Gabriela Martins

Depois do copypaste descarado que é o episódio VII, é um alívio finalmente poder ver uma história com um pouco de originalidade.

Durante o ‘roundtable’ dos diretores do THR, Iñárritu comentou sobre como ele se sentia ao assistir os filmes do Tarkovski. Não irei dizer que esse filme se iguala a qualquer um dos filmes que assisti do diretor russo, pois esses, diferentemente de ‘O Regresso’, possuem significado bem maior do que a história que contam. Entretanto, não pude deixar de notar as influências de Tarkovski nesse filme, principalmente no tom poético das cenas oníricas; em uma delas há uma cena bem parecida com a cena em que uma mulher ‘flutua’ em ‘O Espelho’ (1975). Além disso, as imagens falam por si mesmas. A fotografia é belíssima e tem a função de transmitir os sentimentos ambíguos de desolação e ‘grandeza’ dos personagens.

Outra coisa fascinante é a interpretação do Dicaprio. Se a academia ignorar essa atuação qualquer pessoa de bom senso irá passar a ignorar a academia. O personagem quase não tem falas e mesmo assim tantas coisas são transmitidas apenas com gestos e olhares, e o ‘contato direto’ da cena final é simplesmente de tirar o fôlego e aplaudir em pé. Que ator incrível!

Enfim, eu tive que favoritar esse filme, pois para mim é realmente excitante ver que há pessoas como o Iñárritu que se arriscam, no meio de tantos filmes puramente comerciais, a fazer um filme como este. Algumas pessoas dizem que ele é muito pretensioso, para mim ele é simplesmente um verdadeiro artista (e se ele realmente for pretensioso, que continue sendo!).

O filme é ok, um bom começo para a nova saga. Porém, eles exageraram um pouco na nostalgia, faltou um pouco de criatividade.