Henrique

Eu sempre acabo muito tocado por histórias focadas em alguém que tinha muito potencial para ser incrível e, devido a um desvio que ocorreu em algum momento da sua vida, o caminho dali pra frente acaba levando para lugares bem diferentes.

Eu entendo que Frank fez tudo o que fez por conta da separação de seus pais. Ele não queria ser conivente com o divórcio, então fugiu. De certa forma, a vida deles girava muito em torno daquela relação; uma família unida, coberta de orgulho uns dos outros, a história de como eles se apaixonaram sendo repetida por vezes, acompanhadas de belas demonstrações de amor. Ele começou a fraudar cheques, inicialmente, para se manter longe dos pais separados, mas, em seguida, viu como uma oportunidade de retaliar os bancos que separam seus pais e, ao mesmo tempo, conseguir o suficiente para que seu pai pudesse conquistar a mãe de volta e as coisas voltarem ao "normal" com o qual ele sempre conviveu.

O problema é que, uma vez naquela situação, ele não poderia mais parar e, quando se tocou disso, já era tarde demais. Vendo-se sem nenhuma chance de viver normalmente, Frank se perde. Depois de tudo o que aconteceu, ele acabou seguindo um rumo bom, construiu uma família e ganhou muito dinheiro honesto. Mas se você pensar bem, ele perdeu a juventude: não terminou o ensino médio, não levou a garota ao baile, passou o final da adolescência vivendo como se tivesse 28 anos e o início da vida adulta em uma prisão. Frank era desenrolado, simpático, bonito e muito inteligente (passou no exame da Ordem com 2 semanas de estudo); eu não sei se, décadas depois de tudo isso, com tudo o que conquistou, ele pensa em como a vida dele teria sido se aquele advogado não tivesse ido à sua casa, pedindo-lhe, aos 16 anos, para escolher entre as duas pessoas que ele mais amava e admirava no mundo, e ele tivesse seguido a vida normalmente, mas eu sei que deve ser um sentimento horrível e tenho muita pena dele só de imaginar a possibilidade.

Frank, eu sinto muito.

Personagens muito bons, enredo muito bom, direção impecável, tudo muito bom, mas não explicou nada???? do propósito dos gringos, do que eram aqueles pontos que eles recebiam, do porquê Bacurau sumiu do mapa, nada...

Arrependo-me muito de ter adiado tanto para ver esse filme, por pura questão de tempo, se houvesse visto antes, poderia tê-lo assistido mais vezes e, com isso, aproveitar mais dessa obra-prima simplesmente genial. Ainda assim, sou grato por tê-lo assistido nesse momento em especial da minha vida, pois vinha precisando de algo por alavancar meu espírito em busca do conhecimento e de motivação para, ao meu alcance, tornar nosso mundo um lugar melhor.
Acredito que, em tempos como o que vivemos, nos quais observações científicas são deslegitimadas e fatos são distorcidos perante à ideologia dominante, é importante relembrar do quanto nós conquistamos e do quanto nós temos a perder. É o gerenciamento do conhecimento que vem sido produzido que vai definir os rumos das sociedades humanas.
Interestelar é uma combinação genial de questionamentos filosóficos e teorias físicas, relembrando que o conceito de humanidade é dependente de uma união tão forte entre racionalidade e sentimentalismo, que excede as dimensões de espaço e tempo.
A mensagem que eu levo pra vida é a de que nós ainda temos muito para descobrir sobre o mundo em que vivemos e sobre os sentimentos que nos movem, mas se nós pararmos de buscar o entendimento, estamos fadados a esquecer quem somos e perder o que conquistamos.