Eu entendo a homenagem e as referências de Justine Triet em Anatomia de uma Queda, até mesmo ao cachorrinho. Quanto mais se coloca o contexto histórico, mais Anatomia de um Crime se torna grandioso.
Inspirado numa história real, cujo livro foi escrito pelo advogado do caso. O próprio Otto Preminger tinha formação em Direito. Joseph N. Welch atuando como juíz, depois de ter enfrentado Joseph McCarthy nos tribunais da vida real, num caso televisionado que marcou a queda do macarthismo. O ex-advogado e alcoólatra da trama que curiosamente se chama Parnell Emmett McCarthy. Um Jimmy Stewart que mais uma vez dispensa comentários. A rejeição ao Código Hays (os quase 40 anos de censura autoimposta no cinema americano). E personagens cheios de nuances, numa crítica pesada à justiça, ao machismo e aos costumes da época. Um homem assassina outro homem e isso é fato, mas é a mulher - suposta vítima de estupro - que tem a vida revirada e é humilhada no tribunal. (Datado? A diferença é que hoje nós podemos usar calças.)
A primeira metade é toda uma construção de caso e de personagens, a escolha de uma linha de defesa pouco convencional pra época e a busca por precedentes. Depois de tudo isso, o filme brilha mesmo é no tribunal. Eu amo como todas as vezes que o juiz se direciona ao júri popular, é pro espectador que ele tá olhando. A minha sentença? Impulso irresistível e insanidade temporária são desculpas batidas nos dias de hoje, o cara merecia ir preso. Quanto a mulher, teria sido mais seguro ficar sozinha com um urso na floresta.
Engraçado quando filmes do Oscar conversam de alguma maneira, como Barbie e Pobres Criaturas. Agora, uma cena na cama: em Vidas Passadas, Arthur diz a Nora algo como "Essa história é muito boa, eu seria o vilão malvado querendo atrapalhar o casal de coreanos. Não dá pra competir." Em Anatomia de uma Queda, Sandra Voyter assiste tv na cama quando alguém diz "Acho que não importa a forma como ele morreu. A ideia de uma escritora que mata o marido é muito mais cativante que a de um professor que se mata." Narrativas.
Não somos narradores confiáveis da nossa própria história nem pra nós mesmos, quanto mais bons juízes da história alheia. Que relacionamento resistiria a esse tipo de lente de aumento? Chega uma hora onde tudo que se pode fazer é escolher no que acreditar, e a gente preenche as lacunas projetando o que é conveniente. A verdade é geralmente muito mais subjetiva do que gostaríamos de admitir.
Excelente exercício de tribunal, da internet ou vida real. Há baixa visão, nos relacionamentos e na justiça. As questões de gênero levantadas são 10/10. Impecável atuação de Sandra Hüller. "História de um Casamento" europeu.
"Aparentemente o sentimento reorganiza a matéria na saída de um micro buraco negro." Por que choras, Christopher Nolan?
Que alegria ter assistido no cinema e acompanhado de perto a linha do tempo caótica que esse filme desencadeou, como aquele show da MTV com 2h de Wagner Moura cantando Legião Urbana. Eu amo esse filme!
Por causa do trabalho do marido, mulher mora em um país que ela não conhece, com um idioma que ela não entende, longe da família e de possíveis amigos. Pra completar, ela é praticamente cega.
- Não te incomoda ter que cuidar de mim? - Não. Faz eu me sentir especial.
Uma explosão visual excelente e ótima trilha sonora, incluindo a dolorosa música no final. Drama com atuações convincentes, demonstra bem que possessividade/dependência não é amor.
Melhor do que eu esperava. Lembra um pouco "Antes de Dormir" com a Nicole Kidman.
Uma sociedade extremista. Pressão social para que se forme uma família. Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho. Aos solitários, que se negam a construir um relacionamento inspirado por afinidades tão frágeis, resta o isolamento e a inveja. Regras absurdas e punições severas pra todos os lados. O sonho do oprimido é ser o opressor. Não existe liberdade, no sistema ou à margem dele. Ser você mesmo é perder a razão, algo desumano. E o amor, é cego?
[Eu seria um urso: grande e feroz, comeria muito e hibernaria mais ainda]
"Cada escolha, uma renúncia: isso é a vida. Estou lutando pra me recompor." (risos)
Indo além da relação idealizada, os personagens parecem distantes o suficiente para que o espectador se veja o tempo todo na tela. Emociona não só pelo que retrata mas pela vivência de quem assiste. Projeções nas projeções. Acaso e escolhas mais uma vez.
Nossos sonhos mais íntimos podem ser uma língua estrangeira pras outras pessoas. A gente tá sempre se lamentando pelo que poderia ter sido, mas eu também acho que o que a gente constrói é muito mais importante.
(Um clichê que diz muito. Fotografia belíssima no enquadramento das separações. Lento e contemplativo, eu quis chorar o tempo inteiro. Um filme muito bonito. Me lembrou um pouco "Brooklyn", com a Saoirse Ronan.)
Primeira vez que assisto, movida por uma saudade bobinha de outros tempos. Não esperava encontrar A Grande Família no Dia da Marmota; uma coisa meio Corra, Lola, Corra; com ares de A Dona da História - pra citar uma referência nacional com a própria Marieta Severo. Escolhas, né? Sempre elas. Acaso e escolhas na colcha de retalhos da vida.
Melhor do que eu imaginava. Chorei no final. Que saudade...
Wide Awake extremamente melhorado, Em Algum Lugar do Passado e Ghost com a cena da moeda.
Esperei desesperadamente pelo plot twist que eu já vi há anos, observando e encaixando cada detalhe. Mais de duas décadas e o filme continua incrível!
Dizem que toda história de fantasma é uma história de conexões humanas. Aqui o trauma os une através da dor, do medo e do apego. Mais do que um filme de terror ou um suspense psicológico, um drama que trilha um caminho bonito de cura pela comunicação, compaixão e amor. Conexões prendem mas também libertam.
Toni Collette especialista em filhos problemáticos. Mischa Barton criança! Haley Joel Osment perfeito. Bruce Willis, eu te amo. M. Night Shyamalan, conte comigo pra tudo.
Oscar merecidíssimo pra Emma Stone. A fotografia é uma obra de arte. A cena da dança! São tantos detalhes! O filme acaba e dá vontade de assistir de novo. E saber que no livro a história é contada por McCandles adiciona uma camada interessante com a ideia de um narrador não confiável.
Incomodou certinho quem devia incomodar, fora o tanto de interpretação freestyle. ★★★★½
Foi essa versão, depois de assistir as outras duas, que me fez comprar o livro. É um caso clássico de "o livro é melhor que o filme".
O filme é lentíssimo e tem uma estética europeia que em nada se parece com o subúrbio carioca. O roteiro é fraco e esvazia muito das críticas do texto original de Nelson Rodrigues. Fico pensando se a ideia era tornar a peça mais palatável pro grande público. A ironia é que ambos pertencem à mesma época, com pouquíssimos anos de diferença. Incomoda demais essa tentativa desesperada de humanizar Amado "Mário" Ribeiro, como um bêbado ressentido que acredita em cada palavra do que diz, e sequer se vangloria do sucesso de seu sensacionalismo. Também não gosto dessa Dália que mal aparece e da ausência de seu arco com Arandir. Até a paixão de Aprígrio é mal sugerida. E se há algum excesso na versão dos anos 80, aqui a vergonha alheia fica por conta da cena aleatória de Betty Faria.
No ponto alto, eu gosto muito do uso do quadro "Cristo Carregando a Cruz" de Hieronymus Bosch, e do belo jogo de luz e sombras do filme. O final é diferente e interessantíssimo. Também vale pelos novinhos: Reginaldo Faria, Jorge Dória e Betty Faria.
Tive a felicidade de assistir a versão dos anos 80 antes dessa. Acredito que conhecer previamente a história facilitou a imersão e enriqueceu a experiência.
Gosto muito da teatralidade da coisa. A grande beleza da obra fica justamente nos bastidores: nas leituras de texto, nas conversas e comentários dos atores. A linda fotografia também nos mostra que nem tudo é preto no branco.
Há uma sutileza em relação ao longa dos anos 80, isso atualiza o filme para os dias atuais, mesmo mantendo fidelidade ao texto original. Também é interessante comparar os personagens: o Amado de Otávio Müller e de Daniel Filho; o Aprígio de Stênio Garcia, muito mais velho que o de Tarcísio Meira - "Conheço Arandir desde garotinho!" dizia Selminha - e, principalmente, o Arandir preto de Lázaro Ramos, que adiciona uma camada a mais de preconceito na coisa toda, sem que isso resuma tudo a racismo.
Mas, se Bruno Barreto ousa com um desfecho que vai além da peça de Nelson Rodrigues, aqui o final é um pouco decepcionante. A ousadia de Murilo Benício se concentra na mistura de linguagens e na força de seu elenco, o que acaba entregando uma boa obra.
Drops: Fernanda Montenegro, a Selminha original, agora como a vizinha fofoqueira. O relato sobre o Amado Ribeiro da vida real. Augusto Madeira, eu te amo.
Num texto extremamente fiel à peça de Nelson Rodrigues, Bruno Barreto vai além e apresenta um final ainda mais emblemático que o original. É o absoluto beijo no asfalto!
Excelentes atuações dos conhecidíssimos Tarcísio Meira, Christiane Torloni, Ney Latorraca, uma pontinha de Pedro Paulo Rangel, Oswaldo Loureiro - Arandir no teatro dos anos 60, agora como o delegado Cunha - e um destaque especial para a brilhante atuação de Daniel Filho no papel de Amado Pinheiro.
Alguns poucos excessos típicos de um cinema nacional mais antigo, numa história datada mas extremamente atual. A homofobia, a família disfuncional, a polícia corrupta que tortura, a mídia sensacionalista, as fake news e o linchamento. Um mundo que perdoa um possível aborto mas não aceita um único beijo. Evoluímos, mas não muito.
Numa coisa Aprígio está certo: dificilmente conhecemos as pessoas, por mais próximas que elas nos sejam.
É o que acontece depois que o Adam Sandler casa com a Drew Barrymore em Como Se Fosse a Primeira Vez (50 First Dates), e o filme vai da Sessão da Tarde pras noites de domingo pós-Fantástico.
Não tenho certeza se é previsível ou se eu já tinha assistido. Há problemas de roteiro ou direção, e um final água com açúcar que não encaixa. Mas traz reviravoltas interessantes, personagens com nuances e boas atuações. Vale pelo elenco. (É o Colin Firth, é claro que vale pelo elenco!)
Interessante que o filme abre um enorme baú de referências e você pega o que te cabe usar: GTA, The Sims, Detona Ralph, um quê de Matrix, uma pontinha de Her, Dia da Marmota e principalmente Show de Truman. [Fora a trilha sonora]
Lembro de entupir de cappuccino minha personagem em The Sims1, eu nunca usei código de dinheiro infinito. A coitada nem dormia, só trabalhava. [A gente chamava de "brincar de deus"]
Somos os NPCs do sistema: mesmo quando é outro dia, o banco sempre continua lá. A ideia é não se conformar. Ganha-se a luta mudando o olhar, e um outro mundo de repente é possível. [Frase de efeito]
Crônicas de Nárnia passando na Globo no almoço de domingo, Capitão Planeta budista.
Visualmente muito bonito apesar da história corrida demais. Amei o menininho Avatar e fiquei com pena de Zuko, eu bem sei como um pai cretino pode destruir a vida da gente.
Espiritualidade, fé, família e amadurecimento: tudo isso com um orçamento enorme. Não conheço o desenho, mas consigo entender por que o Shyamalan quis fazer esse filme. E sinceramente? eu teria assistido uma continuação.
Um filme sobre Tim Roth tomando sol. Ele é maravilhoso!
Fundamental assistir sem saber nada. É possível julgar o personagem de todas as maneiras, mas até onde isso é válido? O filme é lento e contemplativo como passear com Neil pela praia.
Tive dificuldade pra entrar na história, mas há muitas camadas aqui. Não posso dizer que eu teria feito diferente, ainda mais quando não se sabe a natureza das escolhas. Trágica ironia.
M. Night Shyamalan só para baixinhos, Julia Stiles novinha e quase figurante.
Sempre me perguntava o que teria acontecido na vida de Shyamalan entre Olhos Abertos e Sexto Sentido. Agora entendo que as principais características de seus filmes mais aclamados já estão aqui, engatinhando. Foi bom ter deixado Olhos Abertos mais pro final de sua filmografia e assistir com carinho essa história de amadurecimento, relações, perdas e fé.
"A dúvida é parte da jornada de cada um, não importa o que estão procurando."
A dor e a delícia da família classe média, na rotina de seus traumas e afetos. Numa casa de praia, mas sem piscina. Que é própria, mas sempre invadida. Com o clube que você até entra, mas não pra nadar. E o tão desejado parque, que no final nem era tudo isso.
Parece que a infância, os filhos, são aquele momento da vida em que você se obriga a viver além de sobreviver. Ainda que não por você mesmo. E às vezes a tensão é tanta que a naturalidade morre, como uma foto posada sem sorriso nenhum. (Quem é esse pai?)
É triste porque a felicidade não parece estar exatamente nas coisas, embora o capitalismo tente sempre delimitar isso. Querer não é poder. Mas dá-se um jeito.
A luta por liberdade, respeito, aceitação e amor. A busca por um propósito. Valorizar a imperfeição que nos torna humanos. E tratar bem as máquinas, pra que elas façam a revolução de forma pacífica.
Hugo Carvana está o próprio Fábio Rabin mais novo. Dina Sfat, lindíssima, confirma que "casa de ferreiro, espeto de pau": costura o dia todo e as roupas da filha estão sempre pequenas. Tati é uma criança que se comporta como criança, eu gosto muito disso.
Anatomia de um Crime
4.1 133 Assista AgoraEu entendo a homenagem e as referências de Justine Triet em Anatomia de uma Queda, até mesmo ao cachorrinho. Quanto mais se coloca o contexto histórico, mais Anatomia de um Crime se torna grandioso.
Inspirado numa história real, cujo livro foi escrito pelo advogado do caso. O próprio Otto Preminger tinha formação em Direito. Joseph N. Welch atuando como juíz, depois de ter enfrentado Joseph McCarthy nos tribunais da vida real, num caso televisionado que marcou a queda do macarthismo. O ex-advogado e alcoólatra da trama que curiosamente se chama Parnell Emmett McCarthy. Um Jimmy Stewart que mais uma vez dispensa comentários. A rejeição ao Código Hays (os quase 40 anos de censura autoimposta no cinema americano). E personagens cheios de nuances, numa crítica pesada à justiça, ao machismo e aos costumes da época. Um homem assassina outro homem e isso é fato, mas é a mulher - suposta vítima de estupro - que tem a vida revirada e é humilhada no tribunal. (Datado? A diferença é que hoje nós podemos usar calças.)
A primeira metade é toda uma construção de caso e de personagens, a escolha de uma linha de defesa pouco convencional pra época e a busca por precedentes. Depois de tudo isso, o filme brilha mesmo é no tribunal. Eu amo como todas as vezes que o juiz se direciona ao júri popular, é pro espectador que ele tá olhando. A minha sentença? Impulso irresistível e insanidade temporária são desculpas batidas nos dias de hoje, o cara merecia ir preso. Quanto a mulher, teria sido mais seguro ficar sozinha com um urso na floresta.
Anatomia de uma Queda
4.0 795 Assista AgoraEngraçado quando filmes do Oscar conversam de alguma maneira, como Barbie e Pobres Criaturas. Agora, uma cena na cama: em Vidas Passadas, Arthur diz a Nora algo como "Essa história é muito boa, eu seria o vilão malvado querendo atrapalhar o casal de coreanos. Não dá pra competir." Em Anatomia de uma Queda, Sandra Voyter assiste tv na cama quando alguém diz "Acho que não importa a forma como ele morreu. A ideia de uma escritora que mata o marido é muito mais cativante que a de um professor que se mata." Narrativas.
Não somos narradores confiáveis da nossa própria história nem pra nós mesmos, quanto mais bons juízes da história alheia. Que relacionamento resistiria a esse tipo de lente de aumento? Chega uma hora onde tudo que se pode fazer é escolher no que acreditar, e a gente preenche as lacunas projetando o que é conveniente. A verdade é geralmente muito mais subjetiva do que gostaríamos de admitir.
Excelente exercício de tribunal, da internet ou vida real. Há baixa visão, nos relacionamentos e na justiça. As questões de gênero levantadas são 10/10. Impecável atuação de Sandra Hüller. "História de um Casamento" europeu.
O Homem do Futuro
3.7 2,5K Assista Agora"Aparentemente o sentimento reorganiza a matéria na saída de um micro buraco negro." Por que choras, Christopher Nolan?
Que alegria ter assistido no cinema e acompanhado de perto a linha do tempo caótica que esse filme desencadeou, como aquele show da MTV com 2h de Wagner Moura cantando Legião Urbana. Eu amo esse filme!
"nem foi tempo perdido... somos tão jovens" ♫♪
Por Trás dos Seus Olhos
2.9 130Por causa do trabalho do marido, mulher mora em um país que ela não conhece, com um idioma que ela não entende, longe da família e de possíveis amigos. Pra completar, ela é praticamente cega.
- Não te incomoda ter que cuidar de mim?
- Não. Faz eu me sentir especial.
Uma explosão visual excelente e ótima trilha sonora, incluindo a dolorosa música no final. Drama com atuações convincentes, demonstra bem que possessividade/dependência não é amor.
Melhor do que eu esperava. Lembra um pouco "Antes de Dormir" com a Nicole Kidman.
O Lagosta
3.8 1,4K Assista AgoraUma sociedade extremista. Pressão social para que se forme uma família. Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho. Aos solitários, que se negam a construir um relacionamento inspirado por afinidades tão frágeis, resta o isolamento e a inveja. Regras absurdas e punições severas pra todos os lados. O sonho do oprimido é ser o opressor. Não existe liberdade, no sistema ou à margem dele. Ser você mesmo é perder a razão, algo desumano. E o amor, é cego?
[Eu seria um urso: grande e feroz, comeria muito e hibernaria mais ainda]
Vidas Passadas
4.2 730 Assista Agora"Cada escolha, uma renúncia: isso é a vida. Estou lutando pra me recompor." (risos)
Indo além da relação idealizada, os personagens parecem distantes o suficiente para que o espectador se veja o tempo todo na tela. Emociona não só pelo que retrata mas pela vivência de quem assiste. Projeções nas projeções. Acaso e escolhas mais uma vez.
Nossos sonhos mais íntimos podem ser uma língua estrangeira pras outras pessoas. A gente tá sempre se lamentando pelo que poderia ter sido, mas eu também acho que o que a gente constrói é muito mais importante.
(Um clichê que diz muito. Fotografia belíssima no enquadramento das separações. Lento e contemplativo, eu quis chorar o tempo inteiro. Um filme muito bonito. Me lembrou um pouco "Brooklyn", com a Saoirse Ronan.)
A Grande Família - O Filme
2.6 235Primeira vez que assisto, movida por uma saudade bobinha de outros tempos. Não esperava encontrar A Grande Família no Dia da Marmota; uma coisa meio Corra, Lola, Corra; com ares de A Dona da História - pra citar uma referência nacional com a própria Marieta Severo. Escolhas, né? Sempre elas. Acaso e escolhas na colcha de retalhos da vida.
Melhor do que eu imaginava. Chorei no final. Que saudade...
O Sexto Sentido
4.2 2,4K Assista AgoraWide Awake extremamente melhorado, Em Algum Lugar do Passado e Ghost com a cena da moeda.
Esperei desesperadamente pelo plot twist que eu já vi há anos, observando e encaixando cada detalhe. Mais de duas décadas e o filme continua incrível!
Dizem que toda história de fantasma é uma história de conexões humanas. Aqui o trauma os une através da dor, do medo e do apego. Mais do que um filme de terror ou um suspense psicológico, um drama que trilha um caminho bonito de cura pela comunicação, compaixão e amor. Conexões prendem mas também libertam.
Toni Collette especialista em filhos problemáticos. Mischa Barton criança! Haley Joel Osment perfeito. Bruce Willis, eu te amo. M. Night Shyamalan, conte comigo pra tudo.
Pobres Criaturas
4.2 1,1K Assista AgoraA Bella (e a Fera) Barbie Frankenstein 18+
Oscar merecidíssimo pra Emma Stone. A fotografia é uma obra de arte. A cena da dança! São tantos detalhes! O filme acaba e dá vontade de assistir de novo. E saber que no livro a história é contada por McCandles adiciona uma camada interessante com a ideia de um narrador não confiável.
Incomodou certinho quem devia incomodar, fora o tanto de interpretação freestyle. ★★★★½
Ela é Demais
3.1 597 Assista AgoraEla sempre foi bonita, eles é que não enxergavam.
Clichê de adolescente dos EUA. Típico dos anos 90. Excelente trilha sonora. Freddie Prinze Jr., Elden Henson, Paul Walker, Usher!
Saudade dessa sensação de ter a vida inteira pela frente. "O futuro virá, esteja você pronto ou não."
O Beijo
3.5 8 Assista AgoraFoi essa versão, depois de assistir as outras duas, que me fez comprar o livro. É um caso clássico de "o livro é melhor que o filme".
O filme é lentíssimo e tem uma estética europeia que em nada se parece com o subúrbio carioca. O roteiro é fraco e esvazia muito das críticas do texto original de Nelson Rodrigues. Fico pensando se a ideia era tornar a peça mais palatável pro grande público. A ironia é que ambos pertencem à mesma época, com pouquíssimos anos de diferença. Incomoda demais essa tentativa desesperada de humanizar Amado "Mário" Ribeiro, como um bêbado ressentido que acredita em cada palavra do que diz, e sequer se vangloria do sucesso de seu sensacionalismo. Também não gosto dessa Dália que mal aparece e da ausência de seu arco com Arandir. Até a paixão de Aprígrio é mal sugerida. E se há algum excesso na versão dos anos 80, aqui a vergonha alheia fica por conta da cena aleatória de Betty Faria.
No ponto alto, eu gosto muito do uso do quadro "Cristo Carregando a Cruz" de Hieronymus Bosch, e do belo jogo de luz e sombras do filme. O final é diferente e interessantíssimo. Também vale pelos novinhos: Reginaldo Faria, Jorge Dória e Betty Faria.
O Beijo no Asfalto
4.1 95Tive a felicidade de assistir a versão dos anos 80 antes dessa. Acredito que conhecer previamente a história facilitou a imersão e enriqueceu a experiência.
Gosto muito da teatralidade da coisa. A grande beleza da obra fica justamente nos bastidores: nas leituras de texto, nas conversas e comentários dos atores. A linda fotografia também nos mostra que nem tudo é preto no branco.
Há uma sutileza em relação ao longa dos anos 80, isso atualiza o filme para os dias atuais, mesmo mantendo fidelidade ao texto original. Também é interessante comparar os personagens: o Amado de Otávio Müller e de Daniel Filho; o Aprígio de Stênio Garcia, muito mais velho que o de Tarcísio Meira - "Conheço Arandir desde garotinho!" dizia Selminha - e, principalmente, o Arandir preto de Lázaro Ramos, que adiciona uma camada a mais de preconceito na coisa toda, sem que isso resuma tudo a racismo.
Mas, se Bruno Barreto ousa com um desfecho que vai além da peça de Nelson Rodrigues, aqui o final é um pouco decepcionante. A ousadia de Murilo Benício se concentra na mistura de linguagens e na força de seu elenco, o que acaba entregando uma boa obra.
Drops: Fernanda Montenegro, a Selminha original, agora como a vizinha fofoqueira. O relato sobre o Amado Ribeiro da vida real. Augusto Madeira, eu te amo.
O Beijo no Asfalto
3.8 124Num texto extremamente fiel à peça de Nelson Rodrigues, Bruno Barreto vai além e apresenta um final ainda mais emblemático que o original. É o absoluto beijo no asfalto!
Excelentes atuações dos conhecidíssimos Tarcísio Meira, Christiane Torloni, Ney Latorraca, uma pontinha de Pedro Paulo Rangel, Oswaldo Loureiro - Arandir no teatro dos anos 60, agora como o delegado Cunha - e um destaque especial para a brilhante atuação de Daniel Filho no papel de Amado Pinheiro.
Alguns poucos excessos típicos de um cinema nacional mais antigo, numa história datada mas extremamente atual. A homofobia, a família disfuncional, a polícia corrupta que tortura, a mídia sensacionalista, as fake news e o linchamento. Um mundo que perdoa um possível aborto mas não aceita um único beijo. Evoluímos, mas não muito.
Numa coisa Aprígio está certo: dificilmente conhecemos as pessoas, por mais próximas que elas nos sejam.
Antes de Dormir
3.4 763 Assista AgoraÉ o que acontece depois que o Adam Sandler casa com a Drew Barrymore em Como Se Fosse a Primeira Vez (50 First Dates), e o filme vai da Sessão da Tarde pras noites de domingo pós-Fantástico.
Não tenho certeza se é previsível ou se eu já tinha assistido. Há problemas de roteiro ou direção, e um final água com açúcar que não encaixa. Mas traz reviravoltas interessantes, personagens com nuances e boas atuações. Vale pelo elenco. (É o Colin Firth, é claro que vale pelo elenco!)
Free Guy - Assumindo o Controle
3.5 578 Assista AgoraInteressante que o filme abre um enorme baú de referências e você pega o que te cabe usar: GTA, The Sims, Detona Ralph, um quê de Matrix, uma pontinha de Her, Dia da Marmota e principalmente Show de Truman. [Fora a trilha sonora]
Lembro de entupir de cappuccino minha personagem em The Sims1, eu nunca usei código de dinheiro infinito. A coitada nem dormia, só trabalhava. [A gente chamava de "brincar de deus"]
Somos os NPCs do sistema: mesmo quando é outro dia, o banco sempre continua lá. A ideia é não se conformar. Ganha-se a luta mudando o olhar, e um outro mundo de repente é possível. [Frase de efeito]
O Último Mestre do Ar
2.7 2,1K Assista AgoraCrônicas de Nárnia passando na Globo no almoço de domingo, Capitão Planeta budista.
Visualmente muito bonito apesar da história corrida demais. Amei o menininho Avatar e fiquei com pena de Zuko, eu bem sei como um pai cretino pode destruir a vida da gente.
Espiritualidade, fé, família e amadurecimento: tudo isso com um orçamento enorme. Não conheço o desenho, mas consigo entender por que o Shyamalan quis fazer esse filme. E sinceramente? eu teria assistido uma continuação.
Ao Cair do Sol
3.4 12Um filme sobre Tim Roth tomando sol. Ele é maravilhoso!
Fundamental assistir sem saber nada. É possível julgar o personagem de todas as maneiras, mas até onde isso é válido? O filme é lento e contemplativo como passear com Neil pela praia.
Tive dificuldade pra entrar na história, mas há muitas camadas aqui. Não posso dizer que eu teria feito diferente, ainda mais quando não se sabe a natureza das escolhas. Trágica ironia.
Olhos Abertos
3.4 20M. Night Shyamalan só para baixinhos, Julia Stiles novinha e quase figurante.
Sempre me perguntava o que teria acontecido na vida de Shyamalan entre Olhos Abertos e Sexto Sentido. Agora entendo que as principais características de seus filmes mais aclamados já estão aqui, engatinhando. Foi bom ter deixado Olhos Abertos mais pro final de sua filmografia e assistir com carinho essa história de amadurecimento, relações, perdas e fé.
"A dúvida é parte da jornada de cada um, não importa o que estão procurando."
A Felicidade das Coisas
3.4 21 Assista AgoraA dor e a delícia da família classe média, na rotina de seus traumas e afetos. Numa casa de praia, mas sem piscina. Que é própria, mas sempre invadida. Com o clube que você até entra, mas não pra nadar. E o tão desejado parque, que no final nem era tudo isso.
Parece que a infância, os filhos, são aquele momento da vida em que você se obriga a viver além de sobreviver. Ainda que não por você mesmo. E às vezes a tensão é tanta que a naturalidade morre, como uma foto posada sem sorriso nenhum. (Quem é esse pai?)
É triste porque a felicidade não parece estar exatamente nas coisas, embora o capitalismo tente sempre delimitar isso. Querer não é poder. Mas dá-se um jeito.
Viveiro
3.2 760 Assista AgoraPerdi tanto tempo procurando as respostas e desejando uma saída que a vida passou inteira diante dos meus olhos e eu nem vi.
(Um pouco "Old". Um pouco "Show de Truman". Um pouco "O Homem que Parou o Tempo", no quesito existência vazia)
O Homem Bicentenário
3.7 1,2K Assista AgoraA luta por liberdade, respeito, aceitação e amor. A busca por um propósito. Valorizar a imperfeição que nos torna humanos. E tratar bem as máquinas, pra que elas façam a revolução de forma pacífica.
"Isto fica feliz em ser útil."
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraUm filme pras pessoas questionarem o perigo do julgamento precipitado, ou um filme pras pessoas questionarem acusações de abuso?
Eu tenho uma opinião sobre o porquê da nota alta.
Tati, a Garota
3.3 26 Assista AgoraHugo Carvana está o próprio Fábio Rabin mais novo. Dina Sfat, lindíssima, confirma que "casa de ferreiro, espeto de pau": costura o dia todo e as roupas da filha estão sempre pequenas. Tati é uma criança que se comporta como criança, eu gosto muito disso.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraEterno Retorno, Sísifo feliz, e mais uma vez o dia foi salvo graças aos EUA.
(Arrival humilha a inconsistência tonal de Interestelar)