora algumas cenas você VAI pular!), mas falta "algo" que te prenda na cadeira de fato.
Pode ser culpa do gênio de Gaiman mesmo. O foco de seu material não é "ação", é REFLEXÃO. Por isso meu conselho sobre esta série é: caso comece a assistir e se aborreça, desliga a TV e vai ler "Sandman". De preferência o texto original.
Vai aprimorar seu inglês, entender as limitações da televisão e da nossa época e, acima de tudo, entender porque as HQs merecem o título de ARTE também. E como podem ser infinitamente melhores que as mídias "concorrentes".
Encurralados em Veneza
2.5 39Nota 2,5.
Destaques: o cenário (claro), o roteiro minimamente original para um slasher
Muito ruim: os "vilões" competem com os "heróis" para ver quem é mais irritante.
A Casa do Dragão (1ª Temporada)
4.1 718 Assista AgoraÉ melhor ou pior que a do Senhor dos Anéis?
Dahmer: Um Canibal Americano
4.0 671 Assista AgoraMal comecei a ver esta série, mas lendo os comentários aqui me veio a cabeça algo que eu acho necessário "pontificar".
É público e notório o fascínio que um... "ser" como este causa. O sentimento de empatia que uma tentativa de se aprofundar na história dele gera, porém, parece nos levar a uma conclusão equivocada, e que parece alimentar exatamente a doença de quem pensa como ele, ou seja, que a vida humana não tem absolutamente nenhum valor.
Chegar ao nível de INSANIDADE desse sujeito é para poucos. Para POUQUÍSSIMOS. Sim, todos temos nossas manias, nossas neuroses e nossos fetiches (e cada um sente prazer de forma própria, única). Isso não significa que muitos de nós tenha vontade de dopar a pessoa amada, cortar seu corpo em pedaços e guardar na geladeira. Na verdade tu pode ter quase certeza ABSOLUTA de que se tu conhecer na tua vida inteira duas pessoas com vontade de fazer isso é muito.
Assim como você pode dormir tranquilo (pelo menos em relação a isso), com 99% de certeza que ninguém da tua família é canibal. Ao tentar humanizar uma tal figura de certa forma fazemos o jogo dele (=Viu, no fundo são todos como eu) e esquecemos da grandíssima maioria das pessoas que passa por traumas muito maiores na vida ... e são incapazes de fazer mal a uma mosca.
Não, eu não acho que "no fundo" Dahmer seja um ser humano. Acredito que ele FOI um ser humano em algum momento da vida dele, mas de um ponto em diante tornou-se, como Hitler, exemplo típico de um ser ANTI-humano.
Um ser SEM ALMA.
Abracadabra 2
3.3 349 Assista AgoraRecomendação de médico: para ver imediatamente depois de "Dahmer".
Dahmer: Um Canibal Americano
4.0 671 Assista AgoraQuando eu vi esse cara como Mercúrio sabia que ele tinha potencial pra astro mas não imaginava um papel tão... denso tão cedo.
O Telefone Preto
3.5 1,1K Assista AgoraO filme parece um spin-off de Stranger Things, da primeira à última cena. Inclusive o protagonista lembra muito a "Onze" (Millie Bobby Brown).
Assim como, assistindo a Stranger Things, o nome de Stephen King deveria PELO MENOS ser creditado como o óbvio inspirador do roteiro, já que a história parece em tudo escrita por ele, em "O Telefone Preto" temos praticamente uma história kinguiana que King nunca escreveu. Descobri que o roteiro se baseia num conto dum FILHO de King. Aparentemente, o filho bebe da fonte do pai e não se preocupa em desenvolver um estilo próprio.
A coisa mais fácil do mundo vai ser você associar o psicopata deste filme ao palhaço do It, já que os "alvos" são os mesmos. Mas este aqui nem de longe chega perto daquele filme em termos de consistência e TER uma história para contar. Na verdade é uma daquelas películas que você se esquece de ter visto uns dias depois. E como se baseia num CONTO, não há muita história, efetivamente.
O que me deixou um pouco admirado é que o
psicopata parece ser do tipo que faz qualquer coisa sem nenhuma dificuldade, enfia um machado na cabeça do irmão sem sentir nenhum remorso e, no fim, acaba levando uma SURRA daquelas de um garoto! Todo o impacto que o "vilão" poderia causar se perde aí!
Falam do Ethan Hawke mas a verdade é que, de máscara, qualquer um poderia tranquilamente estar no lugar dele e você nem notaria.
Elvis
3.8 762Reassistindo este filme numa enorme tela de 50 polegadas, confirmei o que escrevi anteriormente: o filme é um ESPETÁCULO VISUAL IMPECÁVEL, mas peca por nos apresentar um retrato de Elvis, no mínimo, parcial.
Vou aproveitar para repostar aqui o comentário que eu fiz anteriormente onde expus em detalhes minha opinião sobre este filme, e apaguei por causa de IMBECIS que frequentam este site e não entendem que qualquer é livre aqui para escrever O QUE e QUANTO quiser. Tens preguiça de ler comentários longos? Então faz o grande favor de passar pro próximo E NÃO ENCHER O SACO!
“A tua reação diante deste filme vai variar conforme sejas ou não fã de Elvis Presley.
Caso sejas fã, vais (provavelmente) ficar tão extasiado pela possibilidade de ver teu ídolo finalmente encarnado numa película decente que já terás, de antemão, “aprovado” o filme e dado um Oscar para Austin Butler, outro para Tom Hanks, dois para Baz Luhrmann e um pra trilha sonora do filme.
Caso não sejas, e, como eu, conheças apenas o MITO Elvis, entrevisto apenas através da persona inimitável e dos muitos hits que se tornaram parte do repertório universal da música pop, como “It’s Now or Never”, “All Shook Up”, “Sylvia” (músicas ausentes no filme, diga-se), “Jailhouse Rock”, “Hounddog”, “Unchained Melody”, etc, etc, então, nessa segunda hipótese, tu terás mais discernimento para julgar os méritos e deméritos do filme, julgá-lo “comme il faut”, enfim: como apenas mais um filme.
Baz Luhrmann é um diretor facilmente reconhecível por seu estilo propositalmente exagerado e maior que a vida. Desde Romeu + Julieta (1996) passando por Moulin Rouge (2001) e O Grande Gatsby (2014), o diretor se comprometeu a entregar ESPETÁCULOS VISUAIS que podem ou não vir acompanhados de uma grande história, mas que, mesmo somente pelo apuro técnico na produção, já não pode ser tratado como um filmezinho qualquer de início. Esse espetáculo visual pode ou não satisfazer os mais criteriosos (eu confesso que até hoje “peno” pra entender Romeu + Julieta), que podem, ao invés de se inebriar pela variegada oferta de luzes e cores, reclamar da absoluta vacuidade do roteiro, que às vezes nada mais faz que oferecer “migalhas “ de uma história que parece estar sendo contada em outro lugar.
O Filmow já nos alerta de cara que a película em questão é sobre o DONO de Elvis Presley, o “coroner” Parker (nosso querido Tom Hanks) e não sobre o “Rei do Rock” em si, embora ele seja, obviamente, o que a absoluta maioria quer ver aqui. Eu não sei se contar a história do ponto de vista do “coroner” prejudica ou não a experiência audiovisual de quem assiste. Evidentemente, o sujeito tinha na cabeça que ele FEZ Elvis, que Elvis NÃO EXISTIRIA sem ele. E a história vai tentar nos convencer mais ou menos disso. Já, se fosse Elvis o narrador aqui, NÃO TERÍAMOS UMA HISTÓRIA MENOS ENVIESADA. Porque mais do que o talento de Elvis, o seu EGO era descomunal. Ele realmente se julgava “O Rei do Rock”, embora o gênero tenha se saído muito bem sem ele. Já que é assim, e que dificilmente teremos essa outra versão para compararmos, fiquemos com o que nos foi oferecido, a história do maior mito da cultura pop no século XX pela ótica de seu “dono”.
Essa história entretém? Tem qualidade? É oscarizável (sic) como o superestimado “Bohemian Rhapsody”?
Que entretém isso não há dúvida. Sobre a qualidade técnica, acabei de falar que o diretor costuma oferecer ESPETÁCULOS VISUAIS. Quanto ao Oscar, acho que só Tom Hanks aqui é um candidato óbvio e certo.
Austin Butler, um novato de quem nunca tinha ouvido falar, não se parece, a princípio, com Presley. Mas até aí, não há um problema grande, porque Val Kilmer também não se parecia com Jim Morrinson, nem Joaquin Phoenix com Johnny Cash ou Rami Malek com Freddy Mercury. E o que dizer de Kurt Russell (?) como Elvis? Enfim, Butler parece ter visto neste papel a sua chance de estourar e se esforçou o máximo que podia para incorporar os trejeitos do cantor. Conseguiu? Eu diria que ele merece nota DEZ pelo esforço e nota OITO pelo desempenho. Não, em NENHUM momento do filme podemos dizer “este É Elvis Presley “. No máximo podemos dizer “eis um cara que lembra muito Elvis Presley“. O cara evidentemente começou a pouco tempo e recebeu a incumbência de encarnar um mito do século passado. Nesse contexto, se saiu bem. Mas no geral, na interpretação, na real encarnação do ser humano Elvis? Sem chance.
Talvez seja culpa do estilo Luhrmann ou da perspectiva que se conta a história, mas ESTE Elvis não te faz entrar na história dele, não cria contato contigo em nenhum momento. A falta de experiência dramática de Butler fica evidente quando se percebe o esforço que ele faz para parecer emocionado em algumas cenas e o quanto, simplesmente, não convence quando o personagem está passando por momentos vitais (a morte da mãe, seu retorno aos palcos, a separação de Priscila). Em uma das últimas cenas do filme é mencionado o quanto Elvis estava receoso de aparecer em público devido ao seu ganho de peso. Porém, isso não se nota no físico de Butler, que continua com a mesmíssima aparência, aos 40, de quando o personagem tinha 20 e estava no auge da carreira e fisicamente.
Como eu disse, a atuação do ator é boa considerando as circunstâncias e o peso do personagem, mas ele DIFICILMENTE ganhará o Oscar por este filme. Tom Hanks é uma aposta muito mais certeira. Se o filme fosse narrado pelo próprio Elvis, o resultado tampouco seria outro. Falta a um ator novato experiência para compor um personagem passando por diferentes fases da vida. Pois, na sua cabeça, imitar os trejeitos de Elvis no palco já é 90% do trabalho. NÃO É. Elvis, o Elvis do palco, o “The Pelvis”, era ELE MESMO UM PERSONAGEM! Um personagem, conforme se conta neste filme, criado pelo “coroner” Parker. Então, Butler é UM ATOR IMITANDO OUTRO ATOR. Sua performance não vai além da superfície. Boa sorte para quem, usando este filme, queira criar uma imagem verossímil do ser humano Elvis Aaron Presley. Não consegue.
Por exemplo, o filme dá a entender que havia duas mulheres fundamentais na vida de Elvis, sua mãe e sua esposa Priscila. Da mãe conseguimos até ter uma ideia mais ou menos clara de quem era e de como amava o filho. De Priscila não conseguimos saber ou entender quase nada. Seja porque Parker não gostava dela, seja porque não a entendia (ciúmes? inveja?), o fato é que mal vemos Priscila neste filme, não entendemos como Elvis pôde ter se apaixonado tão perdidamente por ela e tampouco entendemos o real motivo da separação dos dois. A atuação da atriz que interpreta Priscila também não ajuda muito. Os dois mal interagem, mas o pouco em que aparecem juntos não há química. Sabemos que Priscila Presley, a exemplo de Yoko Ono e Courtney Love, é uma das grandes "viúvas negras" do rock, até hoje odiada por muitos fãs por supostamente ser responsável pela decadência do astro e por se aproveitar, no post mortem, de seu legado. Porém, por ESTE filme não conseguiríamos jamais ter uma ideia sobre isso. Ainda será necessário um novo longa pra trabalhar com essa complexa história de amor Elvis e Priscila.
Luhrmann poderia ter aproveitado para incluir no filme números musicais completos. O filme não pode ser efetivamente classificado como musical por isso. Inúmeras músicas de Elvis tocam durante o filme, mas sempre de modo quebrado, desritmado, e às vezes parece que sequer se deram ao trabalho de escolher a melhor gravação daquela música (por exemplo: "Jailhouse Rock"). Evidentemente, a voz que aparece no filme é a de Elvis, não de Butler, e temos que nos perguntar porque cargas d'água, com um cantor de repertório tão famoso e vasto (quem não é fã se surpreende no filme com quantas músicas de Elvis estava familiarizado sem saber), eles escolhem colocar músicas DE OUTROS CANTORES na trilha sonora!!! Doja Cat???? Por que não trabalhar só com o repertório de Elvis, ou, no máximo, com o de cantores que o influenciaram? Eles perderam a oportunidade de fazer uma versão atualizada daquele clipe absolutamente ICÔNICO de "Jailhouse Rock" onde Elvis, de uniforme de presidiário, aparece dançando numa prisão. Aquela é seguramente uma das imagens mais emblemáticas, não apenas da carreira do cantor, mas da cultura pop como um todo. Fora isso músicas como "Hounddog" e "Can't Help Falling in Love" que, se apresentadas na íntegra, poderiam representar bem facetas do cantor (o rebelde, o apaixonado) são apresentadas cortadas e fora de contexto.
Contexto é algo aliás que não temos aqui para nada que Elvis tenha feito na vida. Todas as músicas que ele gravou, todos os discos que lançou e até sua carreira cinematográfica (feita inteiramente de filmes "água com açúcar" e sem profundidade, como ele mesmo comenta no filme), tudo é apresentado de relance, sem que possamos entender, sequer, o que uma determinada canção significava pra ele, o que um disco representava em sua carreira (em termos de evolução musical), o que a "invasão" de Hollywood mudou em sua vida.
Ao contrário, num momento Elvis está na crista da onda, "requebrando" geral (e atiçando a ira da "tradicional família norte-americana" com sua indecência- que tempos, meu Deus! que tempos!), no outro está sendo arrastado, a contra gosto, para o exército, num momento está no auge, no outro, sabe-se lá por que, está por baixo, num momento faz um show homericamente histórico, para 1,5 bilhão de pessoas no mundo, no outro está a um passo da falência. Tudo quase sem contexto, e, como eu disse, falta densidade à interpretação de Butler para que possamos saber como o astro lidava, internamente, com tais (e tantas) mudanças.
Podemos nos perguntar, temos o direito como telespectadores, se o diretor não poderia ter optado por uma abordagem levemente diferente que, mesmo levando em consideração a perspectiva "parker-ana", lograsse mostrar o "outro lado", a perspectiva do "homem por trás do mito", o impacto que Elvis realmente teve na cultura norte-americana e mundial, o que a popularização que ele deu à música negra ajudou na lutra contra a segregação racial, como ele ajudou a quebrar estereótipos artistíticos e sexuais (as garotas começam na história sem entender o que aquele sujeito pensa estar fazendo em cima de um palco e terminam, como sabemos, quase tendo um orgasmo coletivo em público). Qual seu real LEGADO CULTURAL E ARTÍSTICO, enfim.
Porque, pensemos, Elvis é um dos maiores, não, é O MAIOR mito da cultura pop de todos os tempos. Comparemos o sujeito com outros mitos, tipo, com Marilyn Monroe. Qual a diferença? Exceto para os fãs apaixonados da loura mais famosa da história, a diferença salta aos olhos. Fora sua beleza acachapante, Marilyn tinha muito pouco a oferecer. Mas muito pouco MESMO. Qualquer um de seus papéis poderia ser feito, tranquilamente, por qualquer outra atriz. Ela se tornou um mito sexual, ok, mas por trás do mito, por trás da "fachada" e da saia esvoaçante, não havia muita coisa. Uma atriz mediana, no máximo. Já Elvis é OUTRO tipo de mito, porque o TALENTO estava ali, desde o início, sua voz e seu carisma não eram coisas que alguém como Parker poderia inventar (ele inventou o PERSONAGEM Elvis, como eu disse), ele nasceu com eles, o sujeito simplesmente poderia cantar QUALQUER coisa, a música mais besta do mundo, e fazê-la soar bem! A diferença entre um Elvis e uma Marilyn ou um James Dean consiste nisso, o de haver ALGO por trás do ídolo.
No filme esse ALGO é mais esboçado, é mais INTUÍDO por nós do que efetivamente mostrado. De novo, é um terceiro "falando" sobre Elvis. Lidamos aqui, novamente, com um problema já verificado em outras biopics, como por exemplo, Closer (sobre o Ian Curtis do Joy Division): um grande artista aparecendo sobre uma luz insuficiente para que possamos discernir seus reais contornos.
No geral, este é um filme MUITO BOM, um espetáculo visual como poucos e um filme que se pode assistir diversas vezes porque não há nada, minimamente, que o torne chato ou cansativo de assistir. Como cinebiografia de Elvis é uma negação, e como biografia de Parker também parece muito enviesada. Digamos, e julgo esse um jeito decente de avaliar esse filme, as DUAS histórias poderiam ser contadas de forma melhor, de outra forma, talvez um pouco mais de HISTÓRIA e menos cores e luzes e sons. A diferença é que esta é a ÚNICA forma de tornar a história do "coroner" assistível, já Elvis, evidentemente, parece ser capaz de render histórias muito mais densas e completas.
No meu comentário sobre o filme Batman (2022), eu disse que aquele é um bom filme, mas como o personagem Batman é o MAIOR e o MELHOR das histórias em quadrinhos, ele não merece apenas um "bom filme", mas o MELHOR filme, com o melhor elenco e o melhor diretor possíveis. Raciocío semelhante pode ser usado em relação a Elvis. Mesmo eu que não sou fã reconheço o quão emblemática é a figura, que influenciou todos os artistas de rock que vieram depois deles, desde os Beatles até Elton John, passando pelo nosso Raul Seixas. Para além da mera influência musical, Elvis representa, como ninguém, um símbolo da CULTURA DA IMAGEM. O sujeito era, no palco, como eu disse, um personagem. Nada "daquilo" tinha substância, nada era real. Exceto, claro, seu talento vocal inquestionável e seu carisma. Mas com sua imagem, seus figurinos, seu corte de cabelo, e seus "requebros", é claro, Elvis inaugurou todo um "tipo" de artista que nunca mais sairia do imaginário popular, o artista "bigger than life", para usar uma expressão que ele mesmo usaria. Elton John, David Bowie, Freddy Mercury et alia tinham que sair de algum lugar, né? Até que um sujeito conseguisse enfrentar os tabus da "tradicional família norte-americana" e subir num palco exalando sexualidade, demorou muito, mas ALGUÉM tinha que fazê-lo, certo? Evidentemente (e o filme trata disso) ele não veio "do nada", e os próprios requebrados já estavam nos cantores negros que o inspiraram. MAS ele espalhou a imagem do showman que é, em si mesmo, um evento de tal forma que todos os que vieram antes dele JUNTOS não poderiam se comparar.
Assistindo este filme, o telespectador comum (não o fã, que, claro, conhece a história do cara de cabo a rabo e saberá dizer cada detalhe do filme que corresponda ou não com a realidade) terá a chance de se perguntar, até que ponto o insuportável "coroner" Parker é responsável por ter grudado essa imagem na nossa cabeça por toda a eternidade. E, o sendo, será convidado a dizer se ele merece mesmo ser julgado tão rispidamente quanto o filme dá a entender (um tirano que se julgava, literalmente, DONO de Elvis). A atuação impecável do grande Tom Hanks faz com que lá no fundo simpatizemos com ele. E (de novo) a atuação limitada de Austin Butler nos faz questionar se Elvis era mais do que o boneco manipulável que Parker imaginava. Daí minhas reservas quanto à atuação dele. Com certeza, para um iniciante, está ótimo, mas temos que nos perguntar se o MITO foi adequadamente representado pelo aprendiz de ator ou se ele, meramente, nos deixou entrever uma grandeza que seria mais adequadamente retratada por um ator mais experiente e capaz de maior densidade.
No geral, o saldo é positivo, o filme é um espetáculo visual que certamente ganhará vários Oscars nas categorias técnicas, muito merecidamente um para Tom Hanks e dificilmente um para Butler (a não ser que tenhamos uma safra particularmente medíocre de filmes e atuações em 2022), mas só se o cara for INDICADO para ele já será uma vitória.
Resta saber se uma versão ESTENDIDA deste filme conterá números músicais completos e algum background melhor para a criação das músicas mais emblemáticas de Elvis.
Nota 8.
O Segredo de Davi
3.0 163 Assista AgoraEu acabei de rasgar elogios para o "Psicose" por causa, entre outras coisas, do psicopata plácido Norman Bates, e eis aqui um Norman Bates tupiniquim, um moleque com pinta de nerd que, como o título entrega, esconde uma personalidade sombria.
O elenco não muito "global" entrega de cara que o filme TENTA se desprender da fórmula porno-comédia do cinema nacional. Apesar do Prates ser o típico ator de novelas, ele se esforça para convencer no papel. Mas particularmente eu acho que Bruno Gagliasso se sairia melhor (apesar da idade).
Não dá para dizer que o filme seja um lixo completo porque o roteiro segue direções não óbvias. É óbvio que o diretor quis trabalhar com o tema da psicopatia numa ótica própria, embora algumas atitudes do protagonista te deixem com aquela cara de "Como?" algumas vezes.
Vale uma conferida sem grandes expectativas de encontrar o "Psicose" brasileiro.
As Verdades
2.7 19 Assista AgoraLázaro Ramos num papel diferente do habitual, mostrando o bom ator que é, e a lindíssima Bianca Bin num papel que lhe cai como uma luva fazem com que este aqui valha uma conferida.
O nosso nível de cinema é tão baixo que qualquer coisa que não tenha piadas e palavrões aleatórios a cada minuto já faz a diferença.
Iluminadas (1ª Temporada)
4.0 130Assisti só três episódios por enquanto e já confirmei o óbvio: a excelência de Wagner Moura, nosso melhor ator em atividade. Simplesmente perfeito no papel, sem nada a tirar ou acrescentar.
Mas vou terminar de assistir para opinar sobre a série em si.
Psicose
4.4 2,5K Assista AgoraJamie Lee Curtis, a musa-mor do gênero slasher, era só uma criança de 02 anos quando sua mãe, Janet Leigh, inaugurou o reino das “scream queens” no cinema. Embora grite muito menos (felizmente) que suas sucessoras, Janet conseguiu o que nenhuma delas conseguiu: imortalizou-se na história do cinema graças a uma única e icônica cena.
Porque Marion (Leigh) não é uma “final girl” aqui, o filme é todo de Anthony Perkins (Norman Bates). Não é o primeiro psicopata da história do cinema, mas é certamente um personagem icônico, inaugurando uma série de vilões de terror que se tornariam mais amados que os heróis que os combateriam (inutilmente). De certa forma, embora essa dificilmente fosse a intenção de Hitchcock, o fato de Bates sobreviver e terminar o filme sorrindo antevê a sina do gênero “slasher”: o mal, personificado na figura do antagonista, nunca morre. Sempre volta a aterrorizar porque intimamente suas razões não são as nossas, e em seu cérebro confuso o que faz obedece a uma lógica que o senso comum não logra compreender.
Tal como foi repetido posteriormente (sem intenção?) em certa franquia de terror, o assassino tem uma obsessão com a figura materna que o leva a demonstrar o comportamento mais anti-maternal possível em relação a todos os outros. Longe de mim querer comparar Rob Zombie com o grande Hitchcock, mas em Halloween 02 (2009), Michael Myers tem visões de sua mãe que, de certa forma, emulam Norman Bates, embora as motivações de ambos sejam diferentes. A mãe aparece como uma figura intocada pela corrupção que permeia todo o resto, como o único ser digno de permanecer vivo, e Zombie faz questão de deixar claro que ela era a única criatura viva que Michael Myers jamais mataria. Dentro da narrativa esquizofrênica que estabeleceu para a franquia “Halloween”, a própria perseguição implacável à irmã Laurie Strode, a qual foi “adotada” por outra família após o suicídio da mãe, ganharia uma nova perspectiva. E o suicídio da mãe seria o estopim para Myers liberar as poucas restrições mentais que ainda tinha.
Mas deixemos de lado essa comparação, que envergonharia Hitchcock, já que o “Halloween” de Zombie não merece sequer ser citado conjuntamente com Psicose.
O fato é que temos aqui uma inauguração muito digna para um subgênero do terror que se tornaria incrivelmente repetitivo e enfadonho nas décadas seguintes. Imaginem se tivéssemos mais Hitchcocks e menos Wes Andersons nesse estilo de filmes. Teríamos muito mais filmes interessantes ao invés da parte 1 até 20 da mesma história. E de fato, a história de Norman Bates aparece como um bom estopim para serem exploradas no cinema todas as possibilidades dessa confusa engrenagem chamada psicopatia. O sujeito é obcecado com a mãe de tal forma que se recusa a existir sem ser dominado pela figura dela. Chega ao ponto de imitar sua voz perfeitamente, e a “dialogar” consigo mesmo as conversas que teria com a genitora. Não é difícil imaginar que não foi apenas a cena do chuveiro que “chocou” o público 60 anos atrás. A figura absolutamente frágil e anódina de Bates contrasta com um assassino cruel “guardado” dentro dele. Ninguém, absolutamente, esperaria ser assassinado por ele. Antes E hoje. Daí termos essa desconcertante revelação destruindo o paradigma do vilão naturalmente repulsivo. Bates te desconcerta e te desarma à primeira vista. Ele é o perfeito psicopata. Já na “evolução” do slasher tivemos o que? Assassinos que só faltam carregar uma placa com os dizeres “eu sou um assassino”.
Olha, eu gostaria de imaginar a sensação de assistir a esse filme em 1960, num mundo muito, digamos, despreparado para lidar com a implacável constatação da selvageria que todo homem teima em esconder (ainda bem). Mas o filme causa impacto ainda hoje, e muito. As cenas no “Bates Motel” são, todas, impecáveis (à exceção da desajeitada “revelação” final) e a vista noturna do lugar é ainda genuinamente assustadora. Mas o realmente assustador é o quanto de Norman Bates existem por aí, o que, na era da informação instantânea, se torna cada dia mais patente. Sujeitos plácidos à toda prova que, “um belo dia”, aparecem com uma faca nas tuas costas- ou com uma metralhadora na escola do teu filho.
Como entretenimento, como ARTE, o filme merece toda a reputação que tem. Como retrato de uma parte da realidade humana da qual gostaríamos de fugir, é ainda mais impactante.
Sem dúvida o maior dos clássicos do terror e um dos maiores do grande mestre Hitchcock.
Os Pássaros
3.9 1,1KExiste aqui uma atmosfera que me remeteu a Poe, pois eu acho que apenas o grande escritor norte-americano conseguia criar, com a necessária sutileza que sua época exigia, esses cenários de “horror” onde o mais inusitado acontece sem que o sujeito saiba o que está acontecendo plenamente, tendo somente que deixar-se dominar pela certeza de sua impotência.
Para emular um gênio (Poe), precisamos de outro (Hitchcock), e de fato o velho Hitch foi um dos poucos que realmente aprenderam e dominaram à perfeição a arte de contar histórias interessantes numa tela. Se Poe dispunha de todo o enorme vocabulário da língua inglesa para prender e assustar seus leitores, Hitchcock dispõe de um meio igualmente poderoso: a IMAGEM. Sua câmera passeia pelo cenário e te imerge de tal forma dentro dele que você prescinde de um grande vocabulário para sentir as mesmas coisas que alguém lendo Poe numa sombria noite gelada lá dos idos de 1850 sentiria, e com muito mais intensidade. Pois a literatura te permite o jogo da imaginação de forma mais ampla, enquanto o cinema já te oferece um quadro muito mais amplo e bem delineado do “horror”.
Eis aqui o primeiro (e único?) momento da história do cinema em que pássaros são os vilões da vez. Como ninguém pensou nisso antes? Essas criaturas PODEM ser assustadoras. Especialmente quando se juntam em grandes revoadas. E o fato de não esperarmos normalmente um comportamento agressivo por parte de pássaros, já que eles usualmente são vistos como símbolo da harmonia da natureza, torna a possibilidade de uma história de ataque de aves mais perturbadora.
E de fato o velho Hitch consegue nos perturbar sem esforço aqui. A história começa num tom tipicamente hitchcockiano, dando a entender que se trata de uma simples comédia romântica ou algo do tipo, e vai num crescendo de tensão que os mais afoitos por “sustos” imediatos vão chamar de convite ao tédio. Quando chegamos ao “ataque final”, já estamos tão enojados dos nossos amigos penudos que quase esquecemos que é só uma história, tal o poder que o grande diretor tem de nos “vender” sua ideia. A cena final, especialmente o corte final, é uma coisa tão brilhantemente concebida e preparada que parece um quadro adaptado ao cinema. Como se uma história de Poe fosse resumida em um quadro por algum pintor expressionista.
Assistido em 2022, 60 anos depois do lançamento, o filme não perde quase nada de seu impacto. Exceto pelas cenas que denunciam as limitações da época (o sangue falso, etc), nada pode ser tirado sem que se perca um lance importante da história. Como uma legítima obra-prima, o filme é irretocável, e de se lamentar que mais diretores do gênero terror não aproveitem para emular o exemplo hitchcockiano, preocupando-se, antes de mais nada, em CONTAR UMA HISTÓRIA, e, depois, se necessário, em “chocar” o telespectador com sustos, berros e o sangue de sempre. Mais ou menos a mesma coisa com a literatura de horror que, no século XIX, tinha que se ater a limites que a tornavam tão esteticamente apreciável quanto genuinamente perturbadora.
De certa forma temos que nos dar por felizes que os dois gênios (Poe e Hitchcock) viveram em suas respectivas épocas.
Os Últimos na Terra
2.7 192O filme tem uma premissa já explorada em outras produções, e realmente não inova o conceito nem traz nenhum momento acachapante.
Apesar de ser ficção científica, às vezes tem-se a impressão de se estar assistindo a uma comédia romântica, especialmente quando o Chris Pine aparece.
Margot Robbie é linda e carismática (alguém ainda não sabia disso?), e sua atuação é de longe a melhor coisa aqui. O filme mais parece um episódio ou spin-off de alguma série. O final te deixa frustrado por uma história que sequer começou
Raised by Wolves (2ª Temporada)
3.5 32Essa é uma série de grande potencial que pode ou não se realizar plenamente na tela, de acordo com a perspectiva de quem assiste.
Por um lado tem um visual muito escuro e uma estética pós-apocalíptica muito pobre (realmente parece que tiveram que economizar no figurino). Às vezes quase não dá para ver/entender o que está acontecendo, o que é proposital (daí o Sol ser objeto de adoração por parte dos personagens).
Por outro lado, a série realmente trabalha com conceitos pouco usuais/explorados na ficção científica, como a divisão entre crentes e ateus num mundo onde restem pouquíssimos seres humanos (quem teria mais vantagem do ponto de vista evolutivo?). Claro que, em todas as épocas e lugares, o ser humano sempre se aproveitará da fragilidade de seus semelhantes em proveito próprio. Mas a questão é a necessidade INTERNA de se apegar a algo.
Aqui se trabalha um pouco mais profundamente a ideia de como o ser-humano afetaria máquinas criadas para NÃO emularem as fraquezas humanas. Claro que, como em TODA a ficção científica, temos a repetição do velho clichê da máquina-que-pensa-que-é-gente, que gera os conflitos (e resoluções) de sempre.
Dito isso, a série realmente TENTA oferecer algo novo dentro de suas limitações. O destaque absoluto vai para a personagem Mãe, e a atriz Amanda Collin, que absolutamente domina todo o seriado. Ela realmente se empolgou com a personagem e dá tudo de si.
Esta segunda temporada é melhor, mais ágil que a primeira. Embora esbarre no mesmo problema de coisas inacreditáveis acontecendo sem maiores explicações, tenta desenvolver uma mitologia própria que pouco a pouco vai te envolvendo. Ao contrário de OUTRAS séries, que depois da primeira temporada é só mais do mesmo, esta aqui tem potencial para ser melhor a cada temporada.
Que não seja cancelada.
The Witcher (2ª Temporada)
3.8 272Por incrível que pareça é melhor que a primeira temporada. O personagem de Henry Cavill, que antes era chatíssimo e quase me fez desistir de terminar a primeira parte, aqui até está mais tolerável.
A série tem um tom “Senhor dos Anéis encontra Game of Thrones” que cresce a cada episódio, e o final genuinamente cria uma expectativa pela terceira temporada (a última?). Os fãs do videogame, claro, devem saber o que bate e o que não bate com a história original, mas quem não é fã (=eu) não liga pra esses detalhes. Porém, é recomendável a leitura de um “guia básico” para quem quer se envolver mais na história, pois aparecem diversos personagens e locais que se você não prestar atenção nem entende o que está assistindo.
Personagem mais irritante da vez: o “bardo” , que nem de alívio cômico serve!
Herança Paranormal
2.3 68Nada absolutamente digno de uma longa dissertação sobre, exceto talvez o ator principal (também em “A Tempestade do Século”) que realmente é carismático e se esforça.
O final te dá “aquela” sensação de perda de tempo.
O Núcleo: Missão ao Centro da Terra
2.8 233 Assista AgoraÉ um “filme-catástrofe” onde, pelo menos, somos poupados daquele dramalhão e chororô típicos de Michael Bay, Roland Emmerich, etc. Tem uma premissa pouco explorada e dois bons atores como protagonistas (Aaron Eckhart e Hilary Swank).
Algumas coisas forçam a barra demais, mas vale pelo “entertainment value“.
Comboio 48 - A Última Resistência
2.9 4 Assista AgoraFilme russo bom é um autêntico “achado” e este não foge à regra. É um filme que retrata um lado “heróico” da Rússia em um contexto de guerra (no caso, a segunda), o que deve dar ao público russo um certo orgulho nacionalista, mas nós, do outro lado, sabemos o quanto a própria Rússia, encapsulada na extinta União Soviética, era também responsável por atrocidades capazes de chocar meio mundo.
Não é de todo ruim, tem uma fotografia interessante e alguns atores até se ESFORÇAM para atuar bem.