Que filmaço! Que filmaço! Que filmaço! Você se sente atraído o tempo inteiro pelos 'jogos de tortura' feitos durante a história, pra no final levar um tapa ao ser apontado como cúmplice dessa ode à violência em que vivemos, essa 'poesia da dor' que gratuitamente é divulgada na mídia e sustentada por nós. O filme aponta o dedo pra gente, é uma crítica ao espectador que financia e, secundariamente, aos produtores/divulgadores da violência puramente comercial.
A cena da bolinha de golfe aparecendo no chão da sala, quando Paul e Peter voltam, é tensão pura! Uma aula pra muito filme de pseudo terror. A cena do controle remoto nem se fala, é o clímax da trama, coisa de gênio.
Em termos técnicos o filme também é bom. Fotografia sempre escura e os vilões em destaque, completamente vestidos de branco (cor que rotineiramente tentamos associar à paz/bondade). Atuação muito boa da atriz que interpretou Anna. Detalhe importante também pra trilha sonora: no comecinho do filme, quando tudo é calmaria, eles alternam o som do carro entre músicas mais clássicas; depois, durante a cena de perseguição ao menino, Paul coloca um rock pesado pra tocar. Com esses pequenos sinais de cores e sons, e principalmente com o espetacular roteiro que nos faz sentir como participantes do próprio filme, Michael Haneke nos brinda com todo o seu talento nesta obra prima do cinema da década de 90.
O filme é de uma delicadeza enorme. Parece uma gigantesca poesia. A segunda parte é linda, comovente. E tem um humor bem sofisticado, brinca com as tragédias cotidianas e com os vícios do ser humano. Muito lento, porém, até arrastado em alguns momentos. Pareceu filme de Michael Haneke! hehehe
A loucura e obsessão de Almodovar parecem ficar escancaradas nesse filme. Pra quem conhece o estilo do diretor, isso é interessante até... cada vez ele tá segurando menos as paranóias com sexualidade. Tem alguns momentos engraçados e um ar bem leve.
Mas, no geral, deixou a desejar por ser um roteiro completamente alheio à realidade. Acho que foi mais uma vontade do diretor de vomitar toda a confusão da sua cabeça pro mundo, o que é compreensível. Mas até a arte precisa de um mínimo de controle externo. Além disso, foi um pecado colocar Penélope Cruz no elenco e ela praticamente não participar do filme.
Lindíssimo! A arte na sua forma mais pura. Foi como testemunhar meu próprio nascimento. Tocante o quanto os irmãos se dedicaram ao que parecia impossível na época, e mesmo assim são esquecidos pela história. O cinema é a mais bela das artes, pois de todas bebe e a todas alimenta.
Me fez entender algumas analogias feitas em outros filmes (que fabulosas homenagens foram sendo identificadas na minha cabeça!) e reviver um pouco do cinema mudo. Todos aqueles mini filmes são os primeiros passos do que hoje nos traz tantos sentimentos, de forma tão intensa. Celebremos o cinema em sua essência, e nunca o deixemos morrer!
Uma antecipação genial ao que seria a SOCIEDADE DO ESPETÁCULO. O filme é dividido em vários atos, várias histórias autônomas e isoladas uma das outras. Fellini simplesmente recortou episódios da vida do personagem para demonstrar o rumo que o mundo começava a tomar. Sensacionalismo
O ponto alto é a perspicácia de Fellini ao introduzir essas idéias em pleno início da década de 60. Este filme é o contrário da maioria: ele vai ficando mais atual enquanto o tempo passa. Isto que é deslumbrante! E Anita Ekberg, claro, com uma das personagens mais lindas da história do cinema. Fiquei louco pra que ela aparecesse novamente.
O lado ruim, que realmente pesa negativamente, é a extensão do filme. Fica cansativo demais, até porque se trata de uma obra tipicamente visual. Como todos os filmes de Fellini, você deve prestar atenção no quadro geral, na imagem ampla, bem mais do que nos diálogos, então exige atenção do espectador... quase 3 horas de duração fica maçante mesmo.
Um emaranhado de acontecimentos sobrepostos em camadas de realidade, sonhos e lembranças. Não dá pra afirmar com precisão o que é real e o que é devaneio da mente atordoada do diretor. A mensagem final é essa: desestruturação, rompimento de conceitos, DESCRIAÇÃO (acho que esse termo cai melhor no contexto do que desconstrução ou destruição). Fica muito claro quando Guido diz: "não há personagem; não há filme. Não há nada em lugar algum."
A crítica também é muito forte ao cinema comercial, aos produtores e patrocinadores que exigem cada vez mais que os filmes sejam feitos para agradar ao senso comum, para vender ingresso, podando a liberdade individual e criativa dos diretores. Isto na década de 60 já existia; atualmente dispensa comentários, é o pesadelo de todo cinéfilo.
Confesso, entretanto, que o filme tem um grau de complexidade que exige ser visto mais de uma vez. Verei novamente daqui a uns meses e espero ter maior maturidade para compreender as sutilezas da trama. Pra quem é fã de Woody Allen, como eu, assistam dois filmes dele que lembram muito esta obra de Fellini: "Desconstruindo Harry" e "Memórias". Allen é fã declarado de Fellini.
Nem 8, nem 80. O filme tem diálogos muito bons, boa fotografia e a trilha sonora está enquadrada com uma das mensagens finais: urbanização excessiva das grandes capitais (imagem de trânsito + muitos prédios em construção + barulho infernal). A atuação de Cristiana Ubach é espetacular! Personagem reflexiva, um tanto quanto revoltada com a desigualdade social e até saudosista. A cena do bar é impecável, num longo e bem feito monólogo onde ela fala sobre sua avó, relacionamentos e perspectiva de vida. Cena difícil de fazer de forma tão bem como ela conseguiu. O preto e branco caiu perfeitamente bem com o ritmo da história... e me fez colorir imaginariamente a tela, por várias vezes. Mas a vida, cada vez mais, está descolorida.
Por outro lado, o filme tem essa mania ridícula de querer parecer cult e peca no excesso de abstração e radicalismo. Não existe meio termo: ou se é burguês explorador ou se é coitado injustiçado. Achei algumas cenas desnecessárias, que não acrescentaram nada ao enredo e foram visivelmente mantidas só para dar um ar mais melancólico ou chocante. É o caso da cena dos urubus voando no céu e do feto morto. Esse recado tava implícito, não precisava desse sensacionalismo. Essa é uma falha recorrente, ainda, nesse tipo de filme. No geral, um bom filme, ainda mais por ser regional e de baixo custo de produção.
Isso que é terror, porra! No começo do filme eu não tava botando fé, mas depois não consegui desgrudar os olhos da tela. Tensão psicológica o tempo inteiro. Roteiro fodástico e boas atuações, sem precisar de super produção. Não poderia esperar nada menos de quem escreveu "O iluminado". Stephen King, ouso dizer: o sucessor de Alfred Hitchcock.
Sensibilidade extrema. Filme sereno, compassado, que parece apenas mais um drama romântico com a guerra da Bósnia de fundo. Mas a história vai se desenvolvendo, nos envolvendo, inserindo informações de forma lenta, como quem calmamente desenha um mapa explicando tudo. O final - especialmente os últimos 20 minutos - encaixa perfeitamente todas as peças e dá uma agulhada no coração. Abordagem da guerra NÃO foi o ponto chave do roteiro, e por isso mesmo não dá pra exigir profundidade nisso (apesar de eu ter achado que o cenário histórico deu um toque especial pra fotografia da película e, óbvio, um peso extra ao drama). O que é arrebatador mesmo é a forma como o filme entrelaça os personagens de forma tão surpreendente e natural ao mesmo tempo.
Penélope Cruz ESPETACULAR, fora de série, deslumbrante. Que atriz maravilhosa! Que versatilidade! O filme em si lembra muito "Não se mova", e eu notei isso primeiro ao escutar Penélope falando italiano (existe algo mais lindo nesse mundo?) e depois ao ver as cenas de sexo - a primeira em especial - com a mesma 'pegada' do filme mencionado. Só depois que fui verificar e constatei que ambos são do mesmo diretor, e aí começo a achar mais semelhanças ainda. O jeito que os dois filmes te pegam, a sensibilidade que te deixa triste e saudosista... parecem demais. Sem falar que Penélope se transforma completamente, tanto em 'Venuto al mondo' como em 'Não se mova'. Muito bom!
Muito bom ver a evolução dos atores em relação ao primeiro filme. Show demais isso! A sintonia entre o 'casal' é enorme, as cenas longas e com diálogos extensos... exige demais do ator. Quanto a história em si, é um romance bonitinho e realista ao mesmo tempo, superior a maioria dos romances norte americanos. Bom filme pra se ver quando quiser algo leve.
OLHA O QUE ELE FEZ! Que aula de suspense! Sacada genial, cheio de reviravoltas, roteiro brilhantemente escrito. Realmente de tirar o fôlego! Assim como Festim Diabólico, toda a história se passa num único cenário. Barra qualquer livro de investigação policial. Que mente brilhante! Filme indispensável pra quem é fã de suspense.
É por isso que ele é o mestre. Estupra qualquer filme de Hollywood. Favorito fácil! Meu preferido de Hitchcock, junto com 'Um corpo que cai'.
É difícil arrumar palavras pra explicar esta obra prima. Vou tentar elencar em pequenos tópicos.
- a trilha sonora conduz o filme inteiro. A 'dança da morte' (como o próprio Sergio Leone definiu) de cada personagem é guiada por uma trilha específica. A cena inicial se transmite ao espectador justamente pela ausência de música, com o som exclusivo da mosca e da goteira. O duelo final é compassadamente processado com o desenvolvimento da música, como um ritual. - o personagem da mulher (Jill) colocado como central na história, quebrando TODOS OS PARADIGMAS existentes nos filmes de faroeste até então. E mais: não é uma mulher qualquer, tratada como objeto; ela tem sua personalidade própria. A importância da mulher, numa sociedade tão machista, se demonstra em paralelo ao desenvolvimento da região Oeste com a construção de Ferrovia... enorme avanço social, em todos os sentidos. - o personagem 'da gaita', que guarda um enorme mistério o filme inteiro, nos leva pra dentro da tela com aquele close magnífico no seu olhar, durante o duelo final. Todo o enredo se revela brilhantemente quando adentramos no olhar e nas lembranças dele. Todo o filme se justifica, todas as mortes, toda a espera. "Eu não salvei a vida dele, só evitei que o matassem. São coisas diferentes." - Numa clara demonstração da paciência que se coaduna com a sede de vingança do personagem, que precisou esperar o momento ideal pra cumprir seu objetivo, com suas próprias mãos. - o personagem de Cheyenne, que inicia o filme como, possivelmente, o mais temido dos vilões, se transforma e se revela parceiro do 'gaiteiro' e de Jill, protagonizando a GENIAL cena do resgate do gaiteiro no trem, ao colocar a arma dentro da BOTA pra enganar o inimigo. A mutação desse personagem é chave na mensagem que o filme transmite.
Enfim, é uma obra irretocável, onde fotografia, som, roteiro e atuações se harmonizam de forma única. Um faroeste que vai muito além da violência e do sanguinarismo, que é acima de tudo um drama bem carregado de sentimento. O cinema é GIGANTE por esta obra... e eu sou alguém melhor por poder desfrutar e redesfrutar dos olhos de Henry Fonda e Charles Bronson na tela.
O mestre da comédia provando porque é gênio. Fez um drama em homenagem a Ingmar Bergman e manteve o alto nível das suas obras. Fugindo totalmente do seu estilo e se entregando ao estudo da obra do seu ídolo, Woody Allen nos trás um filme denso, até arrastado em alguns momentos, com cores mortas e personagens confusos consigo mesmos.
A profunda melancolia da mãe da família (que apesar disso, possui outras inúmeras qualidades) contrasta fortemente com a nova namorada do pai da família, que é uma mulher alegre e pouco inteligente, digamos assim. É assim que as coisas acontecem: por mais que outras características tenham uma certa influência, o que prevalece é a vontade de ser feliz e irracional em alguns momentos. As filhas seguem o mesmo caminho da mãe, e os maridos seguem o mesmo caminho do pai... e assim caminha o mundo que não caminha.
Um filme que retrata o quanto a ganancia pode cegar o homem. A cena em que a perfuradora de petróleo pega fogo e ele abandona o filho ferido pra ir ver o empreendimento resume todo o filme. Não, não resume. Em paralelo ao enredo, se desenvolve a manipulação do pastor do novo milênio, que se acopla ao personagem principal pra sugar do povo humilde. O roteiro é simples, mas extremamente bem desenvolvido. Destaco, em particular, dois diálogos: ele e o irmão, num desabafo pessoal onde ele diz que odeia as pessoas, pouco antes de matá-lo; e a cena final, que é a antológica por representar a vingança de um ambicioso psicopata que esperou duas décadas pra descontar a humilhação passada perante o pastor.
Daniel Day Lewis MUITO BEM (e não é opinião minha, isso é unânime), dando um show a parte e elevando o nível do filme. Arrisco a dizer que se não fosse pela grande atuação dele, esse filme seria mais um 'bonzinho' no rol. E, ao contrário do que diz a maioria, eu não sou fã dele e não curti o trabalho em 'Gangs de Nova Iorque', então realmente sou alguém imparcial pra elogiar quando merece. Trilha sonora muito boa também.
Um homem de meia idade que nunca conseguiu ter uma vida normal. Por suas ideias originais, por seu excesso de sinceridade, por seu senso crítico e pela inquietude de pensamentos nunca conseguiu se estabilizar com uma mesma mulher, nem manter laços familiares ou se divertir com coisas banais. O filme retrata a profunda solidão de um homem mergulhado na loucura completa da própria genialidade. Devaneios e reflexões reais se misturam o tempo inteiro no filme, com dezenas de analogias entre as obras do escritor e a sua vida. Para suportar a própria mente, Harry acaba se fechando na única coisa a qual ainda suporta: suas histórias - trazendo os personagens pra vida dele próprio.
Como a maioria das obras de Woody Allen, é um filme autobiográfico, trazendo a tona várias ideias do autor e a constante angustia que lhe é peculiar. Sempre, claro, com uma dose de humor.
Se em "Touro indomável" Robert de Niro rouba as cenas, em "Os bons companheiros", quem nos brinda com uma atuação impecável é Joe Pesci, dando o troco no companheiro. Excepcionalmente filho da puta o personagem dele, com inúmeras cenas exalando estupidez. Quando você se pega IRRITADO com um personagem durante um filme, pode pausar e bater palmas pro ator. Foi este o caso.
Adoro quando o Scorsese dirige películas baseadas em histórias reais. Não tem exagero no filme: a mão que afaga é a mesma que apedreja. No fundo, todos só se preocupam com seu próprio bem estar, e quando o cerco aperta o instinto de sobrevivência sempre fala mais alto. É assim em todo canto, e isto só se potencializa com o aumento da ambição e do poder. O filme não tem excesso de violência (pra ser um filme de máfia), até porque o intuito não é valorizar o sangue, mas ser indiferente com a própria vida humana, banalizar nossos conceitos de justiça, de amizade, de sucesso.
Junto com "O pagamento final", é o melhor filme de Máfia que já assisti. E olhe que não sou fã do gênero. Sim, eu já vi "O poderoso chefão" :)
Filmes cheio de altos e baixos. Em certos momentos, é um suspense com diálogos inteligentes e cenas lentas; noutros, é ação, começa a acelerar demais, atropelar detalhes e abusar de efeitos. Claro que, em se tratando de um filme de mágica, essa aceleração repentina no segundo ato do filme deve ter sido proposital, porque seria difícil detalhar e embasar todos os truques de forma lógica e consistente.
O elenco é de primeira, indiscutível. Confesso que fui ao cinema com uma enorme expectativa, e por isso me desapontei um pouco. Mas é um filme interessante sim, vale a pena ser visto, principalmente pelo começo e pelo final.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraDarei um voto de confiança a Sandra Bullock, graças ao comentário do crítico Pablo Villaça sobre o filme. Quero ver.
Violência Gratuita
3.8 739 Assista AgoraQue filmaço! Que filmaço! Que filmaço! Você se sente atraído o tempo inteiro pelos 'jogos de tortura' feitos durante a história, pra no final levar um tapa ao ser apontado como cúmplice dessa ode à violência em que vivemos, essa 'poesia da dor' que gratuitamente é divulgada na mídia e sustentada por nós. O filme aponta o dedo pra gente, é uma crítica ao espectador que financia e, secundariamente, aos produtores/divulgadores da violência puramente comercial.
A cena da bolinha de golfe aparecendo no chão da sala, quando Paul e Peter voltam, é tensão pura! Uma aula pra muito filme de pseudo terror. A cena do controle remoto nem se fala, é o clímax da trama, coisa de gênio.
Em termos técnicos o filme também é bom. Fotografia sempre escura e os vilões em destaque, completamente vestidos de branco (cor que rotineiramente tentamos associar à paz/bondade). Atuação muito boa da atriz que interpretou Anna. Detalhe importante também pra trilha sonora: no comecinho do filme, quando tudo é calmaria, eles alternam o som do carro entre músicas mais clássicas; depois, durante a cena de perseguição ao menino, Paul coloca um rock pesado pra tocar. Com esses pequenos sinais de cores e sons, e principalmente com o espetacular roteiro que nos faz sentir como participantes do próprio filme, Michael Haneke nos brinda com todo o seu talento nesta obra prima do cinema da década de 90.
O Conselheiro do Crime
2.4 584que elenco do caralho, puta merda!
Tabu
4.1 108 Assista AgoraO filme é de uma delicadeza enorme. Parece uma gigantesca poesia. A segunda parte é linda, comovente. E tem um humor bem sofisticado, brinca com as tragédias cotidianas e com os vícios do ser humano. Muito lento, porém, até arrastado em alguns momentos. Pareceu filme de Michael Haneke! hehehe
Scarface
4.4 1,8K Assista Agora"Eu sempre falo a verdade. Até quando minto! Olhem pro bandido, é a última vez que vocês verão um bandido assim."
Os Amantes Passageiros
3.1 646 Assista AgoraA loucura e obsessão de Almodovar parecem ficar escancaradas nesse filme. Pra quem conhece o estilo do diretor, isso é interessante até... cada vez ele tá segurando menos as paranóias com sexualidade. Tem alguns momentos engraçados e um ar bem leve.
Mas, no geral, deixou a desejar por ser um roteiro completamente alheio à realidade. Acho que foi mais uma vontade do diretor de vomitar toda a confusão da sua cabeça pro mundo, o que é compreensível. Mas até a arte precisa de um mínimo de controle externo. Além disso, foi um pecado colocar Penélope Cruz no elenco e ela praticamente não participar do filme.
Um Truque de Luz
4.3 14Lindíssimo! A arte na sua forma mais pura. Foi como testemunhar meu próprio nascimento. Tocante o quanto os irmãos se dedicaram ao que parecia impossível na época, e mesmo assim são esquecidos pela história. O cinema é a mais bela das artes, pois de todas bebe e a todas alimenta.
Me fez entender algumas analogias feitas em outros filmes (que fabulosas homenagens foram sendo identificadas na minha cabeça!) e reviver um pouco do cinema mudo. Todos aqueles mini filmes são os primeiros passos do que hoje nos traz tantos sentimentos, de forma tão intensa. Celebremos o cinema em sua essência, e nunca o deixemos morrer!
A Doce Vida
4.2 316 Assista AgoraUma antecipação genial ao que seria a SOCIEDADE DO ESPETÁCULO. O filme é dividido em vários atos, várias histórias autônomas e isoladas uma das outras. Fellini simplesmente recortou episódios da vida do personagem para demonstrar o rumo que o mundo começava a tomar. Sensacionalismo
(cena dos jornalistas aglomerados para fotografar a atriz descendo do avião)
(todo o país parando porque duas crianças supostamente viram uma santa)
(a cena final, quando ele não consegue escutar o que a menina fala)
(a mulher ciumenta que em vários momentos sufoca ele)
(o amigo, supostamente feliz, se suicidando)
(o saudosismo dele ao rever o pai)
O ponto alto é a perspicácia de Fellini ao introduzir essas idéias em pleno início da década de 60. Este filme é o contrário da maioria: ele vai ficando mais atual enquanto o tempo passa. Isto que é deslumbrante! E Anita Ekberg, claro, com uma das personagens mais lindas da história do cinema. Fiquei louco pra que ela aparecesse novamente.
O lado ruim, que realmente pesa negativamente, é a extensão do filme. Fica cansativo demais, até porque se trata de uma obra tipicamente visual. Como todos os filmes de Fellini, você deve prestar atenção no quadro geral, na imagem ampla, bem mais do que nos diálogos, então exige atenção do espectador... quase 3 horas de duração fica maçante mesmo.
8½
4.3 409 Assista AgoraUm emaranhado de acontecimentos sobrepostos em camadas de realidade, sonhos e lembranças. Não dá pra afirmar com precisão o que é real e o que é devaneio da mente atordoada do diretor. A mensagem final é essa: desestruturação, rompimento de conceitos, DESCRIAÇÃO (acho que esse termo cai melhor no contexto do que desconstrução ou destruição). Fica muito claro quando Guido diz: "não há personagem; não há filme. Não há nada em lugar algum."
A crítica também é muito forte ao cinema comercial, aos produtores e patrocinadores que exigem cada vez mais que os filmes sejam feitos para agradar ao senso comum, para vender ingresso, podando a liberdade individual e criativa dos diretores. Isto na década de 60 já existia; atualmente dispensa comentários, é o pesadelo de todo cinéfilo.
Confesso, entretanto, que o filme tem um grau de complexidade que exige ser visto mais de uma vez. Verei novamente daqui a uns meses e espero ter maior maturidade para compreender as sutilezas da trama. Pra quem é fã de Woody Allen, como eu, assistam dois filmes dele que lembram muito esta obra de Fellini: "Desconstruindo Harry" e "Memórias". Allen é fã declarado de Fellini.
Boa Sorte, Meu Amor
3.2 35Nem 8, nem 80. O filme tem diálogos muito bons, boa fotografia e a trilha sonora está enquadrada com uma das mensagens finais: urbanização excessiva das grandes capitais (imagem de trânsito + muitos prédios em construção + barulho infernal). A atuação de Cristiana Ubach é espetacular! Personagem reflexiva, um tanto quanto revoltada com a desigualdade social e até saudosista. A cena do bar é impecável, num longo e bem feito monólogo onde ela fala sobre sua avó, relacionamentos e perspectiva de vida. Cena difícil de fazer de forma tão bem como ela conseguiu. O preto e branco caiu perfeitamente bem com o ritmo da história... e me fez colorir imaginariamente a tela, por várias vezes. Mas a vida, cada vez mais, está descolorida.
Por outro lado, o filme tem essa mania ridícula de querer parecer cult e peca no excesso de abstração e radicalismo. Não existe meio termo: ou se é burguês explorador ou se é coitado injustiçado. Achei algumas cenas desnecessárias, que não acrescentaram nada ao enredo e foram visivelmente mantidas só para dar um ar mais melancólico ou chocante. É o caso da cena dos urubus voando no céu e do feto morto. Esse recado tava implícito, não precisava desse sensacionalismo. Essa é uma falha recorrente, ainda, nesse tipo de filme. No geral, um bom filme, ainda mais por ser regional e de baixo custo de produção.
Louca Obsessão
4.1 1,3K Assista AgoraIsso que é terror, porra! No começo do filme eu não tava botando fé, mas depois não consegui desgrudar os olhos da tela. Tensão psicológica o tempo inteiro. Roteiro fodástico e boas atuações, sem precisar de super produção. Não poderia esperar nada menos de quem escreveu "O iluminado". Stephen King, ouso dizer: o sucessor de Alfred Hitchcock.
Prova de Redenção
4.2 363Sensibilidade extrema. Filme sereno, compassado, que parece apenas mais um drama romântico com a guerra da Bósnia de fundo. Mas a história vai se desenvolvendo, nos envolvendo, inserindo informações de forma lenta, como quem calmamente desenha um mapa explicando tudo. O final - especialmente os últimos 20 minutos - encaixa perfeitamente todas as peças e dá uma agulhada no coração. Abordagem da guerra NÃO foi o ponto chave do roteiro, e por isso mesmo não dá pra exigir profundidade nisso (apesar de eu ter achado que o cenário histórico deu um toque especial pra fotografia da película e, óbvio, um peso extra ao drama). O que é arrebatador mesmo é a forma como o filme entrelaça os personagens de forma tão surpreendente e natural ao mesmo tempo.
Penélope Cruz ESPETACULAR, fora de série, deslumbrante. Que atriz maravilhosa! Que versatilidade! O filme em si lembra muito "Não se mova", e eu notei isso primeiro ao escutar Penélope falando italiano (existe algo mais lindo nesse mundo?) e depois ao ver as cenas de sexo - a primeira em especial - com a mesma 'pegada' do filme mencionado. Só depois que fui verificar e constatei que ambos são do mesmo diretor, e aí começo a achar mais semelhanças ainda. O jeito que os dois filmes te pegam, a sensibilidade que te deixa triste e saudosista... parecem demais. Sem falar que Penélope se transforma completamente, tanto em 'Venuto al mondo' como em 'Não se mova'. Muito bom!
Antes do Pôr-do-Sol
4.2 1,5K Assista AgoraMuito bom ver a evolução dos atores em relação ao primeiro filme. Show demais isso! A sintonia entre o 'casal' é enorme, as cenas longas e com diálogos extensos... exige demais do ator. Quanto a história em si, é um romance bonitinho e realista ao mesmo tempo, superior a maioria dos romances norte americanos. Bom filme pra se ver quando quiser algo leve.
Disque M Para Matar
4.4 681 Assista AgoraOLHA O QUE ELE FEZ! Que aula de suspense! Sacada genial, cheio de reviravoltas, roteiro brilhantemente escrito. Realmente de tirar o fôlego! Assim como Festim Diabólico, toda a história se passa num único cenário. Barra qualquer livro de investigação policial. Que mente brilhante! Filme indispensável pra quem é fã de suspense.
É por isso que ele é o mestre. Estupra qualquer filme de Hollywood. Favorito fácil! Meu preferido de Hitchcock, junto com 'Um corpo que cai'.
Era uma Vez no Oeste
4.4 730 Assista AgoraÉ difícil arrumar palavras pra explicar esta obra prima. Vou tentar elencar em pequenos tópicos.
- a trilha sonora conduz o filme inteiro. A 'dança da morte' (como o próprio Sergio Leone definiu) de cada personagem é guiada por uma trilha específica. A cena inicial se transmite ao espectador justamente pela ausência de música, com o som exclusivo da mosca e da goteira. O duelo final é compassadamente processado com o desenvolvimento da música, como um ritual.
- o personagem da mulher (Jill) colocado como central na história, quebrando TODOS OS PARADIGMAS existentes nos filmes de faroeste até então. E mais: não é uma mulher qualquer, tratada como objeto; ela tem sua personalidade própria. A importância da mulher, numa sociedade tão machista, se demonstra em paralelo ao desenvolvimento da região Oeste com a construção de Ferrovia... enorme avanço social, em todos os sentidos.
- o personagem 'da gaita', que guarda um enorme mistério o filme inteiro, nos leva pra dentro da tela com aquele close magnífico no seu olhar, durante o duelo final. Todo o enredo se revela brilhantemente quando adentramos no olhar e nas lembranças dele. Todo o filme se justifica, todas as mortes, toda a espera. "Eu não salvei a vida dele, só evitei que o matassem. São coisas diferentes." - Numa clara demonstração da paciência que se coaduna com a sede de vingança do personagem, que precisou esperar o momento ideal pra cumprir seu objetivo, com suas próprias mãos.
- o personagem de Cheyenne, que inicia o filme como, possivelmente, o mais temido dos vilões, se transforma e se revela parceiro do 'gaiteiro' e de Jill, protagonizando a GENIAL cena do resgate do gaiteiro no trem, ao colocar a arma dentro da BOTA pra enganar o inimigo. A mutação desse personagem é chave na mensagem que o filme transmite.
Enfim, é uma obra irretocável, onde fotografia, som, roteiro e atuações se harmonizam de forma única. Um faroeste que vai muito além da violência e do sanguinarismo, que é acima de tudo um drama bem carregado de sentimento. O cinema é GIGANTE por esta obra... e eu sou alguém melhor por poder desfrutar e redesfrutar dos olhos de Henry Fonda e Charles Bronson na tela.
Era uma Vez no Oeste
4.4 730 Assista AgoraQue trilha sonora do caralho! É A DANÇA DA MORTE, o filme inteiro! Espetacular, estou de pé!
Interiores
4.0 230O mestre da comédia provando porque é gênio. Fez um drama em homenagem a Ingmar Bergman e manteve o alto nível das suas obras. Fugindo totalmente do seu estilo e se entregando ao estudo da obra do seu ídolo, Woody Allen nos trás um filme denso, até arrastado em alguns momentos, com cores mortas e personagens confusos consigo mesmos.
A profunda melancolia da mãe da família (que apesar disso, possui outras inúmeras qualidades) contrasta fortemente com a nova namorada do pai da família, que é uma mulher alegre e pouco inteligente, digamos assim. É assim que as coisas acontecem: por mais que outras características tenham uma certa influência, o que prevalece é a vontade de ser feliz e irracional em alguns momentos. As filhas seguem o mesmo caminho da mãe, e os maridos seguem o mesmo caminho do pai... e assim caminha o mundo que não caminha.
Sangue Negro
4.3 1,2K Assista AgoraUm filme que retrata o quanto a ganancia pode cegar o homem. A cena em que a perfuradora de petróleo pega fogo e ele abandona o filho ferido pra ir ver o empreendimento resume todo o filme. Não, não resume. Em paralelo ao enredo, se desenvolve a manipulação do pastor do novo milênio, que se acopla ao personagem principal pra sugar do povo humilde. O roteiro é simples, mas extremamente bem desenvolvido. Destaco, em particular, dois diálogos: ele e o irmão, num desabafo pessoal onde ele diz que odeia as pessoas, pouco antes de matá-lo; e a cena final, que é a antológica por representar a vingança de um ambicioso psicopata que esperou duas décadas pra descontar a humilhação passada perante o pastor.
Daniel Day Lewis MUITO BEM (e não é opinião minha, isso é unânime), dando um show a parte e elevando o nível do filme. Arrisco a dizer que se não fosse pela grande atuação dele, esse filme seria mais um 'bonzinho' no rol. E, ao contrário do que diz a maioria, eu não sou fã dele e não curti o trabalho em 'Gangs de Nova Iorque', então realmente sou alguém imparcial pra elogiar quando merece. Trilha sonora muito boa também.
Desconstruindo Harry
4.0 335 Assista AgoraUm homem de meia idade que nunca conseguiu ter uma vida normal. Por suas ideias originais, por seu excesso de sinceridade, por seu senso crítico e pela inquietude de pensamentos nunca conseguiu se estabilizar com uma mesma mulher, nem manter laços familiares ou se divertir com coisas banais. O filme retrata a profunda solidão de um homem mergulhado na loucura completa da própria genialidade. Devaneios e reflexões reais se misturam o tempo inteiro no filme, com dezenas de analogias entre as obras do escritor e a sua vida. Para suportar a própria mente, Harry acaba se fechando na única coisa a qual ainda suporta: suas histórias - trazendo os personagens pra vida dele próprio.
Como a maioria das obras de Woody Allen, é um filme autobiográfico, trazendo a tona várias ideias do autor e a constante angustia que lhe é peculiar. Sempre, claro, com uma dose de humor.
O Artista
4.2 2,1K Assista Agora"Se é um filme bom, o som pode ser desligado e a plateia continuará tendo uma ideia clara do que está acontecendo." - Alfred Hitchcock
Os Bons Companheiros
4.4 1,2K Assista AgoraSe em "Touro indomável" Robert de Niro rouba as cenas, em "Os bons companheiros", quem nos brinda com uma atuação impecável é Joe Pesci, dando o troco no companheiro. Excepcionalmente filho da puta o personagem dele, com inúmeras cenas exalando estupidez. Quando você se pega IRRITADO com um personagem durante um filme, pode pausar e bater palmas pro ator. Foi este o caso.
Adoro quando o Scorsese dirige películas baseadas em histórias reais. Não tem exagero no filme: a mão que afaga é a mesma que apedreja. No fundo, todos só se preocupam com seu próprio bem estar, e quando o cerco aperta o instinto de sobrevivência sempre fala mais alto. É assim em todo canto, e isto só se potencializa com o aumento da ambição e do poder. O filme não tem excesso de violência (pra ser um filme de máfia), até porque o intuito não é valorizar o sangue, mas ser indiferente com a própria vida humana, banalizar nossos conceitos de justiça, de amizade, de sucesso.
Junto com "O pagamento final", é o melhor filme de Máfia que já assisti. E olhe que não sou fã do gênero. Sim, eu já vi "O poderoso chefão" :)
Sobre Café e Cigarros
3.7 278 Assista Agoraeu sou maníaco ou mais alguém achou Renée a coisa mais excitante do mundo? hahahaha
Encontros e Desencontros
3.8 1,7K Assista AgoraInfelizmente não dá, Sofia Copola! Desisto de achar um filme seu que não seja água com açucar.
Truque de Mestre
3.8 2,5K Assista AgoraFilmes cheio de altos e baixos. Em certos momentos, é um suspense com diálogos inteligentes e cenas lentas; noutros, é ação, começa a acelerar demais, atropelar detalhes e abusar de efeitos. Claro que, em se tratando de um filme de mágica, essa aceleração repentina no segundo ato do filme deve ter sido proposital, porque seria difícil detalhar e embasar todos os truques de forma lógica e consistente.
O elenco é de primeira, indiscutível. Confesso que fui ao cinema com uma enorme expectativa, e por isso me desapontei um pouco. Mas é um filme interessante sim, vale a pena ser visto, principalmente pelo começo e pelo final.