Eu demorei pra ver essa série, mas se soubesse há mais tempo que era do Kevin Williamson eu teria me apressado. Eu sou fã de praticamente tudo o que esse cara faz, ainda que a priori eu nem sempre seja seu público alvo. O cara tem a facilidade de se comunicar com todos, focando num determinado público mas entregando elementos que agradam a outros. O profissional ideal pra trabalhar na tv aberta americana. Com The Following não é diferente. Ele consegue criar um thriller não muito intrincado e complexo, bem linear e acessível, mas ainda assim inteligente e intrigante o bastante pra prender telespectadores com níveis de exigência diversos. Além disso eles acertaram em cheio chamando o Kevin Bacon. O cara tem gravitas, consegue tornar interessante um tipo até um pouco genérico demais: o velho e bom policial perturbado, que está afastado da carreira e consegue a chance de se redimir. A série tem seus altos e baixos. Como a morte é um elemento muito presente na narrativa, além do gore exagerado, muitas vezes é desafiador pros roteiristas entregar momentos realmente chocantes. No fim das contas você precisa se sentir mal com a mortes e não torcer por elas, que é o que acontece em Premonição ou Jogos Mortais por exemplo. Na maior parte do tempo eles conseguem realizar essa missão a contento. Os vilões aqui não são aqueles charmosos e glamurosos que você ama odiar. Eles são patéticos, odiosos e dá muita revolta observá-los destruindo tantas vidas inocentes. E por isso mesmo que entregar um fim emocionalmente satisfatório é tarefa principal dessa série. Esses vilões precisam ser punidos. Nós não queremos nada dúbio ou até mesmo positivo pra eles. Queremos vingança. Nessa hora, porém, entra a obrigação que a série tem de plantar sementes que a faça durar por muitas temporadas. No final, não temos o resultado exatamente esperado, mas sim um final perturbador e misterioso, que combinaria mais se os vilões fossem mais anti-heróicos do que propriamente detestáveis. Muito do drama envolvendo aquele trio principal de vilões acaba soando como filler barato, já que a série parece esperar que nos importemos de vdd com suas vidas, quando na verdade queremos apenas sua punição imediata. Espero que a segunda temporada equilibre melhor esses elementos. No geral a série foi uma aposta surpreendente da tv americana, entregou uma trama intrigante e imprevisível, sem ser excessivamente complicada. Tomara que mantenha a qualidade.
Pode dar 11 estrelas? Filmow, you Bitch Muito chato quando a série é modinha e calha de ser boa de vdd. Aí você tem que deixar seu lado hipster de lado e se unir à multidão. Mesmo que metade do público não saiba reconhecer de fato como Breaking Bad foi interessante. Uma série que se manteve enxutinha em seus cinco anos, contando uma história coesa e a saga pessoal de um personagem multifacetado e fascinante. Muito interessante em vários aspectos, a série trouxe em seu último ano momentos verdadeiramente chocantes, emocionou e excitou. Terminou do jeito certo e na hora certa. Queria mais, claro, mas é melhor terminar em alta do que trair suas próprias regras, esticando além da conta. Vai demorar até outra série tão interessante chegar nas telas americanas.
Infelizmente Dexter decaiu muito durante os anos após a melhor temporada de todas, a quarta. Mudança de equipe criativa, pessoas que não tomaram as melhores decisões do mundo com relação aos personagens. Acho que a série deveria ter mudado totalmente, ao invés de tentar repetir a fórmula de seus primeiros anos. Acabou se tornando uma fanfic de si mesma. Como se fosse escrita por pessoas que são fãs, são bem intencionadas. conhecem aquele universo, mas não conseguem injetar o gás necessário. Tudo foi meio fora do ponto. Ou exagerado demais, ou morno demais. Personagens agindo de formas estranhas. A coisa toda da Deb e do Dexter que não funcionou nem um pouco. Claro que também tivemos bons momentos, misturados na bagunça. Essa última temporada começou boa, devo dizer. Gostei dos conceitos, gostei da forma que resolveram mostrar a Deb e etc. Aos poucos, porém, a série foi se entregando a storylines não tão boas. A relação do Dex com aquela menina é super forçada e estranha e a série parece querer que torçamos por eles. Podiam trazer a Lumen de volta, pelo menos ela era uma personagem menos fantasiosa. Apesar de ser a última temporada, em nenhum momento sentimos aquele tom grandioso de gran finale, algum desafio pessoal último para o Dexter. A série resolve apenas seguir a velha fórmula de vilão da temporada e nesse caso o mais sem graça de todos. O cara dá as caras apenas no final e seu personagem não é ninguém, não tem carisma. Sabemos que ele é muitas coisas e significa muitas coisas pq nos dizem isso, mas nós não vemos nada. Ele é só um figurante de luxo que ganha a honra de capturar a atenção do Dexter justo em seus momentos finais. Soa como desperdício. Dito isso, eu até curti a decisão de terminar de forma ligeiramente aberta. perturbadora até. Na vdd essa teria sido uma temporada boazinha de Dexter seu final me deixaria extremamente animado pelo ano seguinte. Injetaria a dose de mudança que a série já necessitava há anos. Mudança de cenário, de elenco de apoio, sacudida geral. Infelizmente é a última e como tal, a temporada não é satisfatória emocionalmente. É intrigante mas nos deixa querendo mais, não no bom sentido. Precisamos de retorno emocional e seria bem legal um último ano oficial de Dexter.
Comédia gostosinha e tranquila, nada muito genial mas também nada derivativo demais. Legal ver um ator gringo que tá num ponto alto de carreira se envolvendo numa série britânica, da BBC3 ainda. Projeto pequeno mas que engrandece por causa dessas peculiaridades. Dei boas risadas, curti os atores e sempre adorei o trabalho do Andy Samberg. Tudo é redondinho e satisfatório. A única pena é que não se sabe até agora o que acontecerá com o futuro da série. Uma segunda temp foi comissionada pela BBC, no começo do ano, mas estamos no final de 2013 e até agora nada. Samberg tá estreando uma série na gringa, então não sei o que o futuro reserva pra Cuckooo. O final é maneiro, fechou aquele primeiro arco muito bem, mas seis episódios só é pouco, eu quero ver muito mais desse pessoal.
Os dois primeiros episódios são geniais e já mostram a que essa temporada veio. Nancy Botwin poderia ter sofrido aquilo mas prometo não mais comparar com Weeds ( e já comparando de novo, BB é ótimo pros órfãos de Weeds, como eu ). A série aprofunda mais em alguns personagens, principalmente o Pinkman que se estabelece não só como uma figura agradável ainda que perturbada, mas também como complemento indispensável pra Walt. Toda a sua trajetória final é muito triste e você sofre por ele, graças ao trabalho incrível daquele ator. Hank também cresce bastante, aos poucos se estabelecendo como antagonista de Walt e um à altura. A série não tenta "idiotizá-lo" para que possamos odiar o cara. Ele tem qualidades e dá pra torcer genuinamente por ele. BB distorce nossa percepção de certo, errado, moral e imoral. Você entende as motivações dos personagens, não importa de qual lado do espectro eles estejam e pode tomar o partido de quase todos. Isso é graças ao excelente roteiro. A trajetória principal de Walt também é estabelecida aqui: estamos acompanhando um everyday man se tornar um senhor das drogas. Adoro um bom arco pensado a longo prazo e esse é um dos melhores que já vi. O final, por outro lado, é idiota. Eles dão um flashforward desde o episódio 1 e no fim das contas é só um acontecimento absurdo e isolado, que nada tem a ver com nada. Mas não tira o brilho do resto, lógico.
O começo da série é meio lento mas nem por isso desinteressante. Os atores são bons o bastante, o texto intriga o suficiente pra você querer continuar acompanhando. Aos poucos você entende qual é a trama da temporada, a jornada daqueles personagens e num instante não pode mais esperar pelo episódio seguinte. Comparações com Weeds à parte, você acaba a temporada querendo sair por aí produzindo drogas. Acho que não é muito bom admitir isso,mas é uma prova do quão real o mundo dessa série é. Divertido, chocante, engraçado e intrigante.
O segundo ano de Misfits continua forte, amplia a história de formas surpreendentes, apresenta conceitos muito bons de sci fi e mantem o drama humano como centro da narrativa. Os personagens desenvolvem e evoluem sem perder as suas características mais marcantes e todos os elementos novos aparecem com naturalidade, nada é forçado ou desesperado. É tudo parte de um mesmo universo coeso, os mesmos temas com múltiplas variações. Trabalho sólido e de qualidade. Adoro o Nathan, mas se tiver que fazer uma crítica negativa a essa temporada, eu diria que ela dá muito espaço ao personagem dele. Nada que atrapalhe, lógico. A série consegue mexer com várias emoções diferentes e equilibrar comédia com drama é bem difícil. Eles conseguem fazer isso com muita competência.
Demorei pra chegar nesse negócio mas finalmente assisti. E não sei pq diabos levei tanto tempo. É skins com superpoderes, o que poderia dar errado? Você tem comédia escrachada mas os arquétipos são tão reais e os dramas tão ressonantes que mesmo essa comédia acaba se tornando realista. É a zoeira nossa de cada dia. Como os poderes ficam em segundo plano, adicionando uma camada extra de interesse aos dramas humanos, você tem uma série que agrada em vários níveis e pode alcançar vários públicos. O bom de ser do channel 4, é que a hipocrisia é zero. Você tem um mundo que vive, respira, vibra. As pessoas são tridimensionais, possuem moral duvidosa, falam palavrão. É tão bom ver essas coisas, quando estamos acostumados com séries mais politicamente corretas, cheias de mimimi, que precisam agradar a tanta gente e se encaixar em tantos padrões. Misfits é algo único e só poderia existir na inglaterra. Ótimos atores, por sinal.
Se tem uma coisa que Veena Sud pode ser chamada é de teimosa. Eu achei que depois do cancelamento e retorno de The Killing, ela criaria algo mais dinâmico pra atrair as massas perdidas. Só que ela se manteve fiel ao seu estilo, criando uma trama de novo bem lenta, bem deprimente, que leva tempo pra cozinhar suas idéias. Isso é ruim? Pra mim não, a temporada é muito boa. Mas matou a série de novo. Cancelada e ainda sem um final, já que a série acaba com um cliffhanger. Uma pena, uma lástima. Espero que a netflix banque sozinha um quarto ano. Depende da resposta do público online. Mas falemos da temporada em si. Dessa vez temos uma trama totalmente original, independente da segunda e terceira temporada de Forbrydelsen. É uma história que dá agonia, deprime e emociona. Chorei em alguns episódios. Eles consegue te levar pra aquele mundo, te absorver na investigação. Essa é a missão de qualquer obra de ficção e eles conseguem alcançar o efeito. Destaque pra atuação do prisioneiro e da Bullet, lógico, nossa pequena lesbo/Lisbeth Salander. A história dela é bem contada, bem atuada e de cortar o coração. A investigação em si poderia ter sido mais complexa. Senti falta de mais camadas envolvendo o mistério principal, mais suspeitos, uma rede mais intrincada assim como acontece na série original. É tudo bem linear e funciona como drama humano, mas ainda estamos falando de uma série policial. A gente ainda quer ver certos elementos presentes. O suspeito final foi surpreendente pra mim, mas só por ter certeza de outra pessoa desde o começo. Acabei não considerando os demais suspeitos. Foi impactante de todo modo, assim como aquele final. Final esse que espero um dia possamos ver como continua. O carisma dos personagens é absurdo, parabéns aos atores. A gente se importa com eles e segue eles pra todos os lados, mesmo nos episódios mais enrolados. Que volte The Killing.
Portlandia ainda é uma das comédias mais geniais da tv americana. Suas criticas ainda são inteligentes, sua acidez ainda é pontual. Os segmentos são criativos, dinâmicos, sempre surpreendem. Essa temporada investiu em storylines mais amplas pra alguns personagens e funcionou bem, deu espaço para que algumas idéias se desenvolvessem melhor. Você fica sempre curioso pra checar o que vem depois, nunca cai na mesmice. É um desafio pra eles, pois manter a qualidade de um formato assim deve ser complicado. Eles ainda não decepcionaram.
Essa sexta temporada veio com duas grandes responsabilidades. A primeira era continuar o mesmo padrão da quinta, que foi absolutamente insana, repleta de ação, impactante e cheia de suspense. A melhor até então. A segunda responsabilidade era cumprir a primeira sem o comando do Allan Ball. Toda série que possui muita influência de seu showrunner costuma sofrer um pouco quando ele sai e quem sofre mais ainda é o telespectador. Mas felizmente True Blood é maior do que apenas uma pessoa e a série cumpriu suas promessas. A temporada continuou sendo surpreendente e agitada, sexy e violenta, bizarra e impactante. Tudo aquilo que vai te chocar, fascinar e constranger é jogado em sua cara através de personagens sempre fascinantes, tridimensionais e imprevisíveis. Você assiste o episódio com curiosidade, espera pelo próximo com curiosidade e quase sempre a expectativa é paga com juros e correção monetária. Nem tudo foi perfeito, claro. A trama dos lobisomens continua sendo a mais chata e inútil, filler puro e Alcide não é um personagens dos mais interessantes. Só serve pra mostrar a bunda mesmo. Sam é um ótimo cara mas precisa muito ser "resgatado". Precisa de tramas mais interessantes, quem sabe se aproximar novamente da Sookie. Algo me diz que ano que vem isso será feito, o personagem dele já termina com um novo e instigante caminho sendo traçado. A coisa toda do Terry me pareceu meio forçada também, meio precipitada e só se justifica se realmente causar algum impacto realmente interessante nos personagens que convivem com ele. Nessa temporada a gente ainda não viu a justificativa, mas talvez ela esteja sendo guardada pra próxima e por enquanto guardo meu julgamento. Warlow foi incrível, um conceito novo de personagem, um twist criativo pra um ótimo vilão. Niall também foi uma ótima adição ao elenco. Essa temporada foi mais curta e as tramas mais interligadas. Passou como uma única trama, um filme praticamente, dividido em dez episódios. Foi interessante pelo que é, mas sabemos que eventualmente a série vai precisar voltar às origens e tenho medo da reação dos fãs haters. Quem gostou do clima dessa temporada talvez diga que a série ficou mais "lenta", embora isso seja inevitável e até positivo. Quem não gostou nem sabe pq não gostou e não vai gostar de qualquer jeito. Ainda bem que a audiência da série não é medida por opinião de internet e provavelmente ainda teremos muito true blood pela frente. Sookie precisa engordar um pouquinho, aliás.
Falling Skies, desde sua primeira temporada, é uma série básica, que não traz nada muito inovador, bem derivativa, mas que possui um certo carisma, bons personagens e uma produção bacana que acaba gerando uma boa dose de diversão. Por isso eu sigo assistindo. Ela te deixa curioso pra ver o que será inventado em seguida, qual a próxima etapa na jornada dessas pessoas. A terceira temporada segue fazendo a mesma coisa, seguindo a cartilha e isso não é ruim. Você espera algo e esse algo é entregue. Não surpreende pro bem mas tampouco pro mal. É diversão garantida. Dito isto, confesso que achei o final meio sossegado demais, quando comparado aos finales anteriores. Merecia algo mais chocante ou perturbador. Foi curioso mas poderia ter sido mais impactante. Os efeitos melhoraram bastante, as tramas principais foram bem construídas e a trama foi bem planejada. Esperando ansioso o quarto ano e torcendo para que mantenha o clima.
Muito feliz com essa temporada. Quero dizer, ela é tremendamente deprimente. Seu início me deixou muito perturbado e eu chorei ao final de cada episódio. Por isso mesmo fiquei "feliz". Poucas séries duram nove temporadas e ainda permanecem relevantes o bastante pra te emocionar sem forçar a barra tanto assim. Fiquei com medo de que o final da temporada anterior não fosse servir pra nada, fosse apenas uma tentativa fútil de causar um impacto grande no telespectador. Que bom que eu estava enganado. As ondas de choque daquele acontecimento alcançaram a temporada como um todo, injetaram vida nova na trama e deram um novo gás pra série. A gente ainda está acompanhando a jornada desses personagens, ainda está torcendo e sofrendo por eles, ainda queremos ver como tudo vai se desenvolver. Não senti nada jogado ou puramente filler esse ano. Tudo foi redondinho e encaixou bem com o plano central. Terminei a temporada satisfeito como há muito não ficava. Não sei ainda quanto fôlego Grey's ainda tem, mas eles estão se mantendo no ar com dignidade e isso é o mais importante.
Não é à toa que essa série bombou. Muito boa em todos os sentidos, há tempos que não pegava um drama tão interessante e multifacetado como esse. Me lembra alguns clássicos que fizeram minha alegria em anos passados. E olha que nem sou fã de música country e agora cá estou eu ouvindo a trilha sonora. Muito legal que os próprios atores interpretem as canções. Tudo bem que Connie Britton não tem uma extensão vocal muito boa e às vezes fica difícil acreditar que é a rainha do country, mas ela é tão carismática e competente na parte dramática de seu personagem que nós perdoamos o resto. Hayden Panettiere tá incrível e sua personagem tem tantas camadas! Poderia facilmente se resumir ao velho clichê da pobre menina rica, a cantora bitch que enche o saco geral, mas ela tem muito mais coisa ali por trás. O que essa menina faz com seus olhos, em certas cenas, é incrível. Muitos sentimentos conflitantes e você consegue pescar cada um deles. Ela é nojenta com seus personagens favoritos e você ainda torce pela garota, now THAT'S something. Poderia falar de cada personagem e dar parabéns pra cada ator, pois todos funcionam muito bem. Vou só dar destaque pras meninas, filhas da Rayna. Eu tava achando que não eram suas vozes reais ali, mas são mesmo. As meninas são um duo já profissional e tem vídeos delas no youtube. Muito talentosas também como atrizes. No geral a série te dá muita música, drama de qualidade, climão novelesco no bom sentido, um pouquinho de como deve ser os bastidores da indústria country e muitas boas reviravoltas. Não largou a peteca até o fim e eu quero a segunda temporada pra ontem. Não consigo pensar em nada que eu tenha feito diferente e isso sempre é um bom sinal.
Depois de alguns anos uma série se estabelece confortavelmente em seu status e não tem mais a necessidade de cumprir todo o checklist de coisas que deram certo em anos prévios. Eles podem arriscar e balancear toda uma temporada mais agitada com uma mais calma. Eles podem ousar mais e dar espaço para que determinados personagens respirem um pouco, ou que a própria trama não se torne muito surreal com uma onda ininterrupta de acontecimentos grandiosos demais. Metade do impacto provocado por um grande acontecimento, é a sua imprevisibilidade. Se acontece demais, fica banal, vira a fórmula e você deixa a conexão emocional de lado. Não soa mais como vida real. Digo isso tudo pra justificar essa temporada que muitos acusam de ser muito parada, antes do explosivo finale. Aquele finale não teria sido tão impactante se não tivéssemos episódios mais calmos antes, focados em dramas mais pessoais, e se não viesse de forma repentina. Foi brutal e foi real, como vários dos acontecimentos mais memoráveis em Grey's. Num primeiro momento eu fiquei preocupado, claro. Existe uma linha tênue separando o drama que serve pra mudar as coisas, afetar personagens, que espalha ondas de choque que servem pra avançar a história, e o drama que está ali como exploitation, só pra mexer o que estava meio parado. Eu já comecei a nona temporada, e agora sei que aquele acontecimento tem sim um significado maior e é necessário, mas quando você foca apenas na temporada, a preocupação surge e é legítima. Não diminui, no entanto, o impacto de tudo e a brutalidade da morte de personagens queridos. Faz tempo que Grey's nos proporciona esse choque de realidade. Aquela pessoa que está saudável e que tem todo um futuro pela frente, está ali diante de nós num momento e no outro não está mais. Isso é vida real e ficamos revoltados, sim. Não é legal de se ver, é doloroso. Aí nossa tendência e criticar a série, da mesma forma que criticaríamos a vida se fosse um acontecimento real. Nessas horas devemos analisar o que está acontecendo sob o seguinte prisma: cá estou eu, com todos os sentimentos embaralhados, por causa de uma série de tv. Porra, Grey's continua sendo competente em todos os níveis pra que, 8 anos depois, eu ainda esteja acreditando que aquilo ali está acontecendo com pessoas de verdade. No mais, a temporada em si foi sólida. Destaque como sempre pra Cristina e todo o dilema envolvendo sua gravidez e os problemas com Owen. É um dilema interessante, te faz pensar e ainda assim gera bom entretenimento, não fica didático. Roteiristas de telenovelas brasileiras deveriam aprender essa lição. Adoro a Teddy, e queria uma trama menos enjoadinha pra ela. Soou como café requentado, uma espécie de remake menos emocionante da Izzie com o Denny. Foi diferente, mas um pouco previsível e a personagem merecia muitíssimo mais. Grey's evolui e não tem medo de fazer isso. Goste ou não de certas decisões que os produtores fazem, você precisa reconhecer a coragem. E que ainda dure muitos anos com essa tática.
Surpreendido positivamente por Hannibal. Estava cheio de reservas, obviamente. É um personagem ótimo, eternizado por Anthony Hopkins e era impossível não encarar um projeto televisivo sem o menor traço de preconceito. Que bom que a série é foda. Mads Mikkelsen tá dando um show, fazendo um personagem totalmente diferente mas tão fascinante quanto. Legal que a série deixa ele no plano de fundo, dando destaque pro Will Graham, que nessa interpretação se tornou um personagem super complexo, completamente doido e eu já falei mil vezes: AMO protagonistas malucos, autistas, esquizos, you name it. A série é tensa, densa, está sempre mergulhada num suspense intenso, com sua trilha sonora que oprime e as situações grotescas. Eu achava, no começo, que a série funcionaria melhor como uma trama única, sem o elemento do "Monstro da semana". Quando percebi que na verdade eles estavam misturando os dois estilos, comecei a achar até mais interessante. Ainda penso que a série se daria melhor na tv a cabo, com os números que consegue de audiência, garantiria vida longa e próspera. Na aberta, foi a última a conseguir renovação e duvido muito que dure muitos anos. Espero que alguma emissora paga compre a série e que ela tenha uma sobrevida, já que existe muita coisa pra ser contada ainda. Fascinante.
Achei essa temporada um bom complemento pra primeira, expande e desenvolve melhor certos temas e dá pra Wilfred mais coisas de cachorro pra fazer. Isso não é propriamente ruim, mas certas gags mais físicas acabam ficando meio bobinhas. Eu prefiro quando a série mergulha fundo no humor negro e nas coisas mais assustadoras e os episódios dedicados a isso nessa segunda temporada são ótimos. Todos os atores continuam arrasando, a série não perde o fôlego, adorei a participação da eterna Chloe (morto de saudades dessa atriz) Elijah Wood continua fazendo um protagonista adorável, ainda que seja uma pessoa muitas vezes desprezível e o Wilfred é demais. Série como essa não tem.
Pode-se dizer que a BBC produziu essa série como resposta a Downton Abbey e é verdade. Mas também é verdade que Downton Abbey só existe por causa do caminho pavimentado pela versão original de Upstairs Downstairs. Caso engraçado de influência cíclica. A série infelizmente é curta, apenas três episódios e poderia muito bem durar 13. Muito bem produzida, a fotografia é linda, a reconstrução de época impecável, o charme da aristocracia inglesa garantindo muita diversão. A narrativa te conduz de forma delicada e precisa por um momento histórico real do povo inglês, sem nunca ficar chato ou expositivo. Uma delícia de assistir.
Clássico, comecei a ver por causa da fama que essa série tem e gostei do que vi. Muito diferente do que eu esperava e do que outras coisas que já tenha visto na tv. Comparações com Guia do Mochileiro das Galáxias não são tão injustas, não por se assemelhar tanto assim, mas pq comédia sci fi é algo difícil de ser produzido. Os personagens são interessantes, bons arquétipos que funcionam bem em conjunto. Apesar de focar na comédia, a série não deixa de lado bons conceitos de sci fi, surpreendendo o telespectador, já que não exigiríamos algo tão bem pensado assim. Dessa forma, ela não só diverte como atiça a curiosidade. A musica tema é ótima, viciei nela e acho o modelo da nave muito charmoso. Por ser uma série da BBC da década de 80, os valores de produção são baixos. Em compensação, tudo ganha um ar teatral muito interessante, Eles conseguem driblar bem as limitações técnicas e, tirando um momento ou outro de vergonha alheia nos efeitos, entregam uma obra sólida em vários níveis.
Inicialmente eu quis ver essa série por causa do David Tennant e da premissa policial. Um belo whodunnit pra animar minha vida. Logo que comecei a ver, no entanto, percebi que a série não era exatamente um whodunnit tradicional, mas um drama humano que brinca com os tropes do gênero. Resisti à tentação de comparar com The Killing, embora as semelhanças estejam lá e resolvi descobrir aos poucos a identidade própria desse universo e desses personagens. A série fica melhor a cada capítulo. Aos poucos você está envolvido com cada personagem, com cada pedaço da cidade. Eles sabem valorizar bem o silêncio, a contemplação, tudo pontuado com elegantes sequências em câmera lenta. A série é embalada por uma trilha que incomoda, intriga, perturba. Você fica fissurado destrinchando cada capítulo, pulando de surpresa a cada reviravolta. A atuação de Tennant estranhou, pra mim, no comecinho. Nunca o vi fazendo um tipo assim, clássico policial deprimido, cuja vida foi destruída por sua profissão. Mas seu absurdo talento e o bom roteiro produziram a credibilidade necessária e você já está totalmente fisgado pelo personagem, quando chega o final. Olivia Colman fez uma interpretação intensa que merece muitos prêmios. Sua performance no episódio final é simplesmente genial. Arthur Darvill também dá as caras, seu personagem é ótimo mas significa mais pra quem já tá sentindo falta de sua participação em Doctor Who. Muita gente criticou o final, como sendo simples demais. Eu confesso que no momento em que aconteciam as revelações eu pensava que ainda descobriríamos mais coisas, que nada era simplesmente aquilo. Mas era só aquilo. Isso é ruim? Não é, já que o final é coerente e ajuda a encerrar o arco dramático de vários personagens. É o final que essa série precisava. O problema é que pelo meio ela deixa um pouco de lado a parte humana e se dedica muito ao suspense policial. Você se pega acompanhando a investigação e suspeitando de pessoas, esquecendo que esse não é o foco principal. Acho que a série poderia ter entregue um final mais intrincado e não despistado tanto o telespectador em seus episódios centrais, mas não consigo usar isso como um grande argumento negativo. A série é boa por tantas coisas, que o final é apenas um detalhe. A fotografia é belíssima e isso por si só já merece a sua atenção. A trama não é exagerada, não usa coincidências absurdas nem trapaceia pra gerar o suspense. É coerente em sua proposta, do começo ao fim, ainda que sua expectativa possa ir em outra direção. Chris Chibnall de parabéns. Broadchurch 2 venha logo.
Há muito tempo uma comédia não me fazia rir tanto, em voz alta. Eu não sabia de antemão que seria uma sitcom, com risadinhas no fundo e tal e assim que ouvi os primeiros "ha-ha-ha's" eu torci o nariz, confesso. Sempre prefiro comédias single cam a sitcons multi cam tradicionais, mas tive que me render. O texto é absurdamente inteligente, como um chicote soltando as mais inspiradas falas, todas elas com potencial de quote eterno na internet. A atuação do grande elenco ("Grande" até demais, olha o nível desses nomes) é charmosa e vibrante, e é claro que ser inglês ajuda e muito nesse sabor exótico. A premissa em si é super criativa e inusitada e é claro que atrai muita gente só pra ver isso de perto. Mas ela excede a própria trama central, fazendo uma deliciosa história sobre relacionamentos, amizade, amor e o tempo que não perdoa, independente de sexualidade ou classe social. O casal principal poderia ser hetero, já vimos a dinâmica do casal de que ama e se odeia muitas vezes. Mas o que segura aqui é o ótimo texto, as excelentes atuações e o imenso carisma de todo o elenco.
Dificilmente você vê uma produção americana televisiva que seja 100% humor negro, sem pudores e sem medo de desafiar a sua percepção acerca de certo e errado. Mesmo os mais famosos anti-heróis acabam caindo no piegas aqui e ali em suas jornadas, sempre acontece algo pra que se passem por bonzinhos tradicionais. Wilfred não é assim. Primeiramente, é uma produção de tv a cabo, então tem mais liberdades naturalmente. Em segundo lugar, é a versão de uma série australiana (me permito supor que a versão original deva ser ainda mais desafiadora) e eles mantêm no elenco o co-criador da série e ator original a interpretar o Wilfred. Por isso que no fim das contas acaba saindo uma produção que soa tão diferente do que nós estamos acostumados a ver. Todas as situações são inspiradas e interessantes, Elijah Wood convence a cada segundo na pele de seu personagem e Wilfred é obviamente genial com todas as suas tiradas e gags físicas muito boas. Trazendo questões filosóficas profundas por trás de situações cômicas das mais imbecis, Wilfred acaba se tornando uma comédia com muitos níveis de entendimento e que pode potencialmente agradar a muitos públicos. Adoro obras completas assim.
Eu adoro Chris Hardwick, acho que ele é uma verdadeira inspiração pro mundo nerd, cara que conseguiu literalmente transformar seu hobby numa profissão e num micro-império online e de uma forma que seja merecedora dos resultados. Não é uma questão de sorte dentro de um nicho de público que exige pouco dos seus geradores de conteúdo. Ele tá falando com todo mundo e com muita gente inteligente no meio que não teria dado sucesso pro cara se ele não provasse ser realmente bom no que faz. Ele é viciado em cultura pop, ele assiste de tudo, ele conhece os mais poderosos nomes da indústria, produz um podcast muito interessante, variado e informativo, e agora faz esse talk show que é um dos mais divertidos nos EUA. Essa temporada trouxe muitos convidados maneiros, sketches de humor que são engraçadinhas até quando não conseguem cumprir totalmente o que prometeram e comediantes alternativos que você não vê tão facilmente no ar. Definitivamente precisava de mais episódios e eu já espero ansioso pela próxima temporada.
O maior problema de Game of Thrones é o excesso de reverência para com o material original. Uma adaptação audiovisual segue regras totalmente diferentes de outras mídias e é por isso que mudanças precisam ser feitas, pra garantir que a história será contada com integridade, mantendo também uma boa estrutura narrativa, um bom ritmo e coisas assim. A história original já é bem longa e arrastada, muita coisa ali não precisaria existir e é um reflexo da vontade do autor de não contar uma história simplesmente, mas de construir um universo. Isso não é necessariamente ruim, embora eu ache que a vida seja muito curta pra você ceder aos caprichos de George R.R.Martin. HBO fazia um bom trabalho adaptando a obra, cortando as gorduras e enchendo com fillers pontuais que ajudavam na hora que não cair na repetição. Parece que eles esqueceram um pouco disso na terceira temporada. A série foi bem parada, quase nada aconteceu de relevante com os personagens. O pouco que aconteceu foi ótimo e grandioso, momentos icônicos e tal mas até chegar a esses momentos, foram só cenas intermináveis de pessoas andando pra cima e pra baixo e tendo diálogos que nada acrescentavam a ninguém. Acho que o formato ideal seria o de um episódio por personagem, assim como no livro temos um cap pra cada um. Dessa forma talvez a série ficasse mais dinâmica e as coisas mais relevantes pudessem ser reunidas num espaço menor de tempo, evitaria a morosidade que foi essa temporada. Mas divago: provavelmente eles não podem fazer isso por medo de esgotarem o material original antes que o Martin lance mais livros. Acaba ficando uma obra irregular no ritmo mas muito bonita na produção. E é essa produção, juntamente com os atores incríveis que seguram a minha audiência. Espero que eles não tenham medo de correr um pouco com certas coisas e façam algo mais equilibrado, como era no comecinho.
The Following (1ª Temporada)
4.0 946Eu demorei pra ver essa série, mas se soubesse há mais tempo que era do Kevin Williamson eu teria me apressado. Eu sou fã de praticamente tudo o que esse cara faz, ainda que a priori eu nem sempre seja seu público alvo. O cara tem a facilidade de se comunicar com todos, focando num determinado público mas entregando elementos que agradam a outros. O profissional ideal pra trabalhar na tv aberta americana. Com The Following não é diferente. Ele consegue criar um thriller não muito intrincado e complexo, bem linear e acessível, mas ainda assim inteligente e intrigante o bastante pra prender telespectadores com níveis de exigência diversos. Além disso eles acertaram em cheio chamando o Kevin Bacon. O cara tem gravitas, consegue tornar interessante um tipo até um pouco genérico demais: o velho e bom policial perturbado, que está afastado da carreira e consegue a chance de se redimir.
A série tem seus altos e baixos. Como a morte é um elemento muito presente na narrativa, além do gore exagerado, muitas vezes é desafiador pros roteiristas entregar momentos realmente chocantes. No fim das contas você precisa se sentir mal com a mortes e não torcer por elas, que é o que acontece em Premonição ou Jogos Mortais por exemplo. Na maior parte do tempo eles conseguem realizar essa missão a contento.
Os vilões aqui não são aqueles charmosos e glamurosos que você ama odiar. Eles são patéticos, odiosos e dá muita revolta observá-los destruindo tantas vidas inocentes. E por isso mesmo que entregar um fim emocionalmente satisfatório é tarefa principal dessa série. Esses vilões precisam ser punidos. Nós não queremos nada dúbio ou até mesmo positivo pra eles. Queremos vingança. Nessa hora, porém, entra a obrigação que a série tem de plantar sementes que a faça durar por muitas temporadas. No final, não temos o resultado exatamente esperado, mas sim um final perturbador e misterioso, que combinaria mais se os vilões fossem mais anti-heróicos do que propriamente detestáveis.
Muito do drama envolvendo aquele trio principal de vilões acaba soando como filler barato, já que a série parece esperar que nos importemos de vdd com suas vidas, quando na verdade queremos apenas sua punição imediata. Espero que a segunda temporada equilibre melhor esses elementos.
No geral a série foi uma aposta surpreendente da tv americana, entregou uma trama intrigante e imprevisível, sem ser excessivamente complicada. Tomara que mantenha a qualidade.
Breaking Bad (5ª Temporada)
4.8 3,0K Assista AgoraPode dar 11 estrelas? Filmow, you Bitch
Muito chato quando a série é modinha e calha de ser boa de vdd. Aí você tem que deixar seu lado hipster de lado e se unir à multidão. Mesmo que metade do público não saiba reconhecer de fato como Breaking Bad foi interessante. Uma série que se manteve enxutinha em seus cinco anos, contando uma história coesa e a saga pessoal de um personagem multifacetado e fascinante. Muito interessante em vários aspectos, a série trouxe em seu último ano momentos verdadeiramente chocantes, emocionou e excitou. Terminou do jeito certo e na hora certa. Queria mais, claro, mas é melhor terminar em alta do que trair suas próprias regras, esticando além da conta.
Vai demorar até outra série tão interessante chegar nas telas americanas.
Dexter (8ª Temporada)
3.5 1,7K Assista AgoraInfelizmente Dexter decaiu muito durante os anos após a melhor temporada de todas, a quarta. Mudança de equipe criativa, pessoas que não tomaram as melhores decisões do mundo com relação aos personagens. Acho que a série deveria ter mudado totalmente, ao invés de tentar repetir a fórmula de seus primeiros anos. Acabou se tornando uma fanfic de si mesma. Como se fosse escrita por pessoas que são fãs, são bem intencionadas. conhecem aquele universo, mas não conseguem injetar o gás necessário. Tudo foi meio fora do ponto. Ou exagerado demais, ou morno demais. Personagens agindo de formas estranhas. A coisa toda da Deb e do Dexter que não funcionou nem um pouco.
Claro que também tivemos bons momentos, misturados na bagunça. Essa última temporada começou boa, devo dizer. Gostei dos conceitos, gostei da forma que resolveram mostrar a Deb e etc. Aos poucos, porém, a série foi se entregando a storylines não tão boas. A relação do Dex com aquela menina é super forçada e estranha e a série parece querer que torçamos por eles. Podiam trazer a Lumen de volta, pelo menos ela era uma personagem menos fantasiosa. Apesar de ser a última temporada, em nenhum momento sentimos aquele tom grandioso de gran finale, algum desafio pessoal último para o Dexter. A série resolve apenas seguir a velha fórmula de vilão da temporada e nesse caso o mais sem graça de todos. O cara dá as caras apenas no final e seu personagem não é ninguém, não tem carisma. Sabemos que ele é muitas coisas e significa muitas coisas pq nos dizem isso, mas nós não vemos nada. Ele é só um figurante de luxo que ganha a honra de capturar a atenção do Dexter justo em seus momentos finais. Soa como desperdício.
Dito isso, eu até curti a decisão de terminar de forma ligeiramente aberta. perturbadora até. Na vdd essa teria sido uma temporada boazinha de Dexter seu final me deixaria extremamente animado pelo ano seguinte. Injetaria a dose de mudança que a série já necessitava há anos. Mudança de cenário, de elenco de apoio, sacudida geral. Infelizmente é a última e como tal, a temporada não é satisfatória emocionalmente. É intrigante mas nos deixa querendo mais, não no bom sentido. Precisamos de retorno emocional e seria bem legal um último ano oficial de Dexter.
Cuckoo (1ª Temporada)
3.6 29Comédia gostosinha e tranquila, nada muito genial mas também nada derivativo demais. Legal ver um ator gringo que tá num ponto alto de carreira se envolvendo numa série britânica, da BBC3 ainda. Projeto pequeno mas que engrandece por causa dessas peculiaridades.
Dei boas risadas, curti os atores e sempre adorei o trabalho do Andy Samberg. Tudo é redondinho e satisfatório. A única pena é que não se sabe até agora o que acontecerá com o futuro da série. Uma segunda temp foi comissionada pela BBC, no começo do ano, mas estamos no final de 2013 e até agora nada. Samberg tá estreando uma série na gringa, então não sei o que o futuro reserva pra Cuckooo. O final é maneiro, fechou aquele primeiro arco muito bem, mas seis episódios só é pouco, eu quero ver muito mais desse pessoal.
Breaking Bad (2ª Temporada)
4.5 775Os dois primeiros episódios são geniais e já mostram a que essa temporada veio. Nancy Botwin poderia ter sofrido aquilo mas prometo não mais comparar com Weeds ( e já comparando de novo, BB é ótimo pros órfãos de Weeds, como eu ).
A série aprofunda mais em alguns personagens, principalmente o Pinkman que se estabelece não só como uma figura agradável ainda que perturbada, mas também como complemento indispensável pra Walt. Toda a sua trajetória final é muito triste e você sofre por ele, graças ao trabalho incrível daquele ator.
Hank também cresce bastante, aos poucos se estabelecendo como antagonista de Walt e um à altura. A série não tenta "idiotizá-lo" para que possamos odiar o cara. Ele tem qualidades e dá pra torcer genuinamente por ele. BB distorce nossa percepção de certo, errado, moral e imoral. Você entende as motivações dos personagens, não importa de qual lado do espectro eles estejam e pode tomar o partido de quase todos. Isso é graças ao excelente roteiro.
A trajetória principal de Walt também é estabelecida aqui: estamos acompanhando um everyday man se tornar um senhor das drogas. Adoro um bom arco pensado a longo prazo e esse é um dos melhores que já vi.
O final, por outro lado, é idiota. Eles dão um flashforward desde o episódio 1 e no fim das contas é só um acontecimento absurdo e isolado, que nada tem a ver com nada. Mas não tira o brilho do resto, lógico.
Breaking Bad (1ª Temporada)
4.5 1,4K Assista AgoraO começo da série é meio lento mas nem por isso desinteressante. Os atores são bons o bastante, o texto intriga o suficiente pra você querer continuar acompanhando. Aos poucos você entende qual é a trama da temporada, a jornada daqueles personagens e num instante não pode mais esperar pelo episódio seguinte.
Comparações com Weeds à parte, você acaba a temporada querendo sair por aí produzindo drogas. Acho que não é muito bom admitir isso,mas é uma prova do quão real o mundo dessa série é. Divertido, chocante, engraçado e intrigante.
Misfits (2ª Temporada)
4.4 247O segundo ano de Misfits continua forte, amplia a história de formas surpreendentes, apresenta conceitos muito bons de sci fi e mantem o drama humano como centro da narrativa. Os personagens desenvolvem e evoluem sem perder as suas características mais marcantes e todos os elementos novos aparecem com naturalidade, nada é forçado ou desesperado. É tudo parte de um mesmo universo coeso, os mesmos temas com múltiplas variações. Trabalho sólido e de qualidade. Adoro o Nathan, mas se tiver que fazer uma crítica negativa a essa temporada, eu diria que ela dá muito espaço ao personagem dele. Nada que atrapalhe, lógico.
A série consegue mexer com várias emoções diferentes e equilibrar comédia com drama é bem difícil. Eles conseguem fazer isso com muita competência.
Misfits (1ª Temporada)
4.4 316 Assista AgoraDemorei pra chegar nesse negócio mas finalmente assisti. E não sei pq diabos levei tanto tempo. É skins com superpoderes, o que poderia dar errado? Você tem comédia escrachada mas os arquétipos são tão reais e os dramas tão ressonantes que mesmo essa comédia acaba se tornando realista. É a zoeira nossa de cada dia. Como os poderes ficam em segundo plano, adicionando uma camada extra de interesse aos dramas humanos, você tem uma série que agrada em vários níveis e pode alcançar vários públicos. O bom de ser do channel 4, é que a hipocrisia é zero. Você tem um mundo que vive, respira, vibra. As pessoas são tridimensionais, possuem moral duvidosa, falam palavrão. É tão bom ver essas coisas, quando estamos acostumados com séries mais politicamente corretas, cheias de mimimi, que precisam agradar a tanta gente e se encaixar em tantos padrões. Misfits é algo único e só poderia existir na inglaterra.
Ótimos atores, por sinal.
The Killing (3ª Temporada)
4.3 184Se tem uma coisa que Veena Sud pode ser chamada é de teimosa. Eu achei que depois do cancelamento e retorno de The Killing, ela criaria algo mais dinâmico pra atrair as massas perdidas. Só que ela se manteve fiel ao seu estilo, criando uma trama de novo bem lenta, bem deprimente, que leva tempo pra cozinhar suas idéias. Isso é ruim? Pra mim não, a temporada é muito boa. Mas matou a série de novo. Cancelada e ainda sem um final, já que a série acaba com um cliffhanger. Uma pena, uma lástima. Espero que a netflix banque sozinha um quarto ano. Depende da resposta do público online.
Mas falemos da temporada em si. Dessa vez temos uma trama totalmente original, independente da segunda e terceira temporada de Forbrydelsen. É uma história que dá agonia, deprime e emociona. Chorei em alguns episódios. Eles consegue te levar pra aquele mundo, te absorver na investigação. Essa é a missão de qualquer obra de ficção e eles conseguem alcançar o efeito. Destaque pra atuação do prisioneiro e da Bullet, lógico, nossa pequena lesbo/Lisbeth Salander. A história dela é bem contada, bem atuada e de cortar o coração.
A investigação em si poderia ter sido mais complexa. Senti falta de mais camadas envolvendo o mistério principal, mais suspeitos, uma rede mais intrincada assim como acontece na série original. É tudo bem linear e funciona como drama humano, mas ainda estamos falando de uma série policial. A gente ainda quer ver certos elementos presentes. O suspeito final foi surpreendente pra mim, mas só por ter certeza de outra pessoa desde o começo. Acabei não considerando os demais suspeitos. Foi impactante de todo modo, assim como aquele final. Final esse que espero um dia possamos ver como continua.
O carisma dos personagens é absurdo, parabéns aos atores. A gente se importa com eles e segue eles pra todos os lados, mesmo nos episódios mais enrolados. Que volte The Killing.
Portlandia (3ª Temporada)
4.3 11Portlandia ainda é uma das comédias mais geniais da tv americana. Suas criticas ainda são inteligentes, sua acidez ainda é pontual. Os segmentos são criativos, dinâmicos, sempre surpreendem. Essa temporada investiu em storylines mais amplas pra alguns personagens e funcionou bem, deu espaço para que algumas idéias se desenvolvessem melhor. Você fica sempre curioso pra checar o que vem depois, nunca cai na mesmice. É um desafio pra eles, pois manter a qualidade de um formato assim deve ser complicado. Eles ainda não decepcionaram.
True Blood (6ª Temporada)
3.8 483 Assista AgoraEssa sexta temporada veio com duas grandes responsabilidades. A primeira era continuar o mesmo padrão da quinta, que foi absolutamente insana, repleta de ação, impactante e cheia de suspense. A melhor até então. A segunda responsabilidade era cumprir a primeira sem o comando do Allan Ball. Toda série que possui muita influência de seu showrunner costuma sofrer um pouco quando ele sai e quem sofre mais ainda é o telespectador. Mas felizmente True Blood é maior do que apenas uma pessoa e a série cumpriu suas promessas.
A temporada continuou sendo surpreendente e agitada, sexy e violenta, bizarra e impactante. Tudo aquilo que vai te chocar, fascinar e constranger é jogado em sua cara através de personagens sempre fascinantes, tridimensionais e imprevisíveis. Você assiste o episódio com curiosidade, espera pelo próximo com curiosidade e quase sempre a expectativa é paga com juros e correção monetária.
Nem tudo foi perfeito, claro. A trama dos lobisomens continua sendo a mais chata e inútil, filler puro e Alcide não é um personagens dos mais interessantes. Só serve pra mostrar a bunda mesmo. Sam é um ótimo cara mas precisa muito ser "resgatado". Precisa de tramas mais interessantes, quem sabe se aproximar novamente da Sookie. Algo me diz que ano que vem isso será feito, o personagem dele já termina com um novo e instigante caminho sendo traçado.
A coisa toda do Terry me pareceu meio forçada também, meio precipitada e só se justifica se realmente causar algum impacto realmente interessante nos personagens que convivem com ele. Nessa temporada a gente ainda não viu a justificativa, mas talvez ela esteja sendo guardada pra próxima e por enquanto guardo meu julgamento.
Warlow foi incrível, um conceito novo de personagem, um twist criativo pra um ótimo vilão. Niall também foi uma ótima adição ao elenco. Essa temporada foi mais curta e as tramas mais interligadas. Passou como uma única trama, um filme praticamente, dividido em dez episódios. Foi interessante pelo que é, mas sabemos que eventualmente a série vai precisar voltar às origens e tenho medo da reação dos fãs haters. Quem gostou do clima dessa temporada talvez diga que a série ficou mais "lenta", embora isso seja inevitável e até positivo. Quem não gostou nem sabe pq não gostou e não vai gostar de qualquer jeito. Ainda bem que a audiência da série não é medida por opinião de internet e provavelmente ainda teremos muito true blood pela frente.
Sookie precisa engordar um pouquinho, aliás.
Falling Skies (3ª Temporada)
3.9 94Falling Skies, desde sua primeira temporada, é uma série básica, que não traz nada muito inovador, bem derivativa, mas que possui um certo carisma, bons personagens e uma produção bacana que acaba gerando uma boa dose de diversão. Por isso eu sigo assistindo. Ela te deixa curioso pra ver o que será inventado em seguida, qual a próxima etapa na jornada dessas pessoas. A terceira temporada segue fazendo a mesma coisa, seguindo a cartilha e isso não é ruim. Você espera algo e esse algo é entregue. Não surpreende pro bem mas tampouco pro mal. É diversão garantida.
Dito isto, confesso que achei o final meio sossegado demais, quando comparado aos finales anteriores. Merecia algo mais chocante ou perturbador. Foi curioso mas poderia ter sido mais impactante.
Os efeitos melhoraram bastante, as tramas principais foram bem construídas e a trama foi bem planejada. Esperando ansioso o quarto ano e torcendo para que mantenha o clima.
A Anatomia de Grey (9ª Temporada)
4.4 645 Assista AgoraMuito feliz com essa temporada. Quero dizer, ela é tremendamente deprimente. Seu início me deixou muito perturbado e eu chorei ao final de cada episódio. Por isso mesmo fiquei "feliz". Poucas séries duram nove temporadas e ainda permanecem relevantes o bastante pra te emocionar sem forçar a barra tanto assim. Fiquei com medo de que o final da temporada anterior não fosse servir pra nada, fosse apenas uma tentativa fútil de causar um impacto grande no telespectador. Que bom que eu estava enganado. As ondas de choque daquele acontecimento alcançaram a temporada como um todo, injetaram vida nova na trama e deram um novo gás pra série. A gente ainda está acompanhando a jornada desses personagens, ainda está torcendo e sofrendo por eles, ainda queremos ver como tudo vai se desenvolver.
Não senti nada jogado ou puramente filler esse ano. Tudo foi redondinho e encaixou bem com o plano central. Terminei a temporada satisfeito como há muito não ficava. Não sei ainda quanto fôlego Grey's ainda tem, mas eles estão se mantendo no ar com dignidade e isso é o mais importante.
Nashville (1ª Temporada)
4.1 82 Assista AgoraNão é à toa que essa série bombou. Muito boa em todos os sentidos, há tempos que não pegava um drama tão interessante e multifacetado como esse. Me lembra alguns clássicos que fizeram minha alegria em anos passados. E olha que nem sou fã de música country e agora cá estou eu ouvindo a trilha sonora. Muito legal que os próprios atores interpretem as canções. Tudo bem que Connie Britton não tem uma extensão vocal muito boa e às vezes fica difícil acreditar que é a rainha do country, mas ela é tão carismática e competente na parte dramática de seu personagem que nós perdoamos o resto. Hayden Panettiere tá incrível e sua personagem tem tantas camadas! Poderia facilmente se resumir ao velho clichê da pobre menina rica, a cantora bitch que enche o saco geral, mas ela tem muito mais coisa ali por trás. O que essa menina faz com seus olhos, em certas cenas, é incrível. Muitos sentimentos conflitantes e você consegue pescar cada um deles. Ela é nojenta com seus personagens favoritos e você ainda torce pela garota, now THAT'S something.
Poderia falar de cada personagem e dar parabéns pra cada ator, pois todos funcionam muito bem. Vou só dar destaque pras meninas, filhas da Rayna. Eu tava achando que não eram suas vozes reais ali, mas são mesmo. As meninas são um duo já profissional e tem vídeos delas no youtube. Muito talentosas também como atrizes.
No geral a série te dá muita música, drama de qualidade, climão novelesco no bom sentido, um pouquinho de como deve ser os bastidores da indústria country e muitas boas reviravoltas. Não largou a peteca até o fim e eu quero a segunda temporada pra ontem. Não consigo pensar em nada que eu tenha feito diferente e isso sempre é um bom sinal.
A Anatomia de Grey (8ª Temporada)
4.5 604 Assista AgoraDepois de alguns anos uma série se estabelece confortavelmente em seu status e não tem mais a necessidade de cumprir todo o checklist de coisas que deram certo em anos prévios. Eles podem arriscar e balancear toda uma temporada mais agitada com uma mais calma. Eles podem ousar mais e dar espaço para que determinados personagens respirem um pouco, ou que a própria trama não se torne muito surreal com uma onda ininterrupta de acontecimentos grandiosos demais. Metade do impacto provocado por um grande acontecimento, é a sua imprevisibilidade. Se acontece demais, fica banal, vira a fórmula e você deixa a conexão emocional de lado. Não soa mais como vida real.
Digo isso tudo pra justificar essa temporada que muitos acusam de ser muito parada, antes do explosivo finale. Aquele finale não teria sido tão impactante se não tivéssemos episódios mais calmos antes, focados em dramas mais pessoais, e se não viesse de forma repentina. Foi brutal e foi real, como vários dos acontecimentos mais memoráveis em Grey's.
Num primeiro momento eu fiquei preocupado, claro. Existe uma linha tênue separando o drama que serve pra mudar as coisas, afetar personagens, que espalha ondas de choque que servem pra avançar a história, e o drama que está ali como exploitation, só pra mexer o que estava meio parado. Eu já comecei a nona temporada, e agora sei que aquele acontecimento tem sim um significado maior e é necessário, mas quando você foca apenas na temporada, a preocupação surge e é legítima. Não diminui, no entanto, o impacto de tudo e a brutalidade da morte de personagens queridos. Faz tempo que Grey's nos proporciona esse choque de realidade. Aquela pessoa que está saudável e que tem todo um futuro pela frente, está ali diante de nós num momento e no outro não está mais. Isso é vida real e ficamos revoltados, sim. Não é legal de se ver, é doloroso. Aí nossa tendência e criticar a série, da mesma forma que criticaríamos a vida se fosse um acontecimento real. Nessas horas devemos analisar o que está acontecendo sob o seguinte prisma: cá estou eu, com todos os sentimentos embaralhados, por causa de uma série de tv. Porra, Grey's continua sendo competente em todos os níveis pra que, 8 anos depois, eu ainda esteja acreditando que aquilo ali está acontecendo com pessoas de verdade.
No mais, a temporada em si foi sólida. Destaque como sempre pra Cristina e todo o dilema envolvendo sua gravidez e os problemas com Owen. É um dilema interessante, te faz pensar e ainda assim gera bom entretenimento, não fica didático. Roteiristas de telenovelas brasileiras deveriam aprender essa lição. Adoro a Teddy, e queria uma trama menos enjoadinha pra ela. Soou como café requentado, uma espécie de remake menos emocionante da Izzie com o Denny. Foi diferente, mas um pouco previsível e a personagem merecia muitíssimo mais.
Grey's evolui e não tem medo de fazer isso. Goste ou não de certas decisões que os produtores fazem, você precisa reconhecer a coragem. E que ainda dure muitos anos com essa tática.
Hannibal (1ª Temporada)
4.4 983 Assista AgoraSurpreendido positivamente por Hannibal. Estava cheio de reservas, obviamente. É um personagem ótimo, eternizado por Anthony Hopkins e era impossível não encarar um projeto televisivo sem o menor traço de preconceito. Que bom que a série é foda.
Mads Mikkelsen tá dando um show, fazendo um personagem totalmente diferente mas tão fascinante quanto. Legal que a série deixa ele no plano de fundo, dando destaque pro Will Graham, que nessa interpretação se tornou um personagem super complexo, completamente doido e eu já falei mil vezes: AMO protagonistas malucos, autistas, esquizos, you name it.
A série é tensa, densa, está sempre mergulhada num suspense intenso, com sua trilha sonora que oprime e as situações grotescas. Eu achava, no começo, que a série funcionaria melhor como uma trama única, sem o elemento do "Monstro da semana". Quando percebi que na verdade eles estavam misturando os dois estilos, comecei a achar até mais interessante. Ainda penso que a série se daria melhor na tv a cabo, com os números que consegue de audiência, garantiria vida longa e próspera. Na aberta, foi a última a conseguir renovação e duvido muito que dure muitos anos. Espero que alguma emissora paga compre a série e que ela tenha uma sobrevida, já que existe muita coisa pra ser contada ainda.
Fascinante.
Wilfred (2ª Temporada)
4.2 101Achei essa temporada um bom complemento pra primeira, expande e desenvolve melhor certos temas e dá pra Wilfred mais coisas de cachorro pra fazer. Isso não é propriamente ruim, mas certas gags mais físicas acabam ficando meio bobinhas. Eu prefiro quando a série mergulha fundo no humor negro e nas coisas mais assustadoras e os episódios dedicados a isso nessa segunda temporada são ótimos.
Todos os atores continuam arrasando, a série não perde o fôlego, adorei a participação da eterna Chloe (morto de saudades dessa atriz) Elijah Wood continua fazendo um protagonista adorável, ainda que seja uma pessoa muitas vezes desprezível e o Wilfred é demais. Série como essa não tem.
Upstairs Downstairs (1° Temporada)
4.1 2Pode-se dizer que a BBC produziu essa série como resposta a Downton Abbey e é verdade. Mas também é verdade que Downton Abbey só existe por causa do caminho pavimentado pela versão original de Upstairs Downstairs. Caso engraçado de influência cíclica.
A série infelizmente é curta, apenas três episódios e poderia muito bem durar 13. Muito bem produzida, a fotografia é linda, a reconstrução de época impecável, o charme da aristocracia inglesa garantindo muita diversão. A narrativa te conduz de forma delicada e precisa por um momento histórico real do povo inglês, sem nunca ficar chato ou expositivo. Uma delícia de assistir.
Red Dwarf (1ª Temporada)
4.0 2Clássico, comecei a ver por causa da fama que essa série tem e gostei do que vi. Muito diferente do que eu esperava e do que outras coisas que já tenha visto na tv. Comparações com Guia do Mochileiro das Galáxias não são tão injustas, não por se assemelhar tanto assim, mas pq comédia sci fi é algo difícil de ser produzido. Os personagens são interessantes, bons arquétipos que funcionam bem em conjunto. Apesar de focar na comédia, a série não deixa de lado bons conceitos de sci fi, surpreendendo o telespectador, já que não exigiríamos algo tão bem pensado assim. Dessa forma, ela não só diverte como atiça a curiosidade.
A musica tema é ótima, viciei nela e acho o modelo da nave muito charmoso. Por ser uma série da BBC da década de 80, os valores de produção são baixos. Em compensação, tudo ganha um ar teatral muito interessante, Eles conseguem driblar bem as limitações técnicas e, tirando um momento ou outro de vergonha alheia nos efeitos, entregam uma obra sólida em vários níveis.
Broadchurch (1ª Temporada)
4.4 80Inicialmente eu quis ver essa série por causa do David Tennant e da premissa policial. Um belo whodunnit pra animar minha vida. Logo que comecei a ver, no entanto, percebi que a série não era exatamente um whodunnit tradicional, mas um drama humano que brinca com os tropes do gênero. Resisti à tentação de comparar com The Killing, embora as semelhanças estejam lá e resolvi descobrir aos poucos a identidade própria desse universo e desses personagens.
A série fica melhor a cada capítulo. Aos poucos você está envolvido com cada personagem, com cada pedaço da cidade. Eles sabem valorizar bem o silêncio, a contemplação, tudo pontuado com elegantes sequências em câmera lenta. A série é embalada por uma trilha que incomoda, intriga, perturba. Você fica fissurado destrinchando cada capítulo, pulando de surpresa a cada reviravolta.
A atuação de Tennant estranhou, pra mim, no comecinho. Nunca o vi fazendo um tipo assim, clássico policial deprimido, cuja vida foi destruída por sua profissão. Mas seu absurdo talento e o bom roteiro produziram a credibilidade necessária e você já está totalmente fisgado pelo personagem, quando chega o final. Olivia Colman fez uma interpretação intensa que merece muitos prêmios. Sua performance no episódio final é simplesmente genial. Arthur Darvill também dá as caras, seu personagem é ótimo mas significa mais pra quem já tá sentindo falta de sua participação em Doctor Who.
Muita gente criticou o final, como sendo simples demais. Eu confesso que no momento em que aconteciam as revelações eu pensava que ainda descobriríamos mais coisas, que nada era simplesmente aquilo. Mas era só aquilo. Isso é ruim? Não é, já que o final é coerente e ajuda a encerrar o arco dramático de vários personagens. É o final que essa série precisava. O problema é que pelo meio ela deixa um pouco de lado a parte humana e se dedica muito ao suspense policial. Você se pega acompanhando a investigação e suspeitando de pessoas, esquecendo que esse não é o foco principal. Acho que a série poderia ter entregue um final mais intrincado e não despistado tanto o telespectador em seus episódios centrais, mas não consigo usar isso como um grande argumento negativo. A série é boa por tantas coisas, que o final é apenas um detalhe.
A fotografia é belíssima e isso por si só já merece a sua atenção. A trama não é exagerada, não usa coincidências absurdas nem trapaceia pra gerar o suspense. É coerente em sua proposta, do começo ao fim, ainda que sua expectativa possa ir em outra direção. Chris Chibnall de parabéns. Broadchurch 2 venha logo.
Vicious (1ª Temporada)
4.3 94Há muito tempo uma comédia não me fazia rir tanto, em voz alta. Eu não sabia de antemão que seria uma sitcom, com risadinhas no fundo e tal e assim que ouvi os primeiros "ha-ha-ha's" eu torci o nariz, confesso. Sempre prefiro comédias single cam a sitcons multi cam tradicionais, mas tive que me render. O texto é absurdamente inteligente, como um chicote soltando as mais inspiradas falas, todas elas com potencial de quote eterno na internet. A atuação do grande elenco ("Grande" até demais, olha o nível desses nomes) é charmosa e vibrante, e é claro que ser inglês ajuda e muito nesse sabor exótico. A premissa em si é super criativa e inusitada e é claro que atrai muita gente só pra ver isso de perto. Mas ela excede a própria trama central, fazendo uma deliciosa história sobre relacionamentos, amizade, amor e o tempo que não perdoa, independente de sexualidade ou classe social. O casal principal poderia ser hetero, já vimos a dinâmica do casal de que ama e se odeia muitas vezes. Mas o que segura aqui é o ótimo texto, as excelentes atuações e o imenso carisma de todo o elenco.
Wilfred (1ª Temporada)
4.1 174Dificilmente você vê uma produção americana televisiva que seja 100% humor negro, sem pudores e sem medo de desafiar a sua percepção acerca de certo e errado. Mesmo os mais famosos anti-heróis acabam caindo no piegas aqui e ali em suas jornadas, sempre acontece algo pra que se passem por bonzinhos tradicionais. Wilfred não é assim. Primeiramente, é uma produção de tv a cabo, então tem mais liberdades naturalmente. Em segundo lugar, é a versão de uma série australiana (me permito supor que a versão original deva ser ainda mais desafiadora) e eles mantêm no elenco o co-criador da série e ator original a interpretar o Wilfred. Por isso que no fim das contas acaba saindo uma produção que soa tão diferente do que nós estamos acostumados a ver.
Todas as situações são inspiradas e interessantes, Elijah Wood convence a cada segundo na pele de seu personagem e Wilfred é obviamente genial com todas as suas tiradas e gags físicas muito boas. Trazendo questões filosóficas profundas por trás de situações cômicas das mais imbecis, Wilfred acaba se tornando uma comédia com muitos níveis de entendimento e que pode potencialmente agradar a muitos públicos. Adoro obras completas assim.
The Nerdist (2ª Temporada)
4.8 1Eu adoro Chris Hardwick, acho que ele é uma verdadeira inspiração pro mundo nerd, cara que conseguiu literalmente transformar seu hobby numa profissão e num micro-império online e de uma forma que seja merecedora dos resultados. Não é uma questão de sorte dentro de um nicho de público que exige pouco dos seus geradores de conteúdo. Ele tá falando com todo mundo e com muita gente inteligente no meio que não teria dado sucesso pro cara se ele não provasse ser realmente bom no que faz. Ele é viciado em cultura pop, ele assiste de tudo, ele conhece os mais poderosos nomes da indústria, produz um podcast muito interessante, variado e informativo, e agora faz esse talk show que é um dos mais divertidos nos EUA. Essa temporada trouxe muitos convidados maneiros, sketches de humor que são engraçadinhas até quando não conseguem cumprir totalmente o que prometeram e comediantes alternativos que você não vê tão facilmente no ar. Definitivamente precisava de mais episódios e eu já espero ansioso pela próxima temporada.
Game of Thrones (3ª Temporada)
4.6 1,8K Assista AgoraO maior problema de Game of Thrones é o excesso de reverência para com o material original. Uma adaptação audiovisual segue regras totalmente diferentes de outras mídias e é por isso que mudanças precisam ser feitas, pra garantir que a história será contada com integridade, mantendo também uma boa estrutura narrativa, um bom ritmo e coisas assim. A história original já é bem longa e arrastada, muita coisa ali não precisaria existir e é um reflexo da vontade do autor de não contar uma história simplesmente, mas de construir um universo. Isso não é necessariamente ruim, embora eu ache que a vida seja muito curta pra você ceder aos caprichos de George R.R.Martin. HBO fazia um bom trabalho adaptando a obra, cortando as gorduras e enchendo com fillers pontuais que ajudavam na hora que não cair na repetição. Parece que eles esqueceram um pouco disso na terceira temporada. A série foi bem parada, quase nada aconteceu de relevante com os personagens. O pouco que aconteceu foi ótimo e grandioso, momentos icônicos e tal mas até chegar a esses momentos, foram só cenas intermináveis de pessoas andando pra cima e pra baixo e tendo diálogos que nada acrescentavam a ninguém.
Acho que o formato ideal seria o de um episódio por personagem, assim como no livro temos um cap pra cada um. Dessa forma talvez a série ficasse mais dinâmica e as coisas mais relevantes pudessem ser reunidas num espaço menor de tempo, evitaria a morosidade que foi essa temporada. Mas divago: provavelmente eles não podem fazer isso por medo de esgotarem o material original antes que o Martin lance mais livros. Acaba ficando uma obra irregular no ritmo mas muito bonita na produção. E é essa produção, juntamente com os atores incríveis que seguram a minha audiência. Espero que eles não tenham medo de correr um pouco com certas coisas e façam algo mais equilibrado, como era no comecinho.