Tão singular, sensível e visualmente estonteante que só Kar-Wai poderia ter filmado uma obra dessas. Em mais um filme de pequenos momentos e intensos sentimentos, efêmeros mas marcantes, Happy Together é a perfeita amostra do que há de melhor no cinema deste incrível artista.
Shyamalan chega aqui em seu ápice como roteirista e diretor, e este clímax artístico - que mantêm intacta a aprazível identidade fabulesca do diretor - aliado à fotografia impecável de Deakins e ao excelente elenco fazem de A Vila um dos filmes mais fascinantes da década passada. Só por esse filme eu já estou preparado para perdoar qualquer escatologia que posso vir a encontrar no trajeto que estou a seguir através de sua filmografia, pois The Village é inesquecível, reverberante, e alça Shyamalan para figurar dentre os grandes diretores surgidos das últimas duas décadas.
Shymalan fez meu filme de super-herói favorito, e eu não fazia ideia. Tirando o twist final, que não chega a ser ruim mas diminui um final que já era maravilhoso, tudo em Unbreakable é de uma inteligência e cuidado que beira a perfeição. Não sei nem o que dizer, só que estou chocado com tamanho nível de qualidade e perspicácia vindos de um cineasta que antes desprezava. Tenho medo do que está por vir, que agora não será mais apenas desgosto, mas também decepção e frustração com um talento tão grande desses ter se desviado do caminho. Próxima parada, Sinais.
QUE FILME! Me caguei todo 7 anos atrás, e me caguei todo hoje de novo, mas com direito também à algumas lágrimas internas - isso que é poder para um filme! E tudo se deve à direção de Shyamalan, aliada, é claro, à performance extremamente competente da dupla de protagonistas ( e Toni Collete reinante como sempre). Tem drama tocante e bem dosado? Tem. Tem momentos de puro terror - que foram o algoz da minha infância - e ainda com sentido narrativo? Também tem. Tem plot twist bem amarrado, jogo de cores inteligente e soundtracks arrepiantes? Tem! The Sixth Sense é um filme completamente seguro no tom que buscar assumir, carregando sua carga dramática, metáforas e mensagens sem nunca expor demais seu processo. É sutil, um sussurro elegante e efetivo que Shymalan - por mais relutante que eu fique ao admitir isso - construiu com seu talento que é inegável diante de tal obra e que, aparentemente, foi desvanecente, se atentarmos para sua filmografia atual. Se Shya tivesse feito só esse filme seria um dos diretores residentes do meu coração, mas o que está feito está feito, e vamos em frente encarar Corpo Fechado e o resto desse negócio aí.
Com um humor criativo e certeiro, uma inteligência revigorante na construção de seu universo, além de um trato maduro de temas extremamente pertinentes, mas sem nunca deixar de abrir mão de sua forma lúdica em essência, Zootopia é, surpreendentemente, o melhor filme da Disney em anos (até que enfim).
Lindo, lindo, lindo! E doloroso. Cheio de nuances e detalhes tão simples, amargos e outros doces, que é impossível não se deixar entregar por completo ao filme, compartilhando de experiências e sentimentos profundos e próprios junto a Jesse e Celine, que estão tão próximos a nós na tela. A jornada de Linklater na exploração do amor - e seus profusos sentimentos - através do tempo continua aqui com contornos saudosos mas ambíguos, abrindo portas tanto para uma esperança acalentadora quanto para um determinismo duro, que tira e dá sem se importar com qualquer prazo ou janela, seja um pôr-do-sol ou um amanhecer. E, por conseguir estabelecer estes dois polos de maneira tão singela e natural, Linklater é iluminado, e também somos nós por poder participar de tal fascinante sinestesia.
Linklater did it again. Everybody Wants Some!! é de uma deliciosa autenticidade e liberdade, sem se apoiar - como é recorrente na filmografia do diretor - em plots, a obra carrega sua pertinência nas mais orgânicas sutilezas e nos encanta a cada cena com seu retrato cartunesco - mas próximo - de uma geração. Terminei querendo uma série, outro filme, sei lá, apenas mais . E QUE SEQUÊNCIA PÓS CRÉDITOS MARAVILHOSA
Nessa revisão o filme de Sorrentino continuou com sua mensagem e intensidade intactos, várias das sequências construídas aqui são admiráveis, inesquecíveis, e a maioria delas - aparte, provavelmente, pela final - tem em comum sua simplicidade, uma falta de pretensão que casa perfeitamente com os objetivos da obra e eleva sua trajetória mesmo quando o roteiro não a ajuda muito com isso. O problema, porém, é que Youth está cheio de sequências que são a antítese dessa despretensão: Sorrentino usa e abusa de hipérboles e de sua típica fetichização visual para construir boa parte do filme e, mesmo que estas tenham seu valor e sentido narrativo bem definidos dentro do contraste entre juventude e velhice, é inevitável que o filme comece a soar - e ser sentido - como inchado, com a mão do diretor engolindo pouco a pouco as nuances da história e personagens de sua obra. Com isso, através de desnecessária banalização, sequências como a que fecham o filme, que está dentre as mais belas - visual e narrativamente - de 2015, acabam sendo diluídas e o mesmo pode-se dizer sobre a minha experiência com a obra e o cinema do fascinante - porém frustante - diretor italiano.
É... o filme é lindo, demais. O diretor impute, da paleta agridoce à trilha melancólica, uma singeleza maravilhosa ao filme e a prova disso é o poder da última cena junto aos créditos, que me depositaram algumas lágrimas no rosto de tão belas que chegaram até mim. Entretanto, e isso é uma grande pena, o roteiro da obra é sempre lacônico e ingrato demais para com seus personagens, ainda que o 1º e o 2º ato se sustentem e tenham bons momentos - o terceiro é bem frágil - simplesmente não consegui criar interesse por nenhum dos personagens que passaram pelo filme, ou por suas trajetórias. Uma obra tão humana e sutil assim pedia por personagens que preenchessem o invólucro tão humano que o diretor cria para ela, mas, de maneira frustrante e contraditória, Mountains May Depart falta de humanos que nos capturem para dentro da tela.
Enquanto assistia essa que é a minha primeira incursão no cinema de Chantal Akerman, me imaginei por um momento assistindo o filme como mudo, sem diálogos ou com os mesmos inaudíveis. A conclusão que cheguei é que o poder de suas sequências continuaria intacto: vibrante, intenso e certeiro. A diretora, adaptando uma obra de Proust, se insere presente em todo o filme, o termo "cinema de autor(a)" é perfeitamente adequado aqui, mas o que fascina em La Captive e no cinema de Akerman é o respeito e a sutileza madura que a mesma demonstra quanto a obra que busca edificar. Chantal está impregnada em todos os frames da obra, mas incorpora-se de maneira admiravelmente orgânica, natural e em uníssono com sua história, personagens e objetivos. Com o talento que tem, esse poderia ter sido facilmente o caso de diretor sobrepondo a sua obra, mas Akerman tem uma visão além - que muito diretores contemporâneos ainda estão para adquirir - ao fazer de seu trabalho uma profusão de sensações e sentimentos sem nunca calar essa silenciosa e imagética música com a inegável grandiosidade de seu maestro.
Pavoroso. Simplesmente pavoroso em todos os sentidos imagináveis. Não vou me estender porque o filme não merece mais nem um minuto do meu tempo, digo apenas que os roteiristas desse filme estavam loucos na droga e que o Snyder se entregou, infelizmente, à piromania de vez. A coisa mais grotesca que assisti esse ano até agora, fácil.
Aliado a um elenco espetacular - inclusive com Huppert em seu melhor - Joaquim Trier não só mantêm a qualidade de seu último e marcante longa como também ousar mudar de tom e narrativa, construindo uma atmosfera quase fantasmagórica de suspensão que encontra sua redenção de maneira discreta - até mesmo ingrata - mas que pelo mesmo motivo chega a nós de maneira real e empática. Essa suspensão, esse intervalo do qual a obra nasce, é moldada pouco a pouco de palavras não ditas, atos ausente e do engodo proveniente de um cotidiano letárgico mas mordaz que ronda seus personagens. Uma suspensão que cresce, estreita-se dentro de tantas lembranças, perspectivas desvanecentes e de um presente de sentimentos que podem até se tornar tremendamente explosivos, mas que encontram nos personagens de Trier uma implosão régia, segura e vazia - ou ao menos até o cessar da calamitosa e fascinante suspensão, sem respostas fáceis ou qualquer clímax completo. Se Oslo 31 de Agosto foi de uma amarga doçura, Louder Than Bombs procura amargar nossa experiência o tanto quanto, destacando-se, porém, ao tentar nos legar esse amargor envolvido em um invólucro sútil e ceticamente doce, que soa como um inexorável expurgo mas que, a partir do contraste, mantêm seu breve e redentor brilho.
Dunham e sua capacidade de representar uma geração da maneira mais infantil, egocêntrica - e logo frustrada - possível. Ou seja, exatamente com ela merece.
O dejavu é tão constante que chega a incomodar, assim como várias inconsistências do roteiro, mas ainda sim esse episódio VII é um filme que consegue se firmar e ter validade, e não só na nostalgia, mas também me ganhando com seus personagens e temas que, mesmo não representando nenhuma novidade além da - feliz - diversidade, me deixaram com vontade de acompanhar um próximo filme.
Uma obra comum, mas longe de ser meramente descartável, The Force Awakens é um início adequado e pouco inspirado para essa volta do universo de SW para as telonas.
Koreeda continua a me surpreender com sua capacidade de construir dramas tão emocionantes e empáticos sem abrir mão de uma crueza minuciosamente orgânica, que tira e dá em doses tão naturais quanto a própria vida. Nada soa forçado em Still Walking - ou em nenhum de seus outros filmes - tudo se encaixa de maneira perfeita e imperceptível, prendendo o espectador atento às familiaridades mundanas e liberando nele um turbilhão de sentimentos delicadamente sutis, formados de coisas pequenas, que juntos edificam uma verdade tão pura que é impossível de não se deixar capturar. O cinema de Koreeda é único em seu próprio universo de suave amargor e hesitante doçura, é o cinema de um dos atuais mestres da sensibilidade num mundo que cada vez mais se dessensibiliza. É um prazer e alívio - mesmo que por vezes doloroso - se entregar ao cinema de tal meste.
Confesso que achei meio chato, denso de uma maneira que não me acrescentou nada senão a prática da paciência. Mas o mesmo aconteceu quando li o livro de Nabokov, então suponho que seja um problema meu com a obra em si, por mais instigante que a mesma aparenta ser. Pois bem, como adaptação o filme de Kubrick é praticamente irrepreensível, transplantando com elegância e uma acertada sutileza as nuances e jogos que Nabokov construiu em seu romance. Dessa maneira, talvez por tal fidelidade - incomum às adaptações de Kubrick - o filme por si só não apresenta muitos chamarizes, principalmente para quem já leu o livro. Sim, as atuações são excelente e a direção de Kubrick é inteligente, principalmente nas escolhas da fotografia e uma iluminação de contrastes tão sutis e efetivos, mas o conjunto não me cativou, entregando um filme competente mas inchado, belo mas apaticamente frio - uma crítica e elogio ao que Kubrick edificou com todo o seu talento.
Heaven Knows What retrata uma situação um tanto específica, mas que acaba incorporando de forma extrema - se não por sua estética pulsante e "chapada", pela entrega de Arielle Holmes e do roteiro - uma geração imediatista e apática, receosa de considerar algo além do agora, dada a desilusão inerente à suas personalidades. E nisso o filme tem um singular sucesso, tornando-se uma experiência incômoda e quase tão opaca quanto seus personagens e forma, tamanho o entranhamento da atmosfera nauseabunda que nos envolve. Certamente um filme para ser revisto, apreciado por sua estética tão condizente com seus objetivos e merecido de um ajuste de olhar em relação à decadência que impregna o cerne de seus frames, tão mortos a longo prazo e vibrantes a curto.
Eu não assistia uma exposição tão grotesca e intensa do ser humano desde o Anticristo de Lars Von Trier, que a Bruxa acaba remetendo ao apelar para a primitividade de seus personagens em relação ao mundo que os cerca, mas também alça essa prerrogativa para um universo ainda mais - sim - perturbador, sugestivamente escatológico e sufocante. A Bruxa é um filme único, que deve ser encarado não como um ato, mas como uma situação, uma atmosfera engolfante e perversa que se o espectador deixar-se entrar não terá nada menos que uma experiência de pura urgência e calafrios - uma obra de camadas em significados e experiências. Uma digníssima Obra-prima, e o suspiro de alívio definitivo para o gênero nesse século (Ou pelo menos, sejamos justos, para o Ocidente).
Mesmo que se estenda um pouco demais - e com isso produzindo algumas sequências desnecessárias, fazendo difícil manter meu interesse durante toda a obra - esse último filme do estúdio Ghibli é tremendamente fascinante e tocante uma vez que temos seu todo para apreciar, levando a maturidade onipresente das animações do estúdio à várias camadas que surpreendem e aquiescem nossos corações com empatia e singeleza. Certamente o filme mais fraco que já vi da Ghibli até então, e ainda sim um puro deleite, que clama por ser revisto com um olhar mais atento.
Finalmente o subgênero - já extremamente desgastado - que se criou em volta dos filmes que envolvem o holocausto ganha algum frescor, se é que podemos utilizar tal palavra para caracteriza o pesadelo que é Son of Saul. O filme húngaro deixa todos o arquétipos dramáticos do gênero para trazer uma visão totalmente nova que, se não é pertinente factualmente devido à deterioração do tema, entrega um turbilhão de sentimentos e reflexões em meio à sua trama mínima - onde um homem na bile dos campos de concentração procura na morte a sua redenção mais palpável - e execução impactante, que usa do foco e planos-sequência para nos inserir cada vez mais nos tormentos daquele submundo e no desespero crescente do protagonista, rendendo sequências inesquecíveis e que estão entre as mais fascinantes de 2015. Uma obra madura em puro ápice em sua fotografia, atuação e direção, seguindo o caminho da pertinência ao remover, pouco a pouco, as especifidades morais e sentimentais das situações retratadas para um patamar puramente humano, em que ao mesmo tempo podemos agonizar junto à um personagem ouvindo os gritos de uma câmara de gás, mas também lamentar a perda da pureza e inocência que toda guerra inevitavelmente denota.
Ah, Inãrritu, quantas pretensões maravilhosas e interessantes você teve aqui. Logo, é uma pena não ter sido capaz de cumpri-las ao constantemente sabotá-las com sua crescente megalomania. O filme começa bem, muito bem a propósito, achei que até o final da sessão eu teria assistido um filme que superaria Birdman ou até mesmo - que ingênuo sou - Amores Brutos. Os planos sequência bem utilizados, a fotografia de Lubezki um puro êxtase, DiCaprio discreto mas instigante e um universo de selvageria completa - escatologicamente palpável nas duas primeiras sequências - em que a natureza e o homem não entram no típico embate, mas se fundem, formando o grotesco e o belo em doses proporcionais à ganancia do homem - sua crescente "civilização" sobre si próprios e outrem - e a força natural do mundo que os cercam. Tudo isso, porém, fica no esboço, pois o mesmo início que nos inspira a acompanhar o resto da obra com entusiamo é o que faz dos outros dois atos tão insustentáveis, entendiantes e um desperdício completo de belas sequências, inseridas num conjunto não tão admirável quanto as mesmas. Pois a começar pelo roteiro - preguiçoso para construir situações e letárgico em seus diálogos - e terminando na banalização de seus artifícios visuais, tão deslumbrantes à primeira vista, o filme não consegue sair da superficialidade, construindo suas ideias, sim, mas de nenhuma maneira trazendo-me para próximo delas ou estendendo-as de maneira a se tornarem pertinentes ou minimamente interessantes de se comprometer (algo semelhante ao que Inãrritu fez em sua "crítica" ao cinema contemporâneo em parte de Birdman - apenas um souvenir ideológico, nada além disso). Realmente, são grotescas as comparações dos exageros imaturos de Inarritu aqui em relação poesia sutil de Tarkosvki. Parem, apenas parem.
Portanto, O Regresso é um filme que quase não vale a assistida se não fosse a atuação entregue de Tom Hardy num roteiro que não deu muito com o que ele trabalho (DiCaprio vai ganhar o Oscar por grunhir durante duas horas, sério?) e a fotografia sempre magistral de "Chivo"/Lubezki. Por mais que tente cravar em nossa mente um quê de crueza a todo o momento - banalizando também esse elemento - Revenant é um filme completamente esquecível no ano de 2015 e na carreira de Inãrritu, que espero que sinceramente não entre numa espiral de filmes do tipo. Uma pena premiarem tanto um filme do cara quando ele entra no caminho errado, tais são as tendências esdrúxulas da crítica. Bem, observemos o que virá a seguir.
Que manifesto doloroso, amargo e verdadeiro sobre a efemeridade cotidiana que Kaufman nos entrega aqui. De uma maturidade surpreendente e agridoce, a animação de Kaufman e Johnson constrói um universo de padrões e convenções, murmúrios incessantes, para então abalar seu personagem e a nós com o contraste esperançoso de uma anomalia. Finita ela é, e os murmúrios continuam, mas o espelho, mesmo que a vida já esteja embaçando-o até o ponto de torná-lo desoladamente indistinguível novamente, tem algo mais a refletir agora. E é sobre esse agora, impalpável e muitas vezes cinza, que Kaufman nos marca como a grande glória e infortúnio do reflexo de seu personagem: O agora das surpresas tanto quanto da banalidade crua e constante, olhar para si é um ato urgente mas inevitavelmente obsoleto. Filme inesquecível.
Há tantos elementos fascinantes e recorrentes na filmografia de Woody aqui, mas o diretor perde toda a sua elegância e sagacidade na junção e estrutura dessas suas ideias. Redundante, óbvio e nem ao menos divertido, Irrational Man é de longe o filme menos interessante que já vi de Woody Allen.
Mesmo que tenha uma autenticidade um tanto duvidosa por certos momentos, Catfish apresenta uma pertinência tremenda para as gerações dos século XXI. Começando despretensioso, engajando-se aos poucos com seu retrato a medida que o mesmo tomavca forma, o filme constrói, com uma madura honestidade e sensível objetividade, uma tocante representação de nossa falta de identidade e a vazão que o nosso milênio digital nos permite conceber para suprir, como um placebo, este vazio. A partir de uma hipérbole melancólica que é a "catfish" do filme, a obra termina nos deixando a impressão de que cada interação, artificial e calculista, executada na sociedade em que vivemos - uma verdadeira teia de convenções idealizadas - denota uma passo mais próximo para uma mentira que gera absolutamente nada, preenchendo, na verdade, o temível vazio com outro apenas mais elaborado e finito.
Felizes Juntos
4.2 261 Assista AgoraTão singular, sensível e visualmente estonteante que só Kar-Wai poderia ter filmado uma obra dessas. Em mais um filme de pequenos momentos e intensos sentimentos, efêmeros mas marcantes, Happy Together é a perfeita amostra do que há de melhor no cinema deste incrível artista.
A Vila
3.3 1,6KShyamalan chega aqui em seu ápice como roteirista e diretor, e este clímax artístico - que mantêm intacta a aprazível identidade fabulesca do diretor - aliado à fotografia impecável de Deakins e ao excelente elenco fazem de A Vila um dos filmes mais fascinantes da década passada. Só por esse filme eu já estou preparado para perdoar qualquer escatologia que posso vir a encontrar no trajeto que estou a seguir através de sua filmografia, pois The Village é inesquecível, reverberante, e alça Shyamalan para figurar dentre os grandes diretores surgidos das últimas duas décadas.
Corpo Fechado
3.7 1,3K Assista AgoraShymalan fez meu filme de super-herói favorito, e eu não fazia ideia. Tirando o twist final, que não chega a ser ruim mas diminui um final que já era maravilhoso, tudo em Unbreakable é de uma inteligência e cuidado que beira a perfeição. Não sei nem o que dizer, só que estou chocado com tamanho nível de qualidade e perspicácia vindos de um cineasta que antes desprezava. Tenho medo do que está por vir, que agora não será mais apenas desgosto, mas também decepção e frustração com um talento tão grande desses ter se desviado do caminho. Próxima parada, Sinais.
O Sexto Sentido
4.2 2,4K Assista AgoraQUE FILME! Me caguei todo 7 anos atrás, e me caguei todo hoje de novo, mas com direito também à algumas lágrimas internas - isso que é poder para um filme! E tudo se deve à direção de Shyamalan, aliada, é claro, à performance extremamente competente da dupla de protagonistas ( e Toni Collete reinante como sempre). Tem drama tocante e bem dosado? Tem. Tem momentos de puro terror - que foram o algoz da minha infância - e ainda com sentido narrativo? Também tem. Tem plot twist bem amarrado, jogo de cores inteligente e soundtracks arrepiantes? Tem! The Sixth Sense é um filme completamente seguro no tom que buscar assumir, carregando sua carga dramática, metáforas e mensagens sem nunca expor demais seu processo. É sutil, um sussurro elegante e efetivo que Shymalan - por mais relutante que eu fique ao admitir isso - construiu com seu talento que é inegável diante de tal obra e que, aparentemente, foi desvanecente, se atentarmos para sua filmografia atual. Se Shya tivesse feito só esse filme seria um dos diretores residentes do meu coração, mas o que está feito está feito, e vamos em frente encarar Corpo Fechado e o resto desse negócio aí.
Zootopia: Essa Cidade é o Bicho
4.2 1,5K Assista AgoraCom um humor criativo e certeiro, uma inteligência revigorante na construção de seu universo, além de um trato maduro de temas extremamente pertinentes, mas sem nunca deixar de abrir mão de sua forma lúdica em essência, Zootopia é, surpreendentemente, o melhor filme da Disney em anos (até que enfim).
Antes do Pôr-do-Sol
4.2 1,5K Assista AgoraLindo, lindo, lindo! E doloroso. Cheio de nuances e detalhes tão simples, amargos e outros doces, que é impossível não se deixar entregar por completo ao filme, compartilhando de experiências e sentimentos profundos e próprios junto a Jesse e Celine, que estão tão próximos a nós na tela. A jornada de Linklater na exploração do amor - e seus profusos sentimentos - através do tempo continua aqui com contornos saudosos mas ambíguos, abrindo portas tanto para uma esperança acalentadora quanto para um determinismo duro, que tira e dá sem se importar com qualquer prazo ou janela, seja um pôr-do-sol ou um amanhecer. E, por conseguir estabelecer estes dois polos de maneira tão singela e natural, Linklater é iluminado, e também somos nós por poder participar de tal fascinante sinestesia.
Jovens, Loucos e Mais Rebeldes
3.4 147 Assista AgoraLinklater did it again. Everybody Wants Some!! é de uma deliciosa autenticidade e liberdade, sem se apoiar - como é recorrente na filmografia do diretor - em plots, a obra carrega sua pertinência nas mais orgânicas sutilezas e nos encanta a cada cena com seu retrato cartunesco - mas próximo - de uma geração. Terminei querendo uma série, outro filme, sei lá, apenas mais . E QUE SEQUÊNCIA PÓS CRÉDITOS MARAVILHOSA
A Juventude
4.0 342Nessa revisão o filme de Sorrentino continuou com sua mensagem e intensidade intactos, várias das sequências construídas aqui são admiráveis, inesquecíveis, e a maioria delas - aparte, provavelmente, pela final - tem em comum sua simplicidade, uma falta de pretensão que casa perfeitamente com os objetivos da obra e eleva sua trajetória mesmo quando o roteiro não a ajuda muito com isso.
O problema, porém, é que Youth está cheio de sequências que são a antítese dessa despretensão: Sorrentino usa e abusa de hipérboles e de sua típica fetichização visual para construir boa parte do filme e, mesmo que estas tenham seu valor e sentido narrativo bem definidos dentro do contraste entre juventude e velhice, é inevitável que o filme comece a soar - e ser sentido - como inchado, com a mão do diretor engolindo pouco a pouco as nuances da história e personagens de sua obra. Com isso, através de desnecessária banalização, sequências como a que fecham o filme, que está dentre as mais belas - visual e narrativamente - de 2015, acabam sendo diluídas e o mesmo pode-se dizer sobre a minha experiência com a obra e o cinema do fascinante - porém frustante - diretor italiano.
As Montanhas Se Separam
3.7 47 Assista AgoraÉ... o filme é lindo, demais. O diretor impute, da paleta agridoce à trilha melancólica, uma singeleza maravilhosa ao filme e a prova disso é o poder da última cena junto aos créditos, que me depositaram algumas lágrimas no rosto de tão belas que chegaram até mim. Entretanto, e isso é uma grande pena, o roteiro da obra é sempre lacônico e ingrato demais para com seus personagens, ainda que o 1º e o 2º ato se sustentem e tenham bons momentos - o terceiro é bem frágil - simplesmente não consegui criar interesse por nenhum dos personagens que passaram pelo filme, ou por suas trajetórias.
Uma obra tão humana e sutil assim pedia por personagens que preenchessem o invólucro tão humano que o diretor cria para ela, mas, de maneira frustrante e contraditória, Mountains May Depart falta de humanos que nos capturem para dentro da tela.
A Prisioneira
3.5 18 Assista AgoraEnquanto assistia essa que é a minha primeira incursão no cinema de Chantal Akerman, me imaginei por um momento assistindo o filme como mudo, sem diálogos ou com os mesmos inaudíveis. A conclusão que cheguei é que o poder de suas sequências continuaria intacto: vibrante, intenso e certeiro. A diretora, adaptando uma obra de Proust, se insere presente em todo o filme, o termo "cinema de autor(a)" é perfeitamente adequado aqui, mas o que fascina em La Captive e no cinema de Akerman é o respeito e a sutileza madura que a mesma demonstra quanto a obra que busca edificar. Chantal está impregnada em todos os frames da obra, mas incorpora-se de maneira admiravelmente orgânica, natural e em uníssono com sua história, personagens e objetivos. Com o talento que tem, esse poderia ter sido facilmente o caso de diretor sobrepondo a sua obra, mas Akerman tem uma visão além - que muito diretores contemporâneos ainda estão para adquirir - ao fazer de seu trabalho uma profusão de sensações e sentimentos sem nunca calar essa silenciosa e imagética música com a inegável grandiosidade de seu maestro.
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraPavoroso. Simplesmente pavoroso em todos os sentidos imagináveis. Não vou me estender porque o filme não merece mais nem um minuto do meu tempo, digo apenas que os roteiristas desse filme estavam loucos na droga e que o Snyder se entregou, infelizmente, à piromania de vez. A coisa mais grotesca que assisti esse ano até agora, fácil.
Mais Forte que Bombas
3.5 133 Assista AgoraAliado a um elenco espetacular - inclusive com Huppert em seu melhor - Joaquim Trier não só mantêm a qualidade de seu último e marcante longa como também ousar mudar de tom e narrativa, construindo uma atmosfera quase fantasmagórica de suspensão que encontra sua redenção de maneira discreta - até mesmo ingrata - mas que pelo mesmo motivo chega a nós de maneira real e empática. Essa suspensão, esse intervalo do qual a obra nasce, é moldada pouco a pouco de palavras não ditas, atos ausente e do engodo proveniente de um cotidiano letárgico mas mordaz que ronda seus personagens. Uma suspensão que cresce, estreita-se dentro de tantas lembranças, perspectivas desvanecentes e de um presente de sentimentos que podem até se tornar tremendamente explosivos, mas que encontram nos personagens de Trier uma implosão régia, segura e vazia - ou ao menos até o cessar da calamitosa e fascinante suspensão, sem respostas fáceis ou qualquer clímax completo.
Se Oslo 31 de Agosto foi de uma amarga doçura, Louder Than Bombs procura amargar nossa experiência o tanto quanto, destacando-se, porém, ao tentar nos legar esse amargor envolvido em um invólucro sútil e ceticamente doce, que soa como um inexorável expurgo mas que, a partir do contraste, mantêm seu breve e redentor brilho.
Mobília Mínima
3.2 115Dunham e sua capacidade de representar uma geração da maneira mais infantil, egocêntrica - e logo frustrada - possível. Ou seja, exatamente com ela merece.
Star Wars, Episódio VII: O Despertar da Força
4.3 3,1K Assista AgoraO dejavu é tão constante que chega a incomodar, assim como várias inconsistências do roteiro, mas ainda sim esse episódio VII é um filme que consegue se firmar e ter validade, e não só na nostalgia, mas também me ganhando com seus personagens e temas que, mesmo não representando nenhuma novidade além da - feliz - diversidade, me deixaram com vontade de acompanhar um próximo filme.
Uma obra comum, mas longe de ser meramente descartável, The Force Awakens é um início adequado e pouco inspirado para essa volta do universo de SW para as telonas.
Andando
4.2 58Koreeda continua a me surpreender com sua capacidade de construir dramas tão emocionantes e empáticos sem abrir mão de uma crueza minuciosamente orgânica, que tira e dá em doses tão naturais quanto a própria vida. Nada soa forçado em Still Walking - ou em nenhum de seus outros filmes - tudo se encaixa de maneira perfeita e imperceptível, prendendo o espectador atento às familiaridades mundanas e liberando nele um turbilhão de sentimentos delicadamente sutis, formados de coisas pequenas, que juntos edificam uma verdade tão pura que é impossível de não se deixar capturar.
O cinema de Koreeda é único em seu próprio universo de suave amargor e hesitante doçura, é o cinema de um dos atuais mestres da sensibilidade num mundo que cada vez mais se dessensibiliza. É um prazer e alívio - mesmo que por vezes doloroso - se entregar ao cinema de tal meste.
Lolita
3.7 632 Assista AgoraConfesso que achei meio chato, denso de uma maneira que não me acrescentou nada senão a prática da paciência. Mas o mesmo aconteceu quando li o livro de Nabokov, então suponho que seja um problema meu com a obra em si, por mais instigante que a mesma aparenta ser.
Pois bem, como adaptação o filme de Kubrick é praticamente irrepreensível, transplantando com elegância e uma acertada sutileza as nuances e jogos que Nabokov construiu em seu romance. Dessa maneira, talvez por tal fidelidade - incomum às adaptações de Kubrick - o filme por si só não apresenta muitos chamarizes, principalmente para quem já leu o livro. Sim, as atuações são excelente e a direção de Kubrick é inteligente, principalmente nas escolhas da fotografia e uma iluminação de contrastes tão sutis e efetivos, mas o conjunto não me cativou, entregando um filme competente mas inchado, belo mas apaticamente frio - uma crítica e elogio ao que Kubrick edificou com todo o seu talento.
Amor, Drogas e Nova York
3.3 51 Assista AgoraHeaven Knows What retrata uma situação um tanto específica, mas que acaba incorporando de forma extrema - se não por sua estética pulsante e "chapada", pela entrega de Arielle Holmes e do roteiro - uma geração imediatista e apática, receosa de considerar algo além do agora, dada a desilusão inerente à suas personalidades. E nisso o filme tem um singular sucesso, tornando-se uma experiência incômoda e quase tão opaca quanto seus personagens e forma, tamanho o entranhamento da atmosfera nauseabunda que nos envolve.
Certamente um filme para ser revisto, apreciado por sua estética tão condizente com seus objetivos e merecido de um ajuste de olhar em relação à decadência que impregna o cerne de seus frames, tão mortos a longo prazo e vibrantes a curto.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraEu não assistia uma exposição tão grotesca e intensa do ser humano desde o Anticristo de Lars Von Trier, que a Bruxa acaba remetendo ao apelar para a primitividade de seus personagens em relação ao mundo que os cerca, mas também alça essa prerrogativa para um universo ainda mais - sim - perturbador, sugestivamente escatológico e sufocante. A Bruxa é um filme único, que deve ser encarado não como um ato, mas como uma situação, uma atmosfera engolfante e perversa que se o espectador deixar-se entrar não terá nada menos que uma experiência de pura urgência e calafrios - uma obra de camadas em significados e experiências. Uma digníssima Obra-prima, e o suspiro de alívio definitivo para o gênero nesse século (Ou pelo menos, sejamos justos, para o Ocidente).
As Memórias de Marnie
4.3 668 Assista AgoraMesmo que se estenda um pouco demais - e com isso produzindo algumas sequências desnecessárias, fazendo difícil manter meu interesse durante toda a obra - esse último filme do estúdio Ghibli é tremendamente fascinante e tocante uma vez que temos seu todo para apreciar, levando a maturidade onipresente das animações do estúdio à várias camadas que surpreendem e aquiescem nossos corações com empatia e singeleza. Certamente o filme mais fraco que já vi da Ghibli até então, e ainda sim um puro deleite, que clama por ser revisto com um olhar mais atento.
O Filho de Saul
3.7 254 Assista AgoraFinalmente o subgênero - já extremamente desgastado - que se criou em volta dos filmes que envolvem o holocausto ganha algum frescor, se é que podemos utilizar tal palavra para caracteriza o pesadelo que é Son of Saul. O filme húngaro deixa todos o arquétipos dramáticos do gênero para trazer uma visão totalmente nova que, se não é pertinente factualmente devido à deterioração do tema, entrega um turbilhão de sentimentos e reflexões em meio à sua trama mínima - onde um homem na bile dos campos de concentração procura na morte a sua redenção mais palpável - e execução impactante, que usa do foco e planos-sequência para nos inserir cada vez mais nos tormentos daquele submundo e no desespero crescente do protagonista, rendendo sequências inesquecíveis e que estão entre as mais fascinantes de 2015.
Uma obra madura em puro ápice em sua fotografia, atuação e direção, seguindo o caminho da pertinência ao remover, pouco a pouco, as especifidades morais e sentimentais das situações retratadas para um patamar puramente humano, em que ao mesmo tempo podemos agonizar junto à um personagem ouvindo os gritos de uma câmara de gás, mas também lamentar a perda da pureza e inocência que toda guerra inevitavelmente denota.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraAh, Inãrritu, quantas pretensões maravilhosas e interessantes você teve aqui. Logo, é uma pena não ter sido capaz de cumpri-las ao constantemente sabotá-las com sua crescente megalomania.
O filme começa bem, muito bem a propósito, achei que até o final da sessão eu teria assistido um filme que superaria Birdman ou até mesmo - que ingênuo sou - Amores Brutos. Os planos sequência bem utilizados, a fotografia de Lubezki um puro êxtase, DiCaprio discreto mas instigante e um universo de selvageria completa - escatologicamente palpável nas duas primeiras sequências - em que a natureza e o homem não entram no típico embate, mas se fundem, formando o grotesco e o belo em doses proporcionais à ganancia do homem - sua crescente "civilização" sobre si próprios e outrem - e a força natural do mundo que os cercam. Tudo isso, porém, fica no esboço, pois o mesmo início que nos inspira a acompanhar o resto da obra com entusiamo é o que faz dos outros dois atos tão insustentáveis, entendiantes e um desperdício completo de belas sequências, inseridas num conjunto não tão admirável quanto as mesmas. Pois a começar pelo roteiro - preguiçoso para construir situações e letárgico em seus diálogos - e terminando na banalização de seus artifícios visuais, tão deslumbrantes à primeira vista, o filme não consegue sair da superficialidade, construindo suas ideias, sim, mas de nenhuma maneira trazendo-me para próximo delas ou estendendo-as de maneira a se tornarem pertinentes ou minimamente interessantes de se comprometer (algo semelhante ao que Inãrritu fez em sua "crítica" ao cinema contemporâneo em parte de Birdman - apenas um souvenir ideológico, nada além disso). Realmente, são grotescas as comparações dos exageros imaturos de Inarritu aqui em relação poesia sutil de Tarkosvki. Parem, apenas parem.
Portanto, O Regresso é um filme que quase não vale a assistida se não fosse a atuação entregue de Tom Hardy num roteiro que não deu muito com o que ele trabalho (DiCaprio vai ganhar o Oscar por grunhir durante duas horas, sério?) e a fotografia sempre magistral de "Chivo"/Lubezki. Por mais que tente cravar em nossa mente um quê de crueza a todo o momento - banalizando também esse elemento - Revenant é um filme completamente esquecível no ano de 2015 e na carreira de Inãrritu, que espero que sinceramente não entre numa espiral de filmes do tipo. Uma pena premiarem tanto um filme do cara quando ele entra no caminho errado, tais são as tendências esdrúxulas da crítica. Bem, observemos o que virá a seguir.
Anomalisa
3.8 497 Assista AgoraQue manifesto doloroso, amargo e verdadeiro sobre a efemeridade cotidiana que Kaufman nos entrega aqui. De uma maturidade surpreendente e agridoce, a animação de Kaufman e Johnson constrói um universo de padrões e convenções, murmúrios incessantes, para então abalar seu personagem e a nós com o contraste esperançoso de uma anomalia. Finita ela é, e os murmúrios continuam, mas o espelho, mesmo que a vida já esteja embaçando-o até o ponto de torná-lo desoladamente indistinguível novamente, tem algo mais a refletir agora. E é sobre esse agora, impalpável e muitas vezes cinza, que Kaufman nos marca como a grande glória e infortúnio do reflexo de seu personagem: O agora das surpresas tanto quanto da banalidade crua e constante, olhar para si é um ato urgente mas inevitavelmente obsoleto. Filme inesquecível.
O Homem Irracional
3.5 553 Assista AgoraHá tantos elementos fascinantes e recorrentes na filmografia de Woody aqui, mas o diretor perde toda a sua elegância e sagacidade na junção e estrutura dessas suas ideias. Redundante, óbvio e nem ao menos divertido, Irrational Man é de longe o filme menos interessante que já vi de Woody Allen.
Catfish
4.0 346Mesmo que tenha uma autenticidade um tanto duvidosa por certos momentos, Catfish apresenta uma pertinência tremenda para as gerações dos século XXI. Começando despretensioso, engajando-se aos poucos com seu retrato a medida que o mesmo tomavca forma, o filme constrói, com uma madura honestidade e sensível objetividade, uma tocante representação de nossa falta de identidade e a vazão que o nosso milênio digital nos permite conceber para suprir, como um placebo, este vazio. A partir de uma hipérbole melancólica que é a "catfish" do filme, a obra termina nos deixando a impressão de que cada interação, artificial e calculista, executada na sociedade em que vivemos - uma verdadeira teia de convenções idealizadas - denota uma passo mais próximo para uma mentira que gera absolutamente nada, preenchendo, na verdade, o temível vazio com outro apenas mais elaborado e finito.