Um líbelo ao marketing do ser feliz. Não é a toa que os bares estão monótonos e as paredes cinzas, bem como os olhares pálidos e desafetados. A morte é apenas um evento racionalmente previsto. A felicidade, por sua vez, pode quiçá ser adquirida com dentaduras de vampiros? Com sonhos sádicos? Usando pessoas? As vendo? Sei lá, mas me conforta a opção de que ela pode estar na dose de vodca que a bartender está servindo... e inclusive lembrei que não tenho nem um tostão, como podemos nos acertar?
"Não sei como falar de filmes. Falamos de vidas, de experiências". O filme me surpreendeu do início ao fim. É lindo, emocionante, arrebatador, provocador e espiritual. Onde se encaixariam as memórias, as cartas, risos e dores de Joaquim nos dogmas da onipotência científica, no rigor evolucionista ou nas demais teorias totalizantes? O filme explicita o salto da experiência no mundo, o silêncio que grita perante ao massificante e a angústia de viver a parte dos rigores. Em uma liberdade quase sufocante, Joaquim lapida o seu legado através do afeto, da arte e do sorriso. Em suas próprias palavras: "Gostava de ver em Darwin mais que o eugenismo. Em Freud, mais que um judeu errante. Em Marx, mais que uma antevisão a um futuro de barbárie. Só vos posso sugerir que não aceite resumo de resumos, citações de citações".
Entrou para os favoritos. Estou fascinado com a filmografia do Louis Malle, ainda mais agora depois que vi esse filme. O trabalho é de uma sensibilidade e natureza tão grande que esqueci que estava vendo um filme, mas me senti sentado lá também. Sou fanático pela potencialidade e profundidade do corriqueiro, no encontro das almas. Um contato olho a olho as vezes pode ensinar mais que um livro, a troca é diferente. Sem mais palavras, o filme é excelente!
Real, realíssimo, realismo, muito real!! Não é para todos. O filme não mede imagens ao reproduzir o peleguismo da direita francesa, a intolerância nazista e a vontade de um jovem de fazer a coisa certa, mesmo que da maneira mais errada possível. Aos que se assustaram com a "insensibilidade" ou lentidão do filme, melhor irem ver a turma da mônica ou então filme de super herói mesmo!
A mão que manuseia o veículo de alta performance. A luva suja e soada que o molda o ferro pesado. O sapato bico-fino de couro. As sandálias velhas de mais um dia de trabalho. O olhar vivaz que consome o veículo do ano. O olhar opaco e atento que policia as mãos que constroem. O antagonismo do consumo de maneira dissecada - A demasia do humano que brilha os olhos sedentos pelo consumo e a demasia do trabalho braçal de homens e mulheres invisíveis as vitrines. O filme me fez lembrar 'O suor e a lágrima', de Carlos Henrique Cony: "Que diabo, meus sapatos não estavam tão sujos assim, por míseros tostões fizera um filho do povo suar para ganhar seu pão. Olhei meus sapatos e tive vergonha daquele brilho humano salgado como lágrimas."
Excelente filme! A trajetória existencial de Witek, um homem que vivia um sonho projetado, seguia um caminho de pedras já predatado. De um segundo para o outro, com a morte de seu pai viu-se obrigado a ter que lidar consigo mesmo e a partir do "Nada" fazer-se em uma infinitude de possibilidades que o ingressar em um trem vai servir como um divisor de águas. Dentro da narrativa do filme não tive como lembrar do pensamento de Albert Camus, em "O Estrangeiro"; Como se mostra uma existência pela qual o nada foi dissecado tão abruptamente e a angústia mostrou-se como um grande susto? Era tudo estranho, os valores, os sonhos, as vocações e os anseios que a sociedade o cobrava. Mas onde estava Witek em tudo isso? Lidar com isso ou simplesmente "seguir o baile"?
Sorte Cega consegue mostrar, sem a necessidade de parábolas, que o Nada a todos pertence. Está no homem que atravessa a rua, corre atrás de um ônibus atrasado ou que acabou de se formar na universidade.
A cena final chegou para mim como: Não há nada de extraordinário no trivial. O que você fez por si durante a sua vida? Antes lidar com a angústia das frustrações políticas, religiosas, amorosas ou até mesmo vindas de uma realidade criminosa do que se cristalizar em um modelo pronto de felicidade e deixar de lutar por si. Tudo isso por um único motivo: O Absurdo está na existência, e a sua autenticidade ou mediocridade pode se apagar quando se menos espera e todos os seus projetos se converterem a cinzas ou comida para vermes.
Para apreciadores!! Jovens de classe média em um país monótono e socialmente conservador, acham em um extremismo regado de violência e ideologias "antissociais" uma chama para se viver intensamente e dessa forma criar uma identidade cultural e pessoal que só cresceu entre eles, em seu país e no mundo. Acho que o mais interessante desse filme não é em si a fidelidade com realidade nua e crua dos fatos, -até porque, acredito eu que não pôde haver uma coleta de dados maiores- mas se colocar a mostra de uma forma visceral e ao mesmo tempo romantizada o quão rápida, flamejante e megalomaníaca a cabeça de um jovem de vinte e poucos anos envolvido em uma causa autofágica e autodestrutiva pode o levar. Só que no caso, não como terceiro ou como boato, mas na pele, carne e "supostos" sentimentos dos membros que passaram, morreram e permaneceram no Mayhem no começo dos anos 90. Caracterizaram-se eles, sem ismos ou impessoalidades, colocando em foco não um "Lord of Chaos" ou um "Inner Circle", mas alguns jovens de classe média despreocupados, desinteressados, isolados, solitários, depressivos e que queriam mostrar ódio, vazio ou não contra um cotidiano massivo juvenil e cristão de um país cinzento como a Noruega, para sentirem-se ativos e "autorepresentados" no mundo e nos seus mundos. Além disso, o filme foi fantástico e até "mágico" na forma tão real, enérgica e excitante de como transmitiu e reconstituiu o contexto cultural e social onde tudo acontecia, das curtições, da loja, das tretas, e de tudo que os cercava e como eles lidavam com aquilo tudo que era tão novo para a época. A trilha sonora então, fantástica! Sim, de fato houve um Thriller e um calor a mais no vai e vem do filme, mas nada que tenha me incomodado tanto, já que o foco do filme foi, contar, repassar e criar uma imagem vívida e social do lendário e odiado Mayhem. Para mim como apreciador da banda e da identidade que ela criou, o filme foi muito excitante, envolvente e sentimental! Me peguei cantando as músicas, me imaginando fazendo parte da gig, e também aflito e ansioso em muitos momentos. Quando se acha que se tem o mundo nas mãos, nada parece tão grande assim.
Uma fonte rica de reflexões históricas e sociopolíticas contadas da perspectiva de Franz Weintraub, um marxista judeu que observou a movimentação fascista austríaca do seu princípio até seu ápice. Me chamou muita atenção a propaganda e a luta social-democrata da época, e como Viena "A capital vermelha", deixou-se ludibriar pela falsa e oportunista retórica fascista. Um filme rico, atual e que promove uma reflexão de cunho democrático sobre o combate contra o autoritarismo e como essa ideologia se desenvolve silenciosamente em uma sociedade.
Filme maravilhoso, bastante sensível. Mostra de forma visceral o que seria a crise da instituição familiar. A Atmosfera do filme oscila de uma forma muito sentimental em todo seu decorrer, fazendo um passeio demasiado nas emoções e expressões familiares, de forma sutil e também extravagante. Sem mais, belíssimo e emocionante. "Nothing is so tragic, is all about magic!".
"Crescer não é algo para crianças." Gostei muito da proposta intimista da obra. Ilustra bem o caos da transição entre infância para a pré-adolescência de uma maneira bem lúdica, humorada e ao mesmo tempo trágica (Leia-se a forma em que a criança entende e observa o mundo cão que estaria por vir e ser encarado). Odores, vergonhas, desejos e paixões mal entendidas. Tudo é novo, assustador e estranhamente excitante.
Politicamente poético. Poeticamente político. Além de ainda ser uma obra atualíssima, gostei de como foi retratado o tão anti-republicano e brasileiro jeito de "fazer política". O povo sempre a mercê, o povo sempre como um coadjuvante bem distante. O filme mostra de uma forma escancarada o abismo que existe entre Poder e o Povo. Trilha sonora maravilhosa! Me agradou os ouvidos quando nos momentos de tensão começavam a ressoar desconstruções musicais. Belíssimo.
Assustadoramente real. A atuação da Saoirse Ronan ou "Lady Bird" é simplesmente de tirar o fôlego. Assisti e consegui sentir que retrata um drama que muitos jovens "dos anos 2000" passaram ou ainda passam. O filme ilustra bem a dinâmica familiar média da época, impossível não criar uma identificação com a personagem principal. Fotografia e trilha sonora me agradaram.
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Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência
3.6 267 Assista AgoraUm líbelo ao marketing do ser feliz.
Não é a toa que os bares estão monótonos e as paredes cinzas, bem como os olhares pálidos e desafetados. A morte é apenas um evento racionalmente previsto. A felicidade, por sua vez, pode quiçá ser adquirida com dentaduras de vampiros? Com sonhos sádicos? Usando pessoas? As vendo? Sei lá, mas me conforta a opção de que ela pode estar na dose de vodca que a bartender está servindo... e inclusive lembrei que não tenho nem um tostão, como podemos nos acertar?
E Agora? Lembra-me
3.9 12 Assista Agora"Não sei como falar de filmes. Falamos de vidas, de experiências".
O filme me surpreendeu do início ao fim. É lindo, emocionante, arrebatador, provocador e espiritual. Onde se encaixariam as memórias, as cartas, risos e dores de Joaquim nos dogmas da onipotência científica, no rigor evolucionista ou nas demais teorias totalizantes? O filme explicita o salto da experiência no mundo, o silêncio que grita perante ao massificante e a angústia de viver a parte dos rigores. Em uma liberdade quase sufocante, Joaquim lapida o seu legado através do afeto, da arte e do sorriso. Em suas próprias palavras: "Gostava de ver em Darwin mais que o eugenismo. Em Freud, mais que um judeu errante. Em Marx, mais que uma antevisão a um futuro de barbárie. Só vos posso sugerir que não aceite resumo de resumos, citações de citações".
Meu Jantar com André
4.1 78Entrou para os favoritos.
Estou fascinado com a filmografia do Louis Malle, ainda mais agora depois que vi esse filme. O trabalho é de uma sensibilidade e natureza tão grande que esqueci que estava vendo um filme, mas me senti sentado lá também. Sou fanático pela potencialidade e profundidade do corriqueiro, no encontro das almas. Um contato olho a olho as vezes pode ensinar mais que um livro, a troca é diferente. Sem mais palavras, o filme é excelente!
Lacombe Lucien
3.8 36Real, realíssimo, realismo, muito real!!
Não é para todos. O filme não mede imagens ao reproduzir o peleguismo da direita francesa, a intolerância nazista e a vontade de um jovem de fazer a coisa certa, mesmo que da maneira mais errada possível.
Aos que se assustaram com a "insensibilidade" ou lentidão do filme, melhor irem ver a turma da mônica ou então filme de super herói mesmo!
Humano, Demasiado Humano
3.8 4A mão que manuseia o veículo de alta performance. A luva suja e soada que o molda o ferro pesado. O sapato bico-fino de couro. As sandálias velhas de mais um dia de trabalho. O olhar vivaz que consome o veículo do ano. O olhar opaco e atento que policia as mãos que constroem. O antagonismo do consumo de maneira dissecada - A demasia do humano que brilha os olhos sedentos pelo consumo e a demasia do trabalho braçal de homens e mulheres invisíveis as vitrines.
O filme me fez lembrar 'O suor e a lágrima', de Carlos Henrique Cony: "Que diabo, meus sapatos não estavam tão sujos assim, por míseros tostões fizera um filho do povo suar para ganhar seu pão. Olhei meus sapatos e tive vergonha daquele brilho humano salgado como lágrimas."
Sorte Cega
4.1 62 Assista AgoraExcelente filme!
A trajetória existencial de Witek, um homem que vivia um sonho projetado, seguia um caminho de pedras já predatado. De um segundo para o outro, com a morte de seu pai viu-se obrigado a ter que lidar consigo mesmo e a partir do "Nada" fazer-se em uma infinitude de possibilidades que o ingressar em um trem vai servir como um divisor de águas. Dentro da narrativa do filme não tive como lembrar do pensamento de Albert Camus, em "O Estrangeiro"; Como se mostra uma existência pela qual o nada foi dissecado tão abruptamente e a angústia mostrou-se como um grande susto? Era tudo estranho, os valores, os sonhos, as vocações e os anseios que a sociedade o cobrava. Mas onde estava Witek em tudo isso? Lidar com isso ou simplesmente "seguir o baile"?
Sorte Cega consegue mostrar, sem a necessidade de parábolas, que o Nada a todos pertence. Está no homem que atravessa a rua, corre atrás de um ônibus atrasado ou que acabou de se formar na universidade.
A cena final chegou para mim como: Não há nada de extraordinário no trivial. O que você fez por si durante a sua vida? Antes lidar com a angústia das frustrações políticas, religiosas, amorosas ou até mesmo vindas de uma realidade criminosa do que se cristalizar em um modelo pronto de felicidade e deixar de lutar por si. Tudo isso por um único motivo: O Absurdo está na existência, e a sua autenticidade ou mediocridade pode se apagar quando se menos espera e todos os seus projetos se converterem a cinzas ou comida para vermes.
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraFreud, vem cá...
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraClímax, Ápice, Limite.
"Viver é uma impossibilidade coletiva - Morrer é uma experiência extraordinária".
Mayhem: Senhores Do Caos
3.5 280Para apreciadores!!
Jovens de classe média em um país monótono e socialmente conservador, acham em um extremismo regado de violência e ideologias "antissociais" uma chama para se viver intensamente e dessa forma criar uma identidade cultural e pessoal que só cresceu entre eles, em seu país e no mundo. Acho que o mais interessante desse filme não é em si a fidelidade com realidade nua e crua dos fatos, -até porque, acredito eu que não pôde haver uma coleta de dados maiores- mas se colocar a mostra de uma forma visceral e ao mesmo tempo romantizada o quão rápida, flamejante e megalomaníaca a cabeça de um jovem de vinte e poucos anos envolvido em uma causa autofágica e autodestrutiva pode o levar. Só que no caso, não como terceiro ou como boato, mas na pele, carne e "supostos" sentimentos dos membros que passaram, morreram e permaneceram no Mayhem no começo dos anos 90. Caracterizaram-se eles, sem ismos ou impessoalidades, colocando em foco não um "Lord of Chaos" ou um "Inner Circle", mas alguns jovens de classe média despreocupados, desinteressados, isolados, solitários, depressivos e que queriam mostrar ódio, vazio ou não contra um cotidiano massivo juvenil e cristão de um país cinzento como a Noruega, para sentirem-se ativos e "autorepresentados" no mundo e nos seus mundos.
Além disso, o filme foi fantástico e até "mágico" na forma tão real, enérgica e excitante de como transmitiu e reconstituiu o contexto cultural e social onde tudo acontecia, das curtições, da loja, das tretas, e de tudo que os cercava e como eles lidavam com aquilo tudo que era tão novo para a época. A trilha sonora então, fantástica!
Sim, de fato houve um Thriller e um calor a mais no vai e vem do filme, mas nada que tenha me incomodado tanto, já que o foco do filme foi, contar, repassar e criar uma imagem vívida e social do lendário e odiado Mayhem.
Para mim como apreciador da banda e da identidade que ela criou, o filme foi muito excitante, envolvente e sentimental! Me peguei cantando as músicas, me imaginando fazendo parte da gig, e também aflito e ansioso em muitos momentos.
Quando se acha que se tem o mundo nas mãos, nada parece tão grande assim.
Seu Nome
4.5 1,4K Assista AgoraSe eu chorei? <3
Retorno à Viena
4.4 1Uma fonte rica de reflexões históricas e sociopolíticas contadas da perspectiva de Franz Weintraub, um marxista judeu que observou a movimentação fascista austríaca do seu princípio até seu ápice. Me chamou muita atenção a propaganda e a luta social-democrata da época, e como Viena "A capital vermelha", deixou-se ludibriar pela falsa e oportunista retórica fascista. Um filme rico, atual e que promove uma reflexão de cunho democrático sobre o combate contra o autoritarismo e como essa ideologia se desenvolve silenciosamente em uma sociedade.
Bagdad Café
4.0 242 Assista AgoraFilme maravilhoso, bastante sensível. Mostra de forma visceral o que seria a crise da instituição familiar. A Atmosfera do filme oscila de uma forma muito sentimental em todo seu decorrer, fazendo um passeio demasiado nas emoções e expressões familiares, de forma sutil e também extravagante. Sem mais, belíssimo e emocionante.
"Nothing is so tragic, is all about magic!".
Baby Bump
3.3 4 Assista Agora"Crescer não é algo para crianças."
Gostei muito da proposta intimista da obra. Ilustra bem o caos da transição entre infância para a pré-adolescência de uma maneira bem lúdica, humorada e ao mesmo tempo trágica (Leia-se a forma em que a criança entende e observa o mundo cão que estaria por vir e ser encarado). Odores, vergonhas, desejos e paixões mal entendidas. Tudo é novo, assustador e estranhamente excitante.
Terra em Transe
4.1 286 Assista AgoraPoliticamente poético.
Poeticamente político.
Além de ainda ser uma obra atualíssima, gostei de como foi retratado o tão anti-republicano e brasileiro jeito de "fazer política".
O povo sempre a mercê, o povo sempre como um coadjuvante bem distante. O filme mostra de uma forma escancarada o abismo que existe entre Poder e o Povo.
Trilha sonora maravilhosa! Me agradou os ouvidos quando nos momentos de tensão começavam a ressoar desconstruções musicais. Belíssimo.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraAssustadoramente real.
A atuação da Saoirse Ronan ou "Lady Bird" é simplesmente de tirar o fôlego.
Assisti e consegui sentir que retrata um drama que muitos jovens "dos anos 2000" passaram ou ainda passam. O filme ilustra bem a dinâmica familiar média da época, impossível não criar uma identificação com a personagem principal.
Fotografia e trilha sonora me agradaram.