Essa temporada deve ter sido desafiadora para os criadores já que tem a missão de manter a qualidade da série depois de grandes mudanças. E eles conseguiram em sua maior parte.
Claro que Steve Carrel faz falta, mas temos tantos personagens aqui que não é tão difícil assim criar boas tramas envolvendo-os. Infelizmente a série não quis investir tanto assim neles e preferiu focar mais em Andy, como um Michael 2. Isso me incomoda um pouco, pq nunca entendi mto bem esse personagem. Andy jamais teve uma personalidade bem definida, ele meio que assume o papel que a série necessite. Enfim, eu acharia melhor que algum personagem novo assumisse a direção, alguém que não tentasse ser um novo Michael, nem que fosse o Robert California, que é ótimo mas aparece muito pouco. Soube que eles consideraram a Catherine Tate mas ela não pôde devido a compromissos no teatro, Maldito Shakespeare. A entrada de sua personagem representa pra mim o ponto alto da temporada. Ela é deliciosamente incrível e é aí que percebemos a mancada de terem colocado o Andy como chefe: durante aquele arco em que ela assume a direção e não quer devolvê-la, nós deveríamos estar torcendo pro Andy, Talvez estivéssemos torcendo se fosse o Michael. Mas eu sofria e sofria, pois não queria que ele assumisse novamente e sabia que inevitavelmente isso iria acontecer.
No geral o saldo foi positivo, embora o brilho se concentre nos eps finais e tudo graças a alguns personagens que salvaram o dia.
Depois de uma segunda temporada meio lenta e estranha em seu começo (começando a pegar fogo no final) TWD voltou com tudo. Os episódios antes do hiatus foram excelentes, eletrizantes, novos conceitos e personagens muito bons adicionados a melhores storylines para os antigos membros do elenco. Infelizmente depois do hiatus a série ficou meio enrolada. Alguns episódios muito bons e outros bem chatinhos e desnecessários. O final foi interessante mas muito contido. Pareceu mais um episódio qualquer, não foi grandioso e explosivo como os anteriores (incluindo o último antes do hiatus). Altos e baixos caracterizaram a temporada mas a série continua forte. Eu só queria que zumbis não se vestissem apenas de cinza.
Depois do quarto ano considerado "Morno", Grey's entrega um quinto mais completo emocionalmente. Tem humor, tem situações bizarras, tem tragédia, romance, muito drama e lágrimas eternas. Finalmente Meredith e Derek saem do vai-e-vem sacal que tomou conta da temporada passada e parecem se entender. Meredith maluquinha e dark é maneira, mas ela evoluiu na quarta temporada, ela chegou a conclusões e é realista que ela agora apareça mais madura em certas questões - ainda que pra um roteirista seja tentador apenas sacrificar o desenvolvimento em prol de mais drama. Finalmente um novo interesse pra Cris. Chega de luto pelo Burke. Pra uma personagem desse calibre tem que rolar um cara de personalidade forte com uma história impactante, alguém tão quebrado quanto ou até mais. O carinha novo é um desafio pra mim, às vezes eu curto e às vezes não, mas definitivamente é um acréscimo realmente forte ao elenco e sinto que grandes coisas vêm por aí.
Infelizmente, apesar de gostar da temporada como um todo, ela traz pra mim a pior storyline ja contada na série até então. A coisa toda do Denny, essa vibe Dona Flor e seus Dois Maridos foi jogada, mal desenvolvida e se arrastou tempo demais. Izzie se redime depois, todo o arco final da personagem é interessante e o casamento com o Karev realmente me emocionou. Eu só queria que a parte do Denny voltando nas alunicações não tivesse acontecido. Veja bem, você tem uma grande personagem, a Izzie e ela logo no começo ganha um grande momento, seu arco com o Denny. Infelizmente, Izzie jamais ganha outro momento forte que não seja relacionado com o cara. Ela fica um tempo remoendo aquele cheque, depois a série dá um jeito de trazer o Denny de volta em toda oportunidade que pode. Isso é chato, tira o potencial da personagem, deixa ela pra sempre presa em um só capítulo e dilui o impacto que teve a morte original do personagem. Denny morreu e deveria ter ficado assim, no entanto, cada vez que surge na tela, sentimos o cheiro do café requentado. Não entendi qual foi a dos roteiristas nessa. Morte do George foi brusca e chocante. Um personagem dessa importância merecia um arco final mais elaborado. Não aconteceu, talvez em parte pela saída do próprio ator. No fim das contas até que foi interessante. Esse choque foi um sentimento novo dentro de Grey's.
Com altos e baixos, muitas emoções e choques inéditos, essa foi mais uma grande temporada.
Depois de momentos tão chocantes da 3ª temporada, era de se esperar um tom mais "calmo" na seguinte. É um recomeço em muitos aspectos. Agora os internos são residentes e nossos protagonistas têm que lidar com outros desafios profissionais. Claro que eu prefiro quando Grey's me faz chorar e sofrer, mas momentos de calmaria são importantes, necessários e muito bons também. Não só de sentimentos à flor da pele essa série é feita. Gostei muito do arco dramático da Meredith, as sessões de terapia e achei que a personagem foi no limite pra uma protagonista. Geralmente as heroínas precisam ser sempre agradáveis para o espectador, mas Grey está mais quebrada, doida e egoísta do que nunca. Isso não é ruim, é muito interessante pois mostra que ela é uma personagem tridimensional e que essa série não te entrega personagens formulaicos de apelo fácil. Você precisa gostar de verdade dessas pessoas para seguir com a jornada. A saída do Burke foi triste e brusca, não fez muito sentido e é tudo culpa da demissão do ator, depois de uma crise nos bastidores. Odeio isso pois compromete a narrativa. O personagem jamais abandonaria tudo e todos sem nem dizer adeus. Aconteceu, porém, e Cristina também faz um ótimo trabalho superando o trauma. Não gostei do relacionamento entre Izzie e George, foi forçado e sem propósito, assim como achei o lesbianismo da Callie e da Erica muito inverossímil. Veja bem, eu amo que eles queiram mostrar lésbicas no horário nobre e adoro essa versão da Callie. Também curti a Erica e a química entre as duas é bizarra ao mesmo tempo que é fascinante. Só que a grande questão aqui é: ninguém descobre que é lésbica aos 30 anos, sendo que antes nunca nem sequer pensou na possibilidade remota de andar com mulheres. Não acontece. Você pode se assumir e ter coragem de experimentar aos 30, 40 e daí pra cima, ok, mas se dar conta pela primeira vez? Não rola. E o pior é que a série vende o conceito de que isso está acontecendo com ambas as mulheres. Erica é quarentona, isso não acontece. Numa série que coloca o drama humano no centro, e esse drama sempre é muito real, o caso das duas soa falso. Depois fica maneiro, mas começa de forma implausível. No mais, essa temporada não emociona nem envolve tanto, mas faz parte do quadro geral e é importante por si só.
É incrível o fascínio que peças inglesas de época provocam, ainda que a época retratada seja um inferno. Downton Abbey continua apresentando ótimas atuações, produção requintada, fotografia charmosa, reviravoltas mais novelescas do que as da 1ª temporada e muito suspense.
Mais humor nonsense e personagens completamente insanos. Segundo ano continuou com a qualidade do primeiro, ampliou algumas coisas e entregou alguns episódios geniais. Destaque pro finale. Fred Armisen e Carrie Brownstein têm uma química absurda e são muito criativos, conseguindo extrair mais situações absurdas a cada episódio, sem cansar ou se repetir. Conceito muito interessante.
Pequena surpresa que surgiu na TV, esse reality veio pra ficar. Foi muito melhor do que eu esperava, entretenimento feito pra nerds por gente que realmente entende do assunto. Vários campos de interesse nerd foram abordados, competições realmente interessantes e um elenco muito carismático. Deu pra torcer, odiar, roer as unhas e tudo o que uma competição assim deve provocar. Na medida, ansioso pela segunda temporada.
Ainda mantendo o fôlego, a série entrega mais um ano repleto de momentos engraçados e emocionantes. O grande diferencial aqui são os personagens. Você, a essa altura, está definitivamente investido neles, em suas tramas. Você aceita suas falhas, aprecia suas qualidades. São o seu grupo de amigos. É muito gostoso ver suas jornadas se desenrolando. Destaque aqui pra Cristina e Burke, um dos casais mais interessantes da TV. Ainda estou esperando a hora em que essa série ficará cansativa. Ainda não aconteceu.
Há tempos que não me deliciava tanto com uma comédia. Humor nonsense que a gente não vê muito na tv americana, é mais uma coisa inglesa. O interessante é que de vez em quando você tem um sketch assim no SNL e agora já sei quem é o responsável por isso: Fred Armisen parece gostar muito do estilo e aqui pode liberar todo seu talento, juntamente com a deliciosa Carrie Brownstein. Sátira pontual e ácida aos costumes alternativos de certas tribos, te deixa sempre no suspense, cada segmento é mais interessante que o outro. Muito legal ter achado essa pérola no mar do entretenimento americano, às vezes muito repetitivo.
Continuando como se não tivesse parado, a série segue contando as aventuras de uma família de judeus que se reúne pra jantar toda sexta de noite. A segunda temporada mantem o humor afiado, rápido, esperto e criativo. Os atores vivem seus personagens com tanta naturalidade que dá a impressão de que é muito fácil o trabalho que fazem. As situações esse ano escalam no limite do absurdo mas sempre com aquele pé no chão, pra não resvalar no exagero. Mal posso esperar por novos episódios, certamente essa série merecia uma temporada com pelo menos 13 deles. Malditos britânicos. Devo comentar também sobre a fotografia. As séries britânicas são muito charmosas nesse aspecto e eu sou particularmente viciado em simplesmente olhar pra elas.
Eu vi essa minissérie quando era adolescente, no Eurochannel e me apaixonei. Amo a trama de Les Miserables, ainda que nunca tenha lido o livro original. Sou viciado em ver adaptações dessa trama e essa minissérie é a minha favorita. Difícil não ser, já que seus quatro episódios de 1h30m cada englobam o livro de forma mais completa do que um filme de 2h o faz. Óbvio que tempo não é tudo se você não tem uma boa produção e boas atuações e esses elementos também estão presentes. A reconstrução da época é maravilhosa, o idioma francês confere uma legitimidade maior à história, coisa que se perde quando é uma produção com atores de lingua inglesa. John Malkovich interpreta o melhor Javert que já vi, (no pun intended) mesmo que quase com certeza sua voz tenha sido dublada. O ator fala francês, porém não sei se a cadência lenta de seu discurso é de propósito ou fruto de certa dificuldade com a lingua. Falando em lingua, hora de apontar certos pontos negativos: Asia Argento e Veronica Ferres são claramente dubladas em francês e o movimento de suas bocas indica que estão falando em alguma outra lingua; talvez até mesmo estejam balbuciando qualquer coisa ininteligível. Não dá pra saber, mas isso é bem bizarro. Não sei exatamente o motivo dessa escolha, atrizes francesas poderiam fazer os papéis ou então as escolhidas poderiam aprender as falas para que o movimento da boca sincronizasse com a dublagem. Acho que isso compromete bastante o peso das cenas em que elas se encontram e são cenas bem importantes. Distrai muito e compromete o famoso "suspension of disbelief". Esse mesmo conceito é comprometido com a situação de Gavroche e Marius. Isso eu já tinha reparado quando menor e através dos anos não encontrei ninguém que também tenha percebido tal detalhe, ainda que ele seja óbvio e grotesco: O menino conhece Jean Valjean e Cosette quando eles chegam a paris e a menina tem entre 8 e dez anos. Gavroche parece ter no máximo 12 e é o personagem que conhecemos, já totalmente formado. Marius também é introduzido nessa parte da narrativa, surgindo já como um estudante universitário jovem. Anos se passam. Agora Cosette tem seus 20 anos. E GAVROCHE AINDA É UM MENINO. Mesmo ator, tudo igual. Marius continua também intocado pelo tempo, ainda um jovem universitário. Isso é bizarro pois não se trata de um simples erro de continuidade. Faz parte do roteiro, Gavroche ajuda Jean e anos depois o reconhece por causa desse primeiro encontro. Ninguém parece se espantar que o menino não envelheceu. Não se trata também de um adulto desnutrido, já que o comportamento dele é infantil e todos a seu redor o tratam como criança. Marius também não envelhece. Enfim, é um dos erros mais divertidos que já achei no mundo da ficção e isso acaba tornando essa minissérie mais fascinante.
Começou meio fraca e eu cheguei a achar que finalmente eles haviam esgotado todas as situações absurdas que um escritório pode oferecer. Sete anos, muitos episódios, tudo tem um limite. Mas os roteiristas tiram idéias do rabo e conseguem surpreender assim mesmo. A série ganha fôlego, não se torna a melhor do mundo mas também não deixa a peteca cair. Claro que o final dela é mais importante e eclipsa o resto: episódios emocionantes, mudam a série pra sempre e foram muito bem realizados. O finale é super divertido com todas as participações estelares. Curioso pela próxima.
AHS Asylum tinha uma premissa que me intrigava muito. Por se passar num manicômio, nos anos 60, tinha potencial. Esse potencial foi aproveitado em partes. Muitos erros foram cometidos, e o principal deles já estava presente na primeira temporada, ainda que em menor escala: AHS just tries too hard. Me lembra muito alguns filmes de terror que te dão susto com trilha sonora que aumenta de volume abruptamente. Nada de realmente assustador acontece na cena, o filme não passa o terror através de iluminação, câmeras ou atuação, o roteiro não construiu nada realmente tenso então sobra pra música. AHS tem muito disso na edição, por exemplo. Câmeras inclinadas, edição entrecortada o tempo todo, em qualquer situação, tentando criar um clima permanentemente perturbador, mesmo quando a cena não pede isso. Acaba sendo uma trapaça meio bobinha demais e isso me tira de dentro da ficção, compromete a credibilidade da trama. Outro elemento que compromete é a extrema insegurança do texto. Temas demais abordados ao mesmo tempo, como que por medo de desagradar alguma parcela do público. Tem ets, tem fantasmas, tem demonios, assassinos mascarados, seres que lembram zumbis; uma parada de elementos diferentes, que muitas vezes não combinam entre si, deixando a narrativa incoerente. Algumas cenas acabam sendo mais cômicas do que assustadoras, como as desventuras em série da Lana. Nenhuma trama é explorada a fundo, alguns episódios parecem uma colcha de retalhos, uma série de situações feitas pra chocar, sem a preocupação de se contar uma história. A primeira temporada, pelo menos, tinha uma trama central, um único tema. Aqui os roteiristas se empolgaram demais e o público mais impressionável, espantado com tantas coisas piscando na tela, acaba achando que viu algo bom. Mas AHS não nos entregou um roteiro enxuto, um horror sofisticado: foi um conjunto de referências sem muita substância. Nem tudo foi ruim, no entanto: as atuações todas foram maravilhosas, Jessica Lange arrasou. Sua personagem não foi das mais criativas ( freiras malignas existem aos montes) mas ela foi brilhante em sua execução. O mesmo pros demais atores e pro Sylar que arrasou do começo ao fim. A produção é linda, cenários, fotografia, all the good stuff. Só faltou aquele recheio gostoso.
Quem não gosta de um bom drama inglês de época? É fascinante, é escapismo da melhor qualidade. Coloque então uma boa dose de soap opera na receita e você tem um produto com muito apelo. O grande sucesso de Downton Abbey atualmente se explica e é muito merecido. Os personagens são bem construídos, seus dramas são apaixonantes e apresentados com muita sutileza através do ótimo roteiro e das competentes atuações. Você é levado lentamente pelos fatos apresentados e envolvido sem se dar conta pela vida daquelas pessoas. O clima exagerado e pomposo da época, a forte noção de honra e educação, os preconceitos velados, as fofocas, os escândalos, tudo isso é delicioso de assistir. Essas características humanas ainda existem, mas aqui são vivenciadas com mais intensidade. Características do fim de uma era também são mostradas aqui, com a chegada de novas tecnologias, o fantasma da guerra, a mudança de paradigmas sociais. Uma série de muitas camadas.
Go Busters foi um sentai sólido, com uma proposta única e que tinha a missão de reiventar o gênero depois do evento divisor de águas conhecido como Gokaiger. No que diz respeito a inovações, a série cumpriu bem sua missão. Finalmente temos batalhas de mecha que são diferentes a cada episódio, que se mesclam de forma orgânica à trama e não estao ali como mero checklist pra vender brinquedos. Os ângulos, o nível de cuidado e detalhe, a emoção e a imprevisibilidade das sequências de mecha foram os elementos que mais se destacaram logo no primeiro episódio. Gokaiger homenageara Sentai até então e Go Busters introduziu novos clichês, acrescentando muita coisa na sempre mutante mitologia do gênero. Os uniformes foram a maior quebra de padrão, adoro o design deles e também dos monstros. Muito bom que Toei tenha se permitido tentar coisas novas. Ainda que a série não tenha agradado muito seu público alvo, a qualidade desta é indiscutível em todos os níveis. A série teve sua fatia de episódios chatos, mas quando resolveu ser awesome, foi até o fim. Destaque pra todo seu arco final, emocionante e dramático. A trama principal foi bem densa e talvez tenha sido essa sua ruína com as crianças. Não se sabe ao certo. Só sei que tudo encaixou muito bem, a trama dos heróis, sua tragédia pessoal e a relação destes com os vilões. Por falar em vilões, Enter e Escape fizeram um grande trabalho. Sua jornada pessoal também é diferente do que estamos acostumados a ver em vilões de sentai, o que tornou tudo muito mais intrigante. Os atores deram um show de comprometimento. Revolucionária nos elementos novos que introduziu, irregular em sua narrativa, primorosa em sua produção, injustiçada pela audiência. Inesquecível pra quem curtiu.
Essa temporada começa bem lenta e muitos a defendem dizendo se tratar da jornada dos personagens, seus dramas humanos seriam o ponto central, os zumbis são secundários. Eu adoro dramas, e digo que essa defesa não se aplica aqui. O ritmo é muito lento e os tais dramas não são tão profundos. Não chega a ser ruim, mas não excita. Tudo muda completamente a partir do final do episódio sete. Uma grande e chocante revelação abre caminho pra uma série de episódios repletos de boa ação e, agora sim, excelente drama. O caminho de loucura trilhado por Rick e Shane é muito bem explorado, as decisões moralmente discutíveis que todos têm que tomar são bem colocadas e planejadas, o suspense te prende satisfatoriamente. Uma temporada irregular, portanto, mas não ruim e com muitas oportunidades de melhora.
A primeira temporada tem apenas nove episódios, o que é inusitado para uma série de tv americana. A segunda tem 27, o que também é inusitado. Acho que é seguro juntar ambas as temporadas e imaginar como uma grande e intrincada etapa na vida desses personagens. Eles começam de um jeito, suas personalidades são testadas e desconstruídas, deixando-os no final com dúvidas acerca de sua identidade, seus propósitos e prioridades. A segunda temporada expande o universo pessoal dessas figuras, traz momentos emocionantes, algum suspense e muitas lágrimas. Lágrimas pra eles, lágrimas pra nós. Conflitos morais da melhor qualidade, sem amenizar nem facilitar. Os personagens de Grey's são muito humanos. Nem sempre torcer por eles é a coisa mais fácil, pois enfrentam dilemas humanos e tomam decisões erradas. Decisões que afetam outros, inocentes acabam pagando. Tudo surpreende, você fica preso a cada cena, nada é o que parece, os twists and turns não são telegrafados com antecedência. Um drama de qualidade, um roteiro bem escrito e bem executado. Uma etapa se fecha e te deixa ansioso pela próxima.
Essa minissérie elevou "Humor negro" a um novo nível. Nunca o humor foi tão melancólico e o drama foi tão denso, num mesmo pacote. O esquema de cores, a fotografia, as paisagens sempre envoltas na nevasca, tudo é sufocante e desesperador. Daniel Radcliffe está ótimo, cada vez mais saindo da concha e se tornando um ator muito excitante de se acompanhar. Jon Hamm muito bom como sempre e a química entre os dois está perfeita. Possui momentos genuinamente nojentos e chocantes, desperta muitas emoções conflitantes e termina cedo demais. Podia ter rolado pelo menos oito episódios, espero que renovem para um segundo ano.
Dairanger foi uma surpresa. Você começa a ver um tokusatsu esperando se divertir, mas sempre é uma delícia quando ele ultrapassa suas expectativas. São 50 episódios e quando ele não é muito bom o sofrimento pra terminar logo é grande; quando ele é bom, obviamente, você vê tudo com pena de acabar. Dairanger é assim. Os personagens são bons e carismáticos, mas não são explorados ao máximo. Não sabemos muito de sua origem, suas motivações são superficiais e nem sabemos seus sobrenomes. O forte da série reside na parte visual e no drama maior envolvendo os vilões da tribo Gouma e seus inimigos descendentes da tribo Dai, os Dairangers, liderados pelo ótimo Doushi Kaku. Esse personagem é tão bom que transforma o arco final da série no mais emocionante que já vi em super sentai. Deve-se aplaudir também a estrutura da série, que quase não dá espaço pra fillers. Todo tokusatsu de 50 episódios é recheado de tramas auto-contidas, isso é normal e esperado. Mas Dairanger divide muito bem o seu tempo, desenvolve vilões centrais muito bons, além do Kibaranger com sua trágica jornada: tudo isso ocupa muitos episodios e quando você recapitula a série na mente, vê que é uma das mais bem amarradas entre os Tokusatsus. Outro ponto forte é a parte visual. Os uniformes são muito bonitos, os mechas são fortes, as sequências de ação são muito bem coreografadas; o tema da série mexe com mitologia chinesa e artes marciais, e a ação traduz muito bem as habilidades dos protagonistas. Tudo remete muito a filmes de ação clássicos de Hong Kong, e os gritos de guerra e poses da equipe estão entre os mais legais e icônicos. Dairanger arrasou. Ah, não podemos esquecer da abertura, seu tema é meu favorito ever. Tive que rever o episódio tributo de Gokaiger e dessa vez me emocionei muito mais.
Finalmente, atrasado com o restante do universo, cá estou eu vendo Grey's Anatomy. A primeira temporada foi um mid season replacement, por isso a pouca quantidade de episódios, apenas 9, dos vinte e poucos habituais nos EUA. Isso acabou servindo positivamente à trama, já que funciona como um filme grandinho: você conhece os personagens, se importa com eles, estabelece seus arcos principais e descobre mais ou menos como aquele seriado irá prosseguir dali em diante. Gostei do clima bem humorado que se dissolve em tensão e lágrimas, gostei dos personagens e de sua interação. Mexe com muitas emoções e anima pra ver o resto.
Jetman é memorável pelos seus personagens. Eu não sou particularmente fã dos uniformes ou dos mechas dessa série, mas eu amo de paixão os personagens. É como se fosse uma soap opera do mundo dos sentais, muito focada no triângulo (ou quarteto) amoroso dentro da equipe. Os personagens são profundos e a relação entre eles muda e evolui, sempre bom quando isso acontece em tokusatsus. As séries mais memoráveis têm os melhores indivíduos. Os Vyram também são melhores do que os típicos vilões, não só conceitualmente mas também na forma como são executados. A interação entre eles é imprevisível e curiosa, e como resultado, nós quase nunca podemos prever como serão derrotados. Todos amam Jetman e isso tem um motivo, muito claro. Quem assiste sabe.
Esse Rider foi muito melhor do que eu esperava. Não sei pq, não pensava que fosse se tornar um dos meus favoritos. Mas o conceito bem elaborado, o design incrível do uniforme, os personagens carismáticos, a interação entre esses personagens e entre os vilões, tudo foi inesperado e intrigante. As cenas de ação são muito boas, embora n role muito wire fu, e todo o universo é apaixonante.
Valeu a intenção, mas o roteiro foi uma bagunça. A série permanece cheia de perguntas abertas até os dias de hoje, e eles tentam investir nesse aspecto dentro dos novos filmes. Triste que Decade seja uma série tão falha e ainda assim represente os heisei riders e seja uma figura tão importante nos crossovers que a Toei produz. Tsukasa é o menos carismático de todos os riders, Diend não faz sentido. Kamen Rider Decade possui seus momentos, mas o todo saiu prejudicado.
Ótimo retorno para Kamen Rider. A série tem até hoje as melhores cenas de "wire-bike-fu" de todo Heisei, e o grupo de vilões mais interessante, não tanto pelo visual, mas por suas motivações e modus operandi. É dramática, densa, possui seu lado mais tranquilo na figura do amável protagonista, e o final é impactante.
The Office (8ª Temporada)
4.0 302Essa temporada deve ter sido desafiadora para os criadores já que tem a missão de manter a qualidade da série depois de grandes mudanças. E eles conseguiram em sua maior parte.
Claro que Steve Carrel faz falta, mas temos tantos personagens aqui que não é tão difícil assim criar boas tramas envolvendo-os. Infelizmente a série não quis investir tanto assim neles e preferiu focar mais em Andy, como um Michael 2. Isso me incomoda um pouco, pq nunca entendi mto bem esse personagem. Andy jamais teve uma personalidade bem definida, ele meio que assume o papel que a série necessite. Enfim, eu acharia melhor que algum personagem novo assumisse a direção, alguém que não tentasse ser um novo Michael, nem que fosse o Robert California, que é ótimo mas aparece muito pouco. Soube que eles consideraram a Catherine Tate mas ela não pôde devido a compromissos no teatro, Maldito Shakespeare. A entrada de sua personagem representa pra mim o ponto alto da temporada. Ela é deliciosamente incrível e é aí que percebemos a mancada de terem colocado o Andy como chefe: durante aquele arco em que ela assume a direção e não quer devolvê-la, nós deveríamos estar torcendo pro Andy, Talvez estivéssemos torcendo se fosse o Michael. Mas eu sofria e sofria, pois não queria que ele assumisse novamente e sabia que inevitavelmente isso iria acontecer.
No geral o saldo foi positivo, embora o brilho se concentre nos eps finais e tudo graças a alguns personagens que salvaram o dia.
The Walking Dead (3ª Temporada)
4.1 2,9KDepois de uma segunda temporada meio lenta e estranha em seu começo (começando a pegar fogo no final) TWD voltou com tudo. Os episódios antes do hiatus foram excelentes, eletrizantes, novos conceitos e personagens muito bons adicionados a melhores storylines para os antigos membros do elenco. Infelizmente depois do hiatus a série ficou meio enrolada. Alguns episódios muito bons e outros bem chatinhos e desnecessários. O final foi interessante mas muito contido. Pareceu mais um episódio qualquer, não foi grandioso e explosivo como os anteriores (incluindo o último antes do hiatus). Altos e baixos caracterizaram a temporada mas a série continua forte. Eu só queria que zumbis não se vestissem apenas de cinza.
A Anatomia de Grey (5ª Temporada)
4.5 534 Assista AgoraDepois do quarto ano considerado "Morno", Grey's entrega um quinto mais completo emocionalmente. Tem humor, tem situações bizarras, tem tragédia, romance, muito drama e lágrimas eternas.
Finalmente Meredith e Derek saem do vai-e-vem sacal que tomou conta da temporada passada e parecem se entender. Meredith maluquinha e dark é maneira, mas ela evoluiu na quarta temporada, ela chegou a conclusões e é realista que ela agora apareça mais madura em certas questões - ainda que pra um roteirista seja tentador apenas sacrificar o desenvolvimento em prol de mais drama.
Finalmente um novo interesse pra Cris. Chega de luto pelo Burke. Pra uma personagem desse calibre tem que rolar um cara de personalidade forte com uma história impactante, alguém tão quebrado quanto ou até mais. O carinha novo é um desafio pra mim, às vezes eu curto e às vezes não, mas definitivamente é um acréscimo realmente forte ao elenco e sinto que grandes coisas vêm por aí.
Infelizmente, apesar de gostar da temporada como um todo, ela traz pra mim a pior storyline ja contada na série até então. A coisa toda do Denny, essa vibe Dona Flor e seus Dois Maridos foi jogada, mal desenvolvida e se arrastou tempo demais. Izzie se redime depois, todo o arco final da personagem é interessante e o casamento com o Karev realmente me emocionou. Eu só queria que a parte do Denny voltando nas alunicações não tivesse acontecido.
Veja bem, você tem uma grande personagem, a Izzie e ela logo no começo ganha um grande momento, seu arco com o Denny. Infelizmente, Izzie jamais ganha outro momento forte que não seja relacionado com o cara. Ela fica um tempo remoendo aquele cheque, depois a série dá um jeito de trazer o Denny de volta em toda oportunidade que pode. Isso é chato, tira o potencial da personagem, deixa ela pra sempre presa em um só capítulo e dilui o impacto que teve a morte original do personagem. Denny morreu e deveria ter ficado assim, no entanto, cada vez que surge na tela, sentimos o cheiro do café requentado. Não entendi qual foi a dos roteiristas nessa.
Morte do George foi brusca e chocante. Um personagem dessa importância merecia um arco final mais elaborado. Não aconteceu, talvez em parte pela saída do próprio ator. No fim das contas até que foi interessante. Esse choque foi um sentimento novo dentro de Grey's.
Com altos e baixos, muitas emoções e choques inéditos, essa foi mais uma grande temporada.
A Anatomia de Grey (4ª Temporada)
4.4 253 Assista AgoraDepois de momentos tão chocantes da 3ª temporada, era de se esperar um tom mais "calmo" na seguinte. É um recomeço em muitos aspectos. Agora os internos são residentes e nossos protagonistas têm que lidar com outros desafios profissionais. Claro que eu prefiro quando Grey's me faz chorar e sofrer, mas momentos de calmaria são importantes, necessários e muito bons também. Não só de sentimentos à flor da pele essa série é feita.
Gostei muito do arco dramático da Meredith, as sessões de terapia e achei que a personagem foi no limite pra uma protagonista. Geralmente as heroínas precisam ser sempre agradáveis para o espectador, mas Grey está mais quebrada, doida e egoísta do que nunca. Isso não é ruim, é muito interessante pois mostra que ela é uma personagem tridimensional e que essa série não te entrega personagens formulaicos de apelo fácil. Você precisa gostar de verdade dessas pessoas para seguir com a jornada.
A saída do Burke foi triste e brusca, não fez muito sentido e é tudo culpa da demissão do ator, depois de uma crise nos bastidores. Odeio isso pois compromete a narrativa. O personagem jamais abandonaria tudo e todos sem nem dizer adeus. Aconteceu, porém, e Cristina também faz um ótimo trabalho superando o trauma.
Não gostei do relacionamento entre Izzie e George, foi forçado e sem propósito, assim como achei o lesbianismo da Callie e da Erica muito inverossímil. Veja bem, eu amo que eles queiram mostrar lésbicas no horário nobre e adoro essa versão da Callie. Também curti a Erica e a química entre as duas é bizarra ao mesmo tempo que é fascinante. Só que a grande questão aqui é: ninguém descobre que é lésbica aos 30 anos, sendo que antes nunca nem sequer pensou na possibilidade remota de andar com mulheres. Não acontece. Você pode se assumir e ter coragem de experimentar aos 30, 40 e daí pra cima, ok, mas se dar conta pela primeira vez? Não rola. E o pior é que a série vende o conceito de que isso está acontecendo com ambas as mulheres. Erica é quarentona, isso não acontece. Numa série que coloca o drama humano no centro, e esse drama sempre é muito real, o caso das duas soa falso. Depois fica maneiro, mas começa de forma implausível.
No mais, essa temporada não emociona nem envolve tanto, mas faz parte do quadro geral e é importante por si só.
Downton Abbey (2ª Temporada)
4.6 186 Assista AgoraÉ incrível o fascínio que peças inglesas de época provocam, ainda que a época retratada seja um inferno. Downton Abbey continua apresentando ótimas atuações, produção requintada, fotografia charmosa, reviravoltas mais novelescas do que as da 1ª temporada e muito suspense.
Portlandia (2ª Temporada)
4.2 8Mais humor nonsense e personagens completamente insanos. Segundo ano continuou com a qualidade do primeiro, ampliou algumas coisas e entregou alguns episódios geniais. Destaque pro finale. Fred Armisen e Carrie Brownstein têm uma química absurda e são muito criativos, conseguindo extrair mais situações absurdas a cada episódio, sem cansar ou se repetir. Conceito muito interessante.
King Of The Nerds
4.4 7Pequena surpresa que surgiu na TV, esse reality veio pra ficar. Foi muito melhor do que eu esperava, entretenimento feito pra nerds por gente que realmente entende do assunto. Vários campos de interesse nerd foram abordados, competições realmente interessantes e um elenco muito carismático. Deu pra torcer, odiar, roer as unhas e tudo o que uma competição assim deve provocar. Na medida, ansioso pela segunda temporada.
A Anatomia de Grey (3ª Temporada)
4.5 300 Assista AgoraAinda mantendo o fôlego, a série entrega mais um ano repleto de momentos engraçados e emocionantes. O grande diferencial aqui são os personagens. Você, a essa altura, está definitivamente investido neles, em suas tramas. Você aceita suas falhas, aprecia suas qualidades. São o seu grupo de amigos. É muito gostoso ver suas jornadas se desenrolando.
Destaque aqui pra Cristina e Burke, um dos casais mais interessantes da TV. Ainda estou esperando a hora em que essa série ficará cansativa. Ainda não aconteceu.
Portlandia (1ª Temporada)
4.1 33Há tempos que não me deliciava tanto com uma comédia. Humor nonsense que a gente não vê muito na tv americana, é mais uma coisa inglesa. O interessante é que de vez em quando você tem um sketch assim no SNL e agora já sei quem é o responsável por isso: Fred Armisen parece gostar muito do estilo e aqui pode liberar todo seu talento, juntamente com a deliciosa Carrie Brownstein. Sátira pontual e ácida aos costumes alternativos de certas tribos, te deixa sempre no suspense, cada segmento é mais interessante que o outro. Muito legal ter achado essa pérola no mar do entretenimento americano, às vezes muito repetitivo.
Friday Night Dinner (2ª Temporada)
4.3 3Continuando como se não tivesse parado, a série segue contando as aventuras de uma família de judeus que se reúne pra jantar toda sexta de noite. A segunda temporada mantem o humor afiado, rápido, esperto e criativo. Os atores vivem seus personagens com tanta naturalidade que dá a impressão de que é muito fácil o trabalho que fazem. As situações esse ano escalam no limite do absurdo mas sempre com aquele pé no chão, pra não resvalar no exagero. Mal posso esperar por novos episódios, certamente essa série merecia uma temporada com pelo menos 13 deles. Malditos britânicos.
Devo comentar também sobre a fotografia. As séries britânicas são muito charmosas nesse aspecto e eu sou particularmente viciado em simplesmente olhar pra elas.
Os Miseráveis
4.2 70Eu vi essa minissérie quando era adolescente, no Eurochannel e me apaixonei. Amo a trama de Les Miserables, ainda que nunca tenha lido o livro original. Sou viciado em ver adaptações dessa trama e essa minissérie é a minha favorita. Difícil não ser, já que seus quatro episódios de 1h30m cada englobam o livro de forma mais completa do que um filme de 2h o faz. Óbvio que tempo não é tudo se você não tem uma boa produção e boas atuações e esses elementos também estão presentes. A reconstrução da época é maravilhosa, o idioma francês confere uma legitimidade maior à história, coisa que se perde quando é uma produção com atores de lingua inglesa. John Malkovich interpreta o melhor Javert que já vi, (no pun intended) mesmo que quase com certeza sua voz tenha sido dublada. O ator fala francês, porém não sei se a cadência lenta de seu discurso é de propósito ou fruto de certa dificuldade com a lingua.
Falando em lingua, hora de apontar certos pontos negativos: Asia Argento e Veronica Ferres são claramente dubladas em francês e o movimento de suas bocas indica que estão falando em alguma outra lingua; talvez até mesmo estejam balbuciando qualquer coisa ininteligível. Não dá pra saber, mas isso é bem bizarro. Não sei exatamente o motivo dessa escolha, atrizes francesas poderiam fazer os papéis ou então as escolhidas poderiam aprender as falas para que o movimento da boca sincronizasse com a dublagem. Acho que isso compromete bastante o peso das cenas em que elas se encontram e são cenas bem importantes. Distrai muito e compromete o famoso "suspension of disbelief".
Esse mesmo conceito é comprometido com a situação de Gavroche e Marius. Isso eu já tinha reparado quando menor e através dos anos não encontrei ninguém que também tenha percebido tal detalhe, ainda que ele seja óbvio e grotesco: O menino conhece Jean Valjean e Cosette quando eles chegam a paris e a menina tem entre 8 e dez anos. Gavroche parece ter no máximo 12 e é o personagem que conhecemos, já totalmente formado. Marius também é introduzido nessa parte da narrativa, surgindo já como um estudante universitário jovem. Anos se passam. Agora Cosette tem seus 20 anos.
E GAVROCHE AINDA É UM MENINO.
Mesmo ator, tudo igual. Marius continua também intocado pelo tempo, ainda um jovem universitário. Isso é bizarro pois não se trata de um simples erro de continuidade. Faz parte do roteiro, Gavroche ajuda Jean e anos depois o reconhece por causa desse primeiro encontro. Ninguém parece se espantar que o menino não envelheceu. Não se trata também de um adulto desnutrido, já que o comportamento dele é infantil e todos a seu redor o tratam como criança. Marius também não envelhece.
Enfim, é um dos erros mais divertidos que já achei no mundo da ficção e isso acaba tornando essa minissérie mais fascinante.
The Office (7ª Temporada)
4.5 401 Assista AgoraComeçou meio fraca e eu cheguei a achar que finalmente eles haviam esgotado todas as situações absurdas que um escritório pode oferecer. Sete anos, muitos episódios, tudo tem um limite. Mas os roteiristas tiram idéias do rabo e conseguem surpreender assim mesmo. A série ganha fôlego, não se torna a melhor do mundo mas também não deixa a peteca cair. Claro que o final dela é mais importante e eclipsa o resto: episódios emocionantes, mudam a série pra sempre e foram muito bem realizados.
O finale é super divertido com todas as participações estelares. Curioso pela próxima.
American Horror Story: Asylum (2ª Temporada)
4.3 2,7KAHS Asylum tinha uma premissa que me intrigava muito. Por se passar num manicômio, nos anos 60, tinha potencial. Esse potencial foi aproveitado em partes. Muitos erros foram cometidos, e o principal deles já estava presente na primeira temporada, ainda que em menor escala: AHS just tries too hard.
Me lembra muito alguns filmes de terror que te dão susto com trilha sonora que aumenta de volume abruptamente. Nada de realmente assustador acontece na cena, o filme não passa o terror através de iluminação, câmeras ou atuação, o roteiro não construiu nada realmente tenso então sobra pra música. AHS tem muito disso na edição, por exemplo. Câmeras inclinadas, edição entrecortada o tempo todo, em qualquer situação, tentando criar um clima permanentemente perturbador, mesmo quando a cena não pede isso. Acaba sendo uma trapaça meio bobinha demais e isso me tira de dentro da ficção, compromete a credibilidade da trama.
Outro elemento que compromete é a extrema insegurança do texto. Temas demais abordados ao mesmo tempo, como que por medo de desagradar alguma parcela do público. Tem ets, tem fantasmas, tem demonios, assassinos mascarados, seres que lembram zumbis; uma parada de elementos diferentes, que muitas vezes não combinam entre si, deixando a narrativa incoerente. Algumas cenas acabam sendo mais cômicas do que assustadoras, como as desventuras em série da Lana. Nenhuma trama é explorada a fundo, alguns episódios parecem uma colcha de retalhos, uma série de situações feitas pra chocar, sem a preocupação de se contar uma história. A primeira temporada, pelo menos, tinha uma trama central, um único tema. Aqui os roteiristas se empolgaram demais e o público mais impressionável, espantado com tantas coisas piscando na tela, acaba achando que viu algo bom. Mas AHS não nos entregou um roteiro enxuto, um horror sofisticado: foi um conjunto de referências sem muita substância.
Nem tudo foi ruim, no entanto: as atuações todas foram maravilhosas, Jessica Lange arrasou. Sua personagem não foi das mais criativas ( freiras malignas existem aos montes) mas ela foi brilhante em sua execução. O mesmo pros demais atores e pro Sylar que arrasou do começo ao fim.
A produção é linda, cenários, fotografia, all the good stuff. Só faltou aquele recheio gostoso.
Downton Abbey (1ª Temporada)
4.6 371 Assista AgoraQuem não gosta de um bom drama inglês de época? É fascinante, é escapismo da melhor qualidade. Coloque então uma boa dose de soap opera na receita e você tem um produto com muito apelo. O grande sucesso de Downton Abbey atualmente se explica e é muito merecido.
Os personagens são bem construídos, seus dramas são apaixonantes e apresentados com muita sutileza através do ótimo roteiro e das competentes atuações. Você é levado lentamente pelos fatos apresentados e envolvido sem se dar conta pela vida daquelas pessoas.
O clima exagerado e pomposo da época, a forte noção de honra e educação, os preconceitos velados, as fofocas, os escândalos, tudo isso é delicioso de assistir. Essas características humanas ainda existem, mas aqui são vivenciadas com mais intensidade.
Características do fim de uma era também são mostradas aqui, com a chegada de novas tecnologias, o fantasma da guerra, a mudança de paradigmas sociais. Uma série de muitas camadas.
Equipe de Missões Especiais Go-Busters
4.1 16Go Busters foi um sentai sólido, com uma proposta única e que tinha a missão de reiventar o gênero depois do evento divisor de águas conhecido como Gokaiger. No que diz respeito a inovações, a série cumpriu bem sua missão. Finalmente temos batalhas de mecha que são diferentes a cada episódio, que se mesclam de forma orgânica à trama e não estao ali como mero checklist pra vender brinquedos. Os ângulos, o nível de cuidado e detalhe, a emoção e a imprevisibilidade das sequências de mecha foram os elementos que mais se destacaram logo no primeiro episódio. Gokaiger homenageara Sentai até então e Go Busters introduziu novos clichês, acrescentando muita coisa na sempre mutante mitologia do gênero.
Os uniformes foram a maior quebra de padrão, adoro o design deles e também dos monstros. Muito bom que Toei tenha se permitido tentar coisas novas. Ainda que a série não tenha agradado muito seu público alvo, a qualidade desta é indiscutível em todos os níveis. A série teve sua fatia de episódios chatos, mas quando resolveu ser awesome, foi até o fim. Destaque pra todo seu arco final, emocionante e dramático.
A trama principal foi bem densa e talvez tenha sido essa sua ruína com as crianças. Não se sabe ao certo. Só sei que tudo encaixou muito bem, a trama dos heróis, sua tragédia pessoal e a relação destes com os vilões. Por falar em vilões, Enter e Escape fizeram um grande trabalho. Sua jornada pessoal também é diferente do que estamos acostumados a ver em vilões de sentai, o que tornou tudo muito mais intrigante. Os atores deram um show de comprometimento.
Revolucionária nos elementos novos que introduziu, irregular em sua narrativa, primorosa em sua produção, injustiçada pela audiência. Inesquecível pra quem curtiu.
The Walking Dead (2ª Temporada)
4.2 2,3K Assista AgoraEssa temporada começa bem lenta e muitos a defendem dizendo se tratar da jornada dos personagens, seus dramas humanos seriam o ponto central, os zumbis são secundários. Eu adoro dramas, e digo que essa defesa não se aplica aqui. O ritmo é muito lento e os tais dramas não são tão profundos. Não chega a ser ruim, mas não excita.
Tudo muda completamente a partir do final do episódio sete. Uma grande e chocante revelação abre caminho pra uma série de episódios repletos de boa ação e, agora sim, excelente drama. O caminho de loucura trilhado por Rick e Shane é muito bem explorado, as decisões moralmente discutíveis que todos têm que tomar são bem colocadas e planejadas, o suspense te prende satisfatoriamente.
Uma temporada irregular, portanto, mas não ruim e com muitas oportunidades de melhora.
A Anatomia de Grey (2ª Temporada)
4.5 440 Assista AgoraA primeira temporada tem apenas nove episódios, o que é inusitado para uma série de tv americana. A segunda tem 27, o que também é inusitado. Acho que é seguro juntar ambas as temporadas e imaginar como uma grande e intrincada etapa na vida desses personagens. Eles começam de um jeito, suas personalidades são testadas e desconstruídas, deixando-os no final com dúvidas acerca de sua identidade, seus propósitos e prioridades.
A segunda temporada expande o universo pessoal dessas figuras, traz momentos emocionantes, algum suspense e muitas lágrimas. Lágrimas pra eles, lágrimas pra nós. Conflitos morais da melhor qualidade, sem amenizar nem facilitar. Os personagens de Grey's são muito humanos. Nem sempre torcer por eles é a coisa mais fácil, pois enfrentam dilemas humanos e tomam decisões erradas. Decisões que afetam outros, inocentes acabam pagando. Tudo surpreende, você fica preso a cada cena, nada é o que parece, os twists and turns não são telegrafados com antecedência. Um drama de qualidade, um roteiro bem escrito e bem executado. Uma etapa se fecha e te deixa ansioso pela próxima.
Diário de um Jovem Médico (1ª Temporada)
3.9 139Essa minissérie elevou "Humor negro" a um novo nível. Nunca o humor foi tão melancólico e o drama foi tão denso, num mesmo pacote. O esquema de cores, a fotografia, as paisagens sempre envoltas na nevasca, tudo é sufocante e desesperador. Daniel Radcliffe está ótimo, cada vez mais saindo da concha e se tornando um ator muito excitante de se acompanhar. Jon Hamm muito bom como sempre e a química entre os dois está perfeita. Possui momentos genuinamente nojentos e chocantes, desperta muitas emoções conflitantes e termina cedo demais. Podia ter rolado pelo menos oito episódios, espero que renovem para um segundo ano.
Esquadrão Cinco Estrelas Dairanger
4.1 8Dairanger foi uma surpresa. Você começa a ver um tokusatsu esperando se divertir, mas sempre é uma delícia quando ele ultrapassa suas expectativas. São 50 episódios e quando ele não é muito bom o sofrimento pra terminar logo é grande; quando ele é bom, obviamente, você vê tudo com pena de acabar. Dairanger é assim.
Os personagens são bons e carismáticos, mas não são explorados ao máximo. Não sabemos muito de sua origem, suas motivações são superficiais e nem sabemos seus sobrenomes. O forte da série reside na parte visual e no drama maior envolvendo os vilões da tribo Gouma e seus inimigos descendentes da tribo Dai, os Dairangers, liderados pelo ótimo Doushi Kaku. Esse personagem é tão bom que transforma o arco final da série no mais emocionante que já vi em super sentai.
Deve-se aplaudir também a estrutura da série, que quase não dá espaço pra fillers. Todo tokusatsu de 50 episódios é recheado de tramas auto-contidas, isso é normal e esperado. Mas Dairanger divide muito bem o seu tempo, desenvolve vilões centrais muito bons, além do Kibaranger com sua trágica jornada: tudo isso ocupa muitos episodios e quando você recapitula a série na mente, vê que é uma das mais bem amarradas entre os Tokusatsus.
Outro ponto forte é a parte visual. Os uniformes são muito bonitos, os mechas são fortes, as sequências de ação são muito bem coreografadas; o tema da série mexe com mitologia chinesa e artes marciais, e a ação traduz muito bem as habilidades dos protagonistas. Tudo remete muito a filmes de ação clássicos de Hong Kong, e os gritos de guerra e poses da equipe estão entre os mais legais e icônicos.
Dairanger arrasou. Ah, não podemos esquecer da abertura, seu tema é meu favorito ever. Tive que rever o episódio tributo de Gokaiger e dessa vez me emocionei muito mais.
A Anatomia de Grey (1ª Temporada)
4.5 502 Assista AgoraFinalmente, atrasado com o restante do universo, cá estou eu vendo Grey's Anatomy. A primeira temporada foi um mid season replacement, por isso a pouca quantidade de episódios, apenas 9, dos vinte e poucos habituais nos EUA. Isso acabou servindo positivamente à trama, já que funciona como um filme grandinho: você conhece os personagens, se importa com eles, estabelece seus arcos principais e descobre mais ou menos como aquele seriado irá prosseguir dali em diante. Gostei do clima bem humorado que se dissolve em tensão e lágrimas, gostei dos personagens e de sua interação. Mexe com muitas emoções e anima pra ver o resto.
Esquadrão Homens-Pássaros Jetman
4.4 22Jetman é memorável pelos seus personagens. Eu não sou particularmente fã dos uniformes ou dos mechas dessa série, mas eu amo de paixão os personagens. É como se fosse uma soap opera do mundo dos sentais, muito focada no triângulo (ou quarteto) amoroso dentro da equipe. Os personagens são profundos e a relação entre eles muda e evolui, sempre bom quando isso acontece em tokusatsus. As séries mais memoráveis têm os melhores indivíduos.
Os Vyram também são melhores do que os típicos vilões, não só conceitualmente mas também na forma como são executados. A interação entre eles é imprevisível e curiosa, e como resultado, nós quase nunca podemos prever como serão derrotados.
Todos amam Jetman e isso tem um motivo, muito claro. Quem assiste sabe.
Kamen Rider W
4.2 6Esse Rider foi muito melhor do que eu esperava. Não sei pq, não pensava que fosse se tornar um dos meus favoritos. Mas o conceito bem elaborado, o design incrível do uniforme, os personagens carismáticos, a interação entre esses personagens e entre os vilões, tudo foi inesperado e intrigante. As cenas de ação são muito boas, embora n role muito wire fu, e todo o universo é apaixonante.
Kamen Rider Decade
3.3 8Valeu a intenção, mas o roteiro foi uma bagunça. A série permanece cheia de perguntas abertas até os dias de hoje, e eles tentam investir nesse aspecto dentro dos novos filmes. Triste que Decade seja uma série tão falha e ainda assim represente os heisei riders e seja uma figura tão importante nos crossovers que a Toei produz. Tsukasa é o menos carismático de todos os riders, Diend não faz sentido.
Kamen Rider Decade possui seus momentos, mas o todo saiu prejudicado.
Kamen Rider Kuuga
3.9 8Ótimo retorno para Kamen Rider. A série tem até hoje as melhores cenas de "wire-bike-fu" de todo Heisei, e o grupo de vilões mais interessante, não tanto pelo visual, mas por suas motivações e modus operandi.
É dramática, densa, possui seu lado mais tranquilo na figura do amável protagonista, e o final é impactante.