La Sapienza é mais uma obra de estética apaixonadamente singular de Eugène Green, um diretor que é sempre um suspiro de frescor de se assistir, dada a sua irreverente e incomum maneira de filmar. Dominando cada vez mais seu estilo inorgânico, inserindo uma leveza encantadora a cada movimento de câmera e transição de planos, Green a principio nos captura numa atmosfera quase onírica para então nos apresentar aos dramas reais mas ao mesmo tempo completamente alegóricos de seus personagens, envolvendo cada encontro e interação entre eles em sua teatralidade que pessoaliza e aprofunda seus significados e expõe, pouco a pouco, a real intenção de tudo que vimos e vemos na tela. Divagando novamente sobre a transcendência espiritual e de valores em detrimento da elitizada cultura ou da arrogância da idade, o diretor relaciona esse tema tão caro a ele com seu apreço pela Palavra (nesse caso direcionada a apenas uma, que dá título ao filme) e, com uma reverencia inspiradora e belíssima, à arquitetura, focando várias de suas sequências em estruturas italianas repletas de esplendor e história, chegando até a reservar uma para reconstituir eventos, fictícios ou não, envolvendo figuras históricas da arquitetura italiana, em uma das cenas mais belas que já filmou em sua fascinante filmografia. Green pode não apresentar aqui seu melhor roteiro, chegando até a ser um tanto repetitivo em seus diálogos, mas conseguiu impressionar mais uma vez à mim, espectador de olhos vidrados diante de tal quebra de comodismo estético, narrativo e até mesmo espiritual.
Os quadros sutis e suaves, deverás oníricos, que Mizoguchi nos apresenta por boa parte do filme contrastam com o caos, moral e físico, do mundo e personagens que esses quadros representam. A beleza, o horror e a redenção transistam entre si nas mão de um mestre que consegue lidar com estes elementos sem deixar nosso fascínio diluir, construindo uma obra poderosa e memorável, um dos maiores deleites que tive com o cinema nipônico até então.
Obra-prima de filmes do gênero e com certeza o maior acerto na carreira de John Hughes (o que não é dizer pouco), The Breakfast Club se apresenta como um filme atemporal, imitado e referenciado inúmeras vezes desde seu lançamento, mas nunca igualado. Um filme que não busca qualquer tipo de subversão de estereótipos, mas sim assume-os com fervor, aprofundando-os e tornando-os humanos, em vista de que o mesmo são, vejam só, pessoas. Um drama mais profundo que a maioria dos que se vê por ai hoje em dia ou na época, mas que consegue se manter leve e bem humorado sem perder uma gota de sua carga dramática ou significados. Ausente de apelações, tomando seu tempo para desenvolver sua emocionante e divertida crescente narrativa, não tenho mais comentários para descrever essa obra tão especial, apenas muito amor por esse filme de 85 que continua a representar e encantar gerações. Novamente, ATEMPORAL! <3
Um sobreposição abismal de imagens e sons que formam uma fascinante poesia, onipresente num universo construído em beleza, inocência, lembrança e sentimento. Uma ode à vida e sua beleza visceral.
Este é um documentário sobre pessoas corajosas e conscientes tentando mudar algo que, em geral, impede ou possibilita a prática de atos tenebrosos tais quais os apresentados nos minutos finais do filme: a percepção. Mecanismos inorgânicos, racionais e grotescamente capitalistas gerem um negócio que se não moralmente deturbado na visão de qualquer pessoa sã, também é alarmantemente danoso a saúde de vários indivíduos. Os integrantes da equipe e o próprio documentário expõem as falácias e hipocrisias com que este sistema planta a desinformação cultural, econômica, política e, vejam só, até mesmo ambiental. Assim, edificam um documento poderoso e sem dúvida importante (não sou cínico o bastante para afirmar sua efetividade) na luta contra um dos atos mais vis praticados pelo ser humano atualmente.
Entretanto ,o que acho tragicômico, definitivamente mais trágico que cômico, é que a empatia de muitos recai sobre os animais em destaque no documentário, por serem mais sencientes e.. simpáticos? Mas a amplitude do sofrimento e assassinato praticado pelos humanos se estendem à incontáveis espécies de seres vivos. Alguns, de fato muitos, que até hoje tem o aval da percepção, uma consciência limpa grotesca, na mente de boa parte da população global. Por mais pessoas como a desse documentário, mas também por mais empatia para qualquer ser vivo. Que o horror nascido de uma "simples e inofensiva" diversão ou capricho a mesa, tenha fim.
"O sorriso de um golfinho é uma das maiores ilusões da natureza."
Quanta simplicidade num só filme! Sem grandes firulas técnicas ou dramaticidades narrativas, este filme de Claire Denis nos leva para o cotidiano de seus personagens de forma sutil, ternamente íntima, mas nunca invasiva. São de gestos ou de pequenas ações e expressões que se fazem os picos narrativos de 35 Doses de Rum, que se mostra contido na medida de cada um de seus personagens e emocionante por não soar artificial a nenhum momento, aproximando-nos mais e mais dos sentimentos e nuances expostos tão discreta e sutilmente ali.
Não dava nada pelo filme e acabei me surpreendendo. Com uma trilha sonora bacana, direção segura e uma atuação - se não competente - pelo menos não comprometedora de Porchat (outra surpresa), Entre Abelhas consegue desenvolver bem seu estranho argumento e assim expor toda a sua hipérbole sobre a auto-alienação de maneira original e até mesmo ricamente confiante... até seu final, que se torna um tanto verborrágico ao tentar verbalizar o que não devia verbalizado, impedindo um maior destrinchamento da obra após seus créditos descerem. Mas... ainda sim é um filme que tem sua validade e que não merece ser ignorado, valeu a assistida!
Mesmo com algumas sequências empolgantes, frutos do olho e capacidade de Nolan para produzi-las, o filme não deixar de se afundar junto ao seu roteiro pavoroso, aparentemente feito nas coxas MESMO, e uma vergonha para os irmãos que o assinaram (ou, melhor dizendo, assassinaram). Mas, além disso, a direção certamente também não é muito inspirada e nem mesmo as atuações ou a pretensa grandiosidade de certas cenas chegam a convencer, trazer algum interesse genuíno quantos aos rumos do filme. Sobra, assim, apenas a trilha sonora magnífica de Hans Zimmer para inserir algum deleite neste filme fadado a ser uma conclusão terrível, para uma (nem tão) boa trilogia.
Que bosta Nolan, gostaria de dizer que você se redimiu com Inception ou Interstellar, mas parece que seu último filme não vergonha alheia foi TDK mesmo. Melhoras parça, ainda boto fé em ti. "Ressurja", vlw.
Não sei nem o que dizer apenas sentir, principalmente com esse final que sempre me dá uns arrepios. Nolan sabe como terminar um filme, isso é fato. Mas aqui ele também acertou seus erros com as sequencias de ação, agora podemos ao menos entendê-las, e com isso nos entregou inúmeras sequências eletrizantes e nos deu espaço para investirmos mais em seus personagens, funcionando muito mais em seu arco dramático do que seu antecessor (e sucessor). Eletrizante, a propósito, também são todos os minutos da obra, tensa e até mesmo angustiante por vezes, é impossível tirar os olhos da tela mesmo quando o grande chamariz do filme, Ledger e seu Coringa, não estão em tela. Um entretenimento de primeira e sem dúvida o melhor filme do Morcego que já assisti.
Aparte da incapacidade de Nolan de filmar sequências de luta sem apelar para cortes indiscerníveis e da presença de uma exagerada exposição, recorrente nos filmes do diretor, através dos diálogos , Batman Begins consegue ser um filme com acentuada força narrativa, essa construída com consciência pelo diretor e sua equipe, que deram toda uma nova e atraente roupagem aos filmes do morcego a partir deste primeiro filme. Logo, se Begins não é um filme impecável - longe disso - e nem mesmo excelente, é no mínimo importante e sem dúvida competente no que se propõe, reapresentando todo um universo de maneira atraente, madura e consciente de seus objetivos.
Um Nolan mais contido como aqui (E sem botar muito suas mãozinhas ambiciosas no roteiro) funciona muito mais do que mil aventuras oníricas ou intergaláticas, isso é certo.
Um tanto onírico e experimental, é um filme que investe totalmente nas sensações, e por tal pode não ser, ao final, uma experiência completa, mas é deveras interessante.
Cresceu demaaaais nessa nova revisão, ultrapassando o 1º filme no meu coração. Uma obra deliciosa de se assistir, assim como seu antecessor, mas também já levemente dolorosa, desiludida por sua crueza ao tratar do produto humano do tempo, a lembrança, e todas as suas implicações sem esconder nem o amargor nem o deleite que acompanham elas. Se uma noite reverbera por toda a vida de Jesse e Celine, o que esperar dos 9 anos de vazio, cheios de rememorações, sentimentos conflitantes, dores e nostalgia, entre o reencontro?. A resposta não pode ser descrita com exatidão, e nem mesmo tomada como universal, dado o realismo com que o casal foi e é nos apresentado e reapresentado. Sobra aqui apenas uma colossal empatia, do que é viver, expectar, rememorar e tentar em vão esquecer. Algo que o tempo nos permite, e que aí sim é inegavelmente universal, mesmo que em suas individuais e múltiplas maneiras. E é dessa complexa simplicidade que Linklater se faz o mestre que é, e Before Sunset mais uma obra-prima em sua filmografia (a)temporal.
Este filme carrega um dos melhores elogios que se poderia dar a algo - Antes do Amanhecer é como se apaixonar. Mágico, repleto de esperança e ilusões, esse primeiro capítulo da história de Jesse e Celine é uma idealização cercada de perguntas não respondidas, acalentadoras expectativas criadas e um adeus que poderia ter sido para sempre, como aprendemos fora das telas ao vivenciarmos o destruidor e criador, cerne do cinema do diretor: Ele, o tempo. Mais agridoce impossível essa revisita, para quem já assistiu os filmes posteriores dessa impecável trilogia
Esse filme continua me trazendo uma deprê danada e eu continuo amando ele. Um verdadeiro caso de masoquismo. Nessa revisita experienciei novamente os melancólicos estados de Anders, o protagonista, em sua tentativa, já falha desde a primeira sequencia da obra, de se reintegrar a sua calejada existência: passado, presente e futuro. Um misto de nostalgia fúnebre, melancolia e uma saudade de algo que julgo não existir compõem a minha experiência com esta incrível obra, ternamente experienciada e dolorosamente digerida, sem deixar de compôr um deleite a sua própria maneira.
(Trier's Rainhas e que trilha sonora maravilhosa <3 )
Só a trilha sonora monumental de Steven Price e os vertiginosos planos-sequência de Cuarón já seriam capazes de alçar Gravidade à um patamar elevado de cinema, mas no filme também encontramos uma fotografia, efeitos especiais e atuações a altura de suas outras qualidades, tornando esta incrível obra uma espetáculo audiovisual impossível de se ignorar. Uma jornada inspiradora que, através da simplicidade, nos envolve em uma espiral de emoções até seu clímax final, numa das cenas mais poderosas de 2013. Oscar mais que merecido para Cuarón, Lubezki, Webber e Price. Para se assistir no último volume, numa tela que permita honrar suas grandiosas sequencias, e assim curtir essa experiência colossal.
Um show de atuações, jogo de cores e, principalmente, sonoplastia. Apesar de não chegar a altura da cruel obra prima que é o livro, este filme consegue cumprir com o que propõe, funcionando como um complemento macabramente sensorial, cheio de terror, agonia e perguntas não respondidas graças a direção segura de Lynne Ramsay. Precisamos Falar Sobre Kevin é um drama/horror psicológico de primeira.
Extremamente singular, esta obra-prima de Resnais é definitivamente um filme para se experienciar, ter com ele um trato de entrega para assim aproveitar cada quadro de delírio, lembranças, sonhos e beleza que nos são apresentados.
Godard finalmente me captura aqui nesse seu filme que apresenta menos fírulas, e mais substância, com uma personagem mais vivida do que interpretada por Anna Karina. Apaixonante, dissimulada, empática e egoísta, acompanhamos a crescente de episódios que se fazem sua vida, e nesse meio temos os diálogos do diretor bastante inspirados e o uso de câmera - junto ao deslumbrante P&B - que não nos deixa piscar, convocando a assistir a natural e bela tragédia que estampa em seus quadros. Daqueles filmes que terei o prazer de rever a qualquer hora, um deleite.
Com ótimos momentos, mas também com muitos outros dispensáveis e até mesmo (negativamente) risíveis, o todo foi para mim o de um filme sem substância, que por alguns segundos pode divertir (e cativar através da apaixonante Anna Karina) mas que ao final passa batido. Uma obra deverás esquecível, mas não completamente dispensável, dado alguns pequenos diálogos espirituosos e uma estética curiosa e agradável..
Um filme com vida própria e pulsante, que negligencia seu fiapo de roteiro em prol de divagações e diálogos mundanalmente filosóficos e poéticos, além de apresentar uma estética um tanto desconcertante para mim, que tive aqui minha primeira incursão na Nouvelle Vague e na filmografia de Godard. No mínimo uma experiência interessante, já quero por olhos em outras obras do diretor e do movimento.
Bastante decepcionante. Não por ser ruim, mas confesso que esperava bem mais. O filme, apesar das belíssimas sequências finais, não conseguiu me pegar de jeito nenhum, principalmente no que se refere ao sentimental. Com monólogos e sequencias um tanto deslocados, achei-o um tanto entediante algumas horas e mesmo com um indivíduo tão cativante quanto Mario na tela não consegui me entregar ao que se passava. Longe de qualquer catarse, mas também de qualquer ausência de méritos, esse doc fica como uma experiência bastante frustrante para mim, como se tivesse deixado passar sentimentos que ali foram expostos, mas nunca entregues
Blue, antes de cinema, é um estado de ser, ou melhor, fragmentos de vários deles que formam um primoroso todo, incorporado ao vasto significado cuja palavra - a cor - do título remete. É uma experiência inusitada ter a imagem - a exceção do azul onipresente - negada durante os 74 minutos de filme, mas pouco a pouco o audiovisual mostra estar lá, afetando e moldando nosso próprio estado ao assistirmos o que parece ser uma viagem póstuma, um manisfesto melancólico e poético da vida e percepção do autor da obra. O azul é palpável, sentido, incorporado por quem o assiste, e a partir da consciência deste fato posso declarar sem pestanejar que este é um grande filme e que o tamanho - e quantidade - de imagens contidas nele está a mercê do indivíduo que o assiste, de sua capacidade de entrega como ser humano. Certamente uma experiência peculiar, completamente inesquecível. Para quem aprecia poesia, imperdível, para quem ama cinema, também. Para os que conseguem enxergar um através do outro, um colossal deleite.
Uma sofrida história de opostos, que acabam por se chocar, tornarem-se um e até mesmo nascerem a partir do outro. Dentre estes opostos, no que acredito ser o objetivo do filme, há o amor e o ódio, o segundo permeando a película bem mais do que o primeiro, mas a mera existência do outro ao final da obra se torna algo a ser admirado, pensado e, principalmente, cultuado. Incêndios é dirigido com completa consciência do que constrói, entregando momentos de horror e letargia até sua catarse final, que é de uma ambiguidade moral admiravelmente primitiva - o bem e o mal. Um filme que cresceu bastante nessa revisão, sem dúvida o melhor deste, já grande, diretor que é Denis Villeneuve.
O timing aqui é impecável, das atuações à direção precisa de Payne, constituindo um filme bastante divertido de se assistir, cumprindo com competência o que propõe. Gostei bastante, quase favoritei .
A Sapiência
3.5 25 Assista AgoraLa Sapienza é mais uma obra de estética apaixonadamente singular de Eugène Green, um diretor que é sempre um suspiro de frescor de se assistir, dada a sua irreverente e incomum maneira de filmar. Dominando cada vez mais seu estilo inorgânico, inserindo uma leveza encantadora a cada movimento de câmera e transição de planos, Green a principio nos captura numa atmosfera quase onírica para então nos apresentar aos dramas reais mas ao mesmo tempo completamente alegóricos de seus personagens, envolvendo cada encontro e interação entre eles em sua teatralidade que pessoaliza e aprofunda seus significados e expõe, pouco a pouco, a real intenção de tudo que vimos e vemos na tela. Divagando novamente sobre a transcendência espiritual e de valores em detrimento da elitizada cultura ou da arrogância da idade, o diretor relaciona esse tema tão caro a ele com seu apreço pela Palavra (nesse caso direcionada a apenas uma, que dá título ao filme) e, com uma reverencia inspiradora e belíssima, à arquitetura, focando várias de suas sequências em estruturas italianas repletas de esplendor e história, chegando até a reservar uma para reconstituir eventos, fictícios ou não, envolvendo figuras históricas da arquitetura italiana, em uma das cenas mais belas que já filmou em sua fascinante filmografia.
Green pode não apresentar aqui seu melhor roteiro, chegando até a ser um tanto repetitivo em seus diálogos, mas conseguiu impressionar mais uma vez à mim, espectador de olhos vidrados diante de tal quebra de comodismo estético, narrativo e até mesmo espiritual.
Contos da Lua Vaga
4.4 105 Assista AgoraOs quadros sutis e suaves, deverás oníricos, que Mizoguchi nos apresenta por boa parte do filme contrastam com o caos, moral e físico, do mundo e personagens que esses quadros representam. A beleza, o horror e a redenção transistam entre si nas mão de um mestre que consegue lidar com estes elementos sem deixar nosso fascínio diluir, construindo uma obra poderosa e memorável, um dos maiores deleites que tive com o cinema nipônico até então.
Clube dos Cinco
4.2 2,6K Assista AgoraObra-prima de filmes do gênero e com certeza o maior acerto na carreira de John Hughes (o que não é dizer pouco), The Breakfast Club se apresenta como um filme atemporal, imitado e referenciado inúmeras vezes desde seu lançamento, mas nunca igualado. Um filme que não busca qualquer tipo de subversão de estereótipos, mas sim assume-os com fervor, aprofundando-os e tornando-os humanos, em vista de que o mesmo são, vejam só, pessoas. Um drama mais profundo que a maioria dos que se vê por ai hoje em dia ou na época, mas que consegue se manter leve e bem humorado sem perder uma gota de sua carga dramática ou significados.
Ausente de apelações, tomando seu tempo para desenvolver sua emocionante e divertida crescente narrativa, não tenho mais comentários para descrever essa obra tão especial, apenas muito amor por esse filme de 85 que continua a representar e encantar gerações. Novamente, ATEMPORAL! <3
Cinzas e Neve
4.5 62Um sobreposição abismal de imagens e sons que formam uma fascinante poesia, onipresente num universo construído em beleza, inocência, lembrança e sentimento. Uma ode à vida e sua beleza visceral.
The Cove - A Baía da Vergonha
4.5 146Este é um documentário sobre pessoas corajosas e conscientes tentando mudar algo que, em geral, impede ou possibilita a prática de atos tenebrosos tais quais os apresentados nos minutos finais do filme: a percepção.
Mecanismos inorgânicos, racionais e grotescamente capitalistas gerem um negócio que se não moralmente deturbado na visão de qualquer pessoa sã, também é alarmantemente danoso a saúde de vários indivíduos. Os integrantes da equipe e o próprio documentário expõem as falácias e hipocrisias com que este sistema planta a desinformação cultural, econômica, política e, vejam só, até mesmo ambiental. Assim, edificam um documento poderoso e sem dúvida importante (não sou cínico o bastante para afirmar sua efetividade) na luta contra um dos atos mais vis praticados pelo ser humano atualmente.
Entretanto ,o que acho tragicômico, definitivamente mais trágico que cômico, é que a empatia de muitos recai sobre os animais em destaque no documentário, por serem mais sencientes e.. simpáticos? Mas a amplitude do sofrimento e assassinato praticado pelos humanos se estendem à incontáveis espécies de seres vivos. Alguns, de fato muitos, que até hoje tem o aval da percepção, uma consciência limpa grotesca, na mente de boa parte da população global.
Por mais pessoas como a desse documentário, mas também por mais empatia para qualquer ser vivo. Que o horror nascido de uma "simples e inofensiva" diversão ou capricho a mesa, tenha fim.
"O sorriso de um golfinho é uma das maiores ilusões da natureza."
35 Doses de Rum
3.8 16Quanta simplicidade num só filme! Sem grandes firulas técnicas ou dramaticidades narrativas, este filme de Claire Denis nos leva para o cotidiano de seus personagens de forma sutil, ternamente íntima, mas nunca invasiva. São de gestos ou de pequenas ações e expressões que se fazem os picos narrativos de 35 Doses de Rum, que se mostra contido na medida de cada um de seus personagens e emocionante por não soar artificial a nenhum momento, aproximando-nos mais e mais dos sentimentos e nuances expostos tão discreta e sutilmente ali.
Entre Abelhas
3.4 830Não dava nada pelo filme e acabei me surpreendendo. Com uma trilha sonora bacana, direção segura e uma atuação - se não competente - pelo menos não comprometedora de Porchat (outra surpresa), Entre Abelhas consegue desenvolver bem seu estranho argumento e assim expor toda a sua hipérbole sobre a auto-alienação de maneira original e até mesmo ricamente confiante... até seu final, que se torna um tanto verborrágico ao tentar verbalizar o que não devia verbalizado, impedindo um maior destrinchamento da obra após seus créditos descerem.
Mas... ainda sim é um filme que tem sua validade e que não merece ser ignorado, valeu a assistida!
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista AgoraMesmo com algumas sequências empolgantes, frutos do olho e capacidade de Nolan para produzi-las, o filme não deixar de se afundar junto ao seu roteiro pavoroso, aparentemente feito nas coxas MESMO, e uma vergonha para os irmãos que o assinaram (ou, melhor dizendo, assassinaram). Mas, além disso, a direção certamente também não é muito inspirada e nem mesmo as atuações ou a pretensa grandiosidade de certas cenas chegam a convencer, trazer algum interesse genuíno quantos aos rumos do filme. Sobra, assim, apenas a trilha sonora magnífica de Hans Zimmer para inserir algum deleite neste filme fadado a ser uma conclusão terrível, para uma (nem tão) boa trilogia.
Que bosta Nolan, gostaria de dizer que você se redimiu com Inception ou Interstellar, mas parece que seu último filme não vergonha alheia foi TDK mesmo. Melhoras parça, ainda boto fé em ti. "Ressurja", vlw.
Batman: O Cavaleiro das Trevas
4.5 3,8K Assista AgoraNão sei nem o que dizer apenas sentir, principalmente com esse final que sempre me dá uns arrepios. Nolan sabe como terminar um filme, isso é fato. Mas aqui ele também acertou seus erros com as sequencias de ação, agora podemos ao menos entendê-las, e com isso nos entregou inúmeras sequências eletrizantes e nos deu espaço para investirmos mais em seus personagens, funcionando muito mais em seu arco dramático do que seu antecessor (e sucessor). Eletrizante, a propósito, também são todos os minutos da obra, tensa e até mesmo angustiante por vezes, é impossível tirar os olhos da tela mesmo quando o grande chamariz do filme, Ledger e seu Coringa, não estão em tela.
Um entretenimento de primeira e sem dúvida o melhor filme do Morcego que já assisti.
Batman Begins
4.0 1,4K Assista AgoraAparte da incapacidade de Nolan de filmar sequências de luta sem apelar para cortes indiscerníveis e da presença de uma exagerada exposição, recorrente nos filmes do diretor, através dos diálogos , Batman Begins consegue ser um filme com acentuada força narrativa, essa construída com consciência pelo diretor e sua equipe, que deram toda uma nova e atraente roupagem aos filmes do morcego a partir deste primeiro filme. Logo, se Begins não é um filme impecável - longe disso - e nem mesmo excelente, é no mínimo importante e sem dúvida competente no que se propõe, reapresentando todo um universo de maneira atraente, madura e consciente de seus objetivos.
Um Nolan mais contido como aqui (E sem botar muito suas mãozinhas ambiciosas no roteiro) funciona muito mais do que mil aventuras oníricas ou intergaláticas, isso é certo.
O Uivo da Gaita
2.4 73 Assista AgoraUm tanto onírico e experimental, é um filme que investe totalmente nas sensações, e por tal pode não ser, ao final, uma experiência completa, mas é deveras interessante.
Antes do Pôr-do-Sol
4.2 1,5K Assista AgoraCresceu demaaaais nessa nova revisão, ultrapassando o 1º filme no meu coração. Uma obra deliciosa de se assistir, assim como seu antecessor, mas também já levemente dolorosa, desiludida por sua crueza ao tratar do produto humano do tempo, a lembrança, e todas as suas implicações sem esconder nem o amargor nem o deleite que acompanham elas. Se uma noite reverbera por toda a vida de Jesse e Celine, o que esperar dos 9 anos de vazio, cheios de rememorações, sentimentos conflitantes, dores e nostalgia, entre o reencontro?. A resposta não pode ser descrita com exatidão, e nem mesmo tomada como universal, dado o realismo com que o casal foi e é nos apresentado e reapresentado. Sobra aqui apenas uma colossal empatia, do que é viver, expectar, rememorar e tentar em vão esquecer. Algo que o tempo nos permite, e que aí sim é inegavelmente universal, mesmo que em suas individuais e múltiplas maneiras. E é dessa complexa simplicidade que Linklater se faz o mestre que é, e Before Sunset mais uma obra-prima em sua filmografia (a)temporal.
Antes do Amanhecer
4.3 1,9K Assista AgoraEste filme carrega um dos melhores elogios que se poderia dar a algo - Antes do Amanhecer é como se apaixonar.
Mágico, repleto de esperança e ilusões, esse primeiro capítulo da história de Jesse e Celine é uma idealização cercada de perguntas não respondidas, acalentadoras expectativas criadas e um adeus que poderia ter sido para sempre, como aprendemos fora das telas ao vivenciarmos o destruidor e criador, cerne do cinema do diretor: Ele, o tempo.
Mais agridoce impossível essa revisita, para quem já assistiu os filmes posteriores dessa impecável trilogia
Oslo, 31 de Agosto
3.9 194Esse filme continua me trazendo uma deprê danada e eu continuo amando ele. Um verdadeiro caso de masoquismo. Nessa revisita experienciei novamente os melancólicos estados de Anders, o protagonista, em sua tentativa, já falha desde a primeira sequencia da obra, de se reintegrar a sua calejada existência: passado, presente e futuro. Um misto de nostalgia fúnebre, melancolia e uma saudade de algo que julgo não existir compõem a minha experiência com esta incrível obra, ternamente experienciada e dolorosamente digerida, sem deixar de compôr um deleite a sua própria maneira.
(Trier's Rainhas e que trilha sonora maravilhosa <3 )
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraSó a trilha sonora monumental de Steven Price e os vertiginosos planos-sequência de Cuarón já seriam capazes de alçar Gravidade à um patamar elevado de cinema, mas no filme também encontramos uma fotografia, efeitos especiais e atuações a altura de suas outras qualidades, tornando esta incrível obra uma espetáculo audiovisual impossível de se ignorar. Uma jornada inspiradora que, através da simplicidade, nos envolve em uma espiral de emoções até seu clímax final, numa das cenas mais poderosas de 2013. Oscar mais que merecido para Cuarón, Lubezki, Webber e Price. Para se assistir no último volume, numa tela que permita honrar suas grandiosas sequencias, e assim curtir essa experiência colossal.
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraUm show de atuações, jogo de cores e, principalmente, sonoplastia. Apesar de não chegar a altura da cruel obra prima que é o livro, este filme consegue cumprir com o que propõe, funcionando como um complemento macabramente sensorial, cheio de terror, agonia e perguntas não respondidas graças a direção segura de Lynne Ramsay. Precisamos Falar Sobre Kevin é um drama/horror psicológico de primeira.
O Ano Passado em Marienbad
4.2 156 Assista AgoraExtremamente singular, esta obra-prima de Resnais é definitivamente um filme para se experienciar, ter com ele um trato de entrega para assim aproveitar cada quadro de delírio, lembranças, sonhos e beleza que nos são apresentados.
Viver a Vida
4.2 391Godard finalmente me captura aqui nesse seu filme que apresenta menos fírulas, e mais substância, com uma personagem mais vivida do que interpretada por Anna Karina. Apaixonante, dissimulada, empática e egoísta, acompanhamos a crescente de episódios que se fazem sua vida, e nesse meio temos os diálogos do diretor bastante inspirados e o uso de câmera - junto ao deslumbrante P&B - que não nos deixa piscar, convocando a assistir a natural e bela tragédia que estampa em seus quadros. Daqueles filmes que terei o prazer de rever a qualquer hora, um deleite.
Uma Mulher é Uma Mulher
4.1 268 Assista AgoraCom ótimos momentos, mas também com muitos outros dispensáveis e até mesmo (negativamente) risíveis, o todo foi para mim o de um filme sem substância, que por alguns segundos pode divertir (e cativar através da apaixonante Anna Karina) mas que ao final passa batido. Uma obra deverás esquecível, mas não completamente dispensável, dado alguns pequenos diálogos espirituosos e uma estética curiosa e agradável..
Acossado
4.1 510 Assista AgoraUm filme com vida própria e pulsante, que negligencia seu fiapo de roteiro em prol de divagações e diálogos mundanalmente filosóficos e poéticos, além de apresentar uma estética um tanto desconcertante para mim, que tive aqui minha primeira incursão na Nouvelle Vague e na filmografia de Godard. No mínimo uma experiência interessante, já quero por olhos em outras obras do diretor e do movimento.
Uma Passagem para Mário
3.7 22Bastante decepcionante. Não por ser ruim, mas confesso que esperava bem mais. O filme, apesar das belíssimas sequências finais, não conseguiu me pegar de jeito nenhum, principalmente no que se refere ao sentimental. Com monólogos e sequencias um tanto deslocados, achei-o um tanto entediante algumas horas e mesmo com um indivíduo tão cativante quanto Mario na tela não consegui me entregar ao que se passava. Longe de qualquer catarse, mas também de qualquer ausência de méritos, esse doc fica como uma experiência bastante frustrante para mim, como se tivesse deixado passar sentimentos que ali foram expostos, mas nunca entregues
Blue
4.4 35Blue, antes de cinema, é um estado de ser, ou melhor, fragmentos de vários deles que formam um primoroso todo, incorporado ao vasto significado cuja palavra - a cor - do título remete. É uma experiência inusitada ter a imagem - a exceção do azul onipresente - negada durante os 74 minutos de filme, mas pouco a pouco o audiovisual mostra estar lá, afetando e moldando nosso próprio estado ao assistirmos o que parece ser uma viagem póstuma, um manisfesto melancólico e poético da vida e percepção do autor da obra. O azul é palpável, sentido, incorporado por quem o assiste, e a partir da consciência deste fato posso declarar sem pestanejar que este é um grande filme e que o tamanho - e quantidade - de imagens contidas nele está a mercê do indivíduo que o assiste, de sua capacidade de entrega como ser humano. Certamente uma experiência peculiar, completamente inesquecível. Para quem aprecia poesia, imperdível, para quem ama cinema, também. Para os que conseguem enxergar um através do outro, um colossal deleite.
Incêndios
4.5 1,9K Assista AgoraUma sofrida história de opostos, que acabam por se chocar, tornarem-se um e até mesmo nascerem a partir do outro. Dentre estes opostos, no que acredito ser o objetivo do filme, há o amor e o ódio, o segundo permeando a película bem mais do que o primeiro, mas a mera existência do outro ao final da obra se torna algo a ser admirado, pensado e, principalmente, cultuado. Incêndios é dirigido com completa consciência do que constrói, entregando momentos de horror e letargia até sua catarse final, que é de uma ambiguidade moral admiravelmente primitiva - o bem e o mal. Um filme que cresceu bastante nessa revisão, sem dúvida o melhor deste, já grande, diretor que é Denis Villeneuve.
Eleição
3.4 178 Assista AgoraO timing aqui é impecável, das atuações à direção precisa de Payne, constituindo um filme bastante divertido de se assistir, cumprindo com competência o que propõe. Gostei bastante, quase favoritei .