Existem vários subgêneros da comédia e o Brasil é carente na produção de boa parte deles, até mesmo naqueles tipos totalmente descompromissados como o que propõe "Os Penetras".
A priori, o maior chamativo do filme é o fato de ter no elenco principal dois dos melhores humoristas nacionais da atualidade. Mas nem o histórico carismático de Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch conseguem omitir as falhas gritantes de enredo que o filme apresenta. Claro, aí vem o contra-argumento "pára, não é um filme pra ser levado a sério". Ok, mas até mesmo nessa proposta o filme se mostra ineficaz, por mais que Eduardo se utilize cansativamente de suas interpretações ja muito exploradas nos seus antigos personagens da tv, César Polvilho e Freddie Mercury Prateado.
Antecedido pelo péssimo filme "As Aventuras de Agamenon", também desse ano, "Os Penetras" só comprova que o Brasil ainda mostra que vem perdendo potencial criativo para produção de filmes de conteúdo humorístico, e que se mostra difícil de resgatar aquele bom humor que prevalecia ainda no início da década passada com "O Auto da Compadecida".
Mesmo tendo sido o ato final bastante previsível, temos aqui um bom trabalho de narrativa que supera as barreiras que de certa forma são constantes em filmes do gênero.
Fora que ainda é perceptível a atuação bastante convincente dos dois protagonistas, mescladas a ótimas coreografias de combate.
A produção é um prato cheio para fãs de MMA, e também para quem tem um tato mais exigente no que diz respeito ao desenvolvimento da trama.
Uma narrativa simples e convincente alidada a cenas de ação frenéticas ambientado em uma França nem tão romantizada como de praxe. Fórmula que aqui alcança um resultado bastante satisfatório, sobretudo por trazer a modalidade esportiva do le parkour (ja semi-explorada em Ong-Bak) mesclada em meio aos tiroteios e lutas. Para isso a participação de David Belle fora fundamental. Tirando o discurso politizado de bom moço do personagem de Raffaelli no ultimo ato, o longa trabalha incessantemente em fixar a atenção do público com diálogos rápidos, sem deixar muito tempo para se questionar qualquer lacuna sobressalente no roteiro.
Só o Sacha Baron Cohen fazendo (ou tentando fazer) outro personagem com bagagem acumulada dos seus demais personagens, seja Ali G ou Borat (até então o melhor).
Não merecia toda a publicidade que teve na pós-produção, através disso fica mais fácil uma possível decepção da maioria dos espectadores por gerar expectativa desnecessária.
Ao final da sessão, o que mais ficou claro foi que Tim Burton fez o possível (e também o impossível) para dirigir o pior filme do ano. É incrível como tudo contribui para tornar o filme totalmente sem propósito, destituído de qualquer motivação.
E o pior é que ele vem decaindo desde Alice no País das Maravilhas. Arrisco a dizer que vai acabar se tornando um novo Shyamalan, só que com mais sucessos.
Um raro caso em que a produção cinematográfica chega a ser superior ao próprio livro que deu orgiem a franquia.
Acredito piamente que o autor do livro (Michael Crichton), aqui como roteirista, achou uma nova chance de redimir algumas falhas gritantes do narrativa do mesmo, cedendo o espaço de que Spielberg necessitava para dar início ao processo criativo propondo um trabalho minucioso, juntando um enredo envolvente, personagens marcantes e uma tecnologia em efeitos especiais que lhe rendeu merecidamente o oscar.
Boa parte de minha infância esta contida nesse filme e tenho orgulho disso.
Não conhceço a história da vida de Bruce Lee por completo, talvez até bem menos do que ja fora registrado em livros ou documentários, mas mesmo mantendo um enredo mais fantasioso e ficcional do que real, considero uma boa mesclagem do mito com o homem que levou sua arte da luta ao mundo cinematográfico. E Jason Scott Lee confere forte verossimilhança ao personagem.
O filme é rico em todos os aspectos possíveis e ganha pontos extras pela originalidade em tratar o tema, pondo o protagonista boa parte do tempo em uma linha uniforme de aceitação de sua condição, tornando-o extremamente carismático.
Creio que Joseph Gordon-Levitt ja virou uma espécie de ator aclamado após 500 Dias Com Ela, e aqui ele não fica muito atrás. Deve-se considerar também o ótimo elenco de apoio, que estabelece um belo equilíbrio (raro) entre a comédia e o drama. Seth Rogen sempre convence de forma satisfatória por estar sendo Seth Rogen, e Anna Kendrick consegue ótimos momentos sem muito esforço.
Embalado por um trilha espetacular (High and Dry do Radiohead foi o ápice do filme, para mim), "50%" mostra claramente os dois lados da moeda, sem precisar usufruir exageradamente do apelo emocional, e é importante considerar sua essência servindo sobretudo de filme-motivação.
Durante a década passada o cinema nacional mostrou retorno e competência, mas faltava alguém apostar suas fichas em uma produção em que os efeitos especiais fossem o plano de fundo.
Besouro parte de uma premissa bastante empolgante, na verdade, pois mergulha de cabeça na cultura do Camdoblé e traz através da ajuda do mesmo coreógrafo de O Tigre e o Dragão um cenário real com uma pitada dos velhos efeitos especiais hollywoodianos. Contudo, a compilação das melhores cenas, apresentadas ainda no trailer, transmitia a falsa sensação de que seria um trabalho pelo qual valeria a pena esperar.
Ao economizar no elenco principal, a produção não convenceu nos fracos diálogos proporcionados pelo amadorismo dos atores, tendo porém destaque a atriz Jéssica Barbosa, tanto pela beleza quanto pela força que imprime em sua personagem. E como se não bastasse a tentava ja bem explorada de alcançar a qualidade técnica do filme de Ang Lee, temos o resgate inevitável dos maiores clichês em filmes do gênero, como os desentendimentos do triângulo amoroso e as consequências apresentadas posteriormente. Algo que deveria ter sido facilmente evitado. Mas ponto para a montagem e o cenário pós-colonial onde se desenvolve a trama.
Há uma tentativa no filme de mistificar o personagem Besouro, que realmente existiu, transmitindo a idéia de sua representatividade para a força e vigor da raça, e isso é inspirador, mas o resultado é mediano, embora seja uma produção que possa originar mais filmes nacionais do gênero futuramente. Aguardemos por isso.
O verdadeiro desafio de escrever sobre O Clube da Luta é fazê-lo sem ao menos citar um spoiler. Não consegui.
Normalmente essa produção torna-se atraente ao público logo pelo título. Mas é ao longo do desenvolvimento de seu arco dramático que é possível notar o impacto indescritível de suas idéias, que acaba por torná-lo um dos filmes mais ambiciosos da década de 90.
Tudo funciona em perfeita harmonia quanto à trilha, o roteiro, direção e as atuações(incluindo a ótima Helena Bonham Carter). E essas idéias expostas no longa transitam com facilidade para mente do espectador e cada passagem do filme traz uma crítica nova sobre esse sistema complexo e ao mesmo tempo limitado que chamamos de sociedade. Então o Clube da Luta propriamente dito é apenas a engrenagem que dá início ao funcionamento de algo infinitamente maior.
Contudo, é importante considerar que essa obra embora bastante competente ainda não consegue convencer absolutamente na lógica da divisão das cenas entre os personagens de Pitt e Norton, tendo alguns momentos sido inseridos de forma forçada, mas sem que isso tire o mérito do bom trabalho dos roteiristas. Ainda sim é brilhante a forma como o roteiro é conduzido pela direção, desde a omissão do nome real do personagem de Norton até as frações de segundo em que percebemos a formação de Tyler (nos primeiros 30 minutos de filme, basta olhar com atenção).
Mas o mais intrigante de tudo é que nada dos eventos que são mostrados no filme podem ser interpretados como algo impossível ou inacreditável. E sim, no final das contas Tyler Durden é somente um reflexo que cada um gostaria de enxergar no espelho, mas não temos coragem o suficiente para deixá-lo sair.
Que elo é esse que nos conecta, tão forte e enigmático que ao longo de 36 horas pode definir o destino de muitos?
Crash é isso: Impacto, dor e realidade. Sem dúvidas é a produção mais completa ja realizada com a temática racial nos Estados Unidos, inspirando posteriormente filmes como Babel (embora eu não tenha visto ainda "Faça a Coisa Certa" do Spike Lee).
No filme não existe um protagonista de destaque, mas vários, cuidadosamente explorados em uma das melhores montagens de subtramas ja construídas, que acaba por atingir um clímax fantástico.
Paul Haggis foi de uma competência única ao conseguir idealizar cenas extremamente densas, como no momento em que põe em um inevitável encontro dois personagens que se odeiam sem ao menos se conhecer. Há quem o considere apelativo por algumas partes do filme, mas é inegável o impacto emocional gerado pela cena do chaveiro e sua filha.
O filme promove um ataque direto às relações sociais e a hipocrisia que está aí, forçando o espectador a se perguntar até que ponto ele se conhece, e promove também a dualidade em relação a decadência e a importância da instituição familiar atual.
Encerrado brilhantemente com a música Maybe Tomorrow, Crash é o tipo de filme que deveria ser obrigatório a todos, especialmente a quem acha que conhece o nosso tempo, onde nunca fomos tão frágeis e sozinhos.
Por volta de 9 anos atrás Paul W. S. Anderson resolveu roteirizar e dirigir uma adaptação da franquia de jogos Resident Evil. Fora a responsabilidade de lidar com vários fãs consevadores, ainda existia o empecilho do orçamento controlado e reduzido. Anderson então aproveitou os recursos disponíveis e realizou uma experiência curiosa, mesclando os elementos do jogo original com a façanha de desenvolver uma ficção de horror ágil e interessante, que ainda apresenta um dos finais mais intrigantes para seu ano de produção.
Anos depois ele teve a infelicidade de realizar duas péssimas sequências, recheadas de ação contínua e apelo visual, sem falar na omissão desnecessária de personagens centrais à trama do 2° para o 3° filme.
E para completar, ele nos traz agora um 4° filme potencializado em todos os exageros anteriores, com um roteiro chato e sem ritmo, mas com a diferença que agora é em 3D. Nem mesmo a atuação ja conhecida de Wentworth Miller pode salvar a construção narrativa que falha de forma grotesca ao tentar criar um cenário pós-apocalíptico futurista.
É difícil prever a que ponto Paul pretende chegar, já que deixou uma ponta solta no último filme, mas de tudo o que ja foi realizado até agora é provável que possamos esperar por mais uma ofensa à inteligência do espectador.
Nenhuma outra produção recente teve coragem o suficente para incorporar de forma adequada e intensa esse dito popular, com exceção de Estômago.
E é adotando essa forma despojada e simples que, mesmo com um elenco pouco conhecido, Marcos Jorge transforma um roteiro deveras estranho em algo surpreendente e impactante. E naturalmente não é um tipo de filme que seria exibido em um horário nobre, justamente por manter essa proposta de análise intimista sobre o interior humano abordando a comida como item presente em exatamente todas as relações por que passa um indivíduo em seu cotidiano, mas todas mesmo. Além de tudo é possível ter uma idéia mais próxima sobre as condições do sistema carcerário brasileiro, e como funciona a hierarquia dos internos.
E para tanto, a produção conta com um elenco pouco conhecido mas bastante expressivo e adequado. O protagonista Nonato caracteriza uma figura extremamente carismática e ingênua, sendo difícil o espectador desvendar o motivo de sua prisão justamente por despertar uma simpatia pelo personagem. A trilha sonora é estranhamente divertida, e não necessita de alternância nem mesmo nas cenas mais fortes.
A sequência final é um verdadeiro soco na cara (em um bom sentido), e o desenvolvimento do enredo traz uma sensação de satisfação ao menos em boa parte do público. É só uma pena termos mais um filme nacional bom que não alcança uma devida divulgação e se perde no meio de produções ruins que absorvem toda a bilheteria.
Após toda a campanha viral que aconteceu em 1999 para promover o filme A Bruxa de Blair, que por sinal deu um show em bilheteria, muitas produções o tomaram como base para construir narrativas através de um único plano de filmagem.
Seguindo essa idéia, Atividade Paranormal é um filme que adota um falso caráter documental mas que insere imagens pertubadoras e que chegam a beirar a realidade(algumas cenas fogem ao caso). E esse feito é alcançado justamente por seguir um padrão progressivo de desenvolvimento, sem precisar pular as etapas da criação da atmosfera ou apelar visualmente. E por isso muita gente para na metade com uma sensação de impaciência ou desapontamento.
Contudo, existem ainda algumas pontas mal aproveitadas e que deixam uma sensação de carência no roteiro, como o caso dos personagens terem demorado anos para tomar alguma medida em relação ao que estava acontecendo. Embora isso não distraia do objetivo final do filme.
E outro ponto positivo é a escolha do elenco amador, talvez o único que combina com esse tipo de produção. O casal de protagonistas consegue transmitir com sucesso o medo e aflição que sentem ao se encontrar na situação proposta.
Infelizmente, para quem chegou até o fim, o clímax alcançado não condiz com o final que é pouco convencional(lê-se broxante) e insiste em copiar o estilo do filme mencionado no início da análise, mas vale pela experiência dos 99 minutos de duração. E quem não se sentiu um pouco incomodado na primeira noite de sono, que atire a primeira pedra.
"Eu não me importo com ninguém, só espero que eles não pensem que o cheiro do ralo é meu".
Lourenço foi um dos personagens mais complexos e instigantes ja representados no cinema brasileiro e somente Selton Mello teria capacidade o suficiente para dar vida ao personagem.
O filme tem um visual sujo, pesado e pouco convencional para um público que hoje exige um humor descerebrado e nonsense. E é só mais um motivo da produção ser tão especial e abordar essa proposta de auto-reflexão. Assim, Lourenço nos apresenta a seu estilo de vida limitado e medíocre que, julgando ele, consiste em manipular por meio da sua "profissão" toda e qualquer pessoa que tenta vender seus pertences usados para conseguir algum dinheiro.
E o mais interessante e divertido é o jogo de construção narrativa que o filme impõe ao espectador, ao tentar montar o quebra-cabeça e descobrir em que momento o personagem perde o "controle" da sua vida e de seu trabalho, sendo manipulado pelos objetos e pessoas que julgava controlar. Ponto também para a trilha sonora descontraída e eficaz, seguinto o ritmo da narração.
E claro, não poderia deixar de comentar sobre A BUNDA da atriz Paula Braun, que proporcionou uma das cenas(talvez a única) mais bonitas do filme e que foi estrategicamente guardada até o momento chave, que fecha o ciclo obsessivo.
O Cheiro do Ralo é só mais um exemplo de que o cinema brasileiro não está morto, e devemos ter orgulho de produções assim.
Foram exatos 15 anos para poder assistir Seven. E sem dúvida nenhuma valeu a espera.
Ao início da narrativa o diretor David Fincher(Clube da Luta) não perde tempo e nos apresenta ao pecado capital mais chocante e perturbador, e que de certa forma foi o mais bem detalhado. E ainda é interessante notar que a produção descarta a necessidade de apelar para o típico close nas demais "artes" do serial killer, o que hoje é extremamente explorado por vários filmes do gênero, caracterizando o clichê base do século 21.
O roteiro mantém uma alternância precisa, ora aproveitando um ritmo dinâmico e frenético, ora inserindo subtramas mais lentas que acabam por ter sua devida importância no desfecho. Mas é com esse artifício que o filme consegue prenter a atenção e surpreender a cada minuto, seja com os bons diálogos ou simplesmente a atuação de Morgan Freeman, Brad Pitt e claro, o sempre brilhante Kevin Spacey.
Sim, pouco antes do fim da produção ja é possível prever os próximos acontecimentos, mas mesmo assim Seven é um marco do gênero suspense/serial que originou tantas outras produções, e que ainda não cometeu o mesmo erro de uma certa franquia caça-níqueis que já esta na 7° continuação.
Atualmente só o fato de fazer filmes sobre acontecimentos ficcionais na 2° Guerra virou algo cult. Chega a ser até bastante cansativo.
Mas o que falar dessa produção em especial, em meio a tantas outras do gênero? Primeiramente é curioso notar que um filme baseado em um livro tenha apenas 90 minutos de duração. Mas isso não é algo que aponte falta de conteúdo ou material. Pelo contrário. Existem filmes que conseguem nivelar perfeitamente essa questão, e justamente O Menino do Pijama Listrado alcança esse êxito.
O filme aborda primordialmente a inocência de uma criança, e como esta pode ser modelada negativamente em mãos erradas. E o eixo narrativo tem apoio justamente no relacionamento fraternal entre os meninos, ambos em situações extremamente opostas, mas ao mesmo tempo demonstrando desconhecimento profundo de tudo o que está acontecendo. E claro, não desmerecendo o elenco de apoio, que faz um trabalho bastante considerável, como se pode observar com o judel Pavel, demonstrando sensação de medo e insegurança constante.
Temos um final ousado para os padrões atuais, mas é justamente isso que gera todo o impacto no espectador(sim, em todos), para que repasse uma sensação de dor, tanto física quanto mental. Mesmo sendo fictícia, não deixa de apontar toda a humilhação e brutalidade que milhões de judeus sofreram.
Tarantino sem dúvida virou o ícone de maior prestígio no cenário cult/alternativo do cinema internacional, sendo capaz de agradar a grande maioria, mesmo que muitos assistam seus filmes somente pela violência em excesso(a qual outros não atribuem propósito algum).
E é com Bastardos Inglórios, seu sucesso mais recente, que Quentin mais uma vez prova sua eficácia tanto na direção quanto no roteiro, surpreendendo logo nos primeiros minutos com a aparição de seu maior trunfo e revelação, o corenel Hans Landa, brilhantemente representado por Christoph Waltz.
Assim atravessamos 153 minutos de diálogos memoráveis, bela fotografia(bem destacada nas cenas da floresta e dos campos), bastante humor negro e muita carnificina(o que é obrigatório em um filme de Tarantino). Brad Pitt faz sua parte. Com um sotaque típico do Tennessee interpreta um tenente sem piedade e que proporciona um dos momentos mais engraçados da produção.
Ainda sim, houveram momentos pouco aproveitados ou mal construídos, como é o caso da primeira aparição do Urso Judeu, que foi um tanto prolongada demais no intuito de aumentar o suspense, o que posteriormente fora compensado. E claro, alguém mais notou a aparição relâmpago e desnecessária do Mike Myers?
Mas esses pequenos detalhes não tiram o mérito do excelente desenvolvimento da narrativa, evidenciados desde a reunião no bar até o momento do capítulo "A vingança do Rosto Gigante".
O filme é um acerto genial, ou como diria o próprio Hans Landa "That's a bingo!".
Um garotinho em um longo corredor. Gêmeas em posição estática. Um psicopata e seu machado. Uma frase: Aqui está o Johnny!
Um filme que até hoje inspira paródias em seriados e clipes musicais. Elevou mais ainda o status de Jack Nicholson como um mega ator, que crescia desde "Um Estranho no Ninho", e que acaba por fazer um trabalho fenomenal com esse filme.
No entanto, julgando pela qualidade dos filmes de Kubrick, é um tanto curioso ter alguns erros de gravação logo no primeiro minuto de produção(especificamente 01:09s), com a tomada aérea. Mas levando em consideração que o mesmo joga propositalmente algumas falhas, como acontece em Laranja Mecânica, é de se esperar que ele tenha feito o mesmo com esse.
Mesmo com todas as qualidades e a boa condução do roteiro, sempre achei meio estranha a proposta da versão original, mas enfim, os diálogos compensam todo o resto.
Sem dúvida o melhor trabalho de Josh Hartnett acompanhado de um elenco espetacular. Desde os primeiros minutos da produção, o diretor estabelece um jogo interessante com o espectador, instigando a analisar e montar cada peça de um quebra-cabeça complexo e violento. Sem falar em uns estereótipos básicos(cujo propósito eu não entendi).
Falando em violência, Paul McGuigan não poupa esforços na montagem das cenas de ação que tem um apoio especial nos diversos ângulos alcançados pela câmera, o que ajuda mais ainda a ocultar os segredos do filme, que tem um dos desfechos mais intrigantes em relação ao seu ano de produção.
Mais impagável ainda é o diálogo final entre Morgan Freeman e Ben Kingsley. E claro, a música dos créditos é um soco na sua mente.
O filme já me chamou a atenção primeiramente pelo fato de ter o mesmo diretor de Trainspotting, mas não apenas por isso.
A trama é bem conduzida e desenvolvida, e não chega a apelar para os clichês hollywoodianos e típicos filmes de infectados, que geralmente apresentam os mesmos desfechos(com exceção rara de Madrugada dos Mortos).
O fato da ausência da trilha sonora em algumas cenas só aumenta mais o seu impacto, assim como o jogo rápido de câmeras, mas ainda sim a trilha forte adequada-se em momentos certos(quando usada). Quanto aos personagens, o filme tem um equilíbrio exato entre boas atuações de Cillian Murphy e Naomi Harris, e não nota-se a presença de personagens unidimensionais(o que é bem comum em filmes do gênero). O tom pós-apocalíptico que deram a Londres ficou bem convincente.
O filme não perde o foco e segue como uma boa indicação. Infelizmente não posso dizer o mesmo sobre a sequência.
É no mínimo surreal saber que o filme Fargo foi baseado em fatos reais.
O longa ganha ponto tanto pela fotografia bem planejada como também pela originalidade dos diálogos, que de certa forma aborda com frieza a natureza do homem diante de certos acontecimentos, proporcionando um ensaio sobre a condição humana. O humor negro é bem explorado também ao longo da produção, sendo alternado sabiamente com momentos mais densos.
E é até interessante notar a forma como os irmãos Coen gostam de finalizar seus filmes, o que lembra o trabalho mais recente 'Onde os Fracos não tem Vez'. Fargo sem dúvidas é uma produção bem caprichada.
Os Penetras
2.6 1,1KExistem vários subgêneros da comédia e o Brasil é carente na produção de boa parte deles, até mesmo naqueles tipos totalmente descompromissados como o que propõe "Os Penetras".
A priori, o maior chamativo do filme é o fato de ter no elenco principal dois dos melhores humoristas nacionais da atualidade. Mas nem o histórico carismático de Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch conseguem omitir as falhas gritantes de enredo que o filme apresenta. Claro, aí vem o contra-argumento "pára, não é um filme pra ser levado a sério". Ok, mas até mesmo nessa proposta o filme se mostra ineficaz, por mais que Eduardo se utilize cansativamente de suas interpretações ja muito exploradas nos seus antigos personagens da tv, César Polvilho e Freddie Mercury Prateado.
Antecedido pelo péssimo filme "As Aventuras de Agamenon", também desse ano, "Os Penetras" só comprova que o Brasil ainda mostra que vem perdendo potencial criativo para produção de filmes de conteúdo humorístico, e que se mostra difícil de resgatar aquele bom humor que prevalecia ainda no início da década passada com "O Auto da Compadecida".
Guerreiro
4.0 919 Assista AgoraMesmo tendo sido o ato final bastante previsível, temos aqui um bom trabalho de narrativa que supera as barreiras que de certa forma são constantes em filmes do gênero.
Fora que ainda é perceptível a atuação bastante convincente dos dois protagonistas, mescladas a ótimas coreografias de combate.
A produção é um prato cheio para fãs de MMA, e também para quem tem um tato mais exigente no que diz respeito ao desenvolvimento da trama.
B13: 13º Distrito
3.6 322 Assista AgoraUma narrativa simples e convincente alidada a cenas de ação frenéticas ambientado em uma França nem tão romantizada como de praxe.
Fórmula que aqui alcança um resultado bastante satisfatório, sobretudo por trazer a modalidade esportiva do le parkour (ja semi-explorada em Ong-Bak) mesclada em meio aos tiroteios e lutas. Para isso a participação de David Belle fora fundamental.
Tirando o discurso politizado de bom moço do personagem de Raffaelli no ultimo ato, o longa trabalha incessantemente em fixar a atenção do público com diálogos rápidos, sem deixar muito tempo para se questionar qualquer lacuna sobressalente no roteiro.
Deus Abençoe a América
4.0 798Premissa chamativa, mas desenvolvimento extremamente falho e descartável.
O Ditador
3.2 1,8K Assista AgoraSó o Sacha Baron Cohen fazendo (ou tentando fazer) outro personagem com bagagem acumulada dos seus demais personagens, seja Ali G ou Borat (até então o melhor).
Não merecia toda a publicidade que teve na pós-produção, através disso fica mais fácil uma possível decepção da maioria dos espectadores por gerar expectativa desnecessária.
[REC]³ Gênesis
2.2 1,5K Assista AgoraUma brincadeira de muito mau gosto para aqueles que acompanhavam a franquia e esperavam algo um pouco mais maduro e esclarecedor que o segundo longa.
Aparentemente toda a péssima projeção fora proposital, porque não da pra entender de outro jeito, ja que é o mesmo diretor do anteriores.
Sombras da Noite
3.1 4,0K Assista AgoraAo final da sessão, o que mais ficou claro foi que Tim Burton fez o possível (e também o impossível) para dirigir o pior filme do ano. É incrível como tudo contribui para tornar o filme totalmente sem propósito, destituído de qualquer motivação.
E o pior é que ele vem decaindo desde Alice no País das Maravilhas. Arrisco a dizer que vai acabar se tornando um novo Shyamalan, só que com mais sucessos.
Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros
3.9 1,7K Assista AgoraUm raro caso em que a produção cinematográfica chega a ser superior ao próprio livro que deu orgiem a franquia.
Acredito piamente que o autor do livro (Michael Crichton), aqui como roteirista, achou uma nova chance de redimir algumas falhas gritantes do narrativa do mesmo, cedendo o espaço de que Spielberg necessitava para dar início ao processo criativo propondo um trabalho minucioso, juntando um enredo envolvente, personagens marcantes e uma tecnologia em efeitos especiais que lhe rendeu merecidamente o oscar.
Boa parte de minha infância esta contida nesse filme e tenho orgulho disso.
Dragão: A História de Bruce Lee
3.6 119 Assista AgoraNão conhceço a história da vida de Bruce Lee por completo, talvez até bem menos do que ja fora registrado em livros ou documentários, mas mesmo mantendo um enredo mais fantasioso e ficcional do que real, considero uma boa mesclagem do mito com o homem que levou sua arte da luta ao mundo cinematográfico. E Jason Scott Lee confere forte verossimilhança ao personagem.
50%
3.9 2,2K Assista AgoraO filme é rico em todos os aspectos possíveis e ganha pontos extras pela originalidade em tratar o tema, pondo o protagonista boa parte do tempo em uma linha uniforme de aceitação de sua condição, tornando-o extremamente carismático.
Creio que Joseph Gordon-Levitt ja virou uma espécie de ator aclamado após 500 Dias Com Ela, e aqui ele não fica muito atrás. Deve-se considerar também o ótimo elenco de apoio, que estabelece um belo equilíbrio (raro) entre a comédia e o drama. Seth Rogen sempre convence de forma satisfatória por estar sendo Seth Rogen, e Anna Kendrick consegue ótimos momentos sem muito esforço.
Embalado por um trilha espetacular (High and Dry do Radiohead foi o ápice do filme, para mim), "50%" mostra claramente os dois lados da moeda, sem precisar usufruir exageradamente do apelo emocional, e é importante considerar sua essência servindo sobretudo de filme-motivação.
A luta deve continuar, sempre!
Besouro
3.1 551Durante a década passada o cinema nacional mostrou retorno e competência, mas faltava alguém apostar suas fichas em uma produção em que os efeitos especiais fossem o plano de fundo.
Besouro parte de uma premissa bastante empolgante, na verdade, pois mergulha de cabeça na cultura do Camdoblé e traz através da ajuda do mesmo coreógrafo de O Tigre e o Dragão um cenário real com uma pitada dos velhos efeitos especiais hollywoodianos. Contudo, a compilação das melhores cenas, apresentadas ainda no trailer, transmitia a falsa sensação de que seria um trabalho pelo qual valeria a pena esperar.
Ao economizar no elenco principal, a produção não convenceu nos fracos diálogos proporcionados pelo amadorismo dos atores, tendo porém destaque a atriz Jéssica Barbosa, tanto pela beleza quanto pela força que imprime em sua personagem. E como se não bastasse a tentava ja bem explorada de alcançar a qualidade técnica do filme de Ang Lee, temos o resgate inevitável dos maiores clichês em filmes do gênero, como os desentendimentos do triângulo amoroso e as consequências apresentadas posteriormente. Algo que deveria ter sido facilmente evitado. Mas ponto para a montagem e o cenário pós-colonial onde se desenvolve a trama.
Há uma tentativa no filme de mistificar o personagem Besouro, que realmente existiu, transmitindo a idéia de sua representatividade para a força e vigor da raça, e isso é inspirador, mas o resultado é mediano, embora seja uma produção que possa originar mais filmes nacionais do gênero futuramente. Aguardemos por isso.
Clube da Luta
4.5 4,9K Assista AgoraTyler disse: "Você é a merda ambulante do mundo."
O verdadeiro desafio de escrever sobre O Clube da Luta é fazê-lo sem ao menos citar um spoiler. Não consegui.
Normalmente essa produção torna-se atraente ao público logo pelo título. Mas é ao longo do desenvolvimento de seu arco dramático que é possível notar o impacto indescritível de suas idéias, que acaba por torná-lo um dos filmes mais ambiciosos da década de 90.
Tudo funciona em perfeita harmonia quanto à trilha, o roteiro, direção e as atuações(incluindo a ótima Helena Bonham Carter). E essas idéias expostas no longa transitam com facilidade para mente do espectador e cada passagem do filme traz uma crítica nova sobre esse sistema complexo e ao mesmo tempo limitado que chamamos de sociedade. Então o Clube da Luta propriamente dito é apenas a engrenagem que dá início ao funcionamento de algo infinitamente maior.
Contudo, é importante considerar que essa obra embora bastante competente ainda não consegue convencer absolutamente na lógica da divisão das cenas entre os personagens de Pitt e Norton, tendo alguns momentos sido inseridos de forma forçada, mas sem que isso tire o mérito do bom trabalho dos roteiristas. Ainda sim é brilhante a forma como o roteiro é conduzido pela direção, desde a omissão do nome real do personagem de Norton até as frações de segundo em que percebemos a formação de Tyler (nos primeiros 30 minutos de filme, basta olhar com atenção).
Mas o mais intrigante de tudo é que nada dos eventos que são mostrados no filme podem ser interpretados como algo impossível ou inacreditável. E sim, no final das contas Tyler Durden é somente um reflexo que cada um gostaria de enxergar no espelho, mas não temos coragem o suficiente para deixá-lo sair.
Crash: No Limite
3.9 1,2KQue elo é esse que nos conecta, tão forte e enigmático que ao longo de 36 horas pode definir o destino de muitos?
Crash é isso: Impacto, dor e realidade. Sem dúvidas é a produção mais completa ja realizada com a temática racial nos Estados Unidos, inspirando posteriormente filmes como Babel (embora eu não tenha visto ainda "Faça a Coisa Certa" do Spike Lee).
No filme não existe um protagonista de destaque, mas vários, cuidadosamente explorados em uma das melhores montagens de subtramas ja construídas, que acaba por atingir um clímax fantástico.
Paul Haggis foi de uma competência única ao conseguir idealizar cenas extremamente densas, como no momento em que põe em um inevitável encontro dois personagens que se odeiam sem ao menos se conhecer. Há quem o considere apelativo por algumas partes do filme, mas é inegável o impacto emocional gerado pela cena do chaveiro e sua filha.
O filme promove um ataque direto às relações sociais e a hipocrisia que está aí, forçando o espectador a se perguntar até que ponto ele se conhece, e promove também a dualidade em relação a decadência e a importância da instituição familiar atual.
Encerrado brilhantemente com a música Maybe Tomorrow, Crash é o tipo de filme que deveria ser obrigatório a todos, especialmente a quem acha que conhece o nosso tempo, onde nunca fomos tão frágeis e sozinhos.
Resident Evil 4: Recomeço
3.1 1,9K Assista AgoraPor volta de 9 anos atrás Paul W. S. Anderson resolveu roteirizar e dirigir uma adaptação da franquia de jogos Resident Evil. Fora a responsabilidade de lidar com vários fãs consevadores, ainda existia o empecilho do orçamento controlado e reduzido. Anderson então aproveitou os recursos disponíveis e realizou uma experiência curiosa, mesclando os elementos do jogo original com a façanha de desenvolver uma ficção de horror ágil e interessante, que ainda apresenta um dos finais mais intrigantes para seu ano de produção.
Anos depois ele teve a infelicidade de realizar duas péssimas sequências, recheadas de ação contínua e apelo visual, sem falar na omissão desnecessária de personagens centrais à trama do 2° para o 3° filme.
E para completar, ele nos traz agora um 4° filme potencializado em todos os exageros anteriores, com um roteiro chato e sem ritmo, mas com a diferença que agora é em 3D. Nem mesmo a atuação ja conhecida de Wentworth Miller pode salvar a construção narrativa que falha de forma grotesca ao tentar criar um cenário pós-apocalíptico futurista.
É difícil prever a que ponto Paul pretende chegar, já que deixou uma ponta solta no último filme, mas de tudo o que ja foi realizado até agora é provável que possamos esperar por mais uma ofensa à inteligência do espectador.
Estômago
4.2 1,6K Assista AgoraSabe aquele ditado "você é aquilo que você come"?
Nenhuma outra produção recente teve coragem o suficente para incorporar de forma adequada e intensa esse dito popular, com exceção de Estômago.
E é adotando essa forma despojada e simples que, mesmo com um elenco pouco conhecido, Marcos Jorge transforma um roteiro deveras estranho em algo surpreendente e impactante. E naturalmente não é um tipo de filme que seria exibido em um horário nobre, justamente por manter essa proposta de análise intimista sobre o interior humano abordando a comida como item presente em exatamente todas as relações por que passa um indivíduo em seu cotidiano, mas todas mesmo. Além de tudo é possível ter uma idéia mais próxima sobre as condições do sistema carcerário brasileiro, e como funciona a hierarquia dos internos.
E para tanto, a produção conta com um elenco pouco conhecido mas bastante expressivo e adequado. O protagonista Nonato caracteriza uma figura extremamente carismática e ingênua, sendo difícil o espectador desvendar o motivo de sua prisão justamente por despertar uma simpatia pelo personagem. A trilha sonora é estranhamente divertida, e não necessita de alternância nem mesmo nas cenas mais fortes.
A sequência final é um verdadeiro soco na cara (em um bom sentido), e o desenvolvimento do enredo traz uma sensação de satisfação ao menos em boa parte do público. É só uma pena termos mais um filme nacional bom que não alcança uma devida divulgação e se perde no meio de produções ruins que absorvem toda a bilheteria.
Atividade Paranormal
2.9 2,7K Assista AgoraApós toda a campanha viral que aconteceu em 1999 para promover o filme A Bruxa de Blair, que por sinal deu um show em bilheteria, muitas produções o tomaram como base para construir narrativas através de um único plano de filmagem.
Seguindo essa idéia, Atividade Paranormal é um filme que adota um falso caráter documental mas que insere imagens pertubadoras e que chegam a beirar a realidade(algumas cenas fogem ao caso). E esse feito é alcançado justamente por seguir um padrão progressivo de desenvolvimento, sem precisar pular as etapas da criação da atmosfera ou apelar visualmente. E por isso muita gente para na metade com uma sensação de impaciência ou desapontamento.
Contudo, existem ainda algumas pontas mal aproveitadas e que deixam uma sensação de carência no roteiro, como o caso dos personagens terem demorado anos para tomar alguma medida em relação ao que estava acontecendo. Embora isso não distraia do objetivo final do filme.
E outro ponto positivo é a escolha do elenco amador, talvez o único que combina com esse tipo de produção. O casal de protagonistas consegue transmitir com sucesso o medo e aflição que sentem ao se encontrar na situação proposta.
Infelizmente, para quem chegou até o fim, o clímax alcançado não condiz com o final que é pouco convencional(lê-se broxante) e insiste em copiar o estilo do filme mencionado no início da análise, mas vale pela experiência dos 99 minutos de duração. E quem não se sentiu um pouco incomodado na primeira noite de sono, que atire a primeira pedra.
O Cheiro do Ralo
3.7 1,1K Assista Agora"Eu não me importo com ninguém, só espero que eles não pensem que o cheiro do ralo é meu".
Lourenço foi um dos personagens mais complexos e instigantes ja representados no cinema brasileiro e somente Selton Mello teria capacidade o suficiente para dar vida ao personagem.
O filme tem um visual sujo, pesado e pouco convencional para um público que hoje exige um humor descerebrado e nonsense. E é só mais um motivo da produção ser tão especial e abordar essa proposta de auto-reflexão. Assim, Lourenço nos apresenta a seu estilo de vida limitado e medíocre que, julgando ele, consiste em manipular por meio da sua "profissão" toda e qualquer pessoa que tenta vender seus pertences usados para conseguir algum dinheiro.
E o mais interessante e divertido é o jogo de construção narrativa que o filme impõe ao espectador, ao tentar montar o quebra-cabeça e descobrir em que momento o personagem perde o "controle" da sua vida e de seu trabalho, sendo manipulado pelos objetos e pessoas que julgava controlar. Ponto também para a trilha sonora descontraída e eficaz, seguinto o ritmo da narração.
E claro, não poderia deixar de comentar sobre A BUNDA da atriz Paula Braun, que proporcionou uma das cenas(talvez a única) mais bonitas do filme e que foi estrategicamente guardada até o momento chave, que fecha o ciclo obsessivo.
O Cheiro do Ralo é só mais um exemplo de que o cinema brasileiro não está morto, e devemos ter orgulho de produções assim.
Seven: Os Sete Crimes Capitais
4.3 2,7K Assista AgoraForam exatos 15 anos para poder assistir Seven. E sem dúvida nenhuma valeu a espera.
Ao início da narrativa o diretor David Fincher(Clube da Luta) não perde tempo e nos apresenta ao pecado capital mais chocante e perturbador, e que de certa forma foi o mais bem detalhado. E ainda é interessante notar que a produção descarta a necessidade de apelar para o típico close nas demais "artes" do serial killer, o que hoje é extremamente explorado por vários filmes do gênero, caracterizando o clichê base do século 21.
O roteiro mantém uma alternância precisa, ora aproveitando um ritmo dinâmico e frenético, ora inserindo subtramas mais lentas que acabam por ter sua devida importância no desfecho. Mas é com esse artifício que o filme consegue prenter a atenção e surpreender a cada minuto, seja com os bons diálogos ou simplesmente a atuação de Morgan Freeman, Brad Pitt e claro, o sempre brilhante Kevin Spacey.
Sim, pouco antes do fim da produção ja é possível prever os próximos acontecimentos, mas mesmo assim Seven é um marco do gênero suspense/serial que originou tantas outras produções, e que ainda não cometeu o mesmo erro de uma certa franquia caça-níqueis que já esta na 7° continuação.
O Menino do Pijama Listrado
4.2 3,7K Assista AgoraLindo e assustador, ao mesmo tempo.
Atualmente só o fato de fazer filmes sobre acontecimentos ficcionais na 2° Guerra virou algo cult. Chega a ser até bastante cansativo.
Mas o que falar dessa produção em especial, em meio a tantas outras do gênero? Primeiramente é curioso notar que um filme baseado em um livro tenha apenas 90 minutos de duração. Mas isso não é algo que aponte falta de conteúdo ou material. Pelo contrário. Existem filmes que conseguem nivelar perfeitamente essa questão, e justamente O Menino do Pijama Listrado alcança esse êxito.
O filme aborda primordialmente a inocência de uma criança, e como esta pode ser modelada negativamente em mãos erradas. E o eixo narrativo tem apoio justamente no relacionamento fraternal entre os meninos, ambos em situações extremamente opostas, mas ao mesmo tempo demonstrando desconhecimento profundo de tudo o que está acontecendo. E claro, não desmerecendo o elenco de apoio, que faz um trabalho bastante considerável, como se pode observar com o judel Pavel, demonstrando sensação de medo e insegurança constante.
Temos um final ousado para os padrões atuais, mas é justamente isso que gera todo o impacto no espectador(sim, em todos), para que repasse uma sensação de dor, tanto física quanto mental. Mesmo sendo fictícia, não deixa de apontar toda a humilhação e brutalidade que milhões de judeus sofreram.
Bastardos Inglórios
4.4 4,9K Assista AgoraTarantino sem dúvida virou o ícone de maior prestígio no cenário cult/alternativo do cinema internacional, sendo capaz de agradar a grande maioria, mesmo que muitos assistam seus filmes somente pela violência em excesso(a qual outros não atribuem propósito algum).
E é com Bastardos Inglórios, seu sucesso mais recente, que Quentin mais uma vez prova sua eficácia tanto na direção quanto no roteiro, surpreendendo logo nos primeiros minutos com a aparição de seu maior trunfo e revelação, o corenel Hans Landa, brilhantemente representado por Christoph Waltz.
Assim atravessamos 153 minutos de diálogos memoráveis, bela fotografia(bem destacada nas cenas da floresta e dos campos), bastante humor negro e muita carnificina(o que é obrigatório em um filme de Tarantino). Brad Pitt faz sua parte. Com um sotaque típico do Tennessee interpreta um tenente sem piedade e que proporciona um dos momentos mais engraçados da produção.
Ainda sim, houveram momentos pouco aproveitados ou mal construídos, como é o caso da primeira aparição do Urso Judeu, que foi um tanto prolongada demais no intuito de aumentar o suspense, o que posteriormente fora compensado. E claro, alguém mais notou a aparição relâmpago e desnecessária do Mike Myers?
Mas esses pequenos detalhes não tiram o mérito do excelente desenvolvimento da narrativa, evidenciados desde a reunião no bar até o momento do capítulo "A vingança do Rosto Gigante".
O filme é um acerto genial, ou como diria o próprio Hans Landa "That's a bingo!".
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraUm garotinho em um longo corredor. Gêmeas em posição estática. Um psicopata e seu machado. Uma frase: Aqui está o Johnny!
Um filme que até hoje inspira paródias em seriados e clipes musicais. Elevou mais ainda o status de Jack Nicholson como um mega ator, que crescia desde "Um Estranho no Ninho", e que acaba por fazer um trabalho fenomenal com esse filme.
No entanto, julgando pela qualidade dos filmes de Kubrick, é um tanto curioso ter alguns erros de gravação logo no primeiro minuto de produção(especificamente 01:09s), com a tomada aérea. Mas levando em consideração que o mesmo joga propositalmente algumas falhas, como acontece em Laranja Mecânica, é de se esperar que ele tenha feito o mesmo com esse.
Mesmo com todas as qualidades e a boa condução do roteiro, sempre achei meio estranha a proposta da versão original, mas enfim, os diálogos compensam todo o resto.
Filme muito bom!
Xeque-Mate
3.9 510 Assista AgoraDesenvolvimento genial.
Sem dúvida o melhor trabalho de Josh Hartnett acompanhado de um elenco espetacular. Desde os primeiros minutos da produção, o diretor estabelece um jogo interessante com o espectador, instigando a analisar e montar cada peça de um quebra-cabeça complexo e violento. Sem falar em uns estereótipos básicos(cujo propósito eu não entendi).
Falando em violência, Paul McGuigan não poupa esforços na montagem das cenas de ação que tem um apoio especial nos diversos ângulos alcançados pela câmera, o que ajuda mais ainda a ocultar os segredos do filme, que tem um dos desfechos mais intrigantes em relação ao seu ano de produção.
Mais impagável ainda é o diálogo final entre Morgan Freeman e Ben Kingsley. E claro, a música dos créditos é um soco na sua mente.
Extermínio
3.7 947O filme já me chamou a atenção primeiramente pelo fato de ter o mesmo diretor de Trainspotting, mas não apenas por isso.
A trama é bem conduzida e desenvolvida, e não chega a apelar para os clichês hollywoodianos e típicos filmes de infectados, que geralmente apresentam os mesmos desfechos(com exceção rara de Madrugada dos Mortos).
O fato da ausência da trilha sonora em algumas cenas só aumenta mais o seu impacto, assim como o jogo rápido de câmeras, mas ainda sim a trilha forte adequada-se em momentos certos(quando usada). Quanto aos personagens, o filme tem um equilíbrio exato entre boas atuações de Cillian Murphy e Naomi Harris, e não nota-se a presença de personagens unidimensionais(o que é bem comum em filmes do gênero). O tom pós-apocalíptico que deram a Londres ficou bem convincente.
O filme não perde o foco e segue como uma boa indicação. Infelizmente não posso dizer o mesmo sobre a sequência.
Fargo: Uma Comédia de Erros
3.9 921 Assista AgoraÉ no mínimo surreal saber que o filme Fargo foi baseado em fatos reais.
O longa ganha ponto tanto pela fotografia bem planejada como também pela originalidade dos diálogos, que de certa forma aborda com frieza a natureza do homem diante de certos acontecimentos, proporcionando um ensaio sobre a condição humana. O humor negro é bem explorado também ao longo da produção, sendo alternado sabiamente com momentos mais densos.
E é até interessante notar a forma como os irmãos Coen gostam de finalizar seus filmes, o que lembra o trabalho mais recente 'Onde os Fracos não tem Vez'. Fargo sem dúvidas é uma produção bem caprichada.